mãe liga desesperada para a emergência dizendo que seu filho havia sido violentado pelo cachorro da família a notícia absurda se espalhou rapidamente deixando a comunidade horrorizada seria isso verdade como um cachorro poderia fazer isso a uma criança tudo o que o menino sabia dizer era que foi uma brincadeira mas um simples desenho infantil revelou a verdade sombria por trás dessa Triste História a tarde abafada no interior parecia não ter fim o sol ainda alto projetava sombras Compridas sobre o quintal de terra batida onde Enzo costumava brincar com seus carrinhos de plástico tudo estava estranhamente quieto
até que o grito rasgado de Márcia rompeu a monotonia Alô é da emergência pelo amor de Deus mandem uma ambulância Meu filho foi atacado pelo cachorro ele está sangrando a voz dela tremia enquanto apertava o celular contra a orelha andando de um lado para o outro na varanda da casa simples A ligação era entrecortada pelos soluços desesperados que escapavam de sua garganta senhora por favor tente se acalmar e nos diga o endereço vamos enviar ajuda imediatamente Márcia respirou fundo embora sua mente estivesse em completo caos na linha A Voz da atendente soava calma e ensaiada
mas isso apenas a irritava ainda mais Rua das Palmeiras número 45 por favor ele está perdendo muito sangue eu não sabia o que fazer o cachorro não largava ele tive que puxar e acabei machucando ele mais é tudo culpa minha ao fundo o choro de Enzo era baixo abafado como se a criança Estivesse se esforçando para segurar o grito Márcia olhou para o quintal onde o menino estava sentado no chão com as pernas sujas de terra misturada a sangue ele apertava o pequeno carrinho Azul contra o peito respirando de forma irregular dentro da casa Valdir
surgiu na porta o rosto carregado de preocupação Márcia o que está acontecendo já chamou a ambulância ela apenas assentiu freneticamente cobrindo o celular com a mão vai lá fora fica com ele eles estão vindo Valdir obedeceu sem dizer nada ao passar por ela colocou a mão no Ombro da mulher mas Márcia se afastou instintivamente evitando o contato algo em seus olhos parecia mais nervoso do que desesperado 10 minutos depois o som da sirene rompeu o silêncio da vizinhança a ambulância estacionou diante da casa e dois paramédicos desceram rapidamente carregando uma maca e uma maleta de
primeiros socorros Onde está o menino perguntou um dos homens franzindo a testa ao perceber o nervosismo no olhar de Márcia ela apontou para o quintal ali ele tá ali foi o nosso cachorro Thor Ele ficou louco não sei o que aconteceu meu filho estava agachado no chão brincando e o nosso cachorro subiu em cima dele quando eu vi já estava grudado no menino igual quando os cães se cruzam eu eu fiquei desesperada os paramédicos correram até Enzo ele não resistiu quando o deitaram na maca mas seus olhos estavam fixos em algo que só ele parecia
enxergar um deles tentou tranquilizá-lo enquanto começava a estancar os ferimentos Oi campeão vai ficar tudo bem Tá Vamos cuidar de você agora tá sentindo muita dor Enzo apenas Balançou a cabeça suas mãos ainda agarradas ao carrinho Azul tremiam levemente Márcia apareceu ao lado apressada ele vai precisar ser operado ele vai ficar bem ele vai ser avaliado no hospital os ferimentos são profundos mas não parecem fatais ela assentiu mas sua respiração ainda era descompassada quando os paramédicos carregaram Enzo para dentro da ambulância Márcia o seguiu mas não antes de lançar um olhar rápido para Valdir que
permanecia na varanda observando em silêncio eu vou atrás de vocês Querida vou pegar o carro Valdir disse mantendo a voz Calma quase ensaiada Márcia hesitou por um momento depois olhou ao redor como se certificando-se de que ninguém mais os ouvia então voltou-se para ele e respondeu em um tom mais baixo não Valdir é melhor você ficar e cuidar do cachorro vai ser melhor assim ela lançou-lhe um olhar rápido e discreto antes de entrar na ambulância apressada sentou-se ao lado de Enzo e segurou sua pequena mão fria mas seus os olhos ainda estavam inquietos dentro da
ambulância O silêncio era quase sufocante Márcia olhou para Enzo e tentou sorrir mas seus olhos vermelhos de choro tornavam o gesto estranho tá tudo bem meu amor a mamãe tá aqui você vai ficar bem tá foi só um um acidente Enzo a olhou de relance mas não disse nada sua respiração eraa Rasa e ele parecia perdido em pensamentos finalmente ele murmurou algo quase inaudível foi o cachorro mamãe Márcia apertou sua mão com força isso mesmo foi o cachorro Você não fez nada de errado é só uma brincadeira que saiu do controle tá bom Agora fica
quietinho não fala mais nada as palavras saíram rápidas afiadas mas com um tom de ternura forçado Enzo apenas fechou os olhos exausto a ambulância cortava as ruas em alta velocidade enquanto os paramédicos monitoravam o menino trajeto durar uma eternidade para Márcia que mantinha os olhos fixos na criança apertando sua pequena mão entre os dedos trêmulos quando finalmente chegaram ao hospital a equipe médica os aguardava na entrada pronta para levá-lo diretamente à emergência em poucos minutos o caso já havia se espalhado pelos corredores enfermeiros cochichavam médicos trocavam olhares perplexos e o assunto rapidamente tomou conta do
hospital Todos falavam sobre o menino de 4 anos que precisaria de uma cirurgia de reconstrução após um suposto ataque do cachorro da família Márcia estava na sala de espera sentada de braços cruzados a perna balançando inquieta seus olhos percorriam os rostos dos médicos e enfermeiros que passavam pelo corredor como se procurasse algo quando uma enfermeira parou ao seu lado para oferecer um copo d'água Márcia o pegou com as mãos trêmulas mas ao invés de beber usou o tempo para respirar fundo e se recompor ele vai ficar bem não vai perguntou sem encarar a enfermeira diretamente
