Tecnologia, inovação, cultura, desenvolvimento. Talvez, essas sejam as palavras que venham a sua mente quando o assunto é Japão. Se você é do início dos anos 2000, assim como eu, ou até antes, da década de 90, você provavelmente cresceu ouvindo falar que o Japão seria a maior economia do mundo, que em alguns anos eles passariam os Estados Unidos e que eles eram uma economia crescente e imparável.
No ano de 2022 o Japão foi a terceira maior economia do mundo, com 4. 9 trilhões de dólares. Ficando atrás somente da China com 11.
2 trilhões e dos Estados Unidos com 18. 6 trilhões. O que, óbvio, eles ainda são uma superpotência, quem dera a gente estar em terceiro lugar.
Mas, vamos comparar com alguns anos atrás. Na década de 90, os Estados Unidos seguiam em primeiro lugar com 11. 7 trilhões de dólares e, logo em sequência, vinha o Japão com 4.
7 trilhões. Apenas 200 bilhões de dólares separam 30 anos de existência. Comparando esse gráfico, fica ainda mais claro a estagnação japonesa.
Mas, o que aconteceu para que o Japão parasse de subir na lista de maiores economias? Como que o Japão saiu de um país próspero, seguro e com a maior taxa de expectativa de vida do mundo, para um país parado no tempo? E como o governo e a população japonesa estão lidando com isso?
Hoje, nós vamos entender! Oi, eu sou o Tinôco, sejam todos muito bem-vindos a mais um vídeo aqui no canal, como de costume já deixa o seu like, se inscreve no canal aqui embaixo, me siga nas redes sociais @tinocandotv no Twitter, no Instagram, no Tik Tok, estou postando muito conteúdo maneiro e diferente lá, você vai, com certeza, curtir. Enfim, vamos para o tema.
Como todo mundo sabe, importantes partes do Japão foram destruídas durante a Segunda Guerra Mundial como é o caso de Hiroshima, que não era uma simplicidade japonesa, ela foi alvo da "Little Boy", uma das bombas usadas pelos Estados Unidos, por ser um importante porto do país, o que é alimentava uma indústria desenvolvida, além de ser sede de um quartel-general, mas, não foram "somente" as bombas de Hiroshima e Nagasaki que afundaram o país, a economia também ficou em pedaços e o futuro era incerto, óbvio que perder uma guerra, principalmente nas proporções de uma guerra mundial, iriam trazer imensas consequências para qualquer país que fosse, e, com o Japão não foi diferente, depois que o Japão aceitou os termos de rendição da declaração de Potsdam o país, foi ocupado pelos Estados Unidos, que impuseram regras rigorosas. Como uma dessas regras, por exemplo, o Japão foi proibido de possuir Forças Armadas, ou seja, um exército próprio, ele também seria forçado a criar "tendências democráticas", ou seja, largar o antigo sistema com o Imperador e usar o sistema ocidental, com um presidente e tudo mais. Mas, seria muita cara de pau os Estados Unidos só tentar tirar tudo do Japão e controlar eles totalmente, então, eles fizeram um esquema para que o imperador não, simplesmente, deixasse desistir, isso porque, ele era um símbolo importante para os japoneses, então, eles mantiveram o Imperador Hirohito como Imperador, mas, criaram uma nova constituição que tirava todos os poderes dele.
Ele era Imperador? Sim, mas ele imperava? Não.
Ele é tipo rei da Inglaterra né? Tá ali a figura do Rei, beleza, bonitinho, mas, agora dá licença que eu preciso trabalhar. Isso durou até o Acordo de Paz de São Francisco, de 1951.
A partir desse ano, o Japão volto ganhar autonomia, e as tropas americanas desocuparam o país, conforme foi estipulado. Mas, o Japão não tinha estrutura para se reconstruir sozinho, se isso fosse acontecer de maneira orgânica, jamais teria acontecido. A inflação estava fora de controle e a população não encontrava nem mais alimento no mercado.
