Conversas com... Dominique Maingueneau

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Universidade Aberta de Portugal
A docente da UAb, Professora Isabel Seara, conversa com o Professor Dominique Maingueneau, docente n...
Video Transcript:
[Aplausos] [Música] [Aplausos] [Música] É uma honra termos hoje aqui na Universidade Aberta o professor Dominique mang um dos maiores especialistas mundiais em análise do discurso e que nos deu este e esta oportunidade a convite do departamento de humanidades de estar aqui connosco a fazer uma breve alocução muito obrigada Senor Professor dominque mang pela disponibilidade que manifestou em estar connosco na universidade esta Universidade Aberta transmite para o mundo online sem fronteiras sempre pronta a acolher os seus convidados Muito obrigada então o profess G como eu dizia é um dos maiores especialistas mundiais da análise do discurso
na corrente francesa o dicionário que alinhou com Patrick char rodau dicionário de análise do discurso é uma obra incontornável para qualquer analista de discurso Mesmo não tendo sido o fundador da escola francesa da análise de discurso que foi fundada por Michel pich e foca o seu contributo é inestimável porque dá-nos uma visão original inovadora diferente Sobretudo o que eu gostaria de destacar é prestando uma atenção peculiar a discursos que são em geral preteridos ou olvidados na análise do discurso para Além disso obviamente que todo o seu longo percurso de investigação passa pela análise do texto
textos religiosos textos filosóficos portanto um manancial detendo-se neste momento também nos discursos da web eh sobre os quais tem refletido nos últimos tempos vou então colocar algumas pequenas questões para suscitar o diálogo com o professor Dominic mangou e começava talvez numa das primeiras áreas que abordou e dos textos literários e filosóficos que trabalhou pedindo-lhe para esclarecer um pouco o seu conceito de paratopia bom H paratopia bom o problema na verdade el é ligado ao problema do que cham discurso constituinte quero dizer que em cada sociedade somos dominados por um conjunto de discursos que deu o
sentido às atividades humanas a religião a filosofia a ciência o o direito etc tem cinco seis grandes discursos que dominam a que tem a autoridade máxima na sociedade e meu problema é que estes discursos para fundar para dar autoridade eles também tem de ter a autoridade e de queê recebem a autoridade não de outro discurso porque senão o discurso estaria por cima deles ass que tem autoridade dego absoluto a razão Deus não sei e a justiça etc e os autores que são filosofos escritores etc tem de pertencer ao ao mundo normal a sociedade na qual
vivemos para prgar a a mensagem mas ao mesmo tempo eles têm de estar além da sociedade numa espécie de transcendência permanente estão ao mesmo tempo dentro e fora da sociedade o exemplo mais conhecido é o Sócrates Sócrates estava na sociedade mas morreu se suicido porque dizia que tinha algo mais alto que a sociedade Que erá bom o bem a verdade filosofia bom e a paratopia é uma maneira de designar a essa relação um pouco paradoxal ah de pert e não percia hum e a minha hipótese é que os que falam em nome um discurso constituin
São pessoas que mostram através da própria fala está impossível posição bom isso digamos o significa que o escritor ao mesmo tempo bom contar uma história por exemplo mas ao mesmo tempo ele vai mostrar que tem direito de contar esta história muito bem e outro conceito que eu penso que é mesmo um neologismo no fundo seu e que é recorrente em alguns dos seus trabalhos nomeadamente na obra le frase S text é um conceito lapidar e Central nomeadamente na contemporaneidade que é o conceito de aforizmalar [Música] estabelece com esse tipo de discursos bom a orização p
a Na verdade o o termo o verdadeiro termo não é aiza é enunciação aizan significa que quando falamos temos duas opções podemos fal produzir textos mas também podemos ah produzir frases que não tem contexto por exemplo provérbios ou ou não sei um título jornal etc E essas frases destacadas ou frases digamos feitas para ser eh em certo modo sozinhas eh tem outra lógica que os textos normais por exemplo se estou falando vou citar um provérbio bom o provérbio é parte do texto em certo modo mas ao mesmo tempo é está fora do texto vem de
de fora e o provérbio nunca foi parte de um texto foi concebido como uma uma enunciação sem texto e a e essa tensão entre eh a os textos e as frases sem textos que que me interessa e no mundo moderno eh Tem cada vez mais frases sem texto por exemplo se você navega pela internet eh muitas vezes você tem que clicar Ah tem uma série de frases entre aspas você tem de clicar ah na frase para ter acesso ao texto e e muitos escândalos políticos por exemplo eh passam por frases e as pessoas não Lemos
textos ou não escutamos textos a frase tem uma autonomia agora cada vez mais grande sim eh outro dos conceitos que me parece Central na análise do discurso a linha Francesa e que o professor Tem recorrentemente trabalhado e para o qual tem dado um inestimável contributo e que muitos de nós que trabalhamos na área utilizamos é um conceito que lhe é caro é o conceito de etos portanto retoma a tradição retórica clássica revisita também eh os grandes que têm trabalhado linguistas que têm trabalhado sobre o tema diuc ami char rodau também entre outros mas parece-me que
eh um uma das especificidades que destaca eh relativamente às demais abordagens é a introdução da noção da importância do etos pré-curso está sempre presente como se articula com o etos discursivo e qual a relevância para nós enquanto analistas do discurso bom é complicado são muitas perguntas em uma pergunta a o interesse da noção de dietos é que é uma noção muito intuitiva muito básica no fundo cada vez que falamos a o outro o destinatário construi a imagem do do falante através da própria fala e o locutor o falante ele também sabe que outro vai construir
