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Video Transcript:
Olá boa noite boa noite para você que está chegando aqui em mais uma noite de quarta-feira no nosso cinema e psicopatologia eu estou muito feliz de ter você aqui comigo novamente para o nosso quinto e último episódio que pena passou tão rápido e quando a gente começa a gente fala nossa são cinco Episódios daí parece que vai levar muito tempo mas voa a gente já tá no último episódio da nossa amada série cinema e psicopatologia essa série que eu me orgulho muito que às vezes gera polêmica gera amor gera ódio Mas é uma série que
já é sucesso absoluto há 5 anos e eu preciso avisar você que na próxima segunda-feira a gente já tem Encontro Marcado então você não vai sentir muita falta nem muita saudade de mim porque segunda-feira começa a nossa semana da psicopatologia especial 5 anos uma semana inteira de aulas no maior evento gratuito de psicopatologia desta internet e que eu vou abordar um dos pilares mais importantes da formação de todo profissional de saúde mental então eu espero você você não pode ficar de fora de jeito nenhum o link pr pra inscrição na semana da psicopatologia está aqui
na descrição deste vídeo tá bom e hoje a gente vai falar de um filme que é muito muito muito especial para mim é um filme que marcou minha vida que marcou a minha história e eu posso dizer com tranquilidade que eu já vi esse filme pelo menos umas 10 vezes o Fabuloso Destino de Amelie Polan um filme que foi lançado em 2001 e eu estava exatamente concluindo o ensino médio eu estava no terceiro ano do ensino médio eu me identifiquei de imediato com a Mel um jeito sonhador às vezes impulsivo fizeram eu me ver muito
ali Eu assisti aquele filme 2002 2003 quando saiu DVD eu comprei e nas horas vagas quando eu não tinha nada para fazer não tinha streaming né nessa época 2002 2003 não tinha Netflix não tinha nada então eu botava o DVD e eu assistia novamente o Fabuloso Destino de Amelie Polan anos depois talvez as coisas se fecham a gente liga os pontos e talvez hoje eu entenda porquê Bom enfim a Mel Polan é uma jovem tímida muito simpática que trabalha como garçonete em um café de Paris e mora sozinha ela divide o seu tempo entre as
visitas ao seu pai e o que ela chama de pequenos Prazeres como jogar pedrinhas no rio fazendo com que as Pedrinhas piquem né na superfície da água e que para isso ela tem uma técnica especial quebrando a casquinha do creme brouet com a colher e ela vai seguindo pela vida aí com esses pequenos Prazeres um dia ela está assistindo televisão e aparece uma notícia de um acidente da Lady Die e ela descobre Então ela deixa cair um um objeto que tá na mão dela o objeto sai quicando E aí bate num azulejo da parede que
salta para fora né que pula e aí ela descobre Então dentro desse azulejo um buraco na parede do seu apartamento e dentro desse buraco tinha uma caixinha de objetos que provavelmente alguma criança um menino que morou lá muitos anos antes escondeu ali o seu tesouro Então ela resolve achar o dono dessa caixinha e entregar e se o dono diante dessa atitude se comov tivesse ali uma reação A melie então decidiria tomar um outro rumo na vida e enfim interagir mais com as pessoas e alegrar as pessoas por sua volta e através de pequenos gestos Logo
no início do filme A gente é levado ali por um narrador que narra ali os primeiros anos da vida da infância da ameli a época em que as relações interpessoais de Amelia eram restritas ao pai chamava-se Rafael um médico que examinava ela mensalmente um médico que é descrito como frio e distante e a sua mãe amandine que era uma professora muito rígida muito exigente os pais pelo que a gente sabe parece que foram pouco afetivos mas tinham expectativas muito altas ali sobre o desempenho da filha Ah o pai a examinava uma vez por mês e
como a Mely tinha Pouco contato né nenhum contato físico com o pai e pouca relação de afeto com esse pai durante esses exames físicos que o Rafael fazia na ameli para verificar se a filha tava bem o coração dela disparava muito Então Rafael chegou à conclusão de que a melie tinha um problema no coração e aí então eles decidiram que a melie eh deveria fazer homeschooling né deveria estudar em casa e a mãe que era profess então teria a função de ensiná-la então a melie não foi pra escola a melie não tinha amigos nem relacionamentos
afetivos duradouros ou positivamente reforçadores eh e sempre se se esquivava fugia ali de ambientes sociais que eram situações muito raras para ela na infância e na adolescência ah em algumas poucas situações que ela saía com a mãe numa dessas situações a mãe sofreu um acidente traj cômico ali né o filme tem um que meio engraçado de humor e ao mesmo tempo não não não para mim pelo menos não se enquadra em uma comédia tem muitos momentos tristes reflexivos enfim e mas ele brinca um pouco né com isso então a mãe Eh acaba sofrendo ali um
acidente meio trag cômico e o filme avança no tempo e então a gente é apresentado a uma ameli já adulta que sai da casa do pai né A mãe já era falecida ela cresceu ali o restante da sua infância e a sua adolescência aos cuidados desse pai frio distante pouco afetivo então assim que ela pode assim que ela se torna adulta assim que ela completa 18 anos ela sai da casa do pai e ela se muda para e morava no interior da França se muda para capital se muda para Paris ela então começa a trabalhar
como garçonete em um café e embora tivesse tido ali oportunidades de vários contatos sociais com as pessoas ali ah no no na lanchonete ela não aprofunda muito esses contatos amel se sente muitas vezes sozinha e nessas andanças tentando ali procurar o dono da caixinha de dos Tesouros né que ela achou escondida no apartamento ela encontra um jovem também bastante diferente euia que coleciona fotos 3 por4 rasgadas Numa estação de trem ou de metrô ela encontra esse rapaz de quem ela não sabe nada e chamado Nino a gente descobre depois e ela gostaria de se aproximar