os médicos estão fazendo o possível senhora mas os ferimentos são graves Márcia fechou os olhos por um breve momento a resposta não parecia ser exatamente o que ela queria ouvir isso vai demorar a enfermeira a olhou surpresa com a pergunta cirurgias delicadas sempre levam tempo entendo Márcia murmurou levando o copo até os lábios mas sem realmente beber seu olhar voltou para o chão e seus pensamentos começaram a correr emem disparada meu Deus o que eles já sabem o que vão perguntar Será que não acreditaram em mim o susurros e coxixos dos funcionários do hospital a
incomodavam mais do que a cirurgia do filho ela sentia que estava sendo observada e julgada foi nesse momento que a porta da recepção se abriu e dois policiais entr sentiu o estômago afundar o primeiro policial inspetor Júlio era um homem com uma expressão séria e fria um veterano acostumado a detectar mentiras em segundos ao seu lado o jovem oficial André ainda aprendendo o peso das investigações mais difíceis Eles foram recebidos por uma médica que já os aguardava Doutora obrigado por nos chamar Qual a situação do menino perguntou Sem Rodeios médica respirou fundo claramente desconfortável com
o que estava prestes a dizer bem o caso é é estranho a mãe contou uma versão que ninguém aqui consegue entender direito e qual é essa versão a doutora hesitou antes de responder ela disse que o filho estava brincando no chão do quintal e que o cachorro subiu por trás dele e ela baixou um pouco a voz olhando ao redor e acasalou com ele o silêncio entre os policiais foi quase imediato André franziu a testa e parou de escrever por um momento Júlio permaneceu sério mas sua expressão ficou mais rígida a mãe usou essa essa
palavra sim mas essa história não faz sentido certo quero dizer como um cachorro faria algo assim como conseguiria tirar a roupinha do menino como isso teria acontecido Júlio olhou para baixo pensativo tentando encaixar as peças daquele quebra-cabeça o menino disse algo sobre isso sim enquanto estava na ambulância ele confirmou que foi o cachorro disse que estava brincando com ele e então aconteceu O inspetor coçou o queixo preocupado E como está o estado da criança ele sofreu ferimentos graves na região estão operando ele agora para reconstruir a área lesionada foi uma cirurgia emergencial porque houve bastante
sangramento André trocou um olhar sério com Júlio que Manteve o olhar frio certo onde está a mãe precisamos falar com ela agora a médica guiou os policiais até Márcia que imediatamente endireitou a postura ao ver Os oficiais se aproximando ela passou as mãos pelo rosto e respirou fundo como se estivesse tentando se controlar Júlio puxou uma cadeira e sentou-se à frente dela senora Márcia sou o inspetor Júlio e este é o oficial André precisamos que a senhora nos conte exatamente o que aconteceu com seu filho Márcia respirou fundo e começou a falar mas sua voz
era cuidadosa como se escolhesse bem as palavras eu eu já disse para os médicos foi horrível meu filho estava brincando no quintal e de repente o cachorro sua voz falhou e ela fez uma pausa calculada o cachorro subiu nele Júlio Manteve a expressão impassível subiu nele pode explicar melhor Márcia desviou os olhos ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha Eu estava lavando a louça quando ouvi o choro dele quando fui ver o que tinha acontecido imaginando que ele estivesse caído ou algo do tipo eu vi vi o nosso cão grudado atrás do Enzo no
desespero puxei o cachorro para afastá-lo Mas acho que isso Acabou machucando mais meu filho Júlio continuou observando-a a senhora estava sozinha em casa com o menino não meu marido Valdir estava lá também Júlio franziu levemente a testa seu marido o pai do menino não Valdir é padrasto dele Júlio notou um pequeno nervosismo no olhar dela e onde ele estava no momento do ocorrido ele estava estava deitado no quarto Júlio inclinou a cabeça então ele não viu nada não eu gritei mas quando ele saiu eu já tinha conseguido afastar o cachorro O inspetor cruzou os braços
desconfiado como o cachorro conseguiu tirar a roupa do menino Márcia piscou algumas vezes como se não Esperasse a pergunta eu não sei talvez talvez o short dele estivesse Largo e tenha caído Júlio Manteve o olhar fixo nela a senhora tem certeza disso O que você está insinuando inspetor Ela perguntou a voz levemente defensiva Júlio recostou-se na cadeira estou apenas tentando entender porque veja bem Não Faz Sentido Márcia abriu a boca Mas fechou logo em seguida olhou para os lados como se buscasse apoio mas ninguém ali iria ajudá-la quero falar ele ele não está aqui ele
está em casa jlio suspirou e olhou impaciente para mácia vou ser direto com você Márcia essa história está cheia de falhas se há algo que não está me contando esse é o momento eu já disse tudo o que aconteceu foi o cachorro sua voz saiu mais alta do que deveria vamos ver Júlio se levou aando o cinto Ford sua versão confirmada esver mentindo vai ser pior para você Márcia sentiu um arrepio subir pela espinha enquanto Enzo permanecia em cirurgia lutando contra os ferimentos graves O inspetor Júlio e o oficial André partiram para a casa do
menino a história contada por Márcia já havia acendido um alerta na mente dos policiais e a melhor maneira de entender o que realmente aconteceu era examinando o local dos fatos o carro da polícia estacionou em frente a residência era uma casa simples com um quintal de terra batida cercado por um muro baixo o portão de metal estava apenas encostado e do lado de dentro eles logo avistaram o cachorro um cão grande de pelagem curta e marrom Clara estava deitado à sombra de uma árvore no quintal ele levantou a cabeça ao notar Os Estranhos mas não
rosnou nem demonstrou agressividade apenas observou balançando o rabo levemente como se estivesse esperando um comando André franziu a testa não parece um animal violento Júlio Manteve os olhos fixos no cachorro não e nem parece o tipo que atacaria uma criança assim ele então ergueu a voz e chamou pelo nome Valdir por um instante tudo permaneceu em silêncio Mas então a porta da casa rangeu ao ser aberta Valdir surgiu no batente da porta alto magro de aparência bem cuidada e um olhar tranquilo o homem usava uma camisa de algodão clara e uma calça jeans seu cabelo
