A falha na Matrix, o vazio do domingo à noite. Sabe aquele papo do Morfeus no Matrix? Você toma a pelola azul, acorda na sua cama e acredita no que quiser.
Toma a vermelha, fica no país das maravilhas e eu te mostro até onde vai a toca do coelho. Pois é. O problema aqui é que no domingo à noite essa pelua vermelha vem sem aviso, sem bula, sem opção de recusa e ela desce rasgando.
A semana inteira você tá lá fingindo que tá tudo sob controle, que sua vida tem sentido, que o boleto não te afeta, que seu chefe não é um psicopata e que aquele TCC não tá atrasado. Mas aí chega o domingo, maldito, sagrado e inevitável domingo. E ele vem com aquele combo clássico, silêncio vazio e aquele cheiro de ansiedade no ar.
É o bug da Matrix, a falha no sistema. É como se por algumas horas você enxergasse além da simulação, além do teatro do Tudo Bem, de repente o TikTok não distrai, o R não anima, o FIFA não preenche, nem o loop infinito de vídeos aleatórios no YouTube salva. E aí, bom, aquele velho conhecido aparece, o vazio existencial.
Mas o que que eu tô fazendo com a minha vida? Por que que eu sou assim? Por que que todo mundo parece saber para onde vai menos eu?
E se eu tiver só desperdiçando tempo e energia existindo no automático? Parabéns, você desbloqueou o modo filósofo depressivo das 8 às 11 de domingo. Gratuo.
Cortesia da casa. E não vem me dizer que isso é coisa de gente perdida. Não, isso é coisa de ser humano minimamente consciente.
É como se a vida durante a semana fosse um jogo no fácil, trabalho, estudo, redes sociais, rolê, tudo no modo automático. Mas no domingo à noite, alguém muda a configuração pro modo Dark Souls da existência e você sente sente aquele vazio pesado, uma mistura de nostalgia, medo, frustração e um gosto meio amargo de ir. E agora dá para ouvir até a musiquinha de fim de festa na sua cabeça.
A real, meu amigo, é que o vazio do domingo não é defeito, é recurso. É o sistema tentando te lembrar que você não é só um CPF ambulante, uma máquina de pagar boleto e repostar meme. É a vida gritando: "Ei, acorda!
Isso aqui é tudo uma simulação e você tá fingindo que não percebe". Só que como bons membros dessa sociedade dopada de dopamina, a gente faz o quê? Corre pro celular, enfia qualquer coisa na cara, série, música, vídeo, qualquer barulho que tape o silêncio incômodo que denuncia que talvez você não faça a menor ideia do que tá fazendo aqui.
O mais irônico, amanhã é segunda e aí a Matrix reinicia, tudo volta normal e você finge mais uma vez que nunca viu a toca do Quill fugindo de si mesmo, a corrida contra o próprio espelho. Sabe aquele papo de eu me conheço super bem, adoro minha própria companhia, sou uma pessoa super resolvida? Desculpa, mas na boa, isso é papo furado.
Todo mundo, eu repito, todo mundo tá fugindo de si mesmo. A diferença é só o disfarce que cada um escolhe. Tem gente que foge no trabalho, enfia a cara em 12 horas de planilha, reunião, tarefa inútil, chefe gritando e acha que isso é produtividade.
Não é. É morfina emocional. É distração embalada em olerite.
Outros fogem no celular. Screw infinito, res, dancinhas, vídeo de gato, meme, podcast, react de react de outro react e você ali com a cara enfiada na tela, fugindo do maior terror do século XX, o silêncio. Porque no silêncio não tem feed, não tem filtro, não tem distração, só sobra você com você.
E spoiler, você não gosta muito dessa companhia, né? Aí vem aquele papo, mas eu gosto de ficar sozinho. Beleza?
Só que uma coisa é estar sozinho, outra completamente diferente é estar disposto a ficar sozinho consigo mesmo, sem ruído, sem distração, só você, seu cérebro e aquele arquivo corrompido chamado pensamentos não resolvidos. Ficar sozinho de verdade é tipo abrir uma gaveta que você finge que não existe. Aquela onde você empurrou perguntas como: "Por que que eu sou assim?
Porque eu me sinto um fracasso às vezes? Porque me comparo tanto com todo mundo? Porque eu fico fingindo ser alguém que nem sei se sou.
E claro, a campeã de todas, o que caralhos eu tô fazendo com a minha vida? Mas calma, não é só você. A humanidade inteira tá fugindo.