dele gostaria de conhecê-lo de demonstrar seu interesse mas ela tem ali Ah um pouco de dificuldade porém diferente da sua infância agora aeli conta com pessoas que estão dispostas a ajudá-la eh a aprender e a melhorar o seu repertório do que a gente chama em psicologia de habilidades sociais em diferentes contextos no trabalho na família nas amizades e quem sabe até se aventurar Em um namoro Amelie ela é sempre descrita ali ao longo do filme Como Sonhadora está sempre distraída como se estivesse no mundo da lua uma cena muito marcante Logo no início do filme
é como é quando ela caminha pela cidade e o narrador eh vai falando ali pra gente que é como se o sol estivesse mais brilhante vai descrevendo a suavidade da Luz o perfume do ar os sons da cidade tudo em perfeita Harmonia com a Meli e a Meli caminhando desatenta distraída pelas ruas até que ele encontra um velhinho com deficiência visual querendo atravessar a rua então impulsivamente ela pega o senhor pela mão e sai andando rapidamente com ele descrevendo coisas aleatórias que ela vê na rua para ele impulsiva e distraída é como a Mel é
descrita em vários momentos do fil filme aí você já deve estar aí imaginando né Qual que é o diagnóstico talvez que eu possa trazer pra ameli mas antes de eu entrar nisso eh eu já vi muitas pessoas né algumas pessoas enfim falando na internet que a Meli teria transtorno de personalidade esquiva ou teria um transtorno eh de ansiedade social tá eu não concordo com esses diagnósticos para ameli eh tem várias cenas no filme eu poderia listar várias aqui que mostram que que uma pessoa com transtorno de personalidade esquiva ou ansiedade social não tratada como é
o caso de ameli e não fariam como por exemplo entrar na casa dos outros né Isso é impulsividade eh responder ali no meio de todo mundo ali na na na rua né a feirante dizendo que a cachofra é melhor porque tem coração e você nem isso tem né uma cena bem bem interessante arrastar um velhinho pela rua descrevendo em voz alta ali o que ela vê para ele então assim um paciente com um transtorno de Person idade esquiva teria muito medo né Desse julgamento teria muito medo assim como um paciente com ansiedade social já um
paciente com transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade talvez Muito provavelmente Faria essas coisas no impulso Além do mais a gente precisa e a gente não pode desconsiderar os dados mínimos eu diria que a gente tem da história de vida dela toda a privação que ela teve na infância pelo suposto diagnóstico aí de um problema cardíaco o fato dela nunca ter ido na escola dela ter sido ensinada em casa por sua mãe o tempo todo então essa dificuldade de habilidades sociais que a gente vai precisar separar aí de um transtorno de personalidade ou de um
transtorno eh de ansiedade social eu pessoalmente não Considero que ela tenha um transtorno e dessa ordem Tá mas eu considero que isso é uma dificuldade decorrente da sua história de vida então Por exemplo quando a gente faz um diagnóstico diferencial para um comportamento evitativo o que que a gente tem que pensar essa situação é realisticamente nociva se Sim esses medos excessivos ou irreais provocam ali no paciente um sofrimento um prejuízo clinicamente significativo se não né se não é é é algo ah patológico é algo que podemos pensar ali como uma timidez ou até como uma
estratégia de enfrentamento então a a gente precisa separar o que é timidez né O que é uma dificuldade de habilidades sociais no caso da Amelie ah do que é um transtorno de fato tá então no caso da ameli Ah eu não vejo ali um comportamento patológico em relação a isso tá ela trabalha ela sai de casa todos os dias ela interage com os vizinhos ela vai até a casa do Homem de Vidro algumas vezes até sem ser ter sido convidada ela questiona a moça que trabalha no na no sex shop né que que é colega
do rapaz que ela gosta a moça Inclusive pega o livro da das fotos trx4 que ele coleciona e diz olha me dá eu entrego o livro para ele né A moça também parece que gosta dele é interessada nele enfim e a amel diz não não não eu eu pego o livro de volta e eu vou até o parque de diversões que ele também trabalha e eu vou lá atrás dele então Eh até me parece em muitos momentos do filme né ela brinca de se esconder e de aparecer um recurso lúdico ali poético do filme ela
se disfarça de Zorro para brincar com o moço ali de encontrar o livro enfim tem várias coisas ali tem várias cenas ali no meu entendimento que não caberia num transtorno de personalidade tá uma pessoa com transtorno de personalidade evitativa não se fantasiar de Zorro iria para o meio ali do do do Sacre crer né como ela vai para fazer essa brincadeira com o rapaz então eu acredito que a Meli pode ser considerado uma pessoa tímida uma pessoa com baixo repertório de habilidades sociais pela sua história de vida né por tudo que aconteceu com ela na
infância e na adolescência por não ter ido na escola não ter convivido com outras crianças mas eu não vejo ali um transtorno de personalidade tá Porém vejo outros sinais e sintomas na ameli que eu queria destacar aqui para você tem uma cena Logo no início do filme também que a mãe está ensinando a ameli né a ler ou tá ensinando matemática enfim e a gente vê ali a mãe repetindo e ela respondendo outra coisa desatenta bastante distraída a mãe briga com ela ela manda repetir de novo enfim eh talvez penso eu né Depois de ter
visto tantas vezes o filme ah que os prejuízos na vida da ameli em relação a esse eh a essas questões de desatenção não tenham sido tão óbvios porque ela não foi à escola ela não fez provas ela não se submeteu ali ao que a gente considera os parâmetros formais da educação e ela também não fez faculdade então isso de certa forma diminuiu o impacto diminuiu os prejuízos ali mais óbvios que ela poderia ia ter com transtorno isso não significa que ela não tem prejuízo tá na sequência ela decidiu ou ela enfim acabou indo trabalhar numa
cafeteria um trabalho também que exige um menor nível de atenção do que talvez se ela fosse e trabalhar num escritório como secretária escrevendo relatórios por exemplo Então ela foi passando pela vida e sem que talvez os prejuízos fossem tão evidentes ou prejudicassem tanto ela mas ainda assim a gente vê prejuízos ali né quando ela derruba as coisas quando ela tá trabalhando e ela fica distraída quando ela tá atendendo os clientes mas na verdade ela tá prestando atenção na conversa da moça da tabacaria que é hipocondríaca e pensando como ela vai unir essa moça da tabacaria
