Ok, estamos gravando. Deixa eu só aceitar mais a linha. Bom, pessoal, boa noite a todos. Meu nome é Raquel Zanela, sou vice-presidente da APGBR e hoje eu estou aqui com esse grupo maravilhoso para conversarmos sobre um filme, A, é a Árvore dos tamancos. né? E junto com o professor Virgínio Manto, a Bárbara Ferreira e a Fernanda Zanini, que também são da diretores da APGBR e vieram hoje trazer esse conteúdo para vocês. Professor Virgínio, se o professor quiser começar a compartilhar a tela, fique à vontade. >> Boa noite a todos e a todas. Então vamos compartilhar
aqui. >> Deixa eu só conferir se os microfones estão todos mudos. Perfeito. O da Bárbara agora tá mudo. E eu vou ficar quietinha também com você, professor. Boa aula. >> Obrigado. Então, boa noite ou boa madrugada para quem está mais longe, né? Eh, em primeiro lugar, quero agradecer muito a PGBR de a honra de me permitir fazer a primeira live oficial da PGBR, né? Só existe uma, primeira e eu ganhei esse prêmio. Eu agradeço muito a vocês e nós vamos fazer um esforço para que vale a pena da nossa parte, porque da parte do filme
não tem dúvida. Eu vou começar falando desse filme porque ele está quase completando 50 anos agora, 48 anos agora no ano que vem. É um filme que a gente deve assistir no mínimo uma vez cada seis meses, tá? Porque cada vez que a gente assiste a gente descobre coisa nova. Eu já perdi a conta do número de vezes que eu assisti esse filme e cada vez, eu repito, eh, ah, pera aí, não, cada vez eu repito, está, eu vejo ele cada vez melhor, né? nós eh, como é um filme 3 horas, é um bocado, eh,
trabalhoso, desafiador. O que que a gente vai falar de um filme desse porte, né? Então, nós selecionamos três momentos eh que nós vamos eh analisar com um pouquinho mais de detalhe, né, principalmente os dois últimos, para dar um contexto para vocês, um pouco da parte histórica, um pouco da parte atual da Itália e que inclui inclui tradições, tradições natalinas, etc. e um pouco de um tema que é sempre presente e que às vezes preocupa a pessoa, mas no geral sempre agrada as pessoas porque é muito chamativo, como é que eu vou dizer algo assim, né?
Que é o tema das crianças expostas. Então vamos lá pro primeiro. Mas antes eu quero dar um resumo para vocês do da do histórico desse filme, né? A árvore dos tamancos. né? No original é o mesmo título, no português foi traduzido direto, foi dirigido por esse senhor aí à direita, irmano Home. Ele era de Bérgamo e ele nasceu num ambiente rural. Eh, nessa foto não se vê, mas nas fotos a cores, ele é uma daquelas pessoas que você ali andando pela rua vai encontrar muitos. Eh, rusto, né? aquela cor russa, ruivo, amarelado para avermelhado, tanto
o cabelo quanto a pele, olhos claros, né? Um pouquinho de sardent, um pouco sardento assim. Então é bem do tipo físico dali. E ele tem uma experiência, como eu falei, de primeira mão, na medida em que ele nasceu num contexto praticamente igual ao que ele retrata nesse filme. Os locais eh são vários, mas três se destacam. a cachina, que nós vamos ver o que que é o países, o primeiro um pequeno país, um pequeno, uma pequena vila, né, países italiano, eh, que fica perto da Cachina. Caxina é uma propriedade rural, o país fica ali perto
e vamos dizer assim, na prática dá apoio. É como se desse apoio à vida cotidiana das pessoas em aspectos como igreja, se precisar uma farmácia, alguma coisa desse tipo, né? A igreja, particularmente o padre, né? Nós vamos falar bastante do padre agora. E por último, Milão. Mas Milão, eh, praticamente não vai aparecer aqui para nós hoje. A época em que o filme se passa, ele não, ela não é mencionada, mas eh fica bem claro que se passa entre outubro e março, quer dizer, entre final do outono e finalzinho do inverno, já despontando a primavera, final
de março. E o ano pelos eventos a gente consegue situar mais ou menos entre 1895 e 1898. Portanto, nós estamos no auge da imigração italiana. 1895, por exemplo, foi um ano de recorde de imigração italiana para o Brasil, com mais de 105.000 pessoas entrando. Então isso é bem no tema que a gente trabalha, né? Uma coisa interessante é que o elenco é formado por camponeses reais da província de Bérgamo, sem experiência de teatro ou cinema. E inclusive e existe uma versão, essa versão que nós que vocês têm aí eh com a legenda em italiano, em
portuguesa, vocês viram, ela é falada em italiano, mas existe também uma versão em dialeto bergamasco, né? Os os personagens são muitíssimos, mas eu selecionei quatro para mencionar para vocês. O primeiro é o Batisti. Quem é o Batis? é o meio que o foco assim da história, porque é ele que faz o tamanco. Quando o filho perde, quebra um tamanco, ele que vai lá, corta a árvore, eh, faz um novo tamanco para o filho. E vocês podem notar, inclusive no filme que todo mundo usa tamanco, não se usa sapato, né? Eh, logo no primeiro vídeo a
gente percebe isso. E E o Batisti é uma pessoa realista, pé no chão. Ele está ali naquele esquema dentro da cachina, mas eh ele se preocupa com o que virá, com o que ele pode fazer. E quando nasce um filho para ele, né, já mais ou menos no começo do filme, ah, a mulher é meio filosófica, fala: "É, Deus vai prover", etc. E ele, em voz bem baixa, fala assim: "É mais uma boca para alimentar". Então o batisti é a pessoa pé no chão, a realidade. O nono Anselmo, nós vamos falar daqui a pouco. Outros
personagens importantes são o padre, para vocês verem que ele orienta a vida das pessoas não só na parte espiritual, mas também em outras atividades, né? eh no caso dele eh digamos insistir para que o menino faça a escola, enquanto que o Batis não acha que é uma ideia que cabe, né? Tanto que num dado momento, quando ele entra eh tá passando pelo portão da caixa ele diz: "Onde já se viu um filho de Camponês ir pra escola, né? Ele não acha, entre aspas, normal, né? Aquilo lá". E uma figura que aparece pouco, mas acho que
é muito importante, é o capataz, porque ele encarna exatamente o capataz real daquela época. Ele está lá para defender os interesses do proprietário, né? ele não vai facilitar nada para os eh camponeses que trabalham com ele. O nono Anselmo, eu sugiro que vocês assistam novamente o filme e prestem muita atenção em cada intervenção do nono Anselmo, porque ele, para cada situação que aparece, ele tem um ditado, um provérbio, uma expressão, etc., que vem de conhecimento ancestral. Ele traduz a cultura camponesa, no caso Lombardo Vêna, ali no momento atual para as crianças e tal. Inclusive já
o primeiro nosso primeiro vídeo, ah, não, antes quero falar um pouquinho da cachina. Ah, a história dela, se a gente olhar no Google, Google Earth, por exemplo, você pega um recorte qualquer assim, e eu citei aqui, né? Destaquei aqui para vocês duas caixinha, né? Uma aqui e uma aqui. E você vê muitíssimas espalhadas ali pela planície padana, pela planície do rio P. Ah, ela era a grande unidade de produção ou foi a grande unidade de produção, praticamente pelo menos durante três séculos, 18, 19, uma parte do X. Eh, e existem muitas, muitas, infelizmente, foram descarac,
algumas estão abandonadas, outras estão descaracterizadas, inclusive aquela onde foi filmado, eh, essa maravilha de filme foi, infelizmente, vendida para uma firma grande e foi completamente descaracterizada. Eles tentaram fazer um movimento de salvar, mas não conseguiram, né? Mas o que que é então a cachina? famosa Cachina. É uma unidade que surge ali na Lombardia, mais perto de Veri, normalmente é o que se considera o chamado Casali. O casal era um quadrilátero de alveinaria fechado, seguro contra asaltantes, que era muito comum nessa época, e sede do da risicultura, da cultura do arroz, que é a grande uma
das grandes produções aí dessa região e que começa ao redor do século XI. Já dois séculos depois, no século X, já se cultiva milho e tomate e batata, além de outras culturas vindo das Américas. da África, etc. A caí vai se desenvolvendo, ela passa a dezenas, em alguns casos centenas de trabalhadores. Ela é autossuficiente. As maiores plantam têm criações de de porco, de gado bordino, de cabra, de galinha, de tudo. Produzem leite, queijo e embutidos. As maiores t olaria, pedreiro, ferreiro. Tem um semeador especializado em arroz, tem uma técnica especial para semear arroz que algumas
