Especial Mundo em colapso com Ailton Krenak, Carlos Nobre e Daniela Chiaretti

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Agência Pública
Podcast traz compacto de mesa especial dos 13 anos da Agência Pública No último dia 13 de março, a...
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[Música] Olá ouvintes do pauta pública eu sou andr di T aqui dividindo os microfones com a Clarissa Levi que tá de volta Oi tudo bem Oi DIP Oi para todo mundo que tá nos ouvindo nossa muito bom est aqui de volta na verdade hoje eu e a Clara estamos apenas dando uma passadinha rápida por aqui porque o programa é especialíssimo semana passada a pública completou 13 anos de uma história que eu acompanho desde o começo e que tenho muito orgulho de fazer parte e para marcar essa data no espaço tucarena na PUC em São Paulo
na quarta-feira dia 13 a pública promoveu três mesas de debates importantes que refletem sobre desafios do Jornalismo e da Democracia nos tempos atuais o tema da primeira mesa foi desinformação e populismo digital uma conversa em que a cofundadora e diretora executiva da Pública Natália Viana mediou com a antropóloga Letícia Cesarino que Inclusive a gente já entrevistou aqui no pauta e também com a Nina Santos que é pesquisadora e professora da FGV na sequência o evento de aniversário da Pública teve uma outra mesa com o tema Como cobrir o governo de maneira equilibrada foi mediada pelo
repórter Rubens Valente e teve a participação da jornalista Juliana da aliva e da pesquisadora Fabiana Moraes E aí seguindo na programação aconteceu uma terceira conversa sobre o papel nosso dos seres humanos nas mudanças climáticas e sobre os desafios e ações que a gente deve encarar para evitar a nossa própria extinção foi um debate que contou com o ativista e escritor Aílton krenak O climatologista Carlos Nobre e a jornalista Daniela karet mediado pela chefe da cobertura socioambiental aqui da Pública Giovana Girardi o programa de hoje é então uma versão editada dessa conversa que celebrou o aniversário
da pública e trouxe uma porção de reflexões bem marcantes se depois de ouvir aqui esse episódio especial vocês quiserem conferir também as outras mesas de debates que eu comentei tá tudo disponível é só acessar o YouTube da agência pública vale muito a pena conferir esse papo em que o aon que falou sobre a necessidade de uma cosmovisão sobre esse tema e trouxe imagens bem vívidas de como de tanto comer a terra e os oceanos e se vê como uma espécie afastada das demais o ser humano caminha para o seu próprio fim o cientista Carlos Nobre
detalhou porque que é importante a gente chamar de antropoceno esse momento em que vivemos e o que nos espera para um futuro muito próximo conforme a temperatura do planeta for aquecendo e a Daniela que aret refletiu sobre o papel fundamental de pensar sobre comunicar PR as pessoas a gravidade do que a gente tá vivendo e por que é urgente uma mudança geral na nossa sociedade mas antes da gente ir para essa mesa aquele recado sempre importante siga ou assine o pauta onde você estiver nos escutando nos dê aquelas cinco estrelas e nos avalie onde você
puder e a melhor forma de nos fazer alcançar mais pessoas é esse boca a boca ou Zap Zap como você quiser uma outra ideia é indicar e compartilhar algum episódio que te marcou nas suas redes isso ajuda a gente demais recados dados vamos com Giovana Girardi lá pro tucarena na pauta de hoje Olá gente boa noite Você sabem que lá na redação o pessoal brinca que eu sou a editora do fim do mundo tenho até uma canequinha com esse nome mas a ideia aqui é não falar do fim do mundo né como evitar o fim
do mundo a gente tá aqui ainda bem numa sala com ar condicionado for todo mundo Talvez daqui a pouco comece a sentir um friozinho de manhã a gente estava com frio e mas a gente tá no meio de mais uma onda de calor né esses próximos dias devem ser muito quentes desde o de agosto desde julho do ano passado a gente vem enfrentando né uma onda de calor atrás da outra já estamos quase no outono talvez já não fosse para ter outra e a gente volta a ter e a gente tá aqui hoje com um
grupo bastante heterogêneo mas de pessoas que estão há muitos anos trabalhando exatamente sobre esses temas as mudanças climáticas estão correndo numa velocidade e a reação em outra há um descompasso entre o conhecimento e a ação como é que a gente pode sair disso então hoje a gente vai começar essa nossa conversa temos aqui como a gente já disse aon kren escritor e ativista do movimento socio Ambiental de defesa dos Direitos Humanos seus livros foram publicados em mais de 10 países é Doris causa pela UFMG e pela UFJF e agora a partir do dia 5 de
Abril um Imortal da academia Brasileira de Letras Carlos Nobre climatologista um dos maiores especialistas no Brasil não só em Amazônia como em mudanças climáticas foi autor de vários relatórios do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas do ipcc hoje continua pesquisando e buscando alternativas e tentando influenciar das de diversas maneiras foi pesquisador por muitos anos do IMP e Dani karet Daniela keret repórter especial e colonista do valor econômico ela cobre todas as conferências do clima da ONU desde 2008 ganhou prêmio Esso de informação científica e ambiental em 2011 numa reportagem feita sobre o Ártico e o impacto
da crise do clima na região polar bom eu vou começar a nossa conversa dentro dessa proposta principal que é o do evento do aniversário da Pública que é o jornalismo na linha de frente da democracia e aí eu queria pedir para vocês três refletirem um pouco sobre como que a crise climática pode ameaçar a democracia se é que a gente pode dizer isso sabemos que se por um lado as mudanças climáticas viram para todos elas já são e continuarão sendo piores para aqueles que já estão em situação de vulnerabilidade estamos falando de dois componentes que
andam juntos a justiça climática e o racismo climático Esse é considerado por muita gente como tema definidor do nosso tempo não atacá-lo em toda sua complexidade pode piorar as outras crises que já enfrentamos como humanidade Vocês acreditam que isso também poderia acabar erodindo com a democracia gostaria de ouvi-los sobre isso crenac se você puder começar por favor Boa noite pessoal o evento climático ele é uma realidade na nossa pele eh no nosso corpo no nosso território ele mata as pessoas ele deixa muita gente desabrigada o planeta hoje já tem a estimativa de cerca de 500