curto e bem Penteado reforçava a imagem de alguém educado e organizado quando viu os policiais ele não demonstrou surpresa ou preocupação pelo contrário abriu um pequeno sorriso simpático e os cumprimentou com um tom cordial boa tarde senhores em que posso ajudar Júlio não respondeu imediatamente apenas observou o homem por alguns segundos analisando sua postura e expressão então deu um pequeno passo à frente somos da polícia precisamos conversar com você podemos entrar Valdir abriu mais à porta e gesticulou para que entrassem claro fiquem à vontade os policiais cruzaram a soleira e Entraram na casa o interior
era modesto mas organizado o sofá no canto da sala estava arrumado havia algumas fotos de família na parede e o cheiro de café ainda pairava no ar mas Júlio não estava interessado na decoração enquanto Valdir falava seus olhos percorriam cada detalhe cada canto da casa ele analisava os móveis os objetos os espaços entre os cômodos e principalmente cada movimento de Valdir o homem fechou a porta atrás deles e seguiu até a sala indicando que se sentassem aceitam um café Não obrigado Júlio recusou de imediato sem tirar os olhos dele André permaneceu de pé pronto para
anotar tudo Imagino que estejam aqui por causa do Enzo foi uma tragédia Júlio Manteve um tom neutro pode nos contar exatamente o que aconteceu Valdir sentiu e passou a mão pelo rosto como se estivesse revivendo a cena eu estava cochilando no quarto trabalhei de madrugada e cheguei de manhã em casa exausto não ouvi nada até que fui acordado pelos gritos do menino quando me levantei e corri para o quintal já encontrei Márcia desesperada segurando o cachorro e chorando muito ela me disse que o animal havia atacado o Enzo Júlio não o interrompeu apenas observou o
que o senhor fez depois disso fui até o Enzo para tentar acalmá-lo ele estava assustado chorando e sangrando muito por trás Valdir fez uma pausa e suspirou pesadamente foi um choque ver aquilo eu nunca imaginaria que nosso cachorro pudesse fazer algo assim foi o senhor quem chamou a ambulância não eu orientei a Márcia a ligar enquanto eu tentava acalmar o garoto ela estava tão desesperada que não sabia o que fazer Júlio estreitou os olhos por um breve instante e o cachorro ele tentou atacar vocês Valdir Balançou a cabeça imediatamente depois que a Márcia o afastou
ele apenas ficou parado como se não entendesse o que tinha feito Júlio notou a fluidez com que Valdir falava não havia hesitação nenum tropeço nas palavras era um relato bem estruturado talvez bem ensaiado Foi então que Júlio decidiu mudar de abordagem o senhor tem uma boa relação com Enzo Valdir ergueu as sobrancelhas como se a pergunta o pegasse desprevenido mas logo relaxou os ombros e Sorriu levemente claro eu cuido dele desde os 2 anos de idade é como se fosse meu filho amo aquele garoto Sempre tentei dar a ele tudo o que posso e acho
que ele também gosta muito de mim Júlio notou um detalhe Sutil muito o carinho pelo menino como se precisasse reforçar isso o policial cruzou os braços mudando de Tom o senhor tem certeza de que não viu nada absoluta certeza quando cheguei tudo já tinha acontecido e como o cachorro conseguiu tirar a roupa do menino dessa vez houve um pequeno silêncio antes da resposta mas Valdir logo recuperou a compostura eu não sei talvez o short dele estivesse Largo ou ele mesmo tenha abaixado um pouco enquanto brincava crianças são descuidadas Júlio percebeu a leve rigidez no rosto
do homem então na sua versão o menino estava brincando normalmente e do nada o cachorro subiu nele Valdir assentiu bom foi o que a már disse e o senhor acredita nessa versão Valdir piscou rapidamente um microo que não passou despercebido por jia nunca mentiria sobre algo tão sério Júlio observou o homem por mais alguns segundos antes de se levantar certo obrigado pela cooperação Senor Valdir Valdir esboçou um sorriso educado Imagino que vão precisar levar o cachorro para análise certo ainda não mas queremos vê-lo os três saíram para o quintal o cachorro permaneceu deitado tranquilo nem
sequer se levantou quando os policiais se aproximaram olhou para o animal por um tempo antes de murmurar para André um cão calmo sem histórico de agressividade e agora supostamente comete um ataque sem motivo André não respondeu apenas continuou anotando tudo Júlio voltou-se para Valdir vamos continuar investigando mas eu vou ser honesto com você Valdir tem algo nessa história que não me convence o homem apenas sorriu mantendo a expressão Gentil fiquem à vontade para investigar Não temos nada a esconder mas Júlio sabia que aquele sorriso escondia alguma coisa e ele não ia parar até descobrir o
que era enquanto isso no hospital Enzo já estava fora de perigo a cirurgia havia sido longa mas bem sucedida os médicos o mantiveram em observação durante a noite administrando os medicamentos necessários para controlar a dor e evitar infecções apesar de fraco e sonolento pelo efeito da anestesia o menino estava começava a demonstrar os primeiros sinais de melhora Márcia permaneceu ao lado dele mas seu comportamento era estranho ela não demonstrava o tipo de angústia que se esperaria de uma mãe que quase perdeu o filho Não segurava a mão dele não o acariciava não perguntava se estava
sentindo dor em vez disso seu olhar estava impaciente e seus questionamentos eram sempre os mesmos Doutor quanto tempo vamos precisar ficar aqui ele já pode receber precisamos mesmo ficar mais um dia cada vez que uma enfermeira entrava no quarto Márcia levantava os olhos rapidamente como se Esperasse receber a permissão para ir embora o comportamento dela não passou despercebido os funcionários do hospital já comentavam sobre o caso e os policiais haviam orientado a equipe a manter tudo sob supervisão na manhã seguinte enquanto Enzo ainda se recuperava a polícia solicitou a presença de uma psicóloga forense para
avaliar o caso a doutora Isabela Moura chegou ao hospital por volta das 9 horas carregando uma prancheta com todas as informações do ocorrido ela era uma mulher de postura Firme com olhar analítico e uma abordagem cuidadosa seu trabalho não era apenas ouvir relatos mas perceber o que não era dito ler os sinais invisíveis identificar mentiras e manipulações o primeiro passo foi conversar com a mãe ao perceber a presença da psicóloga ajeitou rapidamente os cabelos e tentou adotar um tom mais materno e preocupado Isabela iniciou a conversa de forma Branda Sem demonstrar desconfiança perguntou sobre o
