(música ao fundo) Bem vindos ao nosso canal YouTchube com o "Falando nisso" de hoje. E primeiro aviso de que nossa produção está trabalhando na passagem, na quantificação dos episódios do "Falando Nisso" no formato de podcast então quem tem interesse em ter acesso a esse material apenas pra, assim, na forma de áudio As instruções estão aqui na aba do nosso canal do lado do famoso Aqueronta. Mas vamos à nossa pergunta dupla de hoje.
Samuel Vinícius: parabéns pelo trabalho, professor Christian, acompanho todos seus vídeos e aprendo muito com eles na qual fica cada vez mais instigado estudar sobre os assuntos sou estudante de psicologia e gostaria de entender mais o que Freud escreveu em um de seus textos: "Recordar, repetir elaborar" Fico no aguardo. Ricardo Psi faz uma pergunta complementar: Bom dia, prezado Samuel, creio que possa articular esse texto de Freud com o de Lacan. A saber: o tempo lógico, instante de ver, tempo de compreender e momento de concluir.
Pode se pensar a respeito? Acho que pode sim, Ricardo E eu vou tentar responder, então, as duas questões de forma cruzada " Recordar, repetir e elaborar" talvez seja o texto mais lido e mais interessante desse conjunto de pequenos escritos conhecido como "Escritos sobre a técnica". Nesse texto de 1914 o Freud vai sintetizar o que a gente faz na análise.
A análise, se tivesse uma palavra sintética para defini-la, a gente faz isso né: a gente lembra, a gente recorda, a gente rememora, a gente retorna à origem e à arqueologia dos nossos sintomas, a gente retorna aos nossos desejos esquecidos esquecidos a gente retorna àquilo que foi a nossa infância mas a gente não retorna a isso por um gosto, assim, museológico. A gente não retorna a isso porque porque haveria uma espécie de fetiche lá no passado que seria assim intrinsecamente importante. A gente retorna a isso para reinventar um outro futuro.
Por isso o texto é: "Recordar, repetir Wiederholung, Wiederholung, tomar de novo repetir e elaborar" Porque enquanto a gente não recorda (essa é a regra primeira da análise) a gente repete e quanto mais a gente experimenta a nossa vida como uma repetição sem sentido repleta de repetições que se impõem a nós, repetições coercitivas e repetições que a gente atribui assim à "força mágica do destino" ou então à maldade dos homens, ou então azar quanto mais a gente está assim sentindo a vida como um conjunto de repetições, mais a gente está preso o que é uma espécie de presente Presente que não passa. Presente que não anda. Presente que faz a gente pensar que a gente está (e sentir) que a gente está parado na vida.
Que que é isso? Uma definição mais simples do que que é neurose. E por que a gente está parado na vida?
A resposta do Freud é que é porque a gente interrompeu esse trabalho, ou então tá tendo dificuldades nesse trabalho de, a partir do presente, ir ao passado e projetar um futuro daí então recordar recordar que, a partir do presente, a partir dos nossos sofrimentos dados, a partir dos nossos enigmas. . .
Levar a sério nossos enigmas. E ir para o passado, né, mas um passado que é revivido na relação de transferência que é encenado que é reatualizado. Não é uma lembrança meramente cognitiva, mas afetiva também.
Recordar e Elaborar. "Durch Arbeiten", então, Arbeiten quer dizer trabalho e Durch é uma preposição que indica "através de", então trabalho através de atravessar a algo. Atravessar o que?
A repetição Atravessar o nosso passado, nosso presente, rumo à então uma elaboração possível, uma elaboração desejante do nosso futuro. Então, a gente pode dizer que um tratamento psicanalítico diz, o Freud (a gente tem as entrevistas preliminares) mas ele começa uma das frases clássicas desse trabalho é: "O tratamento psicanalítico começa, sobretudo, com uma repetição. " Ou seja, quando aquilo do que eu falo, a minha história se reatualiza, se repete na relação com o psicanalista As vezes, essa repetição é tão dramática, ela é é tão intensa, que ela interrompe o tratamento muitos começos de análise a gente já espera isso.
Eles são subitamente as interrompidos, porque a pessoa ela reage àquilo que ela descobre né tanto no sentido de "Ah, já sei todo o enigma da minha vida" quanto no sentido de "Me angustio com isso, isso é um abismo, eu vou embora" o caso que o Freud narra aqui, daquela mulher que diz assim: "Olha, eu não sei o que acontece, mas inexplicavelmente nos meus romances acontece o abandono. as pessoas me deixam, há uma interrupção eu não sei o que eu faço, o que o outro faz. .
