A Divina Comédia de Dante Alighieri - prof. Victor Sales Pinheiro

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Instituto Hugo de São Vítor
O professor Vitor estudou cada canto da Divina Comédia e, em sua palestra, de maneira introdutória, ...
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E ainda terminar, do momento da história católica, a Igreja conseguiu, de fato, criar uma cultura consciente dos princípios teológico-filosóficos, estéticos e morais da sua identidade. Quando uma pessoa amadurece, passa por uma crise de adolescência e, de repente, diz, como disse o Quixote, em determinado momento: "Eu já sei quem eu sou." O período histórico que se costuma chamar de cristandade, a partir do século 11, a Baixa Idade Média, é o período das catedrais, o período das universidades e foi o período de Dante Alighieri, o maior poeta de todos os tempos, não só da literatura católica,
mas também o poeta mais perfeito do ponto de vista formal, o poeta que concebeu essa é a melhor forma da gente começar a pensar uma catedral poética. E aí, e aí, e aí, e aí, e aí, e aí, é para a gente começar a se aproximar desta obra-prima absolutamente monumental da literatura católica, que é a Divina Comédia. Proponho duas analogias: a primeira é a analogia da catedral gótica que, conforme Panofsky, reproduz materialmente uma estética escolástica, sendo a escolástica uma reflexão para tentar alcançar Deus, que é a totalidade unificada e orgânica do mundo a partir das
suas partes constitutivas. Então, da parte, eu chego ao todo, da relação das partes do todo entre si, eu consigo conjugar dialeticamente uma síntese unitária que as transcende e as reúne. Bom, então, o princípio estético que motiva a arquitetura escolástica, a arquitetura gótica, é exatamente a teologia escolástica. A teologia escolástica, então, sendo a dimensão intelectual cuja expressão estética é a catedral gótica e cuja expressão poética é a Divina Comédia de Dante. Então, aqui a gente tem uma civilização católica completa, uma civilização católica que sabe quem é, do ponto de vista arquitetônico, pautada no mistério da Encarnação,
franqueado pela Virgem Maria. E por isso, as catedrais góticas são todas, nós damos principalmente, as princesas, porque sem a Virgem Maria não haveria Encarnação do Verbo, e o Verbo encarnado significa a materialidade da pedra. E nada mais bruto do que uma pedra, mas que pode nos levar a nos espiritualizar pelo mistério da Eucaristia e da Encarnação. E por isso a catedral, como obviamente o local do culto eucarístico, junto à missa, é um conjunto interdependente de partes que nos levam exatamente à Virgem com o menino Jesus no colo da rosácea, cuja luz, a interação da natureza
com a cultura e a técnica humana, resplandece no altar. E toda a simbologia da catedral gótica, inesgotável, que exige um curso e uma explicação, inclusive deslanchando simbólica da arte arquitetônica, encontra correspondência na arte poética e, do ponto de vista intelectual, na segunda analogia. Depois da catedral gótica, é quando a gente entra na casa da avó, se a gente sente pequeno; aquele negócio tem um detalhe: não dá para ver lá todo o retrobox que não foi feita para as pessoas. A vida para Deus é inesgotável e inexaurível; não tem muitos anos. Você pode ver lá por
fora, de cima, por dentro, do lado dela; tem milhares de detalhes. Mas Deus está nos detalhes, principalmente quando esses detalhes forem partes de conjuntos menores que se articulam com conjuntos maiores, em círculos concêntricos que encontram a unidade no arquiteto e no motor imóvel, na causa não causada. E aqui eu passo da analogia das catedrais góticas para a analogia da escolástica, enquanto pensamento filosófico e teológico, na figura do grande Santo Tomás de Aquino, que é o teólogo por trás da Divina Comédia, sendo a base da Divina Comédia. E assim como, muito provavelmente, São Francisco é a
contraparte moral que inspirava grande, que era isso do convento franciscano, começa Santa Cruz e que morreu com hábito franciscano. Santo Tomás de Aquino, então, tenta partir do mais simples, do mais essencial, do próprio, se é que existe, cuja essência é existir que é Deus, e desse núcleo simples, uno, bom, belo e verdadeiro, perfeito, se espraia por toda a criação, intelectualmente e ontologicamente articulada com argumentos lógicos, com proposições e com silogismos que têm suas causas, as suas conclusões. E que vai da natureza pura de Deus à natureza planetária de Deus, à criação de Deus, do mundo,
da providência de Deus sobre o mundo, da parcela da criação que é o homem, da antropologia humana, composta substancialmente por corpo e alma, da moralidade humana, dos vícios, das virtudes, da lei natural eterna, divina, positiva. A Suma Teológica é uma obra na qual você se rende. E a experiência da catedral, a experiência da Suma Teológica e a experiência da Divina Comédia é uma experiência de rendição. É uma experiência de: "Olha, eu entrego os pontos, isso é maior do que eu." Não adianta se você estudou 20 minutos ou se você estudou 20 anos. A Divina Comédia
é maior do que você; não adianta se você já, aliás, uma vez, você acha. Mata mais cremosa que você, mas eu não coloco a Suma Teológica na sua cabeça. Sabe por quê? Daqui você pode ter uma cabeça genial, você pode ser um grande tela; você pode até ter capacidade intelectual e acompanhar São Tomás, o grande, e colocá-lo num patamar de inteligência superior, porque está falando, a meu ver, do homem mais inteligente de todos os tempos. São Tomás de Aquino tirou fórmula, nada que não seja silogístico, que não seja consciente do seu pressuposto, da sua conclusão,
da clareza do termo, da veracidade da proposição e da articulação lógica do silogismo. Então, ele tem um pensamento lógico perfeito e o tanto mais perfeito quanto possível seja a um homem. Às vezes, com a poesia, Dante escreveu uma poesia cósmica de tudo, uma poesia que é comédia. Vou explicar o seguinte: comédia não é nada de engraçado, obviamente, mas que é divina. Bom, então, embora os arquitetos, não saibamos quem são os arquitetos, porque o princípio da... Autoria na arte renascentista: os artistas não assinavam na de outro. Que ela comprou era contemporâneo de Dantes em e começou
a ver as comissões individuais, mas na Idade Média ninguém sabia quem eram os autores das obras de arte. Primeiro, casal coletivos, e porque senão esse também tem a ver com a validade das pessoas. Todo módulo Dante é um arquiteto escolástico do cosmos. Escreveu uma poesia épica de tudo e, a partir de uma forma trinitária específica, eu pretendo introduzir a vocês, então, nesta palestra. É uma obra com a qual eu tenho uma relação profundamente visceral e pessoal, da forma mais clara possível, para que vocês possam ter essa mesma experiência, porque, mais uma vez, eu repito o
que eu disse na obra de Santo Agostinho. E já converso dizendo que Santo Agostinho e as condições são a principal fonte dançante com a Divina Comédia. É porque a Divina Comédia é uma autobiografia e também do processo de conversão de Dante, numa linguagem simbólica da linguagem alegórica, obviamente. Bom, então esse é um dos maiores poetas de todos os tempos. Daniel Rops, um célebre historiador da Igreja, escreveu uma história da Igreja vibrante e apologética no melhor sentido. Ele chama da última testemunha, última testemunha da civilização católica completa, do volume 3, exatamente a Igreja das Catedrais das
Cruzadas. Bom, então vou mostrar para vocês, tentar mostrar para vocês, a estrutura dessa obra e um pouco da contextualização do autor, para que vocês possam ler. Salva Sobra merece ser lida, merece ser estudada, porque ela é muito difícil. Era muito exigente, mas ela realmente vale o esforço. Então, Dante é um personagem superlativo, não só pela qualidade, mas pela quantidade: são 100 cantos, cerca de 140 versos em cada canto. Então, são mais de 1.400 versos, todos metrificados e com rima em tercetos. Vou explicar: Dante é um geógrafo do cosmos e, dentro do cosmos criado por Deus,
há uma criatura que é especial, que é o homem. Por quê? Porque o homem é criado à imagem e semelhança de Deus. Então, ele não é apenas um geógrafo do cosmos, que é divino, porque testemunha a criação do Criador nas criaturas, mas ele também é um geógrafo da alma humana, que é mais complexa do que o cosmos. É mais complexa do que os Agostinho, que, segundo ele, são como o sol, as estrelas, os astros. É toda a astrologia medieval, inclusive esotérica, no sentido de perceber a chave de interpretação para a compreensão dos números e para
a interpretação do modo como os astros são expressos, do modo como os relevos e os acidentes naturais se relacionam entre si. A alma humana é um mistério ainda maior. Então, ele aqui tenta ser um geógrafo da alma humana. A Divina Comédia é, eu vou falar, está na moda hoje em dia pela crise das ciências, mas ela é interdisciplinar, entre aspas. Ela trata de religião, política, filosofia, ciência, cultura e, tanto quanto Agostinho foi a síntese da cultura literária pagã e da filosofia pagã com a tradição cristã, assimilando e cristianizando a tradição intelectual e literária pagã romana
para o cristianismo, Dante faz isso com a poesia épica romana de Virgílio. Os gregos tinham Homero, os romanos tinham Virgílio, os católicos têm Dante. A civilização vale quanto vale os seus poetas. No sentido muito específico, os poetas são os educadores na civilização. Os poetas cantam aquilo que não pode ser esquecido e os poetas cantam o que há de mais importante na identidade cultural e social de uma nação ou de uma civilização. E Dante achava que a civilização católica precisava de uma épica. Só que a épica católica na época canta heróis. A épica canta feitos, aí
dentro da casa dos feitos de Aquiles, a Odisseia de Ulisses, onde se encontram Eneas e o cristianismo. O herói do cristianismo é Cristo, obviamente. Nesse sentido, ele é o personagem principal que está nos Evangelhos, mas a aventura ali do cristão é um encontro com Deus, que se torna pessoal. Ou seja, eu não posso dizer assim: "Não, mas tem Jesus, então tá resolvido." A civilização católica não, mas tá bom, então tem São Paulo. A civilização católica existe em um basta ao cantar São Paulo. Não é você que importa, sou eu. Há uma subjetivação do cristianismo da
realidade moral no sentido de que o que importa, do ponto de vista escatológico e eterno, é a sua alma particular, que é diferente da minha alma. E eu não posso lhe carregar nos braços, e nem você. Cada um é responsável pelos seus atos. A vida vale porque ela é uma antessala da vida eterna. Então, a Divina Comédia radicaliza a importância dos atos morais, a partir só consequência eterna e, por isso, narra a viagem que Dante teve para os três reinos: católicos, e do Inferno, do Purgatório e do Paraíso. E por isso é uma obra com