estado de Enzo como ele estava se sentindo e como a família estava lidando com o ocorrido Márcia repetiu exatamente a mesma versão que já havia contado aos médicos e policiais foi o cachorro ele estava brincando no quintal e de repente o anim nele no desespero tentei afastá-lo mas acabei machucando mais meu filho foi horrível Doutora ela Manteve a voz embargada mas sem emoção real Isabela anotou tudo cada pausa cada hesitação então veio a parte mais delicada falar com Enzo a psicóloga Sabia que não poderia pressioná-lo o menino ainda estava debilitado so efeito de remédios e
um trauma dessa magnitude exigia cuidado quando se aproximou da cama sorriu suavemente para ele Oi Enzo Tudo bem querido o menino piscou devagar ainda sonolento moveu a cabeça de leve confirmando Isabela se sentou ao lado sem abrir um bloco de notas sem anotar nada ela queria que ele se sentisse seguro Como você está se sentindo querido tá doendo um pouco ele murmurou sem emoção Márcia sentada ao lado acariciou os cabelos do um gesto que parecia falso e ensaiado mas logo você vai ficar bom né meu amor já já a gente vai para casa Enzo apenas
assentiu Isabela observou o olhar vazio do menino e decidiu ir devagar Enzo Você pode me contar como você se machucou Enzo piscou algumas vezes e olhou rapidamente para Márcia então respondeu com um tom baixo e quase mecânico foi o cachorro Márcia forçou um sorriso e olhou para psicóloga parecendo aliviada com a resposta do filho Isabela no entanto não se convenceu você estava brincando com ele Enzo Balançou a cabeça concordando e o que aconteceu depois Enzo o menino hesitou por um segundo mas logo repetiu exatamente a versão que a mãe já havia contado ele subiu em
mim mas era só brincadeira depois começou a doer muito aí eu comecei a chorar houve um silêncio tenso no no quarto Márcia apertou de leve o ombro do filho foi só um acidente querido logo você ficará bem o menino abaixou os olhos e assentiu outra vez Isabela notou algo que os outros talvez não tivessem percebido a resposta parecia ensaiada como se Enzo tivesse sido instruído a dizer aquilo havia algo errado mas ela sabia que não adiantava forçar sem querer causar desconforto a psicóloga apenas sorriu gentilmente está tudo bem Enzo você está seguro aqui vamos conversar
mais depois tá bom o menino apenas piscou lentamente parecendo cansado Isabela se levantou e se virou para Márcia quero agendar uma nova avaliação assim que ele sair do hospital ele vai precisar de acompanhamento psicológico Márcia Não hesitou claro Doutora o que for melhor para ele mas sua expressão não era de alívio era de cautela enquanto Enzo ainda se recuperava no hospital a polícia continuava investigando a fundo um veterinário foi enviado à casa da família para examinar o cachorro e verificar se havia algo que pudesse confirmar ou contradizer a versão da mãe o profissional responsável Dr
Roberto Lima chegou à residência por volta da metade da tarde foi recebido por Valdir que se mostrou cordial e cooperativo mantendo a mesma expressão calma e educada que havia demonstrado aos policiais anteriormente no quintal o cachorro estava de pé com a aparência feliz e tranquila sua cauda balançava levemente e seus olhos atentos acompanhavam os movimentos ao redor não havia tensão em sua postura nem sinais de medo ou agressividade quando o veterinário se aproximou o animal permaneceu parado observando com curiosidade sua boca entreaberta revelava um ar relaxado e ele sequer latiu como se apenas Esperasse para
ver o que aconteceria a seguir Roberto começou a examiná-lo com atenção verificando sinais de estresse ou qualquer comportamento anormal o cachorro permitiu a inspeção sem resistência o que já era um indício de que não se tratava de um cão violento ou traumatizado porém ao continuar a avaliação o veterinário percebeu algo incomum havia pequenas fissuras que indicavam que o cão havia passado recentemente por uma experiência de acasalamento aquilo era um detalhe se o cachorro vivia apenas no quintal Sem contato com outros animais como e quando esse acasalamento teria ocorrido no entanto isso não provava que ele
era o responsável pelo que aconteceu com Enzo algumas horas depois o relatório veterinário foi entregue aos investigadores os policiais analisaram os detalhes cuidadosamente o documento confirmava que o cachorro havia cruzado mas não explicava como nem com quem a a apenas levantava ainda mais perguntas se o cachorro não tinha histórico de agressividade e não havia nenhuma outra cadela na casa como aquele ato teria ocorrido a possibilidade mais preocupante começou a ser considerada o animal poderia ter sido manipulado era uma hipótese assustadora mas que não poderia ser ignorada O inspetor Júlio releu o relatório e suspirou encarando
o papel com expressão séria cada Nova Descoberta tornava aquela história ainda mais difícil de acreditar a versão da mãe continuava cheia de falhas ainda não havia provas concretas para desmentia mas as inconsistências estavam se acumulando os policiais sabiam que precisavam agir rápido a verdade estava ali oculta em algum lugar e cada detalhe descoberto os aproximava um pouco mais dela após TRS dias internado Enzo recebeu alta o menino ainda precis de repouso e medicação mas seu estado já não era grave os médicos recomendaram antibióticos e analgésicos além de acompanhamento psicológico Márcia assinou os papéis da alta
Sem demonstrar grande emoção ouviu as recomendações médicas de forma automática acenando com a cabeça como se apenas quisesse sair dali o mais rápido possível assim que deixaram o hospital ela segurou firme a mão do filho e caminhou apressadamente pelo estacionamento o olhar a atento tenso Enzo seguia ao seu lado em silêncio a polícia permitiu que o menino fosse para casa mas a investigação ainda estava longe de terminar nos dias seguintes os investigadores conversaram com os vizinhos para entender melhor o histórico da família a imagem que todos tinham de Valdir era a mesma um homem educado