com o ex-namorado da outra moça que trabalha com ela e ela fica ali viajando nos pensamentos dela então enfim a gente vê outros H prejuízos ali na ameli mas antes de eu seguir né no diagnóstico da ameli enfim continuar falando sobre isso eu queria destacar aqui algo muito importante para você porque Vira e Mexe eu sou criticada nas minhas análises de filmes Então eu queria de coração que você prestasse muita atenção nisso que eu vou falar aqui agora analisar o personagem de um filme é uma estratégia didática guarda isso é uma estratégia didática que eu
uso para ensinar psicopatologia de modo leve de modo divertido na internet profissionais discordam de Diagnósticos de pacientes reais e isso é normal porque muitos dos critérios que a gente tem para diagnósticos em psicopatologia são subjetivos agora você imagine quando nós estamos falando de um personagem de um filme de uma ficção que não existe a Rigor nem seria possível dar qualquer diagnóstico porque a pessoa não Porque nós não temos informações suficientes da história de vida dela logo é impossível tá então o correto seria eu chegar aqui e dizer qual é o diagnóstico de ameli nenhum não
temos condição de dar diagnóstico nem para ela nem para nenhum outro personagem que eu analisei aqui então o que eu faço aqui é o quê é pegar recortes é observar alguns comportamentos ali soltos dos personagens e tentar aproximar isso da psicopatologia como uma forma didática de ensinar PR os meus alunos e tornar o assunto interessante somente isso não estamos falando de pacientes Não estamos falando de pessoas reais onde um diagnóstico de fato possa ser discutido tendo todos os dados necessários para isso né Eh exame do Estado mental dados da história de vida análise longitudinal transversal
etc eu sempre digo aqui nas minhas aulas Gente esse foi o diagnóstico que eu pensei você pode discordar de mim porque é um filme às vezes eu posso dar ênfase a um recorte do filme e você pode dar ênfase a outro eu pego um trecho como base e você pode pegar outro e tá tudo bem ninguém tá certo nem errado porque não são pessoas reais é até inacreditável ter que explicar isso mas enfim a gente precisa explicar então quando a gente faz um diagnóstico de um personagem de um filme A gente faz o contrário até
do que a gente faz na vida real de fato para fazer um diagnóstico em psicopatologia de um paciente real a gente pega um comportamento a gente pega um recorte e a gente tenta encaixar num diagnóstico Porque infelizmente não há outra forma de fazer quando não estamos falando de pacientes reais com pacientes reais é o contrário O que que a gente vai fazer a gente vai pegar toda a história de vida sem a priori sem nenhuma hipótese na cabeça fazer toda a avaliação em psicopatologia fazer o exame do Estado mental daquele paciente avaliar funções psíquicas etc
e aí sim Então no final eu vou pensar no hipótese só que aqui não é possível fazer isso por quê Porque estamos falando de um personagem de filme então muitas vezes para tentar explicar um comportamento ali de um paciente eu preciso forçar para aproximar isso da psicopatologia então novamente parece inacreditável ter que explicar o óbvio que isso é um recurso didático que eu já uso aqui há 5 anos na internet mas às vezes a a gente precisa explicar o Óbvio dito tudo isso o diagnóstico que eu considero que mais se aproxima para ameli não significa
que a ameli tem diagnóstico não podemos diagnosticar porque a ameli não é uma pessoa real Mas o que eu considero seria transtorno déficit de atenção e hiperatividade tá bom dito isso vamos entender o transtorno O que é o TDAH Lembrando que tda não existe tá o nome do torno é tda H A gente vai ver que ele tem subtipos pode ser com hiperatividade ou sem hiperatividade Mas isso não nos dá o direito de tirar o h dele tá bom então não existe tda ok o o nome é TDAH que significa transtorno de Déficit de Atenção
e hiperatividade Ok a característica essencial do transtorno déficit de atenção e hiperatividade é um padrão persistente de desatenção e ou de hiperatividade e impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento daquela pessoa então isso significa dizer que não basta ser desatento ou não basta ser hiperativo precisa ser um padrão persistente na vida da pessoa todos os dias na maior parte do tempo que traz prejuízo significativo para essa pessoa porque interfere no seu funcionamento pessoas com esse transtorno T muita dificuldade em sustentar a atenção em uma tarefa ou em uma atividade como resultado disso as atividades
muitas vezes não são finalizadas ou em uma conversa por exemplo elas parecem não estar escutando o que a pessoa está falando além dessa questão da perturbação da atenção algumas pessoas com TDH apresentam também um componente de hiperatividade motora muitas vezes as crianças com TDH elas são descritas como inquietas na escola capazes de permanecer sentadas por mais do que alguns minutos e não bastasse a hiperatividade e os problemas para sustentar a atenção a impulsividade também para agir para pensar eh para falar muitas vezes também se apresenta como uma queixa comum nos pacientes com TDH a gente
vê muito disso na ameli ela entra na casa do homem da kitanda Mexe em tudo tira as coisas do lugar como uma forma de Vingança ali né poir tá mal o seu funcionário se ela pensasse direitinho sem impulsividade você diria que é prudente alguém fazer isso invasão de domicílio inclusive é crime Ela poderia ser presa mas ela faz por quê ela faz no impulso Ela Faz sem pensar nas consequências danosas desse ato a gente vê vários momentos Ela ali como Sonhadora Inclusive essa é a principal eh descrição da ameli no filme que ela é Sonhadora
que ela tá sempre viajando no mundo da lua para o TDH o dsm5 TR que é o manual atual que a gente tem de classificação diferencia duas categorias de sintomas a primeira inclui problemas de desatenção e a segunda inclui problemas de hiperatividade e impulsividade a desatenção ela se manifesta de maneira comportamental no TDH com divagação de tarefas falta de persistência ah nas nas tarefas nos objetivos dificuldade em manter o foco desorganização e não constitui uma consequência de um desafio que a pessoa tá passando ali na vida ou de uma falta de compreensão da importância de
