Oi meu nome é José tenho 42 anos e sou caminhoneiro Ando por essas estradas do Brasil há mais de 20 anos Conheço cada buraco e cada curva mas tem uma coisa que me faz arrepiar até hoje essa história que vou contar aconteceu numa noite comum quando estava voltando de uma longa viagem pelo Sertão perto de Juazeiro do Norte Ceará era uma noite tranquila dessas que a gente só quer chegar logo no próximo posto e tirar um cochilo Só que essa idade durou pouco já passava das 2 horas da madrugada e a estrada estava vazia sem
uma viva alma por perto o silêncio era tão profundo que eu podia ouvir o som dos meus próprios pensamentos Foi então que no canto da estrada vi algo que me fez piscar os olhos para ter certeza se estava vendo direito era uma mulher ela estava parada completamente imóvel olhando para o nada com o vestido escuro e o cabelo desgrenhado esvoaçando ao vento aquilo não fazia sentido quem estaria ali sozinha no meio do Sertão naquela hora da noite parei o caminhão um pouco adiante hesitando por um instante como caminhoneiro já vi de tudo mas senti uma
estranheza no ar ainda assim decidi fazer o que faria por qualquer pessoa ofereci uma carona quando a mulher subiu na cabine ela não disse nada só fez um sinal com a cabeça como quem agradece mas sem pronunciar uma palavra senti um frio subir pela espinha Mas resolvi deixar para lá a estrada seguia quieta e o som do motor era a única coisa Quebrando o Silêncio eu tentava puxar assunto com ela sabe perguntar de onde vinha para onde ia mas nada ela permanecia em silêncio com os olhos fixos na estrada aquilo foi me deixando desconfortável era
como se ela estivesse ali fisicamente mas sua mente estivesse muito longe talvez presa em algum lugar de onde não podia voltar a vi continuava quanto mais andávamos mais eu sentia que algo estava errado às vezes olhava de relance para ela e parecia que seu rosto estava mais pálido como se fosse se apagando sumindo Cheguei a pensar que estava cansado demais e que minha visão estava me pregando peças então pisquei forte algumas vezes tentando afastar a sensação alguns quilômetros depois quando nos aproximávamos de uma ponte antiga coberta por uma neblina fina e cinzenta ela finalmente falou
com uma voz baixa quase sussurrando ela pediu para descer ali aqui no meio da ponte pensei tentando entender porque alguém desceria num lugar tão isolado ela apenas me olhou com um olhar vazio e repetiu o pedido como se aquilo fosse muito importante contra minha vontade parei o caminhão e a deixei descer observei a saindo da cabine e caminhando lentamente até o centro da ponte o som dos seus passos sumiu logo depois eu a perdi de vista na escuridão foi nesse momento que um grito arrepiante rasgou o silêncio da noite era um grito de dor daqueles
que você sente ecoando dentro do peito sabe corri para fora do caminhão sem entender o que estava acontecendo fui até a ponte chamei por ela mas nada o lugar estava vazio como se ela nunca tivesse estado ali o silêncio voltou Só que desta vez era um silêncio pesado sufocante como se o tempo tivesse parado esperei um pouco olhando ao redor e comecei a sentir que algo me observava olhei de volta para o caminhão pensando em dar o fora dali o mais rápido possível mas antes de conseguir me mexer ouvi um leve sussurro uma voz baixa
dizendo algo que mal consegui entender era uma frase entre cortada e juro que parecia vir de dentro da minha cabeça no dia seguinte ao contar essa história para alguns amigos no posto um senhor mais velho me olhou sério e contou uma coisa que me deixou ainda mais assustado Ele disse que há muitos anos naquela mesma ponte uma mulher tinha morrido em um acidente trágico dizem que ela voltava para casa depois de esperar o marido na cidade e naquela noite a ponte estava coberta por uma névoa tão densa que o motorista perdeu o controle do carro