três livros: é uma obra-prima. E, agora, na introdução, gostaria de dizer que descrevê-la é reduzido. É impossível ser fiel a Dante. É impossível achar que eu dei conta minimamente dele. Então, eu aceito o desafio e gostaria que vocês aceitassem o desafio de lê-lo, de penetrá-lo. Ele também foi interpretado infinitamente e dou uma recomendação: sempre que eles parecerem difíceis, estudem as várias interpretações estéticas da sua obra. Por exemplo, na pintura, eu destaco a obra de Botticelli, que nesta edição da Ateliê consta gravuras e imagens belíssimas e artísticas que ajudam a penetrar a obra, assim como de
Gustavo Doré. As ilustrações de Doré estão presentes na edição da Itatiaia. A gente tem duas edições em português que merecem atenção especial, porque não só têm o texto de Dante, mas têm também gravuras esteticamente valiosas por si mesmas, que nos ajudam a compreender a obra da Ateliê com Botticelli. Ea da Itatiaia, com do rio, da mesma forma vocês podem verificar a grande arte das culturas de Rodin. Augusto Rodin, com Piu, muitas das celas do Dante, sobretudo na sua famosa Porta do Inferno, que eu recomendo muito, é uma análise da Porta do Inferno, depois que estiverem
familiarizados com os episódios da Divina Comédia. Ela tem uma cor que é a pedra da escultura. Ele também é inspirado, como você sabe, no maior escultor de todos os tempos, esse outro gênio da civilização católica, que é Michelangelo Buonarroti, escultor, pintor, arquiteto, gênio absoluto da arte plástica católica. Por exemplo, na Capela Sistina, o Inferno dele é dantesco. Você tem a citação do cara, e você tem a estrutura já dinâmica do Inferno, não que Dante tenha inventado, Luís Osório. O imaginário medieval, mas durou e mais nada medieval. O tom da universalidade, é impossível pensar o Inferno,
depois de Dante, que não seja na forma dantesca. Nós vamos colocar no lugar do mundo. O Inferno se tornou dantesco, é a representação de Dante de como é o Inferno, principalmente no Inferno. Depois, vou explicar porque o Inferno passou a ser um nível mais problemático, mais importante também. Se você gosta mais do Inferno, isso diz muito sobre quem você é, é porque certamente muitos gostariam muito mais do Paraíso. Então, a identificação, nós nos identificamos com todos os três reinos. O Purgatório também é muito interessante, mas depende muito. Eu também destaco a sinfonia que Liszt compôs
sobre a Divina Comédia. Então, se você tem uma sensibilidade musical, escute a sinfonia "A Divina Comédia", porque você consegue perceber o som tenebroso, grave, lento e tortuoso. Eu escutava essa sinfonia e preparava uma boa parte da comédia para preparar esta palestra. Minha filha de 4 anos estava no quarto. Ela passou cerca de cinco segundos ativa e passiva e falou: "Papai, que coisa triste!" Ela não podia falar mais do que isso, mas é uma sensação de sentir o mal. Então, você legenda a música e consegue perceber. Eu disse que ela estava triste, e ela chegou a
me chamar. Daqui a pouco você viu que a felicidade e a alegria, e quando começa o Paraíso, isso me deixa completamente arrepiado. O que se consegue pela música, a glória é magnífica. A presença da Virgem, do cabo à rabo na comédia, é uma elevação de pureza, uma leveza, uma transparência. As experiências místicas da bem-aventurança só podem ser minimamente retratadas com grande acurácia estética, e não quer dizer que Santa Teresa dizia que a grande mística da tradição ocidental. Eu não poderia jamais ter escrito sobre o processo místico, o que é intrinsecamente indizível, inefável, se ela não
dispusesse de recursos literários que a sua formação barroca clássica tivesse dado e, sobretudo, se ela não tivesse lido as construções do grande modelo de Santa Teresa. Então, a arte católica, nesse sentido, é a tentativa de demonstrar a sacramentalidade da matéria, isto é, como a matéria sensível, o som, as letras. Eu falei das culturas, da pintura aqui, da poesia no sentido da poiesis, como a mamãe pode criar e conceber na matéria. É um testemunho do espírito que a trouxe. Essa é a sacramentalidade do mundo. George Vargas, que é um escritor, jornalista e pensador, intelectual, biógrafo do
Papa João Paulo II, escreveu um livro chamado "Cartão Jovem Católico", publicado pela Editora Quadrante, cujo catálogo eu recomendo muito. Ele tem um capítulo sobre a sacramentalidade do mundo, no Pub de Londres, para explicar o Chesterton. Nós entendemos claramente a sacramentalidade do mundo quando percebemos que o mundo material, secular, o mundo das coisas, são sinais de um mundo maior, são símbolos de um mundo maior. Tem uma simbologia de Dante, ou a dimensão alegórica de Dante, que é a dimensão do que representa o material, que representa o mundo espiritual. Quando a gente faz o símbolo, isso é
um sucesso. Hoje, quero falar de um amigo do Chesterton, no livro "A Alegoria do Amor". É um sinônimo muito bom, muito importante. Se quisermos fazer um curso maior sobre a cultura medieval, da qual Dante é o grande expoente do planeta poético, é para compreendermos a visão medieval de mundo. Uma de suas realizações é "A Alegoria do Amor". Não é legal? Faz diferença entre alegorias e símbolos. A alegoria, quando você cria uma metáfora, para dizer alguma outra coisa, é claro que a imagem mental que você criou é menor e inferior do ponto de vista ontológico do
que aquilo que ela representa. Ela é apenas um conselho, apenas uma imagem. O símbolo é diferente. O símbolo é quando, e o próprio corpo humano, por exemplo, representa algo que é maior do que ele. Por exemplo, a alma. Eu sei que os seus olhos são símbolos da sua alma. O que é mais importante: os olhos ou a alma, que eles simbolizam? A alma, e já que os olhos são apenas um reflexo tímido de algo muito mais profundo. Todo dia, eu já tenho um olhar profundo e sua alma deve ser profunda. Heráclito de Éfeso, poeta importante,
também pelo jogo dos paradoxos, vai viver principalmente na estrutura do Paraíso e na Mariologia, que tem no último canto que vou ler. Dizer que procura os confins da alma e não os encontrar é achar como é o finito ao infinito. O que vai estar à frente? O reflexo da alma. O mais importante é a alma e a sacramentalidade do mundo. Mundo é o fado do mundo. Não cabe nele no sentido de que o mundo material é apenas um reflexo pálido e efêmero do mundo eterno, e essa estrutura de pensamento, que é tipicamente platônica, de um
platonismo bem compreendido. O que é um pato? Bota disso mal compreendido aquele platonismo de que as ideias são produtos mentais criados para representar as coisas do mundo. Não é isso, pelo amor de Deus! O mundo material, a dimensão sensível, é um reflexo da dimensão metafísica espiritual. O mundo material é símbolo porque, para além dele, está o seu fundamento espiritual. Essa é a base filosófica e teológica da poesia de Dante, que alegoriza, portanto, com tudo e com absolutamente tudo, porque tudo é um sinal do fundo de Deus e do drama humano sobre a Terra, que tem
consequências escatológicas. Bom, então essa palestra é um convite à leitura, ao estudo, à meditação e à conversa, porque o objetivo de Dante é o mesmo de Agostinho: purificar o leitor pela catarse; é mostrar ao leitor o caminho da salvação que ele encontrou a duras penas. A minha sugestão de leitura: Taças, a presença em que estão escalando uma montanha altíssima e correndo. Ninguém escala montanha pensando em um alpinista que dá um passo por vez, uma escalada por vez; um canto da Divina Comédia por dia. Bem lindo, bem refletido; o estado é muito bom. Não lê com
rapidez, como se tivesse querendo vencer a obra, porque a obra vai se revelando aos poucos. Ela é uma baixa da obra; é remédio, é uma obra fechada, é uma obra difícil no sentido de que isso vale para a época em geral. Você não entende de uma vez, então calma! Atenção aos detalhes, atenção como as coisas se repetem. Existe uma dimensão cíclica na Divina Comédia; certos fatos, certos personagens vão se repetindo. Há um jogo de espelhamento na Divina Comédia; é uma simetria. De um lado, tem uma coisa; do povo, tem uma coisa. Muitas vezes, os números
vão revelar: o canto 10 do Inferno, que é o canto 10 do Purgatório, e o canto 10 do Paraíso falam a mesma coisa e falam sobre a mesma família. Falam sobre o mesmo vício ou sobre a mesma virtude. Faltam aqui, médias no meio e abundante no Paraíso. Então, percebo que estamos diante não apenas de uma curiosidade intelectual literária, mas de uma reflexão do oral espiritual grave. É possível meditar com a Divina Comédia. Por fim, tente lê-la alto sempre; lê-la com a poesia deve ser dito. Reclamando, vejam, por exemplo, a declamação do Roberto Benigni, cineasta italiano
que declamou toda a Divina Comédia. Então veja como ela é sonora, é bonita; não é um animal italiano, a partir do toscano, e sonoro como o latim. Com vogais, muitas vogais. As palavras todas terminam em vogal e tudo muito rítmico, métrico, uma música; tanto que são chamados cantos. Então, antes de entrar propriamente na Divina Comédia, eu gostaria de fazer uma contextualização breve do autor, porque a Divina Comédia, tanto quanto as funções, trata de Dante. É um poema em primeira pessoa: eu, Dante, fui, fiz, falei, encontrei. E, obviamente, tu já alegórico! Nós vamos encontrar muitas personagens
históricas, assim como personagens literárias, personagens mitológicas, personagens bíblicas, personagens da tradição da Igreja: riquíssimo! Santos, santas, mártires, cruzados, papas, bispos... Um mínimo de cultura histórica é necessário para compreender essa obra de arte. Dante nasce em 1265, no meio do século XIII, que é um dos séculos mais efervescentes da história da Igreja, mais crítico. No XIII e XIV, ele morre em 1321. Do ponto de vista político, é uma época de crise em que a Igreja vai para Avignon, submetida ao rei francês; é o cativeiro da Babilônia da Igreja. Léo, a crise dos papas: Bonifácio VIII, Clemente
V, que Dante vai retratar e vai enfrentar. Há o crescimento do poder político do Reino da França com Felipe, o Belo, assim como o poder político do Império Romano-Germânico. A Itália era dividida basicamente em três áreas: ao sul, o Reino de Nápoles, governado pelo imperador do Sacro Império Romano-Germânico, e Frederico II vai ser importante para tentar aumentar esse poder; os territórios papais, no centro da Itália; e um conjunto de cidades-estado no norte da Itália. Então, entre o Reino da França, o Sacro Império Romano-Germânico e os territórios papais, havia uma série de estados independentes, um dos
