CAMINHONEIRA PASSA SUFOCO NA ESTRADA, MAS ALGO ACONTECE QUE SALVA ELA.... HISTÓRIA EMOCIONANTE

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Histórias da Estrada
CAMINHONEIRA PASSA SUFOCO NA ESTRADA, MAS SEU CÃO DE GUARDA SALVA ELA.... HISTÓRIA EMOCIONANTE
Video Transcript:
Meu nome é Sandra, tenho 42 anos e rodo essas estradas com meu caminhão há quase duas décadas. Nasci em Joinville, mas hoje meu endereço é a boleia desse Volvo FH. Antes de contar o que aconteceu comigo semana passada, peço que você se inscreva no canal e ative o sininho para receber mais histórias de caminhoneiros como eu.
Sua inscrição é o combustível que me mantém aqui compartilhando o que a gente passa nessas rodovias do Brasil. Dirijo há mais de 15 horas sem parar. Só eu, meu volvo e o valente, meu pastor alemão que não desgruda de mim desde que o resgatei filhote de uma caixa jogada no acostamento da BR101.
A carga é valiosa. Remédios que preciso entregar em Ribeirão Preto até amanhã ao meio-dia. O céu tá escuro como breu e a estrada parece não ter fim.
E aí, valente? Aguenta mais um pouco ou tá querendo uma parada? Pergunto, olhando pro meu parceirão que resmunga no banco do carona.
Ele me olha com aqueles olhos atentos e solta um bocejo. Nós dois sabemos que ainda falta muito chão pela frente. A rodovia tá quase vazia nesse horário, 3 da manhã e só cruzei com dois carros nos últimos 40 minutos.
É o tipo de solidão que a gente até gosta, mas também o tipo que atrai problema. Por isso nunca viajo sem o valente. Ele já me salvou mais de uma vez e tenho certeza que se precisar vai fazer de novo.
Diminuo para 60 quando vejo as luzes de um posto à frente. Preciso de café e um lugar pro valente esticar as patas. Embora ele esteja tranquilo, sei que também tá cansado.
16 horas direto na estrada não é moleza nem para mim que já tô calejada. O posto parece vazio, só dois carros no estacionamento e um caminhão parado mais afastado. Entro devagar, faróis baixos, observando tudo.
Anos de estrada me ensinaram a nunca baixar a guarda, mesmo em lugares que parecem seguros. Vamos parar só 15 minutos, amigão? Digo pro valente enquanto manobro até a bomba de diesel.
Ele já fica em alerta, farejando o ar como se sentisse algo. No começo não dou muita bola, mas depois de tanto tempo juntos, aprendi a confiar nos instintos dele, mais que nos meus próprios. Estaciono o caminhão perto do posto, mas não muito perto do outro que já estava ali.
Sempre gosto de ter espaço para manobrar se precisar sair rápido. A gente nunca sabe quando vai precisar, né? O valente se levanta na hora que desliga o motor já pronto para descer comigo.
Ele é minha sombra, meu segurança particular de quatro patas. Vamos lá, garoto. Falo enquanto pego a guia dele, mais por segurança que por precisão.
Valente é comportado, não sai correndo atrás das coisas, mas nunca se sabe. Tranco o caminhão e descemos juntos. A lanchonete do posto tá com as luzes acesas, mas quase vazia.
Só tem um rapaz com cara de sono atrás do balcão e um sujeito no canto tomando café. Vejo que ele me olha quando entro, daquele jeito que toda mulher caminhoneira conhece bem. Metade curiosidade, metade desconfiança, como se mulher na boleia fosse coisa de outro mundo.
"Um café preto grande e um copo de água, por favor. " Peço pro atendente enquanto amarro a guia do valente na perna da mesa mais perto da porta. Ele deita quietinho, mas fica de olho em tudo, principalmente no sujeito do canto.
