Unknown

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Video Transcript:
Olá! Você sabia que as meninas e as mulheres autistas tendem a ter mais dificuldades emocionais do que os garotos? Pois é, os estudos mais atuais, que têm uma amostra mais representativa de autistas do sexo feminino, mostram que, quando se trata de socialização, a menina costuma apresentar mais motivação do que os meninos para estar entre as pessoas.
Além disso, elas têm o costume de observar mais um ambiente, a observar os gestos das pessoas e, claro, imitar esses comportamentos que elas veem e que admiram durante as suas interações, né? Em filmes, em canais que elas gostam. E nós sabemos que a imitação, a compensação e a assimilação fazem parte da camuflagem e, sem dúvida, são estratégias inteligentíssimas para excitar as habilidades sociais e para estar entre as pessoas.
Só que a camuflagem vem com um preço alto, e um desses custos é o atraso no diagnóstico e, claro, muita angústia sem motivo aparente, né? Os estudos longitudinais, esses que acompanham um grupo ao longo dos anos, vêm mostrando que, apesar da menina autista ter uma infância mais tranquila e às vezes até nem receber o diagnóstico, o sofrimento emocional da adolescência costuma ser mais forte do que no menino autista. E é claro que aqui nós não estamos querendo dizer que os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus, mas parece que, por questões hormonais e pelo aumento das demandas sociais no ensino médio, e principalmente para as meninas, elas tendem a ter realmente um nível maior de ansiedade quando chega para o patamar.
Mas as meninas não têm só problemas; elas também tendem a ter um mundo imaginário muito fértil e muito florido. Então, hoje nós vamos falar sobre como as emoções da mulher autista podem aparecer ao longo da vida. E aí, se você é uma mulher autista, você vai poder nos dizer se é assim mesmo.
E, caso você seja um profissional da área de educação ou de saúde, você vai ficar mais consciente sobre as cores das emoções dos seus clientes. E, antes da nossa listinha com os 10 traços emocionais das autistas, como sempre, eu gosto de compartilhar com vocês as minhas referências bibliográficas, que podem ser úteis também para as pesquisas de vocês. Os vídeos e livros da IURD Monique foram uma das primeiras autistas a escrever sobre autismo feminino, nos seus artigos da doutora Lorna Ruck, e os artigos da doutora Christine vog que participa do game.
Esse estudo longitudinal sobre o qual falei, banho dito isso, vamos lá! O primeiro traço emocional da mulher autista é incomodar-se demais com injustiças, com brigas e conflitos em geral. Quem tem experiência clínica com adolescentes sabe como elas ficam esgotadas, exaustas, com fofocas, atritos entre colegas de classe; às vezes, ela nem está envolvida no problema, né?
Mas é comum ela sofrer muito quando o ambiente está em desarmonia. Com os pais também, pode haver algum tipo de conflito. O segundo traço emocional é esse rico mundo imaginário.
Os estudos mostram que as meninas costumam ter brincadeiras mais sociais, mais brincadeiras de imitação e esse gosto por faz de conta. Às vezes, até um refúgio para ela, quando tem esse tipo de conflito externo, ela vai ficar mais reclusa nesse mundo imaginário para evitar lidar com estas dificuldades do mundo exterior. Mas esse território da fantasia também pode ser uma fonte de distração, porque, por ser esse espaço de segurança, né?
Em que ela quer tudo, talvez ela não queira sair dele. E aí, as consequências são, principalmente, se esquecer de comer, perder o sono e não realizar de verdade os sonhos que ela tem, não compartilhar esse mundo imaginário. O que pode trazer bastante frustração.
A personagem Lily é um excelente exemplo, né? De quem mantém esse mega hiperfoco no mundo da fantasia. E, no filme, a gente vê como ela fica super animada, empolgada, envolvida e feliz quando está pensando nos alienígenas dela.
Agora, as outras pessoas aqui têm um comportamento, né? E julgam a Lily como uma jovem utilizada, e essa é outra fonte, né? Potencial de sofrimento, esse julgamento das pessoas.
O terceiro traço emocional das meninas e das mulheres autistas é sentir a dor no corpo. As respostas físicas às emoções podem ser muito fortes. Então, se ela está feliz, nós vamos ver dancinhas, coros, palmas, assobios.
E, se ela está triste, né? Por outro lado, às vezes, fica caladinha, quieta. Mas, se ela estiver com raiva, você já pode até imaginar, né?
