[Música] Olá, seja bem-vindo e seja bem-vinda ao podcast Caminhos, uma iniciativa do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada e Infraestrutura, o Cinecom, em parceria com a Mendel e Melo Advocacia e o Poder 360. Eu sou o Rui Conde e esse espaço aqui foi criado pra gente debater os desafios e oportunidades da infraestrutura brasileira. Aqui a gente vai trazer sempre especialistas, empresários e tomadores de decisão para uma conversa direta e esclarecedora. Hoje vamos falar sobre uma política pública que já movimentou bilhões de reais, já gerou emprego e fortaleceu a presença do Brasil em todo o
mundo. É o crédito à exportação de serviços de engenharia. Nosso tema é urgente. Desde 2015, o Brasil vem abrindo mão de um instrumento que tem uma força muito grande e que é usado por grandes potências mundiais. Agora com o PL 5719 de 2023 estacionado no Congresso, o setor busca corrigir essa rota. Para esse debate eu estou muito bem acompanhado. Ao meu lado, eu tenho aqui o Humberto Rangel, que é diretor executivo do CINCOM, que também vai ser o nosso entrevistador ao longo desse episódio. Seja muito bem-vindo, Humberto. Muito obrigado, Rui. É um prazer dividir essa
bancada com você. especialmente num momento tão decisivo para a Engenharia nacional que se encontra em meio a um processo de de retomada com ampliação do volume de investimentos públicos e privados, mas que ainda carece de outros instrumentos, instrumentos que reforcem essa caminhada e que retomem, inclusive espaços que foram eh explorados e conquistados durante muito tempo. É importante a gente ter em conta que a política de exportação de serviço de engenharia, ela se inicia ainda na década de 70, final da década de 70, começo dos anos 80 e talvez até um pouco antes, nós temos o
registro de uma empresa brasileira de engenharia que trabalhou na Argélia ainda na década de 60. Eh, para essa conversa, nós vamos ter o prazer de receber o Dr. Rafael Luquese, que é eh atualmente o presidente do conselho do do é o presidente executivo da TUPI, que é uma empresa tradicional brasileira, fundada em 1938 e que tem inclusive uma performance notável na área de exportação. Ela tem uma presença internacional e ela exporta para cerca de 40 países no mundo inteiro e que, portanto, tem tudo a ver com o tema que nós estamos falando. O Rafael é
um economista até poucos dias atrás, poucos talvez menos de um mês, era o presidente do conselho de administração do BNDS, posição que lhe deu muita eh intimidade, muita muito trabalho eh nesse tema, uma vez que foi o BNDS nos últimos anos o principal instrumento de financiamento das empresas brasileiras. O Rafael eh vai nos responder aqui a perguntas, a o caráter da conversa é mais um bate-papo, as perguntas são uma provocação inicial e ele vai estar inteiramente à vontade para colocar o seu conhecimento, o seu expertise eh eh para situar o tema dentro de um de
um horizonte de de, vamos dizer, de otimismo, que é o que nós buscamos. Nós buscamos retomar a política de financiamento. Essa essa retomada é parte, tem reflexos positivos na performance das empresas de engenharia no Brasil. E nós hoje eh não temos o o direito de nos ausentarmos como país. Nós não temos o direito de perder a ambição de ter a presença que nós já tivemos. Então é um momento de reconquista de posição e é um é um momento em que nós todos temos que estar unidos. e desmistificar as os equívoos que existem e que não
são poucos em torno do tema. Para essa conversa, nós temos hoje o prazer de receber aqui o Dr. Rafael Luques, que é um convidado especialíssimo e que conhece com profundidade o tema de crédito ou exportação, tá assumindo uma posição, como nós falamos há pouco, na Tupi, ele é o CEO da Tupi, que é uma empresa com foco preferencial para mercado externo. Portanto, tem tudo a ver com nossa conversa. por favor. Eh, Rafael, talvez fosse interessante você complementar. Nós fizemos algumas considerações sobre a sua história profissional. se você quiser complementar alguma coisa, eh, nós demos ênfase
muito à sua participação no BNDS como presidente do Conselho de Administração e como CEO da TUPI, mas obviamente sua trajetória é muito mais rica, muito mais ampla do que isso. Era importante pro nosso associado, pro nosso assistente tomar conhecimento. Bom, eu sou economista de formação, depois ah, me tornei professor universitário em na área de economia. A sou até hoje professor da da universidade lá do estado da Bahia. Eh, trabalhei na Federação das Indústri do Estado da Bahia, no Instituto Evaldo Lod na Bahia. Fui secretário de Ciência e tecnologia e inovação eh no estado da Bahia.