prestar atenção por exemplo talvez até a gente não tem como dizer é uma inferência a ameli não tenha feito faculdade justamente por essa falta de foco ou Porque ela achou que seria difícil ela achou que ela não conseguiria dar conta ela tinha dificuldade de se concentrar entrar nas aulas da mãe em casa e como ela nunca teve o diagnóstico então e essa dificuldade que ela tem de se concentrar talvez ela tenha escolhido ali um caminho mais fácil um caminho que exigisse menos esse foco atencional dela que é trabalhar num lanchonete que é um trabalho que
exige muito menos atenção se você for pensar do que sei lá fazer uma cirurgia ou atender um paciente né como psicóloga ou fazer relatórios sendo secretária ali precisar de um nível de atenção muito maior do que pegar um café ou um chá e talvez se trouxer o chá o enz do café também tem jeito de resolver então muitas vezes as escolhas do paciente são em função dos seu transtorn Mesmo muitas vezes sem ele saber ele vai escolhendo ali caminhos que ele considera mais fáceis intuitivamente para sofrer menos né para amenizar os prejuízos do transtorno e
eu acredito na minha inferência total né a gente nem tem dados para isso no filme nem nada mas pela minha inferência a Amelia Ela acabou e escolhendo ali certos caminhos que protegeram ela um pouco desses prejuízos a hiperatividade é o outro sintoma predominante pode estar presente num paciente com TDH E inclui se remexer na cadeira o tempo todo é uma atividade motora excessiva e não apropriada como uma criança que corre o tempo todo que batuca o tempo todo na mesa que mexe os dedos que não fica parada que entra e sai da sala nos adultos
essa hiperatividade ela se manifesta um pouco diferente né a a a hiperatividade motora ela vai diminuindo a medida que a gente vai crescendo mas ela pode se manifestar como uma inquietude extrema Ah um desgaste eh dos outros né com essa atividade o tempo todo da pessoa mexer muito as mãos né Tipo eu e fazer sempre duas coisas ao mesmo tempo uma inquietação de maneira geral a impulsividade ela se refere a ações precipitadas que ocor e naquele momento sem premeditação com elevado potencial de dano pra pessoa por exemplo atravessar a rua sem olhar entrar invadir a
casa da pessoa né para fazer uma brincadeira e trocar objetos de lugar como a AM fez a impulsividade ela pode ter e pode ser reflexo de um desejo do paciente ali por Recompensas imediatas ou uma incapacidade de postergar uma gratificação comportamentos impulsivos que pacientes com TDH tem podem se manifestar na intromissão social como vemos com aelia ali com o ato de interromper os outros em excesso dar respostas abruptas antes das perguntas serem concluídas ter dificuldade de esperar sua vez Além disso tomadas de decisão importantes também podem ser feitas sem considerar as consequências de longo prazo
por exemplo assumir um emprego sem informações suficientes correr para um parque de para encontrar um estranho que trabalha no trem fantasma como a amel faz o filme não dá muitas informações mas parece que meio que de uma hora para outra também ela resolveu sair da casa do pai e se mudar para Paris então é importante a gente ressaltar que o TDH ele começa na infância tá a exigência de que vários sintomas estejam presentes antes dos 12 anos de idade mostra PR ali a importância de uma apresentação Clínica substancial durante a infância se o paciente começa
a apresentar sintomas na vida adulta a gente descarta TDH tá precisa começar na infância é um transtorno do neurodesenvolvimento como o nome já diz precisa acompanhar o desenvolvimento do indivíduo mas ao mesmo tempo uma idade e de início mais precoce ela não é específica cada porque a gente tem dificuldades eh para Ah até fazer esse diagnóstico numa idade muito precoce né normalmente esse diagnóstico é feito quando a criança está em fase escolar aprendendo a ler aprendendo a escrever quando começam ali as dificuldades 8 9 anos enfim mas o diagnóstico Pode sim ser feito antes principalmente
em situações onde a hiperatividade é predominante Tá além disso as manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente por exemplo em casa ou na escola né em casa e no trabalho tá importante então que o paciente ele tem ali um prejuízo e não só em um ambiente mas pelo menos eh em dois e a confirmação ah dos sintomas em vários ambientes não a gente não não consegue fazer isso com precisão sem que a gente tenha informantes que tenham visto o indivíduo ali naqueles ambientes então é muito comum por exemplo um um profissional
psicólogo por exemplo que tá fazendo uma avaliação de TDH numa criança ir até a escola tanto para observar o paciente naquele ambiente como também para conversar com professores com diretores enfim com pessoas que observam a criança naquele ambiente para que eh esse diagnóstico ele possa ser feito de uma maneira precisa atrasos leves no desenvolvimento linguístico motor ou social não são específicos do TDH mas esse paciente ele pode ter como morbidades Ok desregulação e impulsividade emocionais normalmente ocorrem em pacientes com TDH e indivíduos com TDH costumam se autoavaliar e são descritos pelas pessoas que convivem com
eles como pessoas que se frustram mais facilmente que têm reações emocionais ali muitas vezes mais exageradas diante de certas situações mesmo na ausência de um transtorno específico da aprendizagem que é muito comum né des discalculia Ah e eh que acontece ali com muita frequência junto com TDH o desempenho acadêmico ou profissional desse paciente costuma ser afetado negativamente tá então mesmo que não haja um transtorno específico da aprendizagem um paciente com TDH Ah vai normalmente né de maneira geral ter ali um desempenho e acadêmico ou profissional ah prejudicado tá alguns déficits neurocognitivos também podem ocorrer como