quais se destaca: a grande cidade dos artistas, dos poetas, que é Florença. A cidade vai ser a capital do Renascimento cultural, é uma cidade que enriquece sobremaneira pela atividade bancária e pela atividade têxtil, passou a importar tecidos para toda a Europa e, na qual, floresceu gêneros extraordinários, abundantes. E então, qual era a questão política central de Florença na época de Dante? E a gente pode dizer que a Divina Comédia é, para quem não entende alegoria, um poema político. De imediato, não vai me expor; tem acionamento político, tanto, geralmente político. Qualquer Dante julga, morre, aumenta os
seus contemporâneos dizendo: "Ele é pro Inferno, você é provisório. Ele vai para o Paraíso." E aí, ele é a vareto, ele é egoísta, ele é pacientes. O que é um? Eles são personagens históricos da sua época. Então, o grande drama de Florença era o facciosismo; era a luta entre facções políticas que geravam uma rivalidade tão intensa e tão violenta que descambava em guerra civil. A guerra civil, e qual é o problema que eles brigavam? O problema central pelo qual eles brigaram era sobre a autonomia da cidade e a adesão ou a competição do poder político
constituído da cidade em relação, seja ao papa, seja ao imperador. Vamos a, temos poder universal, reivindicado e de fato ou de direito, e eles não estavam nesse poder. Então, os delfos, a facção à qual pertence a Dante, defendiam o poder. Do Papa, tavam de grama do lado do Papa, e o papo era um... O papo era uma espécie de gay. Do ponto de vista secular, ele tinha territórios no centro da Itália. O Rei de Roma, uma monarquia pontifícia, e os gibelinos que defendiam o imperador. Então, essas facções, quando tomavam o poder, aí já vão os
adversários políticos, muitas vezes que se lavam os adversários políticos. E foi exatamente isso que aconteceu no caso de Dante. Dante, que amava Florença, que teve participação política intensa em Florença, que é da comparação dos Médici. Vejam só que interessante um poeta como esse, que participava na política, e a vocação literária teve atuação na medicina, pelo menos para poder pertencer à corporação dos médicos. Foi um modo como quase se inscreveu, entrou no pote na política, e a mudança desses guelfos e gibelinos. A luta entre guelfos de verniz que era uma luta... Veja, não é só divergência
política democrática, o peso diferente de você me respeita, você me respeita e a gente convive, a gente alterna numa república. É, o governo havia isso, mas se não, nem sempre aconteceu. A fricção era tão radical às vezes que havia morte. E, não hesite, episódio foi exilado de Florença. É porque depois do Gel, se subdividiram entre negros e brancos. Bom, então veja como a aula de... O tema da divisão que a gente tá na hidratação de Dante vem exatamente do pecado: "O que aquele que comigo não reúne, contra mim dispersa", de Jesus. É o diabo, luz
no sentido teológico próprio, é aquele que divide, e dividindo confunde. Por isso que o diabo é anticristo; é um outro Cristo que se passa por Cristo, que promete aquilo que Cristo... Só Cristo pode dar. Então, a estrutura geológica da interpretação é a divisão política e a divisão dentro da alma humana, dos poderes que as subjugam. Então, veja como é uma estrutura de pensamento platônica: a república de Platão. A minha alma está internamente dividida, a minha pólis está inteiramente dividida, e o mundo está internamente dividido. O Papa e o imperador brigam; imperador e rei competem; imperador
germânico e papa; e rei francês, rei romano, papa completo. Pelo poder temporal, pelo poder espiritual. Florença: os negros, guelfos e gibelinos. Dentro dos guelfos: brancos e negros. Essas lutas partidárias não raro tinham contornos familiares: irmãos, primos, cunhados, casamentos. A melhor maneira de ver isso, especificamente do ponto de vista bem sociológico, bem material, é ler "Romeu e Julieta", de William Shakespeare, o que é uma outra... O extraordinário se passa em Verona, que é uma cidade pertinho de Florença. Então, essa cidade, elas brigavam dentro, brigavam fora, brigavam... Era uma confusão. E uma se unia com a outra,
brigar, que eu tenho uma terceira, é a que... Pena de dia com uma quarta, e... Voltava, mudava. Aí, dentro de Florença, mudavam para o poder. Aí, agora, aquela reunião é com eu, me único gênero, voltava a lutar contra Verona. E agora, Veneza tá junto com Siena, que vai para atacar. Isso mudava, transformava tudo isso. Buscava ordem; é uma ordem que lhe... Dia no cosmo. Eu quero astral, podem que ele via no projeto de criação de Deus para o mundo, para o mundo social, para o mundo moral. E essa ordem, o Dante... Will, essa ordem tem
um ordenador. E no mundo que a igreja é, mas é grelha, não tem que ordenar o mundo pela política. E o Allegretto, então, ainda não bruto, pela alma dos santos. E quem tem que... A autoridade política está vinculada à autoridade ou poder. E depois vai ser a estrutura do debate, depois, a partir de Marsilio de Pádua, que é do século XIV, do defensor patches. E o poder temporal tem como objetivo garantir a possibilidade do poder espiritual da Igreja atuar sobre as almas humanas. Bom, então, a politização da Igreja incomodava muito. Grande que graça tem que
fazer é santificar as almas espiritualmente, pelos sacramentos e pelo exemplo dos santos. Então, desta... Muito, muito, muito, muito convencido de que a salvação, a política é de Florença, que ele tanto amava, depende da influência dos santos na sociedade. E aí, em São José Maria Escrivá, diz: "Essas crises mundiais, não vos enganeis, meus filhos, são crises de santos." Por isso que os grandes protagonistas da Divina Comédia... Isso é uma... Não está tão claro; o São Bernardo de Claraval tá claríssimo. Mas não... São Tomás de Aquino e São Francisco, em volta, claro, no quarto círculo do paraíso,
que é o ciclo do sol, o ciclo dos sábios. Porque as duas ordens mendicantes, da reforma da Igreja no século XIII: São Francisco de Assis, São Domingos de Gusmão, são a salvação da Igreja. E ambos diziam: "A Igreja precisa voltar às suas raízes evangélicas, da pobreza, da humildade, da obediência, da caixa, da área, da oração, do jejum, da esmola." E se o cristianismo... E eu não vou te mostrar isso apenas pregando; eu vou fazer isso... Venda, eu vou radicalizar a vida. Então, reformadores radicalizaram a vida e diz... A atividade... Bom, então é... E Deus tá
muito convencido disso. Tanto estudam num convento franciscano de Santa Cruz, da gente estuda escolástico, estuda São Tomás de Aquino, estuda Aristóteles. E o estudo da literatura clássica, seres, estuda Virgílio, que vai ser o seu guia. E começa a... É um filósofo, é um teólogo, é um cientista, é um astrólogo, é um médico... Mas é um quarto. O que submete esse cosmos todo? Reflexões sobre a Igreja, sobre o Estado, sobre o amor... Tô numa obra sintética. Vai, sintética. Não como um resumo, para trazer uma síntese da palestra. E não aceita saber que consegue reunir numa totalidade
uma unidade que, de outro modo, ficaria dos pés. É que para isso precisa ser gênio. Quiz bom? E você precisa em tão... qual é o princípio da unidade que...? Obviamente, a Deus bom. Então, é esse contexto político, esse contexto espiritual. Então, vejam, são Francisco de Assis, São Boaventura, São Domingos de Gusmão e Santo Tomás; os Franciscanos, os Dominicanos, e uma terceira ordem que tem que ser dita, que é muito importante: os Beneditinos, que são Bento e São Bernardo de Claraval. Sua homenagem para a reforma assistencial está, então, isso aqui tá muito claro, tá muito presente
na Divina Promessa. Muito, muito é a importância da dimensão intelectual; como eu disse, as escolas, as universidades, a filosofia clássica, escolástica, o direito. Depois, também, um jurista, um diplomata: questões jurídicas muitas vezes apareceram também na Divina Comédia. E, por fim, do ponto de vista literário, a gente tem, com a fundação da língua italiana moderna no século 14, o tradutor italiano; a tríade dos grandes literatos, que vão, inclusive, o Petrarca é considerado o fundador do Renascimento, mas que são Dante, Petrarca e Boccaccio; três grandes literatos. Dante, de modo de longe, o maior de todos; o que
não tira desse mérito. Mas isso é importante porque esse, de algum modo, populariza Dante, e eles a contribuir para colocar o Dante no restaurante. Boccaccio tem um senhor da literatura, e é um bocadinho que chama "Comédia Divina". A Eliane te põe esse adjetivo de "Divina Comédia" e eu vou explicar já, já. Então, o que pede faz: ele registra isso na Divina Comédia. Especificamente, no Purgatório, ele desenvolve o que ficou conhecido como Doutor Destino Novo, o novo estilo doce, o doce estilo novo. Esse estilo é o dele, e é também o do Grito com Zelo, e
o Domingos Cavalcante, que é uma poesia em língua vernácula. Então, ele não escreve em latim; o dever de saber, inclusive, consta que ele começou a escrever em latim. E parece que... Tem estudos que encontraram que o rapaz, não seria... Já tinha, né? Mas, achei o italiano. Então, ele é o pai fundador do italiano, como Camões é o poeta fundador do português, como Cervantes é o escritor poeta fundador do espanhol. De algum modo, Shakespeare é o fundador do inglês, embora o inglês também tenha sido fundado pela versão King James, a versão do Rei James da Bíblia.
Oi, e eu, de algum modo, Lutero fundou o alemão com a sua tradução. Então, só que esses textos fundacionais uma língua vernácula, que a influência direta da poesia de amor trovadoresco provençal, é interessante. A mediação de São Francisco, "Francesco" é meu nome; um dos altos, aquele que era apaixonado pela França. Agora, um frango consórcio francês; o afrancesado. Ele, que era um poeta que cantava a beleza do mundo, pois é provençal... pois é de amor, né? E essa é a pano de fundo, muito, muito direto, sim, da de Dante, que tem como fonte, portanto, também a
literatura bíblica, a literatura profética; obviamente a influência da literatura apocalíptica medieval, e, principalmente, após o próprio Apocalipse, que, de algum modo, é o principal livro nesse sentido. Porque é um livro que trata especificamente do fim dos tempos e dos acontecimentos fundamentais em linguagem alegórica, certo? E é a época. Quem sabe? Então, vamos agora, com essa contextualização rápida, entrar na Divina Comédia, certo? Oi, e para isso eu quero destacar e aí os seguintes aspectos. E vamos começar pelo título. "Comédia" não significa uma obra de diversão, não significa o nome de risada; não significa de um padre.