Depois, e eu tive uma um longo período aqui na na Confederação Nacional da Indústria, fui diretor de operações e depois ah, fui o diretor geral do do SENAI e o diretor nacional do SES ah, por um longo período. Ah, e mais recentemente assumi a presidência do conselho do BNDS. Na verdade, estive em inúmeros conselhos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, a o Conselho Nacional de Educação e o Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Entre a dezenas de outros conselhos, fui presidente também do FIF FGTS. Ah, e mais recentemente ah, fui escolhido para liderar
no próximo triênio a Tupi, ah, como seu diretor presidente, o CEO na prática. Maravilha. Antes de começar, Rangel, eu quero eh dar um recado importante aqui para quem tá assistindo a gente, que essa é apenas a primeira temporada do nosso podcast. A gente vai ter aí mais 10 episódios abordando temas que são essenciais para infraestrutura. Então eu quero deixar aquele recadinho eh de aproveitar seguir o canal, né, ativar o sininho e não perder nenhum episódio daqui pra frente. Angel, por favor, a bola tá com você. Perfeito. Eh, Rafael, vamos direto a ao nosso tema e
já considerando que todo o processo de financiamento em exp a exportação está suspenso eh já há algum tempo, e a a primeira a primeira consideração que nós gostaríamos de ouvir de você é qual o impacto que a suspensão do crédito exportação que já tarda desde 2015, qual que qual o impacto que ele causa para o setor paraa indústria da engenharia no Brasil. Olha, um impacto muito negativo e até injustificável, porque a atividade da engenharia, serviço de engenharia, é uma atividade extremamente complexa que ajuda muito a economia de cada país. É normal que os países a
a apoiem fortemente isso. E com a suspensão do financiamento, é claro que isso reduziu muito a competitividade das empresas brasileiras e isso determinou um esvaziamento da participação brasileira na engenharia global. Nós tivemos uma enorme redução e essa perda de competitividade, ela vai implicar em quê? em que as empresas vão perdendo mercado e ao perder mercado se tornam menos competitivo até dentro do mercado brasileiro. Então isso estabelece um caminho de decréscimo dessas empresas. Elas deixam de acompanhar também as rotas tecnológicas. Há um desaprendizado. As empresas se tornam menores, se tornam menos capazes a de enfrentar a
própria competição internacional. Então, o Brasil, que era um grande exportador de engenharia, hoje as empresas brasileiras têm dificuldade de fazer as obras de infraestrutura no Brasil. Então, veja que situação paradoxal que nós criamos. E tudo isso gera o quê? Menos emprego, menos investimento, menos desenvolvimento tecnológico, menos competitividade para as empresas. Nós estamos encolhendo a economia. seria o mesmo a que se num dado momento de uma hora para outra o Brasil, por exemplo, deixasse de financiar outras atividades, outras atividades produtivas, deixasse de financiar outras atividades agrícolas, é claro que isso teria um enorme impacto a de
encolhimento da economia brasileira. Então, por isso que eu falo que isso é injustificável e é claro que isso vai trazer uma redução da própria renda do emprego no Brasil. Então, a gente tá perdendo uma coisa, há uma atividade econômica que é extremamente nobre e disputada globalmente. Ah, e estamos fazendo isso há quase 10 anos praticamente. Ah, conclui esse ano, o 10º ano, a dessa interrupção. Então, é algo injustificável e que não faz o menor sentido manter adiante da do da atual situação. Acho que é algo que tem que ser corrigido, é um erro a que
foi cometido. Então, no durante o processo de investigação que houve no passado, seria como a gente identificasse um crime que as pessoas utilizassem avião, por exemplo. E aí, como forma de combater o crime, olha, vão acabar a com um voo no Brasil, ah, vão deixar de utilizar avião. É uma sandíice isso. Então, o existe um problema de transgressão, isso é investigado, é punido, é cobrado, etc. Mas você não interrompe a atividade. Seria o mesmo que tem um erro médico, então vamos eh tirar os hospitais. Não faz sentido. Não faz sentido. É um despropósito que foi
feito. Isso tem que ser corrigido. Os erros são importantes para nós podermos corrigir eles e aperfeiçoar o caminho da economia. Muito bem. Eh, sem dúvida. Eh, é realmente esse esse aspecto que é que é levantado, inclusive eh eh houve durante um período grande, agora tá mais arrefecido essa essa esse posicionamento, mas houve durante um determinado período quase que uma ideologização desse desse tema que no mínimo significa desconhecimento até das origens dele. É, quem conhece o setor como você sabe que os primeiros financiamentos ocorreram no final do do da metade da década de 70 em diante,
década de 80 e todo o crescimento da presença da empresa das empresas de engenharia no exterior suportadas muitas vezes, nem não necessariamente, mas muitas vezes pelo crédito exportação, se deu independentemente da coloração da da tendência ideológica do regime A, B ou C. Ela foi um processo contínuo e que refletiu não só a o sucesso da política, como também a o próprio fortalecimento, o próprio aprendizado que as empresas puderam exercitar no exterior. A a segunda pergunta aqui, em certo sentido, você terceu considerações importantes. A segunda pergunta que nós escolhemos aqui seria quais foram os principais prejuízos
econômicos e sociais com a suspensão do crédito ou exportação de serviço? Mas eu eu pediria que você eh na sua resposta eh eh eh focasse muito da questão, vamos dizer, do posicionamento do financiador, porque outro outro tema que se fala muito é que houve prejuízo paraas instituições brasileiras e você como presidente do conselho de administração do BNDS tem uma posição privilegiada para dar uma uma avaliação sobre esse aspecto aí do do prejuízo que nós sabemos que foi grande em todas as áreas. Rajel, você colocou bem a situação. Ah, houve um apoio a do financiamento a
exportação da engenharia brasileira por mais de 30 anos ou 40 e poucos anos. Ah, e isso foi decisivo para que a participação brasileira na engenharia global se situasse ao redor de 5%. a participação da economia brasileira, né? Economia global, economia global definida em torno de 103 trilhões de dólares. Nossa, nosso PIB é de 2, eh eh 33 trilhões. Então nós temos aí 2,3% da economia mundial. Então a nossa participação em 2015 na engenharia mundial era de 5%. o dobro, ou seja, uma estratégia muito bem consolidada de uma ação do Estado brasileiro ao financiar isso e
criou uma agenda de eficiência e geração de riqueza e de valor, na qual a posição brasileira era o dobro do que nós tínhamos e temos como a participação relativa na economia global. um exemplo de sucesso. E a interrupção disso, o que que gerou? A participação brasileira na engenharia global cai de 5% para 0,5%. Ou seja, ela se colapsa. E se colapsa por quê? Porque deixou-se de ter um principal fator de competitividade, que é o financiamento, a exportação de serviço. Qual é a consequência com isso? O Brasil tem uma queda de exportação, exportação de serviço, seja,
deixa de entrar dinheiro, riqueza no país. É claro, com isso as empresas vão empregar menos, então você tem menos um círculo virtuoso de desenvolvimento, que é geração de emprego. O Brasil deixa de ser atrativo até para investimento direto estrangeiro, porque você cria uma complexidade de soluções de engenharia na América Latina, nos Estados Unidos, na África, na Ásia e até na Europa. Ah, e com isso, é claro, atraía operações a tanto de Equity como de Deb, ou seja, e de investimento. A gente perde isso. É claro que na macroeconomia nós impactamos negativamente a nossa balança comercial.