. " o Freud se interessa por isso, mas duas semanas depois ela some da análise. Ou seja, ela repete com o Freud aquilo mesmo do que ela estava se queixando sem se dar conta sem se dar lembrança de que aquilo é uma repetição.
o momento subseqüente é quando o paciente se articula, né. Ele sai da queixa e vai para os sintomas. Antes de tudo, o início do tratamento leva o paciente a mudar a sua opinião consciente em relação à doença.
Usualmente, ele se contentava em se queixar dela, desprezá la-como uma bobagem, sabe, uma tolice subestimar a sua importância "Ah, isso é uma coisa que é uma fase, daqui a pouco eu resolvo": mas de resto continuava com o comportamento recalcante em relação às suas manifestações, adotando a política do avestruz. Ou seja, isso é um problema, isso é um problema na minha vida, eu sei que é. Mas eu não quero olhar pra isso, então eu ponho a cabeça debaixo da terra né, então.
Política do avestruz contra as origens da doença. Não quero saber de onde isso vem. Por isso Freud compara a neurose com assim uma bela donzela que chega de uma hora para outra numa cidade, que a gente não sabe a história dela, e assim tão inesperadamente como ela chegou ela vai embora então o trabalho mais difícil da análise é passar dessa repetição da transferência para uma elaboração.
Por isso os clínicos brincam dizendo "ah, Recordar repetir repetir repetir repetir repetir e elaborar" A gente repete muito. Tem momentos em que a gente diz não aguento mais lembrar disso, não aguento mais falar disso e esse momento agudo na neurose, esse momento angustiante que o Freud chamava de neurose de angústia né é um momento muito propício para o que ele também descreve nesse trabalho que é o Actin Out: as coisas que eu não quero lembrar, que eu não quero enfrentar, eu vou e eu faço. É, eu ajo na vida né eu eu atuo.
Por exemplo, um paciente é analisado pelo Lacan, (passando para a segunda parte da pergunta né) que se sentia um plagiário, que se sentia um cara que roubava as idéias do outro, dos outros. E o analista diz "não, você não é plagiário coisa nenhuma, eu fui na biblioteca e eu vi que suas ideias são originais. " Quando o analista diz isso, o que o paciente faz?
Ele diz assim: Engraçado, desde que você me disse isso, eu saio das sessões e tenho que ir para um determinado restaurante comer miolos frescos cérebros fresco, que é um prato, ou uma iguaria francesa. Mas nesse caso esse "tenho que ir" e o próprio ato então de comer os cérebros, de comer as idéias do outro né virtualmente simbolicamente é uma resposta à intervenção equivocada do analista intervindo assim na realidade não é tentando desmentir o sintoma ignorando o fato que que aquela pessoa achava que ela era um plagiário, que ela era uma pessoa que roubava as idéias do outro e essa tríade, né, "recordar, repetir, elaborar" tem tudo que ver com o tempo lógico e a serção da certeza antecipada ou o tempo lógico do Lacan. Então, o que se dá num momento do instante de ver você dá a um sujeito que responde imediatamente né a sua questão e nessa resposta imediata, ele repete.
O que vem no monumento do tempo de compreender né esse tempo da elaboração esse tempo em que a gente remói as coisas, em que a gente lembra mas elas as coisas não se juntam, as coisas não não se dão né e haveria então um terceiro tempo que seria um momento de concluir em que assim a força da repetição se junta com a força da lembrança projetando então um momento de concluir que é quando a gente encerra a sessão quando uma sessão acaba depois de terminar sujeitar a rua mas ele clica e tem aquele insight é quando o sujeito dá um passo na vida é quando ele se separa do outro né então há uma relação muito direta entre esse trabalho onipresente na psicanálise no tratamento recordar, repetir elaborar e o instante de ver, tempo de compreender tempo de compreender, tempo de compreender e momento de concluir quem quiser receber mais fragmentos repetitivos repetitivos e elaborativos e rememorativos do Falando Nisso clique aqui no Aqueronta Movebo o senhor da bargaça dos infernos e que é o senhor do tempo e da memória também para os gregos. Um abraço.