memória de trabalho troca de tarefas variação de tempo de reação inibição de respostas vigilância planejamento organização podem estar prejudicados Ah e a gente pode avaliar isso aí através também de testes psicológicos tá tudo isso pode ser avaliado o diagnóstico ele não necessita de testagem psicológica mas é um elemento a mais que Embasa o diagnóstico o TDH está fortemente associado a um desempenho escolar e um sucesso acadêmico abaixo da Média muitas pessoas perguntam né eu recebo sempre nas caixinhas de perguntas lá do Instagram pode ser TDH e ter tirado notas altas a vida toda na escola
muito difícil déficits acadêmicos e problemas relacionados à escola tendem a estar Associados aos sintomas que são marcantes no TDH desatenção rejeição Por parte dos pares lesões acidentais né que também são mais salientes e em indivíduos Principalmente aqueles que têm mais hiperatividade e impulsividade então é difícil você ter um paciente com TDH de fato que tenha sido um aluno brilhante na escola algum prejuízo Tem que haver né E quando você é criança basicamente Você só tem dois ambientes ali que você frequenta casa e escola como você precisa ter prejuízo em no mínimo dois ambientes se você
não tem prejuízo na escola a gente já começa a questionar esse diagnóstico de TDH tá eh um envolvimento variável ou inadequado com tarefas que exijam ali um esforço sustentado como por exemplo fazer relatórios coisas burocráticas né que são tarefas muito difíceis para quem tem TDH frequentemente é interpretado pelas outras pessoas como preguiça como irresponsabilidade como falta de cooperação jovens adultos com TDH apresentam menor abilidade em empregos então tendem a ser demitidos com mais frequência trocar de empregos adultos com TDH mostram desempenho realização comparecimento no emprego diminuídos e uma maior probabilidade de desemprego assim como uma
propensão também para conflitos interpessoais em média pessoas com o transtorno apresentam uma menor escolaridade pior desempenho profissional e scores intelectuais na comparação com com os seus pares né comparando ali mesma idade mesmo sexo ah mesma cultura mesma condição social embora exista grande variabilidade Claro existem pessoas com TDH que são muito bem sucedidas existem pessoas que TM grandes dificuldades no caso da ameli como eu já falei o fato dela não ter ido para uma faculdade dela ter estudado em casa a vida toda dela não ter se submetido ali a a exigências formais da educação prova vestibular
etc trabalhar num emprego que de certa forma exige pouco do ponto de vista intelectual ah tudo isso de certa maneira eh protegeu ali um pouco aeli e em sua forma mais grave o transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade é marcantemente prejudicial afetando Inclusive a adaptação social desse paciente a adaptação familiar escolar profissional isso também de alguma maneira pode ter prejudicado aí os relacionamentos da ameli também ao longo da vida indivíduos com TDH tendem a ter uma autoestima mais baixa se comparado aos pares sem TDH acidentes e violações de trânsito são muito mais frequentes em
condutores com o transtorno e muitas muitas pessoas com TDH inclusive optam por não dirigir indivíduos com TDH T uma maior taxa de mortalidade em geral principalmente por causa de acidentes e lesões tá E aí então Vamos aos os critérios Diagnósticos do transtorno déficit de atenção e hiperatividade critério a um padrão persistente de desatenção ou e ou hiperatividade e impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento do indivído caracterizado por um ou dois né aí vai ver você vai ver se é só um sintoma e ou o outro sintoma ou os dois desatenção seis ou mais
dos seguintes sintomas exem pelo menos por se meses em um grau que é inconsistente com o nível de desenvolvimento que aquela pessoa está passando e tem um impacto negativo diretamente nas atividades sociais acadêmicas e profissionais primeiro frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuidos em tarefas escolares no trabalho e durante atividades eh ou negligencia ou deixa passar detalhes ou o trabalho é impreciso segundo frequente ente tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades mesmo que sejam lúdicas então dificuldade para manter o foco durante as aulas dificuldade para manter o foco
durante uma brincadeira conversa leitura terceiro frequentemente parece não escutar Quando alguém lhe dirige a palavra diretamente parece estar com a cabeça longe e mesmo que não haja ali uma distração óbvia a pessoa não tá no celular a pessoa não tá em nada como a gente vê muitas vezes a Melia ali encostada no balcão assim pensando no nada eh quatro frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares tarefas eh atividades no local de trabalho começa a tarefa perde o foco vai fazer outra coisa e depois já tá fazendo outra coisa e
se perde todo frequentemente Tem dificuldades para organizar tarefas e atividades então tem dificuldades para gerenciar tarefas sequenciais ã decidir o que vai começar primeiro o que vai fazer depois dificuldade em Mater eh em manter materiais e objetos pessoais em ordem muitas vezes mostra um trabalho desorganizado desleixado gerencia mal o próprio tempo então tem 5 horas para fazer um trabalho deixa para fazer tudo na meia hora que falta dificuldade muita dificuldade em em cumprir prazos frequentemente evita não gosta ou reluta em se envolver em atividades que exijam um esforço mental prolongado por exemplo tarefas de de
escola eh lições de casa para adolescentes mais velhos e adultos preparo de relatório preenchimento de formulário revisão de trabalhos longos tarefas burocráticas frequentemente perde coisas necessárias para a tarefa ou para as atividades perde material escolar livro caderno lápis instrumento carteira chave de carro chave de casa documento óculos celular enfim com frequência é facilmente distraído por estímulos externos e para adolescentes mais velhos e adultos e a gente pode incluir também pensamentos não relacionados a à atividade que está fazendo com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas por exemplo esquece de realizar tarefas obrigações para adolescentes
