em 1969 estudava direito na PUC Estava na aula de introdução à ciência do direito quando li uma pequena notícia no joral que dizia presos os advogados de presos políticos saí de sala abandonei o direit e decidi cineasta com esse filme homenageio A todos os advogados que permaneceram por todos esses anos lutando por justiça e liberdade Silvio tendler fomos pro do COD onde eu fui recebido por um e um oficial Eu vi bem pelo tipo pela ordem pelas botas ele me recebeu com v na minha com as botas em V na minha cara e logo dizendo
aqui não tem doutor doutor somos nós aqui não tem advogado não tem justiça não tem lei advogado justiça e Lei somos nós os torturadores em em forma de meia-lua atrás de mim eles me levaram me seguiram para uma h para uma sala onde havia não só sempre o revólver o aparelho de choque marcas de sangue de pedacinhos de pele pela pelas paredes o Heleno Fragoso coincidência da vida tinha sido preso eu então fui procurado pelo filho dele Fernando fragosa ficamos procurando em vários locais possíveis que ele poderia estar preso e aí então eu até voltei
não encontrei fui a casa dele a esposa dele ol é melhor você sair você deve ir também ela tava parece adivinhando quando chegou de madrugada cai já no início no final da madrugada foram dois cidadãos minha casa e dizendo que eu estava eu ia ser preso aedi para me vestir me vestite e fui preso e eu fiquei no tal corredor geladeira que era lá embaixo era gelado e então me botaram numa cela uma cadeirinha tiraram minha roupa meu sapato e tal eu só fiquei de calça um frio muito grande e no escuro perguntei o Heleno
Fragoso estava numa cela e o suse de mora Rego numa outra cela que era um hom idoso já o Heleno doente tinha perado se não me engano o coração no dia seguinte o suse começou a passar mal começou a dizer eu não tô passando bem tal chamo o médico eu comecei a berrar Eu tenho uma voz forte e tinha também naquela época aí veio um cidadão e disse C na boca que eu vou aí te darar o termo porrada e eu disse olha é o mínimo que você vai fazer porque você vai me matar porque
eu vou me defender e no dia seguinte eu vi o Heleno que mais ou menos escuro e tal mas eu via sair vi o suse também saiu eu senti que saíram quando eu fui solto eles me Trouxeram me botaram encapuzada no carro e eu não me lembro mais a altura foi já eles me saíram do carro tiraram o capus e disse Corre que vai morrer eu aí disse não vou morrer correndo escutei eles darem um tiro um tiro pro alto e não corri fui preso Umas oito vezes mas fui preso ah por exercer a advocacia
mesmo a a OAB me desagravio do do púlpito da OAB toda cercada a OAB pessoal com metralhadora toda lá eu pude denunciar todas essas torturas daí no exercício profissional fiquei comunicável Durante 45 dias no do COD no salão do do COD coisa que é um negócio terrível né negócio não dá para descrever esse tipo de coisa porque eu escuto agora por exemplo o rangir de portas e esse Granjeiro de portas era as portas se abrindo de um de um grande portão e depois tínhamos as celas da da a as pequenas celas fechadas com com grades
de ferro né então você escutava que ele abria aquele suar da porta abrindo você falava Será que sou eu será que eu sou eu porque quando o cara passava ele levava outro ou podia levar o centão era o temor que todos tinham na hora da daquele chamamento né E o Zé Carlos Dias foi a primeira pessoa que conseguiu falar comigo depois de 40 dias incomunicável né é uma coisa terrível né ter que dizer a coisa você se acostuma um negócio terrível no primeiro dia que eles foram me interrogar eles me deram um capuz e pá
enfiaram o capuz na minha cabeça depois de 15 interrogatórios o cara chegava me dava o capuz você já punha e ia então eu era conhecido no fórum como advogado do cgt tinha um juiz Nelson de tal que era um homem ligado as às autoridades de segurança na época quando eu entrava no gabinete dele ele já baixava a cabeça diz lá veio o advogado vermelho eu acredito que em função desse meu trabalho foi que Capitão Ronald lá do Regimento de escola de Infantaria ligado a segunda sessão de informações do Rei Regimento escola de Infantaria determinou a
minha prisão determinou a minha prisão prisão para averiguações que eu fiquei mais de um ano sendo torturado De toda forma que você possa imaginar eu saí em cadeira de roda eu tenho marcas aqui ainda tem uma marca grande aqui na testa esses anos todos duas costelas fraturadas que ainda me incomodam bastante esse joelho direito ficou tão chado tão assim que para poder sair tirar a calça precisou cortar a calça ao sair da minha segunda prisão no doode aqui perto da Rua Tutóia Onde nós estamos ao sair daqui eu através dos meus advogados nos reunimos e
a decisão minha foi processar o comandante do dood eu acho que aquilo me salvou a vida porque eu me tornei um perseguido internacional Por que que esses advogados porque veja bem aqui no Rio eram 10 mas em Belo Horizonte eram mais CCO e em São Paulo era mais 10 Mas você tinha o quê um grupo de uns 100 advogados no Brasil inteiro que tinham esse tipo de atitude e que não e que não eram organizados não eram sabe não tinha uma organicidade institucional Então o que me motivou muito a a sempre estar pensando nesse livro
foi superar o quê uma uma grande injustiça que eu acho que foi não ter contado essa história da importância sabe que os advogados tiveram nesse período que importância inclusive que tem a ver com o quê com sofrimento com dor e com vida né Ou seja pessoas que estão vivas hoje que foram eh eh eh eh tiradas da Tortura em função da atuação dos Advogados que foram perseguidos tiveram seus escritórios sabe invadidos sabe que sabe tiveram suas famílias ameaçadas E apesar disso continuaram nesse processo Dom Paulo Evaristo arnes Quando soube que nós estávamos fazendo esse livro
ele se dispôs a escrever o prefácio de imediato nesses tempos terríveis percebi que um dos maiores esteios dos presos e de suas famílias eram os advogados um grupo de profissionais de direito que naquela época de muitos amores arriscaram suas próprias vidas e carreiras profissionais para se dedicarem a defender na grande maioria dos casos gratuitamente as vítimas da violência política Dom Paulo Evaristo arnes [Aplausos] [Música] C [Aplausos] [Música] [Aplausos] [Aplausos] [Música] os advogados e a igreja eu fui convidado a a participar da Comissão de Justiça e paz por Dom Paulo Evaristo Ares quando eu já meditava
muito na defesa de presos políticos mas a comissão ela no porão da da cúria ela cumpria aquele papel de aquela frase Ah não adianta mais nada vou me queixar pro Bispo Então isso é verdade as pessoas iam se queixar pro Bispo quando um filho desaparecia quando o marido ou o o o o namorado desaparecia e não tinha para onde ir ou ia procurava um advogado ou então ia bater as portas da comissão justiça e paz e aí então era tomado o depoimento a comissão de sepaz encomendava eh encarregava médicos da da nossa confiança para fazerem
laudos particulares sobre que que que que que evidenciavam as violências praticadas por aqueles que saíam o maior trabalho que ela prestou não foi tanto no campo jurídico e no campo jurídico foi importante mas é que a partir da comissão quando nós éramos informados de um caso o fato do sistema de segurança saber que nós sabíamos que fulan estava detido não é eu não tenho dúvida nenhuma fiz uma pesquisa profunda sobre isso que muita gente foi salva porque o sistema dizia Olha esse a a comissão de justiça e paz de São Paulo não é chefiada por
aquele aquele Danado Daquele cardial etc e tal eh já sabe que que tá na nossa mão quando começo a advogar sou procurado pela Arquidiocese de olind de Recife eh Dom Élder câmara na época era o arcebispo e precisava de advogados que começar que participassem dessas questões e aí me convida para integrar a comissão de justiça e paz da arquidiocese de olind de Recife e junto mesmo ao mesmo tempo que estava na comissões municipais também comecei a vogar para presos políticos e padres estudantes e trabalhadores perseguidos pelo regime militar o Padre Vitor mirac capilo o padre
italiano que foi expulso do Brasil porque se negou a celebrar uma missa pela independência do Brasil eh no dia 7 de Setembro e é interessante esse fato que ele é expulso do do Brasil né eu trabalhei no processo aí no caso da lei do estatuto do estrangeiro eh e a gente trabalhou junto a esse caso a pedido da CNBB e posteriormente a sua expulsão um outro padre que era pároco de uma de uma comunidade aqui da da Periferia do Recife do Morro da Conceição que é uma área muito conhecida da cidade é um padre vinculado
aos movimentos populares e o padre Reginaldo Então escreve um poema contra o Supremo Tribunal Federal a poesia tinha um refrão que começava assim são eh 11 ministros um tribunal 11 o Supremo coito venal era uma crítica direta ao Supremo Tribunal Federal que na época foi quem deu a eh referendou o decreto de expulsão do General Figueiredo contra o Padre Vitor ele escreve esse poema e ess por esse por essa estrofe desse poema ele é incurso na lei de segurança nacional e condenado também era um dirigente do Partido Comunista que era responsável pelas gráficas do partido
Henrique Cordeiro que estava sendo caçado pelo regime provavelmente seria assassinado não é Foi numa época de grande repressão sobre o Partido Comunista Brasileiro e então o modesta Silveira era advogado dele e Modesto me procurou em Brasília e dizendo que nós tínhamos que dar uma solução para ver se não seria possível buscamos asilo em algum país E aí veio a ideia da da nunciatura Apostólica eu a Ini tinha um cliente ten impressão que era não sei se foi provavelmente cliente dela mas de qualquer maneira ela estava preocup também com a situação de um outro um outro
perseguido já tinha sido preso tinha sido posto em liberdade Mas depois eh soube-se que estava sendo procurado também para ser assassinado que era o Jorge Medeiros Vale conhecido como Bomb burguês e no dia eh Nós os dois se encontraram entraram no t e eu fui num carro atrás com a Ini acompanhando o táxi para qualquer eventualidade n demos uma volta mostramos primeiro onde era né E eles então foram Entraram na nunciatura soltaram do táxi lá dentro da nunciatura bom agora eles estão Seguros mas o que que nós tínhamos cominado antes não sabia que reação o
núncio teria né ouum funcionário lá da da nunciatura algum religioso Nós escrevemos uma carta né dizendo Quem eram eles que eles estavam sendo perseguidos que eles seriam assassinados né E que a imprensa estava pronta para receber cópia dessa carta e que nós transformariam aquilo poderíamos transformar Aquilo num num escândalo nacional e mesmo internacional não é se algo acontecesse com eles Dent Anunci atura depois eu soube por relatos que posteriormente eles fizeram né E que quando chegaram o o o núncio levou um susto evidentemente né e disse que ia chamar a polícia foi quando eles entregaram
