descrever o que é uma cultura não é uma tarefa simples ainda mais uma cultura tão diversificada com a brasileira muita gente se acostumou a traduzir a cultura brasileira como mistura de práticas indígenas africanas e européias mas isso não explica tudo estamos ao lado de duas obras representativas da melhor pintura brasileira da virada do século 19 para as primeiras décadas do 20 o artista plástico almeida júnior pintou o caipira picando fumo no finzinho do século 19 abaporu de tarsila do amaral foi pintado no começo do século 20 essas duas imagens completam o mesmo lembrete a dificuldade
de retratar algo que caiba no rótulo brasileiro o homem passivo de fortes raízes e o canibal ativo nômade que ameaça nos devorar são duas faces de uma moeda de troca muito importante para a nossa cultura a diversidade brasileira ea forma contraditória com que a gente lida com ela essa é a grande riqueza do brasil né a extraordinária riqueza da diversidade cultural da sociedade deseja zé e isso é uma das coisas fantásticas que por isso que o brasil é um dos paraísos dos antropólogos junto com a milanese é por que há tanta diversidade tanto linguística quanto
cultural o brasileiro se vê como o povo multirracial e multicultural um pouco efetivo alegre caloroso e comunicativo mas ao mesmo tempo ele é exposto a desigualdade ea violência dos mais fortes a intolerância ea falta de oportunidades o brasileiro nem sempre se reconhece no espelho compartilhado por outro brasileiro ou estrangeiro não se entende não somos europeus não somos indígenas nem africanos depois de ferros já temos orgulho da mistura mas somos iguais a maneira como a gente se constituiu na em termos identitários quer dizer que a gente é é uma é uma noção que vem desde o
aberto freire essa coisa que a gente é a junção das três raças alienada do do branco negro ou índio ea gente conservou do negro essa capacidade de drible de malícia de inventividade é é quer dizer com do branco a gente conserva outras características do índio outro e dá esse caldo todo que é o brasil ao longo da história o brasileiro se viu obrigado a adotar muitas estratégias de autopreservação sobrevivência por viver numa sociedade partida que ele estimula a conquista por mérito e da vantagem a quem já nasceu com vantagem minha suspeita que é que a
resposta brasileira isso foi cultuar um sincero interesse por manter contato com aquilo que lhe é estranho uma vontade de digerir outros outras experiências que se cristalizou na cultura a cultura brasileira pode ter aperfeiçoado a própria sensibilidade para mistura para o jogo de práticas areias e próprias mas mais do que a mistura mais do que a miscigenação a nossa diferença talvez esteja na constante reinterpretação de tudo na capacidade de absorver pensamentos contrários que logo são transformados em outras verdades o brasileiro gosta de traduzir e adaptar às realidades de fora mas também ele cria modelos sobre si
mesmo e esse modelos eles exporta nós atribuímos a nós mesmos valores culturais que tanto se festeja quando se condena depender de quem olha uma hora a gente comemora nossa singularidade o fato de que somos um povo cordial criativo sensual musical com grande capacidade de adaptação calor humano que trabalha muito duro e olha para além da cor da pele da etnia as mesmas características servem também para esculhambar cultura brasileira e aí ouvimos que o defeito brasileiro é ser mestiço preguiçoso passivo que gosta de fazer uso privado da coisa pública e além de olhar a cor da
pele para muito além da cor da pele mas aquém da condição social é um enigma para o planeta como o brasil lida tanto tempo com adversidades entrar em guerra mas ora gente adere à tolerância hora desconfiança das diferenças de pensamento a mesma pessoa que trata desconhecidos como se fossem da família pode muito bem acentuar os limites que separam das outras pessoas que brasileiros ons a gente não pode esquecer que a família no brasil ela se forma é em contato íntimo com a escravidão que por sua vez é o modo é bárbaro e violentíssimo de produção
né e então é digamos assim que o trauma da família brasileira é a própria escravidão que estava ali no seu seio né escolhida nas relações às vezes mais íntimas entre senhores de escravos e aquela noção de indivíduo português autônomo que se constrói a prova após a revolução francesa é o homem como o dono de si como dono de sua força de trabalho que é um tema muito presente no próprio marcos né essa noção da individualidade é ela não se forma é da mesma forma no brasil né é principalmente se você for analisar a a a
própria obra de machado de assis é um exemplo disso né aí as relações familiares então o tempo todo determinando é o rumo dos personagens sem ser propriamente hipócrita o brasileiro se faz avesso a condutas rígidas mundo estava demais e é preciso contar com o primeiro que aparecer muitos brasileiros insistentemente se aproximam daquilo é que ele é distante tem a compulsão de abrandar os efeitos que as distâncias sociais provocam busca um sinal de intimidade que compensa a sensação de peso diante de abismos os considerados intransponíveis também no campo simbólico ao mesmo tempo não é difícil ver
