[Música] bem-vindos ao nosso canal YouTube com uma pergunta delicada nessa canal YouTube abordaremos o abuso no ambiente de trabalho Veridiana Mike Olá querido professor como vai gostaria de saber qual é o olhar do psicanálise com relação aos abusos no ambiente de trabalho Mais especificamente os ambientes hierarquia de relações extremamente verticais Como trabalhar com não reconhecimento com medo e com angústia enfim quem deve procurar a solução o trabalhador abusado ou instituição abusadora tendo em vista o número significativo de atestados médicos apresentados com cids e psicopatologias por seus trabalhadores SOS certo Veridiana eu começaria a ti recomendando
o vídeo que o bully vai pôr aí sobre Burnout que a gente fez você já falando da vamos dizer assim degradação relativamente estrutural das relações no trabalho a partir do paradigma neoliberal entendido como um conjunto de métodos de procedimentos de moralidades inclusive em que a gente vai se acostumando com a equação de que produzir mais sofrimento no outro reverse em mais produtividade então a forma como esse sofrimento vai ser produzido ela pode ser desde a indução do medo né do Ódio do desrespeito da exposição pública e humilhação portanto vergonha e quase todos os afetos podem
ser mobilizados para você assim controlar e produzir mais sofrimento para produzir mais performance muitas vezes isso tá associado com o silenciamento com a disciplina com a incorporação de uma regra né que as pessoas vão lentamente absorvendo e a partir disso reproduzir é um sistema foi descrito aí já na psicologia dos anos 60 né como peca em Order que se observador em Galinhas Quando você põe galinhas como se diz um galinheiro elas vão criar uma espécie hierarquia como é que é funciona essa hierarquia tem uma que bica todas as outras tem o segundo nível em que
são bicados pela pela galinha líder e bicam todas as outras e isso vai até aquela que é picada por todo mundo e não bica ninguém e isso vamos dizer assim Ah então uma justificativa naturalista para opressão no trabalho não é uma descrição do que acontece quando a gente tem ambientes onde há anomia quer dizer a falta de orientação moral ou de discussão em termos de eletricidade ela convoca este tipo de liderança pelo comando obediência liderança pela pelo exercício do poder ou seja a gente pode criar assim uma primeira uma primeira bifurcação né e perguntar para
aqueles é uma palavra que vem do mundo corporativo né os líderes tem muitos tipos de liderança acho que no extrema a gente poderia dizer assim tem aqueles líderes que entendem que a liderança é exercício de poder e o exercício e poder supõe alguma ideia ou após se o controle dos meios do Poder Quais são esses meios te dou um salário maior aumento gratificações se proteja ou então te despeço ou então e o último lugar né o exercício do Poder já dizia Hobbes diz respeito à prática da violência né quem tem poder tem potencialmente poder de
praticar a violência isso para o poder bom e para o poder mal para o líder que vai usar isso se é que existe para o bem e o outro que vai usar para o mal no outro Polo a gente poderia dizer assim existem as estratégias que vão considerar assim a liderança mais efetiva mais eficaz não é aquela que se dá pelo exercício do Poder porque porque o exercício poderia é caro ele ele cria medo e portanto cedo ou tarde pode ser a ver com uma revolta e ele Depende de controle vigilância que custa para você
executar e ele não cria lealdade ele cria pessoas que estão assim com você enquanto você tiver a vara se você largar você vai ser atacado por elas ou seja isso tudo foi discutido lá no texto fundador da política Mode computador Maquiavel chamado o príncipe Leia o príncipe você vai você vai ver lá a discussão sobre isso de um lado o poder exercido pelo medo do outro lado o que a gente poderia chamar assim o poder exercido pelos efeitos de autoridade e isso emana do seguinte da suspensão do exercício da violência suspensão do exercício do Poder
eu troco né aquilo que eu poderia fazer por coerção por aquilo que eu faço por convenção aquilo que eu faço e comando por assentimento aquilo que eu faço por combinado ou seja entre um e outro existe uma lei impactuada muitas vezes a gente vem no cenários laborais leis que são falsamente pactuadas a gente combina mas eu tenho poderes de demitir E você só tem o poder de obedecer né a gente combina mas eu compro o seu o seu sua força de trabalho e você só pode vender essa força de trabalho não pode fazer outra coisa
