Olá, minha gente. A resenha de hoje é mais que especial. É desse livraço: A história das ideias pedagógicas no Brasil, História das ideias pedagógicas no Brasil do Dermeval Saviani publicado pela Autores Associados.
Esta edição que eu tenho em mãos é de 2021 e tem aqui quase 500 páginas, 490 páginas. Minha gente, este recomendadíssimo livro, ganhador do prêmio Jabuti na categoria educação, psicologia e psicanálise em 2008 cobre definitivamente toda a história da educação brasileira desde suas origens indígenas até os nossos dias atuais. O texto da contracapa diz que os professores em especial tem nas mãos um instrumento de grande utilidade para o desenvolvimento do trabalho com os alunos em sala de aula tomando esta obra como roteiro asseguram aos estudantes uma visão do conjunto da educação brasileira em sua trajetória histórica e vai longe.
Esta obra é iniciada como uma super consistente introdução esclarecedora de como se deu o projeto da obra em questão, desde as suas questões teóricas relativas ao conceito de história das ideias pedagógicas no Brasil. Saviani divide a história das ideias pedagógicas brasileiras em quatro períodos e totaliza na obra 14 capítulos. O primeiro período é denominado as ideias pedagógicas no Brasil entre 1549 e 1759 dedicado ao monopólio da vertente religiosa da pedagogia tradicional e discute a colonização e a educação no Brasil.
No capítulo 2 deste primeiro período ele trata do que denomina de pedagogia brasílica e ele usa essa terminologia em outras obras, que vai de 1549 a 1599. Aqui entra a educação indígena, as ordens religiosas e a educação colonial. Finalizando o primeiro capítulo, o primeiro período no capítulo 3 denominado a institucionalização da pedagogia jesuítica ou a Ratio Studiorum que vai de 1599 a 1759.
Este Capítulo cobre os antecedentes da Ratio Studiorum, que foi o plano de estudos da Companhia de Jesus, a abrangência das suas regras e o sentido e o êxito do ideário pedagógico de Santo Inácio de Loyola. O segundo período da história das ideias pedagógicas no Brasil intitulado as ideias pedagógicas no Brasil entre 1759 e 1932 trata da coexistência entre as vertentes religiosa e laica da pedagogia tradicional. Nesse segundo período está o capítulo 4 onde Saviani trata do que ele denomina de a máquina mercante e as metamorfoses na educação.
Aqui ele trata dos Jesuítas e o sistema Mercantil e da administração temporal dos bens divinos. No capítulo 5, as ideias pedagógicas do despotismo esclarecido entre 1759 a 1827. Para refrescar sua memória, o despotismo esclarecido foi uma maneira de governo exercida por reis entusiasmados pelos ideais iluministas de filósofos franceses da segunda metade do século XVIII.
Esses caras governavam de forma arbitrária concentrando os poderes em torno de si. A palavra déspota vem do grego despotes que significa "senhor". Neste capítulo temos Marquês de Pombal e o Iluminismo português, a reforma dos estudos menores que foi a reforma pombalina do ensino elementar e do ensino secundário, a reforma dos estudos maiores que hoje corresponde ao ensino superior, que muda os estatutos da Universidade Coimbra introduzindo pela primeira vez as Ciências da Natureza nos seus currículos.
Saviani discute também a reforma das escolas das primeiras letras que busca expandir a formação primária no império e faz um rico panorama das ideias pedagógicas do pombalismo. Fala da Viradeira de Dona Maria I e a persistência do pombalismo, e as reformas pombalinas no Brasil. Este curioso episódio histórico pode ser assim resumido: Dona Maria I, a louca, assume o trono de Portugal na morte do seu pai Dom José I em 1777.
Ops, louca ainda não. Vai ficar louca em 1792 e é substituída por seu filho o Príncipe Dom João que será mais tarde Dom João VI. Quando assume o trono ela demite o Marquês de Pombal que era seu rival político.