desde então alguns dizem que seu espírito ainda vaga pela estrada procurando por uma última carona uma última chance de voltar para casa depois daquele dia passei a evitar aquela Estrada mas não foi fácil o sertão tem suas próprias regras Às vezes o único caminho é passar pelo mesmo lugar toda vez que eu vi aquela ponte ao longe sentia um frio no peito como se algo estivesse ali esperando por mim e toda vez que cruzava olhava pelo retrovisor quase esperando vê-la de novo talvez sentada no banco de passageiro com aquele olhar distante hoje quando vejo alguém
parado na estrada à noite sempre penso duas vezes antes de oferecer ajuda porque a gente nunca sabe quem ou que pode estar à espera de uma última carona a partir daquela noite minha vida mudou cada vez que pego a estrada sinto um peso uma sensação esquisita de que não estou só por mais que me esforce para seguir em frente e deixar essa história no passado ela continua a me assombrar de uma forma que não sei explicar passei meses sem cruzar aquela região evitando ao máximo os trajetos que me levassem perto da ponte os colegas do
posto começaram a fazer piadas sobre isso me chamavam de José medroso E perguntavam se eu estava com medo de dar uma carona para o Além Eu ria para disfarçar mas por dentro Aquilo me incomodava até que numa madrugada Recebi uma carga de última hora com destino justamente para Juazeiro do Norte não tinha escolha precisava cruzar aquela Estrada preparei-me mentalmente tentando me convencer de que aquilo tudo não passava de uma história contada e recontada até virar uma espécie de lenda talvez pensei eu estivesse exagerando enquanto dirigia naquela noite o silêncio era esmagador os faróis cortavam o
escuro revelando apenas o asfalto e o Mato Seco ao redor as estrelas brilhavam no céu mas a solidão da estrada me fazia sentir pequeno vulnerável a cada quilômetro que me aproximava da ponte Meu Coração batia mais rápida cheguei a considerar parar o caminhão e esperar até o amanhecer mas tinha prazos a cumprir e como dizem coragem não é ausência de medo mas seguir em frente apesar dele quando os primeiros traços daquela velha ponte surgiram à frente um calafrio percorreu meu corpo olhei para o relógio no painel 3:33 da madrugada mesmo horário daquela noite o ambiente
parecia mais denso como se o ar ao redor estivesse carregado de alguma presença invisível minha boca secou e tentei me concentrar na direção fixando os olhos na estrada Mas então do canto do olho vi algo estranho no retrovisor uma sombra parecia se mover olhei rapidamente para trás mas o banco estava vazio respirei fundo e continuei achando que era o cansaço até que senti o banco do passageiro afundar como se alguém tivesse acabado de sentar ali meu sangue gelou eu não tinha coragem de olhar para o lado mas a presença eraa inegável a sensação de peso
no peito Aumentou e comecei a suar frio foi então que a voz sussurrante voltou dessa vez mais clara como murmurinho vindo de todos os lados e como se andasse dentro da cabine leva-me para casa aquilo soava como um pedido mas também tinha algo de desesperado algo que me fez pensar que ela não estava em paz que talvez estivesse presa de algum jeito eu que sempre fui cético me vi rezando baixinho pedindo proteção Fechei os olhos por um segundo e quando os abri de novo a ponte já estava para trás a sensação de peso se desfez
e o banco parecia vazio outra vez suspirei aliviado mas ao olhar pelo retrovisor vi algo que fez meu coração parar a figura da mulher estava ali parada no meio da ponte me observando seus olhos brilhavam na escuridão como duas pequenas Chamas fixas acompanhando cada movimento do caminhão depois disso finalmente Cheguei ao posto mais próximo Estacionei e saí do caminhão ofegante eu mal acreditava no que tinha acabado de viver e sabia que ninguém acreditaria se eu Contasse fiquei ali sentado tentando entender se aquilo tudo era real ou uma peça que minha mente Me pregava até hoje