então colocando assim um pouco as Vertentes mais estruturais dessa questão a gente pode entrar no momento contemporâneo em que a gente tem condições que são assim transversais para a produção dos transformas mentais produção de Sofrimento PSI ou seja são questões de natureza social que afetam muito bom a vida psíquica produção de sintomas nas pessoas quatro mais conhecidas né abuso sexual abuso moral bullying e racismo Ou seja quando a gente tá falando dessas quatro dimensões a gente tá falando automaticamente né de como a diferença e o conflito tão sendo gerido simbolizados articulados manejados as condições que
produzem esses fenômenos né o bullying na escola o assédio sexual entre gênero gêneros ou assédio moral que acontece principalmente né de forma interseccional levando encontra-se outros fatores levando enquanto racismo mas ele acontece Principalmente quando a gente tem questões de classe ou de etnia às vezes de religião onde a gente vai ver por exemplo o surgimento de protegidos quando a gente vai ver a prática né como vai discutir o gambi da do Poder como a potência para criar exceções a regra você não pode atrasar Ah mas e o outro atrasou é então mas eu deixo casar
e eu e eu executo eu pratico a lei Com mais vigor com mais agudeza em relação a um e em relação ao outro não criando esse tipo de diferença muitos líderes muitos coordenadores imaginam que o que que vão governar melhor é a velha tática do dividir para governar é uma velha tática O que é de colonização né Outra tática é você fala a minha língua e a gente se entende então muitos muitos abusos no ambiente de trabalho vão decorrer da injunção desses elementos e o abuso porque porque na situação de abusado o que que vai
acontecer comigo eu vou individualizando meus erros eu vou me envergonhando das minhas fraquezas eu vou tornando as minhas vulnerabilidades algo vamos assim que concerne só a mim E olha que incrível quando a gente pensa dessa maneira a gente se torna um trabalhador o quê em tese dócil obediente então aquelas empresas que querem produzir mais obediência que acham né que a funcionalidade que o desempenho vende mais obediência elas vão assim tolerar as não vão chegar no RH e dizer olha faça isso desse jeito mas elas vão vão tornar invisíveis e esses abusos né É na direção
na culpabilização Então se deu errado se algo não funcionou se a gente perdeu aquela concorrência o que que vai acontecer na mesa de reunião quem que foi culpado Ou seja é uma política que tem esse afeto Olha lá uma modulação de afeto em primeiro lugar nós não vamos pensar assim como foi a cadeia de responsabilidades nós vamos colocar assim que implicações a gente pode produzir coletivamente para enfrentar essa situação ela se reapresentar no futuro não a gente vai trabalhar com a teoria das maçãs podres tem alguém que falhou E esta pessoa que falhou ela começa
a entrar então na berlinda para ser o quê excluída ou então menorizada ou então desvalorizada vamos dizer o abuso que que é o abuso é uma forma de uso que extrapola o valor de uso e vai se tornando então valor de troca troca do quê de poder e de autoridade troca do que demando e de obediência troca que vai então digitalizando né objetificando a o trabalhador daí que ela se conforme e ele se reduz aquilo que é gafrey espiva chamou né que acontece com a posição do subalterno ele só fala quando o chefe pede ele
só fala quando o outro manda ele só fala e se manifesta quando assim chegou a sua vez agora vai lá e fala ou seja ele não se sente participante efetivo ela se sente uma espécie coadjuvante isso dá a estrutura de base para que do uso né quer dizer eu tô numa relação com outro que não é efetivamente de troca mas é de uso e do uso eu vou pro abuso né em que já estamos ali com uma privação de fala com uma deposição da condição de sujeito da uma renúncia a posição de a gente né
E com isso a gente vai se conformando né como estruturas mais e mais piramidais que elas assim é como discutir assim democracia ou autocracia autocracia ela é muito mais ágil mais fácil mais rápida mas a longo prazo ela dá errado a democracia é muito mais lenta muito mais confusa muito mais cheia de em decisões incertezas mas a longo prazo ela dá muito mais certo então no fundo uma composição dentro do ambiente de trabalho joga com essas duas possibilidades só que ela joga desigualmente com isso basta ter um chefe autocrático para a gente ver o que