Muito, muito, muito meu amigo, muito o professor, diretor espiritual, mas também muito bem, alvorada. Ele falou assim: "Eu cheguei na outra aula sobre a Divina Comédia, até no retiro." E ele falou assim: "É, mas a comédia precisa de um rir ainda não encontrei a graça." Eram... Eu não conseguir. Eu não... Claro que não; é nesse sentido. A comédia não é humano; alguém vai gargalhar, né? A comédia significa, depois, técnico; uma obra que começa mal e acaba bem. Então, a gente tem duas formas básicas: a gente, na Antiguidade, a tragédia, que começa bem, acaba mal. A
tragédia é uma catabase, é uma descida aos infernos. Por exemplo, Platão começa a representar desde ontem o período; cata bem, agradecida à caverna dos sentidos, à caverna da retórica democrática, à caverna dos infernos. Que a caverna não é só... Ela não é a subterrânea, a caverna é pra baixo também, eu sei, mas a tragédia que vai lá, a tragédia da política democrática para a tragédia dos sofistas, que papá tá. Tragédia da retórica sem a dialética, certo? Filosofia que leva a ideia da escola, acha, inclusive, da analogia que leva... Bom, então a comédia, no sentido de
uma subida, ela é muito mais; vou sentir de uma elevação pautada nos princípios da conversão, da ascese, do exílio e da Páscoa, da saída que exige. Dante é o exige, Jerusalém é o exílio dos judeus, é o exílio da morte de Cristo, mas que tem a Páscoa, que é a volta, que é da Terra Prometida, que é a ressurreição de Cristo, que a conversão, que a transformação espiritual narrativa correr. E por isso a chave São Agostinho, como grande fonte dante é, porque a Divina Comédia, numa linguagem poética diferente, é a narrativa autobiográfica em chave simbólica
da convenção de idade, como eu vou mostrar. Oi, e esse título "Divina", que foi colocado por vocação, significa exatamente o protagonismo de Deus nisso tudo. A dimensão de que é Deus que permitiu pela sua providência insondável a queda, mas a Ele que permite a redenção. E esse drama divino é reencenado a cada existência individual; cada um de nós vive o exílio e a Páscoa. E por isso a dimensão litúrgica do poema, o que vê em cena, em riste, remete à vida humana cristã como sendo marcada pelo advento, nascimento, tempo comum, festas litúrgicas, comemoração dos santos,
quaresma e Páscoa. Essa é a vida do cristão; a mesma questão é litúrgica, porque ela revive, reestrutura a liturgia. Vida de Cristo, né? E por isso, Divina Comédia: Inferno, Purgatório e Paraíso. Terra, montanha e céu, e numa constante alegoria que une a terra que a gente vê ao céu que a gente não vê, o corpo que a gente vê à alma que a gente não vê. E fica fazendo essa dialética pela alegoria poética do homem com Deus. E por isso é comédia. É uma subida para Deus. É isso que significa a Divina Comédia: subida para
Deus. O que é subida para Deus? Não poderia ter acontecido se Deus não tivesse descido até nós. E quem não tem, nem precisa, até nós, senão tivesse investido a queda. Foi a precipitação de Satanás na terra, que afunda, e o afundamento de Satanás na terra queria os infernos, o que significa a parte inferior da terra. Os infernos, então, é o local onde as almas a profundam, o segundo morrem. Traição pagã, o Alisson, e aí, no fundo, e o ferro antigamente. E já, com uma figura invertida de Cristo, e praticando o canibalismo com uma imagem anti-Cristo,
cada Eucaristia, e com três cabeças, três bocas em cada uma, traidor. O pior pecado. E quanto mais grave o traído, tanto pior a pena do pecador: Judas, que cometeu a pior traição possível a Deus e a Cristo; e depois, os traidores de Júlio César: Brutus e Cassius, história romana. Eu vou explicar por que Dante considera grave essa traição. Ah, tá! Então, a alma, a forma trinitária, muito evidente na comédia. Se a comédia é devida, se o tema é divino e Deus é trino, a ortodoxia católica: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Tudo será
triângulo. A alma, numerologia em grande. Há uma ênfase no aspecto não só quantitativo do número, mas qualitativo do número. Os números não servem só para contar: um, dois, três, quatro, cinco, seis. O número retrata, expressa, de algum modo, uma dimensão qualitativa e estrutural de forma, e a forma é indiferente ao conteúdo. Então, como Dante é um poeta com uma forma rítmica, a métrica, o jogo da rima e da cadência, tudo será três, porque tudo reflete, então, Deus trino. E as vezes que nós encontramos o 3 no livro são incontáveis. E são três livros: Inferno, Purgatório
e Paraíso, com 33 cantos cada. Ah, tá! Mas são 100 cantos, porque o primeiro é uma espécie de introdução para chegar ao outro número expressivo. Sem isso, mas poderia ser 999, o número trinitário, a métrica. Então, três livros com 33 cantos, mais um. Rio de introdução. 99 permanece essa chave, mas tem o terceiro e o reprodução que de samba. Então, o Inferno: 34 livros. É, mas para manter essa lógica, Deus teria pensado, então, num livro. Começou a ser um prólogo e 33 em cada um dos trechos. E são perseguidos na estrutura a b a b
c b c d c. Então, você dá um passo e volta, dá um passo. Vai para manter a simetria. Então, essa a se meter, ela é ternária. A oab vai duas vezes, com bem intercalado, beba, e duas vezes com a concentração calada, e assim por diante. Os versos têm terça rima. São textos, já são uns trocos com três versos com a terça rima. O que são versos eróticos, decassílabos. E são três virtudes teologais, em queridas pelos três apóstolos, pilares da Igreja do Paraíso. Quando Dante chega muito perto já da rosa mística da rosácea, a gente
vai encontrar três animais logo no começo, legalizando as três partes da alma: são três mulheres: Maria, Santa Luzia e Meia Triste. São três cores representando as três virtudes teologais. Na escada do Paraíso, na roupa de Beatriz, o branco, simbolizando a pureza da fé; o verde, a esperança; vermelho, fogo da caridade. Do Inferno, tem três categorias de vícios, com nove círculos. Do Purgatório, em três sessões: anti Purgatório, Purgatório e Paraíso Terrestre. Do Paraíso, as novas esferas celestiais angelicais, que é o múltiplo de 3. E a gente vai ver: oração, jejum e esmola; obediência, castidade e pobreza;
poder, espetáculo, milágrimas; tentações de Cristo; a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Via purgativa, via iluminativa, viu de ativa. Tudo é trecho. Eu, nos cursos livres, que eu adoro meu projeto dialético, passei um ano e meio lendo as confissões de Agostinho com grupo e o alimento, além da Divina Comédia, com o grupo. E eu brincava que tudo que pudesse ser três será celular. Então, a gente chega no Purgatório, tem quantos degraus? Três. A gente olha para o céu, tem o número de astros. Quantos? Três! Você não vai aparecer? Essa
dimensão, pouquinho seu reflexo de Deus. O número tá ligado à perfeição e harmonia. E é bem em relação ao estilo. É um estilo híbrido. Esse é o estilo que, em primeiro lugar, é épico. A gente está falando de uma época. O que caracteriza uma época, como as grandes épocas clássicas de Homero e Virgílio? Uma época é uma grande narrativa, estruturada pela vida de um herói que reúne incontáveis acontecimentos. Bom, então, uma épica é uma aventura heroica, muitíssimo longa, com muitos e muitos fatos, personagens e acontecimentos, escrito em verso para ser declamado, memorizado e decantado. É
o precursor do romance moderno. Romance é derivada do épico. Mas, ao mesmo tempo, é um poema lírico, a coifa influência do depois, eu troco, provençal. É a expressão pessoal do poeta, personagem que se converte, purifica. É um gênero lírico, é o gênero da integralidade e da expressão dos sentimentos do autor. Isso também, né? Esse é o estilo híbrido: aqui, épico e lírico, e também baseado na literatura, conhecimento dos Salmos, sapiencial, nos provérbios dos livros sapienciais da Sagrada Escritura. Mas, principalmente, isso. Eu quero que vocês prestem muita atenção, porque se você não entender isso, você não
tem nada da Comédia. Nada, nada, nada, nada. É um poema. Alegórico, eu já tenho que falar aqui 20 vezes porque realmente isso é o máximo que eu gostaria de centrar. Eu gostei de passar para você; depois, eu vou provar, depois eu vou ler e mostrar as alegorias e o que significa o pai de seu poema alegórico. Significa que nós falamos do outro mundo por esta alegoria. Em grego, alegorein é falar de uma coisa por outra. E, por exemplo, começo: eu não falei da Divina Comédia imediatamente, eu falei da catedral gótica; eu não falei da Divina
Comédia imediatamente, eu falei da Suma Teológica. É porque eu estou falando da Divina Comédia por intermédio. Eu falo do desconhecido pelo conhecido. Talvez vocês que estão me assistindo agora nunca tenham lido a Divina Comédia e, provavelmente, já viram uma catedral. Talvez não tenham visto uma catedral gótica. A internet é uma maravilha para esse tipo de coisa. Apoio a catedral de Chartres, catedral de Notre-Dame de Paris, catedral de Colônia, na Alemanha, cidade de Alberto Magno, perto de Colônia, o mestre de São Tomás de Aquino. Bom, então alegoria significa que a realidade tem várias camadas e algumas
camadas são mais ostensivas. Vou dar novamente o mesmo exemplo: eu quero falar da alma. Pois a alma invisível não tem cor, não tem matéria. Eu não posso ver a alma, só posso pensar nela porque ela é imaterial; ela é inteligível, é suprassensível. Mas poucos são os intelectuais, como se tocam, são intelectuais, vamos. São capazes de atuar estritamente. Não devemos tratar isso, que é difícil, sem ter treino, assim como você em matemática; aliás, para isso, e da música é isso, para acostumar o seu cérebro a atuar num campo dialético de ideias ou formas. Enquanto isso, eu
uso o que está muito mais acessível para você e para que você chegue ao espiritual, que é o que está mais acessível a você, o seu corpo. Mas não é apenas um recurso didático. A alegoria em diante tem um princípio teológico sacramental, como eu já disse, porque a dimensão material reflete a dimensão espiritual. É porque Deus criou os céus e a terra. Isso aconteceu muito com Santo Agostinho quando começou a entender a leitura alegórica do Gênesis. Ah, e por isso eu falo do céu pela terra. Então, essas camadas justapostas vão convergir numa unidade espiritual de
sentido. Camada geográfica: então a gente vai ver muitos relevos, muitos acidentes geográficos. A gente vai ver fatos históricos, a gente vai ver personagens mitológicos, ações humanas, que estão ligadas à política, para falar das catologias, para falar do inferno, do purgatório, do paraíso. A alegoria de Dante está ligada ao recurso literário da figura que São Paulo desenvolveu e do qual São Paulo se apropriou, porque isso os poetas clássicos pagãos usavam. Por exemplo, a leitura alegórica da Odisséia como viagem da alma para o seu centro, e todas as aventuras de Ulisses como sendo expressões sensíveis que impedem
um homem de recuperar sua alma e de reuni-la com o Uno ou com Deus. As sereias, portanto, sendo alegoria dos sentidos, é um ver cerceira. É porque aqui não tem sereias e não tem sérias, mas tem mulheres fascinantes cujos cantos nos inebriam. E isso existe todos os dias com todas as pessoas: tentações do canto dionisíacas, no corpo da comida. Isso tem a ver com o conhecimento da vaidade. Estudo, então, você trata, explica melhor por outra coisa. Então, São Paulo vinculou o Antigo Testamento com o Novo Testamento, mostrando que fatos acontecidos, de fato, aconteceram historicamente. Não
tive o prenúncio, Cristo, que já foi adão, Maria, a nova Eva. E aí, o Cristianismo, a nova criação: Cristo é profetizado por Jonas, que passou três dias dentro de uma baleia; Jesus passou três dias no túmulo. Então, a interpretação bíblica na escolástica já estava completamente acostumada com os princípios patrísticos de interpretação alegórica. E eu volto para vocês um exemplo rápido, para a gente não se deter. É como se funcionava: todo texto tem dois sentidos, o literal e o espiritual. O literal: a primeira camada é o fático, é o histórico, é o físico. Por exemplo, Jerusalém.
