sou king editora boitempo então em nome da 80 e do centro universitário maria antonia damos as boas vindas a todos para essa noite de lançamento do guerra dos lugares a colonização da terra e da moradia na era das finanças esse livro de raquel rolnik professora da faculdade de arquitetura e urbanismo da usp fruto de sua experiência como relatora da onu na relatora especial da onu na questão da moradia e também como professora a gente está muito contente de estar lançando esse livro que nos chegou há poucos meses atrás e que foi sendo elaborado até o
último momento possível tratar aqui numa leitura mais do que a atual o super urgente e imprescindível à então o formato agora da noite vai ser muito simples a raquel vai apresentar de maneira geral o livro com algumas projeções e depois a gente segue para uma sessão de autógrafos ali do lado de fora aí a gente está gravando essa atividade que vai depois pra te ver boi tem que é o canal da boitempo no youtube o livro enfim ele já está nas livrarias está sendo distribuído acabou de chegar da gráfica está sendo distribuído ainda não está
em todas as livrarias mas até a próxima semana estará então sem mais passo a palavra pra raquel boa noite a todos a todos em primeiro lugar queria muito agradecer a presença de vocês aqui queria agradecer também ao é centro universitário maria antônia pela possibilidade dessa parceria que espero que vire outras parcerias também a editora boitempo a isabella e o que que fizeram esse milagre de conseguir fazer com que uma tese de livre-docência se transformasse num livro num tempo absolutamente record porque a gente encasquetou que precisava lançar este ano e então é o que eu vou
fazer aqui é selar uma espécie de trailer né do o livro só vocês ficarem com vontade de ler o livro inteiro basicamente é e contar um pouco que que é o conteúdo qual é enfim a narrativa principal é desse livro já começando a a dizer que é esse livro é ele é fruto de um trabalho que começou quando eu assumir a relatoria do direito à moradia adequada da onu no livro eu ponto um pouquinho que é isso é e é imediatamente após porque era 2008 história crise financeira hipotecária nos estados unidos e começa a receber
denúncias de execuções hipotecárias de famílias e indivíduos pessoas morando dentro de carro no meio da rua perdendo a casa para o banco né e começa isso a crise não é financeira que era uma crise da moradia nos estados unidos e logo em seguida nem 2010 eu fiz uma missão ainda em 2009 nos estados unidos pra e olhar esse processo um pouco mais de perto em 2010 eu vou pra casa que estão numa missão que foi simplesmente pra ir num país da ásia central para não ficar só circulando na américa latina e na europa e cazaquistão
falou tá eu quero um relator pode mandar qualquer um eu fui né chego lá é tinha uma greve de fome de gente né que é exatamente essas cenas que tinham é é envolvido toda a sua poupança para encontrar moradias né gente de baixa classe média trabalhadores e que com a crise financeira é as construtoras se um é falido e de embora eram construtoras turcas financiadas por capital alemão é e capital europeu as construtoras for embora não tinha nem prédio nem poupança em casa e as famílias estavam no meio da rua e sem dinheiro e o
começo então a seguir esse processo e logo em seguida eu faço começa a pensar e acompanhar a crise financeira hipotecar estudar as origens dessa crise apresenta um relatório temático sobre isso ali na relatoria é da onu e sou chamada é em barcelona para apresentar o relatório temático para a plataforma dos afetados pelas hipotecas né quando chego lá tá se armando um movimento movimento inclusive atualmente foi capaz de eleger ea prefeita de barcelona nova prefeita de barcelona ela vem ela emerge deste movimento em barcelona e em especial mas em madrid muitas outras cidades espanholas barcelona valência
e muitas outras cidades espanholas também uma enorme crise é desse modelo e pode seguir na mesma é época ou isso um pouco depois quando é mais adiante na relatoria também protestos contra a taxa acionada taxa do quarto bebê de um tex na grã bretanha e uma crise de moradia na grã bretanha uma crise de moradia na grã bretanha eu tinha aprendido na escola que a política habitacional inglesa e os conjuntos habitacionais em inglês era um modelo a seguir por que eles foram capazes de proporcionar acesso à moradia de qualidade através da construção massiva de conjuntos