O café vem quente e forte do jeito que eu gosto. Enquanto tomo uns goles, vejo que o homem do canto levanta e vai para fora. Ele olha para mim mais uma vez antes de sair.
Tem alguma coisa no jeito dele que não me agrada, mas já tô acostumada com gente estranha nos postos de beira de estrada. Termino meu café em menos de 10 minutos, pago a conta e saio com o valente. Do lado de fora não vejo mais o sujeito, mas noto que o outro caminhão ainda tá lá.
É um modelo mais velho, sem nome de empresa, só com placa do Paraná. Nada de estranho, mas alguma coisa me incomoda. O valente parece sentir o mesmo.
Ele puxa de leve a guia na direção do nosso caminhão, como se quisesse voltar logo. Deixo ele fazer xixi rapidinho num canteiro ali perto e vamos voltando. Foi aí que percebi.
Tinha alguém perto do meu caminhão. Não dava para ver direito por causa do escuro, mas dava para notar a sombra de um homem olhando pela janela do motorista. Valente viu também e começou a rosnar baixo.
"Ei, gritei! O que você tá fazendo aí? O homem vira rápido.
Era o mesmo da lanchonete. Ele diz algo tipo: "Só vendo o modelo". E se afasta ligeiro, indo para uma picap estacionada que eu nem tinha visto antes.
Valente continua rosnando, agora mais forte. Espero até ele entrar no carro e sair antes de chegar perto do meu caminhão. Olho tudo, portas, pneus, a carga fechada.
Parece que tá tudo certo, mas meu coração tá apertado. 15 anos na estrada me ensinaram a não ignorar esse aperto no peito. "Vamos embora, valente", falo, subindo na cabine e ajudando ele a subir também.
Ligo o motor e saio do posto mais rápido do que queria. Pelo espelho, vejo os faróis da picap acendo. Ela entra na rodovia poucos segundos depois de mim.
É, amigão. Parece que temos companhia. Digo pro valente enquanto piso um pouco mais.
Não quero parecer medrosa, mas também não vou arriscar. A estrada na frente tá completamente escura, sem outros carros à vista. Só nós e a picap que fica numa distância certinha, nem muito perto, nem muito longe.
Vamos ver se ele tá mesmo nos seguindo ou se é só coincidência. Digo, diminuindo a velocidade devagar. A picap também diminui.
Acelero de novo e ela faz igual. Não é mais coincidência. Tão seguindo a gente.
Meu coração dispara, mas tento ficar calma. Não é a primeira vez que passo por isso, mas sempre dá medo. Valente percebe que tô tensa e fica em pé no banco, olhando pro espelho, como se também soubesse do perigo.
Fica tranquilo, garoto. A gente já passou por coisa pior. Falo mais para me acalmar que para ele.
Na real, tô tentando pensar rápido. Estamos num pedaço da estrada onde não tem postos ou lugares para parar pelos próximos 40 km. Não posso simplesmente encostar e esperar ajuda.
Pego o meu celular e vejo. Sem sinal. Claro, justo agora.
O próximo posto tá há uns 30 minutos na velocidade que eu tô. Será que consigo chegar lá antes que eles tentem alguma coisa? A picap agora tá mais perto.
Dá para ver que tem dois homens dentro. Decido ir mais rápido. Meu volvo pode não ser o mais novo da frota, mas o motor tá bom e responde bem quando piso fundo.
A picap acelera também, mas vejo que tá com dificuldade para acompanhar nas subidas. Pelo menos isso. Segura firme, valente.
Aviso enquanto piso mais ainda. O marcador chega a 120, 130. Sei que é perigoso nessa estrada de noite, mas mais perigoso é descobrir o que aqueles caras querem.
Por alguns minutos, consigo manter uma boa distância. A picap fica para trás nas subidas, mas recupera nas descidas. Tô começando a pensar que vou conseguir despistar eles quando vejo uma coisa que gela meu sangue.
Faróis na frente vindo na minha direção, mas parados no meio da pista. Diminuo rápido, tentando entender o que tá acontecendo. É um carro atravessado na estrada, fechando a passagem.