A raiva pode vir como uma explosão física mesmo, o famoso "maior tal". Nós temos um vídeo aqui no canal só sobre esse assunto; eu vou deixar dois cards aqui para vocês, depois vocês podem assistir com calma. Mas a questão é que as emoções da mulher autista podem vir como dores, dores musculares, dor de barriga, diarreia, tontura, enxaqueca, que podem ser reações físicas, tanto à empolgação, por exemplo, antes de palestras, quanto ao estresse, por exemplo, depois de um conflito.
Agora, quarta característica: o neuroticismo. O neuroticismo é uma das facetas do Big Five, né? O teste de personalidade mais utilizado hoje em dia.
E esse teste nos traz cinco facetas da personalidade que são: a abertura à experiência, a realização, a extroversão, a amabilidade e o neuroticismo. E o que os pesquisadores descobriram? Bom, em 2006, saiu um estudo indicando que, quanto mais traços autísticos uma pessoa apresenta, menos inteligência emocional tende a ter.
Nós temos também um trabalho publicado agora em 2020 pela doutora. . .
é. . .
Ruim e a equipe dela, né? Que admiro tanto. E esse trabalho avalia a correlação entre a camuflagem e essas cinco dimensões do Big Five.
O resultado foi o seguinte: quanto mais a pessoa camufla os seus traços autísticos, menos inteligência emocional ela tende a ter. . .
Ter, ou seja, tantos traços autísticos quanto a camuflagem são para baixo. A inteligência emocional e agora quem camufla mais. Bons estudos mostram que as mulheres usam mais essa estratégia de defesa e mostram também que são as mulheres as mais afetadas pelo sofrimento psíquico.
O quinto traço promocional da mulher autista é a baixa percepção sobre a sua identidade. Então, uma das grandes queixas dos autistas é a seguinte: "Eu não sei quem eu sou. " Ela sabe que inventou múltiplos personagens para frequentar a escola, no trabalho, na reunião de pais e na festa da família.
Quem ela é de verdade, ela não tem a mínima ideia, mas eu costumo dizer que somos um pouquinho de todas as suas personagens. Não precisa se sentir mal, né? Por ter criado esses papéis, essas máscaras.
Principalmente esses recursos foram funcionais, ou são funcionais, e só se sente culpada. Talvez ela já ganhe energia, e aí, quando a atenção baixar, você, como terapeuta ou educador, vai poder trabalhar com ela essa investigação sobre quais são os maiores interesses, os interesses reais da autista, o que ela não gosta de fazer, os sonhos da moça, as músicas que ela mais gosta, os lugares onde ela mais se sente bem e as pessoas com as quais ela mais gosta de conversar. Por exemplo, eu gosto de montar um mural com os meus clientes, e assim eles têm um apoio visual para que se lembrem de quem são e, principalmente, para onde estão indo.
Porque, como diz o gato do T-shirt da Alice no País das Maravilhas, para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve. E a gente quer muito que as autistas saibam para onde estão indo. A sexta característica emocional das autistas é a alexitimia, que é uma dificuldade para expressar os próprios sentimentos.
Em geral, a pessoa sente tudo que o neurotípico sente. Nós percebemos que ele tem muitos problemas, né? Com o hiperfoco deles, percebemos isso quando não estamos falando sobre o que é interessante para ela, por exemplo.
Mas alguns autistas dizem que no dicionário deles de emoções só existem duas palavras: indiferença ou raiva. Eu tenho um aluno que fala que, quando vai ao cinema, por exemplo, ele simplesmente não sente nada. Mas quer dizer, ele sente.
A gente sabe que ele sente, só que ele não sabe falar sobre o que sente. Ele sabe avaliar o roteiro, fala da música, do figurino, sabe se os atores representaram bem, mas ele não consegue dizer o que sente ao final do filme. E a diferença é que ele não sofre nada.
Eu e as meninas com quem estou vou ficar muito confusas e muito angustiadas quando não sabem falar dos próprios sentimentos. E um detalhe importante é que, além dos problemas de socialização, namoro e amizades, a alexitimia pode gerar muitos prejuízos acadêmicos, porque a pessoa não consegue interpretar os textos direito e não consegue descrever as emoções dos personagens em uma redação, por exemplo. E aí, se você quiser ampliar o vocabulário do seu aluno ou da sua cliente, nós temos também um quadro das emoções aqui.