a 600 milhões de pessoas desabrigada preambulo no planeta se afogando nos oceanos levando tiro no México no Haiti na Palestina morrendo por aí os eventos extremos torrando a gente a 40º 45 50 60 eles vão ser cada vez mais incidente sobre todos nós mas os mais vulneráveis obviamente são os pobres o Galeano Eduardo Galeano dizia que as serpentes preferem picar o pé descalço ele não o pé de quem usa bota geralmente ele um pezinho descalço meio débil e débil é quase 1 bilhão de pessoas no planeta terra sem casa Sem Abrigo sem Território Sem cidadania
sem nada essa gente eu já chamei de subhuman é uma subhuman Ora se nós sabemos que já se constitui uma camada de nós humanos que não vai alcançar nunca a mínima uma condição de humano ele nunca vai ser respeitado em nada ele vai ser esmagado pela polícia ele vai ser abusado pelos governos onde cabe democracia nisso é como se a gente tivesse reclamando uma democracia que se a gente tiver que ir a Campo pegar uma amostra grátis a gente ia voltar com a mão vazia né a democracia tá talvez no século XX tenha sido um
apelo potente para obrigar as grandes agências a cumprir o mínimo de obrigação com as sociedades com a diversidade cultural com a diversidade econômica e tudo no paí no mundo mas as superestruturas como a ONU a Unesco a Organização Mundial da Saúde o Banco Mundial essa superestrutura elas não t mais nada a dizer sobre democracia porque elas não fazem elas não exercem democracia elas são superestruturas autoritárias que suportam a marcha do capitalismo no planeta comendo o corpo da terra comendo eu fiquei indignado quando eu tava participando de um comitê PR criação da reserva da biosfera da
Serra do espinhaço fizemos a proposta apresentamos a Unesco fizemos uma campanha junto a Unesco para que a Unesco reconhecesse aquele terrio que vai dali de onde é Belo Horizonte do daquele quadrilátero ferrífero e vai até a Chapada Diamantina é uma cordilheira e lutando para aquilo virar uma reserva da biosfera quando ao mesmo tempo a Unesco patrocinou uma reunião em Paris para discutir como é que eles iam fazer mineração em reservas de biosfera no mundo eu pensei bom qual que é da Unesco a Unesco é um comitê de mineradoras de oleiros então assim a ONU vocês
sabem muito bem quando os Estados Unidos decide a ONU faz o que ele quer então como é que nós vamos falar de democracia se os agentes eh os agentes estruturadores de uma política de uma ordem Global não querem a democracia viva né democracia onde nos Emirados Árabes democracia nas olimpíadas democracia em Paris então eh a gente talvez devesse fazer uma crítica epistemológica e nos perguntar se a gente tá dando um nome certo paraas coisas certa ou se nós estamos aceitando trazer do século XIX do século XX ideias para o século XX a a nossa historiadora
Liliam Schwartz ela escreveu um artigo eh o ano passado diz que o século X ainda não tinha começado Professor Carlos o século XX tava lá e a gente tava invadido por uma espécie de lama do século XX a mentalidade a maneira de governança o abuso com a democracia o desrespeito aos direitos humanos a banalização e da política ela escreveu esse artigo e ele ainda tá valendo eu acho que nós estamos no século XX não o século XX mais uma vez muito obrigado pelo convite uma honra estar aqui as mudanças climáticas ameaçam a democracia Deixa Eu
Dizer para vocês que não é as mudanças climáticas que afetam Democracia é a democracia que afeta as mudanças climáticas eu vou explicar para vocês por Peguei uns números aqui em agosto de 2023 um grupo de negacionistas de mudanças climáticas escreveram o documento publicaram aí vem quem mais assinou isso 321 dos Estados Unidos 86 da Alemanha 122 do Canadá 142 da Inglaterra 190 da Itália 102 da França os maiores aqui assinaram 60 70% dos 1600 foram Europa e América do Norte aí vamos olhar o outro lado China quantos assinaram três índia cinco Japão quat Coreia do
Sul 2 Indonésia 2 soma toda a Ásia não chega a 20 aí quando pega América do Sul Brasil foi o país que mais teve 20 Equador 1 Paraguai 1 Chile 6 Bolívia 1 todos os outros países da América do Sul zero quer dizer veja que isso não tem a ver com democracia China não é democracia tem a ver com cultura com cultura a cultura asiática é muito mais preocupado com o risco das mudanças climáticas do que a cultura que o krenak já falou o poder do capitalismo no mundo principalmente da Europa e da América do
Norte e parte até da América do Sul quando a gente Olha esses 1600 negacionistas o número de cientistas aqui dentro é bem pequeno quando a gente olha mudanças climáticas acima de 99% dos cientistas são totalmente preocupados com as mudanças climáticas e sabem que somos nós que estamos causando onde que eu admito que nós estamos correndo um enorme risco é Na democracia o chamado populismo por quê Porque infelizmente nos últimos 25 anos há um grande crescimento das eleições democráticas de populistas olha assim nos últimos anos populista aqui do nosso país disparamos as emissões dos gás de
efeito est 2020 as emissões caíram 5 a 7% no mundo por causa da pandemia o Brasil foi o país que mais aumentou emissões em 2020 no mundo puxa todo mundo lockd não o Brasil aumentou demais o desmatamento da Amazônia do serrado aumentou até as emissões da agricultura em 2020 depois continua aumentando em 2020 21 altas emissões até 2022 os 4 anos nos Estados Unidos do governo populista do trump durante Barack Obama as emissões vinham as emissões dos gáses efeitos estva vinham reduzindo devagarzinho mas vinham reduzindo nos 8 anos do Barack Obama depois voltaram a subir
no governo trump que que o trump falou ontem ou anteontem ele falou do dia seguinte que ele for eleito ele Explode a abertura exploração de petróleo carvão e gás natural nos Estados Unidos Argentina me lei durante a campanha falou que ia tirar a Argentina do acordo de Paris Nós estamos vendo o populismo crescer no mundo inteiro Portugal acabou de crescer populismo de extrema direita Holanda Suécia Então veja bem isso não é democracia essas pessoas todas são eleitas na democracia Então existe um debate e uma dúvida por que globalmente nós estamos elegendo tantos presidentes populistas A