e tem uma espécie de jogo inconsciente de negociação entre a vontade de do do falante de produzir uma certa imagem de si e a ou a ação que outro vai fazer por exemplo quero parecer sério e o outro vai pensar que que que a minha maneira de falar é chata bom é muito comum esse tipo de e o o éos É tem que ver com a identidade bom quem sou B para tem duas possibilidades ou você já conhecia a pessoa e você tem um um certo conhecimento sobre a identidade da pessoa e o que você
chama etos discursivo é muito comum na política porque todos temos uma certa visão da identidade das características dos políticos ou dos das pessoas ah das dos dos actores etc ou não sabemos nada por exemplo quando abrimos um livro que não sabemos nada sobre autor é uma situação eh onde o a identidade reduz a imagem produzido pela fala na na primeira situação é uma interação entre o que sabia e o que mostra a fala por exemplo vai você vai pensar Ah pensava que era assim mas através da fala vejo outra pessoa e outra outra situação é
muito diferente Você tem o autor tem um controle total porque não tem outra fonte de informação uhum hoje em dia neste mundo digital em que vivemos é muito comum e vários trabalhos têm anotado que há cada vez mais talvez por estarmos atrás de um ecrã a construção de um éos agressivo e violento nomeadamente em comentários nas redes sociais eu retomo aqui a noção de etos para perguntar algo que lhe é anterior e que o professor mangou trabalhou já nos anos 80 com a sua obra latic de la polem em 83 e depois mais tarde 25
anos depois retoma agora com o masculino não é com polemic polemic TR dimens de poem e eu queria perguntar-lhe como se relacionam portanto não temos discurso violento e para termos discurso violento e agressivo não temos necessariamente que na base ter uma polémica verbal como vê estas duas noções e a articulação entre elas noção polémica e etos sim e e a construção de um etos agressivo cada vez mais hoje por trás de um ecrã em que nos escondemos porque se estivéssemos Face a Face com a pessoa se calhar não insultavam mas como temos um ecrã há
uma construção eh parece-me vários estudos sobre violência verbal eh nas redes sociais apontam eh esta tendência crescente na sociedade digital eh eu não diria que hoje as pess O Tom é mais violento Dent que outra hora na verdade se você olha as polêmicas políticas do do século X Era muito pior tem mais visibilidade Hoje há mais grande mas você tem razão porque o o dispositivo técnico da internet permite o que chalut porque na verdade quem insulta na situação normal a pessoa que insulta é o autor do texto você escreve um texto violento uma polémica e
se pode dizer é pessoa texto em situação mas na reg social não é um verdadeiro locutor digamos a parte pulsional do locutor o o MMO locutor não diria o MMO do texto diz isso porque é pseudónimo e porque ele pode colocar Só uma palavra uma frase e não tem nenhum contol e Ach é porque eu não não compararia porque estou seguro que outra hora se as pessoas tivessem as mesmas possibilidades teria ocorrido missimo uhum Última Questão tem a ver com outro conceito de mangou muito seu muito próprio e que ne apraz registar porque é também
negligenciado porque nós não olhamos para os objetos do quotidiano para as suas etiquetas e o professor Dominic mangou introduz agora esse olhar para enfim que está e a toda à nossa volta e deu exemplos muito interessantes do caixote do lixo do Masso de cigarros enfim e vários objetos e introduziu o conceito de enunciados aderentes uhum eh para terminar querme dizer qual agora este foco eh que é muito importante percebermos para onde Vamos e qual olhar temos que dirigir enquanto analistas do discurso bom ah é verdade que gostou muito agora do conceito de enuncia do aderentes
mas me parece interessante porque estamos acostumados a pensar que tem por um lado o mundo mudo as coisas e a linguagem e quando falamos a linguagem que é uma coisa imaterial fala dos objetos que são mudos mas na realidade se olhamos ao redor o que vemos é que uma multidão de objetos eh tem inscrição na verdade não são mudos os objetos tem o nome das lojas tem bom e tem cada vez mais lugares mais objetos etca que tem Ah enunciados inscritos e a minha hipótese é que estos enunciados são um Observatório extraordinário da mudança da
sociedade porque eh por exemplo se você coloca uma enunciado um enunciado num objeto que não tinha antes significa que você modifica a identidade do objeto bom por exemplo trabalhado sobre e o gado as vacas bom a 30 40 anos as vacas não tinha aderentes mas agora quando uma uma p no Vaca não n nasce o o o camp n o agricultor está Obrigado de colocar um matriculo uma etiqueta na nas duas orelhas da da do animal e se você olha por exemplo o percurso da da pobre vaca desde o nascimento at o biftec na no
restaurante Você vai ver que é só uma série de modificação das etiquetas tem eti muitos tip e a cada etapa mas isso implica uma transformação da sociedade porque implica instituições que que dão que obrig que controlar etc e também implica Tecnologias para ler os e também implica uma ideologia a ideologia da higiene do cont da alimentação etc etc a minha digamos a minha hipótese que olhar estos enunciados é ver o mundo através de uma janela nova e é verdade muito obrigada Professor domí mang foi um privilégio poder estar consigo aqui na Universidade Aberta muito obrigada
mais uma vez por esta oportunidade Obrigado pelas perguntas h [Música]
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