[Música] [Aplausos] [Música] Era uma vez uma mulher que via um futuro grandioso Para cada homem que a tocava um dia ela se tocou [Música] o que querem as mulheres Esta é uma pergunta que marcou o século 20 após uma série de movimentos e conquistas femininas e que o tornou o século das mulheres elas reivindicaram a igualdade de direitos políticos sociais reprodutivos e hoje ainda lutam contra a violência doméstica e sexual discriminação no trabalho preconceitos se foi no século 20 que a mulher conquistou o direito à existência no 21 ela luta por mais do que existir
luta pelo respeito ao seu corpo suas escolhas sua vida essa série do Café Filosófico reúne Pensador as feministas de diferentes áreas do conhecimento numa reflexão pela autonomia das mulheres o programa de hoje traz a historiadora Margarete rago curadora dessa série que fala das poéticas e políticas feministas eu sou muito fã de um filósofo francês todo mundo conhece o que é o Michel Foucault e que diz que é preciso deslegitimar o presente e a gente deslegitima o presente sacudindo as evidências questionando que é dado como natural e como sempre foi assim sempre será pela história mostrando
a historicidade né mostrando da onde vem essa ideia onde começou né E as coisas têm um começo e se elas têm um começo felizmente elas podem ter fim Então nós não somos condenados a uma natureza Um Destino alguma coisa que será sempre assim isso é uma grande libertação acho que é por isso que eu me Fascino tanto por esse filósofo nós estamos se ouvindo fala muito da intolerância não é mas a intolerância tem raízes muito fundas né Muito Profundas ela vende muito tempo né e em relação aos feminismos e as feministas é alguma coisa assim
difícil de entender só mostra que não é necessário viver de uma certa maneira e que isso é possível ver de outras feminismo vem falar de liberdade não só para as mulheres mas para toda a sociedade eu entendo que ser livre seja muito difícil porque você tem que acordar e pensar o que você quer e o que faz sentido para você e por o que por que causa você vai lutar de você mesmo né então ser livre é difícil porque você tem que criar a sua vida e é isso que o feminismo propõe por isso que
o título do nosso módulo é o que querem as mulheres poéticas e políticas feministas né poéticas pela ideia da apoieses da criação daquilo que ainda não tem forma e que vai adquirir alguma forma né um estágio em que as coisas ainda não estão muito definidas e que elas podem ser assim ou assado assim depende das negociações das conversas acordos e acho que é para isso que a pontas feminismos para essa possibilidade de transformação as revoluções culturais dos anos de 1970 transformar um hábitos e costumes em diversos lugares do mundo foram mudanças que afetaram também a
vida das mulheres elas conquistaram direitos e assumiram novos papéis da sociedade Um Novo Horizonte foi descortinado [Música] eu não vou lá para trás muito para trás mas eu vou para década de 70 quando uma nova onda do feminismo emerge em que empresas políticas que vão sair das prisões exiladas políticas voltam e encontram as jovens nas universidades falando em feminismo não é já se passaram os anos de chumbo no país né Nós estamos começando a entender para abertura nasce o jornal Brasil mulher nós mulheres O mulheriu que é uma imprensa feminista discutindo questões das mulheres É
verdade que a questão era muito mais Ampla porque embora houvesse uma ditadura muito violenta no país e todo mundo sabe disso é havia também um processo de modernização também muito forte uma modernização conservadora mas uma modernização Então os meios de comunicação se transformaram profundamente o shopping centers apareceram as pessoas começaram a ser informado que acontecia no mundo as pessoas começaram separar o psiquiatra Flávio de covatti começou a surgir em cena discutindo o amor o casamento e separações então foi assim uma transformação nos costumes e nos hábitos e quer dizer que meio que defasado com a
ditadura que a gente está vivendo porque a ditadura era fechamento mas é do lado de cá a sociedade se transformava profundamente e É nesse contexto então que renasce esse movimento feminista e se articula muito rapidamente mas também nasce o movimento gay o movimento negro um outro movimento operário Então são muitas coisas que estão acontecendo no país e o feminismo vai no bojo dessas dessas lutas quer dizer então o que eu quero dizer com isso chamar atenção é que o feminismo não nasce como nesse nessa segunda fase como um gueto como movimento muito fechado em si
