[Música] enquanto meus olhos passeavam pela avalanche de problematizações no Twitter I couldn't help but Wonder Sex in the City é uma série Progressista é importante dizer que eu tô amando Sex and the City e é indiscutível que ela seja revolucionária pra sua época a nível de temas discussões imagens linguagem mas eu queria aqui levantar um outro ponto sobre isso assistir a essa série hoje em dia não passa nem perto de ser a bobajada machista e desempoderados pelo contrário dentro do seu recorte de tempo eu acho o Sex and sir uma série extremamente Progressista e sendo
bem sincero é inacreditável que ela tenha surgido há quase 30 anos então queria trazer três pontos principais para essa discussão um as mulheres da série Dois os homens da série e três puritanismo da geração z e as discussões atuais em cima desse [Música] produto em primeiro lugar o Óbvio a série é comandada por quatro mulheres muito tridimensionais ou seja personagens muito bem construídas com muita profundidade e nuan elas têm trabalhos estilos movimentos de vida amores derrotas vontades desejos elas erram acertam se arrependem transam com quem elas querem e vem erros e acertos nesse processo que
constróem a identidade delas ao longo dos anos tudo que acontece de certa forma constrói o caráter e a personalidade delas e tudo carrega um senso de Aventura não só isso como elas são quatro mulheres de TR tantos anos que acho que é um recorde cada vez mais raro na televisão principalmente no mainstream qual foi a última vez que você viu Liberdade sexual com erros e acertos ser trabalhado de uma forma tão leve na televisão que não seja sex education que tem uma outra proposta aliás é muito importante não confundir isso com feminismo Liberal que é
um argumento recorrente que vem em cima da série A carie a Charlotte a Miranda e a Samanta são personagens donas das suas próprias decisões a gente experiencia o mundo a partir do Olhar delas e de como elas próprias percebem as suas vivências a Sexualidade delas se é uma coisa empoderadora ou não diante dos homens é uma discussão recorrente na série o questionamento sobre o espaço que os homens ocupam nas vidas delas também é uma discussão recorrente e a frustração com lidar com homens tão limitados também é uma discussão recorrente por ISO eue a crônica usar
uma argumentação de feminismo liberal e principalmente Algar que elas reforçam esse discurso quando na verdade existe um lugar ali de autoconsciência de onde se está muito grande até porque nenhuma delas em momento algum é sexualizada ou fetichizada e Só esse detalhe já é uma coisa absurda porque essa é uma série de quase 30 anos atrás sobre quatro mulheres que transam sem parar em todos os episódios e em nenhum momento elas são objetificadas fetichizadas ou servem a um olhar masculino até porque isso não faria o menor sentido também dentro da proposta da série e para Além
disso acho que sexc tem uma coisa ainda mais interessantes por capturar os do final do milênio a gente tem um grupo de mulheres que são bem sucedidas conectadas interessantes cultas e muito por causa disso extremamente cientes do Papel miserável que elas ocupam no patriarcado mas ali há 30 anos atrás existia muito menos esperança de Qualquer mudança significativa nas estruturas de poder e na indústria cultural não é o exagero inclusive dizer que elas são quatro personagens recorrentemente resignadas por conta das experiências ruins que elas têm com homens e é inacreditável falar isso mas sex and3 hoje
hoje parece ser um respiro de ar fresco diante de uma Indústria tão apavorada de sexo e se é assim que a gente olha para as mulheres da série Vamos então pro segundo ponto os homens da série para quem é [Música] olam praticamente todos os personagens masculinos da série são infantis idiotas rasos ou faltam com alguma característica fundamental eles são sempre a grande piada a Punch Line de todos os episódios são superficiais são limitados são esquisitos uma piada recorrente é de que eles não são capazes de fazer o básico seja transar seja cuidar seja tá perto
ou seja ser atencioso seja são sempre faltas muito absurdas da perspectiva de quem tá acompanhando elas porque elas fazem isso com uma mão nas costas tem sempre problema com sexo um problema comportamental ou Principalmente um problema com diálogo é como se sexen decide retratar esses homens na série com a mesma falta de profundidade que a indústria cultural americana sempre retratou as mulheres quase sempre dispensáveis são dispositivos de roteiro para avançar a história muitas vezes são dispensadas no mesmo episódio em que aparecem e servem para ser piada ou seja a gente tem uma série sobre mulheres
jovens bonitas bem sucedidas em um mundo de homens que parecem que não conseguem dar o primeiro passo passar da primeira etapa é a tragédia de gostar de homens diante do fato de que ele jamais conseguem alcançar os pés delas e eu acho que é muito Progressista nos anos 90 Você tem uma série sobre personagens femininas fortes navegando num mar de homens terríveis e completamente cientes da tragédia que é o patriarcado que é a prisão que elas estão inseridas aí entra uma outra questão que a galera fala muito que é ah elas só pensam em homem
na série tudo é sobre homem Elas são mulheres limitadas por causa disso é uma série que gira em torno de homem se o que eu falei ainda não foi suficiente eu queria trazer um outro exemplo que é o c e o MIT de Modern Family por exemplo ninguém acha os dois tóxicos porque eles brigam em todos os episódios ou que eles são um casal ruim por causa disso eles claramente são um casal maravilhoso mas é o conflito produzido entre eles que Avança a narrativa Que Avança a história dos episódios então a gente tá falando de
ficção a gente tá falando de mulheres que são personagens e por conta disso da temática da série é de se esperar que homens sejam o principal combus da história não significa que as quatro só existem Além disso até porque elas têm trabalhos outros gostos outras histórias mas a história usa homem sempre como artifício narrativo isso não significa que elas são mulheres que são dependentes disso só conseguem pensar nisso em vários episódios elas discutem estar falando demais sobre homem é muito importante a gente lembrar que televisão é [Música] ficção e agora pro nosso último ponto suposto