cruzo aquelas estradas com um respeito diferente sempre lembrando que nas noites silenciosas e nas estradas vazias há coisas que a gente não entende e de vez em quando quando estou sozinho no caminhão e o silêncio é profundo quase posso ouvir aquele sussurro de novo como se ela ainda estivesse por perto à espera de uma última carona depois daquela noite sempre que cruzo a ponte me pergunto que aquela mulher realmente queria Será que precisava de alguém para ouvir sua história ou estava presa entre os vivos e os mortos revivendo aquela última viagem como um Eco que
se recusa a desaparecer os dias passaram e tentei me convencer de que tinha sido apenas o cansaço que minha mente estava pregando peças mas cada vez que voltava a dirigir por aquela rota os sinais apareciam certa vez ouvi um leve sussurro no rádio desligado em outra noite senti um perfume floral no ar algo antig de outra época o tipo de perfume que a minha avó usava e em todas essas ocasiões eu evitava olhar para o banco ao lado com medo de encontrar alguém ali num desses encontros no posto decidi desabafar com o senhor que havia
me contado sobre a mulher na ponte ele ouviu tudo em silêncio assentindo com a cabeça depois me olhou nos olhos e disse José algumas almas se perdem no caminho quando alguém morre de repente às vezes não entende que já não pertence mais a este mundo ficam vagando presas em memórias à espera de ajuda para atravessar para outro lado aqueles palavras ficaram na minha cabeça Será que eu tinha encontrado a tal mulher porque ela precisava de algo ou será que minha presença a incomodava como se eu fosse uma lembrança de que ela ainda estava ali presa
À Espera De alguma libertação as dúvidas me consumiam e passei a questionar tudo o que sabia sobre o que acontece depois da morte Foi então que numa viagem para o Sertão encontrei um antigo Cido licente um curandeiro respeitado na região contou minha história e ele me olhou com a seriedade de quem compreende o mundo espiritual mais do que qualquer um ele sugeriu que eu fizesse uma espécie de oferenda para acalmar o espírito daquela mulher uma forma de ajudar sua alma a encontrar paz na minha próxima viagem segui o conselho Comprei uma vela branca coloquei um
ramo de flores e deixei na entrada da ponte rezei em silêncio pedindo que se aquela mulher ainda estivesse presa ali pudesse encontrar descanso senti um arrepio leve enquanto fazia isso mas ao final uma sensação de paz tomou conta de mim como se algo tivesse mudado nas vezes seguintes em que passei pela ponte o peso que eu sentia pareceu diminuir ainda me lembrava da história e da presença daquela mulher mas o medo deu lugar a uma certa serenidade como se de alguma forma eu tivesse cumprido uma missão Agora toda vez que cruzo aquela Estrada parao por
um breve momento fecho os olhos e digo em silêncio Vai em paz e talvez por isso nunca mais ouvi aquele sussuro nem vi o banco ao meu lado afundar no fundo acho que ela finalmente seguiu o seu caminho mas toda vez que conto essa história vejo o olhar curioso e recios das pessoas como se se perguntassem se algo parecido poderia acontecer com elas quem sabe a estrada tem mistérios que ninguém explica alguns meses se passaram desde a última vez em que passei pela ponte a estrada depois daquele ritual Parecia um pouco mais leve mas em
uma madrugada particularmente silenciosa Recebi uma carga que me obrigava a passar pela região novamente de certa forma me senti preparado já tinha feito minha parte e acreditei que aquilo fosse o suficiente para deixar tudo em paz quando estava a poucos quilômetros da ponte comecei a sentir um peso diferente no ar era uma sensação antiga como Aquela presença que já conhecia mas agora era mais suave menos opressiva quase como uma ança pensei em parar respirar um pouco mas continuei dirigindo sentindo que o melhor era manter o rumo quando finalmente vi a Ponte se aproximando algo estranho