Ninguém mais consegue ficar 5 minutos olhando pro nada. Se acabou a internet, parece que alguém arrancou a alma da pessoa. Gente que prefere enfrentar um apocalipse zumbi do que 5 minutos dentro da própria cabeça.
Você sabe por, né? Porque encarar si mesmo dá medo, da ansiedade, é desconfortável para Porque é nesse momento que você percebe que metade do seus desejos nem são seus. Foram enfiados aí com ela abaixo pela família, pela escola, pela sociedade, pelo Instagram, pela cultura do seja produtivo 24 horas por dias e do se não for rico aos 30, você fracassou.
E aí, para não surtar, você corre, corre para qualquer canto que tenha barulho, movimento, distração. Porque olhar no espelho interno e assumir que você não tem a menor ideia de quem é dá um pavor maior que filme de terror. Mas a real é que enquanto você fugir de você vai continuar rodando em círculos, trocando de emprego, de relacionamento, de cidade, de hobby, de projeto, achando que o problema tá fora, quando na verdade tá no único lugar que você evita olhar para dentro.
Então, meu caro, ou você aprende a sentar no meio do caos da própria mente e fazer as pazes com seus próprios demônios, ou eles vão continuar te caçando todo domingo, toda segunda e para sempre. O mito do propósito, você não é especial e tá tudo bem. Vamos começar esse tópico quebrando o cristal sensível do desenvolvimento pessoal moderno.
Eu quero falar dessa obsessão doente do encontrar seu propósito. É uma cilada. Sim, eu falei.
E se doeu é porque era para doer mesmo, sabe? Essa galera vendendo propósito no Instagram, no TikTok, no podcastzinho com microfone RGB, descubra seu propósito em cinco passos. Seja sua melhor versão.
Acorde às 5 da manhã, tome um banho gelado, leia três livros por semana e tcharã, você virou o Elon Musk da sua quebrada. Papo furado, velho. Venda de ilusão por no motivacional pra mente.
O mundo te enfiou na cabeça que se você não tem um propósito, sua vida é inútil. E que propósito é esse? ser extraordinário, fazer algo que mude o mundo, abrir uma startup influenciador, salvar golfinhos na Antártida, descobrir a cura do câncer tudo antes dos 30.
E aí, claro, você olha pra sua vida real, onde você tá, sei lá, respondendo um e-mail idiota, estudando um curso que você nem sabe se gosta, trampando num emprego que paga mal e se sente um lixo, porque, né, você não tem um propósito, você não tá vivendo a sua missão, você não é especial. Mas deixa eu te contar um segredinho sujo que talvez ninguém te fale. A maioria das pessoas não tem um grande propósito.
Nunca teve e nunca vai ter. E tá tudo bem. A real é que esse papo de propósito virou só mais uma prisão psicológica, só mais uma meta inalcançável que te deixa ansioso, frustrado e exausto.
Uma corrida contra o inimigo que nem existe. E sabe qual que é o plot twist mais cruel? Nem quem fala disso o tempo todo tem essa desse propósito resolvido.
Eles só vendem isso. Quer ouvir uma verdade desconfortável? Seu propósito não é uma estrela mágica que você encontra no meio da floresta enquanto cavalga em um unicórnio existencial.
propósito não se acha, se constrói por tijolo, dia após dia, na vida real, na bagunça, no caos, na dúvida, na tentativa. E spoiler, às vezes esse propósito nem tem esse glamor todo. Às vezes é tão simples quanto pagar os boletos sem surtar, cuidar da sua saúde mental, ser uma pessoa decente, ajudar quem tá perto, criar um filho, fazer um trabalho honesto, se divertir um pouco e tentar não ser um completo babaca no processo.
Sabe o que que é ser especial? É assumir que você não é e que exatamente por isso pode parar de se comparar, de se cobrar, de se martirizar por não ter uma missão divina impressa no RG. Se você acordou hoje, respirou, fez um café e decidiu, mesmo na dúvida, no cansaço, na angústia, continuar, parabéns, você já tá fazendo mais do que metade da humanidade que segue no piloto automático fingindo ter respostas.
Então relaxa, você não é especial e isso é libertador para caramba. O grande teatro capitalista. Trabalhar, comprar e morrer.
Bem-vindo, senhor ou senhora, ao teatro da vida moderna. Aqui você nasce, é alfabetizado, aprende a somar, subtrair e no pacote já ganha uma carteirinha VIP para entrar na roda viva do capitalismo. Sem direito a reembolso.