você tem perda de competitividade, porque imagina, você interrompeu um ciclo de mais de 40 anos de crescimento da engenharia brasileira no mundo. Então, é claro que você tem uma enorme perda de competitividade que gerava a todo um conjunto ah de fornecedores para essas atividades. Quando você faz uma atividade de montagem na área de energia e o Brasil era grande nisso, com hidraelétricas e tal, ou seja, é a tecnologia brasileira que vai construir a a hidroelétrica de três gargantas na China. E os chineses aprenderam com isso e hoje compraram o setor elétrico brasileiro, que é empresa,
três garganta aqui, como aquilo foi a algo prodigioso da engenharia brasileira e construiu as maiores hidrelétricas do planeta como a Itaipu, e depois consolidou a construção lá da três gargantas. Então, nós temos com isso o empobrecimento relativo do Brasil numa atividade que durante 40 anos o Brasil soube capturar valor e ter enormes resultados. E com isso você tem menos emprego, você tem menos renda, você perde a qualidade de vida do brasileiro cai, você tem problema de de desestímulos à formação profissional no país. Ou seja, você tem toda uma complexidade de esvaziamento econômico, ah, que inclusive
em última instância gera valor e gera tributos a que vão ajudar a construir escola, hospitais, estradas, portos no Brasil a financiados com dinheiro público. Então, não faz o menor sentido o que foi feito. E é algo a que tem trazido prejuízos enormes ao Brasil durante aproximadamente 10 anos. E no caso específico do do BNDS, o montante de de recursos de recursos emprestados pelo pelo pelo BND. Duas perguntas. A primeira se esse volume, se ele retornou. segundo eh eh como ele foi e como ele veio, porque ele vai com uma moeda e volta com outra. Então
é um aspecto interessante da gente, veja só, o BNDS ganhou o dinheiro, ganhou o dinheiro. Ah, com com todo esse ciclo de financiamento, a o retorno que o BNDS teve de recursos, ah, foi maior do que ele emprestou. Então o BNDS como banco ganhou o dinheiro. Ah, e isso é documentado claramente, óbvio, eu tive na posição de presidente do conselho do BNDS, mas a história do BNDS no financiamento a da engenharia brasileira, dos serviços, da exportação a de serviço de engenharia, foi uma atividade muito consistente. O banco tem uma enorme capacidade a de contratar o
risco de operações complexas. Mas o banco foi muito bem sucedido na estruturação dessas operações que deram resultados. O banco se capitalizou, ele ela ele se ele se tornou um banco mais forte, mais robusto em parte pela carteira de exportação de serviços. Maravilha. Agora, a gente antes de partir paraas soluções, eu acho que vale a gente explicar o que de fato é esse mecanismo de crédito à exportação, né? E porque ele é tão importante pro Brasil. Então, se o senhor pudesse resumir, explicar o que que é de fato esse mecanismo para para que a gente possa
entender nas suas nuances. Olha, isso acaba sendo eh uma atividade extremamente importante, até porque quase todos os as empresas que atuam no mercado global, elas são bancadas pelos seus sistemas financeiros próprios. Então, há um financiamento, a mesma maneira que quando o Brasil compete no agronegócio, a você tem o financiamento das estruturas financeiras de cada país na área de serviço de engenharia também. Então, é claro que isso é um fator fundamental para a competitividade a do ganho das propostas, porque você vai assegurar uma melhor estruturação financeira. E o Brasil tem um mercado financeiro bem sofistado. A
gente lidera de longe na América Latina a estruturação financeira. Então, nós temos uma sofisticação muito grande, temos bancos muito sólidos, o principal deles nesse nessa atividade é o BNDS, claro, mas ah, temos um uma sofisticação de capital humano no Brasil, da mesma maneira como historicamente um país de proporções continentais, que teve o desenvolvimento econômico que o Brasil teve de forma muito célere, criou uma base e uma competência de engenharia a partir das universidades brasileiras, sobretudo das universidades públicas. Ah, e tudo isso criou uma marca Brasil de competência e engenharia muito respeitada a de uma marca
que foi construída ao longo de muitas décadas. E o financiamento ele acaba sendo uma cunha importante para a competitividade das propostas que são apresentadas. Por quê? porque isso vai estabelecer, obviamente, uma estruturação financeira adequada para aquela atividade que tá sendo contratada. Então, eh, é óbvio que o Brasil ganha uma enorme vantagem na estruturação dessas propostas. Então, setores de infraestrutura eles são importantes, energia, a desenvolvimento, a de novas atividades e econômicas, aonde a engenharia brasileira apresenta competição e capacidade, a na área de transportes, a muitas das pessoas aqui viajam, vão a Miami e quando chegam lá
nos Estados Unidos não sabem que aquilo sabem a que aquilo é obra da engenharia brasileira. Quem construiu aquilo foi uma empresa brasileira de engenharia. Então, essas questões são importantes, nos dão orgulho, como várias outras obras de infraestrutura, portos, aeroportos, metrô, eh eh hidroelétricas, a a toda a parte de aerogeradores, a tudo isso marca a competência da engenharia brasileira. Cerne é a nossa sofisção da nossa engenharia. A atividade financeira, ela é um diferencial importante para viabilizar a a maior competitividade das propostas. Como essas propostas são definidas ali no Photosh, ah, se você não tem essa esse
apoio, ah, aconteceu os fatos, os números são esses. A nossa participação colapsou porque você não tinha exatamente a um componente fundamental pro êxito da participação brasileira, que era eh o financiamento. Perfeito. É, e a dimensão a dimensão financeira desses financiamentos, quer dizer, dos clubos financeiros traduzidos em moeda, eu acho importante você fazer uma consideração, porque na verdade, quer dizer, os financiamentos à exportação, eles são liberados em moeda nacional no Brasil e são e eh transformados em produtos, serviços que esses sim são exportados em natura, não é? muito bem observado. E até o KFW na Alemanha,
por exemplo, ele é até mais flexível nas formas de apoio às empresas alemães de engenharia. Então ele cria até maior flexibilidade para isso. Ah, tem outras a outras agências financeiras globais. O KFW é uma espécie de de BNDS da Alemanha. a que eles até para redear, né, a empresa e dar mais segurança, eles vão fazer essa operação numa cesta de moedas, porque isso acaba tendo uma atividade rédio. O BNDS também sabe fazer isso e eventualmente usa essa modalidade, mas o grosso a dos recursos acabam se traduzindo ah em toda a carteira, em todo o offset