habitacionais públicos na sua maioria nem todos também tinha muita coisa muito ruim mas na sua maioria muito bem localizados alugados para a família de acordo com a sua renda de acordo com as suas posses e tinham e isso representava quase 50 por cento do parque residencial total de um país como a inglaterra nos anos e feita no final dos anos 60 ou seja é a gente estava começando a ver uma crise da moradia e gente sem casa em países um protesto contra a falta de moradia um acampamento na rua desenvolvem tela viva em 2011 e
à política de israel era notabilizada ali nos anos 50 e 60 pura na construção massiva de conjuntos habitacionais por um estado de bem está social que incluía a moradia para dentro né para os israelenses daqueles que mandavam dentro é do estado de israel então eu comecei a me perguntar né o que que é o quê de um problema aqui no slide o que aconteceu com é e com com essa questão como é possível que países que o tema da moradia a questão da moradia era uma questão quase residual não era uma questão central não estava
na agenda de repente então sofrendo uma enorme crise eu começo a puxar o fio desse nome desse novelo começa a estudar o que se passou com este processo e chegou à conclusão que na verdade é que estamos diante de um processo global de destruição da ideia de moradia como política social e direito humano e transformação da moradia como uma mercadoria é consumida individualmente e em alguns casos em caso de quase todos os casos também está muito disseminada e presente mais do que uma mercadoria um ativo financeiro um veículo através da qual é o capital financeiro
pode se expandir um setor novo a onde o capital financeiro pode investir na sua busca de remunerações né de juros para o capital investido e que esse processo é muito importante entender é apesar de que bom evidentemente eu vou começar a procurar as origens desse desse dessa mudança e uma mudança global generalizada no planeta em dos vários continentes no norte no sul evidentemente com ritmos diferentes momentos diferentes e em contextos e economia economias políticas locais muito diferentes é um processo global é um sigma global mas é também específico porque em cada lugar os agentes que
produziram isso o momento significado político e econômico é diferente e foi diferente então é a gente pode detectar a origem desse modelo seus primeiros momentos em que isso vai acontecer no final dos anos 70 com a má com margaret thatcher no reino unido e hagan nos estados unidos se é do neoliberalismo que eu tô falando se são das políticas de ajuste fiscal e da tese de que o estado tem que se retirar de setores aonde o mercado pode tranquilamente ofertar mais e melhor atingir a todos por que o estado tem que gastar e especialmente o
estado se individar né já que nós estamos falando de uma de um contexto que nos anos 70 da crise fiscal dos estados da dívida dos estados e as tentativas né e transformar e de desmantelamento dos estados de bem-estar social ao nos países aonde isso aconteceu ea moradia foi um dos primeiros setores aonde isso vai acontecer em educação saúde e outros setores também previdência mas a moradia é um dos primeiros setores a moradia com mercadoria e é claro que ali é no nos nos países europeus e aí a gente pode dar o exemplo não apenas do
reino unido mas podemos dar o exemplo da suécia da dinamarca países que também tiveram um parque habitacional público e uma política de moradia muito ampla é também esse fenômeno nós vamos ver e ele é isso é muito importante ele é um processo mais do que o processo de construção de uma alternativa que é toda uma reforma nos seus sistemas financeiros no sentido de propiciar e fomentar e induzir a compra da casa própria individual através do crédito e protecar you é esse o modelo não mas mais do que implementar esse modelo não é a destruição de