a carta Senor pode chamar a polícia mas essa carta estará nas mãos da Imprensa o n Se assustou não é e não teve como e eles ficaram lá aí começou um longo processo de negociação né como é que eles sairiam eles ficaram uns se meses na nunciatura né até que se encontrou an nunciatura evidentemente encontrou uma saída política eh com a Embaixada do México A partir dessa colocação a nunciatura fechou os portões e ficou eh muito difícil entrar lá eu acho que já falei para vocês que eu tinha um trânsito bom na igreja por causa
da da minha do meu trabalho no escritório do Dr Sobral Pinto e eu tinha sido advogada de vários padres inclusive da CNBB quando a CNBB era aqui no Rio nessa época em 78 a CNBB já estava em Brasília e era vizinha da nunciatura era os dois as duas casas eram separadas por um muro né e e eu sabendo que o Teodomiro tinha acabado de fugir e que estava por pela por terra vindo da Bahia para Brasília eu tomei um avião fui a Brasília e fui falei com o secretário da CNBB me lembro quando eu contei
para ele que o Teodomiro tinha acabado de fugir da da do presídio e que estava vindo para Brasília e que ia pedir asilo na nunciatura e que para isso eu precisava que a a CNBB pegasse uma escada a pretexto de arrumar o jardim e esquecesse a escada encostada no muro e que como o portão da CNBB ficava aberto o teodor entraria rapidamente subiria a escada e pularia o muro e assim foi feito quando o núncio se deu por elas o Teodomiro já estava lá e não teve outro jeito a não ser conceder o asilo Albertino
de Souza Oliva vive um processo de conversão durante a ditadura de temido gestor patronal de uma empresa torna-se um importante advogado trabalhista aderindo à frente Nacional do trabalho com importante atuação em 1968 na histórica greve em Osasco São Paulo gand falou isso que a a religião é uma responsabilidade Grande para a transformação da sociedade um dos princípios da da minha fé é no sentido de que a gente tem que ter compromisso com o mais pobre eu que vivia afastado da religião comecei a me aproximar e houve uma verdadeira conversão se eu posso dizer que se
trata de conversão porque eu já era católico né mas eh houve uma eh retomada dessa convivência com a religião e ao mesmo tempo com a política aquela espiritualidade que hoje é conhecida como eh teoria da libertação né me me me envolvesse também e eu comecei a me aproximar dos trabalhadores foi uma honra se ter sido advogado da Madre murina ela foi acusada de um apoio a um movimento estudantil e na cidade rirão Preto fo um absurdo porque ela foi presa ela foi torturada o delegado responsável pelas violências praticadas contra ela veio a ser excomungado porque
eh uma coisa Bárbara que uma religiosa fosse presa e torturada para eh confessar fatos ligados a ela e a outras pessoas eu estava chegando no presídio Tiradentes eu vinha do dops aí veio a madre e eu falei olha eu vim do e eu tinha um bebê de um mês quando eu fui presa e um pouco antes de ir pro presil tirar dentes eu ainda tinha leite e e eu contei pra Madre falei me deram uma injeção a força para cortar o leite Aí ela falou para mim faz massagem faz massagem no seio faz massagem para
não piorar mas ela como religiosa queria comar aí uma uma carcereira católica levava diariamente a hóstia para dava comunhão a ela Então é coisa bonita isso porque ela presa com comungava diariamente pelas mãos de uma carcereira houve um sequestro do csul Japonês e ela integrou a lista daqueles que deveriam ser trocados ela quis ir ela a ir Dom Paulo tentou e eh impedir Mas acontece que era uma imposição porque ela ela tinha constado da lista feita pelos sequestradores e o e o governo queria entregar fazer banir as pessoas e e foi assim que ela foi
banida eh ela tava banida e E aí ela e foi uma grande conquista do Dom Paulo trazer uma pessoa banida antes da Lei da Anistia não é porque os que voltaram por sua própria conta ou por organizações muitos foram mortos né E então eu acho que essa história nós temos que reescrever Brasil nunca mais revelando as entranhas da ditadura e nesse processo também abriu a a brecha para que o o projeto Brasil nunca mais fosse uma espécie de primeira comissão clandestina da Verdade que que conseguiu levantar todas as digitais da tortura e dos torturadores examinando
unicamente os documentos judiciais levados então ao stm em Brasília Superior Tribunal Militar foi por causa do Dr Sobral que vivia falando que a única cópia que existe dos processos do tribunal de segurança da ditadura Vargas era o do Prestes e do Berger porque ele fez cóp guardou de tanto sobrar o que falar nisso contar essas histórias acabou inoculando em mim o desejo de salvar do incêndio eu fui ao conselho mundial de igrejas e pedi financiamento para fazer isso e eles deram E aí Dom Paulo Evaristo e o Reverendo w deram o guarda-chuva e tá aí
a história eu tinha como tarefa principal recolher o o os processos retirar os processos do arquivo do Superior Tribunal militar e e copiá-los a gente alugou uma sala num prédio comercial no centro de Brasília e botamos lá uns meninos que tiravam chero de eles nem sabiam para que aquilo e a gente dizia ó se vier alguém que tinha escritórios né se vier alguém pedir para fazer xerox vocês dizem que não pode mas chegou um ponto em que a gente tinha que deixar né porque levantar suspeita foi um projeto importante hoje todos conhecem né conhecem o
livro e feito com muito cuidado com muito critério tanto que houve muito pouco questionamento sobre os fatos ali relatados Brasil nunca mais foi reimpresso 20 vezes somente nos seus dois primeiros anos de vida estando na sua 4ª edição na lista dos 10 mais vendidos por 91 semanas consecutivas Foi a época o livro de não ficção brasileiro mais vendido de todos os tempos desconstruindo a justiça militar a primeira instância auditoria tinha quatro militares sem nenhuma formação jurídica e um juiz auditor que era necessariamente advogado para dar orientação técnica mas todos tinham o mesmo voto em qualquer
situação em qualquer caso logo é como se fossem cinco juristas quando na verdade havia só um e aqueles nomes eram nomes simplesmente escolhidos dentro entre os piores oficiais que obedeciam as ordens Esse é para massacrar esse é para condenar enfim recebiam ordens militares e não decisão judicial a justiça militar se tornou isso uma farça de justiça em grande parte os tribunais militares as auditorias elas foram criadas para que o o os militares dessem a impressão lá fora que o Brasil era uma ilha de paz de tranquilidade que era uma democracia que os seus opositores eram
presos julgados tinham direito de defesa era muito mais um um um um uma tentativa de mostrar paraa opinião pública internacional do que fazer justiça mesmo né até onde a nossa militância legitimava Esse instrumento de justiça que foi montado então eu sempre fiquei nessa dúvida aí a nossa prática foi mostrando que era possível fazer alguma coisa consequente porque havi os advogados dativos que a auditoria militar tinha para aqueles presos militares que não podiam ter advogado ess dativos existiam em todas as auditorias e muitos prisioneiros políticos eram defendidos por isso a nossa chegada fez com que nós
ocupássemos esse espaço e através da nossa atuação pudesse funcionar como instrumento de denúncia de prisão eh de Apoio às famílias e de não só den e nos processo de denúncia das torturas numa conversa entre todos os advogados se resolve fazer um pul que nós seremos os Defensores dos eh dos sindicalistas todos eles seriam defensor o Aírton luí Eduardo Paulo gerab eu e o Iberê talvez me escape o Virgílio Talvez um umou mais e há um dado interessante aí que eu acho que até eh histórico né quando nós fomos conversar com o juiz o Nelson Machado
o juiz da segunda auditoria Militar de São Paulo ele fala uma coisa no meio da conversa em geral assim como essa aqui nossa ele fala após a condenação daí nós nos entreolhamos da licença da licença saímos fomos pro barzinho da esquina e nós todos foi uma uma coisa unânime [ __ ] não dá para fazer esse julgamento não dá para fazer esse julgamento o juiz tendo [ __ ] dito após a condenação Então já após a condenação Nós não somos palhaço para est aqui falando e fazendo quando que já estão condenados depois ele veio dizer
que foi um lápis etc etc a gente não fez o julgamento nós não fizemos julgamento foi um escândalo Nacional uma porrada de colegas [ __ ] mas como é que vocês fazem isso não nós não não som palhaço tá condenado não vamos isso tem uma repercussão depois começou a virar a maré tal e nós fomos absolvê-lo posteriormente no Superior Tribunal militar quer dizer sem compactuar naquele momento com nada que significasse por saber que o juiz já julgou era um momento de a gente jogar porque a gente jogava com o sistema des des o primeiro dia
desde a primeira hora do golpe de 1964 os advogados entraram em ação na defesa dos perseguidos políticos quando chego ao meu escritório já viu muitas pessoas tentando localizar seus maridos seus filhos seus irmãos e na mesma hora eu fui caminhando quase correndo não tinha um táxi estava um dia meio confuso e fui ao dops dops ali na Rua da Relação enquanto eu observava chega o o decano dos Advogados brasileiros que era o Sobral Pinto eu vi que ele tentava entrar e veja bem ele era um advogado tradicional muito respeitado Líder católico advogado do governador que
era enfim o chefe de toda a polícia Estadual como eu dob subordinado a ele pois nem o advogado do governador conseguiu entrar argumentou eu vi que ele meio quase que esbravejava E aí quando ele foi saindo eu saí do bar do Ron fui de encontro a ele conversei com ele me apresentei E aí eu disse a ele olha eu vim mas como vi que o senhor não conseguiu entrar eu creio que nem adiantava tentar então eu penso tô com várias vários clientes desaparecidos eu acho que vou pro escritório fazer Abas corpos ainda havia abcorpus nessa
época eu vou eu fi faça é isso meu filho porque é o que eu vou fazer também e eu vi uma coisa muito indicativa é de que a maioria eram Líder sindicais líderes estudantis e e até intelectuais então dali eu percebi qual era o recado do golpe que estava em andamento né eu era advogado fui advogado de um grande número de Sargentos daquela revolta de Brasília CTO e era também advogado da Associação dos Marinheiros quando houve O Chamado Motin dos sindicados Metalúrgicos Inclusive eu fui advogado do Anselmo certo e tava nessa advocacia quando estourou o
primeo de Abril aí eu comecei a ser procurado também e não me neguei a participar então a gente sabia que a pessoa tava presa a gente entrava com AAS Corps e alegava se porventura se porventura a prisão foi razão de crime acusação de crime contra a segurança nacional nesse caso seja a petição aceita como representação para quebrar a incomunicabilidade quebrada a incomunicabilidade Lógico que parava a tortura né E a gente vai participando e evitando tem sombra de dúvida mas muitas mortes não tinha computador mas tinha um esquema de telefonemas que a gente se passava os
