um grande jovens belezinha estamos aqui mais uma vez que ele disse queridas para falar do que de obra literária e hoje a gente vai falar do livro quarto de despejo Diário de Uma f******* da autora Carolina Maria de Jesus vem comigo vamos dar uma olhada então no Que esse diário tem para dizer para gente leio logo escrevo a E aí É só para falar sobre esse livro A gente já tem que começar falando um pouco a respeito do tipo de texto e também falando a respeito da autora como o subtítulo já nos entrega trata-se de
um diário né Pega lá o título inteiro né quarto de despejo Diário de Uma f******* tá e quando a gente fala de um diário a gente fala sempre de um tipo de narrativa pessoal com algumas características importantes antes de qualquer coisa um diário é feito pelo autor ou autora e para ele mesmo ou para ela mesmo tá então a gente não tá pensando em um livro que foi feito já pensando em um público leitor não é pensando em características editoriais não a Carolina Maria de Jesus escreveu esses diários aí tá Depois a gente vai ver
que era um vários cadernos ela escreveu a princípio para ela mesma posteriormente Isso aí foi né atingiu o grande público tá isso já nos traz também uma característica do ponto de vista de foco narrativo a gente vai ter um livro narrado em primeira pessoa tá no qual a própria Carolina fala a respeito do dia a dia dela a em meio Onde Ela vivia fala dos familiares né fala dos vizinhos e da realidade social que a cercava Então já anota aí esses Pontos importantes a respeito do tipo de texto pessoal nesse diário a Carolina Maria de
Jesus na verdade vai falar a respeito da vida dela lá em torno dos anos 1950 e 5960 beleza e ela vai falar de como Ela vivia na favela do Canindé que foi uma das primeiras favelas aqui em São Paulo Ok hoje pessoal essa favela já não existe mais e hoje na verdade ela virou um pedaço na Dilma das Pistas da Marginal do Rio Tietê tá então hoje não tem nada lá além de uma pista Ok mas entre 1950 o 960 que é não é um momento em que se passa o nosso diário aí a era
uma favela então favela grande favela importante na cidade porque porque tava crescendo muito pior já tira da sua cabeça essa imagem que nós temos das favelas de hoje né Essas favelas com muitas Casas de Alvenaria muitas casas com tijolos blocos E por aí vai não pessoal tá a gente tá falando de um tipo de favela formada só por casinhas de madeira mesmo era madeira pregado ali em cima do chão de terra Ok então é essa imagem que você tem que ter para entender qual era o espaço que cerca o que cercava a nossa autora barra
narrador a Os relatos do nosso diário pessoal vão de 1955 a 1960 beleza porém os anos de 1956 1957 não estão no Diário Então a gente vai te em 955 depois 1958/1959 e apenas um dia do ano de 1960 só o dia primeiro de janeiro e quem foi exatamente a Carolina Maria de Jesus pessoal pensa em uma mulher negra mãe solteira nascida no ano de 1914 em Minas Gerais ou seja durante aí né a narrativa no Diário ela tem em torno Alina dos 42 43 anos de idade beleza a e a gente tem uma moradora
então de uma área periférica da cidade grande joia daqui a pouco inclusive vocês vão ver que tem uma grande metáfora inclusive aí no título desse livro ai conta importante tá a Carolina pessoal ela mesma depois de muitas entrevistas ela sempre disse que ela só teve acesso a dois anos de estudo formal ou seja ela se auto define a como alto Ah tá então ela estudando Como como é que ela pegou o gosto pela escrita e pela leitura tá pessoal ela era catadora de lixo ok é o que ela fazia para sobreviver nessa favela tá E
ela né Entre esses lixos que ela cá tava né para tentar a sobreviver para tentar vender aí ela às vezes achavam os livros velhos os cadernos tá E aí que ela ia lendo escrevendo e ela acabou pegando o gosto pela escrita e também pela leitura mais de uma maneira bem né é pessoal bem autodidata mesmo já que a gente falou um pouco do formato do texto agora a gente tem que falar do conteúdo pessoal aqui a gente não tem exatamente uma narrativa constante né com começo meio e fim na verdade não a gente tem cada
dia sendo narrado com o próprio começo meio e fim Ah então ela narra um dia depois ela na rua outro e não necessariamente Esses dias vão apresentar conexões bom então muitas vezes quando ela narra o que aconteceu em um dia dela aquele dia começa e finaliza naquela própria página e as narrativas as vezes são bem curtinhas mesmo às vezes ocupam uma página uma página e meia às vezes meia página tá então você teria bem entre aspas micro capítulos aí né Cada dia que ela vai narrando fecha-se em si mesmo e nesse dia a dia pessoal