mesmo porque ele porque as feministas estão tão participando da luta ditadura militar e em muitos casos elas não encontram espaço nos partidos políticos de esquerda para discutirem os seus temas né Então as histórias que as feministas desse momento que eram de partido e que saem das prisões contam é que era uma disputa para saber se iam falar de salário ou de aborto elas queriam ir nas portas das fábricas falar de aborto e os companheiros queriam que elas falassem de salário porque achava essa questão não tem importância essa coisa de mulher e num segundo momento nos
anos 80 esses grupos levam esses movimentos para se indicar partidos universidades para o interior da cidades havia um movimento de mulheres no país muito forte muito poderoso ligado a teologia da libertação e a igreja lutava por creche por moradia por habitação Não tava por muitos temas mas não era feminista não questionava sugestões da mulher não discutia violência doméstica não discutia a criminalização do aborto não discutia assédio não mulheres vocês sabem nós não precisa falar muito sobre esse tema foram educadas a serem abnegadas quer dizer as mulheres desde o século 19 né porque isso não aconteceu
com a sociedade de corte a do século 19 para cá né que um novo padrão de feminilidade de masculinidade se instaura e nesse padrão a mulher deve ser abnegada deve cuidar do outro e não cuidar de si Olha o feminismo vem para esses movimentos de mulheres dizendo tudo bem é ótimo Temos mesmo que cuidar de todo mundo da família das crianças do marido do irmão mas vocês não podem abrir mão de vocês e obviamente Isso foi uma revolução não é porque essas mulheres começaram a olhar para o próprio corpo e falar nossa eu não conheço
meu corpo eu não sei do que vocês estão falando como do que clitóris orgasmo feminino como do que se trata sonho com intelectual destruidor das evidências e das universidades que localize indica nas inércias equações do presente os pontos fracos as brechas as linhas de força que sem cessar-se desloca não sabe exatamente Onde estará ou que pensará amanhã por estar muito atento ao presente que contribui o lugar em que está de passagem a colocar a questão da revolução se ela vale a pena e qual quero dizer qual revolução e qual pena Que fique claro que os
únicos que podem responder são os que aceitam arriscar a vida para fazê-la as reivindicações as mulheres incomodaram as estruturas criadas por uma visão patriarcal e machista as feministas já sofreram um estigmas de serem feias mal amadas Mulher macho encalhadas enfrentando preconceitos estereótipos as mulheres das mais variadas áreas classes sociais diferentes graus de escolaridade raça etnia ou religião foram a luta por seus direitos são diversos os movimentos feministas com suas Bandeiras plurais feminismo não para de crescer nós estamos assistindo a isso há mais de 50 anos e os grupos são só crescem de lá para cá
só cresceram e se ampliam essa pluralização obviamente vai trazer muitas heterogeneidade né Nós vamos ter feminismo Branco feminismo negro feminismo indígena feminismo lésbico feminismo radical feminismo terceiro mundista feminismo cultural feminismo marxista feminismo anarquista socialista comunista posso estruturalista e obviamente não existe uma homogeneidade nas interpretações uns grupos acham que a prostituição é um horror e não querem papo com as prostitutas outro grupo acho contrário que o problema existe não sei se é problema não é problema Você também é uma questão mas as prostitutas aí estão e as feministas não podem deixar de falar com as prostitutas
e pensar o que elas querem ou sei lá o que entendeu então uns grupos acho que transgêneros a mesma coisa hoje não existe um consenso né não existe uma relação que você diria as feministas se relacionassem constrangêneros não é verdade a grupos que acham que transgêneros são outra outra questão outra não é comigo até logo outras acho que não tem a ver comigo nós estamos discutindo a questão dos estereótipos da sexualidade e da heterossexualidade normativa e nós temos se nós estamos criticando isso para nós temos que apoiar os grupos que também Estão criticando isso para
eles então e vamos a própria questão das identidades né as médicas feministas as advogadas feministas dizendo que o direito é machista que o direito não protege as mulheres e agora eu tô mais espantada ainda porque eu conheci as arqueólogas feministas e conhecer as arquitetas feministas que dizem a cidade é fálica quando eu tinha 20 anos em 1970 não tinha a gente não tinha história Quem eram as mulheres do da história as mulheres da história A Cleópatra Anita Garibaldi a Princesa Isabel a Joana D'arc Não tinha mulher na história não é e hoje quer dizer a