algumas cachine tem eh o especialista nisso. Recebe visita regular do veterinário. Algumas t até capela, mas vamos ver algum exemplo, né? Existe estruturas desse tipo em outros lugares da Itália, tá? eh com nome, quer dizer, a estrutura semelhante e o nome pouco diferente. No Vênito são mais chamadas de corte, na minha romana podere, em algumas zonas do sul da Itália é fatoria, né? Eh, a ideia geral é a mesma, né? Um um recinto limitado e e com bastante recursos internos. A Cachina atinge o seu apogão na segunda metade do século XIX e gradativamente vem a
primeira vem vem a vai vem a emigração que tira muita gente de lá. Depois vem a primeira guerra, depois vem a segunda guerra. A Itália ainda é profundamente rural e no período da reconstrução da Itália, após a Segunda Guerra Mundial, ela praticamente eh deixa de existir como estrutura operacional significativa. Então, como eu falei, a gente ainda vê muitas. Se vocês andarem aí pela, voando pela Google Earth, vocês já vão perceber bastante coisa também, tá? Essa é uma caixina que começou no século XV. Hoje ela é um museu, um museu da civilização eh camponesa, fica em
Cremona e vale a pena visitar para quem estiver lá, tá? Para ter uma ideia geral, então aqui a casa principal era a casa do patrão. O patrão nem sempre morava aí. Muitas vezes ele morava na cidade, mas vinha aí para certos períodos, período da colheita, etc. Depois tinha o Fatori, que é o capataz dele. Depois tinha antiga eh estábulo dos cavalos. E depois vem todas as todas as outras eh instalações que eu falei, né? Chiqueiro para lugar para boi, etc, etc. Os assalariados vivem aqui e eventualmente aqui assim, né? É uma área grande. Aqui entra
as as a entram as as carroças de carga, etc. Aqui é o ingresso principal. Do lado tem uma capelinha, né, bem montada. Enfim, eu, como vocês vem, é uma estrutura absolutamente eh indevassável, né? A gente passa, a gente passa, como eu falei, de carro ou de trem e você vê essas coisas como se elas se destacassem da geografia local. Aqui são algumas, duas ou três fotos que eu trouxe para vocês verem. Cachine antigas que agora foram reaproveitadas. Elas foram reaproveitadas para quê? Essa aqui, por exemplo, é uma é uma um local de férias e de
finais de semana, enfim, de turismo, equipada para eh tiro, estande de tiro, etc. Então vocês vejam que esta quantidade de de de alojamentos, né, que foram agora modificados para hóspede, é muita coisa, né, é uma estrutura muito que puseram a piscina lá fora e tal, né, e a gente acha bastante disso. Como eu falei, outras são usadas para evento, outras foram, infelizmente destruídas. Essa é uma também que é usada para evento. Essa casa aqui vocês devem reconhecer daquela cena, né? Eles deram uma modernizada, mas de qualquer maneira aqui embaixo era, quer dizer, o o conjunto
andar de baixo e andar de cima era a casa de um antigo eh camponês que trabalhava aí nesse conjunto, né? aqui tem a outro e tudo. E essa aqui é uma coisa que a gente vê curiosamente eh bastante nos limites externos da cidade da Lombardia. Quando a cidade tá quase chegando no campo, ela tá alcançando algumas antigas cachine como essa que ficaram ali meio no no limbo, não são nem no campo, nem na cidade ainda. A tendência delas é serem absorvida pela cidade e depois isso será possivelmente reformada. Eu já vi inclusive Airbnb, etc. Cada
um disso aqui é transformado num pequeno apartamento e ela é absorvida pela pela estrutura urbana, né? Mas você vê essa aqui ainda tem um um pedaço de uso aqui com as com feno, etc., né? Agora entra a vez do nono Anselmo. Como eu falei, o nono Anselmo, ele personifica a cultura ancestral. E o que que ele vai fazer aqui com os com os netos dele? Vejam agora na hora que aparecer melhor o coiso, vocês vão ver que o pessoal calça, como eu falei, eh, tamanco, tá? Aqui o norelmo vai aparecer aqui também de tamanco. Ah,
que que esse é uma antiga crença que vem dos célticos, dos celtas, né, dos guerreiros celtas e dos povos germânicos do norte da Alemanha. Eles eram muito ligados na Terra, né? Eles viam a Terra como um organismo vivo, eles se integravam com a Terra. E então o que que acontece? A Terra é um organismo vivo, ela precisa de assistência, ela precisa de companhia, de vez em quando ela precisa de neve, né? Tá na hora de vir neve, porque a terra precisa de neve. Ele já trata mesmo como um organismo vivo. E agora que que tá
acontecendo? Nós já estamos aí lá pelo final do ano e eles já tão pensando tá na hora de renascer a Terra. A terra tem que acordar. Então o que que as pessoas fazem? Eles saem fazendo barulho para acordar a terra de tá na hora de vai terminar, manda embora o inverno e chega aqui a primavera porque está na hora da terra acordar. E é isto que faz o nono Anselmo nesse passeio com os netos do bem bem >> daqui a pouco que se f >> Olha o tamanho do Nuno >> e já vou aquele invernoira
a primairra Pinno prima che la Então lá vai o nono Anselmo fazendo a terra despertar porque ela daqui a pouco vai ter que começar a produzir, né? Como vocês veem aqui é o final da desse grande quintal chamado aia ou às vezes corte, que é o o quintal interno que fecha a caixina, né? Aonde que quer dizer que é fechado pela Cina e nós vimos pouco antes eh ali aquelas casas em dois andares. >> Sim, sim. Va bem, vai bem. Bom, ah, agora nós vamos falar, isso termina no Anselmo e nós vamos falar da outra
unidade eh que eu mencionei três, né, que que se baseia sobre a a gaita de folle. A gaita de folle é um dos instrumentos mais antigos que a gente tem conhecimento. Vocês terem uma ideia, aqui à esquerda, isso é a primeira imagem do que se imagina ter seja uma gaita de fol. vem da onde é atual Turquia, tem cerca de 3.000 anos. É um alto relevo aqui, né? Então o exército romano, por sua vez, usava a gaita de fóli, porque nós estamos ver agora ela tem muito volume. E na idade média era muito comum a
gente ver anjinhos tocando gaita de fóle. E aqui dá pra gente ver bem qual é a estrutura de uma gaita de folle, sendo que é preciso dizer que há infinitas variedades. Infinitas. pega toda a Europa do Leste, pega até Espanha, Portugal, obviamente Inglaterra, Escócia, Irlanda, ah, Itália, Norte da África, Oriente Médio, etc. E como é que ela funciona? Ela tem aqui exatamente um folde, né, um sacos hermético, vamos dizer assim. No no modelo mais comum tem uma cânula, um pequeno e tubo, aonde o tocador da gaita de folle sopra e enche aqui de ar. Com
o braço, ele regula a força, por isso que vem a ideia do pole, né, de apertar o braço. Ah, e ela tem no mínimo duas flautas diferentes. Esta flauta que tem um som fixo, que a gente chama de pedal ou drone ou trombone, tem uma série de nomes aí. Ela faz um som fixo e ou uma ou duas flautas que a pessoa toca como uma flauta normal com furos, né? Essa aqui não tem fura, ela tem um som fixo que é regulado, nós vamos ver como mais adiante. E com a flauta chamada de cantadora em
algumas línguas, ele toca melodia e e a flauta sempre foi associada ao universo do camponês, do pastor. Ele fica sozinho lá e ele toca e a flauta faz, enche o ambiente, né? Mesmo que ele esteja ao ar livre. É muito interessante esse instrumento. Nós vamos ver que você tem plautas que tem três, quatro na Escócia acho que até chega cinco drones, né? Pedal, né? Ou órgão. Tem uma série de nomes isso aí, eu repito. Mas nós vamos ver agora um pouquinho mais de detalhe. Essa aqui é uma é uma gravura típica do século XVII que
mostra essas pessoas que passeavam, digamos assim, eram músicos ambulantes que elas iam então de de festa. e e eventos, etc., andando pela Europa inteira, eles eles eles existiam tocando então a sua gaita. A a moça toca uma uma flauta mais simples aqui e esse senhor toca a flauta grande como está aqui, né? gaita de foloses árabe e depois a escoce. Então vocês viram, né, a a gaita africana árabe, como está aqui do lado direito, esse esse o folle é imenso, né, grande, dá um volume muito grande isso, né, para danças ao ar livre, etc. Já
a escocesa é mais elaborada, se a gente vê três drones aí, né? Eh, três pedais, um que tá lá na nas costas da do executante e mais dois aqui. Então você vê que é um instrumento que dá muita versatilidade, né? E agora nós vamos ver mais uma que é a cena. Nós vamos ver agora a cena que vem o pessoal tocando a gaita de fle Natal. Essa cena é escura no original, gente, não tem jeito, >> tá? Professor, nella casa del Sì, sì, sono proprio là. Eh, senti come suonano bene. Eu chamo o profio Natal.
