Violência Doméstica: por que elas não vão embora? | Juliana Wallauer | TEDxFortaleza

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TEDx Talks
Nessa brilhante palestra, Ju Wallauer do podcast Mamilos, fala sobre a violência doméstica e como es...
Video Transcript:
[Música] uma mulher rhea porta agressão a cada dois minutos isso considerando que apenas 11% das vítimas de violência procura a delegacia da mulher dessas que reportam 80% têm algum vínculo afetivo com o agressor isso quer dizer que a gente está falando de um ex marido de um atual namorado de um companheiro 54% das pessoas conhece uma vítima da violência doméstica olha ao redor a gente está falando de metade dessa sala conhece uma mulher vítima de violência a gente está falando que aqui está sentado uma mulher que passou por isso está sentado filho de uma mulher
que passou por isso está sentado uma amiga uma colega de trabalho três mulheres morrem todos os dias apenas pelo fato de serem mulheres não é em confronto com a polícia não é em acidente de carro não é de um ataque cardíaco é só por serem mulheres porque a gente está falando desses números porque tem muito mito quando a gente fala de violência contra a mulher que me são esses primeiro tem nada a ver comigo imagina mulher que sofre violência doméstica o que entendo respeito próprio não tem autoestima é fraca é burra eu tenho nada a
ver com essa violência doméstica acontece onde na periferia não vai acontecer com a minha filha é coisa de marido e mulher eles se resolvem não é meu problema outra clássica é fácil resolver gente homem que bate em mulher o que é um monstro num caso com o monstro faz ou vamos lá tá bom eu sei que às vezes a gente casa com o médico a corda do lado monstro que fazer corre hoje é simples só que não é fácil e não é simples ea nossa missão hoje aqui é justamente tirar a venda e olhar para
a realidade sem maquiagem eu não vou mentir não vai ser fácil não vai ser fácil justamente porque eu não vou trazer nada de novo o que eu vou contar vai soar muito familiar para vocês vocês conhecem essas histórias vamos começar contando a história da pole quem apoia a pole é aquela mulher que ninguém imagina que a vítima de violência doméstica porque ela mora no bairro bom ser classe média maria da pole cara bonito né cara que é super prestativo na igreja o cara que é divertido com os vizinhos o brother do futebol você conhece ele
é super legal todo mundo adora ele apoia mesmo demorou muito para entender que o que ela estava vivendo tinha nome chamava violência doméstica sabe por quê porque as histórias que a gente conta são muito ruins como que a história de violência doméstica tapa na cara todo dia certo para não dar um lar assim um dia tinha cinema um dia tinha flores no outro dia muitas declarações nas redes sociais casal instagram no outro dia só com a cara mais calma pedra não é que ele é um cara de fazer essas coisas não é ele estava o
que bêbado e aí se entende como é que é na semana anterior por exemplo que ele puxou o cabelo também não é uma coisa que ele faça só que ele estava muito estressado por causa de trabalhos ficam estressados com o trabalho não fica acontece não é na outra semana ela chegou tarde do trabalho e quando ele chegou em casa não tinha adianta ela está careca de saber que isso deixou nervoso se desentendem não é ela mesmo contava nessa situação pensava vítima de violência doméstica a mulher assim que não têm família não tem faculdade né não
tem estrutura nenhuma eu tenho nada a ver com isso gente eu tenho um relacionamento que tem problemas mas é um relacionamento bom relacionamento você não tem problema o que importa é que no dia seguinte ele levava café na cama pedia desculpa dizer que não ia mais acontecer quando é que caiu a ficha de que tinha alguma coisa meio estranha quando os filhos da pole começaram a ficar agressivos entre eles e com ela não me entendam mal a pole ela sabe ensinar os filhos o que é certo mas todo mundo que está aqui sabe que o
que a gente ensina como mãe vale menos do que a gente vive vocês imaginam o que é ter a cabeça de um menino crescer vendo a mãe sofrer violência vocês imaginam como ele se sente impotente vocês imaginam a raiva você imagina o que isso faz com a cabeça e com o coração de menininho crescendo vendo isso isso não estava aqui para a pole mas o que realmente mudou pra ela foi ter uma colega de trabalho que vive a mesma coisa que ela só que como filha o pai dessa amiga é igual a uma ilha da
pole então ela conhecia tão bem o ciclo que ela conseguia prevê o próximo estágio e aí caiu a ficha para a pole que ela não estava vivendo uma história especial que não era a história dela e do marido que ela estava vivendo um clichê antigo que já maltratou milhões de mulheres que já destruiu milhões de famílias foi essa amiga que levou a pole para a delegacia quando o marido agrediu ela vamos mudar a história e vamos falar um pouco da franquia é uma história completamente diferente a fran aquela mulher que sabe muito bem que está
passando por violência doméstica porque ela já saiu de casa e foi para o abrigo recebeu ajuda encontrou perspectivas sabe que existe vida fora disso e volta pra agressor ela é a mulher que desperta todo o nosso preconceito mas eu vou pedir pra vocês escutarem com atenção e com carinho a história dela a frança vem de uma família completamente desestruturada onde ela nunca sentiu amada protegida cuidado ela sai de casa há 15 anos para casar para construir uma vida melhor só que cada ano que ela passa construindo esse lar e essa família para os três filhos
para que eles tenham uma família que ela nunca teve torna mais difícil para ela quebrar o ciclo da violência sabe por quê porque quando ela fica ela fica por valorizar a família porque ela não quer deixar de herança para os filhos o lar desfeito que ela tinha e isso me traz uma profunda conexão com a fran porque o que faz ela ficar os valores dela são coisas que eu valorizo também então pra quebrar esse ciclo da violência da fran a gente precisa urgentemente repensar o nosso conceito de família ampliar o conceito de família para que