que vai assegurar aquela implementação. que você cria aí uma cadeia de compras a partir da engenharia brasileira que vai movimentar desde uniformes, equipamentos de EPIs, mas também máquinas, equipamentos, desenvolvimento tecnológico, soluções de alta complexidade de de engenharia. E tudo isso tá eh organizado nessa cadeia. é que nem uma montadora automotiva. Uma montadora automotiva tem lá tecido, tem lá motor, tem usinagem que é feito lá na Tupi, tem uma série de atividades, tem toda a parte da de placas de aço que são moldadas, então a tem vidro. Então, tudo isso tá dentro dessa cadeia. Quando a
gente fala serviços de engenharia, você tem uniforme, você tem EPI, você tem máquinas, você tem equipamentos. Ah, você tem serviços de alta complexidade que são contratados nesse pacote dessas obras de engenharia de alta complexidade, na qual a engenharia brasileira se tornou um grande uma grande competidora, a um uma líder global. E isso traz o quê? Divisas, traz riqueza pro Brasil. Isso foi inexplicavelmente interrompido. Então essa questão que nós precisamos como sociedade amadurecer e refletir, a deixar o calor da discussão que houve lá em 2015 e agora com a serenidade devida ter a reflexão do quão
importante é nós termos a maturidade de retomarmos isso, porque temos uma história que se inicia, como você bem falou, Rangel, nos anos 70 e durante 45 anos. Essa foi uma conta extremamente positiva paraa sociedade brasileira. Nós construímos grandes empresas que dominavam plenamente o mercado brasileiro, coisa que hoje não acontece, e conseguiam a partir daí exportar serviço, trazendo mais riqueza, mais divisa, mais emprego, empresas maiores, mais sofisticadas, capazes de acompanhar a fronteira tecnológica da agenda de engenharia, que é uma agenda nobre e sofisticada, uma das agendas de maior complexidade a, entre todas as outras atividades da
qual o Brasil exporta. Então, é uma participação extremamente estratégica que a sociedade brasileira deve rediscutir o seu posicionamento e temos clareza a de que o Congresso Nacional é sensível a pensar, a ter abertura de entender o quão importante isso foi pra sociedade brasileira e o quão importante isso ainda pode ser para a sociedade brasileira. Perfeito. Então, a gente poderia talvez eh para resumir numa frase dizer que o o o financiamento, a exportação do serviço tem também uma dimensão de captação de moeda forte pro país. Sim, sim, claro. É exportação. Ah, isso ajuda a balança de
de pagamentos do Brasil. Ah, porque você ao exportar serviço, nós vamos ter uma um ingresso de dólar no Brasil. Isso inclusive fortalece a nossa moeda, isso dá mais segurança macroeconômica. As crises aqui hoje são cada vez mais comuns de ataque especulativo. As reservas brasileiras, parte dela foi construída pela exportação de serviços. Ah, quando o Brasil ah, tinha uma uma grande carteira de obras na América Latina, nos Estados Unidos, no Canadá, na África, na Europa, na Ásia, de um Oriente Médio, tudo isso traz pro Brasil devisas fortes. Além do que a expatriação de brasileiros a que
depois vão investir as suas poupanças aonde grande parte delas vai movimentar a economia brasileira criando círculos dinâmicos de desenvolvimento. Eles voltam para cá, compram a sua casa, fazem novos investimentos e tudo isso gera um efeito dinâmico muito importante, além da internacionalização da carreira de muitos executivos, a que foram importantes para diversas atividades econômicas em outros setores, mas que a curva de aprendizado se deu a partir da engenharia e da mobilidade das pessoas que depois foram para outras atividades econômicas. Perfeito. Bom, Angel, eu queria propor agora que a gente fale um pouco de futuro, né? O
o Luquese falou um pouco ali da relação com o Congresso, né? A gente tem um projeto de lei 5719 de 2023 que propõe uma nova estrutura pro crédito, a exportação com mais transparência, regras claras e segurança jurídica. Eh, agora eu queria saber, eu queria que a gente colocasse aqui na nossa discussão eh como que isso vai ser na prática, né? O que que vai mudar quando esse projeto for aprovado pelo Congresso? Bom, primeiro é que ele é um projeto extremamente moderno. Ah, ele cria um marco legal, o que vai dar, obviamente, muito mais segurança jurídica
para as instituições financeiras e empresas, porque vai ter claro uma regra do que pode, do que não pode. Ah, o Brasil fez bem o dever de caso. Então, esse projeto ele ele sintetiza as melhores práticas preconizadas pela UCDE. Houve também consultas fortes ao TCU. O TCU ajudou, deu orientações estratégicas importantes a na construção desse projeto. A gente poderia dizer a que com essa lei, com esse diploma legal, e aí tá de parabéns o trabalho que o Congresso Nacional fez, a o Brasil tem talvez a um dos melhores, senão o melhor marco legal para a nossa
retomada. Então, se tem uma coisa positiva, acho que foi muito ruim a interrupção tão longa de 10 anos, mas agora esse diploma legal cria uma perspectiva muito favorável, porque eh se sintetiza nesse projeto as melhores práticas a que tem no mundo, que são preconizadas pelas regras da da OCDE. E isso vai ser muito interessante, inclusive para que nesse processo haja um um uma participação também de pequenas e médias empresas. Então isso é importante porque cria eh um caráter a de ampliação das oportunidades econômicas. É claro que no Brasil, de uma forma geral, em quase todos
os mercados, a, na área de exportação, ela é muito concentrada em grandes empresas. E quando a gente compara o Brasil como, por exemplo, outros países, está o exemplo da Itália, ah, na Itália pequenas e médias empresas participam muito sólidamente a do mercado mundial a de de exportação. Então, são empresas que são mais competitivas. ah, nesse nesse interim e eh esse diploma legal, a o PL5719, ele cria uma energia positiva e desconcentradora para pequenas e médias empresas. Então isso vai ser importante para toda a área de engenharia, de tecnologia, de infraestrutura no Brasil e que vai
ter até um efeito desconcentrador. Perfeito. Eh, esse esse processo, esse esse projeto de lei, ele se encontra ainda no Congresso? se encontra ainda no Congresso. Ah, eu acho que ele tem deve ser acelerado. Eu acho que a indústria brasileira, o setor a eu não tenho dúvida que a instituição que eu trabalhei até poucos dias atrás, a CNI, tá solidamente eh eh preocupada com isso. É um tem uma uma atenção especial a essa agenda. Por quê? Porque ao você criar uma lei, você cria um universo de segurança jurídica para todos. para todos. Inclusive assim, uma atividade