gentil e um padrasto exemplar os depoimentos eram semelhantes falavam dele como um homem de boa índole que estava bem a esposa e o entiado ele dá tudo para o menino sempre vejo os dois juntos nunca ouvi uma discussão sequer naquela casa Valdir sempre foi muito bom com Eno até mimava demais o menino as palavras eram positivas até mesmo enfáticas como se Valdir fosse um modelo de homem de família mas Júlio já lidar com casos assim antes muitos abusadores eram adorados por todos ao redor nenhuma das respostas mudava o fato de que a história da mãe
continuava absurda os policiais também perguntaram sobre o pai biológico de Enzo a resposta foi diferente ninguém sabia exatamente onde ele estava ele bebia muito se metia em confusão faz anos que ninguém vê esse homem sumiu Márcia nunca mais falou dele Enzo ao que tudo indicava não tinha mais contato com o pai Ele estava sozinho naquela casa se algo errado estivesse ele não tinha ninguém para protegê-lo a noite estava escura quando Enzo ouviu as vozes dos Pais vindo do Corredor eles conversavam em um tom baixo mas o suficiente para ele captar algumas palavras precisamos ter certeza
de que ele não vai falar nada estranho ele só repete o que a gente ensina vai ficar tudo bem O menino Segurou o cobertor com força Ele sabia que estavam falando dele a porta do quarto se abriu e Márcia entrou a expressão rosto dela era suave mas Enzo não sentiu o mesmo conforto que sentia quando outras mães falavam com seus filhos ela se sentou ao lado dele e passou a mão pelos cabelos do menino Como você está meu amor ele hesitou antes de responder não quero mais brincar de cachorrinho Márcia trocou um olhar rápido com
Valdir que continuava parado na porta não precisa mais querido tá bom Enzo apertou o cobertor ao redor do corpo dói mamãe Valdir se aproximou e Sorriu agora acabou campeão mas por que eu brincava disso Márcia alisou seu cabelo sua voz doce mas sem calor Genuíno porque era só uma brincadeira querido Mas você não precisa mais brincar disso Enzo apenas fechou os olhos Tá bom mamãe eles apagaram a luz e saíram do quarto deixando o menino sozinho no escuro na manhã seguinte Márcia recebeu um telefonema era a psicóloga forense querendo marcar uma nova sessão com Enzo
Márcia aceitou mantendo a voz calma e receptiva mas ao desligar o telefone seus dedos apertaram o celular com força ela precisava ter certeza de que Enzo sabia exatamente o que dizer na tarde seguinte Marcia levou Enzo ao consultório da psicóloga forense a sala de espera era acolhedora com poltronas confortáveis e brinquedos espalhados em um canto Enzo observava tudo em silêncio seu olhar distante os dedos girando distraidamente à roda de um carrinho de brinquedo Márcia sentada ao lado dele mantinha uma expressão Serena mas seus olhos estavam atentos quando A Porta Se Abriu a psicóloga Isabela Moura
surgiu Enzo pode entrar Márcia levantou-se imediatamente segurando a mão do filho mas antes que desse mais um passo Isabela sorriu educadamente a senhora pode aguardar aqui fora o impacto daquelas palavras foi imediato Márcia piscou algumas vezes como se não tivesse entendido como assim eu sempre acompanho ele Isabela Manteve o Tom calmo hoje não será necessário preciso que o Enzo se sinta à vontade para conversar sozinho a expressão de Márcia endureceu por uma fração de segundo mas ele é só uma criança ele precisa de mim Isabela percebeu O nervosismo disfarçado eu entendo sua preocupação mas é
importante que ele tenha esse espaço a senhora pode esperar na recepção Márcia demorou um segundo a mais do que deveria para concordar então virou-se para Enzo abaixando-se na altura dele vai lá meu amor a mamãe vai estar te esperando aqui fora tá bom ela passou a mão pelos cabelos do menino e se certificou de que ele a olhasse nos olhos Enzo hesitou mas Balançou a cabeça em sinal de sim Márcia soltou a mão dele devagar a porta se fechou atrás deles na recepção Márcia se recostou na cadeira tentando controlar a inquietação ela odiava não estar
no cont dentro da sala Isabela guiou Enzo até um tapete colorido onde havia almofadas e brinquedos nada na disposição do ambiente lembrava um consultório tradicional ela queria que ele se sentisse seguro o menino sentou-se no chão os joelhos dobrados contra o peito seus dedos continuavam brincando com o carrinho de plástico um gesto automático quase mecânico Isabela sentou-se perto dele mas sem invadir seu espaço Enzo antes da gente conversar quero que você saiba que aqui você pode falar qualquer coisa tá bom Tudo o que você quiser aqui você está seguro ele assentiu sem entusiasmo ela notou
como ele evitava contato visual por muito tempo você gosta de desenhar dessa vez Ele olhou para ela houve um pequeno brilho em seus olhos gosto Isabela sorriu e pegou um bloco de folhas e um estojo de canetinhas coloridas Quero te fazer um desafio você pode desenhar duas coisas para mim ele pegou a canetinha azul e esperou primeiro quero que desenhe algo que você e que te faz feliz sem hesitar Enzo começou a rabiscar seu traço era leve infantil mais preciso Isabela observou atentamente enquanto ele desenhava um quintal um carrinho e uma criança brincando sozinha nada
no desenho indicava medo desconforto ou insegurança que legal Enzo você gosta de brincar no quintal ele assentiu e quando você brinca alguém brinca com você ele Balançou a cabeça em sinal de negação não tem nenhum amiguinho para brincar comigo Isabela anotou mentalmente ela pegou uma nova folha e entregou ao menino agora quero que desenhe o que você tem mais medo a canetinha parou no ar dessa vez Enzo Demorou o silêncio na sala ficou mais denso então lentamente os traços começaram a surgir a primeira coisa que ele desenhou foi um quarto pequeno escuro sem janelas depois
no centro desenhou uma criança a criança estava encolhida o rosto marcado por lágrimas Isabela sentiu o estômago se apertar os movimentos de Enzo estavam mais lentos agora os traços mais pesados então ele desenhou outra figura ao lado da criança surgiu algo estranho era um homem mas não era só um homem o corpo era humano as pernas os braços o tronco mas o rosto o rosto era de um cachorro e estava sorrindo o lápis riscou o papel com força quando ele acrescentou um detalhe final um rabo Isabela sentiu um arrepio subir pela espinha Enzo quem são