50 anos a historiografia feminista produziu uma história das mulheres que é impressionante quer dizer você isso no mundo quer dizer chega em qualquer país do mundo você tem bibliotecas é com livros de história das mulheres e no Brasil também e a coisa tem de a crescer obviamente porque as pesquisas estão aumentando feminismo entrou nas universidades os estudos feministas cresceram E de gênero cresceram profundamente e de teoria Clear então todas essas pessoas excluídas da história estão ganhando visibilidade e brigando por isso Que entenderam que rever o passado é encontrar outros sentidos para o futuro e para
o presente é desde legitimar formas de poder e de dominação no nosso mundo e para isso você precisa ver onde começou eu me dou conta também da minha surpresa o dia que eu descobri uma anarquista mineira professora chamada Maria Lacerda de Moura eu fiquei muito impressionada porque essa mulher dos anos 20 30 não era uma mulher pobre era uma mulher de classe média mas que se ligou ao movimento operário o movimento operário anarquista e fazia palestra até aqui temos vivido a civilização unissexual a mulher não passou de espectadora no cenário da vida e o homem
continua querendo entrar vários movimentos e portanto a cerciale o progresso a mulher só tem direito de sair se locomover você vai trabalhar ganhar dinheiro continua dando conta ao homem de todos os seus passos e até de seu salário é outra espécie de exploração é o cafetismo em família Maria Lacerda de Moura tem pelo menos 10 livros publicados falando em sexualidade um deles se chama a mulher é uma degenerada e ela está dialogando criticando as teorias médicas que diziam que as mulheres que têm desejo sexual são degeneradas natas teoria do Dr Chase quando eu descobri a
Maria Lacerda eu falei gente mas nós estamos falando isso na década de 70 ela estava falando isso na década de 20 30 discutindo a mulher tem que ser mãe então ela diz a maternidade é uma maravilha um grande Dom mas nenhuma mulher é obrigado a ser mãe você tem que ser mãe se você quiser quer dizer toda teoria de que a mulher que não queria ser mãe era um monstro uma normal né para não falar da solteirona né ela implode com essas noções quando ela vem dizer que a maternidade deve ser voluntária é um dom
que você tem uma possibilidade mas não uma obrigatoriedade é pista muito me espanta ainda hoje que vocês não encontre os 10 livros dela que eu tô citando ora o livro dos seus contemporâneos que falavam muitas coisas que hoje a gente fala como estão publicados em vigésima edição não é então quer dizer o pensamento misógino vai sendo republicado então é muito surpreendente é que que a gente fique apenas com um lado das histórias e com um lado que não nos favorece certamente ficar com essas narrativas históricas favoreceu alguém algum grupo social mas hoje não nos favorece
está na hora de mudarmos essa narrativas buscarmos outros sentidos na história para que a gente avance né Não dá para ir para trás mas não dá para puxar roda da história para trás né então é um grande uma grande felicidade perceber que o feminismo nos trouxe essa história e por tabela trouxe para o movimento gay trouxe para os travestis trouxe para gêneros trouxe para cada um foi buscar sua história da sua família do seu grupo do seu passado e reivindicar o direito a história que é um direito à existência hoje no puxando para para nossa
atualidade a enormes de continuidades também existem muitas mudanças porque não é outras gerações entraram e com outra cabeça e meio que possa feministas no sentido não no sentido de que o feminismo acabou mas no sentido de que foi caindo a ficha da sociedade da violência de gênero do estupro do assédio de todas essas pautas que o feminismo colocava então foram gerações tem uma eu li um blog uma garota dizendo assim nós somos as como que nós somos as netas das bruxas que não foram para fogueira mas no entanto não houve uma isso não significou uma
dispersão no sentido de desunião ao contrário a heterogeneidade interna não produziu uma enfraquecimento do feminismo como nós estamos vendo houve uma mudança muito grande da luta por igualdade de direitos no primeiro momento as mulheres queriam direitos iguais aos homens teu salário aos homens para um segundo momento em que foi a afirmação da diferença não quer dizer nós queremos ter os meus salários dos homens mas espera um pouquinho Calma nós não queremos ser os homens Nós não queremos o lugar dos homens Nós queremos o lugar das mulheres mas não o daquela cultura feminina que foi construída
pelo discurso masculino branco conservador pelo Dr Lombroso e seus seguidores nós queremos uma Reinventar cultura feminina E aí o feminismo foi fundamental nessa reinvenção né quer dizer que as feministas eu acho Por isso que eu tô falando da rebeldia a feminices é especialistas encontra condutas né foco define as contra condutas como revoltas de Conduta resistências ao poder ou o governo do outro são movimentos que tem como objetivo outra conduta Isto é querer ser conduzido de outro modo por outros Condutores e por outros pastores para outros objetivos e para outras formas de salvação por meio de