Você pode baixar; vou deixar na descrição para você ter. A sétima característica é a facilidade para se comunicar pela arte. Então, pela música, pelos desenhos, pela fotografia, a menina pode não ser até muito hábil para manifestar os seus sentimentos em forma de palavras, mas talvez, ou seja, ser ótima para se expressar de forma artística.
Talvez ela seja uma excelente musicista, desenhista ou fotógrafa. Eu vejo aqui as obras; já assisti à ciência. Eu amo, então parece que, para pais, educadores e terapeutas, é importantíssimo saber oferecer esse tipo de recurso menos protocolar às crianças e aos adultos também, né?
Porque não? A arte pode ter um efeito terapêutico fantástico fora desse espaço mais fechado, né? Da terapia.
A oitava característica emocional é a facilidade de se conectar com animais. Temple Grandin é o nosso maior exemplo, né, de conexão de uma pessoa autista com esse mundo animal. Os autistas tendem a se sentir muito confortáveis com os bichos, e os animais também costumam confiar muito nas pessoas autistas porque percebem a transparência dos números divergentes e se sentem seguros também.
E no caso da mulher autista, como ela tem que ficar exausta tentando camuflar os seus traços autísticos durante as interações com os seres humanos, quando ela tem essa oportunidade, esse momento para ficar tranquila, ser compreendida e aceita, sem precisar falar nada, sem precisar usar disfarces, isso traz muito conforto. E é por isso que nós vamos ver algumas autistas escolherem viver na companhia de répteis do deserto ou nas florestas, né, com chimpanzés e gorilas. A Daiana Falsetti, por exemplo, tem uma história linda.
Ela fez pesquisas em uma montanha em Ruanda; se mudou da Califórnia para a África e viveu praticamente só com os gorilas por anos fazendo essas pesquisas dela. Então, olha só que interessante. O nono traço emocional é um forte senso de justiça.
Já que a audiência se incomoda com os conflitos e a discriminação, como vimos no item 1, uma boa saída pode ser tornar esse incômodo em uma profissão. Mais uma vez, essa estratégia compensatória pode ser muito positiva. Nós temos grandes talentosas, advogadas, juízas, tem a Grata, que milita a favor das causas ambientais na Austrália, tem a Gigi que defende os direitos das mulheres aqui dentro da comunidade autista, e mesmo no Brasil temos a Giovana Glavich e a Carol, além de várias educadoras e psicólogas maravilhosas, né, que apoiam os seus alunos, os seus clientes.
Ou seja, a sensibilidade emocional pode nos levar a excelentes caminhos. E, por fim, a décima característica emocional das mulheres. .
. Neurodivergentes é um humor atípico. Para quem acha que as autistas não têm humor, saiba que aqui é um grande espaço, e principalmente as meninas podem ter um humor mais ácido, inteligente e diferente.
A princípio, é comum que elas camuflem seus traços autísticos, né? Mas de vez em quando, uma literalidade escapa; ela não entende uma ironia, e as pessoas riem pensando que a piada foi intencional, mas não foi, né? Algumas meninas dizem que essa experiência as deixou envergonhadas, porque elas querem ser levadas a sério.
Mas outras garotas, por outro lado, não aproveitam essa oportunidade, e pode ser que o humor se torne uma estratégia de defesa. E olha só que interessante: segundo Freud, existem mais de 20 mecanismos de defesa do eu. O mecanismo de defesa do ego, quase todos eles são meio precários, mas alguns são mais elevados, como o amor, que tira o foco do próprio umbigo e cuida de alguém; a sublimação, que é transformar a própria angústia em algo que possa promover a vida, como a música ou escrever um livro, por exemplo, e por fim, o terceiro mecanismo mais nobre.
Esse mecanismo de defesa, de acordo com Freud, é o humor, que é a capacidade de não levar os próprios erros tão a sério, né? E se tratar como uma criança, que simplesmente está no seu processo natural de aprendizagem. Ou seja, se você sabe que você mesma e sabe fazer com que as outras pessoas se sintam mais leves, também pode considerar isso um superpoder super nobre.
Parabéns! Você pode usar e contar esse mecanismo de defesa. Então, esses foram os dez traços emocionais das meninas autistas.
Por favor, comente aqui embaixo qual é a sua característica emocional mais marcante. Curta o vídeo se você se identificou com muitos desses traços e, por favor, compartilhe com seus colegas de profissão e com muitas mulheres negras divergentes que precisamos conhecer melhor. Um grande abraço e até breve!
Tchau tchau!
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