essas pessoas no seu desenho o menino não respondeu apenas olhou para ela seus olhos estavam vazios escreve o nome deles na folha querido Isabela deslizou um lápis Preto em direção a ele Enzo pegou o lápis seu pequeno punho estava rígido ele escreveu Enzo sobre o desenho da criança depois moveu o lápis para outra figura e escreveu Sem hesitação Papai Valdir o som da respiração de Isabela foi o único ruído na sala ela Segurou o papel com firmeza como se estivesse segurando uma bomba prestes a explodir o sangue em seu rosto desapareceu algo muito pior do
que qualquer um imaginava estava acontecendo naquela casa com mãos firmes ela ligou o gravador sua voz saiu mais controlada do que sua mente estava Enzo Pode me contar o que está acontecendo nesse desenho o menino não parecia entender o peso da pergunta ele apenas deu de ombros como se fosse algo normal é quando a gente brinca de cachorrinho Isabela sentiu a nuca gelar vocês brincavam disso sim mas eu não gosto mais a psicóloga engoliu em seco por querido porque dói a resposta foi curta simples e devastadora como era essa brincadeira franziu a testa Pensou um
pouco não sei o papai Valdir é o cachorro e eu sou o cachorrinho o silêncio na sala era ensurdecedor Isabela respirou fundo antes da próxima pergunta e o que acontecia se você não quisesse brincar o menino abaixou a cabeça e encolheu os ombros ele ficava bravo Isabela sentiu o peito apertar ela olhou novamente para o desenho as linhas tortas e trêmulas que formavam aquela criatura monstruosa a cada nova palavra que Enzo dizia as peças do quebra-cabeça se encaixavam de maneira brutal Ele explicou como tudo acontecia disse que sua mãe nunca participava ficava lavando louça como
sempre contou que o pai dizia que era uma brincadeira só de pai e filho que mamães não podiam brincar disso e que sempre havia um presente depois como um carrinho novo a psicóloga sentiu um nó na garganta cenas da casa vieram à tona em sua mente a sala simples os móveis velhos e a prateleira cheia de carrinhos novos dezenas deles a perícia havia registrado tudo em fotos naquele momento as imagens voltaram com força como um soco no peito Isabela fechou os olhos por um breve uma única lágrima desceu pelo seu rosto agora Ela sabia a
verdade e iria garantir que Enzo nunca mais voltasse para aquela casa assim que Enzo terminou seu relato ela pegou o telefone rapidamente e discou diretamente para o inspetor Júlio Isabela explicou a ele a gravidade do caso e sobre as provas que possuía solicitando viaturas para o consultório onde a mãe aguardava e para a casa do padr assim que desligou Isabela deu uma última olhada para Enzo e seu coração se apertou ele parecia alheio a tudo imerso no pequeno mundo de seu brinquedo na recepção Márcia já demonstrava sinais de impaciência o pé direito batia no chão
ritmicamente seus dedos Tamboril no balcão da recepcionista Ela olhava para o relógio a cada poucos minutos depois para a porta da sala onde Enzo estavaa está demorando demais murmurou tentando suar casual a recepcionista orientada previamente por Isabela Manteve a calma a doutora Ainda não liberou seu filho às vezes demora um pouquinho mesmo Márcia forçou um sorriso Olha eu tenho outros compromissos Já ficamos tempo demais aqui se puder chamar meu filho eu agradeço assim que a doutora encerrar a consulta a senhora será informada cerrou os dentes o desconforto dela era Evidente agora o ambiente estava diferente
algo estava errado e ela estava desconfiada seus dedos se fecharam sobre a alça da bolsa o instinto lhe gritava para sair dali foi quando as portas do consultório se abriram e a polícia entrou Márcia congelou O inspetor Júlio veio à frente acompanhado de dois policiais por um momento ela nem sequer respirou Mas então o desespero veio o que está acontecendo O inspetor não perdeu tempo Márcia Vieira a senhora está presa por cumplicidade em crime de abuso e por acobertamento do agressor as palavras cortaram o ar como navalhas Márcia arregalou os olhos um choque real e
puro tomou seu rosto o quê não espera isso é um engano ela deu um passo para trás mas um dos policiais segurou seu braço com firmeza eu não fiz nada a voz dela subiu histérica Vocês estão errados eu sou uma vítima o olhar de Júlio permaneceu frio o seu filho acabou de contar tudo ele revelou o que realmente acontecia naquela casa o coração de Márcia pareceu parar e o sangue sumiu de seu rosto não não pode ser isso é culpa do Valdir foi ele eu fui obrigada a mentir as palavras saíram atropeladas desesperadas ela se
debati tentando escapar vocês não entendem eu não podia fazer nada ele me obrigou mas não havia mais desculpas a máscara finalmente havia caído Márcia gritou os olhos arregalados em puro terror mas as algemas clicaram friamente ao redor de seus pulsos ela tentou se jogar no chão tentou se soltar mas não adiantava o fim havia chegado Você pode falar isso no tribunal disse Júlio firme Márcia chorava gritava se debatia como um animal encurralado mas Ninguém mais acreditava nela ela não era uma vítima era uma cúmplice e passaria o resto da vida na prisão ao mesmo tempo
em que Márcia era presa uma segunda equipe da polícia cercava a casa onde Valdir morava a rua estava silenciosa quando a viatura Parou em frente à residência os policiais saíram do carro e se aproximaram com cautela Chamando por ele no portão da frente porém não houve nenhuma resposta insistiram chamando mais alto mas tudo permaneceu em silêncio o cachorro da família estava solto no quintal mas não oferecia risco algum apesar de ser grande todos sabiam que era um cão dócil ainda assim mantiveram atenção enquanto entravam no terreno o portão estava apenas encostado e a porta principal