outros procedimentos e de outros métodos são movimentos que também procuram escapar da conduta dos outros que procuram definir para cada um a maneira de se conduzir eu acho importante a teoria porque com a teoria você nomeia as práticas quando você nomeia uma prática você dá visibilidade a ela e você mostra a importância dela e as contra condutas são são constantes na história das mulheres que abriram mão de uma identidade não é que as mulheres da minha geração e anteriores né tinham Nascido Para ser mães casaco bom partido ficar em casa ser bonitinha Bela do Lar
voltando ao meu ponto mudança dos direitos para as diferenças a afirmação das diferenças mas eu penso que hoje já não é mais esse o papo também hoje a questão é das multiplicidades e identitárias ou multiplicidade subjetivas ou eu posso ser o que eu quiser generalidade enfim não é eu acho que assim a coisa mudou também e nesse sentido acho que a teoria Clear tem uma uma importância grande porque ela vem posteriormente é o feminismo mas ligado ao feminismo também ligado também ao movimento gay eu acho que é difícil separar as coisas as pessoas são mais
ou menos transitando próximas né com questões muito próximas que essa crítica de uma identidade imposta que que Adriane Rich uma filósofo americana vai chamar de heteronormatividade compulsória ou heterossexualidade obrigatória como quiser mas é a ideia de que a heterossexualidade compulsória é uma inst então é política que produz o enfraquecimento das mulheres e ela com toda essa teoria realmente ela dá argumentos para que as pessoas passem a lutar por pela Liberdade de sei lá se eu quiserem Porque a vida é uma só né não tem ensaio um segundo ponto também dessas continuidades foi a introdução da
categoria do gênero né que entra na década de 90 era importante é importante mudarmos a forma de pensar não pensar mais no Sujeito como isolado fora de um contexto relacionado e pensar nas relações ninguém se torna mulher sem que o outro se torna o homem ou o ideal de maternidade tem a ver com o ideal de masculinidade e da de feminilidade ligado a maternidade ou de masculinidade ligado isso era público enfim essas construções se deram e se dão relacionalmente e seria preciso então ter um olhar relacional para perceber esses contextos e não você vai culpabilizar
pessoas senão você vai dizer que a mulher é uma prostituta porque ela tem um quadril grande e como diz o Dr César de Lombroso quer dizer é uma mudança agora é uma mudança que certamente é muito maior do que o feminismo é uma mudança filosófica de paradigma filosófico da filosofia do sujeito para a filosofia da diferença e que afeta os movimentos sociais os modos de pensar em várias áreas Não é só na nossa de história e sociologia antropologia nas humanas ou não é só o movimento feminista é realmente a questão é muito mais Ampla mas
para o nosso interesse aqui eu quero mostrar a importância Então dessa desse deslocamento que é a entrada da categoria do gênero discutindo que é que seria importante pensar relacionalmente né O que abriu também espaço para se discutir as masculinidades e em seguida a teoria Clear né que em seguida não é cronológico aqui no meu no meu argumento é meio simultâneo essas coisas né discutindo a questão também da da normatização da heterossexualidade e da homossexualidade Vale lembrar que na antiga Grécia não existia homossexualidade mas existe amor entre dois homens mas não existia o conceito patologizante um
conceito que diria que aquele comportamento é patológico desviante logo não pode ser cidadão muito menos diretor de qualquer coisa quer dizer a questão tem implicações políticas muito graves porque as formas de exclusão são de uma violência absurda porque não é uma violência que você quer que é palpável no sentido Olha é o patrão que explora de uma maneira desumana ou empregado não é assim é uma divisão que diz assim a humanidade Tanto faz ser do ocidente do oriente Branco rico pobre negro indígena está dividido em duas categorias os heterossexuais e os homossexuais e as lésbicas
nessa categoria estamos normais nessas estão os patológicos e esses têm direito à cidadania quer dizer é uma forma de poder de uma violência e de uma e de uma extensão muito maior e você vai dizer Quem que falou isso ora Quem que falou isso é o regime de verdade de uma época todo mundo na época acreditava nisso não é quando eu era criança todo mundo acreditava isso e os pais diziam cuidado com aquele cara que ele não existe a palavra gay não é ele é as palavras eram feias né Não quero falar as palavras eram