telefones praticamente duas ou três vezes ou uma por dia recebendo as informações então recebendo a informação Margarida de tal foi detida no tal tá sendo levada ah pro dops daí o que que nós vamos fazer eu andava com uma leta 22 uma maquininha de escrever que eu tenho até hoje linda e tal bonitinha e andava com ela no porta-mala e papel timbrado Geralmente eu tava com o Paulo gerab com Belizário qual um deles né e a gente fazia um comunicado ao do COD batia na guarita e falamos querem falar com o oficial de dia o
cara ficava meio assim Praça pois não daí vinha mor quem são vocês o que que vocês querem nós queremos informar o oficial de dia que tem uma moça que Possivelmente tá presa aí daí o cara subia correndo já o para cim e voltava não não tem ninguém preso ele não quer falar com vocês só que tinha seguido o aviso para para anistia internacional em Londres e nós estávamos comunicando para ele a prisão da moça quer dizer isso eles falam pô tem gente lá fora já sabendo então tomavam mais cuidados em fazer uma tortura que não
levasse à morte eu fui contratado uma vez para defender de 32 suboficiais da Aeronáutica essa história é engraçada mas quando eu fui na aeronáutica aquela coisa que você não aprende na faculdade de direito falar com esses 32 suboficiais Praça etc cheguei 3 horas da tarde lá quando eu cheguei no comar que fica aqui perto do aeroporto o oficial dia foi me levar pro comandante do comar Aí eu disse Coronel sou Dr bor cidade eu quero falar cois coisa ele dis o senhor não vai falar eu tô usando o léxico de memória né Mais ou menos
o senhor não vai falar porque aqui o expediente até 3 horas já são 3:30 aí eu disse mas Coronel para o advogado não há horário para eu falar eu posso falar qualquer hora e vai mas não vai vai falar não porque o Senhor não não tem a prova que é advogado Cadê a prova Cadê a procuração Aí eu disse Coronel a procuração está no processo a gente não anda com a procuração no Bolsa a procuração fica no processo aí disse mas o senhor não vai falar o senhor é advogado Cadê sua carteira aí vou buscar
tava no carro na a entrada foi lá trouxe ficou quando eu voltei É mas o senhor não vai falar porque só fala com ordem do auditor que era João melazo o nome do auditor o cara muito bom tô terminando aí eu puxei da bolsa uma petição aí já começa começou a se arretar sabe aí disse mas o senhor não vai falar Doutor porque esse documento não tem a firma reconhecida do auditor Coronel não se reconhece firma de petições na justiça é mas essa petição não pode ser falsa assinatura Mas acontece Coronel que essa petição eu
tô dirigindo ao senhor o senhor vai ficar com ela se for falso assinatura do auditor o senhor me processa Ele olhou e disse ol Ele quer saber de uma coisa o senhor não vai falar com ele porque eu não quero Aí eu disse bom diante disso Senhor me desculpe eu não tenho nenhum argumento Até logo passe bem quando eu tava no portão saindo sador Coronel mandou o senhor entrar para falar com Aspra porque esse é um argumento Imbatível né Não fale porque eu não quero eu digo então aí eu não posso fazer nada mas uma
das coisas que molestava a gente era essa coisa de OS obstaculos para falar com cliente que é a coisa mais Sagrada numa democracia a coisa mais séria é vocês que não são advogados a coisa mais importante para um preso político é falar com o seu advogado esse direito do cliente do preso falar com o seu advogado era obstruído sistematicamente sem motivo alguém em algum momento falou na Ilha das Flores que os que o Lenin considerava que os advogados eram eram personagens não confiáveis então que você tinha que desconfiar sempre dos Advogados que ele sempre ter
uma linha de defesa que era legalista e contra os interesses da revolução então a gente tratava os advogados me pontapés meio jogando duro né e onde discutir com Paulo ele chega PR se sua linha de defesa é um suicídio P você vai ser condenado de graça porque você tá facilitando o jogo assim cara não posso fazer outra coisa não posso negar que o Senor presidente da un disse não tudo bem P tá de o resto eu tô negando Pô mas agora que eu vou fazer tem cinco depoimentos dizendo que eu sou da p p tem
muita saída aí disse é mas a sua declaração pô tal tal fiz uma declaração política no final do do meu interrogatório a fase fase já pós porrada e o cas Pois é declaração revolucionária P tal você devia retirar esse negócio digo não Não tiro nada não aí ele falou assim pois é vocês são vocês estão buscando o martírio pent em vez de tentar sair da cadeia a gente partiu um pouco do princípio que a justiça lá de carta marcada que não havia nada a fazer então vamos fazer aproveitar para fazer fazer fazer política né denúncia
não sei que acho que todo mundo se imaginava um pouco Fidel Castro falando para história me absolverá coisa que o vale para entendeu daí eu J Qual o seu nome Ricardo zaratin nascido num dia tal aonde Em tal lugar o que que você faz na vida revolucionário profissional ele responde isso com isso ele tava aceitando uma condenação de 2 anos eu tinha conversado com ele falei você que sabe eu tô aqui para seguir a tua orientação e respeito a tua ideologia aí você tá com 2 anos de cana e ele declarou foi condenado depois nós
conseguimos absolvê-lo no no Superior Tribunal O Advogado criminal Na verdade ele promove a defesa técnica enquanto o cliente prve a autodefesa o advogado ao promover a defesa técnica tem obrigação de fazer em benefício do cliente tudo aquilo que ele faria se fosse advogado então evidente que não precisaria alguém chegar lá para para que se proclamasse abemos confident em réu temos um réu que confessa não não por pior que fosse o processo a saída era sempre pela tangente principalmente a tangente da negativa ou da diminuição de de participação naqueles fatos eu não estava lá como advogado
para promover ninguém a condição de herói de mártir e nesse sentido eu tinha sempre uma conversa muito Franca com o cliente e diz olha a minha lha é essa Você concorda e claro que ninguém estava ali para para querer ser ser vítima Principalmente de uma arbitrariedade porque as penas eram muito elevadas né eu gostava de que os militares soubessem não é que eu tava ali não para fazer protestos políticos apenas mas que eu sabia exatamente todas as dimensões daqueles instrumentos que eram do nosso eh cotidiano de de trabalho eu conhecia bem Eu acho que eu
fui bastante valorizada nesse sentido nos tribunais superiores no Superior Tribunal militar e e até no Supremo Tribunal Federal eu lembro de uma defesa que eu fiz de pena de morte do Ariston Lucena que mudamos a a pena de morte que tinha sido imposta a ele e que foi uma uma defesa foi política mas foi técnica também eu tive um caso de uns estudantes que foram presos por pelo dops porque picharam abaixo a ditadura quando acabar de pichar a ditadura foram presos aí o promotor ditadura ditadura ditadura contra o governo essa coisa e foi justamente numa
época Castelo Branco Teve uma época que deu uma aberturinha então voltou abcop essa coisa toda aí eu fi fazer a defesa dis assim eu me admiravam muito que o ministério público um promotor usasse a Tribuna de acusação para não acusar a r não acusar o governo [ __ ] e não acabou de de escrever a frase abaixa ditadura que ditadura tem tanto ditador aí aí comece se tá pá ditadura tal ditadura T agora aqui Aqui nós não temos ditadura Aqui nós temos uma eleição indireta como nos Estados Unidos tem Abas coros agora é um julgamento
para mim é muito fácil se os senhores acham que nós estamos sub uma ditadura o senhores vota com promotor condene todo mundo agora se o senhor acha que nós não estamos numa ditadura estamos no governo legal como eu penso caminha é só obs e aquilo criou IMP pass para eles n absolveram naquele momento Então você tem um promotor dizendo que abaixa a ditadura só pode ser a ditadura do Castelo Branco [ __ ] não tem nome nenhum não deixaram de acabar a frase o sen Sequinho de um dia ele ele até me me impressionou eu
fiquei puto com ele porque ele esculhambou a nossa revolução perante o juizz militar né que ele disse não não tá vendo isso uma revolução isso não é uma revolução é uma Opereta esses rapazes tão equivocados em relação à sua forma de luta Eles não têm capacidade para isso que que eles que esses documentos revela eles não tem condições de tomar o estado de tomar o poder de fazer uma revolução Isso é uma Opereta eu tive um problema grande com minha cunhada Leila Diniz muito grande porque eu foi o seguinte o o Flávio se portou muito
bem né Flávio Cavalcante a produção chama o Flávio aí o Flávio mant o programa no ar inspetora depois e mandou me ligar aí eu fui para lá com um amigo meu aí a neném era secretária de Leila acho que era neném ali ela tava chia de cigana meio cigana P na cabeça troca de roupa com a neném e sai comigo e o meu amigo sai com a Leila pra casa de Flávio Aí eu saio e você vi um cena atrás eu venho desabalado mas ele o carro dele Hero Ilhas eu acho eu no fusquinha daqui
a pouco ele me fecha e vem com o revólver na mão quando ele vê que não é a Leila ele era uma buraquinha bonitinha a mão dele revolver tremia Doutor advogado Fi pera aí ela é minha cunhada não tem nada de advogado aqui não calma calma inspetor e ele com o revólver na mão tremia rapaz e o revólver engatilhado um 38 que o cão tava para trás trem calma del calma Pou calma calma calma calma aí ele foi não sei que não adianta o senhor vai me dar um tiro para quê não adianta eu dar
não adianta o senhor não vai cumprir o mandato agora depois eu vou acertar vou levá-la aí pedi uma audiência a buide buide me deu audiência e foi uma coisa desagradável a sua cunhada do professor porque ele era professor de processo Eu também ess uma cunhada Professor ela é imoral eu ouvindo aquilo che falar isso dela aí levei ela para depor a polícia federal era o depois ficou o Museu da Imagem do som aqui na praça 15 uma Vista Linda ali ela chega daquele jeito dela que L que que Vista bonita pena que aquele não aproveite
nada o que que ela falou falei nada deixa leaa fica aí eu faço o depoimento dela com o escrivão ela ela prometeu que nunca mais falaria palavrão que não andaria de biquíni na na Rio Branco aí eu pode botar o que senhor quiser aí eu chamei vem C Assina aqui eu Bouer não vai ler nada Lil ass aqui assinou for embora acabou quando a emoção supera a técnica Não acredito olha olha não podia ser melhor essa moça traz uma história que supera quase todas a que você possa contar posso abraçá-la eram três garotas todas muito
lindas muito charmosas e atuavam na luta humanista de esquerda né e por isso elas também com centenas ou milhares de outros jovens foram também sequestradas torturadas elas eram acusadas de militantes de esquerda tentando ajudar a restabelecer a democracia no Brasil eu era da pé né eu era simpatizante eu não era nem militante eh mas fazia aquelas coisas que todo mundo fazia panfletagem porta de fábrica aquelas por enquanto era só isso e fazia parte do que a gente chamava de movimento da classe teatral fomos levados primeiro ali pro Porto o negócio da Marinha ali no porto