a disseminação a dispersão inclusive vamos assim sagital e horizontal das relações de opressão de poder o que que vai acontecer elas vão sobrecarregar as relações de opressão e poder que já existem na sociedade daí raça gênero orientação sexual religiosidade e classe bom o abuso no ambiente de trabalho ele é mais recentemente está sendo sistematizado né quando são de compliances com a ideia de que os rhs precisam acolher isso de alguma forma Mas qual que é o tratamento para o abuso como é que o abuso funciona médio e longo prazo comecei dizendo pela individualização culpe vergonha
ou seja e depois continuei pelo silenciamento né só falo quando só me Manifesto quando eu tenho aquele espaço para dizer aquilo que já se espera de mim que seja dito as pessoas começam assoar diante de uma reunião começa a ter medo daquela seminário porque porque eu tenho que dizer aquilo e eu estou me sendo colocado numa situação própria do neoliberalismo de avaliação 360 graus 7 por 7 dias da semana resultado né dizer eu vou sobrecarregar as relações de opressão e eu vou produzir naquela pessoa um sentimento de despertecimento com o trabalho porque porque é a
verdade da situação esse trabalho pertence ao outro e eu pertenço a outro minha fala pertence ao outro e isso tira espontaneidade tira a criatividade isso ingesta isso cria culturas conservadoras que daí alguém lá de cima em geral quando a gente pensa em grandes corporações vai dizer mas tá tudo errado temos que mudar isso só que depois que você forma né o grande conglomerado a o abuso no trabalho se prolifera né ele ele ele funciona por Contagem aquele que não foi punido aquele que não foi escutado aquele que não foi tematizado ele se torna o que
o de Jack chama de a regra tácita todo mundo sabe que numa instituição existem regras explícitas mas a coisa realmente funciona e se decidem as regras taxas Então a hora que a gente infringe uma regra todo mundo sabe que tá vendo aquela infração e isso continua assim o que acontece empoderamento daqueles que estão abusando Ou seja a ideia de que ninguém faz nada de que ele está protegido ou ela está protegida por uma aura de vamos assim não limitação muitas vezes isso convém ó abusador porque é a forma como isso a gente encontra muito frequentemente
aquela pessoa que está na posição de autoridade Ela sabe que ela não tem estatura simbólica ela não tem patrimônio cultural ou social para estar naquele lugar então o sentimento de impostura que muitas vezes ela chegou ali por uma politicagem chegou ali por uma indicação ele chegou ali por um clientelismo ele chegou ali sem achar que realmente houve um mérito né que faz acreditar para o bem para o mal num certo sistema de encadeamento de reconhecimento é um abuso um ambiente de trabalho é uma decorre uma patologia no reconhecimento e que em vez de eu reconhecer
né simbolicamente né com atos reais lugares que podem ser mais ou menos imaginários eu personalizo a essa lei é Patrimônio daquele que é exerce que produz exceções que escolhem então amigos e inimigos e que está protegido por uma redoma como trata isso primeiro lugar no território segundo lugar em rede Note que o abusador ele vive né E ela tá assim sendo alimentado pela intraparência né pelo fato de que ele não pode fazer isso com todas as pessoas e em todos os lugares pelo fato de que ele não pode explicitar as regras da situação para qualquer
um Então vai no chefe me disse como você procede não pode dizer isso ele tem que inventar uma mentira e ele vai ter que aumentar um discurso administrado um discurso burocrático Esse é um conceito que a gente vai encontrar lá no Kant ligado a ideia de autonomia e de respeito à lei né transparência Ah então eu posso falar com você e ter um terceiro e quarto você pode dizer aquilo que eu tô te dizendo aqui eu poderia dizer para qualquer pessoa em qualquer lugar poderia dizer no grupo Sim esse é o regra de Ouro ah
não poderia aquela brincadeirinha a cabeça fez com aquela menina no seu trabalho você poderia fazer na frente do seu chefe você poderia fazer na frente das suas esposas você poderia fazer na frente do seu funcionário Ah não poderia Olha aí aprenda isso o critério da Transparência o critério da expansão de quem está vendo ainda que você não precisa efetivamente praticar isso mas faça o exercício mental define o que é um abuso se há situações ah não mas na verdade me empolguei não mas eu frequentemente acontece assim né aquele que tem autoridade ele brinca né ele