aconteceu o rádio do caminhão ligou sozinho o chiado Quebrando o Silêncio da madrugada ajustei o dial mas ele permaneceu entre Estações um barulho de estática entrecortada por pequenos fragmentos de vozes como se muitas pessoas estivessem falando ao mesmo tempo mas nenhuma delas fosse compreensível meu coração disparou e uma parte de mim quis desligar o rádio mas ao mesmo tempo algo me prendia ali como se eu estivesse esperando ouvir algo mais claro uma mensagem escondida naqueles sussurros Foi então que por um breve instante uma voz familiar surgiu no meio da estática baixa e suave a mesma
voz que eu ouvi naquela noite sussurrando dessa vez parecia dizer algo mais claro obrigada eu congelei o Radi Voltou ao chiado em seguida silou de novo como se nada tivesse acontecido Passei pela ponte devagar o coração ainda acelerado e percebi que pela primeira vez não sentia medo era como se ela estivesse ali mas não para pedir ajuda ou para assombrar e sim para agradecer era um momento de paz como se de alguma forma eu tivesse cumprido minha parte ajudando aquela alma a descansar depois dessa noite nunca mais Senti a presença dela na estrada nem ouvi
Qualquer ruído estranho no a ponte antes marcada pelo mistério e pela escuridão agora parecia apenas mais uma ponte na estrada mas em momentos de silêncio profundo quando estou sozinho dirigindo pelo Sertão lembro da mulher e daquele o Obrigada e isso me traz uma espécie de conforto sei que há coisas que não podemos explicar e a estrada é cheia de histórias a gente encontra vive e segue em frente carregando cada encontro na memória hoje sempre que passo por ali levo uma vela e a deixo na beira da ponte um pequeno gesto para que ela continue em
paz porque na estrada da vida a gente nunca sabe o que ou quem vai encontrar pelo caminho e às vezes é uma honra poder ajudar mesmo que seja apenas uma Alma Perdida à procura de sua última carona asterisco asterisco o homem me olhou com seriedade após ouvir tudo Balançou a cabeça como se já conhecesse cada detalhe da história ele me contou o que já havia escutado sobre uma mulher que morreu naquela ponte há muitos anos disse que ela era moradora de uma vila próxima e que numa noite de tempestade o carro dela perdeu o controle
e caiu no rio desde então caminhoneiros relatam ver uma mulher à beira da estrada ou pedindo carona próximo à ponte a maioria tenta não parar mas alguns como eu acabam levando sem saber quem ou o que estão realmente acolhendo no caminho segundo ele a lenda conta que a mulher só quer uma última carona até o local do acidente como se precisasse reviver a derradeira viagem para enfim encontrar descanso no entanto ninguém sabe ao certo o que acontece com aqueles que decidem atender ao pedido muitos acreditam que não passa de uma história para assustar mas eu
sei o que vi o que naquela noite aconteceu desde então nunca mais passei por aquela estrada sem lembrar do rosto pálido dela e do som daquele grito que parece ecoar até hoje não sei se era um espírito ou se a minha mente estava me pregando uma peça por conta do cansaço mas prefiro não arriscar sempre que vejo alguém à beira da estrada durante a madrugada sigo em frente sem olhar para trás Afinal a gente nunca sabe quem realmente pode estar esperando ou que exatamente nos guarda naquela escuridão depois daquela experiência Aprendi a ser mais cauteloso
todo caminhoneiro tem uma história para contar algo que vai além do cansaço das noites mal dormidas Às vezes a estrada guarda segredos que nem o mais experiente é capaz de explicar lembro bem da expressão do Senhor do posto do jeito sério com que ele falava sobre a lenda sentia que ele sabia bem mais do que estava disposto a contar quando terminou de falar ele me olhou nos olhos e disse José certas coisas não tê explicação mas dizem que para aqueles que a levam de volta a mulher aparece para agradecer e depois disso ela nunca mais