esses brasileiros tendo apego às aparências e se envolvendo com cautela naquilo que os comprometa demais reagem às mesmas situações de acordo com o papel do momento ora como se fosse quem denuncia hora que se fosse denunciado ao juiz no caso somos aquele que burla no ato de obedecer que cede no atacado e radicaliza no varejo a cultura brasileira parece ter desenvolvido um modelo de consciência baseado na vontade de se relacionar na confiança da palavra oral no apreço às lembranças no espírito de festa de comunidade na crença de que o reino divino paira sobre nossas cabeças
e na noção de recusa de que o futuro nos reserva dias melhores mas quem sabe a principalmente nossa cultura se funda nas respostas que dependem de flexibilidade conduta de jogo de cintura o molejo de levar o mundo sem receio de improvisar alternativa que os conceitos de dados de antemão sempre digno de desconfiança pois construídos por esferas de saber que não são as nossas temos a compulsão ou pra ver a diversão ao deboche à malandragem ea revanche social só uma sociedade extremamente autoritária e preocupada com posições sociais faz todo ano uma festa onde essas coisas são
desmanchados temporariamente esse é o ponto onde há uma uma vivência de igualdade igualdade porque porque o carnaval ele eles estrutura por meio de concursos numa sociedade que odeia concurso que todos os concursos têm cartas marcadas que até hoje não sabe fazer concurso a nossa dificuldade do que isso é difícil entrar com igualdade você chega no carnaval a rua que é um lugar perigoso passa a ser um lugar continua sendo perigoso no entanto ser tem lugares no rio de janeiro e são paulo qualquer grande cidade brasileira perigosa disse que as pessoas não me engano na rua
e este século há um século decisivo ea geração mais jovem vai ter que resolver isso não só que ante o século 20 a nossa é total incapacidade de construir espaços públicos igualitários a nossa alergia mas a energia é visceral a qualquer situação igualitária onde o outro aparece ou como inferior ou como superior não aparece jamais como igual o intrigante da cultura brasileira é que muitas a gente nem se reconhece nenhuma dessas carapuços não sei se você já teve a sensação de que as nossas histórias individuais são constantemente marcadas pela história coletiva mas os pontos de
identificação coletiva parece sempre estar flutuantes quem der a gente pudesse agir com a fantasia de alguns antropólogos que confio encontrar em toda tribo uma sociedade tão transparente para si mesma que se espreme inteira no menor dos seus gestos e na personalidade de cada índio que encontro não há cultura assim ainda mais uma cultura copa do brasil afinal há várias karapulsa servir a um povo social e culturalmente tão dividido como nós por isso ao longo deste curso eu gostaria de chamar a atenção para alguns padrões culturais que muitos podem reconhecer na vida brasileira seja lá qual
a razão da sua persistência mas sem que se prestem ao papel de cada pulsa para toda e qualquer situação toda e qualquer brasileiro a vontade de viver brasileira convive com a percepção de que o brasileiro tem da própria fragilidade diante do mundo que parece sempre crônica permanente em transponível seja verdade ou não ele tem de haver a si mesmo como elo mais frágil em toda relação àqueles imã que ele mantém com as outras pessoas parte do princípio que essa relação será sempre desigual esteja ele de um lado do outro e reaja a isso a sensação
de injustiça não propriamente leva revolta mas abate brasileiro tira a energia vital dele mal é percebida a constatação amarga tende a ser afastada para o lado daí o bom humor da palavra oportuna a sensação de entusiasmo quem depende da circunstância e sinaliza resistência à diversidade daí a malícia que rebate para longe qualquer sinal de bater de abatimento ante a realidade que pesa a dor da ausência ou a privação de um bem o brasil gosta de acreditar que transforma tristeza e alegria pois tem uma grande força interior muito sonho relacionar o que a gente é a
riqueza das nossas misturas mas talvez a pergunta não seja o que somos mas o que fazemos o que esperamos que a gente faça os seremos mera cópia dos modos de pensar e de outras culturas gosto de pensar que a cultura brasileira se fundou na ideia de que não se pode exigir do mundo uma fixidez que o mundo não apresenta por isso a cultura brasileira privilegia mesmos termos que um não sem exagero ou recusa extremos que separam em demasia e não imaginam ser brasileiro cristalino apolíneo mas a sondagem que trabalha há margem de manobra a resposta
tradicional no ocidente é departamentalizada o mundo para lidar com o mundo mas a equação não fecha a reação deles é o diferente é desconfiar fiant não forem apresentados na realidade eles não entram em contato agem com medo quando reagem a isso é elogiando o pulso ou posto aquilo que é irracional ou então pelo hedonismo contra a cultura mas podemos responder a esse esgotamento consciente de que somos parte de um contínuo que pede rapidez ao interpretar e e absorver os contrários é aqui talvez que a humanidade tem algo a aprender com a cultura brasileira