todas as outras alternativas e portanto absoluta falta de outra alternativa a não ser essa né então e se a gente for olhar claro na na iii e na no reino unido é no período taxa isso não representou apenas né a entrada é do mercado no setor habitacional ampliação do mercado é mais representou também uma mudança política importante porque se privatizou todo o parque habitacional existente para quem estava morando nele a preço de banana e isso foi basicamente a estratégia do partido conservador de integrar pra dentro da base política do partido trabalhista que era a classe
trabalhadora que vivia nos conjuntos habitacionais públicos e que passou a ser proprietária e que a partir dali também foi possível duas coisas estão pensando em reforma da previdência e os fundos de pensão como também fundos de pensão privados como é estruturas de é investimento financeiro que também precisam de campos de investimento financeiro pra poder é se reproduzir então nós estamos falando disso mas nós estamos falando também no caso é no caso de do caso o inglês de uma possibilidade diante de um arrocho salarial que se segue essa política neoliberal das pessoas financiarem o consumo usando
a sua casa ea hipoteca da sua casa como garantia levantando a partir de hipoteca da casa mais empréstimo para pagar educação pra pagar saúde para pagar a compra do carro pra pagar serviços numa expressão que noel rubini usa que é muito interessante que a idéia da casa a moradia como um caixa eletrônico alguma coisa que você pode ficar usando a partir dali fazendo dinheiro então basicamente se trata nesse caso da passagem da dívida dos estados para as famílias o estado não vai se endividar a quem vai se endividar são as famílias e o significado disso
na vida das famílias também é uma coisa que a gente vai falar um pouquinho é adiante sobre isso e só concluindo também essa essa e se esse raciocínio que estou colocando aqui é a gente não tá falando apenas né de um processo de transformação de um modelo mas a gente está falando também de um processo de imposição de um modelo e com várias versões eu diria que olhando claro com um olhar muito genérico sobre o panorama global tem basicamente três versões daquilo que eu estou chamando o processo de financeirização da moradia que ali também preciso
dizer que tem algumas versões muito mais financeirizado do que outras né mas o elemento comum que vai estar presente em tudo é a propriedade privada individual acessada via crédito e praticar esse elemento quanto esse crédito tá vinculado a um sistema financeiro internacional como é o caso dos estados unidos ou da espanha em que você tem fundos de investimentos globais fundo soberano de dubai de petrodólares junto com o dinheiro de magnata chinês ou russo junto com os nossos pobres dinheirinhos que a gente coloca nos fundos de renda fixa no mercado de capitais das nossas poupanças né
esse fundo global nessa circulando globalmente investido no setor da moradia ainda a moradia como uma nova fronteira como um novo campo de investimento preez capital então uma das versões é esse modelo e poder cair mais ou menos financeirizado mais ou menos é ligado no mercado global financeiro um segundo momento um segundo modelo e esse é muito importante para nós porque ele é o minha casa minha vida é o modelo do subsídio a demanda ou seja basicamente o estado dá o dinheiro você comprar o produto que o mercado que oferece né e é a origem disso
o laboratório disso é chile do pinochet né ali que esse modelo é formulado e depois ele vai ser disseminado nós vamos falar sobre isso e o último modelo que eu nem vou desenvolver muito nem desenvolve tanto também no livro é um modelo do microfinanciamento que é como tornar a favela também um campo de investimento para o capital financeiro como chegar até os mais pobres evidentemente tem uma questão fundamental pra quem conhece beabá né de mercado financeiro que é o seguinte quando você vai tomar o empréstimo quanto menor a chance de devolver o empréstimo maior eu
juro que você vai pagar porque maior é o risco de quem está te emprestando portanto aqueles mais miseráveis mais vulneráveis são aqueles que vão pagar os maiores juros ou seja a gente está falando de uma super exploração daqueles que têm menos recursos ea última coisa de entrar diretamente em alguns casos é dizer que também é uma falácia total e absoluta dizer que isso representa a saída do estado do setor é de habitação é uma mentira deslavada porque na verdade a quantidade de recursos públicos que é mobilizada para viabilizar esse acesso ao crédito hipotecário enorme principalmente