o centro mais forte de tortura foi passando de lugar quer dizer primeiro aqui no Rio primeiro foi lá na Ilha das Flores passou pra pé da Barão de Mesquita o centro e da Tortura mesmo elas estavam em Bangu no setor feminino de Bangu ficamos os três lá de da tarde lá pelas 45 horas eu com alvará de soltura dos Superior Tribunal militar decisão dos Generais decisão um dos 15 ministros 10 Generais e cinco civis levei o alvará ele só me receberam lá pela meia-noite e ainda demoraram a soltar e já tinha um outro carro para
colocar todo mundo colocar as três moças E aí os os sequestradores que eu supunha que era do do COD ou do dops sequestradores chegaram a vacilar em me levar ou não mas levaram finalmente só as três meninas e eu fiquei com a mãe da Maria Jana e a mãe dela caída lá na escuridão da estrada aí As meninas sumiram e elas foram trancadas numa cela e pregaram tábuas na cela e ainda puseram aviso Cuidado leprosas para nenhum policial chegar nem perto n ninguém nos viu n ninguém nos viu essa história me chegou me levou à
conclusão de que elas talvez estivessem marcadas para morrer e desaparecer mas como a gente tinha também algumas pegadas e corríamos atrás eles acabaram tendo que soltá-las porque era um sequestro horroroso a gente saiu daquele cilindr isso puseram a gente na pe da Barão de Mesquita isso levavam às 4 horas da manhã pra sala de tortura mas não torturaram mais fisicamente né levava de Capucho e tal ficava lá tempão e acabaram soltando cinco dias depois Prenderam a gente de novo na porta de casa levaram pro dops a gente passou uns 20 dias no dops é e
quando nós saímos do dops saímos com você a gente ficou só um dia em casa e no dia seguinte você nos apanhou e levou para um apartamento de um casal que até hoje não sei quem são que nos nos acolheu nos escondeu eles a gente nunca viu deram o apartamento e enquanto você tava terminando de tratar do nosso do que o chil aceitasse né e aceitaram filize aceitaram as três Só reencontram a liberdade no exílio no Chile a defesa era coletiva nós defendíamos todos os acusados não tinha essa coisa dar uma culpa do não tinha
não tinha conflito sen ch procurava enfim defender no sentido amplo né político né crime político dos inimigos do regime não impedi que a política eh tivesse predominância no julgamento cada um tinha um estilo então nós organizamos a fala e é júri porque a defesa é oral na justiça militar Tem a parte Toda escrita e tal de alegações mas o julgamento é oral é como no tribunal do júri ali no gogó então nós dividíamos então tinha uma tese o Heleno Fragoso era um exímio expositor professor de direito tinha autoridade porque não era nemum homem de esquerda
era um homem Professor como a su advogad tarde já era já quando era um autor consagrado a o helano Abre o helano abre e dá aula diz não cabe o artigo tal faz dá tese de direito a partir daí ninguém precisa voltar a assunto A gente dis Olha como disse o professor Elo não cabe o artigo T Isso ele já falou porque eu tô de acordo então a gente podia avançar ninguém tinha que ficar repetindo porque o Heleno fazia esse papel e ele fazia falava vim embora aí o segundo era alguém eh a gente organizava
de acordo um jeito que era um contador de história tal não estudava muito o processo eh mas era um jeito sabia entreter então botava esse cara para entrar num determinado momento porque ele des anuva e tal aí viu um outro que era mais monótono aí bota esse monótono depois tin outro que era que era explosivo emotivo então nós dividíamos nós colocamos a ordem de defesa de acordo com o temperamento e o estilo de cada advogado isso dava uma unidade extraordinária e tinha o cara que terminava o último a falar tinha ser sempre um advogado que
tivesse um uma capacidade oratória de emocionar o evarist já morreu era um orador assim muito poderoso nesse sentido tal os advogados contam a face mais suja do regime não existe nada mais covarde do que a tortura a tortura alguém está lá dominado amarrado entende na presença de cinco ou seis gorilas entende quero dizer há ato mais fora o fato de ferir ir alguém que já é em si entende uma uma violação profunda de um direito que todo ser humano tem a sua própria integridade física há também a questão deste lado do lado de quem bate
do lado do torturador a questão da covardia porque é fácil bater em alguém inde defeso em alguém imobilizado é fácil qu C trogloditas entende bater em alguém entende que está ali indefeso que está ali entende muitas vezes muitas vezes entende ferido sangrando não sabendo que pode estar acontecendo entend com seus familiares Quando eu digo doode é formado né por elementos não são assim eh matadores de plantão que existiam no Brasil que foram não são oficiais da marinha do exército sobretudo teve um papel importantíssimo da Aeronáutica que foram selecionados para formar essa instituição e torturar né
ou seja com recursos com verbas com né com estudos né Qual a melhor maneira da gente criar uma que possa se dedicar a isso né além do que como eu digo quer dizer essas coisas todas tinam endereço né todo mundo sabia onde isso estava acontecendo é totalmente diferente se você dizer assim alguém foi raptado sequestrado e levado para um uma mata não sei a onde ali se cometeu tortura quer dizer isso podia até acontecer mas de um modo geral né a tortura era feito dentro aparatos do Estado meados de 72 os presos do Tiradentes uma
parte eh decidiu fazer uma greve fome em protesto contra uma tentativa de desmembramento dos presos políticos em vários presídios e nessa greve o aleatoriamente por alguma espécie de sorteio levaram escolheram Paulo de Tarço Venceslau e Paulo de Tarço vanuque e não éramos as duas pessoas mais perigosas do presídio as pessoas mais odiadas pela parede de repressão não era ordem alfabética porque o nosso nome não começa com a e fomos levados eh pro dood para uma sessão de espancamento de desmoralização de tortura eh para que voltássemos a nos alimentar eu tive várias escoriações ematomas e a
advogada Eni Raimundo Moreira teve uma atitude muito corajosa primeiro entrou com um recurso lá em Brasília né com abas corpos para que eu pudesse ser visitado por ela imediatamente então há alguma determinação alguma diligência superior junto à auditoria então o juiz Nelson me chama ele chegou na auditoria com um corte no pescoço com hematoma no olho com várias escoriações segurando o braço e andando com as pernas abertas eh com muita dificuldade eu perguntei que isso ele falou a tortura e a a escolta dele não era do presídio era do do COD essas alturas já era
doode e aí eu entrei na sala do Dr Nelson porque ainda não tinha começado a audiência e falei para ele chamei o Paulo e o Dr Nelson tava dando demonstração facial de que ele não tava acreditando naquilo foi quando eu mandei o o Paulo tirar a calça para que ele visse Porque que o Paulo tava com dificuldade de andar E aí ele falou Doutora Mas a senhora é uma mulher eu falei aqui Eu sou advogado tira a calça Paulo Claro que ele não tirou a calça porque o juiz se tocou né e a advogada então
solicita ao juiz auditor que faça algum procedimento legal de responsabilização do code por aquela violência e na entrevista com esse juiz eu ele fala o senhor tem mais algum pedido eu falei eu tenho pedido que o senhor não mande não autorize mais a minha volta pro dood não mas eu não autorizei não o senhor autorizou eh o senhor autorizou e leram a autorização do senhor para mim que autorizava que eu fosse enviado com Paulo de Tarço Vl para sermos alimentados à força não mas a força que eu disse não era isso né era eram com
outros métodos etc bom Esperamos que ele tomasse alguma atitude não tomou e o procedimento da en nesse sentido foi muito corajoso foi muito importante vem um carro uma peru Azul a toda a velocidade para assim rente com meio fio saltam três caras lá de dentro e eles me pegaram a muc me jogaram para dentro do carro Eu defendendo os processos aí fui levado para um local que só depois eu soube o que era e lá também fui batido torturado fui e asfixiado e afogado em Tanque né Ola uma coisa terrível né mas ao final eu
sei é que eu consegui resistir aquilo né eles não conseguiram nada aí depois me passaram lá pro lá pro aqu lá pro setor militar urbano pro pique que era o famoso local de tortura aqui em Brasília era o pique aí me transferiram para lá lá também me deram uns bufetes e tal fizeram umas ameaças mas não passou disso porque aí a minha mulher veio de né de de Belo Horizonte se juntou foi a Ordem dos Advogados então houve toda uma movimentação né para me proteger né eu tenho alguns clientes que foram mortos e alguns clientes
que eu defendi mesmo sabendo que estavam mortos na presença desse juiz o Nelson Machado Guimarães eu disse que eu estava defendendo a memória quando na realidade eu estava vocacionado defender liberdades um exemplo mais marcante para mim foi Eleni Ferreira tes Guariba eu me tornei amigo dela e do Zé olav companheiro dela e ela passou a frequentar o meu escritório eu levava de vez em quando ou era assim o pombo correio de bilhetinhos de amor de um pro outro até que determinado dia o representante do Ministério Público na segunda auditoria turbal Airton Moura Araújo ele me
procura e fala Zé Carlos Por uma questão de lealdade eu quero dizer a você o seguinte eu pedi a preventiva de Leni outra vez poi mas por quê é que eu tive informações de que ela voltou à à militância mas veja bem ela não deve saber eu saí de lá e Telefonei para Eleni Chegando no escritório para Eleni preciso conversar com você com urgência então eu vou já pro seu escritório não não venha eu tô muito ocupado hoje eu vou precisar sair e mas às 8 em ponto às 8 em ponto eu vou precisar sair
deixei minha mulher meus filhos estava minha sogra meu sogro eu desci o do apartamento Quando eu olho na frente do prédio tinha uma uma Veraneio uma c14 com aqueles com com alguns eh tiras dentro alguns agentes dentro vou pra porta e eu vejo heleni vindo na minha direção na hora que a heleni se aproxima eu dou um abraço nela falei Helen cuidado e o o dood tá aí olhando e você foi foi pedida por sua prisão preventiva outra vez falei ô outra vez eu reparei que ela tava com o cabelo eh tingido E aí ela
foi pro Rio de Janeiro foi encontrar-se com o honestino em seguida foi presa junto com ele e acabou sendo morta na casa de Petrópolis eu fui instrumento desta violência eu fui usado porque o o o o no momento que o Durval mour Araújo que é uma pessoa que para mim marcada pela traição no momento em que ele me fala que ela ia ser que tinha pedido a prisão dela ele tava querendo que eu Contasse E é claro que eu como advogado iria contar e o fato de est lá o do COD no meu no meu
apartamento quer dizer eles reconstruí reconstituíram todo o trajeto da Eleni a partir da minha pessoa então isso é uma coisa que profundamente traumatizante para mim Lúcia mur que é minha queridíssima amiga eu defendi sei lá 15 processos políticos né ela tinha tinha um ódio dela er jurada de morte tal tinha uma audiência dela no processo da Maria F ela está presa na eu Solicito que ela seja requisitada porque ela tem que estar presente tava presa clandestinamente eu eu eu eu atribuo ao fato de que o ofício da Marinha Para comparecer no Arsenal de Marinha no