O script é simples. Estuda, trabalha, compra coisa que não precisa, trabalha mais para pagar as coisas que comprou, finge que tá feliz no Instagram e morre. O clube da luta já gritou isso na sua cara.
Os anúncios nos fazem comprar carros e roupas, empregos que odiamos para comprarmos porcarias que não precisamos. Somos os filhos do meio da história, gente. Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar merdas que não precisamos.
E sabe o que é mais louco? A gente ouviu, achou estiloso e seguiu fazendo exatamente isso. A Matrix venceu.
A real é que você não trabalha para viver, você vive para trabalhar. O sistema tá muito bem desenhado para isso. Desde que você é criança, enfiaram na sua cabeça que o objetivo da sua vida é se tornar uma pecinha bem comportada da engrenagem.
Escolhe uma profissão, faz faculdade, arruma um trampo, compra uma casa, parcela um carro em 48 vezes, faz um churrasco no domingo e torce para não ser demitido na segunda. E se der errado, ah, aí a culpa é sua, né? Você que não se esforçou, você que não fez aquele cursinho de mindset milionário, você que não acordou às 5 da manhã para tomar seu banho gelado, correr 10 kms e postar no LinkedIn que venceu mais um dia.
Sabe qual é a grande piada? Enquanto você tá se matando por R$ 2. 000, R 3.
000, R$ 5. 000 por mês, tem gente literalmente ganhando dinheiro com o dinheiro dos outros. Gente que nunca precisou fazer uma planilha, nunca atendeu um cliente, nunca ficou 3 horas no transporte público.
E sabe quem sustenta esse sistema? Isso mesmo, o bom e velho você. E não, não é papo de comunista revoltado, é só a constatação da realidade, porque se você parar para pensar, a semana inteira é desenhada para você não ter tempo de refletir sobre isso.
Segunda, terça, quarta, quinta e sexta, você tá no modo zumbi. No sábado, você tenta fingir que é feliz. Vai no shopping, toma um café de R$ 18, compra uma blusinha parcelada e posta um história com aquele filtro bonito.
Mas aí chega o domingo e a Matrix dá aquele bug, aquele vazio, aquele gosto amargo de cara, é só isso. Sabe o que que é mais cruel? É, é só isso.
Se você não fizer nada para quebrar esse ciclo, se você não começar a questionar, se você não olhar para essa engrenagem e perceber que a merda da roda não gira sozinha, ela gira em cima de você. Aí vem aquele dilema. Ou você aceita, baixa a cabeça, engole esse sistema, faz sua parte, paga seus boletos e morre tentando, ou começa aos poucos a sabotar esse jogo.
A prisão da máscula virilidade e outras pressões sociais. Se você nasceu homem, parabéns. Já viu incluso no seu kit de boas-vindas uma cartilha invisível com os seguintes mandamentos: não chore, não sinta, seja forte, trabalhe até morrer.
Tô exagerando um pouco. Aguente tudo calado e de preferência tem um abdômen trincado, uma conta bancária cheia e um carro que custa mais que a casa dos seus pais. E o mais curioso, ninguém te entregou essa cartilha oficialmente, mas ela foi impressa na sua cabeça.
Desde que você abriu os olhos nesse hospício chamado sociedade, a gente finge que evoluiu, que agora é tudo sobre saúde mental, autoconhecimento, terapia, coisa de homem. Sim, fala sério. Na prática o que ainda rola é aquele olhar torto pro cara que ousa falar: "Mano, eu não tô bem".
A real é que a masculinidade moderna é uma prisão decorada com LED, com frases motivacionais no espelho e com um podcast de produtividade tocando no fundo. Mas continua sendo prisão e das brabas. Por quê?
Porque esperam que você seja um robô, um provedor, um tanque de guerra emocional. E se você falha, se você não aguenta, se você surta ou se você fraqueja, o sistema te descarta rapidinho, como se você fosse um celular velho que não atualiza mais. E por favor, não venha me dizer que isso é drama.
É só olhar em volta a quantidade absurda de homens ansiosos, depressivos, estourando em burnout, afogados em vícios ou simplesmente desistindo, desistindo de tentar se encaixar nesse molde ridículo de macho imbatível, invulnerável, inquebrável, porque não dá, porque nunca deu, porque nunca foi humano para começo de conversa. E não é sobre ser homem, não. A pressão é democrática, viu?
tá no colo de todo mundo. Tem a mulher que ouve que precisa ser perfeita, magra, linda, bem-sucedida, mãe, esposa, CEO e de preferência fazer yoga às 6 da manhã sorrindo. E tem um cara que cresce ouvindo que homem de verdade não chora, engole o choro, seja homem, se vira, parceiro.