Para se fortalecer ainda mais na derrubada de Pombal, o que é que ela faz? Ela promove uma aliança com a Inglaterra ou melhor, ou pior, torna Portugal novamente dependente da Inglaterra. Seu governo foi denominado de a Viradeira pelas medidas radicais que tomou para vetar as decisões pombalinas, a única exceção foi não vetar a expulsão dos Jesuítas do Brasil.
Para refrescar sua memória foi durante seu governo que aconteceram revoltas emancipatórias da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana. No capítulo 6 ainda no segundo período intitulado desenvolvimento das ideias pedagógicas laicas que foram o ecletismo, o liberalismo e o positivismo que vai de 1827 a 1932. Aqui Saviani trata de Silvestre Pinheiro Ferreira que fora filósofo português que vai influenciar a construção de instituições no império Luso-brasileiro.
Traz também as ideias pedagógicas nos debates da Assembleia Constituinte de 1823, das ideias pedagógicas e o problema nacional da instrução pública a questão pedagógica nas escolas das primeiras letras, as ideias pedagógicas da reforma Couto Ferraz e da reforma Leôncio de Carvalho, aos quais já foram referidos nas resenhas que fiz aos livros do Legado Educacional Brasileiro do século XIX e do século XX, dois livros cujo link está aí no canto superior direito deste vídeo. Então Saviani nos traz ainda o Barão de Macaúbas, cujo nome verdadeiro era Abílio de César Borges, ilustre professor baiano, Barão de Macaúbas foi um título dado a ele pelo Império. Saviani vai falar também das novas exigências produtivas da época e suas influências na educação nos contextos da abolição e da instrução, fala também da ideia de Sistema Nacional de Ensino que começa a emergir; do advento dos grupos escolares, as ideias pedagógicas republicanas, a reação católica e as ideias pedagógicas não hegemônicas.
No terceiro período dessa história das ideias pedagógicas no Brasil denominado as ideias pedagógicas no Brasil entre 1932 e 1969, portanto nós já estamos chegando aqui na nossa contemporaneidade. Saviani conversa sobre o predomínio da escola nova. Este terceiro período tem dois capítulos, o 7 e o 8.
No 7 aborda o fordismo e o keynesianismo, termo que se refere a um economista estadunidense John Maynard Keynes que dizia da incapacidade do capitalismo de promover o bem-estar social. Esse cara fundou o FMI. No Capítulo 8 Saviani conversa conosco sobre o equilíbrio entre a pedagogia tradicional e a pedagogia nova que vai de 1932 a 1947 e aqui nos traz Lourenço Filho e as bases psicológicas do movimento renovador, Fernando de Azevedo um cara super importante na história da educação brasileira e as bases sociológicas das reformas do ensino trazidas por Anísio Teixeira e dos antecedentes do Manifesto dos Pioneiros da educação nova de 1932.
Ainda no terceiro período da história das ideias pedagógicas no capítulo 9 denominado predominância da pedagogia nova Saviani vai tratar de um cara chamado Clemente Mariani, esse período vai de 1947 a 1961. Clemente Mariani foi um advogado, empresário, jornalista, político, professor, ele chegou a ser deputado federal, foi também presidente do Banco do Brasil, foi ministro da Fazenda, foi ministro da educação e suas relações com a primeira LDB; discute o conflito entre escola particular e escola pública desde o predomínio da pedagogia nova, a renovação católica. Finalizando o terceiro período da história das ideias pedagógicas no Brasil no capítulo 10 intitulado crise da pedagogia nova e articulação da pedagogia tecnicista que vai de 1961 a 1969 Saviani trata da LDB já aprovada, trata também do PNE de Anísio Teixeira, o Plano Nacional de Educação.