grande maioria de extrema direita mas de extrema esquerda também tem presidentes populistas de extrema esquerda que são negacionistas de mudanças climáticas Então esse é um enorme desafio os Estados Unidos as Pesquisas mostram 65% dos americanos são preocupados com mudanças climáticas e esses americanos vão eleger um presidente já elegeram uma vez talvez reele Jam esse ano um presidente negacionista tirou os Estados Unidos do acordo de Paris e pode ser reeleito e já avisou que vai acabar com tudo vai tirar de novo os Estados Unidos do acordo de Paris isso tá acontecendo no mundo inteiro por mais
que a gente esteja muito preocupado o Brasil por exemplo é um dos países que tem a população mais preocupada nós estamos entre os cinco países do mundo quando faz pesquisa de opinião acima de 85% dos brasileiros agora lá antes do governo anterior eram mais de 90% dos brasileiros eram preocupados com mudanças climáticas dos mais dos cinco maiores países do mundo com preocupação elegemos um presidente negacionista e que vocês talvez se lembrem em novembro após eleito de 2018 anunciou seguindo o grande ídolo dele dos Estados Unidos que o Brasil ia sair do acordo de Paris como
o o presidente milei da Argentina felizmente o Brasil não saiu do acordo de Paris assim como a Argentina também não saiu do acordo de Paris então eu quero colocar Giovan esse que me parece ser um enorme Desafio o populismo crescendo no mundo não é a democracia afetando o risco das mudanças climáticas é o populismo político afetando demais a democracia e o combate a essa maior emergência que nós humanos já enfrentamos certo Obrigada Professor Dani agora você tinha me contado que é um tema que você vem pesquisando bastante né Muito obrigada pelo convite é um prazer
tá com com Ailton e Professor Carlos É uma honra e obrigado pelo convite da Pública o que eu queria dizer só só trazer alguns números esse tem sido 2024 tem sido eh chamado pelos analistas políticos de o ano eleitoral mais importante do século metade das da 4 bilhões de pessoas no mundo vão às urnas esse esse ano de alguma maneira Olha gente do presidentes ou primeiros ministros ou votos distais ou como nós prefeitos vereadores e tudo são 4 bilhões de pessoas em 40 países então é um ano eleitoral muito importante e uma pauta que como
a gente tá vendo aqui a não ser muito raramente não elege não não não tem sucesso na zo mas por vários motivos assim Diferentes né Eu queria chamar atenção Carlos NOB Já falou um pouco sobre isso mas além desses países que ele elencou e Portugal agora tem uma Estados Unidos tem uma eleição importantíssima em Junho que é a eleição do Parlamento europeu e o Parlamento europeu eh é a união europeia é o bloco hoje eh considerado mais na Vanguarda né para para esses temas e tecnologias e enfim eh mais conscientes vamos dizer assim tudo entre
aspas mas isso tá em cheque na população europeia eh muito fortemente por diferentes motivos né então por exemplo na Alemanha como vocês sabem Os Verdes estão no poder numa coalizão com os liberais e com os sociais Democratas e a a guerra na Ucrânia fez com que o gás virasse uma coisa os in noos alemães né o primeiro inverno a Alemanha sabia que ia conseguir passar bem mas o segundo não então Os Verdes tiveram que ir atrás de gás Lico efeito de petróleo porque o grande problema hoje da transição na Alemanha não é tanto indústria não
é tanto eh carros mas é edifícios aquecimento então acostumado a cobrir eh no valor eu escuto muito um discurso que enfim me incomoda também que é a crise climática trará muitas oportunidades eh ela é desconfortável para mim e desconfortável porque por razões óbvias né oportunidades para quem e que tipo de oportunidades o fato é que ela traz muitos sacrifícios e as pessoas na Europa por exemplo estão enxergando esses sacrifícios imediatamente nas contas de combustíveis nas contas de de eletricidade e o que a gente tá vendo é um recuo então há poucos dias no mês passado
a a a comissão europeia ursela van derlin que é presidente da Comissão europeia ela recuou numa proposta de eles tinham lá a meta de reduzir pela metade o uso de agrotóxicos até 2030 vocês viram todos nós vimos os comboios de tratores em todas as capitais europeias em janeiro num movimento muito orquestrado porque existe muito organização e aí isso fez a comissão europeia recuar e a Úrsula van derline naquele dia disse precisamos ouvir os nossos agricultores eles estão se sentindo acuados no canto e uma coisa muito interessante para pessoas de comunicação nós não estamos comunicando isso
de maneira adequada e eficiente ela fez uma autocrítica não é só uma questão de comunicação uma questão de sacrifício eh e como oon Ken pontuou muito claro as pessoas mais pobres eh sofrem mais sacrifícios são maiores e e e essas pessoas vão vão às ruas então tem coisas interessantes acontecendo que é o seguinte o Johan roxon que o Carlos no conhece muito bem um grande climatologista Sueco famoso pelas pelas Barreiras pelas os limites néos limites eh eh que nós estamos ultrapassando e englobando tip p que é os pontos vamos dizer assim de não retorno ou
os pontos em que as coisas se transformam de outras maneiras um dos uma das Barreiras que ele estuda um dos dos tipping points é o tipping Point social por quê Porque a crise climática Nós estamos vendo aqui a gente tá vivendo isso a crise da saúde né num país já com dificuldades em saúde e essa tremenda epidemia de dengue agora né e e com sistema complicado como o nosso com problemas de educação com problemas de transporte tudo tudo isso a a crise do clima agrava ela agrava os problemas que a gente já tem E aí
só para dar alguns números para vocês em 2023 os investimentos em descarbonização das economias globais chegaram a 1.3 trilhão de Dólares desse Total só 6% veio paraa América Latina a o o o percentual que foi pros países africanos é traço esse dinheiro foi pros Estados Unidos pra União Europeia e pra China que é uma economia emergente fortíssima e muito atenta a essas questões ou seja o dinheiro que tem descarboniza economias já fortes e já ricas então se a crise climática é uma ameaça à democracia sem sombra de dúvida Na minha opinião n assim não há