la qu la luna la coruna. >> Aí o Anselmo solta mais um dos seus provos. de N. >> E o que está dizendo, diz ele, é que a terra precisa de médio. Veja essa ligação quase que pessoal assim com a terra que ele demonstra, né? Esse aqui é apenas uma menção para quem gosta de música. Ah, na na ópera Lenots de Fígaro, de Mozart, eh, mais ou menos eh a ao longo mais ou menos na minutagem 2 horas aparece uma cena numa corte pequena em que as pessoas dançam um uma música, dançam, não, cantam e
meio que interpretam uma música que a gente vai ver que é exatamente essa música que tá tocando aí. Eh, numa ópera de Mozas composta de 1786. Como é que essa melodia chegou lá? Ah, como é que essa melodia chegou lá? Porque o libretista favorito de Mozar era veneziano, né? Então, eh, ele, ele trouxe seguramente da da experiência caseira dele, né? Lourenço da ponte chamava-se. Então, quem gosta de coisa que assista aí no de fígaro, tá? Olha, gente, uma pessoa que tá me chamando uma atenção que é importante. Eh, muitos desses sons são baixos no filme
original, por exemplo, a música de Natal e muitas das cenas são escuras. E porque o próprio filme, né, final de ano, não tem luz elétrica, é de noite. Então, a gente sugere que vocês voltem lá e ouçam de novo, né? curtam cada um desses momentos, tá? Esse aqui é um grupo moderno eh de pessoas desses que tentam manter viva essa tradição, vão para vão andando, tocando eh as músicas, particularmente de Natal. E aqui é interessante para vocês verem a variedade de tipos de gaita, né? Então você veja, os foles tem formatos similares, mas diferentes. Esse
aqui, por exemplo, tem só uma só um eh drone, chama-se isso aqui, só um. Esse aqui, aparentemente tem uma só e os outros a gente não consegue ver, mas isso então, e esse aqui dá paraa gente ver bem eles tocando a flauta cantadora, né, que toca a melodia aqui na mão. Agora eu trouxe aqui um a essa tradição dessas músicas desse tipo e outras tocadas na gaita de folle, que em italiano se chama Zamponha baguet e viva no Vênito, etc. E tem vários nomes espalhados pela Itália. Eh, eu trouxe um exemplo aqui para vocês de
um tocador de zamponha que também faz os seus instrumentos pra gente ver como é que ele é. Da província de Cossensa, na Calábria, tá? É muito interessante esse senhor aqui. Vamos ver que alegria, que hospitalidade, que caráter, que carisma. Mastro Vicenza è molto conosciuto, stimato e rispettato in tantissimi paesi della Calabria e non solo. Ha portato in alto il nome del suo paese San Lucido, regalando ai San Lucidani una forte identità culturale. Ele tem duas cantadoras que a San Marcos todos países. >> E olha ele lá com Papai Noel. Lo strumento è composto principalmente da
legno, canne e pelle di animale, materiale facilmente reperibile per i pastori. Abbastanza complessa è la costruzione. Per non parlare poi dell'accordatura, si dice che a Zambugna accorda decimola dua. >> Puoi passare. Vai, vai. Ella tornar a casa. Eh, con la cap meglio la pelle spagnello sono lo stesso poi questa si chiama no chiama si chiama oggi sono quattro zambon questo si chiama la tromba questo fanno sorp e questa è una zambogna destra zambogna destra poi questa questo si chiama la manga a sinistra questa a sinistra che c'ha quattro E è qua chiuso si chiama manga.
Di ci sono quattro cose di cane di queste cose classica. Questo di >> Ah, dentro c'è una canna. Sì, quattro carne questo chiamchetto che quando sei fuori di dentro di casa no perché troppa quando c'ai fuori per lungo la strada lungo la casa di notte allora c'è di più questo di più >> però però prima bisogna contare questo e poi ci libri questo >> e poi ci libri questo. Cosa c'è qua dentro? C'era c'era di chi? Apa cera di ape questo sempre per regolare la grandeza usa cera de abelha para regular o tamanho dos puros
e dá o som. E esse é onde vem o som característico dela. Nós vamos ver aí se é um bambu. Questi sono dentro le qua deve trovare la misura e custo n bu piccolino così più grande. Isso a gente tava dizendo então da ligação dele com o Natal, né? Eh, não é só no norte, como às vezes se fala, é na Itália praticamente toda, claro, mais forte em alguns lugares, mas não. E naturalmente esse é um moderno, é o Papai Noel americanizado da Coca-Cola, mas é o que existe atualmente, né? a prova da antiguidade, eh,
do da presença das amponha no meio no meio camponês, eh, existem várias, né? Existem desenhos, existem menções, existe inclusive a teoria, né? não se pode provar exatamente, mas eh diz-se que quando o São Francisco fez o primeiro presépio, né, que ele construiu o primeiro presépio do mundo em 1223, disse que ele tinha dois personagens tocando gaita de folha. Isso eu não sei se é possível comprovar, mas só destacando para vocês, tá aí, né, um típico desses eh presépios napolitanos, né, rico de detalhe e tudo. Está aqui os três reimagos, São José, a Virgem Maria, a
o bebê recém-nascido e o tocador de Zamponha, né? Eu aproveito para lembrar que que para quem está em São Paulo, vier a São Paulo, que o Museu de Arte Sacra tem um maravilhoso eh museu de uma sessão maravilhosa de presépios napolitanos, em particular grande, né, que vale a pena visitar e que no momento está acontecendo em Goiânia, no estado de Goiás, uma exposição de presépios internacionais também. Então aqui eu termino a minha primeira parte sobre a questão da zamponha e do dono. E agora nós vamos passar para uma colega falar de um outro tema super
interessante que tá próximo agora, que é o Natal. Vou compartilhar aqui pelo meu Vidío, daí ele para o teu. Isso. Deixa eu só colocar aí. Vocês estão vendo já grandinho em modo apresentação? >> Sim, >> sim. >> Perfeito. Bom, então o Virgínio pediu para eu para eu falar um pouquinho sobre o Natal na Itália e é interessante, né? Porque eh quando a gente estuda a a unificação da Itália e a divisão administrativa, a gente vê que a Itália era muitas, né? Então a gente tinha vários reinos, vários ducados, principados, enfim. E e é interessante como
realmente tem algumas tradições que elas são muito focadas em alguns, né, algumas províncias, que é um pouquinho do que eu a gente vai conversar aqui, eu e a Bárbara. Mas o que que eu queria trazer para vocês, assim, que quando assim anos atrás, quando eu me mudei paraa Itália, o que mais me surpreendeu é como o Natal ele é longo na Itália. Então assim, o Natal não é só 24 e 25, ele começa no dia 8 de dezembro e vai até o dia de Reis, até o dia 6 de janeiro. Aliás, depois vai até é
até o dia 6 de janeiro. Então eh o que que come, como que a gente começa? Então no dia 8 de dezembro a gente tem o dia da Imacolata com Tetsioni, que né, celebra esse dogma da Maria que ela, né, engravidou, foi concebida sem o pecado original para ser a mãe de Jesus. Então esse é o simbolismo, né, religioso e representa o momento, né, eh eh seria uma uma data religiosa, a origem é religiosa e é o momento que a igreja, os fiéis se preparam de fato pro Natal, né, quando começa começa todo, começam todos
os rituais. E e é interessante que na Itália esse dia é um feriado e na prática, eh, até conversando com o Virgínia um pouco sobre, né, preparando esse esse conteúdo, porque realmente é é triste porque a gente vê muitas dessas tradições eh seculares se perdendo, né, até com a urbanização, eh, não tem mais o o nono Anselmo para para replicar as histórias. Então, a gente vê uma americanização muito grande do Natal em Itália, mas acho que a gente tem alguns aspectos que ainda são bastante interessantes. Então, a Imaculata é interessante porque é um feriado e