Então, os Estados Unidos, com medo da União Soviética começar a influenciar demais aquela região da Ásia, decidiu ajudar o Japão em troca de influência. Em 1951 foi elaborado que ficou conhecido como Plano Colombo, onde os norte-americanos iriam dar uma ajudinha financeiramente ali, jogar uma graninha aqui e li nos Tigres Asiáticos, para tentar dar uma reestruturada ali naquela região Sudeste do continente que estava totalmente abalada. Se você tiver interesse nesse plano e nesse papel dos Estados Unidos, fica a recomendação do livro: The New Asian Hemisphere, de Kishore Mahbubani, que conta exatamente esse papel dos Estados Unidos.
Foram anos de reconstrução, e durante esse período houve um crescimento econômico espetacular! Com um crescimento anual de 10% durante 40 anos Em 1964, por exemplo, o Japão já tinha estrutura para sediar uma Olimpíadas no país, chegando na década de 80, o país não parava de crescer, havia um enorme investimento no setor privado, a bolsa de valores estava voando, o setor imobiliário gerava mais dinheiro do que nunca e a cultura japonesa começou a se espalhar para os quatro cantos do mundo. A piada na época, era que somente o palácio imperial japonês valia mais do que todo o estado da Califórnia.
E em 1991, essa bolha financeira estourou. No ano de 1980, o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, estava tentando valorizar a moeda do seu país: o dólar. Isso afetou bastante a balança econômica mundial e de um certo ponto foi, até mesmo, prejudicial para os Estados Unidos, isso porque, com o dólar alto, começou a ficar difícil comprar produtos americanos fora dos Estados Unidos, com isso, algumas empresas do país começaram a passar por uma certa dificuldade financeira, obrigando os Estados Unidos a recuarem e adotarem uma política mais protecionista.
Com isso, em 1985, aconteceu que ficou conhecido como Acordo de Plaza onde as 5 maiores economias do mundo: França, Alemanha Ocidental, Reino Unido, Japão e Estados Unidos se uniram para desvalorizar o dólar em relação ao Marco alemão, ao Franco francês, a libra esterlina e ao iene japonês. E isso, de fato, funcionou. Mas, esse movimento fez a exportação do Japão para outros países diminuir significativamente, com menos exportação o emprego dos japoneses ficou em risco, com isso, o Banco Central do Japão precisou diminuir o custo dos créditos, o que estimulou a economia, ele também abaixou a taxa de juros dos imóveis e isso fez com que a população japonesa começasse a comprar casas e apartamentos, assim o estoque de imóvel japonês despencou.
Existia, naquela época, a ideia de que o Japão passaria os Estados Unidos e se tornaria a maior economia do mundo e se tivesse seguido o ritmo em que estava, de fato, isso aconteceria, mas, esse movimento fez com que várias empresas estrangeiras aproveitassem o baixo valor dos imóveis e comprassem vários deles, com a demanda maior do que a oferta, essa conta só poderia dar em um resultado: A supervalorização do mercado imobiliário japonês. Que chegou a ter 4x o valor do mercado imobiliário americano, mesmo o território do Japão, sendo 26 vezes menor do que o território dos Estados Unidos para você ter uma noção do tamanho dessa bolha, a bolsa de valores japonesa chegou a representar 40% de todo o dinheiro que circulava no planeta. E, como toda bolha gigantesca, ela, estourou.
E o Banco Central teve que tomar algumas medidas para impedir o caos que estava por vir. A maior delas foi o aumento da taxa de juros. Ela foi triplicada com o intuito de segurar um pouco essa inflação, mas, não tinha como, o problema era quase que sem solução e na década de 90 a bolsa de valores japonesa caiu em 60%, e o valor dos imóveis em 80%.
O que fez com que muitas instituições fossem a falência, o prejuízo foi tanto que muitas ações japonesas só voltaram a se estabilizar no ano de 2003, 2004. Quase 20 anos depois. Já o mercado imobiliário japonês, até hoje não se estabilizou.
Com isso, esse período é conhecido no Japão como: "A década perdida". Fica aí a recomendação do livro, que também tem um documentário: The Princes of Yen, ou, o príncipe do iene, que fala, literalmente, sobre essa chamada década perdida e também o documentário: Japão, a história de amor e ódio, que conta a história de um desempregado durante essa explosão da bolha, mas, isso que eu falei explica porque o Japão não se tornou a maior economia do mundo, mas, não explica o porquê da estagnação. Uma das coisas que mais dizem por aí é que o Japão é perfeito, um modelo de eficiência, nada de errado acontece e a gente sabe que isso é uma conversinha bem mentirosa.