menor dúvida disso gente já vamos voltar para essa conversa sobre antropoceno e mudanças climáticas mas antes eu queria aproveitar que você tá aqui acompanhando essa mesa dos 13 anos da agência pública e te fazer um outro convite toda semana além de ouvir aqui o pauta pública você também pode conferir nos tocadores de podcasts as colunas da Pública para ouvir são colunas em áudio da nata do Rubens Valente da Giovana girarde e da Marina Amaral que você pode escutar agora na própria voz de quem as escreve procura aí no seu aplicativo Colunas da Pública para ouvir
e clica em seguir aí toda semana você vai receber quatro novas colunas que trazem pensamentos provocações e reflexões sobre assuntos relevantes do mundo político social sempre com as análises aprofundadas e um olhar característico aqui da Pública Eu imagino que vocês que escutam o pauta pública vão gostar e depois conta aqui nos comentários se as colunas fizeram senti ido para vocês também Colunas da Pública para ouvir e aí eu queria agora eh começar pelo pelo professor nobi porque a gente falou aqui um pouco de desinformação a gente falou um pouco de negacionismo e na semana passada
aconteceu teve destaque no noticiário uma história que foi interpretada por alguns eh como Talvez um negacionismo e e eu vi que causou muito barulho em quem escreve sobre clima em quem fala sobre clima que foi o debate sobre o antropoceno não sei se vocês acompanharam mas existe uma uma discussão já já havia 15 anos uma discussão sendo feita na academia entre geólogos para discutir se a gente estaria chegando numa nova época geológica igual a gente teve eh o triásico como a época dos dinossauros né a gente tem os os momentos históricos e a gente talvez
tivesse uma outra uma outra a época geológica que seria o antropoceno como a época dos homens a gente teria um impacto tão grande na no que tá acontecendo no planeta que a gente estaria inaugurando uma nova época geológica E aí eh tinha uma subcomissão dentro da união internacional de ciências geológicas que decidiu que ainda não era a hora de falar que a gente entrou no antropoceno o Professor Carlos Nobre estava como membro dessa subcomissão lá na sua origem né Professor E e essa expressão acabou caindo um pouco na boca do povo né a gente fala
em antropoceno talvez meio sem entender muito bem o que é mas ela meio tá sendo incorporada E aí eu queria ouvir do Senhor primeiro assim por que seria importante ter essa definição consagrada e e se pode haver um impacto negativo dela não ser adotada se isso poderia alimentar eh o negacionismo Então queria ouvir um pouquinho o senhor sobre essa história Olha o que que foi isso é um ganhador do prêmio Nobel 19 meio do dos anos 90 Professor Paul kuten quando ele ganhou junto com outros dois Foi aí que ele lançou meados dos anos 90
que nós já teríamos entrado no antropoceno a ideia o conceito e aí simbolicamente muito se marcou Quando que o planeta entrou no antropoceno foi no final dos anos 40 assim mas isso é simbólico o que que foi tem um lago muito profundo no Canadá que é um dos lugares mais bem estudados para medir todas as as épocas geológicas do planeta porque tem todo o sedimentos que vão se acumulando ali e vai se medindo tudo ali o tempo o ano o que tinha cada sedimento e o que que aconteceu no final dos anos 40 com as
explosões de bombas nucleares ainda naquela época fizeram faziam teste explodiam na atmosfera aí resíduos nucleares chegaram e foram até o fim desse Lago aí se resolveu simbolicamente dizer a partir do momento que chegam os resíduos nucleares ali Nós entramos no antropoceno E aí o a união internacional de Geologia Eles querem ver as essas épocas geológicas não tem nenhuma que acontece na escala de séculos ou décadas ou séculos elas sempre acontecem na escala de pelo menos dezenas de milhares de anos então por exemplo se a gente vai na última época o pleistoceno foi a época Glacial
que nós tivemos aí a época Glacial ela foi o pico 23 25.000 anos atrás aí depois em 12.000 anos saiu da temperatura que era 56º mais fria na época Glacial aqueceu 5 6º E aí entrou numa época de muita estabilidade climática que geólogos chamaram de holoceno holoceno deu uma enorme estabilidade climática no planeta E aí o que que o holoceno também fez o desenvolvimento da agricultura e com a agricultura grande parte dos humanos não precisavam cultivar e começaram a formar as cidades as comunidades etc Então essa é a história do holoceno a importância da estabilidade
climática do holoceno para isso então os geólogos ficam contando que eles precisam olhar alguma mudança que possa ocorrer em 10 20.000 anos mas não é o caso Veja bem se a gente continuar com as emissões nós vamos chegar em 2100 com 4 graus de aumento veja bem em 100 anos nós vamos ter Quase que o mesmo aquecimento que leva eh levou 12.000 anos para sair da época Glacial e chegar na nossa interglacial então é uma coisa muito mais rápida e também e aí vem o que eu quero terminar dizendo por que antropoceno na evolução biológica
do planeta desde que os nossos antepassados os primatas o homere evoluam alguns milhões de anos nunca a temperatura chegou ao que pode chegar no século X esse por exemplo 4 gra mais quente Então o que que isso significa que se a temperatura passar de 4º praticamente todo o mundo Tropical é inabitável o que que é inabitável significa que a temperatura e a umidade atinge um nível que o nosso corpo não perde mais calor É estresse térmico um bebê e uma pessoa idosa sobrevive meia hora no stresse térmico uma pessoa saudável a adulto 2 horas se
nós chegarmos a 4º todos os trópicos todo verão do Hemisfério latitudes médias em todo o planeta só haverá habitabilidade no topo dos Andes dos Alpes na Antártica e no Ártico então é muito difícil a gente colocar o planeta numa situação dessas e dizer que não é uma outra época geológica antropoceno nós estamos colocando o planeta veja bem eu tô falando só humanos se nós chegarmos a 4 G no século que vem nós vamos causar a quinta a sexta maior extinção a quinta foi 62 milhões de anos atrás caiu aquele super asteroide o asteroide elevou a