feias né as denominações e os pais diziam não se aproxima porque ele é perigoso da mesma maneira que era perigoso se aproximar de um comunista não é e de uma mulher lésbica Então é os pais morreram de medo quer dizer um regime de verdade que se instaura E é difícil de você dizer o Fulano que não é o Fulano que inventou o Fulano participa desse regime porque ele entra na faculdade de medicina e todo mundo tá falando isso e ele entra na faculdade de história e todo mundo tá falando isso e ele entra e ele
vai no meio todo é o que todo mundo está falando então é uma questão um pouco mais complicada movimento feminista hoje integra diversas gerações de mulheres se manifesta de uma forma mais lúdica mais colorida e amplia seu engajamento político ele se envolve também em outras causas que não apenas aquelas da mulher mas os desafios continuam fora e dentro do próprio movimento feminista e aqui eu quero chamar atenção Para uma questão muito atual que é a maneira como as jovens entram na esfera pública não é quer dizer o movimento feminista hoje vocês podem perceber como ele
ele tem uma dimensão lúdica muito forte uma dimensão estética muito forte uma dimensão artística muito forte e Debochada há um humor a minha ideia é debochar que eu quero dizer que é um humor na crítica que as feministas fazem isso é de longa data não é de hoje não sei porque a imagem da feminista séria mal amada e feia né então você pega um movimento como movimento das [ __ ] não é hora só se chamar de [ __ ] já eu máximo né e é um movimento é muito ligado a crítica da cultura de
estupro né daí as meninas aparecerem sem roupa ou seminuas ou provocativamente é uma espécie do é um jogo é uma encenação de uma identidade estereotipada como uma atitude política O que quer dizer que nós temos uma renovação da noção de política uma abertura da noção de política política Deixa de ser aquilo que está acontecendo lá em cima que tá uma desgraça que não merece o nome de política né e é você percebe a política nos jogos que estão acontecendo aqui na nas intervenções críticas na maneira nas contra condutas radicais enfim nessas manifestações e é interessante
também porque Essas manifestações hoje que são lúdicas artísticas coloridas estéticas aparecem muito fortemente no feminismo mas não são só no feminismo Não é porque eu acho que também uma outra característica dos novos movimentos dos novos feminismos é eles estarem muito Entrelaçados com outras causas Então você tem a ocupação das escolas e o grupo feminista dentro da ocupação das escolas ou você tem o movimento pelas bicicletas ciclovias e as feministas ali mostrando que olha é ser mulher e andar de bicicleta é uma coisa que ser um homem anda de bicicleta então a questão vamos dizer está
mais entrou em outras lutas e portanto as conexões são muito mais fácil de serem feitas o que eu acho excelente é tudo que nós precisamos né numa num mundo que nos individualiza profundamente e que rompe as conexões nós estamos cada um tá conectado na sua internet mas nós estamos profundamente desconectados e desconectados consigo mesmo [Música] o feminismo não tá acontecendo só na cidade né o filme Os feministas também estão acontecendo no campo e no campo nós temos Marcha das Margaridas nós temos a Via Campesina nós temos mulheres do MST quer dizer uma quantidade nova de
movimentos feministas no campo em que as mulheres também estão discutindo outros modos de produzir né a economia solidária então o Agro né contra o agronegócio então a favor da ecologia novas formas de agricultura Então eu penso que também nesse universo as transformações são muito grandes que estão acontecendo e obviamente não é apenas uma transformação no modo de produzir o alimento é uma é uma transformação na própria sociabilidade e na própria interação das mulheres entre si aí que eu acho que a questão mais importante que é é a mudança numa cultura feminina anterior não é de
de vamos que vinha da década de 50 ou do século 19 enfim que dizia que as mulheres eram capazes de amizade que as mulheres estão sempre em disputa porque e girando sempre em torno de um homem né que as mulheres são muito competitivas entre si então isso era o que a gente ouvia e aprendia E vivia não é e não é mais essa realidade pode até acontecer mas eu acho que as mulheres desenvolveram sim outras formas de amizade de solidariedade e de comunicação entre elas uma nova cultura política que o feminismo ajuda a produzir não