na prática é o dia que as pessoas começam a montar as árvores. Então, eh, é onde começam a aparecer as decorações, embora já esteja mais americanizado. E claro que, né, nos nos negócios, no nos centros comerciais começa um pouco antes. Já no dia 13 de dezembro a gente tem a Santa Luxia. E e eu gostei bastante que o Virgínio trouxe ali aquela aquele ritual, né, de acordar a terra, porque eh o simbolismo da Santa Luchia é parecido com esse também. Ele é festejado principalmente eh nas províncias do norte. Então por isso até que a Bá
vai explicar um pouquinho melhor. Aqui na Toscana a gente não tem nada de Santa Luxia. Então eu vi, para vocês terem uma ideia, morando na Itália aqui há muitos anos, eu vi por eu vi numa série da Noruega, eu conheci o que que era o Santa Luxia e depois que eu fui fazer o paralelo na Itália, porque na minha região não tem. E ele coincide no calendário Juliano com o solstício de inverno. Então o que que acontece? É o dia que as horas de luz aumentam e as horas de escuridão diminuem. Então tá anunciando que
a primavera se aproxima, né? mais ou menos como aquele momento de acordar a terra porque tá vindo a primavera. Então, por essa razão, né, que é o culto a Santa Luchia, que significa luz. Então, eh, é interessante como isso vai se fundindo com as tradições mais antigas ainda pagãs, que também celebram a vitória da luz sobre as trevas. Enfim, é realmente muito interessante eh esse toda essa tradição secular. E aí eu queria que a Bá explicasse um pouquinho Bá sobre Opa, só um minuto eu tenho que passar o próximo. Como eu passo aqui sobre como
é o ritual lá, como é o a Santa Luxia em Bérgamo. >> Sim, eu morei eh um bom tempo em Bérgamo e nós podemos vivenciar com essa tradição que a minha menina era bem pequena. Então, eh eh nós fomos aprendendo sobre esse ritual, né, com com as pessoas falando na escola, como tinha que se prepar tinha que preparar tudo para Santa Lutia. Então se dava realmente eh eh tinha um evento na escola onde as crianças iam entregar a cartinha paraa Santa Lutia. Então, era, havia um preparo, ela fazia o desenhozinho dela, pintava, escrevia carta e
nessa carta ela eh dizia, né, o que que ela queria, que era tinha sido uma boa menina aquele ano e que queria algo, né, um presente. Eu imagino que é é algo também já americanizado nesse sentido, né, de pedir um presente, mas às vezes não, né, impedir algo, algo material, mas pedia alguma alguma graça, alguma coisa que algum desejo. Eh, e a criança escreve ali naquela cartinha e essa cartinha entregue, né, a Santa Lutia na igreja. No dia de 12 para o do dia eh 13 pro dia 12 pro dia 13 eu sempre confundo e
e a gente eh cometeu um erro com relação a isso que eu vou contar depois. Então, no dia 12 pro dia 13, as crianças preparam ali eh os biscoitinhos para Santa Lutia, a cenourinha pro burrinho da Santa Lutia e a graminha, porque na madrugada ela aparece, come as coisinhas, o burrinho também, e deixa o presente. Então essa tradição. E nós num certo ano confundimos a data em vez de 12 para 13 confundimos. A menina chegou no dia seguinte na escola e era a única que não tinha ganhado nada, nenhum presente >> que não tinha passado
a Santa Lia para >> tinha passado a Santa Lutia. Mas aí nós revertemos o o Cristian trazendo ela para casa. Eh, já preparou uma história. Olha, foram muitas casas. Santa Lutia não deu conta. Ela passou depois. quanto você estava na escola e assim nós revertemos a situação. Mas assim, é muito presente realmente essa tradição. E aí é uma foto real do grupo da escola. Eles saem pela cidade, vão até a igreja, tem aquela fila para deixar a cartinha e deixa lá dentro para pra santa. Então é é a chamada santa da luz, né? Representa até
muito mais do que o Papai Noel ali em Bérgamo. Isso é muito forte. Nós podemos realmente vivenciar essa tradição. >> Maravilha. E interessante, né? Eu nunca tinha experiência nenhuma na Toscana, simplesmente a Santa Luxia >> não não colou. >> Eh, bom, e aí o que que acontece, né? Continuamos ainda no Natal, no dia 26, que é o dia de Santo Stefano. E a a o simbolismo disso é a proximidade entre o nascimento de Jesus e os primeiros mártires que testemunharam a palavra de Jesus, né, o simbolismo religioso. E é interessante porque a na Itália o
Santo Stefano se tornou feriado só em 1949. Isso me lembra até um uma conversa que a gente teve agora, teve com a criação do o patrimônio eh que eh se tornou a culinária italiana, patrimônio da UNESCO e todo mundo, né, todo mundo fala ai de origem controlada, de como aquelas como a a culinária italiana é secular. E na verdade tem muita coisa que também só aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial, que só foi introduzida depois da Segunda Guerra, como esse como esse feriado. Então é interessante porque na verdade essa foi uma influência do Boxing Day
que foi trazido da depois da guerra pelos soldados britânicos. O Boxing Day é o dia que você dá eh presentes para as pessoas menos afortunadas. Então é o de e e na prática hoje o que funciona que é o dia de descanso depois do Natal. E como na Itália se festeja muito o onomástico, todo mundo que se chama Stefano na Itália usa o dia 26 quase como um segundo aniversário. Então, e claro, na Santa Luxia também, mas o Santo Stephan é muito muito forte na Itália, principalmente pelo seu onomástico. E aí no dia 6 de
janeiro a gente tem a Epifania, né, que seria a o dia de Reis, né, que a gente tem no Brasil, que é o dia que os Reis Magos chegam eh em Belém com os Previzes. E na Itália tem uma outra coisa, uma outra tradição que é engraçado que em Bérgamo, né, a Santa Luxia que traz o presente, já que em outras regiões, eh, depois do Natal ainda tem a Befana, que é aquela bruxinha e que veste trapo, tá coberta de fuligem, porque ela entra na chaminé. Então, é tão engraçado, né, que tem uma coisa bem
meio misturado com Papai Noel. E na noite entre 5 e 6 ela deixa presente doce pra criança que se comportou bem e pedaço de carvão para quem se comportou mal. Hoje em dia não, eh, os pais, né, não deixam mais pedaços de carvão, pobrezinhos das crianças e e tem essas meinhas assim e no mercado vende até já a meia pronta, tem a meia da Kinder, enfim, que é o docinho que a Befana traz. E também na Itália é feriado, mais um feriado. E vocês veem que além do, né, além do dia 25, a gente tem
mais um monte de feriado antes e depois. E é a epifania é o que fecha, né? que fecha o Natal e é o dia que a gente desmonta a árvore. E agora, Virgínio quer passar o >> Ah, eu tenho que voltar, então. >> Tem que pôr no exposto. É, eu vou interromper e daí você coloca. >> Um minutinho, por favor. Ali >> posso? >> Pode. >> Deixa um minutinho. Deixa eu acompanhar maior, porque esse aqui é muito interessante, pessoal. Esse também no original é uma cena escura, então a gente sugere que você e eles falam
bif, né? Então, a gente sugere que vocês voltam eh voltem a ao filme e vejam com calma, né? Inclusive num ambiente meio escuro para ficar melhor a imagem, né? Buongiorno, si chiama Giovanni Bista, ha fatto i 12 mesi l'altro ieri. Ed è sano come un pesce. È vero, Giovanni Battista? Sapete cosa vi manca per essere davvero felici? Dei veri genitori, una vera mamma e un vero papà. E lui, anche così piccino, può essere già d'aiuto ai suoi familiari, perché è una sua dote, una discreta somministrazione di roba e anche un po' di denaro. E la