poeira num nível tão grande mas quanto tempo levou pra extinção dos Dinossauros 2 A 3 milhões de anos o processo de causar a quintto extinção foi milhões de anos nós vamos causar a sexta maior extinção em 100 anos no meio do século XX nesse caso que a temperatura já terá passado muito de 4º por quê Porque se nós chegarmos nessa temperatura nós vamos perder a Amazônia desaparece Amazona vai gerar uma grande quantidade de carbono o solo congelado da da Sibéria da do Canadá chamado permafrost vai descongelar e jogar uma gigantesca e o enorme risco o
fundo dos os oceanos principalmente do ártico tem uma quantidade gigantesca de metano se a temperatura do Oceano subir 3 4º esse metano sobe e se nós chegarmos nisso no meio do século XX a temperatura do planeta sobe até 10º é se não tem como não chamar isso de antropoceno e eu termino dizendo nós estamos tão próximo dessa extinção que fica difícil imaginar porque que não pode se chamar antropoceno com 1,5 nunca o oceano os oceanos globais tiveram a temperatura que eles têm hoje nesse nível só vou dar um exemplo quando o oceano atingir 1 gra
e me extingue 80% de todos os Recifes e Corais e se atingir 2 gra 2 Gra se nós continuarmos com as emissões e com os compromissos que os países as suas declarações lá que cham ndc suas metas voluntárias de redução das emissões nós vamos chegar a 2 gra 2,4 2,6º em 2050 vai desaparecer mais de 50% da Amazônia Mas assim mesmo muito antes disso quando chegar em 2 gra extingue todos os Recifes de corais temperatura dos oceanos nós estamos muito próximos disso então eu vou dizer fica muito difícil quando a gente olha o planeta como
um todo quando a gente olha as espécies milhões e milhões de espécies da biologia Até nós humanos chegar passar de 2 gra chegar a 4 gra é uma sexta extinção é muito difícil não chamar isso de antropoceno porque não é natural é ação humana que está causando aquecimento [Aplausos] global todo mundo bem eu tô eu só fiquei pensando assim Nossa isso deve ficar causando um di is Ero nas pessoas eu sinto eu eu às vezes perco sono assim pensando nisso Ken eu queria que você falasse um pouco sobre essa visão de antropoceno da perspectiva de
quem propôs ideias para salvar para evitar o fim do mundo quem vive em contato com a natureza vive em contato com as florestas percebe isso de um modo muito mais Sutil e muito mais rápido talvez do que quem vive na cidade tem a capacidade de de sentir Vocês conseguem sentir na pele como você disse né O que é o antropoceno queria que você falasse pra gente um pouco mais sobre isso eu acompanhei atentamente a viagem eh que o professor carnos nos levou a entender o que a ciência ocidental reflete sobre o tal do antropoceno e
achei muito interessante porque porque ela mede mede em detalhe tem uma fita métrica que permite a ciência eh medir conferir e eventualmente até desautorizar dizendo não a metade do planeta já morreu mas a ciência pode dizer não ainda não morreu porque aquele ponto ali ó não chegou tá bom E isso acontece em 120 milhões de anos não dá para fazer isso em 120 anos acontece que nunca na história do planeta nenhum organismo espertalhão como nós os humanos aceleraram tanto as mudanças então assim como fazendo uma analogia assim como o professor Carlos entende que não é
a democracia que ameaça que não é não são as mudanças climáticas que ameaçam a democracia mas é a democracia que ameaça as mudanças climáticas a analogia seria não são as eras geológicas que produzem o antropoceno mas é exatamente a existência de um organismo espertalhão que é o homo sapiens que produz o antropoceno Muito provavelmente por uns 10 Talvez nos últimos 30 40.000 anos o humano achava que a Terra era um lugar sagrado ele tinha medo do raio do vão da Tempestade ele tinha medo da mudança da cor do pô do sol quando o sol se
punha de uma maneira diferente uma humanidade inteira saía zoando pela terra talvez naquele tempo em que eles eram nômades ou nós nômades quando todo mundo ficou esperto Dominou a agricultura pegou o metal começou a fazer essa farra toda deixar de tratar a vida no planeta como uma experiência Sagrada e passaram a acreditar que a que o planeta que a Terra é um organismo plástico uma coisa plástica que a gente pode esticar dobrar enrolar derrubar montanhas comer o Evereste tirar o Himalaia acabar com essas montanhas nossas aqui com as Cordilheiras tudo comer os oceanos acabar com
as florestas não foi uma ação geológica que fez isso fomos nós os humanos que fizemos isso então esses conselhos de cientistas que dizem não teve ainda o grau de alteração para dizer que é uma era Ou antropoceno eles estão trabalhando com a métrica deles mas lá por volta de 92 eu recebi o havia no mame ali no Butantã tinha uma casa ali que chamava casa do sertanista e nós tínhamos ocupado a casa do sertanista e instalado a Embaixada dos povos da floresta lá eu de certa maneira assumi de maneira autoritária e nada democrática essa Embaixada
eu era um Embaixador dos povos da floresta por minha própria conta ninguém foi lá me desautorizar então eu tava lá vinha o osmarino Amâncio vinha o Chico Mendes vinha todo mundo eles admitiam que aquele lá era Embaixada dos povos da floresta o Conselho Nacional do seringueiro o Davi Yanomami os parentes do Xingu e lá tava a Embaixada dos povos da floresta chega lá o Davi visita uma instalação que um artista chamado Benê Fonteles tinha feito que era um círculo desse tamanho que nós estamos aqui nessa plataforma com terra vermelha que ele arrumou uns caminhão de
terra vermelha muito limpinha e bonita e botou lá depois ele trouxe farinha Aquela farinha grossa farinha de Iriri trouxe Farinha do Pará também e botou uma auréola de farinha depois ele botou um cocar ele enfeitou toda aquela aquela espécie de biosfera eh com essas coisas todas e o Davi veio para fazer uma fala acompanhando a gente aí isso há 40 anos atrás 30 e tantos anos atrás vamos lá 991 aí o Davi fala os humanos Estão queimando o peito do céu ele é um chaman né tão queimando o peito do céu é lógico que a
maior parte daquela audiência ficou os humanos queimando o peito do céu e tal aí ele já estão fazendo um buraco O que é interessante e e o Professor Carlos sabe é que por essa época foi quando começaram a dizer que nós estamos estávamos acabando com a camada de ozônio que protege a biosfera do planeta aqui né os Zom estavam vendo isso e não era do painel do clima que eles estavam vendo eles estavam vendo isso da floresta das experiências que eles estavam vivendo dentro da floresta assim como os nossos parentes cientistas do Alto Rio Negro