Não tem como passar sem sair da pista. Olho no espelho. A picap tá chegando rápido.
É uma armadilha, valente. Digo com a voz tremendo. O valente agora tá todo alerta, rosnando baixo, sentindo o perigo.
Tenho segundos para decidir o que fazer. Olho minhas opções. Tentar passar pelo acostamento é arriscado com um caminhão deste tamanho.
Posso virar. Parar é me entregar de bandeja. Dar ré com a picap chegando também não dá.
Respiro fundo e tomo uma decisão. Diminuo para 60 por hora, virando o caminhão pro acostamento como se fosse parar. Vejo pelo espelho que a picap também diminui, chegando mais perto do carro atravessado.
Dois homens descem e ficam parados na pista. Um deles segurando o que parece ser uma arma. Agora é com a gente, valente.
Murmuro. Quando tô quase parando, a menos de 50 m do carro atravessado, jogo o volante pra esquerda, entro na contramão e piso fundo. O caminhão dá um tranco e passamos pelo carro atravessado pela pista do outro lado, por sorte vazia naquela hora.
Ouço gritos e vejo os homens correndo de volta pro carro, mas já estamos longe. A picap tenta fazer a mesma coisa, mas não é tão ligeira quanto pensavam. Vejo pelo espelho que eles quase batem no outro carro na pressa de me seguir.
Conseguimos, garoto! Grito, sentindo o coração a mil. Valente late em resposta, como se entendesse direitinho o que acabamos de fazer.
Mas sei que não acabou. Eles ainda estão atrás de nós e agora devem estar furiosos. Mantenham a velocidade alta, mas controlada.
Não posso arriscar um acidente. Se me lembro bem, tem uma base da Polícia Rodoviária Federal a uns 15 km daqui. Se conseguir chegar lá, aperto o volante com tanta força que meus dedos estão ficando brancos.
A estrada tá escura que nem breu e só tem os faróis para me guiar. Valente tá inquieto, andando de um lado pro outro no banco, como se quisesse me dizer alguma coisa. Calma, parceiro.
A gente vai conseguir. Falo para ele, mas na verdade tô falando para mim mesma. Olho pro painel e vejo que o combustível tá pela metade.
Dá para rodar mais uns 300 km, mas isso se eu não ficar nessa velocidade toda. O motor do meu vvo tá trabalhando pesado. Dá para ouvir o ronco dele lutando nas subidas com a carga cheia.
Pelo espelho, vejo que a picap e o outro carro se juntaram e estão vindo atrás de mim. Devem estar a uns 500 m, mas estão ganhando terreno. Meu caminhão carregado não consegue disparar igual carro pequeno.
São 15 km até o posto da polícia. Falo alto, como se isso fosse fazer a distância diminuir. A gente consegue.
A gente consegue. Pego o rádio e tento chamar algum colega que possa estar por perto. Alô, alô.
Aqui é a Sandra do Volvo Azul. Tem alguém na escuta? Tô precisando de ajuda urgente na BR101, altura do qum 327, sentido norte.
Tem gente me perseguindo. O rádio só devolve chiado. Nessa hora da madrugada tem pouca gente na estrada.
Valente late de repente e olha pro retrovisor. A picap tá mais perto agora. Consigo ver as caras dos sujeitos.
São dois na frente e parece que tem mais gente atrás. No outro carro também tem pelo menos dois. O que essa gente quer comigo?
Penso alto. Não tô carregando nada tão valioso assim. Só remédios.
A não ser que Será que eles sabem o que tem na carga? Alguns desses remédios valem uma fortuna no mercado negro. Uma curva fechada aparece de repente e tenho que reduzir.
O caminhão balança todo e a carga faz um barulho que me deixa nervosa. Se tombar aqui, tô perdida. Quando saio da curva, vejo uma coisa que me dá um frio na barriga.