mais velhos e adultos esquece de retornar ligações de pagar contas de manter os horários que foram agendados e o segundo critério que é a hiperatividade ou A impulsividade tá que seis ou mais dos seguintes precisam estar presentes por no mínimo se meses gerando um impacto negativo nas atividades sociais acadêmicas e profissionais primeiro frequentemente Remexe batuca as mãos os pés se contorce na cadeira segundo frequentemente se levanta da cadeira em situações que se esperaria que a pessoa permanecesse sentada então por exemplo sai do seu lugar em sala de aula do escritório e ou em outro local
de trabalho ou em outras situações que exijam ali cinema que exijam que a pessoa permanea sentada no lugar terceiro frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado em adolescentes e adultos pode apenas se limitar uma sensação de inquietude porque como eu já falei esses esses sintomas motores né esses comportamentos mais motores tendem a diminuir com a idade com frequência é incapaz de brincar ou de se envolver em atividades de lazer calmamente sentar e montar um quebra-cabeça por exemplo com frequência não para agindo como se tivesse com o motor ligado então
não consegue ou se sente desconfortável de ficar parado por muito tempo como ficar sentado em restaurantes fazer reuniões eh e os outros podem enxergar essa pessoa como inquieto como agitado difícil de acompanhar frequentemente fala demais fala rápido demais ah frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída ou termina as frases pelos outros ou não Aguarda a sua vez de falar interpela as pessoas sai falando por cima Enquanto o outro tá falando frequentemente tem dificuldade para esperar sua vez por exemplo aguardar numa fila frequentemente interrompe ou se intromete né se mete em
conversas em jogos em atividades eh pode começar a usar as coisas das outras pessoas sem pedir ou sem receber permissão para adultos e e adolescentes mais velhos eles podem se eh intrometer ou assumir o controle quando outras pessoas estão fazendo outras coisas porque não tem paciência ali de esperar o ritmo o tempo da pessoa tá esses todos esses sintomas né alguns desses sintomas precisam estar presentes de desatenção ou hiperatividade e impulsividade e precisam iniciar antes dos 12 anos de idade tá aí a gente vai precisar determinar o subtipo se é uma apresentação combinada né de
Ah desatenção e hiperatividade e impulsividade se é uma apresentação predominantemente atenta ou seja tem mais sintomas de desatenção e poucos sintomas de hiperatividade e impulsividade ou se é uma apresentação predominantemente hiperativa e impulsiva ou seja tem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade menos sintomas de desatenção eu diria que a ameli ela é predominantemente desatenta ainda que eu acho que ela apresenta ali alguns poucos traços e de impulsividade tá então esse seria o agnóstico da ameli mas eu queria aproveitar essa aula e para contar para vocês um pouco da minha história há muitos anos atrás logo
que eu comecei na internet eu até fiz uma aula onde eu falei bastante de mim da minha história enfim e muitas pessoas sempre me pediam né Para retomar essa aula acho que essa aula se perdeu por aí e foi no antigo Facebook né Então essa aula se perdeu por aí muitas pessoas pediam para eu retomar essa história para eu retomar essa aula para eu deixar isso salvo em algum lugar então para quem não sabe eu tenho um diagn de TDAH e talvez não por acaso eu goste tanto desse filme desde adolescente Né desde 2001 quando
esse filme saiu eu era estudante do terceiro ano do ensino médio e eu me identifique tanto com a Amelie bom eu fui uma criança normal até os 8 10 anos ali a única observação que os meus pais faziam nessa época era que eu caía muito eu me machucava muito então quem não me conhecia e me via toda hora com machucado achava que eu era muito danada que eu era muito agitada mas não eu não era tão agitada eu me machucava muito porque eu não prestava atenção nas coisas eu esbarrava eu caía então na primeira primeira
infância eu quebrei os Percílio eu tenho até uma uma cicatriz aqui não sei se vai dar para ver Mas enfim quem já viu foto minha de perto e eu tenho uma uma marca aqui no supercílio eu quebrei queixo Ah eu quebrei braço umas quatro vezes tem várias festinhas de aniversário minha que eu tô lá na foto com o braço quebrado eu quebrei perna duas vezes eu torci tornozelo então eu vivia na emergência do hospital toda hora eu caía joelho ralado meu Deus não não lembro nem quantas vezes foram então nessa nessa primeira parte ali da
minha infância queixa maior dos meus pais era isso quando eh eu fui pra escola enfim alfabetizei né comecei a estudar eu sempre fui uma aluna dedicada aos estudos eu me esforçava eu estudava mas eu nunca tive desde muito cedo um desempenho condizente com o meu esforço então eu estudava muito com 8 9 anos eu tirava sete oito enquanto minhas colegas estudavam quase nada e tiravam 10 mas até a quarta série ali né o atual quinto ano tudo caminhava relativamente bem na quinta série atual sexto ano eh eu tinha 10 anos e aí as coisas começaram
a ficar mais difíceis as notas começaram a cair significativamente eh até então eu não não tinha tirado uma nota baixo da média comecei a tirar por mais que eu me esforçasse por mais que eu tentasse estudar dar mais não melhorava matemática passou a ser um terror para mim assim a ponto de virar uma coisa muito aversiva mesmo eu estudava eh eu entendia E aí chegava na hora da prova eu trocava uma vírgula eu trocava um sinal de negativo por Positivo eu zerava as questões eh eu tirava notas muito baixas tirava três valendo 10 quatro valendo
10 e eu comecei a me achar muito burra eu estudava eu entendi o que tava ali no livro e quando eu ia fazer na prova eu errava tudo e daí pra frente foi só para trás na sétima série que é o atual eh oavo ano eu fui para várias recuperações veio o ensino médio e tudo piorou ainda mais aos 15 anos mais ou menos eu me apeguei à ideia de que eu queria ser psicóloga coisa absolutamente aleatória eu gostava de ler nada relacionado à escola eu gostava de ler outras coisas tinha uma dificuldade de me
concentrar nas leituras também mas enfim como eram assuntos que de certa forma me interessavam eh o esforço era um pouco menor ainda que existisse algum esforço e aí eu encontrei um livro de Freud na biblioteca a Interpretação dos Sonhos Volume 1 e do E aí eu comecei a ler não entendi muita coisa mas enfim do que eu entendi ali Freud escreve bem né Tem uma leitura fluida eh gostosa de ler até então eu me apeguei à ideia de que eu queria ser psicóloga e com isso eu justificava acho que principalmente para mim mesmo mas também