ministério da Marinha tenha sido interpretado como sendo um negócio do cimar uma coisa não de justiça e mandaram a Lúcia saiu do pau de arara tiraram do pau de arara com com a roupa assim de de de presa e tal lá e e entrou a escolta com com o o nome que que é impresso no uniforme com o sparadrap cobrindo o nome para ninguém ver o nome do do do do soldado do do militar né e e ela entrou na auditoria entrou surpr evidentemente a presa por engano Evidente evidente eu tinha o quê uns 45
dias 50 dias talvez dois meses de prisão e fui apresentada na auditoria no Estado totalmente lamentável mas assim totalmente lamentável eu não andava eu tinha isso aqui aberto isso aqui aberto a boca por causa de choque elétrico com água e tal na boca p a perna assim entendeu e eu tinha 21 anos né então Eh quando eu cheguei eu me lembro que quando eu entrei na auditoria assim os os os os militares Ném teve coragem de me encarar El já baixar na cabeça foi uma loucura porque eu tava com ap inteira atrás de mim e
o o tesser era meu amigo e tal e eu vi o té meu pai e minha mãe foi a primeira vez né que eu vi alguém no meio daquela daquele horror e o t foi muito corajoso nesse momento entendeu Eu acho assim hoje em dia as pessoas não percebem descul eh Hoje em dia as pessoas que eu acho que não viveram na ditadura não percebem o quanto pequenos atos eram fundamentais né porque as pessoas tinham muito medo medo lá no já no final da clandestinidade as pessoas me olhavam na rua às vezes saíam correndo Então
as pessoas que ficavam a teu lado em pequenos atos era uma coisa tão fundamental e tão importante pra gente né eentão corajosa né porque eles se arriscavam muito né Eu me lembro que eu cheguei eu olhei para ele tava inteiramente histérica né e eu falava assim eu só quero saber onde é que se denuncia tortura aqui isso eu fui das últimas a cair praticamente não tinha mais perspectiva com a Guerrilha e tal e o test sabia disso De repente Ele olhou para mim olhou nos meus olhos que foi uma coisa muito de troca de olhares
né e falou Lúcia eh aqui Você vai diz você não fez entendeu Você sabe o que você não fez então quando perguntar o que você fez você vai dizer aquilo que é verdade que você não fez eu olhei para ele Ele olhou para mim e foi aquela troca de olhares de repente eu mudei porque até aquele momento a gente chegava nas auditorias e fazia discurso político eu eu assaltei eu sequestrei eu fiz vivo a revolução de repente Caiu a Ficha sabe que que troca de lá caiu a ficha e o Tess me pegou e falou
assim eu vou te levar para g e eu me lembro que até o final da audiência quando eu denunciei tortura eu denunciei tortura nesse dia né tá tá tá colocado meu depoimento Óbvio que eu tava morrendo de medo entendeu mas a gente lida muito com medo de uma maneira muito doida nesses momentos né então Eh eu tava morrendo de medo mas eu acreditei que eu ia para gasic acreditei que eu não ia voltar para pro do COD e falei né bom no final eu não o t chorava né porque ele não conseguiu que eu fosse
para gass Eu Voltei pro dood né mas de qualquer maneira quer dizer o fato de eu ter sido apresentada também era uma garantia paraa minha vida eu vou ter ser torturada e tal eles me sacanearam muito por causa disso me fizeram fazer coisas muito lamentáveis do ponto de vista de dignidade humana e tal mas eh aquilo também foi uma maneira de preservar a minha vida né porque a partir do momento que eu tinha sido apresentada era muito difícil me matarem né então eu cheguei a ter clientes que não chegaram a ser clientes a família contratou
e a gente não encontrou nunca encontrou um um deles é a Ana Maria n cinovi e um dia eu fui ver fui a São Paulo ver uma presa minha que estava lá era outra que eu seguia para não desaparecer chamava Estrela Dalva hoje ela é professora de filosofia eu fui ver a estrelinha e sentei numa na cadeira assim tinha um cartaz desse com os procuras aí eu para puxar a conversa com Sargento comecei ih mas esse cartaz tá velho porque tem gente aí que já tá presa tem gente tem essa por exemplo que a gente
não sabe nem onde está era Ana Maria aí ele respondeu para mim ah Doutora com essa senhora não se preocupe não com essa quando a gente pegar mata e mataram a gente perde um pouco a noção do tempo né Uma das coisas que era comum quando prendia o casal junto era levar um e outro para ser para ver o outro ser torturado né então me levaram algumas vezes para ver não vai ser torturado né é ainda uma coisa difícil pra gente né falar disso e eh os reites de crueldade né que que fazem PR a
mulher né frequentemente a gente era colocada no um molhar né o molhar era para que os choques ficassem mais intensos os choques elétricos na boca no seio na vagina na orelha né no nariz a crueldade chega aos requintes eles tinham um filhote de jacaré doic onde eles puxavam com uma corda no pescoço esse filhote jacaré n a contou isso e eu fui uma uma noite não lembro se era noite era dia eu euu vada pra sala ao lado da sala de tortura e me me botaram nua Me amarraram numa cadeira e posaram o jacaré passando
pela minha pelo meu corpo n Eu acreditei que o meu filho tivesse sido entregue ao Juizado de Menores eles me fizeram acreditar nisso meu filho tinha 3 anos e meio o José Ricardo e eu caí na armadilha né porque acreditei mesmo porque eu vi todos os meus irmãos presos meus irmãos não tinham nenhuma militância política eles invadiram a casa da minha mãe Eh prenderam meus irmãos minha cunhada que tá fazendo um ano de de um mês de casada com meu irmão e eu acreditei que a minha mãe tivesse presa eles inclusive brinc de de gozações
diziam a Maria guerrilheira que a minha mãe se chamava Maria as únicas pessoas que não foram presas depois eu vim a saber foi a minha mãe o meu filho de 3 anos e meio e o meu irmão Custódio Coimbra que era menor de idade tinha 14 anos na época no dia 10 de novembro de 1972 no Jornal Nacional o Cid Moreira lê uma nota oficial do primeiro exército dando conta de que foi morta num tiroteio a terrorista Aurora mar Nascimento Furtado e eh de manhã cedo no dia seguinte a família me liga e me pede
para ver se eu conseguia liberar o corpo eu fui ao exército exército que era no dops eu fui pro dops disseram que não era lá e quando eu dizia no elevador um policial que me conhecia das tantas vidas me disse ó o corpo tava no IML mas já foi pro cemitério no Caju e eu fui para lá cheguei lá tava Dirce drash Dirce drash é uma advogada é uma advogada que trabalhou com Lino Machado quando eu cheguei a Aurora estava já no caixão gente é muito difícil lembrar isso ela foi posta um pano branco rasgado
na manga e aqui para imitar um vestido a gente foi cobrindo de flores ela tinha um olho saltado o outro completamente Preto um afundamento um afundamento no maxilar uma fratura exposta no braço mordidas pelo corpo não tinha unha nem bico de peito o cabelo dela era liso ela tinha 26 anos branquinha eu tinha a mesma idade dela o cabelo dela liso assim e tinha uma franja que tinha sido cortada em cima da so toda irregular e eu fiz um gesto desse gesto de carinho que você faz em criança passando a mão assim quando eu passei
a mão que o cabelo levantou meu dedo afundou aí eu comecei a a meer no cabelo eles tinham a última coisa que fizeram com ela foi apertar um torniquete por isso que ela tinha o olho saltado quer dizer a única prova é a minha palavra EA dar dirse o pior disso é que eu tenho certeza que os homens que fizeram isso com ela eram os mesmos que estavam lá até a ambulância sair com o corpo dela para São Paulo a gente tratou de de botar muita flor nela para ver se os pais não percebiam desculpa
os riscos do Ofício era incômodo naturalmente você ficar contra o regime e ficar contra o regime exatamente no ponto em que o regime era mais sensível não é porque era onde ele realmente praticava ah execuções sumárias praticava tortura praticava sequestros etc quer dizer era a parte mais suja eh do regime E então você trabalhar para pessoas que tinham sido vítimas eh nesse território digamos assim que os militares queriam intocável não era uma coisa que deixasse os militares felizes então todos nós sabíamos que eh nós estávamos sendo seguidos nós estávamos sendo eh observados não é isso
a gente não tinha dúvida de debal eh nós eu no escritório dele fomos presos juntos não é e estamos lá uma tarde e de repente chegou lá um cidadão bate na porta truculento com mais três ou quatro a hora que abrimos a porta eles entraram sim vocês estão presos Tem mais alguém aí não não somos só nós então agora vocês vão ter que nos acompanhar aí nos levaram pro do COD o que o que Silvio O que é difícil é que a época a gente não não Talvez um pouco mais jovens mais idealistas a gente
não tinha noção do do do do nível de risco que se corria diante de um tipo de prisão dessa né Aqui foram submetidos muitos companheiros que depois foram torturados e outros estão desaparecidos até hoje por quê Porque você eram eram pessoas que não se identificavam em viaturas que também eram viaturas normais não era viaturas da da polícia que alguém passasse na rua havia não se sair daqui na saída da prão você tá sendo preso os caras não ostentam armas não precisa estão Obviamente você não vai resistir não é você não sai lá com as pessoas
apontando metralhador para você quer dizer é uma prisão que ninguém ninguém nota ninguém percebe nem o Síndico do prédio nem o porteiro do prédio você desaparece aí você é levado para um local onde você tem um um grande muro o carro entra por ele fecha-se uma escotilha de Aço você tá lá dentro dentro de um pátio você sai do pátio e é levado para onde você é levado para uma cela a a cela quando você chega na cela você olha Ué por que que essa cela aqui ela tem esse negócio acústico né isopores na parede
aí você sabe porque já ouvi o relato bom aqui eles trazem as pessoas que vão ser torturadas e é para que não se ouça os gritos é que existe isso aí então você fica lá dentro bom será que vão me perguntar coisa que eu sei responder porque se foram coisas que você tem conhecimento como ninguém tá imune a falar sobre tortura eu nunca censurei ninguém que falou sobre tortura tortura sofrimento atroz que que inibe qualquer possibilidade de resistência não é então você acaba ficando ali um tempo aí você fica ali sem comunicação com ninguém durante
1 hora 2 horas a fica Puxa vida que que será que vai acontecer aqui comigo agora não é você vai lá para dentro do seu do seu íntimo e fala bom saio daqui ou não saio daqui não é ninguém viu me viu ser preso não sei o Ed Bal que tá preso comigo Sobral por exemplo para se ter ideia de da Coragem do destemor e da indignação dele eh no dia 13 de dezembro de 68 quando foi baixado o ato institucional número 5 ele estava no quarto de hotel em em Goiânia se preparando para para