através das isenções fiscais que o crédito hipotecário têm em muitos países né então vamos seguir mas o que eu quero mostrar é a a dimensão da destruição nos estados unidos por exemplo é um país que sempre tiveram crédito hipotecário só política habitacional desde os anos 30 é promover crédito hipotecário mas tinha também paralelamente né desde o processo de reconstrução 2000 dill é uma produção de conjuntos habitacionais públicos muito significativa muito importante em cidades volta como nova york por exemplo em que é uma das cidades que ainda não desmontou totalmente essa política que a gente vê
conjuntos habitacionais públicos bem mantidos bem localizados na capital do capital que é em manhattan né então esses conjuntos habitacionais é e existia em várias e várias cidades dos estados unidos pode seguir e esses conjuntos eles vão começar a ser demolidas é por volta do final dos anos 90 e 2000 e porque que eles começam a ser esse é um caso famoso cabrini bugrino um grande conjunto habitacional em chicago que eu pude visitar pode seguir eles na verdade é se a gente for ver o discurso que vai justificar a demolição desses conjuntos o discurso é esses
conjuntos estão caindo aos pedaços estão degradados e eles são locais de crime eles são locais de violência eles são locais é são guetos a gente não pode continuar com esse modelo nós temos que misturar então em nome da idéia da mistura social não pode manter esses lugares homogêneos na então é nós vamos demolir esses conjuntos no lugar vamos construir conjuntos mistos que é o que aconteceu em cadeia e green só que pra 100 unidades demolidas de baixíssima renda depois entra a 10 no conjunto misto né e as outras 90 né vão parar com voucher nexon
parece a bolsa aluguel aqui nossa né um voucher para a família procurar um aluguel no mercado no mercado privado então a construção da idéia do gueto e à criminalização é desses conjuntos habitacionais vai justificar de uma lição pode seguir e ao mesmo tempo em que o modelo do subúrbio né é um modelo que é historicamente promovido pode seguir e isso tem esse gráfico ele mostra como a partir de exame da mente do pé do final dos anos 70 início dos 80 que ri gun todo financiamento pra construção de conjuntos habitacionais que a linha sul ela
vai caindo drasticamente então as as agências públicas de habitação das cidades e dos estados ficam sem dinheiro para conseguir manter os conjuntos se quer manter os conjuntos quanto mais construir novos então eles começam a degradar porque não têm dinheiro para consertar o elevador basicamente não tem dinheiro consertar elevador porque não tem mais recurso federal repassado para essas políticas locais enquanto vai crescendo enormemente as deduções fiscais para a compra da casa própria é através de hipotecas privadas pode seguir é o exemplo do chile né o que aconteceu no chile na época dos do pinus e foi
justamente a promoção de conjuntos habitacionais em massa têm uma dimensão política é importantíssima nisso a idéia do pinochet é foi deslocar e remover a totalidade das favelas que chamavam campamentos é é nas grandes cidades chilenas que eram o grande base política popular do aliende e da esquerda chilena deslocar tirar elas ali da onde estavam localizadas e ofertar para essa população conjuntos habitacionais massivos qualquer semelhança com minha casa minha vida não é coincidência é o mesmo modelo né com mais evidentemente numa casa minha vida não aconteceu esse processo de remoção radical total que aconteceu em 25
anos de política chilena estão falando de 25 anos sentará produzindo esses conjuntos e aqui nós temos o efeito disso né o efeito disso hoje olhar ali na extrema periferia de santiago onde se concentram esses conjuntos somos gênios só de baixa renda só de pobres é onde se concentra crime onde se concentra o processo de violência intrafamiliar enfim é se esse processo que em tese né se renove a favela porque ela mora o crime então vai se mandar para é um conjunto habitacional onde todos vão ter casa própria está bem construído e isso vai ser superado