da casa destrancada ao abrirem perceberam imediatamente que alguém havia saído dali com pressa algumas gavetas estavam abertas roupas espalhadas sobre a cama e uma mochila vazia jogada no chão eles vasculharam todos os cômodos conferindo o banheiro a cozinha e até mesmo o armário embutido do Corredor mas Valdir não estava ali A Fuga era Evidente mas ele não poderia ter ido muito longe o carro do casal estava estacionado no consultório onde Márcia havia sido presa o que significava que ele estava a pé e naquele momento provavelmente tentava conseguir uma forma de deixar a cidade a polícia
entrou em Alerta verificaram rodoviárias táxis e qualquer transporte público que pudesse ter sido usado na Fuga enquanto os agentes analisavam a casa em busca de mais pistas um som inesperado chamou a atenção de todos Thor o cachorro da família começou a latir insistentemente mas não para os policiais an estava posicionado próximo ao muro baixo que separava a casa vizinha com o olhar fixo no quintal ao lado seus latidos eram intensos como se tentasse avisá-los de algo um dos policiais se aproximou do muro e tentou olhar por cima a casa ao lado pertencia a uma senhora
idosa que morava sozinha e seu quintal estava cheio de Entulhos pedaços de madeira empilhados e alguns móveis velhos o local Parecia um esconderijo perfeito os agentes decidiram verificar com cautela entraram pelo portão da vizinha e se espalharam pelo terreno observando entre os objetos a grama alta dificultava a visão em alguns pontos mas não demorou para que percebessem um movimento próximo a uma pilha de Entulhos os policiais se aproximaram rapidamente e quando chegaram perto o suficiente finalmente o viram Valdir estava agachado entre arbustos e pedaços de madeira tentando seu rosto estava suado e ele parecia ter
dificuldade para respirar como se estivesse prestes a correr mas sem saber para onde no momento em que percebeu a aproximação dos policiais tentou se levantar e dar um passo para trás mas não teve tempo de reagir dois agentes o imobilizaram no mesmo instante e o jogaram contra o chão prendendo os braços com firmeza Fique onde está você está preso policiais enquanto encaixava as algemas em seus pulsos Valdir não lutou seu corpo estava tenso mas ele sabia que não havia mais saída o jogo havia acabado com a viatura esperando do lado de fora Valdir foi levantado
do chão e escoltado até o carro sua tentativa desesperada de fuga havia falhado agora Não restava mais nada a fazer a não ser enfrentar as consequências de seus crimes após a prisão de Márcia e Valdir os assistentes sociais começaram a organizar a papelada para decidir o futuro de Enzo ele não poderia voltar para casa e enquanto um orfanato adequado era providenciado foi levado para um abrigo temporário o local era seguro mas impessoal e mesmo com os funcionários tentando tranquilizá-lo o menino estava assustado Enzo mal falava sentado no sofá da sala de espera encolhia-se com os
joelhos dobrados contra o peito segurando com força o carrinho Azul entre os dedos pequenos era sua única conexão com um mundo que não existia mais seu olhar evitava Qualquer um que se aproximasse como se temesse que fosse levado de Volta Para onde esteve Isabela observava de longe sabia que os processos burocráticos levariam Dias talvez semanas até que encontrassem um destino definitivo para ele assistiu quando uma assistente social se aproximou e tentou lhe oferecer um lanche mas o menino recusou mantendo a cabeça baixa o corpo tenso ele não confiava em ninguém o peito de Isabela apertou
ela já havia acompanhado muitas crianças vítimas de abuso mas algo em Enzo a tocava de forma diferente talvez fosse sua idade Sua fragilidade ou a forma como segurava Aquele carrinho com tanta força como se fosse a única coisa que ainda lhe pertencesse a inocência dele ainda estava ali mas havia sido profundamente ferida uma das assistentes sociais se aproximou dela segurando uma pasta com documentos Enzo seria encaminhado para um orfanato assim que o processo fosse concluído onde permaneceria até que alguém estivesse disposto a adotá-lo a ideia de vê-lo perdido no sistema passando de um lar temporário
a outro fez um incômodo crescer dentro de Isabela ele já havia passado por muita coisa olhando para ele novamente sentiu que não poderia simplesmente deixá-lo ali não naquele momento ele não precisava apenas de um teto ele precisava de um lar ainda que temporário Precisava de alguém que o fizesse sentir seguro sem pensar muito tomou uma decisão pediu que preparassem os documentos para que ele ficasse sob sua aguarda até que um novo lar definitivo fosse encontrado a assistente hesitou surpresa com o pedido mas percebeu que Isabela não voltaria atrás em poucas horas tudo estava formalizado quando
o processo foi concluído Isabela caminhou até Enzo ele ainda estava no sofá Os Pequenos dedos girando as rodas do carrinho sobre o tecido gasto seus olhos grandes e assustados subiram lentamente Para encará-la quando ela se abaixou ao seu lado Olá querido você ficará na minha casa por um tempinho tá bom lá terá dois amiguinhos para você brincar Aposto que vai gostar Enzo observou seu rosto por alguns segundos como se tentasse entender se era verdade depois baixou os olhos pensativo seus dedos tocaram as rodinhas do carrinho mais uma vez antes de soltá-lo no colo e com
um leve sorriso tímido segurou a mão de Isabela ela sentiu a fragilidade no toque dele e apertou sua pequena mão com delicadeza garantindo que ele sentisse segurança quando estavam saindo do Abrigo o menino olhou para ela e perguntou baixinho e a minha mamãe Isabela respirou fundo antes de responder ela terá que ficar longe por um tempo ela e o Valdir Enzo apenas concordou em silêncio não chorou não questionou apenas aceitou com sua inocência de criança sem fazer mais perguntas e juntos eles deixaram para trás o passado que Enzo nunca deveria ter tido a viagem até
a casa de Isabela foi silenciosa no banco traseiro do carro Enzo segurava o carrinho Azul observando as ruas com o olhar distante o mundo passava pela janela mas ele não parecia realmente enxergá-lo quando chegaram Isabela estacionou o carro e virou-se para ele com um sorriso Gentil Ele olhou para a casa com cautela como se avaliasse se era seguro entrar A Porta Se Abriu antes que pudessem sair do carro e duas pequenas figuras surgiram correndo pelo quintal eram os filhos de Isabela uma menina de 8 anos chamada Sofia e um menino de 6 anos chamado Miguel