Jerusalém é a cidade dos judeus, a cidade física, com a sua porta, com essas ruas, com seus templos. Não há nenhuma dúvida: para conhecer o significado, basta que você saiba o que é uma cidade, onde fica o Oriente Médio. Pronto, você vai lá em Jerusalém, e agora Jerusalém tem um significado espiritual. Mas não só um; quantos? Três. Tudo que pudesse três é celular, é baseado nas três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Então, o sentido espiritual alegórico é o sentido cristológico e eclesiológico, ligando, então, o significado literal de Jerusalém à pessoa de Cristo. E à
Igreja de Cristo, a esposa de Cristo, o significado espiritual. O tropológico está ligado à virtude teologal do amor, é o sentido ascético-moral pessoal. Jerusalém agora é a alma do homem, amaldiçoada e louvada pelo Senhor. É uma terceira dimensão espiritual, anagógica, vinculada à virtude teologal da esperança. Jerusalém tem um significado escatológico: Jerusalém, a Cidade de Deus nos céus. O outro exemplo: a Páscoa. A Páscoa é a libertação dos judeus, fim do cativeiro dos egípcios, o fato histórico, a história. Mas a Páscoa é a ressurreição de Jesus. A Páscoa é a libertação dos pecados. A Páscoa foi
a salvação e a redenção. Nos três sentidos alegóricos. Então, Dante, com isso, explora constantemente os múltiplos significados dos textos, e eu selecionei para apresentar para vocês algumas passagens da obra. E em uma das mais famosas, do começo das Confissões de Agostinho, rolê o começo da Divina Comédia, muito famosa e muito rica para nós percebemos como funciona isso. Então vejam só como começa a obra. Eu vou usar aqui a edição do Easy Reader da Editora Atelier. Sempre nenhuma perto de uma tradição é perfeita, obviamente, a recomendações e méritos e deméritos, lá razões para Letícia baixar a
sorte também da periferia do Cristiano Martins Editora. Itatiaia, que serve às duas preferidas, então pode deixar com duas. Diria da Itatiaia, Cristiano Martins, e a da Atelier com Ziller Vôlei. Aqui a 12, ler eu amei. Inferno, canto um: é a minha idade. Da terreno, a vida perdida. Achei-me numa selva escura, acenda certa, estando já perdida. Quanto dizer qual era é coisa dura; esta selva selvagem, rude e forte, que medo infunde à mente mais segura. A cre tanto que pouco mais é morte. Porém, das outras coisas falarei e o bem direi que nela achei por sorte.
Ignoro como na floresta entrei; com tanto sono estava em meu roteiro que o rumo certo e reto abandonei. É uma das grandes vantagens dessa edição 12 ler: é que ele faz subdivisões de capítulos dentro dos cantos, e isso nos ajuda muito a nos situar, o grande mapa pelo qual a gente vai percorrer. Porque a edição é corrida, e muitas coisas acontecem em cada canto. Tá, o quê que significa isso? Que nós acabamos de ler a meia-idade. Durante, tinha 35 anos; medievais, em tese, deveriam 79. Aqui uma inflexão, uma conversão: Dante estava no anno de mil
e trezentos e Roma, com o primeiro jubileu público promovido pelo Papa Bonifácio Oitavo, e da peregrinação a Roma, milhares de peregrinos afluem de toda a Europa para receber as indulgências pontifícias. E Dante estava exilado, e antes estava perdido numa selva escura e dos pecados: do descaminho, da desorientação moral, a desorientação espiritual. E se faz peregrino. E a peregrina, como você sabe, é uma atuação ética, um ato piedoso, prática religiosa fundamental, porque nós somos peregrinos na terra, porque a vida é uma peregrinação. Vejam a estrutura litúrgica, então. Peregrinar, bem, eu sou de Belém do Pará. Nós
temos uma das peregrinações mais famosas do mundo: a peregrinação do Círio de Nazaré. As viaturas e o fim da peregrinação, como ideia de que você está a caminho. Eu me inspirei, escrevi um texto sobre o Círio chamado "A Caminho". É como nós estamos; nós estamos a caminho. O problema é saber para onde vais. E aí fica em Santo Agostinho: pergunta isso bem das condições. Eu pergunto: "Bajo, por que procuras vida na zona da morte? Por que procuras eternidade com amor eterno das coisas que passam?" E é isso: é a selva perdida, essa selva escura, a
selva selvagem, rude, forte. Na selva escura, esse é o inferno do pecado, que é a selva, é um lugar em que você não tem domínio, para que você é dominada, que você tem medo. E essa selva escura é a grande metafísica, né? O platônica da luz: é que Deus é luz, é logos, é ordem, é clareza, é transparência. Ela quer renor logos. E no princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. O verbo se fez verbo, a luz do mundo. O verbo vê a luz, resplandece nas trevas, e
as trevas não reconheceram. E o verbo se fez carne e habitou entre nós. Eis, Sara, prólogos de São João, mulher central para toda a literatura católica; se torne criatura católica. É o estudo da encarnação do verbo que se fez luz. E os homens precisam do drama da... Então, é a cre tanto que pouco mais é morte. Porém, aí vem para isso horrível. Só que ele estava no beijo. Eu estava vendo isso e eu não queria contar para comer. Agostiniana, estrutura. E eu que nem me lembrar de como foi ruim minha vida, eu te encontrar dele,
eu queria esquecer. Mas eu tenho que confessar isso para mim, não tá? Eu não esquecer para mim e para que outros possam aprender. Não é de louvar como grandes, tanto que se converteu, mas para sair da selva escura. Eles mesmo, que provavelmente estão encarcerados em certos círculos infernais. E é para o inferno que eles vão continuar com esse vício. E assim como contemplativos, cruzados, religiosos, santos, o paraíso é uma das antecipações para os nossos dados, o nosso destino final. É, né? Então aqui a gente tem o tema do exílio, da queda, do êxodo e da
Páscoa. Oi, e a conversão como se dá. Tal selva escura, é o paraíso. Como se dá a conversão? Ele se... essa parte eu não vou logo. Porém, que ao pé cheguei do outeiro, onde se acaba o triste vale escuro que, de medo, me enxergar por inteiro, à vista erguer o vidro raio puro da luz, coberta do planeta lindo que a todos os guias com poder seguro do coração. Medo, e assumindo que pela noite adentro me vencer era e foram minhas forças consumindo. Qual náufrago, depois de luta fera, tendo alcançado a suspirada meta, o mar revolto
e certo, considera assim. É minha alma pensativa, inquieta, a contemplar; virou o cerro de passo que não deixou jamais pessoa ereta. Da selva escura ele vê uma montanha, e o monteiro iluminado pelo sol. O purgatório; o purgatório foi a montanha criada do outro lado da terra com um fundamento abissal da queda do Satanás. You é Satanás. Empurrou a terra ao cair; precipitou dos céus, caiu a terra; empurrou uma montanha do lado de lá. Essa montanha de ouro permite o mal, se ele não puder estar em um bem maior do pecado. Deus redime o homem, que
permitiu a prorrogação pelo purgatório. E o proprietário é banhado com a luz do sol, o paraíso, iá, iá, iá. O quê? A simbologia da luz do sol como sendo Deus. É iluminação. Oi, e aí vêm as três feras que impediram de seguir o purgatório. Aposto descansado o corpo; laço a viagem comecei na em costa brava, com grão labor vencendo breve espaço. No início da subida quase estava, quando rápida, suja, onça voraz, que, diz, maltada, lã coberto andava; de mim não apartava. As vistas mais, de tanto utilizava meu destino, que várias vezes teria que voltar atrás.
O tempo era... Do espaço matutino subiu o sol e as fugir das estrelas que com ele estavam. Quando o amor divino moveu do início aquelas coisas belas, eram assim razão de confiança da fera: as manchas lisas e singelas, o horário matutino e a temperança da primavera. O mais feroz leão que apareceu tirou toda esperança e, vindo para mim, dava razão à fronte erguida, os dentes aguçados a tremer, e o vento, e o coração. E este, uma loba, surge dos pecados da cobiça, coberta e de magreza. Que é muito! Já fizeram desgraçados, de ser ferido, olhar
tanta crueza de espanto, frio de terror. Sair de alcançar o fim foi minha certeza. Como quem, grande, a junto economia, se tempo vem que os bens lhe faz perder lá dentro e chora em pranto, já agonia as. E me fez a fera estremecer, e cada vez mais perto me atirava, onde os olhos o sol não podem ver. Então aparecem três animais: a onça, o leão e a loba. Como eu disse, devem ter significados alegóricos. Quais são os significados alegóricos? Três pecados fundamentais representados na época por três estruturas de poder: a onça é a incontinência, a
luxúria da floresta burguesa pautada no poder econômico; o leão é a violência soberba pautada do poder político da coroa francesa; e a loba é a mentira e a avareza da Roma papal, que deveria ter um pouco de poder espiritual. Então, a gente tem as virtudes da temperança, da coragem e da sabedoria contra opostos aos pecados da incontinência, da violência e da mentira. A surgir, então, ele vai explicar um cão alegórico. Eu vou já ler que é a sua contraparte da loba, que é o cão que salvará a Igreja, que pode ser Cristo ou São Francisco
na chave alegórica. E vai chover um que vai salvá-lo dessa estrutura que é uma das partes mais importantes e interessantes do poema. Enquanto pela encosta deslizavam alguém, é o vick fraco, parecia pelo silêncio longo que mostrava. Assim que o vi, gritem: "a alma pia, sejas tu sombra ou homem verdadeiro, tem compaixão de mim e me auxilia. Tem compaixão de mim, homem, não sou. Já fui desse primeiro; meus pais foram lombardo, manto anos. Ainda que no tempo derradeiro nasci, subi e em Roma, longos anos, vive de Augusto no governo régio, quando os deuses odiamos seus enganos.