incomoda você fez bem em ajudar nem todos têm coragem no coração para isso essas palavras me marcaram profundamente desde então vivo no Misto de medo e curiosidade com o desejo intenso de entender o realmente aconteceu naquela noite mas eu evito buscar existem histórias que é melhor deixar quietas guardadas na memória da estrada como sussurros de um tempo que já passou hoje quando passo por aquele trecho levo comigo a experiência e um respeito renovado pelos mistérios que rondam o mundo sempre aconselho os mais novos a terem cautela Lembrando que existem coisas que se escondem nas sombras
a espreita alguns riem outros me olham com os olhos arregalados e toda vez que conto história vejo no rosto deles a mesma expressão de receio que devo ter tido naquela noite Afinal a estrada é longa e cada curva Pode esconder um mistério e quando estamos sozinhos madrugada adentro com o som do motor como única companhia quem sabe o que é realmente possível Oi meu nome é Carlos Tenho 38 anos e sou caminhoneiro trabalho nessa vida de estrada há mais de 20 anos cruzando o país de norte a sul de Leste a oeste e já passei
por situações das quais muitos nem acreditariam Histórias de Arrepiar mas nada nada se compara ao que aconteceu comigo em Juazeiro do Norte no Ceará era por volta da meia-noite chovia bastante uma chuva daquelas que não se vê um palmo à frente do nariz eu estava exausto depois de horas dirigindo mas precisava seguir em frente para cumprir a entrega o farol do caminhão lutava contra a escuridão e a chuva mas a visibilidade era quase nula só conseguia ouvir o som da água batendo no para-brisa e o ronco do motor a estrada vazia sem sinal de vida
foi então que ao longe avistei uma figura na beira da estrada um homem parado ali com uma postura estranha meio curvado como se estivesse perdido ele vestia roupas escuras que quase se confundiam com a noite o rosto estava escondido sob o capuz de uma jaqueta encharcada pela chuva por um instante pensei em seguir em frente e ignorá-lo mas algo em mim talvez o cansaço misturado com a compaixão me fez parar o e abrir a porta quando ele entrou senti imediatamente uma mudança no ambiente o ar pareceu esfriar e o cheiro de chuva deu lugar a
um odor estranho algo que não conseguia identificar Ele não disse uma palavra apenas se acomodou no banco do passageiro ajeitando a mochila escura que trazia consigo o silêncio entre nós era desconfortável pesado a única coisa que o quebrava era o barulho da chuva no teto do caminhão conforme seguimos viagem tentei puxar conversa mas ele parecia indiferente apenas olhava para a estrada à frente como se estivesse concentrado em algo muito distante era uma presença quase etérea como se ele estivesse ali mas ao mesmo tempo não estivesse a cada minuto o silêncio ficava mais e mais sufocante
o frio cada vez mais intenso como se o calor do meu corpo estivesse sendo drenado chegando a um trecho da estrada conhecido por sua curva perigosa já perdi as contas de quantos acidentes via ali muitos fatais est me concentrando ao máximo para fazer a curva com segurança quando de repente o homem ao meu lado se virou para mim seus olhos antes vazios agora estavam fixos nos meus brilhando de uma maneira incomum com uma voz baixa quase um sussurro ele me disse pare aqui fiquei confuso parar ali naquela curva ainda tentei questioná-lo mas sua expressão era
séria quase ameaçadora sem saber exatamente por obedeci e encostei o caminhão assim que ele desceu uma sensação estranha tomou conta de mim olhei pela janela e vi a silhueta dele se afastando na neblina até desaparecer por completo de repente um grito estridente ecoou pela noite foi um som terrível de arrepiar a espinha era como se alguém estivesse experimentando uma dor indescritível algo que não se podia suportar instintivamente olhei para o banco ao meu lado e percebi que ele estava vazio embora a porta ainda estivesse entreaberta e gotas de água pingasse para dentro do caminhão acelerei