eles estavam curiosos para conhecer o novo amiguinho mas hesitaram ao ver que Enzo não reagia de imediato Oi você quer brincar com a gente perguntou Sofia com seu jeito animado Enzo não respondeu de imediato seus olhos passaram de um rosto para o outro e então voltaram para Isabela buscando alguma confirmação eles são legais Você pode brincar com eles quando quiser Enzo não disse nada apenas saiu do carro devagar ainda segurando seu carrinho a casa era a conchegante cheia de pequenos detalhes que traziam um ar acolhedor no corredor desenhos das crianças estavam presos na parede alguns
rabiscados com gis de Cera e assinados com letras tortas havia brinquedos espalhados pelo chão e o cheiro de bolo de chocolate tomava o ar Isabela guiou Enzo até um quartinho preparado para ele não era muito grande mas havia uma cama confortável alguns bichinhos de pelúcia e um pequeno tapete colorido no chão Esse é o seu espaço você pode brincar aqui descansar o que quiser o menino observou o quarto em silêncio sentou-se devagar na cama testando a textura do colchão como se nunca tivesse deitado em algo tão macio Isabela não o pressionou apenas deixou que ele
sentisse que aquele lugar era seguro com o passar das horas a mudança começou a acontecer no começo Enzo apenas observava os filhos de Isabela brincando depois de um tempo Miguel empurrou um carrinho de brinquedo em sua direção sem dizer nada Enzo olhou para ele hesitou por um segundo e lentamente pegou o carrinho o tempo foi passando e antes que percebessem Enzo já estava sentado no chão ao lado das outras crianças empurrando os carrinhos pelo tapete deixando escapar pequenos sorrisos entre uma brincadeira e outra Isabela observar tudo da cozinha sentindo um alívio imenso percorrer seu corpo
pela primeira vez via aquele menino sorrir enquanto Enzo tentava se adaptar à Nova Vida Thor também recebeu uma segunda chance o cachorro foi resgatado pela polícia no mesmo dia da prisão de Valdir e levado para um abrigo de animais onde aguardaria por adoção agora ambos tentavam deixar os traumas para trás os dias se transformaram em semanas e as semanas se tornaram meses o que era para ser uma estadia temporária foi se tornando parte da rotina de Isabela e de seus filhos Enzo já não era mais uma presença estranha na casa ele fazia parte dela as
mudanças nele eram visíveis antes retraído agora corria pelo Quintal com Sofia e Miguel ria alto ao brincar de pega pega e se aventurava em histórias imaginárias com seus carrinhos seu olhar antes apagado Agora brilhava com a inocência que uma criança deveria ter a cada dia que passava Isabela percebia que não conseguiria deixá-lo ir o vínculo entre os dois se tornou natural Enzo a chamava quando precisava de algo confiava nela para ler uma história antes de dormir e sem perceber passou a chamá-la de tia Bela na primeira vez que ouviu isso Isabela sentiu o coração apertar
naquela noite enquanto arrumava a cozinha do jantar Isabela observava os três brincando na sala Enzo não era mais aquele menino frágil e perdido que entrou no consultório dela meses atrás agora ele tinha um lar mas oficialmente ainda aguardava um destino definitivo a ideia de vê-lo indo embora para uma casa desconhecida para os braços de pessoas que talvez não compreendessem sua dor era insuportável mas ela não iria permitir isso ele já pertencia a aquele lugar aquelas pessoas foi então que tomou sua decisão iria adotá-lo no dia seguinte Isabela foi até o serviço de assistência social e
iniciou o processo de adoção já havia passado por todas as avaliações necessárias pois era considerada uma tutora temporária agora só precisava formalizar tudo e garantir que Enzo tivesse um lar permanente o processo levou alguns meses passando por todas as formalidades exigidas pela lei foram audiências entrevistas e papéis assinados Mas no fim tudo correu bem Enzo enfim tinha uma família de verdade agora ele possuía um lar definitivo tinha uma mãe que o protegia dois irmãos que brincavam com ele e um futuro completamente novo pela frente o menino ainda carregava marcas do passado mas com a ajuda
da psicóloga e o amor de sua nova família ele estava aprendendo a ser apenas uma criança outra vez enquanto Enzo recomeçava sua vida aqueles que o feriram enfrentavam as consequências de seus crimes Márcia e Valdir foram condenados e enviados para presídios diferentes onde passariam muitos anos atrás das grades Valdir ao chegar à prisão logo teve seu destino celado assim que os outros detentos descobriram o motivo de sua condenação ele foi brutalmente espancado preso J não toleravam crimes contra crianças e dentro daquele ambiente ele não era nada além de um alvo seus dias na cadeia eram
vividos entre o medo e a humilhação o homem que um dia se achou poderoso agora era desprezado por todos Márcia por sua vez também não teve uma vida fácil na prisão desacreditada traída por Suas Próprias Mentiras enfrentava Um Destino solitário e Cruel lá dentro ninguém se importava com suas desculpas ou tentativas de se vitimizar finalmente a justiça havia sido feita e eles estavam pagando dia após dia Pelos Pecados que cometeram E você acha que Márcia era inocente ou apenas uma cúmplice de Valdir preferindo o marido ao próprio filho deixe sua opinião nos comentários e antes
de encerrarmos Gostaria de mandar um beijo especial para Gabriel Vieira gade Telma e Sofia rosa que foram os mais participativos nos comentários da semana muito obrigado pelo carinho de vocês um grande abraço e até a próxima e se ainda não viu a história anterior Veja uma prévia do que aconteceu idoso entra em mercado usando apenas uma fralda e é ridicularizado por todos Porém quando descobrem quem ele é ficam chocados Clique na tela a seguir e acompanhe essa reviravolta impressionante Obrigado por assistir comente abaixo o que achou dessa história e de qual cidade você está nos
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