nostra qui a casa passerà due volte all'anno a Santa Croce e San Carlo e per una famiglia di povera gente qualche volta questo può diventare un birodono della provvidenza. Ci si deve soccorrere a vicenda questo mondo, lui potrà essere utile a voi e voi potrete essere tanto d'aiuto a lui. ha imparato da poco a muovere i primi passettini. Provate ad aprire le braccia e vedrete che lui vi verrà incontro. Questo che nel libretto che accompagna il bambino sentico di dei figli esposti adulti amati da pane oltre i figli da tanti esposti, il più luogo distribuisce
anche i detti figli nominati da pane e oltre alla carità delle persone con l'avercura di simili abbandonati bambini viene accordato quanto prescrive la tabella. Nell'atto della consegna sarà dato il presente libretto ed un viatico di centesimi dolci per migli in seguito il corredo di biancheria e panni ed inoltre il prezzo di denari corrispondente all'età del figlio. Il più luogo continuerà le somministrazioni indicate nella tabella a misura dell'età fino agli anni 15 inclusivamente, oltre il quale tempo potrà bensì ognuno ritenere le persone, ma non più a carico del luogo? Che belle fatesse che ha. Magari sarà
te di un signore. Da in avanti sarà solamente figlio di un contadino. La prima roba è volergli bene e lui sarà contento lo stesso. compartilhar o meu aqui. Viro, quer quer explicar um pouquinho antes detalhar a cena? É, então o que nós vimos, né, eles foram buscar a criança, eh, como diz no filme, num hã orfanato. Atenção, eh, se vocês forem ver documentos italianos, que as palavras as palavras nessa área de saúde são muito traiçoeiras em relação ao português. >> Pedalha, >> é, então são chamados falso cognato. São palavras que t o mesmo aspecto que
a gente acha que é significa a mesma coisa e é completamente diferente muitas vezes. Por exemplo, hospcio em italiano não é hospício, é orfanato. Ah, hospital tem uma série de palavras desse tipo. Cuidado quando vocês forem ler, procurem um dicionário italiano para entender essas palavras, tá? Eh, porque senão vocês podem ter surpresas e nem sempre agradáveis. E outra coisa que é importante também é lembrar que nós vimos então eles a o orfanato se chamava, o filme diz isso, Santa Catarina de Rota, Santa Catarina da Roda. Na verdade, existia um orfanato com esse nome em Milão,
né? A cidade é Milão. Ah, e esse orfanato não existe mais, mas ele durou bastante e ele foi inicialmente sustentado pela casa real austríaca, quando aquela região era de domínio austríaco, e depois passou para uma instituição religiosa e na verdade e no final depois da unificação da Itália houve uma grande tendência de haver uma conjunção de esforços entre organizações religiosas. e o governo, né? Portanto, um um trabalho de de serviço social em que as organizações religiosas cuidavam das crianças, recebiam as crianças. Teoricamente, as rodas foram fechadas na Itália em 1875, mas tem-se notícias de rodas
funcionando até 1923. Portanto, não foi exatamente como estava previsto o término das rodas. E de qualquer maneira o se não tivesse a roda, a pessoa que quisesse expor uma criança, ela chegava lá, deixava na porta do orfanato e acontecia a mesma coisa. Elas eram recolhidas. Ah, as crianças eram recolhidas, ficavam ali cuidadas. havia um índice de mortalidade muito muito alto, em alguns casos mais de 70 a 80% registrado isso na época da grande imigração. E havia também um grande número de crianças eh expostas. Cerca de 12 a 14% da companhia das cidades era de de
crianças expostas. Napoli era recordista com 25% de crianças expostas, né? Isso são dados de estatística, de registro civil, etc. Então, era uma situação muito séria por conta disso, inclusive é bastante comum que as pessoas que façam a sua genealogia no Brasil, seja pessoalmente ou através de um profissional, elas descubram um antepassado exposto. Eh, a reação varia muito. Algumas pessoas acham eh que é uma emoção. Saber calcula na minha família pegou uma criança exposta, bondosa e tal. Outras acham que não é tão bom, que que não é uma coisa boa. Enfim, porque elas sonhavam talvez uma
família importante ou com escudo daquelas aquelas fantasias que o pessoal faz. Mas é muito comum dizia todo. Eu tenho eu tenho três na minha na minha na minha ancestralidade, né? E muita gente tem. Nós vamos ter uma colega que vai contar o caso da pesquisa de um, não antepassada, mas um colateral dela abandonado aqui, criança exposta. E agora nós vamos ver os detalhes. Então, por quê? Quando a criança saía da instituição, ela ia para a casa de uma pessoa, não era adotada legalmente. Era o que se chama, se chamava no Brasil, principalmente quem é do
interior deve conhecer essa expressão, deu para criar. fulano deu pro tio criar, deu pro avô criar, deu pro vizinho criar em algumas casas, etc., né? Então, eles eram dados para criar. Isso, inclusive muitas vezes para quem faz a pesquisa genealógica confunde, porque ele acha uma família completa, pai e mãe e uma série de filhos e de repente ele acha uma pessoa em geral de pouca idade, que é um agregado com outro sobrenome que não sabe onde encaixar exatamente. É esse caso que nós vamos ver. aqui como acontece para vocês. Tá bom? Muito bem. Com a
palavra as nossas duas especialistas aí. >> Então agora nós vamos para falando especificamente de pesquisas genealógicas. Bom, primeiro eh só comentar, né, como é interessante que nesse filme a gente tirou Virgínio cortou ali três cenas e a gente tem o mundo, né? Se se pegar mais três, a gente tem mais outro mundo. Então, é impressionante como como tem um como esse repertório é interessante, né? Como a gente pode e como ampliar o nosso repertório é importante paraa pesquisa genealógica, né? Como ver com atenção um filme como esse realmente nos enche de conteúdo. Mas aí vamos
falar, fazer aqui o o paralelo, né? Mas afinal, onde é que estão esses atos, né? esses atos de crianças expostas na Itália e aonde que eles são pesquisáveis. Bom, primeiro primeira possibilidade é no livro normal do Zatinas na parte um, porém ele é menos utilizado, eh, porque tem eh a partir, né, a partir ali, eu não vou lembrar o ano, Virgínio lembra o ano, a partir de determinado ano é válido na Itália o modelo pré-preenchido, né, com os campos pré-formatados, então no estatuto de ville. Então ali não cabia toda a descrição porque a criança era
acompanhada com sinais. E enfim, vou já vou explicar na sequência. Na maioria nos nos comune pequenos, ele tá na parte dois, que seria a parte dos atos especiais, né? Aqueles que acontecem não no común ou que são especiais em alguma de alguma forma. E ele é mais utilizado porque aí tem o espaço para escrever tudo à mão, não tem o campo. Então o oficial consegue registrar absolutamente tudo sobre aquela criança que foi abandonada. em alguns comunes maiores, eh, ou, enfim, alguns comunes específicos, Areto tem, Roma, tem, eh, existiam livros exclusivos até em Npoli tinha também,