ninar uma turma de direito quando Bateram na porta e ele achando que eram os estudantes que o vinham buscar mandou que a pessoa que bate batia entrasse e entraram três homens de compleição física avantajada e disseram para ele o senhor tem que nos acompanhar porque o senhor tá preso ele disse preso coisa nenhuma ele diz não o o o Presidente da República que mandou prender o senhor el falou sim o senhor volte lá diga pro Presidente da República que ele manda no Senhor em mim não e os Três Homens tiveram que arrastá-lo o hotel a
fora e conduzi-lo à Brasília onde ele ficou preso por três dias num quartel o Sobral se recusou a prestar depoimento e três dias o coronel que era o encarregado de de interrogá-lo falou para ele Dr Sobral o sen tá me criando problema eu tô tendo ordens para apresentar o seu depoimento ele disse eu não vou falar eu não reconheço ninguém nesse país autoridade para me interrogar e como não tinha jeito o Coronel Perguntou se ele diria e se assinava e ele Então foi pra máquina de escrever datilografo a frase assinou e entregou esse era Dr
Sobral e o Coronel metido a falante e tal fala o senhor não entende Dr Sobral que nós estamos construindo uma democracia brasileira aí ele fala que isso Coronel peru é que é a brasileira Democracia é universal e os senhores não conhecem eu fui preso quando o general Mourão que era um idiota digo isso hoje porque eu disse numa petição na época Hoje ele já morreu ele cercou a Assembleia Legislativa para prender um deputado Sérgio Murilo de quem eu era advogado Sérgio Murilo era um grande advogado criminal se elegeu Deputado etc eloquente Valente corajoso e quando
chegou aqui Mourão que era o comandante do quarto exército cercou a assembleia para prendê-lo entrei com aber Corpus e obtive uma liminar de um desembargador no fim da tarde aí o Morão mandou prender Sérgio Murilo eu o desembargador e se possível eliminar que era meio difícil né substantivo abstrato eu era presidente da Comissão justiça e paz e foi durante a greve do ABC de 1980 e eu saí de carro morava no Butantã Quando cheguei e eu eu aí eu percebi que eu tava sendo seguido quando chegou na praça pan-americana lá no no Alto de Pinheiros
o meu carro foi fechado e aí com metralhador eles me fizeram parar que os tercos do carro botava as mãos na capota do carro e revistaram e E aí dis senhor tá preso mas Senor pode continuar guiando aí eu fui fui guiando até o dops cheguei lá tinha um quase 20 pessoas presas no salão quando eu passei eu vi alguns clientes meus inclusive É uma sensação muito muito dura você sentir-se preso e com clientes presos porque você tem conhecimento de muitas coisas deles que não quer que não deve ser reveladas e eles ficaram contentes que
eles me viram e imaginaram que eu tava lá como advogado aí eu me levaram pro pro pro andar superior e eu fiquei na sala do Delegado eh junto Lula aí eu falei pro delegado Doutor Por que que o senhor não pede pro doutor trazer o Dr Dalmo para ficar com a gente aqui tá bom eu vou fazer isso aí entra o Aírton Soares chega o Aírton começa a conversar conosco tal e aí ele fala assim bom ô Z cara vamos embora vamos embora porque não adianta você ficar aqui pô o seu lugar é lá fora
trabalhando com nosso dever de advogado aí o Lula vira e fala assim ô Airto o cara tá em cana você fica enchendo o saco Manuel Martins advogado comunista preso no primeiro estádio prisão da América Latina o Caio Martins em Niterói Rio de Janeiro já estava no Cai Martins há uns 12 dias sem ter contato nenhum com ninguém não tinha contato com ninguém desde o dia 9 de Abril mas nesse dia não sei por veio uma ordem de receber as famílias né eles botaram os preços de um lado os visitantes do os os parentes do outro
né e uma ordem lá Dom sargentão pode começar aí quando eu olho vejo a dona dalgisa dona dalgisa eu era advogado do sindicato do Operários navales o marido dela tinha tinha sido vítima de um acidente faleceu vítima de um acidente ela se dirige vem para mim me abraça chora e disse para mim Dr Manel o senhor é o o meu advogado você muito obrigado por a senhora ter vindo tal mas eu não posso ser tô preso né e o seu processo tá quase no final a senhora constitui um outro colega né Ele vai terminar rápido
não quem vai fazer é o senhor que o senhor vai ser solto aí ela vai tir da bolsa um uma uma sacolinha né aí diz assim Dr Manel aqui tem uma guimba de charuto que um preto velho fumou o senhor vai dar três tragada hoje a meia-noite que senhor vai ser solto eu botei o saquinho entre o o colchão você não sei como o trifin não encontrou o saquinho encontrou o saquinho a guimba Caiu né Ele virou para mim gue encontrei encontrei uma guimba aqui boa eu não sei como é que essa guimba tá por
aqui tal aí minha mente começou a ficar [ __ ] essa quem I chupar esse quem ia fumar Essa guimba era eu pô e mas eu não falei nem com os companheiros né porque era tudo materialista [ __ ] eu vou falar que um uma uma kibun zeira tinha me dado uma cliente tinha me dado um charuto uma guimba de charuto para m troco da Liberdade sei que lá pelas santas F começa a chupar fumar o a guimba no dia seguinte devia ser umas 9:30 o Paulo B era o secretário era o major do exército
quea já era Secretário de Segurança vai aí lá no coletivo chama brend Coronel o senhor pode sair porque eu V ordem para libertar o senhor e no sábado seguinte Dona dalgis apareceu olho pra Dona dalgiza e digo pô para Li digo Dona Dalziza você não fou Martins diz me chamava de Martins el não F ela veio e disse para mim pois é Doutor O senhor não fumou a guimba do preto V mas quem fumou saiu aí o nosso materialismo foi pro brejo né né Aí eu fui o último a sair do cate Preto velho me
castigou os advogados comunistas tinham uma organização de base do Partido Comunista no que como teve todas as épocas e tal mas na ditadura vivia clandestinamente secretamente fazendo reuniões cuidadosas e tal um colega que era aliás um colega de escritório do Modesto consegui uma casa da irmã dele que simpatizava e tal e que era fora não tinha nome aparecendo em nada e tal emprestou a casa na Rua das Laranjeiras o apartamento para fazer a reunião do partido da da base Então a reunião era às 8 horas da noite tinha que entrar um a cada 5 minutos
então começava a entrar Desde as 7 horas né entraram lá uns 8 ou 10 uma coisa assim e no final o último entrar er o Paulo argueles um belo advogado militante de de lutas de camponeses e tal ele vai entrando assim vai subindo a escada da portaria para um Aero preto com certo tremor assim na calçada e um outro carro atrás e do Aero eles pretos Salta do banco da frente um um oficial com os alamares de cachias um ajudante de ordens dá a volta abre a porta de trás que dava pra calçada e quem
sai lá de dentro Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco Presidente da República era o presidente da república entrando naquele prédio também aí aquela coisa ele se encontram assim na na entrada ele aí prossegue também não podia fugir porque já no outro carro já saltaram os caras era segurança aí ele vai junto né então fica os três diante da porta do elevador aí chega o elevador Ele oferece a vez pro Castelo o castelo insiste que é ele e tal e tal então ele entra o castelo entra e o oficial ele vai pro quarto andar ele Boa
noite Presidente como vai e tal Presidente cumprimenta muito Atenciosamente ele aperta pro quarto andar que é onde ele ia pra reunião e o castelo aperta pro sexto então ele salta Boa noite Presidente e tal entra na reunião ele era meio mulato assim ele entra pálido de espanto Que que foi Paulo sabe quem subiu no elevador comigo Castelo Branco aí Ô Paulo já bebeu pô antes da reunião ele fala não é verdade tá olha na janela aí vê quem tá lá embaixo tal aí houve aquela coisa e tal aí chamam a dona da casa né que
que houve Castelo Branco vem aqui no seu prédio ela falou ah já veio algumas vezes é que tem uma prima dele que mora aqui ele às vezes vem visitá-la é no sexto andar aí pô Então pronto tem Castelo Branco no sexto andar reunião de comunistas clandestinos no quarto andar como é que fica então não vai haver reunião sol ver a reunião sai um de cada vez discretamente e tal Porque não fica bem né eu chego em casa vou dormir sou acordado por uma bomba bomar uma bomba de madrugada daqui a pouco aquilo encho de repórter
né e acho que 6 e pouco da manhã chega um gip do exército com coronel né Aí ele soltou Deputado senhor sabe quem colocou a bamba digo sei quem foi fo o senhor o criminoso volta sempre o local do crime a violência no campo a ditadura foi particularmente feroz contra os Camponeses advogados que atuavam no campo também foram vítimas da barbárie do regime militar o fato concreto é que os latifundia os é certo eles com os seus capangas aproveitaram o golpe militar para dar uma ajudinha Então nós não sabemos a quantidade de milhares de camponeses
que foram assassinados dessa forma já levantamos o assassinado de mais de 1400 camponeses não é isso é importante que se diga e ainda falta muito por se descobrir a tortura no dia do golpe primeo de abril de 1964 conta Gregório Bezerra Líder camponês então houve um caso escandaloso aqui bem perto que foi o caso do ex-sargento do exército grigório Bezerra que era um militante comunista aqui que atuava na Zona da Mata eh organizando sindicatos rurais que na época era uma coisa altamente subversiva então o grigório Bezerra foi preso levado aqui para um um quartel fica
próximo à Praça de casaforte comandada por um maluco ele não só espancou barbaramente o grigório Beira como amarrou de cueca em um jipe e o arrastou pela praça de casaforte eh com o rebenque de cavalo espancando com o jipe bem devagarinho e foi um espetáculo foi um espetáculo Bárbaro as crianças começaram a chorar e gritar e perguntei a um rapaz quem era aquele que estava amarrado me disseram que era o chefe do Partido Comunista que ia ser enforcado ali na praça e que o da frente era o Coronel Vil uma coisa horrível que não gosto
nem de lembrar eu decidi que ia fazer alguma coisa por ele dois ou três dias depois do que houve na praça fui ao quartel conhecer o Gregório e quando ele quis saber se eu defenderia expliquei que estava apenas começando ao que ele me disse minha filha sou comunista e jamais por isso não é difícil ser meu advogado pois o que eu quero é apenas lealdade merc alb advogada de presos políticos eu convivi com mcia pouco porque ela é de uma geração anterior à minha mas eu quero dizer de que ela tinha um papel el teve
um papel importantíssimo e quando faltaram muitos e muitos advogados que poderiam ter tido uma uma participação mais importante mais corajosa não tiveram essa mulher ela foi uma pessoa eh Brilhante de muita coragem e prestou um grande serviço eu vejo aquelas fotos do Gregório Bezerra me impressiona muito acho que ele mostra muita dignidade né a postura dele ali e foi um momento que eu falei bom é impossível que quem esteja certo seja quem tá arrastando né e a dignidade dele me impressionou eu decidi eu tenho que virar comunista eí comecei a procurar contar com Os Comunistas