Dos grandes watts no imortal colégio cantor de Tróia fui, e da bravura de seu herói, de quem maior não vejo. Mas por que voltas à tua selva escura? Por que não galgas o aprazível monte? Razão é terra e diz moldura. Venture, bom, então és tu Virgílio, aquela fonte que de saber, tão vasta luz, de rama. Perguntei, ele, corando um pouco a fronte: "o dos outros poetas a honra inflama, valeu-me um longo estudo e o grande amor, com que quis ouvir, de ter o volume, a chama." "Tu és meu mestre e meu direto autor; de ti
somente eu aprendi meu verso e o nobre estilo que me fez louvor." A besta fera ver que me imerso neste profundo vale, hood escuro, livra-me, o sábio do animal perverso. "Um novo rumo deves ter seguro", disse meu guia quando viu o meu pranto. "Se fugir, queres do lugar em puro, pois esta fera que te causa espanto não deixa outra em passar por esta senda, mas maltrata e utiliza tanto até lidar com dores, morte horrenda." "O que é? Se você verá, comeu até se desperta de cobiça, mas tremenda. Então encontra, vir pedir, os identificam. Você um
grande poeta, e Dante canta essa homenagem que é das mais famosas e belas do amor e do estudo com que ele sorveu, com o modelo médico. A poesia dele está, pois entre a virginiana, e segue, inspira e vigia. Ver o verso da cá, sílabo à estrutura mais, vai cristiane usar. Essa tornar o tema e na vigília aparece para guiar no inferno. Que simboliza Virgílio e a razão natural e a capacidade intelectual que o homem tem de inteligir o seu mundo pela razão, desassistida da graça. A razão não basta para salvá-lo, por isso que virão, será
o seu único dia. E, depois de falar desse caixão, esse cão alegórico e na libertador, ele vai retirar a segunda via: "se queres a bem-aventurança, subir ao materiais do que eu, mais digna, com ela ficará sem segurança. Quando eu partir, o rei que lá domina, por se encontrarem a sua lei eterna, não quer que eu chegue à sua mansão divina. Em toda parte impera e lá governa sua cidade. É lá que o nobre império feliz, quem para lá com voz paterna chama: 'poeta', disse pelo etéreo senhor, a cujo nome não viveste. Eu seguirei fiel teu
critério, mas salva-me, me guia onde disseste." O que eu vejo de Pedro, o Sacro Templo e os infelizes que me descreveu. Este vou ver, sintam e eu de seguir o exemplo. Então, vigia! Ele anuncia: "olha, a razão natural não basta, precisa graça. E quem vai te enviar para a graça, essa? Quem? Diga que a gente sabe que é Beatriz. A Beatriz é uma das três mulheres que o salvam. As três mulheres intermediárias são Santa Luzia, em segundo lugar, Santa Luzia da Santa Padroeira de Dante de Florença, particularmente da gestão de Florença; e a Virgem Maria;
e o terceiro dia é São Bernardo de Claraval. E aqui, no final do Paraíso, irá direcioná-lo ao centro da Trindade." Bem, apenas pendente, mostrar como funciona o Inferno rapidamente. O Inferno tem nove círculos, divididos em três categorias: temperança, violência e fraude. São três tipos fundamentais de violência. Que é impressionante como a estrutura do poema é escolástica, como se fosse São Tomás de Aquino classificando os pecados. A gravidade dos pecados, tanto quanto São Tomás faz um grande inventário dos pecados e das virtudes na Suma Teológica. Dante também o faz de forma poética, essa classificação e para
visualizar. Com mais clareza e clarividência, estes pecados nos representam por personagens, sejam personagens históricos da época, sejam personagens bíblicos ou geográficos, de santos etc. As penas que os personagens pagam no grupo do inferno, penas eternas, de algum modo, comprovam e demonstram a estrutura psicológica do pecado, numa pelo posto radical, né, chamado contra a paixão. Bom, então, por exemplo, da luxúria, os famosos adúlteros Paulo e Francesca da Rimini, uma passagem muito famosa do inferno. Eles têm uma estante, uma ventania incessante, rodopiando no ar agitado, com a dor de um frio cortante que transpassa a alma, fazendo
o contraponto da paixão calorosa do erotismo. Ao invés de estarem abraçados, como poderiam, eles estão se batendo numa ventania fria, né? Esse episódio específico é muito interessante porque, como sempre, ele, o pecador, conta mais. Reproduz o gesto de Adão e Eva que culpam os outros: "ele tem culpa do pecado de Adão", "foi a mulher", e a mulher fala, "foi a serpente". Bom, então os amantes do pecado, Cubal, o livro que estavam lendo, e no livro que estavam lendo aconteceu adultério por causa de um livro. Tem uma meta linguagem de que a leitura constitui em nosso
imaginário, nas inspirações que nós não faríamos sem ela. A literatura foi edificante e conversora; ela pode nos salvar. O leitor já fez muitos, mas essa leitura, for degradante e relaxante, pode nos aniquilar. E os gulosos, por exemplo, tá? Não ter que ser o círculo, e como enterra, ela na senta os magos e os adivinhos que queriam ver o futuro e aprender, têm a cabeça torcida para trás. Eles, em vez de andarem olhando para frente, olham para trás, têm o oposto do que tirei um tempo. Então, é toda uma construção extraordinária para culminar com o demônio,
o pincel embaixo do fogo. Muito presente, é muito interessante isso aqui, o fogo infernal dantesco; embora haja muita figura do fogo, ele é um local escuro porque vai se aprofundando na terra. E o fogo, é claro, o fogo ilumina, o fogo tá mais ligado. Existe o fogo, tá certo? Mas ele está mais ligado à metáfora da luz do sol e do amor no paraíso. E a luz, embora seja uma luz mais séria, mais translúcida, no paraíso, e um calor mais plácido e menos passional, é do que eu falava de agostinho, que ele dá paixão. Só
que o inferno vai ficando cada vez mais escuro, cada vez mais frio, até que chega no fim, está enterrado, no fim do inferno, demônio escuro e móvel, autocentrado. É que vale a pena a imagem tanto do boto Sheli quanto do rei do demônio, autocentrado, preso, incapaz de sair, incapaz de amar, incapaz de voltar-se aos outros, né? Bom, e uma invenção anticrítica do canibalismo, como eu já disse, é bem... eles conseguem vencer e saem do paraíso, do inferno, perdão, e chegam ao purgatório. O povo todinho, três partidos, e até purgatório. O purgatório é uma montanha de
sete patamares. Thomas Merton escreveu "A Montanha dos Sete Patamares", que é uma obra inspirada diretamente nessa noção da conversão e da conversão pela superação dos pecados, de inspiração dantesca. A Bastiana, no século XX, o monge trapista americano que fez bastante sucesso literário, ambulatório, tem uma estrutura eminentemente detourjica. Canta-se muito do purgatório, cantam-se os salmos, parece muitas vezes a reencenação do dia litúrgico no mosteiro, que regulava a vida medieval, né? Os mosteiros e conventos, com suas canções, com suas rotinas que estruturavam e relembravam a roxa moradora da cidade. Eu sempre vou estar a se a Deus.
Então, o purgatório, como a gente sabe, é o local das almas pecadoras, porém ainda não suficientemente puras. Portanto, arrependeu-se e precisa purificar-se para encontrar-se, para ver Deus. Há um paralelismo com o inferno; as penas do purgatório lembram as do inferno, né? É uma montanha então, com sete patamares, simbolizando os sete pecados capitais. O que mais interessantíssimo é que é um lugar de mudança, de arrependimento, mas comunitário. No inferno, as personagens não se comunicam entre si, são egoístas, vaidosos, e são sempre muito altos. A entrada do purgatório é uma publicação comunitária, e o canto como simboliza
e representa o lugar de mudança e de transmissão, né, enfatizando a misericórdia divina. Os personagens do purgatório já sabem que dependem da graça, já sabem que dependem de Deus para poderem chegar na glória dos céus, né? Então, existe uma entrada do purgatório, atravessa-se com um barco tanto quanto, de um barco lá no inferno, ou Caronte, a um barco pelo corte. Atravessa cantando um salmo para se chegar ao purgatório, há um anjo numa outra, numa cadeira real, é uma escada com três degraus: fé, esperança e caridade. Então, entra-se nessa montanha, com sete patamares, e a estudar
no meio do purgatório, há uma reflexão sobre o amor e como um amor pode desviar e transviar os homens, né, pelo princípio do livre arbítrio e pelo princípio do pecado original, que desvia a nossa vontade. Nós precisamos ordenar o nosso amor ao amor desviado, ou um das, orgulho ou soberba, inveja e ira; ao amor deficiente da preguiça e ao amor excessivo da avareza, ou prodigalidade, gula e luxúria. Então, é... vocês vejam que é o inferno invertido. Esses pecados estão todos no inferno; eles agora vão no nível do mais grave, é o orgulho, ao menos grave,
a fúria, a concupiscência, é o oposto do que nós temos no... e no... é pequeno, no inferno, que começa com a luxúria e acaba com a soberba, principalmente com a soberba da traição, né? Embora a estrutura do inferno não seja explicitamente dos sete pecados capitais, ora como superá-los e por Cristo. Mas como chegar a Cristo por Maria? Então, os sete pecados capitais são do purgatório, contrapostos às sete virtudes marianas presentes no evangelho. Eu vou ler para vocês um trecho: "Subida 1º ciclo" e como Dante contrapõe o pecado ao exemplo mariano. Sutilezas da poesia: como ele
organiza isso tudo? O Purgatório, Canto 10: "O tanto que além passamos dessa porta que nosso amor perverso faz pesada, apresentando a reta, havia torta. Pelo São percebi que foi fechada. Qual seria a desculpa oferecida se houvesse minha face atrás voltada? Uma rocha, subindo ofendida, zigzagueando de uma e de outra parte. Qual o Neymar que volta retorcida? Com vem aqui usamos algo de arte desse Virgílio, aproveitando que da subida forte nos a parte. Tanto atrasamos deste modo, andando que nos abismos se ocultar a lua seu leito costumeiro, procurando quando vencemos a tortuosa rua. Após chegarmos a
um lugar aberto onde o caminho em volta continua, laço fiquei, e como o mestre, incerto da rota, sobre um plano solitário ficamos como em sendas de um deserto. De lado a lado, este o canário é três vezes, talvez, o corpo humano até onde começa a outro Calvário. Igual me parecia todo o plano, porquanto se estendesse meu olhar a investigar em torno soberano. Não tínhamos ainda a caminhar, movido nossos pés, e eu percebi aqui a rocha já mais fácil a galgar. De alvo e lavado, mármore luzia tal que o gênio, não só de Policleto, mas da
natureza, perderia o centro no Purgatório. Por essa dificuldade toda, e vêm esculturas as esculturas que nem as de lavrado em mármore. Que nem por decreto pelo grande com toda a antiguidade poderia fazer o mensageiro é eterno que o de secreto, a terra trouxe de almejada paz. O céu, de novo, abrindo por completo perante nós, estava tão veraz, conceição esculpida tão suave que parecerem ato de quem faz saudação respeitosa a dizer: “Vi ali”! Estava em vive da miragem. Aqui, do eterno amor, tornou-se a chave, nos lábios soletrando esta linguagem. É chantilly! Dei tão nitidamente como na