o caminhão e me afastei daquele lugar o mais rápido possível tentando ignorar o som aterrador que ainda ecoava em meus ouvidos não olhei para trás só pensava em chegar ao próximo posto de gasolina onde sabia que haveria outros caminhoneiros precisava ver outras pessoas ouvir vozes sentir que aquilo tudo era apenas um pesadelo Cheguei ao posto de gasolina já ao amanhecer Estacionei ainda com as mãos trêmulas e fui até o restaurante onde costumo tomar café lá encontrei um colega caminhoneiro o Zé com quem compartilho histórias de estrada há anos sentei-me ao lado dele sem conseguir conter
o nervosismo e contei tudo o que havia acontecido Zé ficou em silêncio escutando atentamente quando terminei o relato ele me olhou com uma expressão séria e disse Carlos você não é o primeiro a ver esse homem fiquei surpreso ao mesmo tempo assustado ele me contou que segundo a lenda aquele homem era o espírito de Um Caminhoneiro que havia morrido tragicamente naquela mesma curva há anos Dizem que ele aparece de tempos em tempos pedindo carona a outros motoristas e que seu grito é um aviso para que não parem ali eu já escutei esse grito também disse
Zé baixando o tom de voz quase como se não quisesse que mais ninguém ouvisse não sei quem ou que ele realmente é mas sei que quem o vê nunca mais esquece desde então toda vez que estou na estrada especialmente em noites chuvosas fico atento a qualquer figura estranha na beira do caminho a imagem daquele homem frio que trouxe ao entrar grito na escuridão tudo isso ficou gravado na minha memória agora sempre que vejo alguém pedindo carona meu coração acelera e eu aperto o volante com força prefirindo seguir em frente sem olhar para trás a estrada
é cheia de mistérios e essa é apenas uma das histórias que ela esconde depois daquela noite as coisas mudaram para mim por mais que eu tentasse seguir em frente algo daquela icia ficou comigo como se o estranho passageiro Tivesse deixado uma marca Invisível em cada curva perigosa em cada trecho deserto de estrada sentia uma presença a solidão do trabalho de caminhoneiro sempre foi algo com que me acostumei mas agora o silêncio parecia diferente quase ameaçador alguns dias depois ao passar novamente por Juazeiro do Norte Parei para abastecer num posto que não era o mesmo daquela
noite queria evitar qualquer contato com o local do ocorrido como se isso pudesse afastar as lembranças o frentista ao ver minha expressão perguntou se estava tudo bem talvez fosse o cansaço ou a falta de sono desde aquela noite mas acabei desabafando e contei tudo sem esconder os detalhes esperando que ele risse ou dissesse que eu estava louco no entanto ele apenas assentiu sério e respondeu com calma muita gente já viu esse homem moço não é coisa da sua cabeça não ele aparece PR os que TM coração bom para os que param para ajudar mas uma
vez que você o encontra nunca mais esquece suas palavras ressoaram como uma confirmação de tudo que eu temia Foi aí que ele me contou sobre outros relatos histórias antigas de caminhoneiros que já haviam passado por algo parecido segundo ele aquele homem tinha perdido a vida tragicamente em um acidente horrível enquanto tentava desviar de outro veículo desde então ele vagava pela estrada como se estivesse em busca de algo ou tentando alertar outros motoristas do perigo dizem que sua alma não conseguiu descansar de vez em quando ele aparece para os caminhoneiros que como eu param para ajudá-lo
depois daquela conversa cada viagem passou a ser uma experiência mais tensa a cada noite de chuva ficava com olhar fixo na estrada esperando que ele aparecesse a qualquer momento cheguei a ter pesadelos com a cena a curva perigosa o estranho ao meu lado o grito na Noite Escura esses pesadelos eram tão vívidos que acordava no meio da noite suando frio com a sensação de que ele estava ali o tempo passou apesar de ainda sentir o arrepio ao passar por Juazeiro do Norte continuei meu trabalho mas agora com cada vez mais cautela a estrada me ensinou