puritanismo da geração z e as reações diversas que tem acontecido a série ter bombado por algum motivo nas últimas semanas foi um efeito cascada a série saiu na Netflix muita gente voltou a falar o Twitter começou a falar e discutir muito lembrar de cenas lembrar de episódios e aí começaram a surgir artigos para tentar ganhar engajamento como por exemplo um escrito no The Independence para uma menina de 22 anos assistindo sex pela primeira vez e criticando a série com argumentos muito engraçados porque ela fala que a questão central não é nem a série ser problemática
é que ela é na verdade cringe porque são quatro mulheres que são pessoas horríveis e que não existe motivo nenhum para torcer por elas porque elas são pessoas horríveis e eu acho que isso resume muito sobre a questão Moral com o consumo das coisas que a gente tem hoje principalmente com o consumo de mídia e a relação que isso tem com ser um consumo politizado um consumo político um ato político em primeiro lugar é importante esclarecer que Sex and seria sim uma série cheia de problemáticas desde a forma com a qual Nova York é retratada
e a vida leve que elas levam lá dentro até como o outro é retratado sendo o outro todo mundo que não faz parte de uma hegemonia Branca padrão então a gente tem diversas instâncias de homofobia racismo xenofobia transfobia mesmo sendo aquela coisa sem intenção em alguns outros momentos e algumas dessas instâncias são realmente danosas e isso tudo é reflexo de uma indústria cultural muito branca na época com salas roteiristas muito brancas com a maioria masculina ainda por cima isso é reflexo de um desinteresse da indústria cultural na época em narrativas com diversidade narrativas diversas com
pontos de vistas e perspectivas diferentes ninguém nega isso mas banir o passado também não é a solução e muito menos colocar uma faixa amarela de cena do crime banir a série de ser assistida sex andrita em quase 30 anos e não é um conteúdo que passa na televisão aberta não é um conteúdo de horário nobre não é uma série educativa e muito menos um produto que reflita a nossa forma de pensar hoje ela existe dentro de um contexto cultural e reflete isso e pensar que a gente só pode consumir e apreciar mídias do passado se
Elas tiveram a sorte de não envelhecerem mal é uma péssima forma de lidar com o que veio antes e uma péssima forma de se pensar preservação de Cultura se a gente percebe essas situações com estranhamento hoje é justamente porque a gente não acha elas mais legais muitas vezes elas são criminosas inclusive ninguém vai imitar esses comportamentos por causa disso porque essas as coisas não estão sendo apresentadas dentro de um contexto daquilo que é novo ou daquilo que é corrente mas sim como um produto antigo que você acessa num canal de streaming isso não vai acontecer
de novo na televisão aberta de forma natural não dá pra gente aplaudir o pensamento Progressista do passado somente se ele sobrevive ao escrutínio completo do nosso progressismo de hoje é uma coisa em construção em movimento existem coisas no passado que são parcialmente progressistas e erradas em outras e você não consegue punir o todo só porque existe um pedaço de erro ali dentro de uma coisa que tem outras ideias legais a gente tá no momento de reinvenção da moralidade da da sexualidade no cinema a gente entendeu que o meio gaz o olhar masculino e a fetichização
feminina produziram um buraco de representação muito complexo ao longo de décadas a mulher até pouco tempo era uma costela de Adão do Olhar masculino criada e representada somente para servir aos seus interesses visuais e para se olhada da sua maneira E aí tentando estancar essa sangria a indústria cultural entrou em paralisia sexo dá medo tesão dá medo desejo dá medo desejo a partir do feminino que cada vez mais vai encontrar escritoras e diretoras muito potentes para representá-lo ainda é uma besta para as salas de roteiristas masculinas e brancas não só isso como também existe um
efeito puritan ista maior mais Global essa hiper globalização que a gente vive faz com que um filme uma música uma série qualquer pedaço de mídia tenham que ser culturalmente aceitáveis por um grupo muito grande de pessoas a fim de assegurar um lucro exorbitante tudo é um produto que tem que alcançar todas as culturas tudo é um produto para uma mega audiência E para isso é necessário neutralizar qualquer obstáculo cultural porque é uma coisa que é feita para bilhões de pessoas literalmente é feita para ninguém hoje o nosso consumo É apenas orientado pelos no nossos valores
e se o ato de consumir se tornou tão intrinsecamente político essa interseção cultural onde todo mundo consome a mesma coisa jamais vai conseguir existir sem uma neutralização muito grande de qualquer risco Isso tudo só para dizer que a geração z é também reflexo de crescer numa indústria muito blindada dos infinitos potenciais discursos que a internet pode produzir e que podde afetar o desempenho mercadológico dos seus produtos é uma geração protegida que cresceu sob o capitalismo de Vigilancia e se tornou adulta no meio da pandemia não dá para esperar que seja imediatamente compreensível a proposta de
tanta liberdade liberdade para ser mesmo Com erros acertos transas boas transas ruins Sex and ser é uma odde é um último respiro é um Manifesto sobre se tornar se próprio diante de experiências realmente vividas e não digitalmente consumidas and just like that a gente consegue entender que não dá para olhar pro passado com as lentes de hoje e que é totalmente possível consumir e elogiar obras enquanto também apontamos problemáticas que elas refletem da sua própria época Obrigado por acompanharem até aqui por favor se inscrevam no canal para que eu continue podendo fazer vídeos tão legais
quanto esse que eu me diverti abessa fazendo