PR os outros outros pros meus pais paraos meus colegas paraos meus professores as minhas péssimas notas então eu não estudo muito porque isso não importa pro vestibular de Psicologia Quando eu for psicóloga nada disso vai fazer diferença na minha vida então eu não estudo muito eu leio Freud e eu andava com a Interpretação dos Sonhos debaixo do braço como se fosse uma Bíblia mas o grande problema é que eu estudava Ou pelo menos eu tentava estudar tinha dificuldade me distraía muito mas mesmo tentando estudar mesmo me esforçando ali o que eu considerava bastante o resultado
não vinha os últimos anos da Escola foram um martírio para mim eu me isolei mais e todo mundo só falava de nota de vestibular e eu tinha certeza do meu fracasso iminente os meus pais não tinham grandes condições financeiras então eu estudava numa escola particular e tinha uma bolsa de estudos e se eu perdesse o ano eu perdi a bolsa no segundo ano eu fui pra recuperação de cinco matérias química física matemática biologia e geografia a derrota era certa eu sabia que terceiro ano ia ser na escola pública porque eu não tinha a menor condição
de estudar em um mês e aprender todos esses assuntos do ano todo e a derrota veio mesmo né O que me salvou foi o meu comportamento eu era apesar de tudo demonstrava interesse pros professores eu participava das aulas eu era educada com os professores eu era eh cordial com os professores então conselho de classe me aproximou e eu passei pro terceiro ano não Perdi a bolsa continuei nessa mesma escola o terceiro ano sem dúvidas foi o pior ano da minha vida muitas pessoas falam Nossa eu tenho tanta saudade da escola eu tenho tanta saudade do
meu terceiro ano eu não tenho nenhuma saudade nenhuma saudade por mim eu dormiria e acordaria na faculdade e esse ano não teria feito eh nenhuma diferença na minha vida aliás fez diferença negativamente ah foi um ano péssimo foi um ano em que eu me sentia muito mal notas muito ruins eh muito ansiosa com o vestibular isso piorava ainda mais a minha situação de notas e de a minha capacidade de me concentrar para estudar que já era péssima e mais quatro recuperações nas minhas costas no final do ano eu perdi em matemática química física e biologia
dessa vez salvei Geografia mas as quatro elas me acompanhavam ali com grande dificuldade eh neste ano no terceiro ano eu perdi em matemática na recuperação Eu não fui aprovada na recuperação na minha escola não sei se todas as escolas eram assim mas a recuperação não era nota era apta ou não apta né e em matemática eu levei não apta eu só consegui terminar o Ensino Médio porque na época minha mãe descobriu eu nem sei se realmente existia essa lei se não existia se minha mãe deu um jeito lá enfim minha mãe descobriu que se você
já tivesse passado em algum vestibular a escola não podia te reprovar a escola era obrigada a te dar o o o diploma de conclusão do ensino médio eu não sei se isso realmente existe se essa lei existe se existia na época e não existe mais enfim eu não sei eu sei que minha mãe falou isso lá e acabou que eles me me reviram lá a minha o meu conceito lá em matemática e me aprovaram eu tinha passado numa faculdade de psicologia pela minha nota do ENEM na época em 2001 o Enem não servia para muita
coisa era de fato um um um exame eh para avaliar estudantes de escola pública pouquíssimas faculdades aceitavam então basicamente com qualquer nota Você entrava porque e enfim ninguém usava muito o Enem e poucas faculdades aceitavam e minhas minha nota no ENEM não foi boa mas o que me salvou foi a minha redação como eu lia muito eu sempre escrevi muito bem eu sempre fui boa em redação minha nota em redação no Enem foi 98 então isso me ajudou de certa forma eu acabei entrando nessa faculdade particular Ah que era uma faculdade que enfim Meus pais
nem podiam Pagar Mas acabou me salvando ali para ter um diploma do ensino médio eu tinha tanta convicção de que eu não ia passar no vestibular que como eu sabia que eu queria psicologia e na época psicologia era o terceiro curso mais concorrido na federal né só perdia para medicina e direito eu me inscrevi em pedagogia porque eu sabia que psicologia não ia dar para mim então como eu não queria ficar um ano né sem fazer nada esperando cursinho etc eu falei eu começo pelo menos a cursar pedagogia na federal eu fui reprovada porque eu
zerei a prova de matemática e naquela época se você zer asse alguma prova você era automaticamente desclassificado do vestibular eles nem corrigiam as suas outras provas eu passei numa boa faculdade particular da minha cidade e eu consegui entrar num sistema de bolsa de estudos que eles tinham na época então eu consegui cursar a faculdade assim pois muito bem começou a faculdade e aí eu falei bom Agora eu preciso provar para mim mesmo e para todo mundo que aquilo que eu falava né que eu não era boa aluna porque eu queria ser psicóloga agora chegou a
minha vez de isso então fui ali né tentando estudar muito eram assuntos que eu gostava muito o primeiro semestre fui bem no segundo semestre eu tive uma disciplina de psicopatologia me encantei pela disciplina falei meu Deus que assunto maravilhoso quero estudar isso para sempre e aí então eu fui conversar com o professor ao final do semestre e falei para ele ele se chamava Gilberto eu falei Professor Gilberto tudo bem E como é que faz para eu ser monitora da sua matéria a minha faculdade tinha monitor né em várias matérias E aí eu questionei para ele
como é que fazia ele falou Olha eu não tenho monitor não mas assim se você quiser ser minha monitora fala lá na coordenação que você tem interesse por mim tudo bem no mesmo dia eu fui na coordenação e falei olha falei com o professor Gilberto Ele disse que pode abrir a monitoria na disciplina de psicopatologia e eu estou me candidatando a monitora como só tinha eu era eu mesma eu fui ser monitora dele e aí ao longo né do do semestre seguinte eu já era terceiro semestre da faculdade a gente foi desenvolvendo ali uma relação