já estavam reclamando do desaparecimento de vários eh indicadores de cada época do ano tem aquele filminho feito lá no Xingu para onde foram as anduras e e que denuncia é um marcador que denuncia que alguma coisa grave tá acontecendo porque o ciclo de aparecer e desaparecer uma espécie na floresta de se desaparece uma coisa dessa para Esses povos antigos é uma mudança geológica uma mudança climática que eles não vão usar esses termos Claro porque esses termos têm dono e eles T dono é por isso que é geológica então a autoridade para falar disso é o
geólogo agora e se o o nome da coisa não fosse mudança geológica Era geológica fosse por exemplo uma era sensibilidade cósmica o essa coisa que você não acha que você vive só dentro de uma esfera as cosmovisões para mim elas têm muito mais alcance do que uma apreciação geológica mas talvez nenhum cientista vai ser capaz de negar a evidência de que nós estamos comendo o corpo da terra feito uma peste e a última vez que eu abordei o tema eu disse que daqui uns 20 30 anos as pessoas vão derreter feito lesma na calçada o
calor vai est tão chapante que um cara sai de casa e derrete na calçada para um geólogo Isso deve ser um escândalo até que o próprio geólogo derreta na [Risadas] [Aplausos] calçada Dani na minha na minha proposta aqui eu queria te perguntar sobre Acho que até Aproveitando né tudo que a gente ouviu do Professor Carlos Nobre tudo que a gente ouviu do aon kren a certeza é tão grande né a gente tem tanto conhecimento a gente tem tanto estofo a gente tem tanto material tanto evidência e eu sinto isso e eu sei que você sente
também e como é difícil comunicar sobre isso né quando a gente de um tema que talvez provoque muito efeito que nem aquele filme não olhe para cima eu sei que você você reflete muito sobre essas coisas e eu queria te perguntar um pouco sobre o que que você aprendeu cobrindo tantos anos esse assunto como torná-lo atraente como como fazer as pessoas entenderem isso e ainda mais como falar desse assunto que que é um dos maiores desafios que a gente tem como humanidade hoje quando a gente enfrenta uma máquina muito bem azeitada de desinformação é um
eterno aprendizado então por exemplo quando eu comecei na folha na na r92 né tinha lá As convenções que iam ser feitas de clima de biodiversidade eu me lembro muito bem que os editores falavam o que que é biodiversidade você tem que explicar o que é biodiversidade daí eu falava Ah é diversidade biológica Ah tá então tá bom então eu lembro que era um problema porque eu transformava uma palavra curta em duas maiores e nada cabia direito no jornal Mas tudo bem naquele momento era um momento de tentar explicar coisas e conceitos certo amente não é
mais o momento que a gente vive hoje depois teve um momento me lembro muito bem esse assunto saiu eh saiu das páginas dos jornais e voltou no quarto relatório do ipcc eu acho e me lembro da Manchete da folha de um colega o Marcelo Leite que escreveu a culpa é nossa ou seja dos humanos naquele momento o ipcc mostrava que que o o o efeito os gases estufa esse isso que a gente táa vivendo era era um problema eh causado por nós me lembro muito bem dessa Manchete é genial a culpa é Nossa eu adorei
depois tentar traduzir um pouco né a ciência tentar traduzir um pouco o pensamento eh dos povos tradicionais indígenas Isso é Um Desafio né Você erra muito mas é o nosso trabalho né J de tentar e e depois teve esse momento essas informações por exemplo que Nobre passa que o Ailton passam elas são paralisantes por si né Como que você fala isso como que você como que você filtra isso depende do dia francamente tem épocas que eu acho que não que tem que ser dita a verdade e ela é paralisante e você corre o risco como
nos perguntaram né de não de não encontrar esperança e e e disseminar um pouco mais de pânico Mas isso é um lado dessa história o outro lado é que não a gente né pode tentar mudar pode tentar mudar a maneira que a gente consome mas tudo com assim com preocupação então por exemplo de um lado a gente tem que nós mudar tudo né Eh mudar tudo é uma é uma expressão que que te deixa eh para isado de car Mas é possível ir mudando aos poucos então por exemplo universidades universidades de eh arquitetura que não
estudem novos materiais que se adaptem à mudança do clima novos materiais que aguentem esse tranco ou que a gente continue por exemplo numa cidade maravilhosa como o Rio de Janeiro jogando esgoto pelo emissário sem pensar que o mar vai subir vai empurrar o esgoto para dentro Esse é um dos nossos problemas problemas né um Então tudo isso você tem que pensar os psicólogos Eu Me Lembro uma vez eh foi uma uma pergunta do de um de um repórter do Guardian e eu tava entrevistando o secretário-geral da ONU junto com alguns outros colegas e ele tava
lá e ele perguntou veja os jovens greta thumberg os adolescentes estão indo pras ruas o senhor não se preocupa com isso com esse discurso essa essa maneira de comunicar é uma maneira que não é uma maneira só eh uma preocupação só nossa dos Jornalistas é dos cientistas é dos políticos preocupados com isso é de todo mundo então ele ele virou e disse me preocupo muito porque eles são adolescentes Eles já tão já estão no momento da vida em que tudo é sinistro tudo é e E além disso você joga uma crise dessas proporções uma emergência
climática no futuro deles né claro que eu me preocupo Então me ocorreu os psicólogos precisam começar a estudar isso sabe os psicólogos precisam começar a a trabalhar com crise de climática nas universidades isso tem que ser estudado tem que ser estudado de pequeno tem que tem que ir pras escolas públicas nós não temos tempo a perder Isso é para já olha por coincidência enquanto você tava respondendo chegou aqui uma pergunta falando de uma estudante de Psicologia a Sofia e ela fala inclusive abordando esse desconfortos e mal-estar psíquicos gerados por esse futuro de possível catástrofe gostaria