né, pela quantidade, pelo número, existe um livro específico de nascimento só para crianças expostas, para vocês imaginarem, né, a quantidade que que que tinha de crianças, né, eh, tanto que, né, esse século é é conhecido como século das crianças abandonadas, né, realmente é um fenômeno impressionante. Eh, existem também os livros exclusivos pro Zidnastita das instituições, então, nesses hospedales. Então, tem hospedale del nochente em Fendes, enfim, cada grande suistão santa Catarina, como fala ali o forato, poderia ter um livro, né, com os atos de todas as crianças que foram ali expostas. E aí a gente tem
isso digitalizado no Family Search, no antenat, pode fazer a pesquisa pessoalmente no arquivo de estato. Normalmente esses inventários de crianças expostas, eh, eles estão protegidos por uma lei, ele é mais do que os 70 anos normal de privacy. Às vezes é 100 ou 150 anos quando envolvem o nome das báia, que são as amas de leite, por exemplo. Então, às vezes precisa fazer até a pesquisa presencial ou no inventário que foi pro arquivo de estatus ou ainda algumas instituições ainda conservam o arquivo na própria instituição. Aí aqui eu trouxe para vocês, esse aqui é uma
foto que eu fiz no arquivo de estatuto de Luca do inventário que eles têm do hospedale que tinha ali em Luca. E vocês podem ver, né, que tem ali, ó, testata, disposte e separado poros pelos anos. Então esse aqui é um exemplo desse dos livros específicos que é são só os atos de ntic dos expostos porque era o livro que era feito na própria instituição, no orfanotrófio, no ai, como chama? No >> orfanato. >> Orfanato. Obrigada. Aqui eh é é uma é um pecado que essa foto tá ruim. Até a Bárbara tem em algumas apresentações
dela, ela tem vídeos desse desse lugar, mas esse aqui é o arquivo histórico do Museu Delinocchente de Firenze, que é o museu hoje que ocupa o lugar onde ficava o hospedale Delinochente de Ferente, que era uma enorme instituição por onde passaram milhares de de crianças abandonadas na Toscana. E ali eles conservam eh não só o registro dessas crianças, como os sinais de reconhecimento que eu já vou mostrar, os registros das bia da da Bale bia, que seria no singular, que são as amas de leite. Então, porque como o orfanotrófil ele não conseguia atender aquele volume
muito grande, eh quando as crianças ainda precisavam ser ser alimentadas, né, ser amamentadas, elas iam para amas de leites da comunidade. Então, era uma mulher que tinha tido um bebê, né, recentemente e ela também recebia um valor. Então, tem uma série de de controles dessas dessas senhoras que que eram da comunidade ali adjacente ao a hospedale justamente que que faziam esse prestavam esse serviço, além de ter as Bale internas também do hospedale e além ainda da gente ter aquela situação, né, da criança que depois vai ser entregue, né, eh, dada para criar para para uma
família. Então, a gente tem uma série, é realmente uma estrutura gigantesca aí de, eh, eu tenho até um ato, até não coloquei aqui, que tem o ministro dos dos Espost. Então, na época tinha um ministro italiano que se que cuidava disso. É absurdo de, né, da representatividade. Aqui um exemplo de um livro de expostos que é exclusivo, então são os nascimentos de da cidade de Aretzo, do comune de Arezo. E é muito interessante quando a gente começa a ver, porque os sobrenomes, os nomes e os sobrenomes, eles são todos muito inventados, né? Então é, é
bacana quando você vai ver o índice que às vezes tem, né? Eh, ou é a do santo ou é alguma brincadeirinha com a letra, né? o o oficial lá, o o responsável que registrava na instituição, volta e meia tinha lá ou às vezes tem o mês ou tem referência do dia, porque realmente ele precisava inventar um nome e um sobrenome, então às vezes faltava criatividade. E os sinais de reconhecimento são muito, muito interessantes. Acho que é a parte que mais me corta o coração. No Museu delino em Ferend tem uma exposição grande sobre esses sinais
de reconhecimento. Essa aqui é uma foto da exposição que foi feita no Arquivo de Estato de Luca, que é conserva do orfanotrófio eh ali da província. E são esses pequenos objetos que eram deixados com os bebês. Então, eh, é diferente. Eh, no caso, a, a mãe tinha essa, né, o pai, a mãe, enfim, tinham a pretensão de não pod não podiam eh arcar com as despesas da criança, não poderiam não podiam sustentar. a gente tá num num cenário de extrema pobreza, então eles não poderiam eh sustentar aquela criança, manter aquela criança criança e e abandonavam
numa instituição dessas. Mas eh muitas delas vinham com esses sinaizinhos que seriam sinais de reconhecimento pro futuro, quando a pessoa tivesse uma condição de voltar e buscar a criança de volta, que seria o reconhecimento. Então é a coisa que mais corta o coração, porque eh são medalhinhas cortadas. Então, a mãe ficava com um pedaço da medalhinha e deixava o outro pedaço. Então, nos nos registros de nstita dessas instituições, tem caixas de caixas dos alegate, que são esses sinais de reconhecimento. Então, a criança tal foi entregue com um lacinho de fita vermelho mais metade de uma
medalhinha de Santa Caterina. Isso tem no ato, como eu vou mostrar para vocês. Então, eh eh enfim, a Suel fica até emocionada porque eu chorei tanto a primeira vez que eu fui no Museu dele inocente quando eu vi esses sinais, porque é uma coisinha tão às vezes tão você imaginar que era tudo que a pessoa tinha, né? Uma uma fitinha, um lacinho, uma coisinha, enfim. E as crianças e esses sinais eram descritos detalhadamente nos atos de nstita, né? Então, até porque depois era o que identificava a criança, né? Anos depois, se os pais, se os
genitores viessem procurar. E às vezes eles eram acompanhados também de uma cartinha. A mãe deixava uma cartinha dando já o nome, falando a data de nascimento, a proveniência. E como a gente tinha eh uma altíssima mortalidade infantil, tinha sempre essa informação se o batismo já tinha se sido realizado ou não. Então assim, porque a criança chegava, era abandonada, já era batizada quase que imediatamente. Justamente na época tinha criança religiosa, né, que que a criança ia pro limbo, né, se ela não tivesse, se ela falecesse sem o batismo. Eh, e às vezes na cartinha tem até
o motivo do abandono. Então assim, quando você vê os alegate desse tipo de registro, é impressionante, porque daí até tem algumas mães explicando: "Olha, não posso, sei lá, já tenho cinco filhos". É uma coisa bem eh não vou entrar em detalhe, senão vou começar a chorar, porque eu acho isso muito triste. E aí aqui vou mostrar para vocês só um exemplo bem rapidinho de como que é um ato de inástita de uma criança exposta que fica na parte dois, então, né? que é a parte dois, eh, onde estão os registros especiais, digamos assim, depois da
parte um. E aqui a gente tem nesse ato de nita que fala que compareceu o José Apila Sálvia do finado do Gaetano de 30 anos, agricultor domiciliado nesse comune, o qual me entregou uma criança do século sexo feminino de aparente idade de 5 dias em uma cesta enrolada em um pano de lã com um cartão preso ao peito, de um lado da cor verde e do outro branco. Nestes as palavras Sofia Elizabeta defrida e os números romanos 1877. do lado verde as palavras não é batizado. Então, eh, né, vinha com a cartinha criança. Eh, essa
pessoa podia ser até até ser o pai da criança, né? A gente não sabe pelota dinástica, mas em qualquer forma é qualquer pessoa que foi ali eh e entregou. E o Giuseppe declarou que às 8 da manhã, longe da sua casa aqui, o Giuseppe disse que que ele encontrou a criança nesse cestinho que tava com uma certa Paula. Paula encontrada na porta da casa da via tal, encontrou a cesta em questão com bebê com as vestes e sinais acima citados com as duas mãos enroladas num lenço branco. Então ele tava enfachadinho, bem como criança exposta,