O outro carro tá vindo pela contramão, tentando me fechar pela frente. A picap continua atrás. Eles estão me cercando.
Valente, se segura. Grito enquanto piso no freio e depois acelero de novo, tentando ganhar um espaço. O caminhão reclama, mas obedece.
Consigo fazer uma ultrapassagem arriscada e volto para minha pista antes que o carro me alcance. Mas eles não desistem. A picap tá quase colada na minha traseira agora.
No painel vejo que só faltam 8 km pro posto da polícia. Será que vou conseguir chegar? De repente, sinto uma batida forte.
Eles acertaram a traseira do meu caminhão. O impacto não foi grande por causa do tamanho e peso do meu volvo, mas me faz balançar na pista. Desgraçados!
Grito, lutando com o volante para manter o controle. Valente late furioso, mostrando os dentes pro retrovisor, como se pudesse atacar os perseguidores. Outra batida, mais forte.
Estão tentando me tirar da pista. Seguro firme no volante. Os nós dos dedos brancos de tanta força.
Mais 5 km. O rádio chiado de repente ganha vida. Sandra, aqui é o Zé do Scania Vermelho.
Tô te ouvindo. Onde você tá exatamente? Nunca fiquei tão feliz em ouvir a voz do Zé Pequeno, um velho amigo das estradas.
Pego o rádio com uma mão enquanto controlo o volante com a outra. Zé, graças a Deus, tô no Kome 332, quase chegando no posto da PRF. Tem uns malucos me perseguindo, querem me tirar da pista.
Tô a uns 2 km de você. Já avisei a polícia pelo celular. Eles estão vindo.
Aguenta firme, Zé. Eles estão batendo no meu caminhão. São dois carros, uma picap e um sedan.
Grito no rádio enquanto sinto mais uma batida na traseira. Acho que querem a carga de remédios. Tô chegando, Sandra.
Já te vejo nos faróis altos. Continua. A voz do Zé me dá um fio de esperança.
Olho pro espelho e vejo que o sedan tá tentando me ultrapassar pelo acostamento. Se eles conseguirem ficar do meu lado, podem me forçar a parar. Não posso deixar.
Dou uma fechada, usando o tamanho do caminhão para bloquear a passagem. Eles buzinaram furiosos. Valente tá latindo sem parar, pulando do banco pro painel e de volta.
Nunca vi ele tão nervoso. Fica firme, garoto. Digo, mas mal dá para ouvir minha própria voz com o barulho do motor forçado e os latidos.
Mais uma curva aparece, essa mais aberta. O sedan aproveita e consegue emparelhar comigo. Pela janela vejo um cara apontando algo para mim.
Uma arma. Abaixo a cabeça instintivamente e ouço um estalo forte. Vidro quebrado.
Atiraram no meu caminhão. Valente se joga no chão da cabine, assustado com o barulho. Meu coração tá quase saindo pela boca, mas não posso parar.
Se parar agora, tô morta. Atiraram em mim, Zé? Grito no rádio.
Eles estão armados. Tô vendo tudo, Sandra. Tô quase aí.
A polícia já tá a caminho. Pela primeira vez vejo os faróis altos de um caminhão vindo em alta velocidade na minha direção. É o Zé.
Nunca fiquei tão feliz em ver aquele Scania vermelho cheio de adesivos. Ele tá vindo pela contramão, buzinando sem parar. O sedan que estava do meu lado reduz de repente, assustado com o caminhão enorme vindo de frente.
Aproveito para acelerar e ganhar distância. O Zé passa rugindo pelo sedã. quase tirando o espelho dele.
Depois faz uma manobra doida e entra na minha pista atrás da picap que estava me perseguindo. Agora é o Zé que tá colado neles. Vai, Sandra, não para.
Já tô cuidando desses aqui. A voz dele estoura no rádio. A picap tenta se afastar do Scania do Zé, mas ele não deixa, fica grudado.