mais próxima né Eu e e o professor Gilberto eh e ele era psiquiatra E aí eu comecei a fazer além da da da monitoria Comecei fazer outras coisas para ele ele pedia por exemplo para eu fazer um slide de uma aula que ele ia dar num congresso e aí um belo dia eu tava fazendo um desses trabalhos que ele me pedia para fazer para ele e aí ele chegou e falou assim olha Eh corrige aqui ó que você deixou passar aqui não sei o que lá eu falei ai desculpa vou corrigir pro professor e ele
falou ah isso é por causa do seu TDH né Aí eu falei por causa do quê aí ele falou você você é TDH né você tem TDH isso é muito muito claro muito Óbvio eu falei eu não não não tem eu não sei aí ele falou não vamos investigar isso aí eu acho que você tem e tal e aí ele me encaminhou para um uma outra professora da faculdade que era neuropsicóloga para fazer os testes enfim para fechar o diagnóstico pois muito bem veio essa confirmação do diagnóstico de déf de atenção e hiperatividade minha vida
mudou e eu comecei a tomar medicação depois mais pra frente na minha vida eu descobri a terapia cognitiva comportamental comecei a fazer terapia também e depois do diagnóstico eu comecei a entender muita coisa e tudo aquilo que durante a minha vida fez eu me sentir burra e incapaz eu descobri que boa parte daquilo era uma questão do TDH então eu costumo dizer que o diagnóstico me eu ainda luto né com o TDH não é uma coisa que tem cura não é uma coisa que vai sumir que vai passar não é fácil e eu até falei
agora recentemente nas redes sociais eu voltei a tomar medicação depois de um um tempo sem tomar e fiz terapia cognitiva comportamental muitos anos aprendi a lidar com isso mas nunca é fácil e nunca é simples então TDH não é modinha TDH não é uma desculpa que as pessoas inventam para não fazer as coisas e TDH é um transtorno do neurodesenvolvimento e entra nesse conceito mais recente que vem sendo discutido aí hoje sobre a neurodiversidade TDH não é uma invenção da Indústria Farmacêutica para vender remédio e penso eu que se eu tivesse tido esse diagnóstico na
infância talvez toda a minha vida tivesse sido dif né quanto sofrimento poderia ter sido evitado o quanto eu me sentiria menos estranha o quanto eu me sentiria menos incapaz e incompetente e o quanto né eu eu eu me sentia ali ao longo da minha vida como burra e o quanto isso poderia ter sido evitado o quanto apesar de ter tratado isso né com terapia durante bom tempo com medicação em momentos específicos da vida o qu Quanto isso ainda tem Impacto hoje na minha vida por toda essa história né de de e dificuldades que eu passei
né na escola e Enfim então você que tá me assistindo né você que tem TDH ou talvez você que é pai é mãe de uma criança de um adolescente que recebeu esse diagnóstico saiba é possível é possível estudar é possível terminar a escola é possível ingressar numa faculdade é possível se formar é possível constituir uma carreira ter uma família tudo isso é possível e em algum momento da vida eu entendi intuitivamente que as coisas Elas seriam mais difíceis para mim eu entendi isso eu aceitei isso e eu passei a me esforçar mais ao invés de
reclamar e de dizer para mim mesma que era mais difícil e de reclamar por para mim é tão difícil esse processo de aceitação junto Claro com o diagnóstico e com o tratamento foi essencial para mim virou uma chave na minha vida eu entendi que para muitas pessoas seria mais fácil mas para mim não seria então além de fazer o tratamento Eu precisaria também em alguns aspectos da minha vida me esforçar um pouco mais do que talvez outras pessoas sem o transtorno e é assim até hoje isso virou uma chave de fato para mim então saiba
que talvez vai ser sim mais difícil para você ou pro seu filho que vai exigir sim mais esforço mais dedicação talvez mais tempo para você ou para ele conquistar aquilo vai ser diferente vai ser um caminho diferente assim como foi para mim mas não vai ser impossível aceitar isso aceitar a neurodiversidade acolher essas dificuldades e principalmente buscar o tratamento ade são os passos para uma vida com mais qualidade eu entendi que eu não preciso abandonar o meu jeito ameli de ser eu posso continuar sendo Sonhadora distraída estabanada impulsiva faço as coisas sem pensar vou lá
respondo dou a resposta isso me prejudica ainda hoje na vida nas redes sociais enfim que eu também posso ser divertida eu posso ser um pouco ameli mas com o tratamento adequado fica bem mais fácil enfrentar esse jeito amel de ser o Fabuloso Destino de amel Polan é um filme desculpa sobre brincar com o destino e sobre mudar o curso de outras vidas o grande segredo da amel é mudar histórias ela brinca ali com as suas intervenções n ela brinca com o destino ela brinca no bom sentido com a vida das pessoas o mais lindo de
tudo isso é que mudando a vida de outras pessoas mudou a própria vida dela e o próprio destino dela eu escolhi cursar psicologia aleatoriamente porque eu também queria mudar a vida de outras pessoas e assim eu descobri que eu podia mudar a minha própria vida e que eu conseguiria mudar a minha própria história era isso desculpem o desabafo Desculpem a emoção desculpe compartilhar toda essa minha história com vocês eu espero de todo meu coração que isso possa ajudar alguém tá bom na próxima segunda-feira começa a nossa semana da psicopatologia nosso especial 5 anos eu também
tô muito emotiva por conta disso também tô muito animada também tô muito ansiosa a gente vai ter uma semana em inteira de aulas no maior evento gratuito de psicopatologia da internet e eu vou abordar um dos pilares mais importantes da formação de todo profissional da saúde mental que é a psicopatologia Tá bom então você não pode focar ficar de fora você não pode me deixar sozinha tá bom eu te espero na próxima segunda-feira o link para a inscrição na semana da psicopatologia tá aqui na descrição desse vídeo tá mais uma vez desculpem eu espero que
o meu relato possa ajudar você ou o seu filho ou você que é pai ou você que é mãe era isso meus amores Eu espero todos vocês na segunda-feira na semana da psicopatologia com muito conteúdo um beijo enorme para vocês até segunda-feira
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