que é o símbolo de do hospedale diferente, inclusive. Eh, ao BB os nomes acima de escritos, né? Então, oficial eh deu os nomes que estavam na cinha e o sobrenome Fiore, ele inventou um sobrenome. O bebê foi entregue à ama de leite, a Báalia, eh, serafina, de 20 anos, agricultora, filha de Giuseppe, com todos os objetos descritos, com exceção do cartão que conservam nesse fichil comunalha. Então ele foi o bebê, entregou pra ama de leite, né? Mas ficou nos nos aleges do ginástica, aqueles as coisinhas de de a descrição, né? O cartão, justamente para que
se depois viesse a a família, os genitores conseguissem localizar a criança. E aqui começa, esse aqui é um livro, um exemplo de livro exclusivo. Esse aqui é do Comuni de Aretsu. Ele tá disponível no Antenat. E e é engraçado quando você vai foliando esse tipo de livro, eh, essa coisa da invenção, né? Porque em determinado momento, antes, as instituições, todos os as crianças do hospedal de frente recebiam sobrenome de inocente, né? Por isso o museu de Lino Chente. Eh, só que aí depois de determinado período, como isso virou um estigma, como o sobrenome já estava
muito marcado como um sobrenome de criança exposta, houve uma lei que que obrigou eh as instituições a inventarem sobrenomes diferentes, né, para não paraa criança não levar isso paraa frente. Embora e inocente, por exemplo, seja um dos sobrenomes mais comuns na província de Firenze e até hoje, né, por conta do hospedale de séculos atrás. Mas aqui é interessante essas invenções, né? Então, Antine, Antônio, ele inventou Antônio Antine e aí quando vai pra frente no livro é tudo assim, ele tudo rimadinho e o nome tem a ver com o sobrenome. Era um oficial que gostava de
inventar nome desse jeito. Então ele é do sexo masculino, nascido de pais conhecidos, entregue na roda dais pedale às 19 do dia 17 de 1869 pela parteira Alessandra dei dessa cidade. Tal criança no momento que vem recebida no hospício foi julgada ou hospício que que eu vi a gente tinha comentado, foi julgada ter a idade aparente de 6 horas e vem denominada pela direção do logo Pio, que é um outro é um outro termo que que se usa bastante para denominar essas instituições, né, esses orfanatos, instituições eh de acolhimento essas crianças. E foi batizado na
igreja desse pedale no dia 18. Então, na sequência, ele já foi ele já foi batizado por conta dessa dessa crença religiosa. E aqui nesse modelo de Aredzo tem um campo só pros contrassenhes, só pros sinais de reconhecimento. E aí o mais triste é você ver aqueles que são entregues sem nenhum sinal, né? Sem nenhum sinal de reconhecimento. Então o pai, a mãe não tem intenção de de voltar para pegar a criança. E tem tem muitos aí. Dion Giovânia do mesmo oficial na sequência, então, né? Ele começa a brincar com os nomezinhos e e esse aqui
é interessante porque ele foi entregue com uma carta do pároco da comunidade. É uma situação, né? A gente tem ali na na ciena, tem o padre envolvido e muitas vezes aqui o padre também tá envolvido. Então foi o padre que que fez essa entrega. E aí tem os dados da ama de leite aqui também, então que vai vai para Maria, esposa do Domingo Padle de Sambiádio. Então é interessante que tem esse registro do recebimento da criança, os nomes e para onde que ela vai, principalmente, né, nesses registros específicos de de expostos. É muito interessante. E
aí temos aqui um exemplo da de uma pesquisa da Bárbara. Quer falar um pouquinho? B. >> Sim, sim. Deixa eu ampliar um pouquinho aqui para eu conseguir ler. Esse exemplo é lá do hospedale de Linot de Firenze. Eh, é um registro de entrada da criança Stefano Culat, eh, que ocorreu ali em 1835. Então, eh, esse registro é interessante porque ali é citado a eh o nome da ama de leite, né, a família paraa qual a criança foi entregue. Então, e outros detalhes também, né, o dia que ingressou, diz que ali que ingressou no mesmo dia
do nascimento, às 8:30 da noite, após ter sido deixado pela parteira, e ali tem o nome da parteira, Marguerita Maquioli, na Via Rosa, sem nenhum contra 100. foi o caso, né, esse último que você apresentou aí, F, que não tinha não tinha nada, nenhum sinal deixado e foi dado a ele, batizado com o nome de Stefano. Eh, aí nós temos ali a data em que ele foi entregue ama de leite, alguns dias depois eh foi entregue a santa esposa de Giuliano Tegolini de São Paulo a Ponenano, que é a fracione do Comune de Tala, né?
E anos depois ele foi para Maria Andiola, esposa de Giovan Tacini, também na mesma localidade. E esse Stefano Culates, ele teve filho nesta nesta localidade. Esse filho teve um outro filho que foi para Brasil. Então foi o neto do Stefano Culates que foi ao Brasil. Então, é um exemplo desse, onde a gente tem ali eh os dados da leite e conseguimos a partir desse documento até já inferir algumas coisas com relação à trajetória da dessa pessoa. Então, eh é um exemplo assim bem característico e já não pega mais o sobrenome eh inocent, né? eh já
foi dado, atribuído a ele um outro sobrenome. >> E uma coisa que é interessante também, né, a questão do sobrenome Culats é muito interessante porque cula em italiano é berço, né? E chamavam a cula como aquela estrutura que recebia o exposto, né? Então parece uma banheira assim, são aquelas coisas de pedra. Então porque em Firenze teve uma época onde tinha a roda propriamente dita, né? Humum. Negocinho que entrava e tal e tinha um que tinha a eh uma espécie de banheirinha para você deixar a criança também, né? Tô falando banheirinha, mas enfim, seria depois a
gente pode até compartilhar uma foto. E isso chama de cula. Então é interessante o nome que deram esse sobrenome. Claro que a gente não pode ter certeza disso, né? Mas é interessante. >> É, mas é é bem provável que tenha sido algo do tipo. E aí eu fui chamada para fazer a pesquisa do culps e chegou essa essa essa conclusão. Foi inventado ali no hospedale, então dali se originou esse sobrenome da família. >> Ah, nós temos agora uma amiga aqui, a Rosana, que ela tem um um caso da família dela muito interessante para contar, pra
gente poder encerrar aqui a apresentação. Rô, tá por aí? Olá, tudo bem? Estão todos me ouvindo? Sim, tá ótimo. >> Uhum. >> Bom, primeiro que é um prazer estar aqui falando sobre temas que são tão especiais para mim e de um filme também que eu adoro. E eu não sei se vocês viram, mas há poucos dias o Alpatino deu uma entrevista e ele citou dois filmes preferidos dele durante a vida toda. Um deles a árvore dos tamancos, né, que é um dos meus filmes favoritos também. E esse tema de crianças expostas é algo que mexe
muito comigo, porque eu tive um caso na minha família, como o professor falou, um colateral. A minha bisavó italiana, que chegou aqui no Brasil em 1902, ela sempre falou do irmãozinho adotivo dela que havia ficado na Itália. E o mito, né, o que ela contava foi passando de um para outro. O mito foi que ele não pôde embarcar, que no momento ali de entrar no navio, por ele não ter o sobrenome da família, né, o Crudeline, ele foi impedido de embarcar, de entrar no navio. E eu sempre achei essa história um pouco estranha, né? Ainda