O sedan tenta ultrapassar, mas o Zé balança o caminhão ocupando as duas pistas. Tá dando cobertura para mim. Mais 2 quilômetros e vejo as luzes do posto da PRF.
Nunca achei que ia ficar tão feliz em ver uma viatura. Piso mais fundo, querendo chegar logo. A picap tenta uma última investida, desviando do Zé e vindo atrás de mim de novo.
Mas é tarde demais para eles. Já estamos perto demais do posto policial. Entro derrapando no pátio da PRF, buzinando sem parar.
Dois policiais saem correndo com as mãos nas armas. Freio o caminhão com tudo. O motor reclama alto e as rodas cantam no asfalto.
Me ajudem. Tão tentando me assaltar. Grito pela janela quebrada enquanto a picap e o sedan passam direto pelo posto, não ousando entrar.
O Zé para o Scania logo atrás de mim, pulando da cabine com um bastão na mão, pronto para quebrar o que for preciso. Sandra, você tá bem? Ele grita correndo pro meu lado.
Só então percebo que tô tremendo tanto que mal consigo soltar o volante. Os policiais correm para as viaturas assim que explico o que aconteceu. Eles pedem as características dos carros e saem atrás em alta velocidade, deixando um deles para tomar meu depoimento.
Zé me ajuda a descer do caminhão. Minhas pernas tão bambas e percebo que tô com um corte pequeno na testa, provavelmente dos estilhaços do vidro. Valente pula pro chão, ainda agitado, farejando tudo ao redor.
"Meu Deus, Sandra, você podia ter morrido", diz o Zé me examinando de cima a baixo. "Tá muito ferida? " "Só arranhou", respondo ainda tremendo.
"Se não fosse você? " O policial pede pra gente entrar no posto lá dentro, me dão um copo d'água e começam a fazer perguntas. Conto tudo desde o início, desde o cara esquisito no posto até a perseguição.
"A senhora tem ideia do que eles poderiam querer? ", pergunta o policial. "Acho que é a carga", respondo.
"Tô carregando remédios caros. São controlados desses que valem uma fortuna no mercado negro". O policial anota tudo.
Vamos precisar conferir sua carga só por segurança. E a senhora vai precisar fazer um bo formal quando estiver mais calma. Zé não sai do meu lado nenhum minuto.
Como você me achou, Zé? Pergunto finalmente. Tava a uns 20 km atrás de você.
Sempre passo por essa rota nas madrugadas de quarta. Quando ouvi seu chamado no rádio, já comecei a correr. Conheço seu caminhão azul.
Sabia que era você. Mal terminamos de conversar quando o rádio da polícia apita. Eles conseguiram pegar a picap.
O carro sedã escapou, mas pelo menos pegaram dois dos bandidos. Quer ver a cara deles? pergunta o policial, notando minha curiosidade.
Faço o que sim com a cabeça. Uns 20 minutos depois, a viatura chega com dois homens algemados. Meu sangue gela quando reconheço um deles.
É o frentista do posto onde parei antes. O outro eu nunca tinha visto. Esse cara, ele fingiu que trabalhava no posto.
Exclamo apontando. Ele deve ter avisado os outros quando eu cheguei. O policial parece surpreso e vai confrontar os detidos.
Volto para perto do Zé e do Valente, que não para de rondar o local, ainda nervoso. Foi armado, Sandra, diz o Zé balançando a cabeça. Eles estavam de tocaia esperando um caminhão com carga valiosa.
Você deu azar de ser o peixe da vez. Me apoio no Scania dele, de repente, sentindo todo o cansaço cair sobre mim. A adrenalina tá baixando e agora sinto como se tivesse sido atropelada.
Quanto tempo você acha que vai levar para consertar meu caminhão? Pergunto, olhando pro meu volvo com o vidro estilhaçado e amassados na traseira. O vidro a gente resolve em algumas horas, responde Zé.