não só o feminismo mas o feminismo tem uma força muito grande porque a entrada das mulheres altera muita coisa não é as mulheres vem com uma outra experiência com outra lógica não fomos educadas para servir o exército não fomos educados para ser coronelas nem General Aliás não existe a palavra veneno no dicionário fui procurar não existe eu estou só elogiando os feminismos mas certamente há problemas né Há muitos problemas [Música] na década de 90 um dos grandes desafios para o feminismo foi a questão da institucionalização porque o que aconteceu que os feministas expandidos expandiram e
entraram no estado não é até surgiu o ministério das mulheres que agora já deixou de existir tudo rápido né no Brasil assim né Mal começa acaba Mas enfim vamos falar do que existia a secretaria especial das mulheres a secretaria municipal das mulheres a secretaria de políticas públicas as mulheres não é o conselho da condição da mulher enfim as mulheres entraram no estado isso causou incômodos o mal-estar porque muitos grupos feministas começaram a dizer bom agora o feminismo virou feminismo de estado e isso seria uma coisa negativa porque a pessoas que fala em feminismo de estado
como uma coisa positiva Há outras que dizem que não existe feminismo de estado que o estado nunca será feminista porque estado e outras que dizem que o feminismo perde a sua radicalidade quando ele faz é concessões ao estado em troca das políticas públicas então isso provocou um debate muito grande e muitos grupos feministas se consideram autônomos não querem não querem verba do estado não querem porque não querem também abrir mão da sua radicalidade da sua liberdade entendeu da sua autonomia então eu quero trazer para vocês essa questão apenas o trazer o problema não é para
dizer que da década de 90 para cá ouve muita discussão sobre essa questão das políticas públicas que cresceram obviamente nesses últimos 12 13 anos né a Lei Maria da Penha por exemplo a essa tipificação do feminicídio o programa de enfrentamento a violência o pacto Nacional de enfrentamento de 2007 o programa mulher viver sem violência Imagino que significa nessas comunidades que também obviamente tem as suas existem as suas tem os seus trabalhos de base tem as suas redes né de vamos ter de de mobilização mas de uma certa maneira tão muito longe dos grandes centros urbanos
há um debate no sentido de que uma muitas feministas uma grande parte do feminismo também tem dúvida se isso é um caminho né se isso se as políticas públicas vão resolver a questão da dominação masculina não vai né não vai resolver mas também não sei se é o caso de ser contra as políticas públicas também é uma questão muito delicada não é porque havia um medo de o feminismo se perder e ficar então a mercê do Estado das políticas públicas do estado que por sua vez teria as identidades sexuais quando o estado vai lá dizer
isso é violência contra mulher o que que ele quer dizer com mulher a bela que está no museu [Música] as grandes especialista em violência contra as mulheres em violência de gênero que é antropóloga Rita segatto da Universidade de Brasília entende que a violência contra as mulheres têm aumentado muitas feministas acham que não que ganhou visibilidade porque antigamente uma mulher era estuprada e não falava era sediado e não falava agora todo mundo tem um apito e põe a Boca no Trombone mas ela acha que não ela acha que nunca houve uma violência tão violenta tão grande
quanto as mulheres como por exemplo as práticas do feminicídio E por que Essas mulheres são mortas não são mortas porque os homens desejam o corpo das mulheres pelo contrário são mortas por ódio porque um é um grupo de traficantes que tá brigando com outro grupo e para se vingar se vinga no corpo das suas irmãs mulheres esposa isso aconteceu em guerras que um soldados de um país entra em outro e para marcar o território e se vingar eles estupram as mulheres mas não é porque desejam as mulheres não é uma questão sexual é uma questão
de poder de guerra é para se vingar dos inimigos Agora Diz ela análise dela é de que isso não acontece mais só nas guerras que isso chegou no nosso mundo eu sou mulher aquela que tu olha na rua me acha feliz e logo diz é [ __ ] sou a mesma que você julgue intitula é fácil sou a criança desconsolada desesperada quando viu a mãe que também sou eu ser agredida perseguida e Abatida deitada no chão sou a mesma que vai à luta que não muda conduta sabe que a sociedade precisa de ação da revolução
a que busca a liberdade e felicidade mas sabe que isso só vem com a igualdade de toda a população mãe filha amante prostituta o vizinha sou minha livre e mulher você já deve ter ouvido a expressão seja empresário de si mesmo Isto é resultado de uma doutrina Econômica o neoliberalismo que invadiu o nosso cotidiano alterando Nossa forma de viver e viver o mundo um conceito Teoricamente da economia passou a ser uma Filosofia de vida mas é preciso entender o desafio que o neoliberalismo está nos colocando como ele afeta a vida cotidiana de todos nós e