os advogados trabalhistas também foram vítimas da violência da ditadura no campo chamos entrevistamos muitas viúvas de advogados assassinados chegamos até a um número comprovado 50 advogados mortos no país e muitos deles da advogados da área trabalhista que defendia lá contra eh em ações trabalhistas de diversas empresas principalmente na área rural do Nordeste e por aqui e [Música] tal na Bahia o advogado de trabalhadores rurais Eugênio Lira é perseguido pela ditadura e pelo latifúndio e Eugênio foi contratado para ir lá para eh Santa Maria da Vitória e foi para lá e começou a fazer um trabalho
efetivo de assessoria de mobilização dos trabalhadores né de incentivar mesmo né a a a resistir a lutar pela terra né defender no no judiciário essas pessoas e isso incomodou bastante né a a grilagem ao ao latifun a todas esses outros aos ao processo que vinha sendo implantado lá na região Eugênio é assassinado quer dizer foi assassinado um advogado que defendia Trabalhadores Rurais que apoiava o movimento sindical trabalhadores rurais e que vinha depor numa CPI da grilagem quer dizer é uma uma ousadia extrema do Do late fundo ousadia extrema da pistolagem saber que é possível e
com o envolvimento de Delegado de Polícia de grandes fazendeiros C eh era uma prova da da ousadia né da certeza da impunidade que cercava os crimes do latifundio Operação Condor nos anos 80 apareceu por aqui um cidadão chamado bom o nome dele não importa o ambiente tá muito bom para lembrar o nome desse torturador chileno ele era ele representava codelco chilena aqui que é a companhia del cobre né do Chile e nós apuramos que esse cidadão estava envolvido Num Episódio gravíssimo que era pegar presos transportar para outros lugares no Chile e jogar do alto na
Cordilheira etc coisa que aconteceu no Brasil também e e nós descobrimos isso e e fazer o que com essa notícia né e e a polícia de São Paulo prender a gente não confiava na polícia aqui a época então nós bolamos com um grupo de jornalistas chefiados pelo Cloves Ross né sempre sempre as mesmas pessoas aí o Cloves Ross foi foi e fomos enquanto eles iam falar com falar com o o tal do coronel chileno eu e o luí Eduardo fomos ao sig Maringa que a época era diretor do Departamento Federal de justiça e o e
o Coronel recebeu de braços abertos jornalistas brasileiros achando que eles iam falar sobre a alta do cobre a importância da da indústria da mineração chilena tal e e então ele ele ele e a fotografia da Folha de São Paulo é o momento em que o clobes Ross fala para ele não nós vios falar sobre o helicóptero da Morte ele faz assim sai a foto e aí ele enfim nada declarar aquela história toda e nós estamos nós peticion ao sigmaringa para prendê-lo E aí havia uma uma história ou deport ou ou galo pela convenção alguma convenção
que pudesse né tenho a impressão que Brasil não era signatário da convenção contra tortura ainda que permite essas coisas né e enfim e aí o governo piroch tirou o torturador de lá e hoje ele já é condenado lá acho que tá até preso se não morreu tá preso eu não esqueço com Dr Belizário dos Santos Júnior e outros companheiros em Chile so pinochet tivemos uma audiência com o ministro do interior em pleno Palácio de L Moneda para pedir a ele que fossem respeitados aqueles companheiros nossos de direitos humanos que estavam sendo agredidos presos e torturados
foi um horror a audiência mas lá fomos eu recebo uma ligação dizendo que num certo endereço da Rua Botafogo no bairro Menino Deus e em Porto Alegre havia um casal de uruguaios com duas crianças que estavam desaparecidos Fi recebido num apartamento por uma uma jovem morena eh com os olhos nervosos a porta entra aberta eh tentando sinalizar com os olhos que havia algum problema no apartamento nesse momento ela é retirada de cena a porta se escancara e duas pistolas são apontadas para a testa minha e do esalco eh o esalco um homem forte um negro
corpulento e comigo um homem de bigode fez o sinal e me colocaram dentro do apartamento aí ele ficou desconcertado eu senti que ele não sabia como proceder com aquela emergência e esse rapaz de bigode sai da sala um certo momento Fica uns 10 minutos fora certamente foi pedir informações ao aos seus superiores aí volta o chefe me pediu os documentos eu me identifiquei e ele já tava mais Ameno porque ele sentiu que a situação era complicada e nos liberaram quando eu saí do apartamento eh para mim era tudo grego ali eu não não conhecia ninguém
e eu perguntei pro esalco se ele tinha Ah você reconheceu alguém esalco para minha sorte o maior fotógrafo de futebol do Brasil foi colocado frente a frente com um ex jogador de futebol Didi pedalada naquela função apenas O inspetor do dops orandir portá Lucas a partir da aposentadoria dele no futebol ele foi pro dops levado pelo delegado Pedro celig que vem a ser o maior nome da repressão no H Grande do Sul nós eh voltamos pra sucursal naquele exato momento diante da crise instaurada no apartamento que era para ser uma operação encoberta clandestina por ser
ilegal eles levantaram a a operação toda no apartamento e voltaram para Uruguai com a lan onde foram entregues para Oficiais do Exército uruguaio eu denunciei Naquela tarde era 20 de novembro de 1978 eu denunciei que um casal que morava na Avenida Botafogo foi sequestrado e que os possíveis autores do sequestro eram eh policiais eh do departamento de ordem política e social do Estado do Rio Grande do Sul e através de dois comunicados um deles dizia que eles foram presos a Lilian cilibert universindo dias e os dois filhos em dois automóveis por ter invadido clandestinamente o
território uruguaio portando armas e ial sedicioso e eu respondi para eles logo logo então como universindo a lía não sabar e como universindo concomitantemente poderia guiar ao mesmo tempo dois automóveis os militares uruguaios estão mentindo a importância da do caso de Porto Alegre é que todos os outros episódios são centenas talvez milhares de vítimas da Condor em toda a região do conçu a gente só sabia das circunstâncias e dos detalhes após os mortos aparecerem no Rio da Prata ou descobrir alguma alçada entregue algum lugar alguma denúncia mas depois do do evento realizado no caso de
Porto Alegre é a primeira e única vez em que a operação com dor é pega em flagrante delito inz e tien revela a casa da morte a inêz Etiene que escapou depois de escapar uma bela memória se lembrou do nome do caseiro que era às vezes falado o número do telefone que falado Ela ouviu de longe gravou localizou a rua foi lá localizou tudo certinho E aí fez uma visita montou uma visita Nossa me convidou por acaso além de advogado e perseguidos políticos eu era deputado federal foi mais um deputado outros advogados a imprensa toda
da maior a menor quando cheg lá o seu Mário loders não estava tinha saído quando ele chegou e eu disse Senhor conheço esta moça que era in e ti eu disse não não sei quem é sabe sim o senhor sabe quem é olha bem ela vai lhe dizer aí ela falou detalhes tá claro ele reconheceu e viu não não tem nada com isso eu não tenho nada com isso e tal começou não querer falar mais nada E aí foi quando houve os registros todas as falas possíveis e pesquisas que houve pela imprensa por mim deitada
e com os olhos vendados fui conduzida para uma casa que com o decorrer do tempo descobri situar-se em Petrópolis chegando ao local uma casa de fino acabamento fui colocada numa cama de campanha cuja roupa estava marcada com as iniciais c e centro de informação do exército fui várias vezes espancada e levava choques elétricos na cabeça nos pés nas mãos e nos seios nesta época Dr Roberto me disse que eles não queriam mais informação alguma estavam praticando mais puro sadismo pois eu já fora condenada a morte pedi-lhes que me entregassem a justiça militar que eu responderia
pelos meus atos negaram-me com um argumento de que sabia demais e em tom de desprezo disseram que o Superior Tribunal militar é Brando no julgamento de casos como o meu relato de ine eti David Capistrano foi deputado foi Líder político da esquerda foi dirigente do Partido Comunista e ficamos todos desejando que se ele fosse um dia sequestrado fosse pelo menos ao menos oficializarem a prisão dele pra gente poder atuar quando eh apanhado na fronteira foi passando por todos os Sofrimentos do caminho lá no do Rio Grande do Sul até ser trazido a uma das inúmeras
casas da Mor e que estavam instaladas então eles fizeram pior do que haviam feito com Tiradente não só o mataram na tortura como depois o esquartejaram e depois de esc cortejados retalharam partes desses quartos penduraram em ganchos tipo açou e penduraram no varal para aterrorizar todos os que estavam ou que seriam levados paraa casa da morte de Petrópolis ali no Caxambu isso se aconteceu em março de 74 nós ficamos sabendo logo em seguida porque havia um encontro marcado com ele ele deveria estar em São Paulo e a familiares do José Roman Disseram que ele não
voltou e aí nós tínhamos certeza que que ele tinha sido preso né até porque embora a gente tenha feito muito contato com autoridades com polícia procurado muito minha mãe pessoalmente foi assim bateu o Brasil inteiro à procura dele e fez muita denúncia eh e tudo mais mas nós tínhamos quase certeza de que ele não estaria vivo os militares sempre tiveram muita gana em todo esse povo que foi de C esses esses ex militares comunistas ele ele desapareceu em 74 e em 1978 eles absolveram todo o comitê central foi absolvido quando já tinham desaparecido 10 desses
pessoas foram absolvidos pela pela justiça militar PCB teve todo teve 10 dirigentes do comitê central desaparecidos pela DIT e nenhum deles até hoje houve nenhum reconhecimento do ponto de vista formal da Justiça o erro de datilografia que revelou o destino de Stuart Angel do Stuart é um julgamento memorável porque todo mundo sabia que estava julgando morto todo mundo sabia o conselho sabia e esse da Aeronáutica e tinha sido na aeronáutica Nós também sabamos tinha sido na aeronáutica porque nome do erg Jonas nós pedimos fizemos corp E pedimos informação a Marinha aeronáutica Exército e dops o
dops o exército a Marinha responderam que aquilo que Ofício perguntava hav preso por eles a aeronáutica respondeu que Stuart gar Gomez e na ficha do Sisa e n anotações da Aeronáutica tinha um Gomes Sargento se equivocou lá na hora aí era claro que era que na aeronáutica tinha acontecido eu tava ao lado de Zuzu quando ela no escritório do infelizmente já falecido Pedro po de alverga irmão deha inciado de alguma forma pelo menos parcialmente né A cruel execução do Stuart né atado a boca num C de descarga a mãe dele a famosa estilista Zuzu Angel
passou toda a sua vida a partir daí procurando pelo Cadáver do filho reclamando pela pela identidade dos assassinos eh apelando pros Estados Unidos quando kisser veio ao Brasil ela invadiu o corredor do do do do hotel e Entregou um doss em mãos pro kisser que ficou todo constrangido em desfile protesto no Consulado do Brasil em Nova York Zuzu Angel vestida de luto apresenta uma modelo que leva um canhão de guerra em uma gola e um anjo na outra ela desenhava vestidos com alusões a ditadura tanque gente morrendo gente ensanguentada essa mulher eh num certo dia