Tem uma vidraçaria em lajes que abre cedo. O resto são só arranhões, nada que empeça de rodar. O policial volta.
e diz que os caras confessaram, fazem parte de uma quadrilha que rouba cargas na região. Ficam de tocaia nos postos e escolhem os alvos. Quando viram que eu era mulher, acharam que seria fácil.
Se enganaram feio, diz o Zé com um sorriso. Não sabiam que estavam mexendo com a Sandra e o Valente, a dupla mais durona da BR? Com o raiar do dia, a situação já tá mais controlada.
Fiz meu bo. A polícia já tinha identificado os dois presos e descobriu que o sedan fugitivo pertence a um criminoso conhecido da região. Tão procurando ele?
Zé cumpriu a promessa e me levou até uma vidraçaria em Lajes. O dono abriu mais cedo só pra gente, conhecido de outros caminhoneiros. Em duas horas, meu para-brisa estava novo e até os amassados da traseira, ele ajeitou um pouco.
"Tem certeza que quer seguir viagem hoje mesmo? ", pergunta o Zé enquanto tomamos café numa padaria. Você passou por um susto danado.
Devia descansar. Tenho prazo para entregar essa carga, respondo. E agora, com escolta policial até a divisa, tô mais segura que nunca.
É verdade. A PRF decidiu me dar uma escolta até o limite com São Paulo, onde outra viatura assumiria até eu chegar em Ribeirão Preto. Nunca me senti tão importante.
Valente tá mais calmo agora, comendo um pedaço de pão que a moça da padaria deu para ele. Já recuperou o bom humor? Diferente de mim, que ainda sinto o coração acelerar cada vez que lembro das balas.
Como vou agradecer o que você fez? Zé. pergunto, segurando a mão calejada do meu amigo.
Que isso, Sandra? Todo caminhoneiro de verdade faria o mesmo. A estrada é nossa casa e a gente cuida da família.
Ele sorri, aquele sorriso largo que sempre me dá confiança. Agora vou seguir meu rumo, que preciso estar em Curitiba antes do almoço. Nos despedimos com um abraço forte.
Zé faz um carinho no valente e sobe no seu Scania. Antes de partir, abaixa o vidro. Da próxima vez que passar por um bandido, atropela com o caminhão.
Aí a seguradora que resolva depois. Ele ri alto daquele jeito que só o Zé sabe rir. Volto pro meu Volvo com o Valente e me preparo para seguir viagem.
A viatura da PRF já me espera na saída da cidade. Quando ligo o motor, sinto que algo mudou em mim. O medo ainda tá lá, mas junto tem algo novo, uma certeza de que sou mais forte do que pensava.
Vamos, parceiro. Digo pro valente que já assume seu posto no banco do carona. A estrada tá esperando a gente.
Engato a primeira e sinto o caminhão vibrar, pronto para enfrentar o que vier. Na boleia de um caminhão, a vida ensina que os perigos existem, mas também mostra que nunca estamos sozinhos na estrada. Olho pelo retrovisor e vejo a poeira subindo atrás de mim, como se tivesse deixando para trás não só a cidade, mas também o medo.
A viatura da polícia segue logo atrás, me dando aquela segurança que nem sabia que precisava. Três dias depois, estaciono meu Volvo no pátio da transportadora em Joinville. A viagem terminou sem mais sustos, graças a Deus.
Entreguei a carga no prazo, mesmo com toda aquela confusão, e a empresa até me deu um bônus pelo serviço excepcional em condições adversas, como o chefe falou. Descarrego minhas coisas e levo o valente para casa. Moro num sítio pequeno nos arredores da cidade.
Um cantinho que consegui comprar depois de anos economizando. É pouco, mas é nosso. Assim que abro o portão, minha filha de 12 anos vem correndo.
Mãe, você demorou mais dessa vez. Ela me abraça com força e depois se ajoelha para abraçar o valente, que late feliz reconhecendo sua outra dona. Tive uns contratempos, filha.