já Anota aí o que a gente tem é uma narrativa de denúncia a vida na favela do Canindé não é nada fácil então vai falar muito a respeito de dias em que ela passa fome ela vai falar a respeito da pobreza ela vai falar a respeito né dá vontade que os três filhos dela tem de ter alguma coisa ela não consegue dar porque ela é pobre a ela vai falar a respeito do fato de ser uma mãe solteira de três crianças adolescentes aí tá e o quanto ela é ali na favela do Canindé ela é
vista de maneira preconceituosa e os vizinhos isso é interessante porque quebra uma série de estereótipos de paradigma na verdade muitas vezes a sociedade nutre ideias a respeito da favela e ela vai desconstruindo ela vai mostrando a visão interna da favela a visão de quem está lá dentro Isso já é outro ponto bem importante para você anotar aqui pessoal a gente não tem uma análise da favela uma análise da Periferia né A partir ou de um sociólogo de um Historiador de um cientista social não aqui a gente tem a imagem a partir de quem mora lá
tudo é que no subtítulo nós temos lá né Diário de Uma f******* então é a visão de quem tá lá dentro falando a respeito de todas as tretas todas as dificuldades pelas quais ela passa meu e o negócio é pesado lá para você ter uma ideia pessoal ela fala a respeito da treta que era buscar água por quê Porque tinha uma torneirinha ali na favela e a favela inteira disputavam aquela torneira Então ela tentava aí em alguns e relativos ela acordava mais cedo para poder fazer duas coisas às vezes busca a água ela acordava por
volta das quatro da manhã você ter uma ideia tá E às vezes também quando ela conseguia buscar água rápido ela aproveitava um horário Zinho antes de sair para catar lixo ela aproveitava para ler e escrever Então olha a paixão pela escrita transcendendo todas essas dificuldades que ela encontrava no cotidiano dela para você ter uma ideia do peso da pobreza né dessa incapacidade dessa sensação de impotência em relação à vontade dos filhos ela não podia fazer muita coisa meu dá uma olhada nesse trechinho que eu separei aí para você se liga só Aniversário de minha filha
Vera Eunice eu pretendia comprar um par de sapatos para ela mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos atualmente somos escravos do custo de vida eu achei um par de sapatos eu lavei e remendei para ela calçar pesado né você viu aí que a vida de fato não é fácil né então ela vai falando muito a respeito dessas ideias na ideia da pobreza da impotência diante do custo de vida e tal você é bastante importante o pessoal detalhezinho aí também que você tem que reparar né se você reparar bem vai
perceber que a gente tem aí ó gêneros alimentícios tá escrito de uma maneira gramaticalmente errada tá faltando assento aí não tá mas que será que aconteceu o lance pessoal aqui é o seguinte tá do ponto de vista editorial algumas coisas de fato foram arrumadas né nesse livro foram consertados tá para que ele tivesse uma saída melhor para o grande público mas muitas coisas da escrita original dela como autora foram mantidas e uma pessoa que só teve acesso Há dois anos de educação formal fatalmente teria alguns lapsos de educação alguns lápis e por exemplo tá então
essa falta de acentuação e às vezes até uma ortografia gramaticalmente errada foram tudo instante beleza foram mantidos para tentar manter exatamente o que a essência do livro A Essência da escrita dela tem um outro trecho bem forte aí também pessoal no qual ela destaca a ideia da fome o conto a fome muitas vezes apertava meu se liga nesse textinho aí e pega o peso da fome no cotidiano dela está chovendo eu não posso catar papel o dia em que chove eu sou mendiga já ando mesmo para poder e suja já usa uniforme dos indigentes E
hoje é sábado os favelados são considerados mendigos vou aproveitar a deixa a Vera não vai sair comigo porque está chovendo ajeitei um guarda-chuva velho e achei no lixo e sair fui no frigorífico ganhei uns ossos que serve faça uma sopa já que a barriga não fica vazia tentei viver com ar comecei a desmaiar então eu resolvi trabalhar porque eu não quero desistir da vida é meu pois é negócio não tava fácil negócio não era fácil tá ver que a fome apertava e inclusive pessoal a forma é um elemento extremamente recorrente nessa obra ela fala muito