tão importante que pode gerar tantos empregos, pode gerar uma energia tão positiva como já gerou eh para para o Brasil. Inclusive a arrecadadora de tributos, a que vai permitir a construção de escolas, hospitais, etc., participando do mercado global. Ou seja, o Brasil em torno de, como eu falei, 2,3% da economia mundial. Então, por óbvio, no resto do mundo tem 97% da riqueza. Quando você cria uma agenda de participar competitivamente dessa atividade, você tá multiplicando o espaço potencial da economia brasileira por 50. Então, é óbvio que tem muitas oportunidades para ser capturados. e de uma história
em que a engenharia brasileira já ocupou o dobro da participação relativa da economia brasileira na economia global. Então, é claro que isso interessa muito e quando você cria a uma ordem jurídica, as regras estão claras para todos. Então, até pra lógica de compliance do setor e da sociedade, está tudo pactuado nesse diploma legal. Então é algo muito importante. Perfeito. Perfeito. Eh, do ponto de vista de processo, não é, legislativo, qual é o caminho que esse que esse em que estágio ele está ou Bom? A a discussão que houve num dado momento era que o o
a sociedade brasileira ah poderia ter um prejuízo nessa atividade, quando na verdade a sociedade brasileira lucrou com isso. Ah, não foi gasto um centavo do dinheiro público, até porque o seguro das exportações de serviço são pagos pelas próprias empresas. é uma legislação que o fundo que foi criado no governo Fernando Henrique Cardoso, ele é superavitário. Então, e esse dinheiro não saiu do contribuinte, ah, saiu dessa própria regra a que é paga nas exportações. Quando as empresas brasileiras exportam, uma parte vai formar esse seguro, de tal ordem que nunca houve prejuízo em nenhuma operação. que no
conjunto da carteira, o Brasil e os bancos foram ganhadores. O exemplo claro é o BNDS, que é a maior instituição, a que financiou exportação de serviço. Ela tem uma carteira amplamente superavitária. Então, ou seja, não há nenhuma razão objetiva baseado em informações, em fatos a que possam criar uma imagem negativa. Não, essa carteira tem elevado risco. Se toda atividade bancária de financiamento, ela tem risco. Agora, o que eu posso lhe dizer é que a inadimplência no BNDS é de 0,001%. Uma das inadiplências mais baixas do mundo, de longe a mais baixa do Brasil. Então é
uma instituição que sabe eh contratar bem, analisar bem o risco dessas operações. E as empresas de engenharia brasileira sempre demonstraram uma enorme solidez financeira pela sua competência. não à toa que ela conseguiu uma ampla participação no mercado global, ah, com uma participação muito sólida. A, a, o Brasil tem uma marca ah de qualidade em engenharia. Quando você ganha uma licitação nos maiores aeroportos dos Estados Unidos, eu acho que isso é uma láurea a da competência da engenharia brasileira. a quando a obras de altíssima complexidade a foram executadas no Brasil e no mundo por empresas de
engenharia brasileira, além do orgulho que isso dá a cada brasileira, a cada um de nós. Então, nós não somos só apenas campeões em futebol, somos também a campeões em engenharia pela alta qualidade dos recursos humanos, porque no fundo é uma empresa de inteligência brasileira. Então, por que privar a essa energia que gera riqueza, gera valor, gera competitividade, gera emprego, gera tributos ah por informações que são, na prática desinformações. Então, tá na hora da sociedade brasileira colocar a um freio em determinadas questões que foram abertas, feridas que foram abertas no passado, mas olhar para o futuro
é muito promissor. O Brasil continua tendo a essência das competências, é um país continental com muita complexidade e tem um enorme talento humano. Então, eu vejo de maneira muito positiva a aprovação desse desse desse desse projeto de lei que vai dar a todos os agentes econômicos e a sociedade regras claras baseadas no que tem de melhor no marco legal mundial. Perfeito. Só para um comentário, tem uma revista muito famosa no setor e engineering new records, que é uma uma publicação nos Estados Unidos, e que eles fazem anualmente um ranking com vários cortes, né? faz um
ranking de maior faturamento dentro do seu próprio país, maior faturamento global e fazem também um ranking por áreas de especialidade. Então, por exemplo, durante muitos anos seguidos, o Brasil teve a posição de liderança na construção de hidroelétricas, era o número um. Isso atestado por uma uma fonte inquestionável que é a Engineering New Records, que é uma uma empresa, uma pertence a Macrillo, assim, é um é uma é uma publicação que você vai encontrar na mesa de qualquer executivo da área de engenharia munda. Então é só uma uma lembrança, né? É uma marca, né? uma marca
global da engenharia brasileira, o país que fez a as maiores hidrelétricas do mundo. Então isso é uma demonstração clara disso. E enfatizando, eh, essa essa lei também traz uma coisa boa, porque ela traz eh no seu bojo elementos de simplificação e de desburocratização. Então, as operações de concessão, além de segurança jurídica para todas as partes, vai est mais desborocratizado, mais simplificado, o que acaba sendo um elemento importante. Perfeito. E é possível fazer alguma avaliação de de impacto, vamos dizer, do de um de da aprovação desse projeto de lei, vamos dizer, no tamanho do mercado das
empresas de engenharia? Eu sei que uma é uma é uma pergunta que tem um um recorte meio complicado do ponto de vista numérico, mas a gente vai voltar a gente voltar, a gente vai voltar ah progressivamente. É claro que nada é automático, você não vai virar uma chave, mas você vai criar uma estrada ah de uma energia positiva pro Brasil retomar a posição que já teve outrora. É claro que mercado perdido é mercado perdido, você tem que reconquistar. É uma longa batalha. Nós, ah, como país, ah, tivemos um uma dupla situação, além de todos os
problemas da da que houve lá atrás em em 2015, que trouxe prejuízo à sociedade brasileira, nós resolvemos punir aquilo que poderia recuperar a participação relativa. Então, quando o Brasil deixa de receber divisas do exterior a partir da participação de empresas brasileiras em obra de engenharia, é uma, provavelmente, uma punição que foi muito superior aos desvios que eventualmente foram identificados nas operações policiais de então. Então, veja que situação absolutamente paradoxal. Ah, ao fazermos isso agora, nós vamos criar uma energia potencial de retomada a da participação brasileira ah no negócio da engenharia global. E como eu falei