cera se produz a imagem. Eu não vejo; eles entram no primeiro terraço do Purgatório e encontram uma escultura da Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria, esculpida no mármore. É a grande virtude da humildade, é o antídoto moral da soberba. Oi Maria, sendo a mais sublime, a mais alta, extraordinária mulher da criação! É de Deus, foi humilde. Isso dá para ver na escultura, a imagem da escultura, imagem da poesia moral no sentido de desculpe ir tirar os excessos, defeitos se tornasse dócil à vontade de Deus. Aqui está: escrava de Deus, Deus me esculpe, tira os
pedaços errados, tira os excessos. Então, a Virgem é um antídoto desse primeiro grande pecado. Depois, Davi e Trajano. Então, vejam que a estrutura: Davi, o Rei Davi, que para nós é muito importante porque ele era poeta, era político! A ideia poeta e político esteja que dos Salmos são dos modelos fundamentais para Dante. Depois do Imperador Trajano. Então, veja como ele o pega: Virgem Maria, Novo Testamento, Rei Davi, Antigo Testamento, Imperador Trajano em história. Para lá, o que diz, que esses poderiam se vangloriar; esses poderiam ter orgulho e soberba. A Virgem Maria poderia dizer: “Bem, eu
sou a rainha do cosmos, sou a mãe de Deus”? Não! Eu sou a escrava do Senhor. Depois, o Magnífica, a mesma estrutura do bem-aventurada entre as mulheres: “Cheia de graça”. Acho toda a elevação: “O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome, porque olhou a pobreza, a humildade da sua serva”. “E o Senhor serva é Magnífica; minha alma exulta ao Senhor, meu espírito regozija em Deus, meu salvador”. Até qual é o sofrimento dos soberbos? O que leu pulando o trecho? E, enquanto com de leite contemplava os símbolos de tantas humildades e o gênio
do Criador, eu admirava uma gente lenta e numerosa. Que nos dirá a estrada, murmurava o guia. Minha vista, a leda e ansiosa de coisas novas, ver vou ver se cedo a nova cena. A investigar curiosa, não quero, meu leitor, que tenha medo nem desanime exportar saber do mal que sofre o pecador neste degredo. Não veja só a forma original destes suplícios, porque não irão além do julgamento universal. Mestre, disse, os que vejam procissão chegar não são pessoas ou eu deliro, pois está diviso lenta confusão. O que te pareça assim, eu não admiro, por sua condição
tantos humilham que a terra os curva com juízo, dinheiro também não cria. Os olhos desvencilham ver, acho que sobre o peso alguém se agita, batendo esse pau; maio bate em que ilha? Os cristãos soberbos, divisão maldita, de passos na virtude e regressivos saber que nossa raça, que aflita, criada, foi a ser dos mundos vivos, parcelas angelicais e não matéria e vermes vivos. Subimos e lascivos, porque exaltar querer vossa miséria tem 102 sobre a terra dura, se não passarem de lama deletéria. O alpendre, o teto a sustentar figura, nos joelhos curva. É por vezes vista de
sofrimento atroz, nessa postura, dando a impressão por iludir a vista. Assim, aqueles vão chegar curvados sobre o peso das pedras que os construídas, com triste, uns vinham mais, uns menos agachados. Segundo é grande seu carregamento, e o macho paciente, desde condenadas, parecia gemer. Não mais aguento os soberbos que se pavoneiam, que se elevam, que querem ser mais do que são, carregam pedras pesadas que os obrigam a humildade, que os obrigam a ter o que eles não tiveram durante a vida, que é seu humildade. Humildade, humanidade está ligado a rumos, a solo. Lembras do que as
pó e ao pó voltará? Juízo! E aí, quando nós fizemos a imposição das cinzas da quarta-feira, com a qual se inicia a quaresma, é exatamente a humildade que nós temos que ter para poder receber a graça. Então, o... A pena é exatamente essa pedra que eles são obrigados a carregar e que os reduz ao solo. Então, a soberba é exatamente a independência do Criador, essa vontade de ter auto-suficiência. Ah, e assim continuam as pernas. A inveja é querer que os outros se deem mal, querer ter o que é dos outros. É contra a aposta a
admiração e a gratidão, e o exemplo mariano são as Bodas de Caná, quando ela não inveja quem está se casando e fala: "Eu gostaria de me casar também, eu queria que ele não se casasse, só que eu tenho um casamento". Como isso, ela admira e ajuda. E a festa continua, depois da ira. A raiva é marcada pela contraposição do perdão, da mansidão, da misericórdia. O exemplo mariano é quando ela reencontra o seu filho e a inveja irá se com ele, que estava desaparecido. Ela calmamente pergunta: "Filho, eu estava sobre o teu pai e eu te
procurávamos, né?". Ela não se enraivece, ela não se ira. Depois, a ideia da preguiça, né? É contraposta à missão, à vocação, à prontidão e à diligência de Maria, de ir com a sua prima Santa Isabel quando soube que ela estava grávida. Da mesma forma, a generosidade e assim por diante, para vocês terem uma ideia do purgatório. Bem, o purgatório combina com o paraíso terrestre, que é a condição para a lápide de Adão e Eva antes da queda: natureza perfeita. Só que a natureza perfeita já não é mais o topo. Aqui, olho pode chegar. Bom, então
existe um canto no Sábado de Aleluia, no Tríduo Pascal, em que se fala: "Félix culpa", feliz a culpa, que aqui nos valeu tão grande Salvador. Jesus nos levou a um local muito maior e muito melhor do que nós estávamos antes da queda. Então, o paraíso celeste é muito melhor do que o paraíso terrestre. Isso quer dizer que o cristianismo leva um homem para além de um mero naturalismo, para além de uma mera satisfação com a perfeição da criação da terra. O campo, a transição do purgatório para o paraíso se dá pelo paraíso terrestre, que simboliza
a perfeição natural sem a graça, a prevenção da saúde, a perfeição do ambiente. E já é marcada por uma dimensão litúrgica também. Quando ele encontra Beatriz no final do purgatório, há alusão ao batismo ou ao mergulho nas águas puras, alusão à confissão dos pecados, para que ele possa se elevar. E é muito bonito o fim do purgatório, porque há uma despedida um pouco traumática de Virgílio, que simplesmente desaparece e é substituído por Beatriz. Nós passamos, então, para o paraíso. Em primeiro lugar, tentando entender quem é Beatriz. Eu disse que Virgílio é o grande poeta épico
latino, que simboliza não só o modelo poético da perfeição literária, mas a razão natural, o paganismo do que ele tem de bom, de belo, de verdadeiro. Beatriz é a figura da graça; Beatriz é a figura mariana. E porque, de onde vem a ideia de que uma mulher é a portadora da graça? Primeiro, uma figura mariana. Mas vamos tentar entender o que era a poesia provençal, o trovadorismo, que era a ideia baseada no platonismo de que a mulher redimia o homem da sua carnalidade, da sua materialidade. O amor que se deve voltar a uma mulher não
era um amor concupiscente, até porque não é um amor possível. Não é o amor sexual; canal era um amor espiritual. A mulher relembrava o homem à sua natureza espiritual. Então, a poesia trovadoresca, de influência cristã, era uma poesia para espiritualizar o homem pelo amor, sublimando, por assim dizer, a carnalidade. A inveja é ver a tua mulher como uma fêmea, como uma égua, como um corpo; a carne que o consumo vai me dar prazer. Eu mostro que vejo na mulher um sinal de elevação, de purificação, de um amor que é muito mais puro, muito mais pro-equitante.
A mulher seria um caminho para a salvação e um caminho de condução para Deus. É importante: toda mulher reflete em si a Virgem Maria, a mais fica com uma das mulheres que permaneceram intocadas. Então, o ideal feminino de pureza, de castidade está ligado exatamente à espiritualização do amor, ao apogeu da civilização católica. Dante ter encontrado esta mulher chamada Beatriz, aos nove anos, nunca a esqueceu e dedicou o primeiro grande livro de poesia e prosa, porque vai escrevendo próximo, pois é comentando, chamado "A Vida Nova". A Vida Nova para Beatriz. Poesia trovadoresca, poesia lírica, algumas muito
bonitas, muito bonitas também. Mas aqui Beatriz é a figura, é a presença da Virgem Maria e de Santa Luzia para conduzir Dante, então a Deus, né? O paraíso, de muitas formas, é o canto, é o livro mais difícil na Divina Comédia. A linguagem não dá mais conta do que está acontecendo, porque o paraíso é absolutamente indizível. Então, todo ele é uma explicitação, uma expressão de uma linguagem mística. Ele é faro, por isso, topo do tema da invisibilidade. Você pode dizer que o meu país, porque toda a linguagem está imersa nas categorias do tempo e do
espaço. Toda a linguagem importante é material, no sentido de que ela estava marcada por uma maternidade, por uma temporalidade. Para esse tratamento do tempo e do espaço, logo, o paraíso não pode ser descrito por palavras, porque escrever na rainha pressupõe o tempo, pressupõe um acontecimento, uma sucessão. Mas o paraíso eterno é muitíssimo difícil de narrar. O paraíso, então, a linguagem vai ficando rarefeita. No paraíso, a linguagem de Dante vai mudando. Isso é extremamente genial, nem o paraíso é pensado como sendo o céu, mas é muito óbvio que não é o céu. O céu ainda é
material. Não, aquele astronauta chegou no céu, grandes durante a Guerra Fria. A explosão da corrida nuclear e disse: "Cheguei ao céu e não vi Deus". Ateísmo russo, jogo brincando, sendo o jocoso. O céu representa o material ainda, mas ele já representa, digamos, o paraíso. E ele se vale da estrutura do universo ptolomaico da astrologia antiga para representar o que seria o céu, o paraíso. Como isso se dá? Isso se dá pela estrutura dos nove astros. Aqui, as almas teríamos vindo para falar e para explicar para Dante como funciona compactamente a unidade de Deus, o que
parece a união com Deus. Entretanto, há uma hierarquia no paraíso, há uma distinção de grupos; um paraíso, né? Deus unido e a fé é cercada de nova - é como se fosse um centro imóvel de todo o cosmos, cercado por nove círculos, esferas angelicais. A partir do pseudo-Dionísio Areopagita, temos nove categorias angélicas e a rosa mística, cujas pedras e as coroas, em cujas pétalas e coroas estão exatamente os santos louvando a Deus. Esses santos estão em nove categorias. E esses nove céus, como são chamados, são concêntricos, né? Então, forças concêntricas, excêntricas. No centro, tudo atraído
para ele, mas esferas em si, anéis, anéis maiores ou menores que os dos anjos. A trindade imóvel, o motor imóvel no meio, com a Virgem Maria não pode chegar a ele, chegar nesse centro. Estou passando por esses andrei. Sou essas esferas que são chamadas céus, e essas esferas são pessoas a partir dos planetas. Como se fossem categorias, esses nove primeiros com as três virtudes teologais deficientes. Vejam só que nem todo mundo para isso é perfeito, que se chama de interessante. Dante mostra a humanidade dos santos. Os salmos são pessoas como nós, mas que buscaram amar