a respeito do quanto a fome afetava e o quanto ela se sentia pior ainda por ver os três filhos com fome tá então a questão da Fome extremamente presente nessa narrativa aí pessoal no final das contas esse livro Como eu já te Adiantei é uma grande narrativa de denúncia denúncia da vida pobre denúncia da vida na periferia o quanto as autoridades de maneira geral esquecem lá na periferia da favela e deixam de lado e aqui como eu já Adiantei também a gente tem uma visão de quem mora lá isso faz toda a diferença E para
finalizar Olha que interessante a gente tem que falar sobre esse livro associando O pessoal esse livro A um cara um Jornalista chamado audálio Dantas porquê que esse cara é importante para nossa narrativa pessoal o audálio Dantas na verdade foi quem descobriu a narrativa que é que a gente tá vendo hoje tá foi ele quem descobriu a nossa autora Beleza e com uma coisa rolou ele era jornalista na época e põe né é enviado a trabalho lá para favela do Canindé para fazer uma reportagem sobre o crescimento da favela chegando lá ele ouviu falar a respeito
de uma moradora que escrevia foi lá que ele conhecer e se apaixonou pelos 20 cadernos que ela tinha lá né É contando o próprio dia a dia dela ele mesmo chama né de 20 cadernos encardidos né mas que continham ali histórias maravilhosas então ele foi o cara que Primeiro pega essa sacada falou meu essa mulher aqui é uma escritora G e a gente precisa dar um jeito de trabalhar melhor que isso aqui e no prefácio do livro pessoal o próprio audálio Dantas escreve lá e garante que ele alterou pouquíssimas coisas para fins editoriais né Ele
disse que Ele retirou algumas coisas que estavam muito repetitivas provavelmente por isso a gente não tem os anos de 1956 1957 a ele fala que ele arrumou um detalhe outro de pontuação também beleza e ficou para aí a manter e outros detalhes de ordem por exemplo de acentuação e ortografia como a gente viu aí né se tem algumas palavras escritas de Fato né gramaticalmente Falando de forma errada tá então a gente tem esses detalhes editoriais aí também por parte do audálio Dantas E é claro que na época a crítica literária não recebeu muito bem apesar
do livro ter vendido demais a crítica literária desconfiou claro né aquele velho estereótipo uma moradora da favela um livro Com tamanha qualidade hum não sei não os caras desconfiaram e a respeito dessa desconfiança pessoal o poeta Manuel Bandeira ninguém mais ninguém menos que o Bandeira disse o seguinte a respeito da obra e a respeito da Carolina Se liga ninguém poderia inventar aquela linguagem aquele dizer as coisas com extraordinária força criativa mais típico de quem ficou a meio caminho da instrução primária maravilhoso em o Bandeira entendendo o seguinte não meu o livro dela assim é original
sim é autêntico na ele define da maneira como você viu reconhecendo a primazia do livro apesar de ter de fato algumas falhas aí de ordem gramatical E por aí vai né típicas de quem não tem acesso a uma educação formal tá então toda essa fórmula aí na visão do Bandeira sim é responsável pela criação pela um livro extremamente autêntico e original bom pessoal finalizamos aqui então e não se esqueça que nós estamos tratando de um diário Toda vez que você for ler um diário então não adianta ficar preocupada em decorar a historinha porque não tem
exatamente uma historinha começo meio e fim você não tem que decorar nada disso lá você tem que entender que essas pequenas partes essas pequenas narrativas do dia a dia formam sempre um conjunto maior formam o todo que no caso é o nosso quarto de despejo estabelecendo aí uma metáfora interessante com a cidade lembra pessoal que numa casa a gente tem a sala de estar como aquele lugar é importante chique que recebe todo mundo e o quarto de despejo fica meio sendo o quarto da bagunça onde eu guardo ali o que não né não deve aparecer
e aí pessoal no final das contas a gente estabelece uma relação interessante Qual é a grande metáfora numa residência a sala de estar está para o centro da e assim como um quarto de despejo está para favela entende que eu quero dizer ou não Tá então o o esquema chique o local chique onde tudo funciona bem ao centro a favela a periferia ficar afastada é um local de despejo um local de descarte essa metáfora é bastante interessante bastante crítica por parte da nossa altura que era moradora de uma área de Periferia Dilma favela muito obrigado
juventude por ter ficado aqui mais uma vez valeu mesmo tamo junto se você não é inscrito se inscreve aqui ativa o Sininho para você não perder nada aqui beleza valeu mesmo é nós e é claro né leio logo escrevo até uma próxima tchau