de que forma ele atinge também a luta e as questões do feminismo se pensa em gerar o neoliberalismo como a política econômica como a doutrina econômica e o Michel Foco de 1979 mas que nós estamos tomando contato em 2013 e 2014 com essas discussões vem nos dizer que o neoliberalismo é muito mais porque é uma racionalidade governamental é uma arte de governar é uma arte de conduzir as condutas a questão é muito pior e se trata para ele de expandir o que se o que seria do domínio do econômico a lógica custo-benefício a lógica do
mercado para todos os as dimensões da vida social inclusive para subjetividade Então e o giro deles e outros filósofo também que caminha nessa direção eles vão dizer o quê que hoje se espera do indivíduo não que ele tenha uma empresa mas que ele seja ele seja uma empresa e que eles sejam empresário de si mesmo então o sujeito neoliberal é o empresário de si mesmo que deve pensarmos em termos de de custos e benefícios e ir na sua capacidade de aumentar seu capital de aumentar sua renda Porque ele é o capital então ele tem que
aumentar sua renda e esse Capital é constituído pelo capital genético pela sua herança genética e pelo seu capital adquirido pela herança que você vai adquirindo o capital genético É nesse sentido teóricos do neoliberalismo que estão lá atrás como Gary Becker da escola de Chicago americano que foi da escola de Chicago um dos grandes nomes do neoliberalismo no livro dele ele vai dizer isso que a mãe tem que cuidar muito bem do seu neném que ela tem que calcular quantas horas ela passa com o nenê porque as horas de afeto da mãe com seu neném significam
aumento do Capital adquirido de acordo com a teoria do capital humano você deve se ver como uma empresa portanto deve investir em si mesmo segundo a filósofa e Ohana as mulheres também foram chamadas para serem vistas e para se verem como sujeitos neoliberais Isto é sujeitos de interesse que fazem suas Livres escolhas baseadas no cálculo econômico racional nesta lógica a mulher deveria adquirir muitas competências aprender a administrar os negócios embelezar não para seduzir um homem como se dizia no passado mas para testar sua capacidade de auto administração digerir a própria empresa que é seu corpo
e a sua vida e o capital genético tem que ser pensado você não pode casar com qualquer um se você quer um capital genético melhor você tem que né De preferência caçar com uma pessoa mais bonita que você mais inteligente mas mas perfeita por seu filho nascer de acordo com as exigências da teoria do capital humano eu estou falando da teoria do capital humano que informa a o pensamento neoliberal né E que e e contras essas análises mostrando como é que esse essa racionalidade Econômica vai passar até para pensar a maternidade a relação da mãe
com nenê O Casamento O casamento é uma empresa seu filho é uma empresa como isso afeto feminismo afeta claro que afeta não é porque o discurso feminista de autonomia das mulheres de que as mulheres têm que entrar na esfera pública tem que crescer tem que cuidar da sua vida tem que se desenvolver é capturado pelo discurso neoliberal e de repente é o discurso não Liberal vocês são empresários de si mesmas se vocês fracassarem a culpa é tua porque você vocês tem que correr os seus próprios filhos quer dizer se eu sou uma empresa se a
minha empresa fracassar eu sou uma Loser sou eu que não soube administrar Olha a questão é muito complicada porque entre o feminismo que eu tava contando para vocês chegaram um movimento de mulheres e dizer vocês não podem ser abnegadas e só cuidar dos outros porque isso é uma renúncia de si mesmas e a vida é uma só não é você vai renunciar da sua vida entre o feminismo chegar e dizer e a violência doméstica existe na sua casa e você assediada e o estupro e não sei o quê não sei falar não é entre o
feminismo dizer isso para as mulheres e dizer é preciso cuidar de si para melhor cuidar do outro e o neoliberalismo dizer você é uma empresa e você tem que gerir bem a sua empresa entendeu tá ali né vamos dizer é muito fácil de você se perder nesse discurso e e aceitar esse novo regime de verdades que está entrando com uma força ou já entrou no nosso mundo Nós estamos vendo isso na formação dos jovens sobretudo não é e perceber as armadilhas envolvidas nessa relação de poder porque se você é uma empresa de si mesmo isso