muito E essa experiência foi um lembrete poderoso de que há mistérios que não estamos prontos para compreender alguns colegas dizem que é só uma história algo que a gente inventa para passar o tempo mas para mim o estranho passageiro é mais do que uma lenda é uma verdade que vive nas curvas perigosas e nas noites de chuva ainda hoje quando alguém me pergunta sobre a história sinto um calafrio e quando estou sozinho na estrada com a lua iluminando o caminho e o silêncio absoluto ao meu redor lembro daquele olhar daquele grito que ecoa pela noite
agora sigo em frente sempre Alerta sabendo que há coisas entre o céu e a terra que jamais poderemos entender completamente e se algum dia você caminhoneiro ou viajante cruzar com uma figura estranha na estrada em uma noite de chuva pense duas vezes antes de parar Talvez seja apenas uma pessoa precisando de ajuda ou talvez seja o estranho passageiro esperando para dividir mais uma história com alguém disposto a ouvir alguns meses depois numa dessas paradas de estrada Conheci um caminhoneiro chamado Vicente era um veterano com mais anos de estrada do que eu e conhecido por ter
enfrentado situações de vida ou morte nas viagens quando soube da minha história ficou quieto por um momento e depois olhou diretamente nos meus olhos como se tentasse ver se eu estava preparado para o que viria a seguir você acha que já viu tudo mas a estrada é muito mais do que asfalto e poeira ele disse com uma voz baixa e cheia de mistério não é qualquer um que vê o homem da curva e quem vê Carlos acaba descobrindo coisas que os outros não sabem ou preferem ignorar ele me contou que existe uma rota invisível um
caminho espiritual que aparece para alguns caminhoneiros a gente passa anos na estrada percorrendo os mesmos trechos vendo as mesmas paisagens mas às vezes cruzamos com algo além algo que não pertence ao nosso mundo quando perguntei a ele o que queria dizer com outras entidades ele respirou fundo como se estivesse ponderando se deveria ou não continuar então com uma expressão grave começou a contar sobre uma mulher de vestido branco que alguns caminhoneiros vê caminhando à beira da estrada em noites de lua cheia Ela olha para os motoristas com um olhar desesperado suplicante segundo a lenda ela
perdeu a vida em um acidente enquanto tentava fugir de um relacionamento abusivo hoje aparece para os caminhões como um pedido de ajuda mas quem para para socorrê-la desaparece sem deixar rastros Vicente acreditava que essas aparições são resquícios de almas que não encontraram paz elas carregam as dores do passado e ficam presas em um ciclo tentando alertar a gente sobre o que a estrada pode fazer então ele acrescentou com um ar de Sabedoria e certa tristeza a gente só vê a as coisas porque a estrada no fundo nos transforma Ela nos mostra o que tem de
mais belo mas também de mais sombrio depois de nossa conversa senti que tinha compreendido algo novo embora assustador a estrada não é apenas um meio para um fim é um lugar entre mundos onde o passado e o presente se encontram onde as histórias esquecidas ganham vida de novo essa ideia mexeu comigo desde então passei a enxergar cada quilômetro de uma forma diferente com mais respeito e cautela certa noite voltando pelo mesmo trecho de Joazeiro do Norte senti novamente o ar pesado e a temperatura pareceu cair o silêncio era profundo como se eu estivesse sendo observado
ao longe vislumbrei uma figura à beira da estrada meu coração disparou seria ele de novo ou talvez a mulher de branco dessa vez Decidi não parar apenas reduzi a velocidade e mantive os olhos fixos na estrada com a respiração controlada quando passei pelo ponto onde vi a figura olhei pelo retrovisor e não havia ninguém no entanto um arrepio percorreu minha espinha e senti como se uma presença ainda estivesse comigo um lembrete silencioso de que a estrada guarda segredos Que Nunca Serão totalmente revelados agora cada vez que falo sobre o estranho passageiro ouço meu próprio aviso