que o Ailton explorasse um pouco os nexos entre a saúde mental e as mudanças climáticas e a relação de unidade colocada por povos indígenas em relação à natureza que também somos e e fomos nos afastando eu percebo essa esses nexos essas relações de uma maneira muito tranquila eu quase que tem que fazer nenhum esforço Mental para entender isso porque é como se fosse respirar o evento de separar os humanos como uma espécie rara da natureza e a natureza uma coisa separada da gente eu vejo ele como um um abismo cognitivo essa expressão Abismo cognitivo Ela
já foi utilizada por alguém em algum momento para falar exatamente desse Campo que você estuda que é a psicologia ao modo de adoecimento da mente né a Organização Mundial da Saúde revela que hoje no planeta inteiro o diagnóstico mais crescente é sofrimento mental então se você encontra alguém que não tem sofrimento mental ele é uma excepcionalidade num planeta doente de gente doente o adoecimento do planeta no sentido juntando gente com os outros organismos todos aquela totalidade que o professor Carlos falou compreender essa totalidade que são todos os organismos os microorganismos os bilhões de seres que
não são nós e que a gente se separou deles essa separação psicologia vai explicar muito melhor isso é o primeiro adoecimento depois vem os outros é lógico que essa essa essa ruptura ela aconteceu massivamente com quase todos os povos do planeta Mas excepcionalmente algumas pequenas constelações de povos que ainda cantam dançam para suspender o céu eles têm uma capacidade de manter-se nessa visão como Davi e homam me fala né o peito do céu o céu caiu virou o chão aí um outro céu aí depois aquele céu cai em algumas dessas tradições esse chão que nós
estamos pisando Já é a terceira edição da terra muito diferente do que os geólogos acham os geólogos acham que só tem uma esfera A Fera e a esfera A Fera somos nós comendo a esfera pros nossos povos essa unidade eh digamos ontológica de ser não separa nada é por isso que essas pessoas falam Ah mãe Terra quando os colonos Ingleses eh europeus chegar no norte da América eles encontraram uns povos lá que chamava terra de Mãe Terra quando chegaram lá em matupit nos Andes encontraram um povo que chamava terra de Mãe Terra em alguns outros
continentes Mãe Terra esses europeus que criaram a lógica a geológica a psicológica eles estão todos doentes me desculpem e as nossas universidades elas são um desastre Olha bem nós estamos uma estrutura aqui que é tudo ferro cimento e uns outros materiais aí que é tudo extraído disso que a gente chama de natureza para fazer esses abrigos subterrâneos eh como se a gente já tivesse no nuclear adiantado Por que que num país tropical a gente tem que fazer um negócio desse Por que que nós não estamos num lugar alto cheio de Vento para todo lado alimentado
por diferentes fontes de energia os europeus estão com problema eles precisam esquentar a casa deles no inverno ou eles vão fazer isso com carvão ou vão fazer com gás e vão ficar lá se matando por causa disso agora quem vive num lugar que ninguém congela pelo menos ainda não por que fazer essas construções que tem que cortar a montanha fazer cimento cortar outra montanha fazer ferro cortar outra montanha fazer outra coisa artificial para produzir abrigos casas para nós é o princípio da do Abismo cognitivo as nossas universidades a Daniela falou as nossas Universidad deveriam ensinar
desde Tinha que acabar com todos os conteúdos de todas as disciplinas das Universidad começar tudo de novo uma escola de engenharia que só ensina a fazer essas cidades estúpidas deveria fechar uma faculdade de arquitetura que só reproduz essas coisas de Ferro cimento e vidro tá fazendo um atestado de que ela é incompetente e burra porque ela tá construindo cemitérios futuristas nós todos vão ficar enterrados nisso um dia então gente esses caras deveriam ser pagos por estar fazendo túmulos as nossas cidades jogando esgoto no oceano envenenando o ar empestando tudo é uma vergonha pra arquitetura Ampla
geral vieram duas perguntas aqui acho que talvez o professor Carlos poderia responder eh que é uma ideia se em vez de falar em antropoceno se não deveria se falar em Cap capitaloceno eh visto que as mudanças climáticas começaram a aumentar depois da Revolução Industrial se né O problema não é mais o o capitalismo e não necessariamente os humanos é as as duas perguntas são mais ou menos parecidas o senhor quer responder um pouquinho sobre isso olha Sem dúvida eu eu assim você pode podemos estar caminhando aquilo que eu já expliquei antes se nós deixarmos a
temperatura continuar a subir e e tem esses todos esses pontos de não retorno na COP 28 a universidade exeter da Inglaterra lançou um estudo belíssimo tem mais de 20 pontos no retorno a Amazônia é um deles então a gente realmente coloca o planeta num num num Eco suicídio Total nós somamos muito perto desse eco sío então é é o antropoceno se se matando Então vai mudar o nome pode mudar mas eu digo é isso é um antropoceno chegando muito perto de um de um de um ecos suicídio E como eu dei aquele exemplo do do
Recifes corais de Recife tá muito perto do suicídio do dos Corais de Recife e várias outras espécies eu falei só esse exemplo mas são inúmeras outras espécies Então realmente nós estamos caminhando para um para uma trajetória que nós não não podemos em hipótese nenhuma colocar eu não sei se você quer que eu faça um comentar um pouco eh nós vimos aí Daniela o crenac falando muito do pessimismo da da crise eh psicológica a crise de saúde tudo isso é verdade eu tô vendo aqui todos vocês aqui eu vejo muitos jovens e inúmeros estudos eles mostram
que os jovens estão ficando muito perturbados com a crise ambiental e com a crise climática em países termo novo né Professor tem até uma expressão nova para isso né que é a ansiedade climática né uma doença nov aned CL e o que tá acontecendo Principalmente nos países mais desenvolvidos é muito interessante que são esses países que eu citei que tem o maior número de negacionistas nesses países Europa Estados Unidos Canadá vários desses países é onde expandiu explodiu o número de suicídios de jovens isso é porque o nível de ansiedade dos jovens pro Futuro deles aumentou