sim não o que vai acontecer é que isso se reproduz nessas periferias em cidades em oportunidades de desenvolvimento humano sem heterogênea idade é o modelo chileno isso vai ser produzido no méxico a gente só trouxe algumas imagens pra gente ver o que que é né essa produção pessoal não é uma epidemia de falta de criatividade dos arquitetos da não é não é é um modelo que requer um produto estandardizado de baixíssima qualidade de desenho é tem a ver com a ideia de uma produção industrial tem a ver com a ideia da rentabilidade em cima do
menor custo possível e há terras e periférica não é porque o município é chato ou porque o construtor é idiota não sabe ver mas é que a única forma de ser rentável para o setor privado já que o produto privado é economizar na terra e terra barata é terra de quinta terra de quinta é ter que não tem cidade o que é contaminada o que está em área de preservação ambiental é isso que é terra barata eo minha casa minha vida né é um modelo muito semelhante e tá reproduzidas em homenagem tirada de um conjunto
habitacional em campinas que a rede de pesquisa cidade de moradia da qual é o lab cidade que eu faço parte fez parte o pole também que está aqui presente fez parte a gente conseguiu constatar e aí nós vamos pra conexão entre esses processos de produção massiva de moradia da financeirização da moradia à moradia como uma mercadoria e um produto e os processos propriamente urbanos ou seja a relação disso com a política urbana na cidade porque é muito e nós tamo examinando um processo de financeirização que é também um processo de financeirização da terra urbana e
da política urbana então eu começo com essa imagem que é um mapa do tfg e é da federal é fluminense é que na pior todo mundo que foi removido no rio de janeiro e foi deslocado é na praia conjuntos do minha casa minha vida os losangos amarelos são os conjuntos na do minha casa minha vida todos na zona oeste né ou na em santa cruz ou na região metropolitana e as remoções a maior parte das remoções exatamente na zona sul na área mais valorizada do rio de janeiro então de alguma maneira essa oferta permite no
outra ponta da cidade a abertura de uma nova fronteira para aquilo que a expressão da minha do manoel alberto mas acho excelente se uma nova fronteira para a expansão do chamado complexo e mobiliário financeiro porque inclusive no brasil é muito pouco digamos financeirizada área residencial mas o complexo imobiliário financeiro estão muito presentes na produção nas das nossas cidades através de produtos do tipo escritórios corporativos shopping centers hotéis torres complexos envolvendo essas várias coisas e o que nós vamos começar a perceber é que pode seguir é de um lado nós temos remoções mas remoções que estão
numa localização que do ponto de vista do capital financeiro jamais deveriam ter pobre porque porque e essa é outro lado dessa política que eu acabei de descrever desse modelo hegemônico que eu acabei de escrever que é um modelo né de promoção da casa própria via mercado privado via crédito o outro lado dela é é justamente é a idéia volta pra anterior né o outro lado dela é a ideia de que até o melhor uso para a terra o melhor uso da terra urbana é aquele mais rentável para o capital investido o melhor uso da terra
não é o que a cidade precisa mais nem o que as pessoas precisam mais nem o que é maior demanda nem o que é a maior necessidade o melhor uso da terra ea sua rentabilidade máxima e portanto terra muito bem localizada não pode ficar sendo ocupada por pobre tem que ficar ocupada por produtos e esse é o complexo imobiliário financeiro para o capital excedente global e aí a gente está falando de uma muralha de dinheiro ou offline só vocês terem uma ideia o fundo de investimento da época estou falando da apple indústria produtiva eu tô
falando o fundo de investimento da apple é maior do que o banco central da alemanha em termos de quantidades de recursos nem tão estamos falando de uma quantidade muito grande é de recursos globais que em função de toda a globalização a ausência de restrições para que o capital possa circular livremente fica procurando onde investir eo imobiliário é um setor muito muito adequado pra isso porque ele é adequado porque ele funciona como garantia como colateral né ele pode ele não virá podem ao contrário de uma ação de um outro investimento pode desaparecer o imobiliário pode perder