deixou na casa do Chico Buarque uma carta dizendo se algum dia acontecer alguma coisa comigo eu vier a morrer os responsáveis serão os mesmos assassinos do meu filho dias depois 14 de abril de 76 quando o comandante do estado do exército era Leon das Pires Gonçalves o caruia que ela dirigia sozinho despencou misteriosamente na madrugada no túnel dois irmãos aqui na Gá e ela morreu o delegado Cláudio guerra um homem do dops que acabou de lançar um livro muito polêmico chamado Memórias da Guerra suja ele acusa do seu livro O dood de ter sido Executor
da morte de ano antígona de sófocles né tem direito a enterrar o seu morto n a antígona ela cavou com as unhas né para enterrar o o irmão uma questão que sofocle antes de Cristo da antigoa nãoé é tá presente hoje Cadê o cadáver raz a família quer o corpo porque essa é é é a cultura ocidental e eles T direito ou não tem direito Cadê o Rubem pailo ou não tem o o o os filhos dele não tem direito de enterrar o pai enquanto não enterrar o pai é uma ferida aberta como não a
sorte que me reservas é um mal que não se deve levar em conta muito mais grave teria sido admitir que o filho da minha mãe jae sem Sepultura tudo mais me é indiferente se te parece que cometi um ato de demência talvez mais louco seja quem me acusa de loucura é a antigona de sófocles o assassinato dos que nunca Entraram na luta armada fiz uma tentativa em 1969 assim que comecei a me vincular a LN eh de trazer o Alexandre que era um primo praticamente irmão já em 70 ele no momento que eu tô aprofundando
a minha militância na organização ele começa a sua militância junto ao centro Acadêmico da geologia a USP ao DCE que era uma organização clandestina na virada de 72 já ocorre um episódio em que ele vem me visitar na casa de detenção e vem visitar depois de eu assistir muitas vezes para que ele não viesse então ele veio e eu entendo que a vinda dele a insistência de vir me visitar contra as recomendações minhas perigo disso aponta no sentido de que ele não tivesse o envolvimento que o do COD diz que ele tinha quando matou acusou
em março de 73 de ter participado de algumas ações Armadas e numa delas com todas a mais absoluta certeza na hora da ação armada ele tava eh passando por uma operação de apendicite que é a minha explicação de estudante de 2 anos de medicina eh e a cirurgia da apendicite foi do meses antes da morte dele então eu vou contar como foi eles se assustaram com a morte de Alexandre eu penso muito que em ruptura dos pontos internos então hemorragia abdominal gera um quadro de morte em poucas horas o jornal era entregue para nós censurado
na cadeia com algumas notícias recortadas e no final da tarde e o preso que fazia esse trabalho preso comum chega para mim e pergunta o que que Alexandre vanu Lem eu assustei Não entendi aquela pergunta vi que estava com o jornal eu falei é meu primo Por quê Falou Ah então meu meus pêsames tal né e me deu o jornal eu vi a notícia falsa estudante morre atropelado a ditadura forjava e fazia publicar notícias para encobrir seus crimes o Alexandre foi um Marco importante porque pela primeira vez houve então uma grande resposta não foi a
primeira vez que houve resposta em alguns casos já havia celebração de missa no caso do jornalista luí Eduardo merlino também os seus colegas do Jornal Estado de São Paulo tinham conseguido fazer uma celebração Mas a missa de Alexandre foi uma missa com 3.000 pessoas março de 73 gasta Azul mic Então quem foi para lá foi sabendo que podia ser preso Sérgio Ricardo quando vem cantar calabo ele tá colocando seu pescoço em risco Dom Paulo Evaristo celebrou Dom angé sândalo Bernardino com celebrou foi feita uma uma homilia quem canta traz um motivo cala boca moç que
se explica no Cantar cala boca moç meu canto é filho de aqu cala boca também tem seu calcanhar boa am por isso o verso é a boa que eu queria explicar oito nascido em 1911 José Ferreira de Almeida saiu de Piracaia para São Paulo fez carreira na guarda civil e com a extinção da Guarda em 1969 virou tenente da polícia militar segundo Nazaré sua esposa o tenente só tinha ideias avançadas demais pro período já que lutava por salários melhores e fazia reivindicações para sua categoria Paula saqueta Estado de São Paulo ele ficou preso numa cela
ao lado da minha eu fui preso no dia 3 e no dia 7 de agosto se não me falho a memória ele foi assassinado morreu so tortura enfado apareceu da mesma forma justicativa que Herzog Vladimir Herzog se apresentou espontaneamente para depoimento e as circunstâncias da morteo pris no caso do do vlado foi dado como enforcado como suicida fiel filho era Operário um homem ligado com a família o crime dele se é que se pode considerar esse crime né quer dizer um absurdo foi de que ele estava distribuindo o jornal a voz Operária entre os Metalúrgicos
os operários assim como nos casos de vanu lem Tenente Almeida e Herzog os órgãos de segurança forjaram também a morte por tortura do operário Manuel fiel filho declarando que ele se suicidara por enforcamento com as próprias meias a morte de esog no dia 25 de outubro de 1975 foi um acho eu um primeiro momento assim grave para a derrubada da ditadura né e uma preparação até para Anistia que acabou ocorrendo em 79 Anistia geral Eita Anistia Ampla geral e resp foi do lado daqueles que sofreram as consequências da ditadura militar que surgiu a ideia da
Anistia cresceu foi um grande movimento um sem número de comitês da Anistia atos pela Anistia a Anistia eh é alguma coisa que acabou punindo a a ditadura militar eh tirando a ditadura militar da sua condição de ditadura hoje por exemplo se discute muito a Lei de anistia e que hoje em tese estaria protegendo entre aspas os torturadores Os Perseguidores Os Assassinos e tal mas é que na época nós estávamos discutindo uma coisa que era Anistia Ampla geral e irrestrita não daria para ninguém ter uma bola de cristal e tá analisando isso pro futuro que essa
lei iria beneficiar aqueles caras de fato isso não houve não aconteceu era um avanço Eram quatro cinco passos pra frente e era o que se fez na época depois hoje fazer a história e descrever a história 10 anos depois é fácil daí você pode pôr todos os nóos conta naquela época em que [ __ ] era crime est nos reunindo para discutir Anistia pô aquela lei era o avanço em 82 Nós entramos com uma ação no Brasil uma ação interna Olha só em 1982 Nós já estamos no final de 2013 as vestes de 2014 até
agora é a sentença interna não foi executada Então essa sentença entraram 22 eh autores para saber do paradeiro as circunstâncias das mortes e a identificação de 25 guerrilheiros do Araguaia Então essa ação Demorou bom até hoje não foi executada então é uma ação muito lenta E aí em 1995 nós achamos que tínhamos que fazer alguma coisa aí levamos pra Comissão interamericana de Direitos Humanos em dezembro de 2010 a corte deu uma sentença favorável Aos familiares o que eu acho de mais importante na sentença é a seguinte é que ela ele diz ele tem um tem
lá um resolutivo que diz o seguinte Anistia brasileira não é impecilho para que aqueles que cometeram crimes de les à humanidade os Agentes do Estado sejam processados Então isso é muito importante porque ele não só atinge aos guerrilheiros do Araguaia Mas aos quatro aos quase 500 mortos e desaparecidos do Brasil 1980 houve a bomba na na OAB né que vitimou Dona Lira Monteiro em 1981 A bomba no Rio Centro os setores e vulgarmente chamados de linha dura né da das Forças Armadas sobretudo do exército ainda resistiam a qualquer possibilidade de democratização do país o Fim
da Ditadura a luta por liberdade sempre eu acho que o advogado tem que ter fundamentalmente uma concepção humanista ou humanística humanista não sei eh e o que leva é se você tem essa concepção a sua capacidade de se indignar diante das coisas se você tiver essa capacidade de se indignar pouco importa se você é eh de esquerda ou de direita for é uma questão de de humanidade eu vejo assim e a e não podemos de forma nenhuma eh eh é um dever do advogado ter um compromisso com a justiça não meramente com a lei a
lei de uma forma fria não é nós atendíamos muitas pessoas a nossa vida particular privada estava inteiramente eu eu subordinada né e associada a essa vida profissional e Pública não havia momento em que nós não estivéssemos disponíveis para todas as pessoas que precisassem para todos ess situações que envolvessem eh um risco assim maior pro outro ao mesmo tempo que nós tivemos um momento de muita dificuldade aonde nós nós fomos a todo momento testados na nossa coragem a vida deu a possibilidade de nós estarmos com as melhores pessoas nesse país eu não tenho dúvida de dizer
isso eu eu penso mesmo que o o passado é a o DNA da sociedade na medida em que a história do Brasil no seu decorrer vem repetindo uma política de estado eh de violência contra setores da população eh para não ir muito longe e a gente pega massacre de índios escravidão na República nova os vários episódios tentando sufocar os movimentos populares na ditadura Vargas ah a violência contra os seus opositores e na na ditadura militar de civil militar de 64 a 85 o as forças armadas que eram eliminar qualquer tipo de de oposição né Eh
houve uma grita generalizada contra a violência praticada contra os presos políticos eh porque na época a maioria das vítimas do Estado eram da classe média e os filhos da classe média sofrendo a mesma violência que o homem do Povo historicamente vinha sofrendo que era o pau de arara a falta de advogado a falta de habas Corpos quando isso atingiu a classe média aí houve uma grita essa mesma violência que veio historicamente e passou pela pelas duas ditaduras hoje Ela atinge o homem do Povo e ninguém faz nada pelo contrário há setores que concordam com a
ideia de que bandido bom é bandido morto lembrar o que aconteceu lembrar quem resistiu e tentar impedir que as mesmas condições se reproduzam mas fundamentalmente considerar como a divergência como algo comum como algo que deve ser incentivado a a divergência não é não é senão uma coisa Sadia da Democracia divergir eh ter outra opinião poder expressar essa opinião não é e ser respeitado enquanto isso isso aa a grande lição que se tira dessa história toda houve muita gente que pagou com sangue pagou com a vida para que a gente pudesse é enfim e outras contribuições
pessoas que nunca morreram né e e tão tão vivas por aí acho que é contribuição que elas deram é exatamente essa que a gente possa eh proceder com respeito é construir uma sociedade quer dizer se não tão justa contra a constituição exige pelo menos solidária humana né que a gente que essa experiência sirva né pr pra nossa história e pro nosso futuro do salário injusto da punição injusta da humilhação da Tortura do terror retiramos algo e com ele construímos um artefato um poema uma bandeira recito esses versos de Ferreira G para concluir que da tristeza
a esperança do Poder brav dos Advogados a resistência ao arbítrio das feridas ainda abertas e daade de Justiça nesse filme Tudo é uma bandeira um poema umaoração para o debate que a sociedade brasileir não evit um debate sobre memória verdade e justiça [Música]