E uma das melhores maneiras de exemplificar isso está nos bueiros dos alpes japoneses? Em 1924, ossos de uma antiga espécie de mamute foram encontrados em um lago da região, isso fez com que o animal se tornasse um símbolo da cidade, com isso, o governo decidiu tomar uma decisão forte, o governo iria usar dinheiro público para trocar todas as tampas de bueiro da cidade para tampas com imagemzinha de um elefante. Beleza, lindo, é linda a tampa de bueiro.
O problema é que cada tampa dessa custa 900 dólares. O que eu quero dizer com essa história é que o Japão investe de forma esquisita o seu dinheiro, talvez, seja por isso que hoje o país tenha a maior dívida pública do mundo e essa conta só piora quando levamos em consideração a população idosa do Japão. Na escola, você já deve ter visto algum mapa como esse.
Essa, é uma pirâmide etária, que mostra a idade da população de cada país, o ideal é que ela tem uma base maior*, porque assim, o futuro do país está praticamente garantido. Já que é o trabalho dos jovens que financiam a aposentadoria dos idosos, essa aqui, por exemplo, é a pirâmide etária do Brasil em 2010, com muitos jovens na base, comparativamente, essa é a pirâmide etária do Japão na mesma época. Hoje, 1/3 do Japão tem mais de 60 anos e o governo teme perder 1/5 da sua população até o ano de 2050.
O problema é que com esse desgaste econômico, a população idosa do Japão não consegue se aposentar, pela enorme pressão de corte sobre as pensões e o sistema de saúde, esse processo também acontece porque o país não é muito hospitaleiro com imigrantes, somente 3% da população do Japão nasceu fora do país, o que comparado com os 15% do Reino Unido, por exemplo, é bastante absurdo. A riqueza do Japão também é relativa, já que o salários reais não aumentam a 30 anos no país. E lá no início do vídeo eu perguntei: "Como o governo lida com tudo isso?
" Bom, então, vamos falar sobre o governo japonês. Em 1868, temendo o que acontecesse com Japão o que aconteceu com a China, foi derrubado o xogunato, que era uma espécie de feudalismo, no qual o samurais eram a principal força de defesa assim, o Imperador Meiji assumiu o poder e o país substituiu os grandes latifúndios por indústrias começando assim o processo de industrialização. Com isso, a elite que antes era bem focada na agricultura, agora, olhava com bons olhos para o ramo industrial.
Como a Mitsubishi, por exemplo, dessa forma o poder ficou na mão da elite do país, que está lá até hoje, mas, como que isso é possível? O Japão não é uma democracia? Sim, mas naquelas.
O ex-primeiro ministro Shinzo Abe, era filho do ministro do exterior, que era filho do primeiro-ministro Kishi, que teve esse cargo durante a Segunda Guerra Mundial, o Kishi foi preso durante esse período, mas, conseguiu escapar e em 1955 fundou o Partido Liberal Democrático e eles foram eleitos democraticamente desde então das 20 das últimas 22 eleições. Desde 1958, só em 1993 e em 2009, houve essa alternância de governo. O ponto de tudo isso é: o Japão está extremamente preso ao passado, a população tem fé de que o governo vai fazer alguma coisa, os jovens, têm cada vez menos vontade de casar e ter filhos e pessoas do mundo todo tem cada vez menos vontade de se mudar para o Japão.
O que parece é que o país foi abraçado pelo mundo na década de 90, mas, não abraçou de volta. O medo do governo é que a população envelheça e desapareça. Não haverão mais grandes feitos no Japão, se não houver mudança.
Já que: "abraçar o novo, é essencial para se manter vivo". Bom, esse foi o vídeo eu espero que você tenha gostado, se você curtiu, já deixa o seu like, se inscreve no canal aqui embaixo, que tem muito mais vídeos como esse aqui vindo aí, me siga nas redes sociais @tinocandotv no Twitter, no Instagram, Tik Tok como eu já falei. Espero encontrar vocês lá, eu espero, de coração, que você tenha gostado desse conteúdo e que eu possa cada vez mais trazer esse tipo de conhecimento para vocês, enfim, muito obrigado pelo seu acesso, te espero no próximo vídeo.
Valeu, falou, um grande abraço do Tinôco e lembre-se: A existência é passageira.