antes, a economia brasileira é 2,3%. Então, 97,7% da economia tá fora do Brasil. Na medida em que eu crio uma competência a de financiamento, as exportações de engenharia, as empresas brasileiras progressivamente vão se tornar mais aptas primeiro para vencer as competições no Brasil, na medida que há uma interligação, as empresas vão ganhando musculatura, massa crítica ao contratarem obras no exterior. Hoje o que acontece no Brasil é que empresas espanholas, as chinesas, a norte-americanas, etc., estão ganhando as licitações no Brasil porque elas entram com uma equação financeira melhor do que as empresas brasileiras, que hoje estão
numa situação eh comprimida ao mercado brasileiro e se tornam com isso uma presa fácil paraa competição externa. Então, o que o Brasil fazia antes, que era dominar plenamente o mercado brasileiro e a partir daí conseguir trazer pro Brasil riqueza por intermédio de divisas, agora é o contrário. Então essa lei ela é muito importante para gerar empregos no Brasil, para gerar empresas vencedoras no Brasil numa atividade econômica que o Brasil já liderou, como você acabou de falar, num ranking global de DR elétrico. por exemplo, a posição número um a numa revista que é inquestionável do ponto
de vista da sua qualidade aí e e da sua força de informação. Então, nós temos que retomar isso. E eu vejo de maneira muito positiva a partir da aprovação dessa lei, o Brasil voltar a sorrir para o mundo na área de engenharia, a que é uma marca de qualidade. Nós não podemos perder essa marca de qualidade Brasil na área de engenharia. Lques, você falou sobre a desinformação, né? Tem sido um problema, uma dificuldade em torno desse debate, a desinformação, as fake news. E para isso o Sinicon e mais eh oito entidades lançaram uma cartilha para
desmistificar. Tá aqui a cartilha, ó, mostrar. Vou te dar aqui, Lucas, para você ter uma que é justamente para tentar desmistificar, desmentir essas fake news e e traz dados concretos, né? ah, sobre os impactos econômicos dessa política pública. Agora, eu acho que a gente pode falar sobre o peso dessas narrativas, né? O que que qual foi o impacto dessas narrativas negativas, das fake news e o papel da comunicação clara nesse processo? O que a gente tá fazendo hoje aqui é de suma importância, né, Angel? É, no fundo se trata de defender o interesse nacional. Eh,
problemas eh no tocante a desempenho de empresas no Brasil e no exterior são frequentes, são conhecidos, problemas de das mais diversas naturezas. Nós não vamos citar aqui empresas internacionais de porte eh gigantesco que foram punidas muitas vezes no mercado americano, no mercado europeu e que foram preservadas na sua essência, né, eh, com a separação criteriosa daquilo que é um problema pontual a ser equacionado e aquilo que é a vida da empresa, que sempre foi vista como uma coisa sagrada. da empresa é o é o grande gerador de de inovação, de de de emprego, de renda,
de receita pro próprio estado. Então, eu acho que a gente está num momento em que o que que nós estamos chamando de de fake news, quer dizer, talvez até não seja e é é uma fake news com uma característica muito especial, é uma é uma posição quase autofágica de punição, né, de corte do do da própria competência do país em função de um problema eventual. Então isso os americanos podem nos ensinar como fazer, né? Os europeus podem nos ensinar como fazer, os chineses podem ensinar. Nós temos que aprender, nós temos que ter essa capacidade de
saber defender o interesse nacional e separar aquilo que é objeto de de punição, de correção, de daquilo que é a essência, né, da do interesse nacional, que é a preservação da capacidade da engenharia nacional, né? Nós levamos um período longo para aprender, né? Hoje aqui, pouco antes de você chegar, falamos aqui, todo mundo que vive em Brasília fica mais uma vez fascinado por Jcelino, que foi um campeão de, né, de de de desafios e sobretudo apoiados em empresas de engenharia. Nós aprendemos numa fase inicial, as empresas estrangeiras vieram pro Brasil, deixaram sua tecnologia, nós aprendemos
e depois exportamos e agora temos que retomar isso. Eu acho que tudo que você comentou aí reforça essa essa prioridade que nós como sindicato temos para enfrentar isso e e e em todos os os setores defender essa posição que nós não temos dúvida que é uma posição Uhum. brasileira, não é uma posição setorial. Sem dúvida. Veja só, ah, existe muito mitos nessa nessa discussão toda. O Brasil precisa de fato uma legislação de leniência, mas a gente pagou da pior forma. nós desorganizamos a o setor. Ah, isso não tá nem tão atual agora na na discussão,
porque a gente tá criando regras paraa frente. Ah, e o e o PL a 57, ele vai nessa direção de de uma bela construção de futuro. Mas eh na discussão desse desse projeto houve algumas incompreensões. Num dado momento a sequeria que as operações de exportação, a que é uma relação entre banco e empresas fosse aprovado pelo parlamento. Não existe essa prática em nenhum lugar a do mundo. E é claro, isso gera um enorme risco para as empresas exportadoras brasileiras. Ah, e também uma perda de competitividade, claro, porque numa licitação global, a, se a empresa não
tem o mandato daquela atividade, isso depende de uma aprovação, é óbvio que vai ser um um não start na participação dela aí em qualquer processo de de compra global. Então, a gente precisa ter um mínimo de coerência. Claro que uma percepção dessa ah não vai eh prosperar. a dizer que eh a as essas atividades eh foram fortemente subsidiadas é também uma inverdade, porque eh a atividade de financiamento dela, como já tocou aqui, foi extremamente lucrativa, a conta é positiva, então isso não é real. Ah, aqui é uma atividade que é muito concentrada, veja só. Então
o Brasil deveria sair a do comércio internacional porque ele é muito concentrado, tá? Se nós pegarmos as empresas de trade agrícola, são concentradas, industriais são concentradas, engenharia também são. Agora, essa lei tem até uma adição. Baseado nessas melhores práticas, ela tem uma cunha de simplificação, desburocratização que vai permitir a participação até maior de pequenas e médias empresas. Mas esse é um esforço que de fato o Brasil tem que fazer, porque quando nós criamos a possibilidade de pequenas médias a empresas de participarem do comércio internacional e essa experiência de muitos países, poderia citar Itália, França, eh