ecoando para outros caminhoneiros sei que muitos duvidam alguns riem e outros ficam pensativos mas todos ouvem no fundo Todos nós sabemos que a estrada é viva e que ela carrega algo de intangível e misterioso e enquanto seguimos em frente continuamos a contar essas histórias Compartilhando os segredos da estrada que somente os caminhoneiros conhecem Afinal a estrada é Nossa companheira como toda boa companheira Ela também tem seus segredos talvez de vez em quando deixe um de nós vislumbrar o que realmente se esconde entre a luz dos Faróis e a Escuridão que segue cada curva alguns anos
se passaram desde aquele encontro com o estranho passageiro mas por mais mais que o tempo tenha passado as lembranças daquela noite continuam vivas como se tivessem acontecido ontem sigo na estrada dirigindo pelas mesmas rotas enfrentando as mesmas noites solitárias e os mesmos desafios mas algo em mim mudou aprendi a respeitar o mistério da estrada a ver a escuridão com outros olhos e a entender que nem tudo pode ser explicado de vez em quando ainda vejo figuras à beira da estrada especialmente em noites de chuva podem ser caminhoneiros com pessoas perdidas ou talvez algo mais mas
agora hesito antes de parar aprendi a ouvir meu instinto a distinguir entre uma situação comum e uma que carrega aquele frio inexplicável que senti naquela noite em Juazeiro do Norte quando sinto sigo em frente mantendo o olhar fixo na estrada e o coração acelerado sabendo que estou fazendo a escolha certa conversando com outros caminhoneiros percebo que muitos TM suas próprias histórias Alguns falam sobre figuras que surgem do nada ruídos estranhos no silêncio da noite ou até mesmo vozes sussurradas que só eles conseguem ouvir Cada um carrega uma experiência que mesmo parecendo absurda para quem não
vive a estrada é real para quem a sente na pele e assim essas histórias se espalham como um folclore secreto passando de um motorista a outro criando uma rede invisível que conecta todos nós aquela experiência me ensinou mais do que qualquer coisa percebi que a estrada é como a vida imprevisível cheia de de curvas perigosas trechos escuros e passagens solitárias é fácil ignorar os sinais acelerar e seguir em frente mas aprendi que às vezes é preciso parar e ouvir o silêncio prestar atenção nas sombras sentir o frio e perceber que há mais entre o céu
e a terra do que somos capazes de entender hoje vejo cada viagem como uma oportunidade de aprender de respeitar a estrada e tudo o que ela representa cada curva é um mistério cada quilômetro uma história e quando o sol começa a nascer no horizonte sinto um alívio como se a luz trouxesse de volta à segurança afastando as sombras e os segredos que só a noite guarda naquele trecho onde encontrei o estranho passageiro agora faço o sinal da cruz toda vez que passo não sei se é por superstição medo ou respeito Talvez um pouco de tudo
mas sinto que é meu modo de reconhecer que naquela noite encontrei algo que nunca poderei explicar completamente uma verdade que me lembra sempre que a estrada não pertence a nós e que a mistérios que por mais que tentemos jamais conseguiremos desvendar e assim sigo adiante com o olhar atento e o coração mais forte porque no fundo sei que o estranho passageiro e todas as histórias da estrada vivem na memória daqueles que as experimentaram e enquanto houver um caminhoneiro disposto a ouvir essas histórias elas continuarão cruzando fronteiras recuando pelo asfalto e se espalhando pelo país como
uma lembrança constante de que o desconhecido está sempre à espreita esperando o próximo vi que esteja disposto a escutá-las essa é a verdadeira essência da estrada uma jornada entre o conhecido e o desconhecido um convite para nunca parar de seguir em frente mas também para nunca esquecer que entre a vida e o asfalto existem histórias que vão além do que somos capazes de ver se você gostou do nosso vídeo deixa seu like e se inscreva no nosso canal compartilhe no WhatsApp Facebook para que mais pessoas vejam Muito obrigado