a Deus com amor puro, suficiente para receber a graça de forma tanto mais perfeita quanto possível. Você pode falar perfeita porque é a única pessoa com graça, é perfeita. Foi exatamente a Virgem Maria e Jesus Cristo. Os outros todos são portadores de uma graça imperfeita, porque a nossa natureza impede que a graça nos santifique perfeitamente. E, da gente obstruir a graça, a gente impede a graça. A graça penetra, inclusive, pelos sacramentos, mas os pecados obstruem. Então, Lua, Mercúrio e Vênus serão as virtudes da fé, esperança e caridade. Depois, temos as virtudes cardeais da sabedoria, coragem,
justiça e temperança. Vamos para rapidamente o quarto círculo, que é o círculo do sol, onde estão os teólogos, para a gente batizar o que eu disse ainda pouco: o círculo dos sábios do sol. Eles achavam que o sol, o círculo do sol, era da sabedoria, da luz, né? E quem está lá? Quem fala lá? Santo Tomás. Joaquim, ele profeticamente entendeu e percebeu. Santo Tomás era o doutor comum da Igreja na época. Inclusive, muitas teses foram condenadas. Elétrico, como elétrica. E, depois da morte de Tomás, foi canonizado. Mas parece que destituiu que ele é o sábio
dos sábios. Isso é impressionante. A presença de Santo Tomás é bonita porque ele narra a vida do fundador da ordem franciscana, São Francisco, e depois São Boaventura, o grande filósofo, o grande sábio franciscano, sucessor de São Francisco, na vida do fundador da ordem dominicana, São Domingos de Gusmão. Como se dominicanos e franciscanos do paraíso estão unidos, profundamente emanados pela sabedoria divina. A sabedoria lá é a divina pensada com a parte que conecta, é conectada a outra parte no tudo. E a sabedoria humana reflete a sabedoria cósmica, por poder, analogicamente, conforme o método escolástico, refletir, internalizar
essa harmonia e, com isso, harmonizar sua vida. Então, sabe, meu sábio, só teórico que sabe de dialética, lógica e metafísica, e saiba como funciona o mundo; tanto os astros quanto o corpo, quanto a política, quanto a metafísica. Não! O sábio é o sábio, o sábio. Um ponto. Perdão, porque Santo Tomás de Aquino, São Francisco, São Boaventura ou São Domingos de Gusmão não teriam essa sabedoria se não fossem santos, se não tivessem, na sua vida moral, conseguido almejar essa perfeição que eles contemplam no código. Se eu tivesse harmonizado a sua vida, é bem! Está chegando no
país. Dante descobre sua vocação com o tataravô que era cruzado, e Kátia cuida. Nesse bisavô, neste converso, encontra-se com esse bisavô, e ele descobre que a sua cruzada é com a pena. A sua arma é a pena, e a Divina Comédia é a missão de Dante para salvar o cristianismo, para conquistar outras mentes para o Chile, para Deus. Ele não é um cruzado, ele não está no céu de Marte; grande! Muito provavelmente estaria no céu dos sábios, no céu dos teólogos, no céu dos intelectuais. Os outros temos: o céu dos contemplativos, o céu dos governantes
justos, da virtude da justiça, o céu dos mártires e dos cruzados. Então, vejam: o céu dos teólogos, sabedoria; o céu dos mártires e cruzados, coragem; o céu dos contemplativos, temperança; o céu dos governantes, justiça. Substituto de cardeais organizando os céus de acordo com as características proeminentes. Ele prova bem, seria o sábio teólogo. Dante? É, mas a presença de São Francisco ali mostra que não; acabei de falar. Não são só intelectuais; os sábios! São Francisco era um sábio, não era intelectual nesse sentido. É bem. Por fim, eu quero ler para vocês; não poderia deixar de acabar,
deixar de ler isso e acabar de outra forma. É o último canto da Divina Comédia, o canto 33 do paraíso, em que se encontra a Santíssima Trindade. Quem é o cantor belo? Me parece ser o começo do gesto para Dante criar a Divina Comédia. Esse canto é uma oração de São Bernardo à Virgem Maria, São Bernardo de Claraval, e uma visão de Deus. Um canto que tenta falar do que não se... Pode falar uma visão mística de Deus que, de algum modo, um padre aparecido para Dante deve ter experimentado isso aqui poeticamente. De alguma forma,
ele deu ânimo; me deu vontade de fazer toda a Divina Comédia. Isso é realmente impressionante! Então, eu vou ler para vocês trechos do último canto da Divina Comédia para tentar concluir essa nossa reprodução, apresentação da Divina Comédia. Surge um terceiro e último mediador: São Bernardo de Clairvaux, que foi um monge cisterciense da ordem beneditina reformada; um gigante da cristandade, poeta místico, reformador e o grande difusor do culto mariano. Por isso, a gente começa com um poema, uma oração à Virgem Maria, feita por São Bernardo. "Carnaval e orando para a Virgem: Ó Virgem, mãe do Filho
Teu, criatura a mais humilde e nobre do universo, predestinada o fim da eterna altura! Aquela que o gênero perverso, tanto no belittle, que o Seu Criador, dignou-se na matéria ser imerso. No Seu reacender, o Seu amor, por cujo ardor, na eterna paz se cria, das santas luzes, a grinalda em flor de amor. Aqui, brilhante luz do dia, extra nós na terra, entre os mortais, fonte perene de esperança e guia. Tão grande és Tu e de poder, estais que deste reino, que favor pretende, não conseguirá sentir jamais tua benignidade; não atendi só que implora, mas com
caridade em prevenir, a súplica contende. Em Ti, misericórdia; em Ti, piedade; em Ti, munição. Ó gente, existe o quê, criatura tenha de bondade! E este que, do profundo abismo triste, examinando, vem uma por uma, as almas e sua vida em que consiste, súplica-Te a virtude e a graça, suma de ver a Deus em todo o Seu poder. Eu jamais tive vontade alguma que mais sincera fosse para o ver, do que para Ele, ardentemente, peço e súplica que possa merecer. Que Ele disse, por Teu poder clemente, à fraqueza mortal, e nos prazeres, veja o prazer maior,
onipotente! Ah! E por que tudo podes, o que queres? Peço mais que, depois de tanta graça, guarde humildade e os justos, seus deveres. Supere Teu poder, ajude à desgraça, ver que Beatriz e os Santos, suplicando, imploram a Ele, a grande luz se faça. E no intersoro, os olhos Seus, fritando, de Deus amados, demonstrou Maria, serem de gratos os que a vão folgando devotamente. Olhou, depois, Maria, o lume eterno, o qual ninguém já viu tão claro quanto o contemplou. Ó Maria! Que é o fim, chegar lá mente! Então, sentiu de meu maior desejo e qual devia
do coração ansioso se cumpriu. São Bernardo de Clairvaux usa a linguagem do paradoxo para descrever Maria: Virgem e mãe, mãe e filha, humilde exaltação. E ele suplica a Maria para suplicar a Deus e fala dos suplicantes, que a Beatriz e os Santos tomam, imagem da comunhão dos Santos na intermediação. Ó Maria, acolhe essa súplica e dá a Dante a chance de ver tudo que ele buscava, em toda a sua jornada, que é o próprio Deus, Uno e Trino. E isso se dá, pois tudo é bem possível. A briga se não bem a terno, e é
tudo defeituoso; além do emagrecido viveu. Devo fazer e meu falar, com tudo à moda de criancinha, ainda lactante do lembrar o que vi. Atento e mudo, tinha por certo único semblante: essa lanterna proíbe, giosa viva. Antes assim era e será constante luz que, a quem olha a face mais ativa, irradiava múltiplas visões. Grande prodígio da substância divina, ar às claras da essência, vibrações íntimas, três ciclos de luz e cores, e de iguais pareciam dimensões. Reflexão do outro, dois desses fulgores, íris a íris brilhar eu percebia. Iguais havia o outro, dos dois amores. Neste meu falar
breve, em demasia fraco, ó! Quanto age inferior! Vi o comparar aumenta ao que eu via, refúgio, a luz eterna de esplendor na vivida mansão, que atua somente o dia. Entendes o eterno? Teu valor parecia-me, ver no ciclo ardente, uma luz no conceito mui formosa, refletida que olhar atentamente. Grave figura viva, cor radiosa, à semelhança da feição humana, tornava a minha mente mais curiosa. O geômetra, por vezes, muito se apoia, recorre à regra mil, disciplinares, intentam o ciclo medir. Lutens Ana, o mesmo acontecia: meus olhares circularam a visão da imagem nova. Trend a minha mente em
vão, esses mares, asas, porém não tinha, nem a prova racional. Mas fulgor tangiu minha mente a clara, as trinas que renova a respiração. Faltou-me aqui ardente satisfazer: as condições mais belas, o autor do movimento permanente, o amor que move o Sol e as mais estrelas. E é muito difícil falar, depois de um poema místico como esse, mas só para mostrar alguns dos elementos principais dessa última poesia. Primeiro, que ela é indizível durante, não entende que a gente não conceitua, ele experimental, a Santíssima Trindade; ele não pensa a Deus, ele O ama e participa d'Ele. Ele
já está unido a Ele. Depois da via por ativa e davi nominativa, depois da selva escura e da montanha iluminada, ele chega à própria fonte da luz de que tudo emana. Há toda uma metafísica aristotélica aqui, do autor do cosmo, do motor imóvel, do causa não causada, que é o núcleo de toda a realidade, do ponto de vista metafísico, e que é o ser absoluto que tudo ilumina. Bom, e foi essa visão, bicho, que o levou a escrever a Divina Comédia. E a Trindade, no centro de tudo, é o Deus. O Seu, de tudo, é
triângulo. E essas cores desses anéis que vão se vibrando, são Unos, mas se distanciam, esse Ano não entre si. Esse é Deus Pai, ama tanto Deus Filho, aqui o amor é uma pessoa, que é Deus Espírito Santo; que desse amor, interno e intensamente infinito, resplandece todo o cosmos. Bom, então há uma unidade." Tão profundo amor, tão infinito, dentro do próprio Deus. Deus assim mesmo! E vejo que isso não é solipsismo, autocentramento, mas isso é Trindade: a uma unidade tão profunda de amor que disso reserva era todo o cosmos. Esse é o amor que move o
sol e as mais estrelas, a fonte astrológica do mundo, do calor da luz que tudo perpassa, tudo cria, tudo gera; que é uma fonte de energia metafísica profunda. Isso é invisível. Se há como medir a quadratura do círculo, que era um exercício de me levar a fazer os antigos para exemplos, é possível o amor que move o sol e as mais estrelas. E aí, o amor é a palavra central, repetida, de vida, é dita e refletida. A estatura católica é uma literatura sobre o amor de Deus que invade o coração do homem e que o
inspira a plasma em palavras: uma experiência indivisível de modo que toda a grande literatura católica, verdadeira literatura católica, é uma literatura que aponta para os limites da linguagem e já aponta para uma experiência mística, insuscetível de ser descrita pela linguagem. Então, qualquer escrever, escrever exatamente para silenciar, escrever exatamente para fechar o livro e vivê-lo. E lê-lo é o que há para ser lido; que é o verbo de Deus, Jesus Cristo, o próprio amor encarnado. E aí, e aí, e aí, e aí, e aí, e aí, e aí... [Música] E aí, e aí.
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