que ele ele sente o peso da tirania que às vezes ele tá exercendo ele ele quer se aproximar né e criar mais com os outros porque porque o abuso sendo estrutural ele afeta todo mundo abusador e abusado então ele quer sair desse lugar e muitas vezes vai sair desse lugar imaginando que o mesmo nível de intimidade que ele pode praticar com aquela pessoa aquela pessoa vai poder praticar com ele daí quando o subordinado faz uma brincadeira que ele não gosta detalhe quando subordinado fala uma coisa que ele não quer ele retalha ou seja é uma
espécie de falsa reversibilidade entre papéis abuso no ambiente de trabalho pode ser assim pode evoluir eu diria para uma solução judicialista né uma solução em que a gente cria regras escritas e que bom obedece sem que aquilo se interese né muitas vezes aumentando o sofrimento no trabalho porque porque aumenta a impessoalidade né a gente viu uma parte do abuso nasce no que sexualidade Mas por que que as pessoas procuram pessoalidades no trabalho porque ao trabalho é uma lugar onde a gente passa a maior parte da vida e a gente quer que aquelas relações sejam significativas
você não quer só fazer um papel de funcionário e outro não quer fazer só o papel de chefe a gente quer viver junto com uma comunidade OK aí vai ter mistura aí vai ter intimidade aí vai ter pessoalidade Ok como é que você lida com uma pessoalidade dizer aí vou te perguntar como é que você lina com a sua vida privada como é que você lida com abuso em casa com a sua mulher com seus filhos com sua esposa com o seu marido dizer isso recoloca o problema da buso mais além da situação específica de
trabalho né coloca isso no plano de uma reflexão ética sobre a moralidade das pessoas né sobre aquilo que elas acham que é o seu privilégio a gente está discutindo muito isso hoje né privilégio Ah que o rico que o branco que o homem que é o pai ela tem de chegar num clube por exemplo e dizer ah isso aqui não está limpo e sacanear com os funcionários que estão ali ou diante de um de uma de um trabalho dizer isso aí é uma é uma coisa horrível vocês são responsáveis isso é abuso isso abuso não
trabalho mas como a gente imagina que o clube e o que é uma situação mais pessoal a gente não percebe e o que que tá acontecendo ali produção de privilégios privilégio quer dizer lei privada né lei da sua casa olha só se você se conduz automaticamente na sua casa o que que vai ser o seu trabalho uma casa ampliada vai ser o seu clube e olha só o que vai acontecer no seu Clube você vai praticar racismo abuso sexual e etc e só vai se limitar quando encontrar outra figura poderosa igualmente poderosa que pode te
dar uma invertida né Ou seja você vai também cultivar uma forma poder baseada no medo baseada não pressão e baseado também a vingança na no ressentimento então abuso nome de trabalho a gente iria assim uma tarefa para a gente enfrentar rever completamente na raiz e esse paradinho Manuel Liberal essa ideia de que bom no trabalho se você tem poder Isso vai ser extensão da sua vida privada e que nós precisamos produzir relações mais igualitárias porque senão o próprio finalidade da empresa vai ser questionada a própria possibilidade da empresa entrar na sustentabilidade na empresa reduzir absterismo
da maior causa de afastamento hoje no trabalho depressão a depressão vem pelo pelo poeira do do não vem das relações aqui eu citei quatro elementos né sagitais indutores existem outros Mas se a gente quer melhorar o padrão de saúde mental dentro das empresas e eu acho que nós chegamos a um ponto de saturação num ponto que as pessoas não querem mais trabalhar e esse escritório da advocacia porque ali é tóxico essa agência de publicidade que ali é tóxica porque esse clube aristocrático e oprime esses funcionários invisibiliza as questões já porque é tóxico a gente precisa
enfrentar isso e o homem era mais metódica e veja não é pela força da lei que eu vou meter na sua cara que eu posso ou não posso pela transformação real das pessoas na vida real das pessoas em como elas podem produzir relações de reconhecimento mais ricas mas interessante mais equitativas é isso aí Veridiana abuso no ambiente de trabalho nem o aqueronta com a sua Canoa a seus remos tolera mais já mandou o cão Cérbero comer uma parte que vocês podem escolher do chefe maledicente abusador e deixá-lo lá no reino de plutão junto com Perséfone
Ardendo em Chamas para todo sempre não perdoarás abuso no trabalho jamais beijo [Música] [Música] [Música]