Holanda, etc., Isso acaba gerando correntes ah de atração de recursos que são mais sólidas pro país. Temos que fazer isso. Ah, que isso não tem impacto na economia local. Outra, outro equívoco é o contrário. A quando você financia ou quando uma empresa de engenharia ganha uma obra, mais ou menos 40, 50% dessa cadeia de valor vem para o Brasil. Como eu dei o exemplo, até o uniforme, os equipamentos de EPI, máquinas, equipamentos, tem toda uma cadeia que é contratada pela engenharia brasileira e que vai acontecer naquela obra. fora os salários, os recursos humanos e todo
o efeito multiplicador disso. Ah, que eh financiamento as exportações de engenharia só de países desenvolvidos não é verdade? Vários países em desenvolvimento têm sólidos apoios à suas empresas de engenharia. Ah, e essa isso fez parte da história brasileira. O Brasil foi pioneiro e líder como país em desenvolvimento na agenda de de serviço e que também esses recursos não são necessários em períodos de crise econômica, quando é justo o oposto, é claramente o oposto. Então essa fake news é até assim risível do ponto de vista de contestação. É claro que em crise econômica o dinheiro fica
mais caro, fica mais escasso. E é, e é óbvio que no ciclo estrutural da atividade a do serviço de engenharia, o apoio ao financiamento vai ser extremamente importante para dar estabilidade da participação, mesmo em períodos de crise econômica, seja brasileira, seja global. Então, por todas essas razões, não tem nenhum argumento colocado na mesa a que seja relevante para a não retomada disso. E fica até um ponto rangel importante que você colocou. Uma outra coisa importante que o Brasil tem que ter é regras claras de leniense. Uma empresa é um patrimônio da sociedade. Ela pertence circunstancialmente
aos seus acionistas. Mas uma empresa ela é um bem de todo aquele país. Vou dar assim alguns exemplos. Quando existe uma um escândalo e houve vários escândalos com empresas globais, não vou falar o nome dessas marcas, mas é só entrar no Google e ver várias grandes marcas eh globais tiveram escândalos. Ah, e o que que o país eh faz? O que que as autoridades públicas, tanto o judiciário, o governo e o legislativo daquele país faz? Veja só, quem transgrediu os executivos ou os donos da empresa que transgrediu aquilo será punido. Mas a sociedade alemã, espanhola,
sul-coreana, japonesa, declara por meio da sua mais alta corte de justiça, da sua do seu legislativo, da presidência do do Congresso e do Presidente da República, aquela empresa ah não tem nenhum problema. a de sua credibilidade. Foi exatamente o contrário que o Brasil fez a em 2015. Tem que aprender com seus erros. As empresas foram destruídas e se destruiu ali um patrimônio nacional. Veja só, quando acabou a Segunda Guerra Mundial, todas as grandes empresas alemãs, todas, sem exceção, participaram do complexo militar. Todos os criminosos de guerra pagaram a no julgamento de Nuremberg, mas as empresas
e olha que era um país dominado por uma potência externa, no caso dos Estados Unidos, mas todas as empresas, Volkswagen, Bayern, BASP, todas elas foram preservadas e estão até hoje como marcas globais, fizeram parte da máquina de guerra nazista. Então, olha a diferença de compreensão do valor intangível e calculável e fundamental que as empresas têm numa economia de mercado. A constituição brasileira nos assegura ao privilégio de termos uma sociedade fundada na economia de mercado. E a empresa é um elemento intangível, uma marca de valor. Tanto que, por exemplo, a marca Coca-Cola vale mais do que
a soma de todos os seus ativos. Então, essa visão de um valor intangível das empresas, a sociedade brasileira tem que ter com clareza e nós termos paraa frente, essa é uma outra discussão, a percepção de que temos que ter uma regra de leniência clara que não assegure nenhum tipo de impunidade para transgressão legal. As pessoas serão punidas, mas a empresa é um patrimônio do país. Essa é intocável e isso nós precisamos aprender. Perfeito. Você citou um exemplo interessantíssimo com relação à à Alemanha do pós-guerra, né? E esse certificado de de boa conduta que foram que
foram foram emitidos para cada uma dessas empresas que participaram do esforço de guerra alemão, foi foram foi emitido ou foram emitidos no momento em que os Estados Unidos tinha absoluto, né, que a Alemanha hegemonia global e no caso da Alemanha, né, eh financiou inclusive, quer dizer, o plano Marshall que aconteceu nesse período, né, se valeu e estimulou e financiou essas as empresas que meses atrás ou poucos poucos meses atrás estavam eh eh no no combate frontal contra os americanos, que numa circunstância que foi ultrapassado, né? Perfeito. Totamente isso. Acho eh foi interessantíssimo aí esse seu
esse seu comentário. Bom, eu queria até pegar uma um feedback, né? A gente lançou essa cartilha recentemente, como eu falei, a gente apresenta dados técnicos e esses exemplos mais reais, né, para rebater essas críticas, né, enfim, eu acho que você foi bem claro aí trazendo alguns exemplos, né? E aí, qual a importância de da sociedade, enfim, da da das entidades se reunirem, né, e trazerem dados consolidados como esse e qual a importância de comunicar esse dado, né? Veja só, o Brasil é uma democracia moderna e enquanto democracia moderna, nada é mais importante do que a
informação para que o país e a sociedade tome suas decisões. E também é uma sociedade democrática, a base é o associativismo. Então, nós temos aqui uma cartilha excelente, ah, com informações muito claras, muito bem escritas, ah, e que, eh, demonstram a a importância desse setor para o Brasil e que ele pode voltar a fazer mais, muito mais, na medida em que nós eh destravemos ele. Tá? Então aqui é o talento brasileiro sintetizado nessa informação muito bem construída, muito sólida para que o Brasil possa voltar a ter na exportação de serviço de eh engenharia uma alavanca
de riqueza, de desenvolvimento, de prosperidade, gerando emprego, renda, empresas mais sólidas, empresas que vão investir em inovação em e vão ter mais competitividade, que vai gerar toda uma cadeia de valor de serviços que vão desde o uniforme a a máquinas de alta complexidade. E tudo isso é muito importante pro Brasil. Eu acho que eh essa cartilha, a importância da retomada da política de crédito à exportação, a de bens e serviços para a economia brasileira, ela é um divisor de águas pela qualidade das informações que estão aqui. Tá de parabéns o Cinecom. Maravilha. E como o
senhor disse, né, essa retomada é mais do que uma questão legislativa, é uma escolha de país, né? Eh, a gente precisa agora entender como é o que que tá em jogo, né? Para que a gente possa de fato retomar e por que retomar agora, né, Migel? É, eu acho que do meu ponto de vista o o todos os momentos são tem tem a sua importância, mas nós estamos vivendo um momento de de especial importância, inclusive com uma uma redistribuição de mercados. Eh, nós tivemos uma economia até muito pouco tempo completamente orientada para para o hemisfério