valor não desaparece ele perde valor mas um dia ele pode eventualmente se revelou e então ele pode ter uma perspectiva de rentabilidade de longo prazo muito adequado para o capital financeiro investido e é por isso né é que se renove é algumas algo assim algumas populações de determinadas localizações e são uma imagem chocante de uma propaganda da petrobras né aonde para quem conhece o rio de janeiro é um pequeno detalhe nessa imagem da propaganda da petrobras no morros não tem nenhuma favela eles estão verdes né então essa imagem da cidade sem favelas né imagem é
de uma cidade aonde nenhuma ninguém vai lá fora do lugar nenhuma localização vai tá errada pobre lá na periferia onde intensidade lá nas áreas mais centrais então só os usos mais rentáveis para o capital financeiro internacional global investido ali pode seguir um exemplo muito eloqüente disso é a operação porto maravilha no rio de janeiro vocês vão ver os produtos que são que estão saindo dentro dessa operação no porto maravilha é pode seguir não é por a casa né que a gente tem de novo a mesma paisagem em chicago do banesto faz eu gosto de contar
essa história é e ela é verdadeira durante a relatoria viajava muito então evidentemente estou muito cansada aí às vezes eu chegava num lugar depois um vôo longo eu estava no táxi indo lá para o hotel para o carro indo lá para o hotel e eu não conseguia lembrar direito onde eu tava né então eu olhava ae a carta será que eu tenho do bairro será que eu tô e evidentemente isso além do que estava cansada né não é só isso que nós estamos falando da construção de uma morfologia de produtos imobiliários de uma arquitetura que
tem a ver com a lógica da arquitetura que pode ser rentável que pode remunerar e aí e apolítico urbano que é a fass abre espaço para que a fronteira desse complexo possa se expandir sobre o que sobre áreas que antes não eram ocupadas dessa forma e no caso a imagem de astana no cazaquistão e bem né estão falando exatamente do mesmo fenômeno e é exatamente sobre é o quê e quando a gente fala nos países emergentes não desenvolvidos ela está falando na áfrica na ásia na américa latina a onde uma parte muito importante da cidade
é alto construída alto produzida pelos próprios habitantes nos chamados assentamentos informais por falta de outra palavra né porque é um universo muito mais amplo do que isso esses assentamentos né que foram historicamente lugar de acolhimento do exército industrial de reserva como nos ensinou o chico de oliveira o eles são muito marcados e esse a característica deles não só no brasil na américa latina e na áfrica por uma espécie de transitoriedade permanente ou ambiguidade ninguém sabe se aquilo vai ficar vai sair se aquilo faz parte da cidade definitivamente ou não se aquilo vai ser consolidado e
vai ser para sempre ou se aquilo vai desaparecer e essa transitoriedade permanente essa ambigüidade faz desses assentamentos justamente nesse momento na era da financeirização ele se transforma numa espécie de reserva potencial diária para a expansão do complexo imobiliário financeiro então que pode ser mobilizado se precisasse não precisar de falar que é exatamente o que a gente está vivendo não apenas aqui e aí operações como mega eventos como grandes projetos urbanos eles têm muito a ver com a viabilização desses processos no momento em que têm capital suficiente mobilização política e alinhamento e coalizões capaz de implantar
isso na cidade que são algumas imagens e emoções com mais ou menos violência uma emoção é sempre uma violência porque ela corta o vínculo de uma pessoa de um indivíduo com seu território de vida essa violência pode ser minimizada através de procedimentos através de formas através de cuidados através de carinhos através de políticas habitacionais quando as remoções às vezes são necessárias até para salvar a própria vida das pessoas mas no mais das vezes isso acontece então coisas muito diferentes como campo na indonésia que preexiste a cidade colonial né que é um espaço de vida histórico