não é uma vamos dizer uma informação que te liberta é pelo contrário é uma é uma é uma é uma imposição que volta para trás que te aprisiona não é você é obrigado então a estar sempre competindo e a ideia dos neoliberais é que a concorrência é boa que é bom ter concorrência mas que ela não é natural então precisa formar precisa organizar concorrência enquanto muita gente diz que os neoliberais não querem o estado presente o Michel olhando o Gary Becker e outros vai dizer exatamente o contrário os neoliberais querem mais estado porque o estado
precisa ajudar a organizar a concorrência precisa ajudar a formar indivíduos neoliberais é que em vistam nesse nesse novo regime de verdades que potencialize essas essa o capital humano existe também as diferenças geracionais não é e acho que um problema se coloca porque entre uma mocinha uma menina que se coloca como feminista é um pouco difícil de perceber se ela está sendo feminista ou se ele está sendo um sujeito neoliberal a gente precisa ter mais clareza disso porque eu me chamar de feminista não é suficiente para fazer de mim uma feminista concordam se o feminismo prega
o mundo é mais humanizado mais integrado o mundo de mais respeito o mundo de mais acolhimento então a intolerância não cabe [Música] [Aplausos] o feminismo transformou a maneira de produzir a ciência nós não pensamos mais da mesma maneira que pensavamos antes de as mulheres entrarem em cena antes dos temas femininos entrarem em cena vamos falar nesse Campo da Universidade A questão não foi apenas que as mulheres ganharam visibilidade a questão é que para falar das mulheres foi preciso ampliar a produção do conhecimento histórico por exemplo antropológico sociológico filosófico porque foi preciso falar de outras histórias
o que que era história até 1970 que ninguém falava era história da vida pública era história da guerra do governador da instituição da política institucional ora para falar da experiência das mulheres e depois dos gays dos indígenas os setores né foi preciso mudar a noção de política política deixou de ser instituição a instituição política institucional política virou micropolíticas relações de poder no cotidiano sexualidade entrou como tema o corpo teve que ser teorizado história do corpo história da subjetividade para falar das mulheres foi preciso falar de da esfera do privado porque a história das mulheres as
mulheres não estava no exército não estão nas guerras Então você vai falar das mulheres aonde não é onde elas estão se não e para falar de onde elas estão era necessário outros conceitos a filosofia teve que que se transformar não só por pressão do feminismo Sem dúvida alguma eu acho que é por uma questão muito mais Ampla Como eu disse para vocês as mulheres afetaram a produção do conhecimento eu vejo os feminismo afetando muitas outras áreas e transformando muito não é questão de as mulheres ocupar em qualquer espaço é a questão de ser contra de
crítica de um modo de viver de um tipo de sociedade de um tipo de cultura que é patriarcal e a cultura patriarcal está na arquitetura está nos símbolos fálicos da cidade está materializada nos Espaços cultura material ela é uma concretização de ideias de pensamentos por isso que eu acho que os feminismos vem para o bem porque dão respostas dão respostas mostram que é possível viver de outra maneira é possível organizar de outra maneira o mundo não precisa ser essa catástrofe que nós estamos vivendo se de um lado nós temos um mundo que nos desconecta individualiza
nós também estamos vendo os movimentos essa cultura Urbana ou rural de que eu estava falando onde nova sociabilidades novas formas de sociabilidade estão são sendo experimentadas claro que a sociedade ainda é burguesa capitalista de direita tradicional homofóbica racista é misógina mas não é só isso se a gente ficar só com esse lado nós vamos jogar fora tudo que aconteceu de transformação e eu quero valorizar as transformações eu quero potencializar o positivo e eu quero continuar a viver no mundo em que eu acredite e eu quero lutar para que esse mundo cresça entendeu então eu sei
que que tem um estuprador que tem a gangue tem não sei o quê que tem até uns anos atrás piadinhas misóginas as pessoas davam risada hoje hoje é feio hoje não é o cara tá fora não é novo homem não pode mais eles também são filhos de outra de outra de outras mentalidades os homens mudaram os gays mudaram os [ __ ] mudaram os a sociedade mudou o debate não cessa E se amplia o feminismo continua a sua luta e se fortalece nas suas conquistas acesse mais palestras no site do Instituto CPFL inscreva-se no canal
do Café Filosófico no YouTube é um movimento feminista nasce no mundo capitalista desenvolvido né que é onde o individualismo também é se acentua alguém que mostrou que as identidades são construídas impostas e que não existe natureza humana por favor [Música]