uma mulher sozinha com três filhos cuidando com amor e afeto represente tudo que o valor de família significa em sua completude não falta nada e para que uma família onde uma criança seja criada assistindo violência todos os dias sempre com medo sempre insegura seja uma traição a esse valor se a gente falar isso se a gente discute isso aqui vocês entendem que se a gente discute isso aqui em todos os lugares pra fran sair de casa deixa de ser o que destrói a família dela e passa a ser a atitude que salva a família dela
entendem outra coisa que a história dá frangos mostra é que por trás da história de violência têm também histórias de amor ninguém falar disso mas são histórias de pessoas que brada as feridas que chegam por um relacionamento sem nada mas colocando na mesa tudo o que elas têm a gente fala com muita crueldade que mulher que fica porque gosta de apanhar não é fácil sair da violência mas é mais difícil ainda deixar para trás a primeira pessoa que te deu amor que cuidou de você e que você sabe que não te dá mais porque não
tem ele bate porque o avô bateu porque o pai bateu e porque a gente vai atrás de gerações e gerações e gerações de violência então é por isso que é tão difícil quebrar esse ciclo por isso que a gente continua rodando no mesmo lugar porque a gente não tá tentando quebrar o vínculo entre a frança eo marido dela a gente precisa quebrar a resistência à inércia de gerações e gerações e gerações que nos legaram uma única forma de resolver conflito mas por isso também que é tão potente é tão importante que merece que a gente
coloque toda a nossa atenção todo o nosso esforço todo o nosso investimento porque libertar a frança não é libertar só ela é libertar todas as gerações que vêm depois dela que não precisam crescer no meio da violência então vamos lá que a gente aprendeu com essa história dessas duas histórias que o que a gente fala de violência doméstica não dá conta de nos ajudar a entender o fenômeno que a narrativa não nos protege de forma que a gente não entra nessa roubada se a gente tiver ela perceba rapidamente e consiga sair a gente precisa de
uma nova narrativa como começa um relacionamento abusivo adin igual ao de vocês gente alguém aqui casou em sapo não todo mundo casar com um príncipe no início ele amoroso carinhoso atencioso leva pro passeado apresente qual é o primeiro sinal de problema ciúme o é o temperinho do amor e carinho e do amor o agressor uso ciúme como uma desculpa para isolar a mulher os amigos a mãe o pai eles se metem muito no relacionamento é melhor a mulher parar de falar com eles e através dessa ferramenta desse isolamento que ele deixa a mulher numa situação
que não tem ninguém pra dizer que ela está entrando em perigo não vai ter ninguém para dizer amigas falou cá né queria que vocês pensarem um pouquinho sobre o relacionamento de vocês e o quanto tem de controle no relacionamento de vocês hoje amor e controle não são uma mistura que faz bem nunca é tipo energético e álcool não faz bem nunca e às vezes pode matar ou não convém misturar o que é mais que ele faz depois de isolar a mulher ele vai começar com agressão psicológica agressão verbal chamar de burro incompetente preguiçosa feia não
é porque isso é importante porque ele vai me na autoestima dela porque assim ela não vai ter força para dar um basta na situação e embora é só quando a mulher já está isolada e já está frágil que vem agressão física e logo depois já vem o pedido de desculpa a reconciliação ea lua de mel e aí a gente volta para o início do ciclo então o que é muito importante a gente ficar dessa conversa sam é que a gente tem uma imagem mental da violência doméstica o tapa e essa não é a melhor imagem
a melhor imagem os homens vão entender é do cerco quando a gente quer invadir um país a gente corta o suprimento de água e de comida de comunicação de energia a gente enfraquece o inimigo para quando o confronto físico acontecer ele já está tão fragilizado que ele não consegue colocar a resistência esse é o modus operandi da violência doméstica é um ciclo que se repete e que se a profunda deixando a mulher cada vez mais isolada e cada vez mais frágil a gente está caminhando para o fim da nossa conversa e que eu gostaria que
a gente tivesse compreendido com essas histórias que eu contei primeiro que é um problema nosso é um problema prevalente não existe nenhum grupo na sociedade que está livre disso jovem rico descolado evangélico feminista todo mundo é vítima também segundo que não é simples violência doméstica é um reflexo de estruturas da nossa cultura falar de violência doméstica é falar de papéis de gênero é falar de idéias de família é falar de como a gente resolve conflito a gente não vai resolver um problema tão profundo sem questionar as ferramentas que a gente recebeu e sem criar um
novo sistema então eu queria deixar um convite um pedido meninas mulheres amigas vamos acabar com esse mito da mulher salvadora que vai abraçar um homem quebrado para curar para transformar ele esse mito nos deixa num lugar muito vulnerável esse é um risco de vida para a gente ciúme não é o tempero do amor ciúme é perigoso um sinal de alerta corra lola corra amor e controle é uma mistura que não combina meninos homens amigos precisamos urgentemente rediscutir o papel de masculinidade rediscute tudo que falaram pra você que significa ser homem o que é ser homem
hoje em dia o que como é que um homem se comporta a gente precisa encontrar novas formas de lidar com a frustração com medo angústia com a raiva com a dor como não saber é muito muito difícil mudar a herança que a gente vai deixar para a próxima geração a gente sabe disso é muito requer muito esforço mudar as respostas automáticas que vem com a força de gerações e gerações e gerações é assim porque sempre foi assim mas é possível vamos [Aplausos] obrigado [Aplausos]
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