de organização territorial das pessoas de repente se viram uma área de risco assim como sua imagem do morro da providência no rio de janeiro nec também é é exatamente isso pode seguir e é pra gente é concluir claro que no no livro tem uma primeira parte inteira sobre o processo de financeirização da moradia como foi construído esse paradigma global e como é que isso vai se disseminando pelo mundo inteiro e como é que em cada país e isso tem um significado diferente por exemplo na croácia privatizar todo o estoque de habitação foi fundamental no processo
de construção do estado nação na medida que foi com recurso de venda das casas para as famílias que se compram armas né pra croácia lutar com a sérvia e conseguir constituir sua independência então cada história é uma história né de como esse processo se dá mas então na primeira parte do livro eu vou contando como ele se dá em diferentes contextos e principalmente desenvolvendo as origens da ideia do paradigma no reino unido e nos estados unidos né é aí os vários modelos com o modelo chileno e sete na segunda parte conectando então esses processos com
o que se passa com a terra ana com a política urbana com os projetos urbanos e como há a ideia da propriedade privada individual ela é absolutamente centrão pra esse modelo na medida em que é a propriedade privada individual que permite que esse pedaço de terra se transforme num ativo financeiro e possa circular nessa ele não for registrado certinho é se ele não tiver uma matemática delimitada ele não serve como ativo então a propriedade privada registrado individual é fundamental mas vai mostrando no segundo capítulo como vários países que tinham políticas fundiárias com vários tipos de
posse dentro das suas políticas fundiárias e das suas culturas da sua relação com o território todas elas vão sendo fragilizados e desmontados e vai se implantando um modelo de propriedade individual que só pode ser acessada via mercado então esse é o relato né é da segunda parte é do livro ea terceira parte procura discutir como se deu esse processo de financeirização da terra da moradia no brasil né e procura responder essa questão examinando é o caso brasileiro na principalmente trabalhando com as duas últimas décadas eu não posso terminar isso não podia terminar o livro sem
colocar uma parte 4 que é dizer esse processo não acontece sem resistências sem lutas sem enfrentamentos e isso também é um processo global enquanto nós estávamos em junho de 2013 aqui na rua nas ruas de são paulo e outras cidades brasileiras brigando pelo direito à cidade na mesma hora também estavam em istambul com a pauta pelo direito à cidade também estavam em outros lugares do mundo com também é esses enfrentamentos e essas resistências e o que eu tento mostrar nessa parte 4 que eu gostaria de ter desenvolvido muito mais mas assim aguardem o próximo porque
o tempo tem que acabar e é muito grande e é o que está acontecendo agora eu quero terminar a minha fala falando disso de que não é por acaso exatamente nesse momento que aumentam as ocupações e que o sentido da palavra ocupação ganhou um sentido político e simbólico fundamental é isso que é a guerra dos lugares de um lado o lugar como forma de remuneração do capital financeiro do outro o lugar como um espaço de vida um espaço de apropriação um espaço de criação um espaço enfim de defesa e de liberdade e de expressão e
de experimentação e eu acredito que os movimentos que estão acontecendo neste momento aqui é uma volta uma homenagem pelo ocupe estelita que acabou de ter uma vitória muito importante uma homenagem também irá para as ocupações das escolas de são paulo que enfim se constituíram na minha opinião no ué no fenômeno político mais importante deste ano é e é pensando que é pode seguir nós estamos é vivendo não é por acaso uma senso das lutas pelo direito à cidade e imaginando então que esses processos de colonização da terra e da moradia pelo capital financeiro ao mesmo
tempo impõe um modelo e submete mais ativa as formas de resistência e de formulação de alternativas ao modelo pessoal eu queria convidar todos vocês por aí sai daqui e depois vai ter que sair mesmo dessa sala eles vão fechar trancar é mais vira que é comer um pãozinho tomar um suquinho e eu vou estar ali também para poder dar os autógrafos de quem encontrou o livro muito obrigado agradeço muito a presença de