O Buda ensinou o caminho para a liberdade do sofrimento, o caminho à paz suprema, o nirvana. O método mais simples e direto para compreendermos este caminho é através da meditação da atenção plena. A atenção plena é a base de toda prática adequada.
A atenção plena significa estar atento, a cada momento, aos processos do corpo, dos sentimentos, da mente e dos objetos mentais. Esses são os fundamentos da atenção plena. E isto pode ser alcançado através de contínua vigilância.
Essa é; A Prática da Atenção Plena. Ajaan Lee Dhammadharo. “Para aqueles que conhecem a verdadeira natureza da prática, trabalhar no mundo não é um obstáculo.
A atenção plena e a clareza podem ser cultivadas o tempo todo. Eles entendem como todas as situações são ensinamentos, e que a verdadeira meditação não está separada da vida, mas sim está em cultivar a quietude interior e a sabedoria em todas as circunstâncias”. - Ajahn Jumnien.
A essência da meditação é a atenção plena contínua, uma vigilância ininterrupta aos processos do corpo, dos sentimentos, da mente e dos objetos mentais. A continuidade é o segredo do sucesso. O meditador deve se esforçar para permanecer atento, noite e dia, a cada momento, e assim, ele poderá desenvolver rapidamente concentração e sabedoria.
O tipo de concentração que é referida no caminho óctuplo como sendo a concentração correta ou concentração perfeita, é a concentração desenvolvida de momento a momento. Somente a concentração momento a momento, seguindo o caminho da atenção plena, leva à destruição das impurezas. Primeiro, comece assumindo o corpo como o foco da prática.
O essencial é que o meditador mantenha a atenção plena contínua às sensações. E que sustente essa atenção em todas as posturas. Concentrado em sensação, contato e consciência, de momento a momento.
Enquanto estiver na postura em pé, o meditador deve estar atento à sensação decorrente do contato dos pés no chão. Se estiver andando, ele deve fazer um esforço para observar a mudança de sensação a cada momento na sola do pé em movimento. Ao deitar, a atenção deve estar voltada para a sensação dos locais onde o corpo toca o tapete.
Essa concentração deve ser contínua, tanto quanto for possível, em todas as posturas, no momento presente. Devemos estar atentos a todas as sensações que se manifestam em nós através das seis portas dos sentidos, são elas: olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e a base dos sentidos mentais. Sempre que há contato através de qualquer uma dessas seis portas com qualquer objeto, experimentamos uma sensação.
Vigie atentamente essa sensação sutil que surge da mente. Não deixe que a atenção plena se afaste da sensação. Agora, todas as portas dos sentidos se tornarão parte da meditação.
A princípio, os sons serão ouvidos normalmente. Então eles serão percebidos como sensações no tímpano. Finalmente, com forte concentração e atenção plena, os sons serão notados como sensações corporais – como sensações que surgem e cessam na base do coração.
De forma ainda mais sutil, os outros sentidos serão atraídos para a meditação. Eventualmente, o paladar, o olfato e a visão serão percebidos como sensações mutáveis, primeiro no órgão da percepção e depois na base do coração. Concentrar-se na sensação, à medida que os sentidos surgem em todas as portas dos sentidos é a chave para a prática.
Isso levará ao fim do apego e à libertação. O meditador deve se concentrar em perceber como a sensação surge, e como a consciência mental percebe todas as coisas. Através da consciência contínua e acurada das sensações, perceberemos a impermanência em todos os movimentos.
Veremos como o corpo surge e cessa a cada momento. Quando reconhecermos o corpo como impermanente, o sentimento também será visto como impermanente. E poderemos reconhecer como o pensamento muda a cada momento.
O pensamento surge, mas passa rapidamente. Memórias, planos, também passarão. Ampliando esse insight, o meditador perceberá que todos os fatores da mente são impermanentes.
A cada momento de atenção clara você verá o processo de surgimento e desaparecimento da experiência. À medida que a força da atenção plena no momento presente penetrar claramente na sensação de ser, reconheceremos a mente interior. Quando a mente interior é vista, ela é vista como um aglomerado de muitas coisas impermanentes.
Então, a sensação de solidez, ou de um “eu”, é quebrada, e a sensação do vazio de si mesmo é estabelecida. Isso destrói o mito da individualidade. E assim, as outras características da existência tornam-se igualmente claras.
O praticante deve ter como objetivo observar atentamente todos os fatores da mente surgindo e cessando, tão continuamente quanto possível. Isto é muito difícil para o homem comum. Portanto ele não vê a verdade em si mesmo.
Somente quando o meditador tiver suficiente concentração e atenção plena se revelará as verdadeiras características do corpo interior. Então, o meditador experimentará por si mesmo a verdade do Buda. Experimentando este processo, poderemos compreender como o nosso mundo é vazio.
Somos formados unicamente pelos cinco agregados. São eles: forma, sensação, percepção, formação mental e consciência. Os cinco agregados constituem o que convencionalmente chamamos de homens e mulheres.
Ao contemplar o sentimento que surge do contato mental, compreenderemos diretamente os cinco agregados, e veremos como eles estão sempre surgindo e desaparecendo. Então, a afirmação “Todos os agregados são impermanentes” ficará clara para o meditador. Ele verá que todas as coisas compostas são impermanentes, sejam elas internas ou externas, animadas ou inanimadas, visíveis ou invisíveis.
Quando isso é visto e compreendido, o meditador destruirá a necessidade do apego. Ele então experimentará o nobre caminho que destrói as impurezas e a ilusão do eu. Em última análise, o meditador perceberá como todos os cinco agregados surgem e cessam a cada momento.
Esta experiência direta do fluxo dos agregados é a verdade do Buda. Quando a mente estiver suficientemente purificada, concentrada e equilibrada, o meditador perceberá o mundo inteiro, todos os seis sentidos, como uma sensação na base do coração. Então, o mundo inteiro será visto como vibrações variadas e impermanentes.
Este é o resultado natural do desenvolvimento da meditação adequada. Finalmente, o meditador experimentará a paz além do nascimento e da morte, o nirvana. Este é o verdadeiro caminho do Buda.
O Buda disse: “O verdadeiro discípulo permanece contemplando a mente o tempo todo sem errar, conhecendo-a plenamente, compreendendo com discernimento que ela é transitória, impermanente, mutável, e que não pode permanecer igual por dois momentos sucessivos. Assim, o discípulo imbuído do conhecimento da impermanência e livre de impurezas poderá alcançar o nirvana nesta mesma existência”. É muito importante que aproveitemos a oportunidade que temos nesta vida para praticar.
Só existe uma maneira de acabar com o sofrimento. Temos que praticar. Para desenvolvermos esta prática, só precisamos de fé e seriedade.
Qualquer pessoa é capaz de atingir essa realização, pois a verdade é inerente a cada ser. Aquele que tem fé na possibilidade da iluminação de Buda, e que pratica sinceramente, poderá progredir no caminho. Que este ensinamento seja benéfico para todos.
Que todos os seres sejam felizes.