Então veja, a gente tá em 1961 até 1969 e aqui gente já tem borbulhando nas políticas educacionais uma LDB, o PNE de Anísio Teixeira e Saviani também traz uma discussão sobre a Cades de Lauro de Oliveira Lima, o cara que traz Piaget para escola secundária. Então vale aqui uma informação adicional a Cades era a sigla para Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário que foi criada em 1953 pelo Governo Federal para qualificar o ensino secundário no Brasil. No Ceará onde foi expoente foi coordenada pelo grande Lauro de Oliveira Lima que foi advogado, pedagogo, filósofo cearense, pioneiro do método psicogenético de Jean Piaget.
Saviani nos traz Paulo Freire e a emergência das ideias pedagógicas libertadoras e finaliza discutindo o apogeu da crise da pedagogia nova. No quarto e último período da história das ideias pedagógicas no Brasil intitulado ideias pedagógicas no Brasil entre 1969 e 2001 portanto já chegando, Saviani denomina de configuração da concepção pedagógica produtivista. Este quarto período tem o Capítulo 11 intitulado a educação na ruptura política para continuidade sócio-econômica e aqui ele trata do estado do regime político e desenvolvimento do Brasil após 1930, desde a escola superior de guerra e a doutrina do modelo econômico versus ideologia política no regime militar e também da emergência e ainda mais da predominância da concepção produtivista de educação.
No capítulo 12 deste período temos a pedagogia tecnicista que vai de 69 a 80 e aqui Saviani nos fala de um cara chamado Valnir Chagas, um educador a serviço da ditadura brasileira, um educador civil a serviço da ditadura brasileira. Como diz Saviani literalmente aqui nessa obra ele cumpriu sob medida o papel de ideólogo educacional no regime militar e Saviani discute suas influências das reformas de ensino e na concepção da pedagogia tecnicista. No capítulo 13 intitulado ensaios contra-hegemônicos aqui entra as pedagogias críticas, buscando orientar a prática educativa que vai de 80 a 91.
Aqui Saviani trata da organização e da mobilização do campo educacional da circulação das ideias pedagógicas das pedagogias contra-hegemônicas e no último capítulo, o 14, intitulado neoprodutivismo e suas variantes e quais são suas variantes do neoprodutivismo o neoescolanovismo, o neoconstrutivismo, o neotecnicismo que vai de 91 a um dia desses, 2001. Trata das bases econômico-pedagógicas ou o neoprodutivismo e a pedagogia da exclusão advinda das bases didático-pedagógicas do aprender a aprender e a sua dispersão pelos diferentes espaços sociais ou o neoescolanovíssimo, as bases psicológicas e a reorientação das atividades construtivas da criança ou o neoconstrutivismo, a tal pedagogia das competências, as bases pedagógicas e administrativas ou pedagógico-administrativos como queiram, a reorganização das escolas a redefinição do papel do estado numa perspectiva neotecnicista, a tal famigerada qualidade total e a pedagogia corporativa. Minha gente, nós profissionais da educação, temos mais que a obrigação de conhecermos a história da educação brasileira, seus avanços, seus retrocessos, suas contradições.
Pois essa história assim posta nos serve como uma potente lente para nós examinarmos a educação dos tempos atuais e sobretudo projetarmos o porvir. Então minha gente, história das ideias pedagógicas no Brasil, Dermeval Saviani, Autores Associados, 490 páginas. Eu espero que você tenha gostado dessa súmula e espero que se apropriem desta obra e sigamos esperançando.
A hora do marketing! Por favor inscreva-se neste canal assim você ajuda a mantê-lo vivo e é abastecido de conteúdos importantes sobre educação, formação de professores, literatura para crianças e narrações das minhas histórias e por favor então curta, comente, compartilhe nas suas redes e nas coordenações pedagógicas da sua escola, ative por favor também o sino de notificações e dedique um tempinho para conhecer as minhas obras e as minhas palestras no meu Website simaodemiranda. com.
br, siga-me também no instagram @simaodemiranda. Você tem notícias frescas e conteúdos úteis para você seus filhos e seus estudantes.