demais e vários estudos mostram que a gente acaba às vezes sendo muito pessimista enquanto a gente é jovem adulto Mas quando passa dos 65 anos praticamente todosos idosos começam ficar otimistas eu tenho 72 e eu como Daniela falou ela me entrevista lá desde lá de trás década de 90 tudo eu era super pessimista Participei de seis dos relatórios do ipcc super Eu fui o que lancei aquela ideia lá no ano 90 do do Risco do desaparecimento da Amazônia o ponto de não retorno super pessimista mas olha eu vou dizer para vocês depois do 65 eu
mudei eh porque a gente não sabe quanto tempo nós vamos viver né Então não vamos cometer um Eco suicídio ou um próprio suicídio né se a gente continuar pessimista idoso Então deixa eu só dizer o que que é o meu ponto de vista hoje eu depois nos últimos anos comecei a desenvolver uma série de fiquei 35 anos falando do risco da Amazônia aí alguns anos atrás eu comecei a desenvolver projetos para manter a floresta em pé levei eu sou do Conselho de administração do BNDS levei a ideia que a ciência vem dizendo a importância de
restaurar as áreas desmatadas do mundo inteiro mas em especial da Amazônia levei essa ideia no conselho do BNDS e o BNDS lançou na COP 28 o maior projeto de restauração de floresta tropical do mundo floresta tropical Então eu só quero dizer diz que eu tô trabalhando muito e todos temos que trabalhar para buscar soluções tem duas perguntas aqui que eu acho que conversam um pouco com esse desafio e esse chamado que o professor Carlos no fez que é esse deveria ser o plano zero né isso deveria ser a a linha condutora de todas as políticas
públicas eh porque se se tudo não entrar dentro dessa dessa meta né não adianta nada se por exemplo zerar o desmatamento da Amazônia e a gente aumentar a exploração de petróleo por exemplo não adianta nada zerar o desmatamento da Amazônia e eh o senhor comentou que janeiro e fevereiro teve queda no no serrado mas o ano passado enfim foi muito alto e a gente sabe que os desafios para combater o desmatamento no serrado são muito diferentes da da Amazônia né E aí tem duas perguntas aqui que as pessoas eh acho que combinam um pouco da
Letícia e da Amanda Letícia fala como podemos mobilizar as pessoas eh por meio do jornalismo sabendo que a que o culpado é o sistema e as grandes empresas e não as ações individuais quão efetivas são as ações individuais ainda mais tendo em vista essa questão toda do do Green washing das medidas da né do da nova sigla do momento do esg tal qual que é o nosso grau de responsabilidade que que é o na verdade a responsabilidade de governos de empresas e tudo mais tenho duas ideias assim mais rápidas uma que eu acho primeira coisa
quando você me pergunta O que você aprendeu eu queria dizer o seguinte eu aprendi a ouvir mais quer dizer ouvir falar menos ser mais modesta menos arrogante e ouvir mais então Eh o Brasil por exemplo é muito competente em função da Embrapa e tudo a com a indústria de papel celulosa por exemplo eucalipto pinos a gente desenvolveu isso muito bem na hora de reflorestar a Amazônia a gente não vai bem a gente não sabe bem quem sabe são os povos indígenas eles sabem tem algumas sementes que demoram 2 anos para germinar Elas têm que ficar
na sombra então isso tudo é um desenvolvimento novo e a gente tem olha olha olha a riqueza né é um país que tem mais de 300 povos indígenas diferentes com conhecimentos enormes né então acho que a gente precisa não é só jornalismo sabe Giovana eu eu enxergo como uma mudança enorme da sociedade brasileira e de dos outros mas aproveitando o que a gente tem e a outra coisa É eu acho que existe um desafio muito grande num país dividido como o nosso polarizado para usar um termo bem batido é evidente pelo que a gente tá
ouvindo aqui que não se salva meia humanidade ou todo mundo entra no esforço ou não vai dar certo gente eu queria muito agradecer a presença de vocês três acho que foi uma conversa incrível e agradecer esse público maravilhoso que ficou aqui com a gente até agora gente lá em cima só lembrar a gente só tá realizando esse evento porque a pública tá aqui há anos porque a gente tem Aliados do nosso lado e é só com apoio deles que a gente faz jornalismo desse jeito sem amarras sem rabo preso sem medo também eu não sei
se vocês sabem mas quando a gente abriu H alguns anos a caixa preta do bolsonaro e mostrou tudo que ele queria colocar em sigilo por 100 anos foi o programa de Aliados da Pública que nos ajudou a financiar Essas matérias são os aliados que nos permitem est aqui fazendo essas perguntas hoje nos apoiem para que a gente possa continuar fazendo nesse jornalismo muito muito muito obrigada por todo mundo aqui com a gente [Aplausos] hoje este podcast é uma parceria da agência pública com a rádio guarda-chuva jornalismo para quem gosta de ouvir e chegou a hora
da gente recomendar um programa Da rádio guarda-chuva para você emendar na sua playlist aí depois do pauta aqui depois de um episódio que trouxe uma conversa sobre a necessidade da humanidade de escolher qual caminho quer seguir a dica que eu dou é aproveitar o papo sobre escolhas e ouvir o novo episódio da Rádio scafandro podcast comandado pelo Tomás chiaverini nesse programa que já tá aí nos tocadores a rádio scaf faz um mergulho na teoria de que o livre arbítrio não existe e nas implicações disso na nossa vida e na nossa sociedade bom E aí você
pode escolher se mem desse Episódio depois do paa ou se interpreta que isso já foi pré-determinado depois que acabar aqui o pauta procura aí rádio escafandro e boa escuta e bom é isso gente termina aqui mais um palta pública obrigado por ter ficado aqui em Mais um Programa na sexta-feira que vem estamos de volta bem cedinho com mais conversas que não podemos mais adar o pauta pública é apresentado por mim Clarissa Levi e pela minha parceira de microfones Andreia DIP a gente também cuida das entrevistas e da pauta do programa a edição a produção e
o roteiro são do Ricardo terto e o apoio de produção é da Estela de as artes Quem fez foi a g a coordenação das redes sociais é do ravis pris e os teasers são do Breno Andreata essa música que você escuta de fundo e toda a identidade sonora do programa foram compostas pelo Pedro vituri semana que vem bem cedo estamos de volta nos tocadores um abraço gente um abraço DIP e até até sexta que vem gente um [Música] abraço h
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