sul, pro Atlântico Sul. E hoje a gente tá vendo uma uma participação crescente do do dos asiáticos na economia global e obviamente que isso significa mercado para paraas nossas exportações de modo geral, não só de de engenharia, mas de bens e serviço. No caso da engenharia, por exemplo, vou dar apenas um exemplo que mostra a oportunidade dessa retomada. Os chineses fizeram agora a pouco, inauguraram em novembro um porto no Peru, porto deai, né, que é um porto que é é uma oportunidade para o exportador brasileiro acessá-lo e que demanda eh participação de de empresas de
engenharia para viabilizar essa essa essa chegada ao outro lado e que significa um potencial gigantesco de de de contrato. e de oportunidades e que tem que ser encarado nesse momento. Tá sendo encarado, a gente conhece as iniciativas, por exemplo, do Ministério do Planejamento, que tem estudado com com profundidade e essa questão e tem tido uma participação muito grande. que obviamente que eh essas a participação da engenharia brasileira vai ser tanto mais forte quanto mais eh sólido for o incentivo e obviamente que o crédito exportação é um elemento importante nesse cenário. E por que essa urgência,
né, de retomar agora, qual é a sua opinião, sua visão em relação? Eu acho que ela vem tardiamente. Nós nós deveríamos ter retomado isso há mais tempo, mas a gente não pode resolver o passado, a gente pode resolver o futuro. Então, eu não tenho dúvidas que ao Congresso Nacional é uma caixa de ressonância e diálogo da sociedade brasileira. Eu não tenho dúvida ah que o bom senso vai prevalecer. O Brasil vai aprovar esse diploma legal. Claro que sempre com o o aperfeiçoamento do processo legislativo. e que isso vai ser um divisor de águas, um marco
de retomada de uma história de absoluto sucesso, em que o Brasil se consolidou como uma marca global de engenharia, que é uma atividade altamente complexa, sofisticada, que assegura a ao Brasil a uma cadeia de valor extremamente sólida e importante, para o qual nós construímos marcas com muito reconhecimento global, que era o nome das nossas empresas de de engenharia. Então, essa história deve ser retomada e certamente vai voltar a dar enormes benefícios à sociedade brasileira. Seja. E agora eu queria saber o que que o Brasil perde ficando de fora se a gente não conseguir em termos
práticos, né, eh efetivar essa medida, né, se continuar fora do mercado global de exportação de engenharia, perde tudo. Ah, perde massa crítica de empresas a que poderiam estar competindo no mercado global. Ah, e com isso, ah, criando efeitos em que, ah, o Brasil recebe divisas internacionais por meio das exportações, vende os seus produtos na cadeia de engenharia, como eu falei, em torno de 40 a 50% de do valor da obra movimenta a economia doméstica no país. Então, isso é importante. Por isso que todos os países relevantes apoiam fortemente a o financiamento, as exportações das suas
empresas de engenharia. Tá? Inclusive, a melhor forma de você defender, você ter o seu mercado doméstico como a sua fortaleza, é você tá no mercado nos outros países, porque isso vai lhe dar uma massa crítica de poder trabalhar melhor os seus preços por economia de escala, por complexidade, pelo desenvolvimento tecnológico, pelos empregos que aqui são gerados, pelos tributos. Ou seja, tudo isso se perde, tudo isso se apaga. E o melhor exemplo para isso é que o Brasil representava 5% do PIB mundial da engenharia. O Brasil tinha 5%. No PIB de todas as outras atividades, 2,3.
Então o Brasil que se iniciou esse processo nos anos 70, né, Rangel, até 2015 nós saímos de 0 para 5%. E olha que a nossa participação na economia global, ela vem desde 1822, quando nós viramos um estado nacional. Então, com muito menos tempo, a engenharia mostrou todo o seu valor. Quando você corta o crédito da exportação, essa participação colapsa para 0,5%. Ou seja, é menos até do que a participação relativa da economia brasileira na economia global. Então, é claro que nós fizemos algo de muito errado. Nós jogamos fora a criança com água suja da banheira.
Então, digamos assim, aprender com os erros é algo importante que a sociedade brasileira tem que ter. Nós estamos perdendo riqueza, deixando de ter empregos no Brasil, deixando de ter grandes empresas de engenharia, desenvolvendo soluções tecnológicas inovadoras, como nós já lideramos, ah, e tendo marcas globais e importantes que contam a história do país, que são símbolos a que o país tem no mundo. Então, é tudo isso que a gente perde. E nós devemos retomar isso, criar uma energia positiva pro Brasil voltar a brilhar com a excelente engenharia que o Brasil tem. Maravilha. A gente tá chegando
ao fim do nosso episódio. Excelente e uma uma aula, na verdade, né, Angel? Sem dúvida, sem dúvida. Eu quero agradecer você pela condução das entrevistas. Quero agradecer ao nosso entrevistado, nosso convidado Rafael Kes, que trouxe uma visão aí bem aprofundada, né, bem estratégica e conectada com esse futuro da indústria. E a o crédito à exportação, na minha opinião, o que eu consegui tirar aqui de lição é que o crédito exportação já deu certo no Brasil, agora só precisa ser de fato posto de volta, né, colocado de volta no cenário e para para que a gente
possa falar com transparência, enfim, consiga de fato conduzir essa atividade. Muito obrigado, Rangel. Obrigado. Obrigado eu e obrigado especialmente ao ao Rafael que nos nos deu a grande oportunidade desse diálogo enriquecedor e que contribui no sentido de que a gente retome no caminho que a engenharia brasileira sempre teve e que com certeza terá no no futuro imediato. Eu quero aproveitar aqui pra gente entregar um presente pro nosso convidado que é o nosso boné que tem o nosso lema, né, que é infraestrutura para o Brasil avançar. Esse é o nosso lema. Eu acho que esse eu
faço questão de colocar no ar ao vivo. Vamos lá. Eu acho que vai. É, ó, defendo com muita energia. Olha aí a essa bandeira. Ficou bacana. Ficou muito bacana. Se você gostou desse episódio, deixa o seu like. Se inscreva no canal e ative o sininho para ficar atento aos próximos convidados e os próximos entrevistados aqui do nosso programa. Queremos ouvir você. Comente aqui embaixo quais temas você gostaria de ouvir aqui, de ver a gente abordando nos próximos episódios. Sua participação é fundamental para construirmos um debate cada vez mais relevante pro setor da infraestrutura. Infraestrutura para
o Brasil. avançar. Até a próxima.