Respondo sem entrar em detalhes. Não quero assustar a menina. Minha mãe que cuida dela quando estou na estrada me olha desconfiada.
Ela sempre sabe quando escondo algo. Mais tarde, depois que minha filha foi dormir, conto tudo paraa minha mãe. Ela fica pálida.
Sandra, você não pode continuar nessa vida, é muito perigoso. Pensa na sua filha. Mãe, é o que sei fazer.
É como coloco comida na mesa, pago a escola da menina e com o dinheiro desse frete vou poder comprar aquele computador que ela tanto quer para os estudos. Minha mãe suspira, sabendo que não adianta discutir. Sou teimosa igual meu pai, que também foi caminhoneiro até o fim da vida.
Na manhã seguinte, recebo uma ligação do Zé Sandra, viu o jornal hoje? Pegaram o resto da quadrilha. Aquele que fugiu no sedã bateu o carro numa perseguição e entregou todo mundo.
Sério? Que bom. Um bando de covardes a menos nas estradas.
Pois é. E tem mais. O pessoal tá comentando sua história em todos os postos por onde passei.
Você virou lenda, mulher. A caminhoneira que enfrentou uma quadrilha inteira com a ajuda do seu cão. Rio meio sem graça.
Exagero desse povo. Só fiz o que qualquer um faria. Que nada.
Tô orgulhoso de ter uma amiga valente assim. E olha, tem um frete bom para semana que vem. Carga fechada para Belém.
Topa! A gente podia ir em comboio. Olho pro calendário na parede.
Tenho cinco dias em casa antes de precisar voltar pra estrada. Tempo suficiente para descansar, dar atenção para minha filha e preparar o caminhão. Topo, sim, Zé.
Mas dessa vez vamos passar longe daquele posto. Nós dois rimos. No quintal, Valente corre feliz atrás de uma bola que minha filha joga.
Parece que já esqueceu toda a confusão. Eu também quero esquecer, mas sei que vou levar as lembranças daquela noite por muito tempo. A vida na estrada é assim mesmo, cheia de histórias que a gente conta, outras que a gente esconde e algumas que viram lendas nos papos de caminhoneiros pelos postos do Brasil.
Mas no fim é sempre pra estrada que a gente volta, porque no asfalto que corre embaixo das rodas também corre a liberdade que escolhemos para viver. Dois meses depois estou de novo na mesma rota, mas dessa vez em comboio com outros três caminhões. O posto onde tudo começou agora tem uma placa nova na entrada.
Posto sob vigilância 24. Parceiro da PRF no combate ao roubo de cargas. Paro para abastecer.
E o gerente vem pessoalmente me receber. A senhora é a Sandra do Volvo Azul, não é? Aquela da história da perseguição.
Confirmo um pouco sem graça. É uma honra ter a senhora aqui. Depois daquele caso, mudamos tudo.
Contratamos seguranças, câmeras novas. A senhora e seu cachorro são bem-vindos sempre. Valente, ao ouvir que estão falando dele, solta um latido como se entendesse tudo.
Nas rodas de conversa dos postos. Agora me chamam de Sandra Coragem. Dizem que carrego uma arma debaixo do banco.
Mentira. E que Valente já mordeu três assaltantes. Também mentira.
As histórias crescem, como tudo na estrada. Mas o mais importante é que agora quando paro em algum posto e outros caminhoneiros me reconhecem, sempre tem alguém que diz: "Se precisar de alguma coisa, é só chamar no rádio. " A estrada pode ser dura e perigosa, mas nunca estamos sozinhos nela.
E isso, mais que qualquer lenda, é o que importa de verdade. Olha, se você quiser mais histórias como essa de tudo que a gente passa por essas estradas do Brasil afora, é só se inscrever no canal e ativar o sininho. Cada viagem é uma aventura diferente e prometo compartilhar as melhores com vocês.
Não deixa de se inscrever, viu? É o combustível que me mantém contando essas histórias da boleia. M.
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