Resultado, uma geração inteira de gente emocionalmente aleijada, fingindo que tá bem, apostando selfie sorrindo enquanto desmorona por dentro. Mas adivinha? Ninguém segura essa máscara para sempre.
O vazio do domingo à noite é só o trailer. O filme completo vem depois, quando a conta chega e ela sempre chega. A real, o homem forte do século XX não é o que aguenta tudo calado, é o que tem peito para falar que não tá bem.
é o que encara os próprios monstros, faz terapia, chora, se reconstrói e tem a coragem de não ser esse bonecoolo de ser emocional que o mundo espera. Então sim, parceiro, pode chorar, pode surtar, pode sentir e se alguém te olhar torto, que se dane. O problema não é seu, é do sistema quebrado que ainda acha que sentir é sinal de fraqueza.
Nostalgia, ansiedade e acelada mental do domingo. Sabe aquela sensação agre doce que te bate no peito no domingo à noite? Aquele combo maldito de saudade, ansiedade, nó na garganta e uma vontade absurda de, sei lá, sumir, largar tudo, voltar no tempo ou simplesmente explodir o calendário.
Pois é, isso tem nome e não, não é frescura, é a cilada mental do domingo. O cérebro adora te sabotar. No domingo ele ativa dois modos demoníacos, modo nostalgia depressiva e modo ansiedade demoníaca.
E você fica ali no meio levando porrada dos dois lados. De um lado, a nostalgia te sussurra. Lembra quando a vida era simples?
Quando seu maior problema era perder o save do Minecraft? Quando sua preocupação era se ia chover no dia da sua educação física, quando seu maior dilema era escolher entre um gulão ou R$ 2 bala. E aí vem aquele filminho mental, as tardes jogando videogame, as férias sem preocupação, os rolê na rua, as amizades que o tempo levou, aquele amorzinho da adolescência que parecia que ia ser para sempre e não foi.
O mundo parecia ter cor, cheiro, sabor e agora agora aparece tudo meio cinza, meio automático, meio sem graça, tipo uma pizza fria de microondas. Tá ali, alimenta, mas não satisfaz. Do outro lado, a ansiedade te mete o dedo na cara e grita: "Olha pra tua vida!
Tu não sabe nem que faculdade fazer. Não sabe se tá no emprego certo, não sabe se quer casar, se quer ter filho, se vai pagar o aluguel, se vai conseguir realizar alguma coisa antes dos 30. Tu tá ferrado.
E assim você fica preso num looping mental do querendo voltar pro passado que não volta e ao mesmo tempo apavorado com o futuro que parece uma entidade cósmica te esperando na esquina para te dar uma rasteira. O resultado você não vive nem no passado, nem no futuro. E muito menos o presente.
Fica ali paralisado, sentado na cama, encarando o teto como se ele fosse te responder qual o sentido da vida. E não vai. Sabe qual que é a verdade que ninguém te conta?
Esse vazio nunca vai sumir completamente. Isso mesmo, aceita. É parte do pacote da vida consciente.
Crescer é justamente perceber que o mundo não é aquele parque de diversões que te venderam quando você era criança. É mais um bingo cósmico onde você fica girando bolinha atrás de sentido e na maioria das vezes só sai bolinha vazia. Mas calma, isso não significa que você tá condenado, porque no meio desse caos mental existe uma saída.
Entender que a vida não vai te entregar sentido pronto. Você que fabrica, igual quem monta Lego sem manual. Erra, desmonta, tenta de novo.
E se no domingo bate saudade, beleza, abraça, chora se quiser. Se no domingo vem ansiedade, tudo bem também. Ela só tá te lembrando que tem coisa para ser resolvida.
Não no universo, mas dentro da sua própria cabeça. O truque é simples, mas não é fácil. Para de querer que a vida seja uma linha reta, um plano perfeito ou um roteiro de filme da Disney.
A vida é um caos, é tentativa e erro. E isso aqui nunca vai fazer sentido pleno. E tudo bem, quer saber?
Talvez o segredo seja só aprender a dançar no meio desse vazio, dar risada no próprio desespero e continuar jogando esse jogo bugado chamado vida, mesmo sabendo que o chefão final é a morte. Bem-vindo ao clube. A pílula vermelha foi engolida e agora não tem mais volta.