não estudava genealogia com profundidade, mas eu sempre desconfiei um pouco como assim, né? eh uma criança de 5 anos eh não pôde embarcar só por conta do sobrenome, por conta dos documentos. E aí em 2017, eu fazendo o meu primeiro curso com o professor Virgínio, contei isso para ele, ele me deu algumas dicas ali de como pesquisar, como que eu eh eu poderia checar um pouco essas informações e pesquisar mais. Bom, para resumir aqui, eu cheguei ao eh Arquivo de Estado de Orvieto, né, da região dos meus antepassados, e contei a história e pedi, eh,
para que eles me mandassem algum documento que eles tivessem. falei o nome eh do irmãozinho da minha da minha bisavó eh a região. Enfim, uns dias depois eles me enviaram a ficha de adoção da criança, né, do Francesco, com todos os detalhes, quando ele nasceu, quando que ele foi deixado lá, quando que o meu travô e a minha trzavó eh estiveram lá para adotá-lo com poucos dias de vida. A minha atriz avó já tinha perdido dois meninos no em partos anteriores. Tinha as duas meninas, perdeu dois bebês e aí resolveram, né, ela e meu travô
adotar adotaram o Francesco com poucos dias de vida. Eh, algum tempo depois, num outro parto, a minha trisavó faleceu e meu travô resolveu emigrar para o Brasil com as crianças, né, com eh só que aí foi a decisão que ele tomou. Ele voltou ao orfanato quando o Francesco tinha cinco aninhos e o devolveu, né? Então essa é uma história que sempre mexeu bastante comigo. Quando eu descobri isso, meu filho mais velho tinha justamente 5 anos e eu fiquei imaginando a dor dessa criança que foi eh de alguma forma abandonada, né? E por outro lado, eu
fiz um exercício enorme para não julgar o meu travô, porque na verdade, como disse ali um personagem no o Batestin, né, no filme, eh, o Francesco representava mais uma boca para ele alimentar e ele estava emigrando, né, partindo para o desconhecido viúvo, com duas crianças e o Francesco representava eh mais uma boca para para sustentar. Então, não sei o que que passou na cabeça dele, ele foi e devolveu o Francesco pro orfanato. Eh, a boa notícia é que eu continuei pesquisando, encontrei registros já do Francesco Casando em Roma, adulto, e também a ficha militar dele,
né, com mostrando que ele foi eh lutou na Primeira Guerra em foi prisioneiro inclusive dos austríacos e depois ele foi condecorado como herói de guerra. É, é essa a minha história. >> Que história, que história >> maravilhoso. >> Mas é é na prática, né? Na vida real, nós vermos como a coisa acontece. Muito bom. Rel. >> É, eu só fico muito triste em que a minha bisavó faleceu com 87 anos sem saber qual foi o destino do Francesco, >> né? De alguma forma ela deve ter ficado sabendo. >> Sim. >> Obrigada, Rua. Obrigada. >> Eu
que agradeço a oportunidade de estar aqui com vocês. >> Bom, agora você tira aí, f a apresentação, >> eh, >> para poder a Raquel entrar. >> Sim. Deixa eu parar de compartilhar. Prontinha, >> pessoal, alguém quer acrescentar alguma coisa, comentar alguma coisa? a história da rua assim é emocionante e deixa a gente, né? >> Eu sei. >> Nós que mexemos bastante com registros, que encontramos essas histórias eh surpreendentes, eh um relato desse na família é de mexer com a gente de verdade. >> Pessoal, alguma pergunta, alguma curiosidade? de alguém que gostaria de compartilhar um pouquinho
alguma história sua. Estamos abertos aí agora nesse momento. Fiquem à vontade. >> Eu queria falar, não é bem uma história minha, mas eh permite fazer um paralelo, né, uma curiosidade com a partir da história do cinema, que é um assunto que eu tenho muito interesse. Então, a primeira vez que eu assisti um filme não conhecia, conhecia de nome, mas eu tinha parado para assistir. E apesar e ele tem um, ele dialoga com o neorrealismo italiano, que é uma um cinema dos anos 40, 50, só que ele é bem mais eh feito bem depois, né? Humum.
>> E o interessante que a principal característica do nealismo italiano é o de uso de não atores. E é incrível que logo que aparece o título do filme, ele deixa claro, né, que esse filme foi feito por por eh não atores, né, pessoas da do campo Bergamasco. Então, achei bem interessante também eh isso de usar locações reais, né? O professor mostrou, né? E e eu acho que é muito legal que realmente parece dentro do filme, é quase um documentário, né? >> É. >> Então é é emocionante ver e assim, você vê todo o drama da
época, né? E e como não é um realismo italiano, eh, como era pós-guerra, mostra só sofrimentos, só uma causas impactantes idêntico eles, né? E e é uma coisa que é muito importante paraa Itália, imagino, porque no pós-guerra, enquanto a Itália tava mostrando todo o sofrimento até lugares destruídos, né? Tem um filme que chama Alemanha no Zero, que é passado em Berlim, com Berlim destruída totalmente. E os Estados os Estados Unidos, por exemplo, tava no no sentido oposto, fazendo estúdio, né, a felicidade, o poder do estado. E mas o que é bem diferente é que ele
ele faz o naalismo aliano tá sempre mostrando presente e ele mostra 100 anos antes, quase, né? 80 anos antes. Então para mim foi muito diferente assim. Ele tem muito uma cara do que eu já conhecia como cinema italiano, mas ele traz essa como se fosse um documentário de uma época que é muito importante pra gente, né? Que que é bem perto da grande migração também. logo depois. Então eu fiquei muito feliz de poder ouvir essa parte da história e também ter essa oportunidade de dividir com vocês. >> Legal. Obrigada por compartilhar, Gabriela. A Sônia tem
uma, ela levantou a mão, mas ela tem uma uma pergunta que ela deixou no chat paraa Bárbara. Esse registro do Stepano Culat é do hospedale? Eles registravam numa mesma página todas as informações da criança. Tem informações de quando saem do orfanato. >> Tem a data ali que ele foi entregue ama de leite e depois a data que ele foi entregue para pra segunda mãe, né? Mãe, >> segunda mãe. >> Eh, já tinha ali 3 anos, foram três anos depois. >> É, >> já não mamava mais. Então foi para para ser cuidado mesmo, para viver junto.
Inclusive depois eu eu encontrei no estatoo deime, eu encontrei a composição familiar, tinha uma outra menina também no núcleo familiar que era do do hospedale. >> Então é uma pensão que veio estruto, tá numa folha de papel ao maço. >> Não, não é um livro mesmo. É um livro. É um livro. É, eu tenho até um vídeo depois esse cliente foi até lá fazer uma um passeio turístico histórico e filmou o livro, abriu. Foi super emocionado. >> É um livro pautado, né? >> Oi. É >> específico de É um livro pautado, pareceu. >> É um
livro a o o nome da coleção ali é Bali Bambini. Então registrava ali realmente a os dados da criança de entrada e tal, mas com com propósito de inserir os dados das amas de leite. >> É o movimento que eu nunca tinha visto um registro desse tipo, eh, que era um livro de escolha pautada, >> onde ele tinha o ano ao lado e as informações referentes, né? Eh, eu nunca tinha visto esse tipo de registro. Ele é diferente do que a gente encontra em livros. Eh, isso. Ah, olha, eu vi, não sei da onde eu
vi pauta. Acho que tá tão tão retinho que eu vi pauta. Tem mais cham natural. >> Uhum. >> Ô, Sônia, no meu Instagram, >> Sônia. >> Oi. >> No meu Instagram tem um, eu botei um vídeo do cliente lá na hora vendo o livro. E a arquivista, ela abre, mostra os detalhes que tem na lateral. Bem bonito. Dá uma olhadinha lá depois. >> Ah, vou dar, vou procurar. >> Dá para ver melhor. >> Achei muito interessante. Achei muito interessante esse registro e fiquei aqui pensando, né? eh eh realmente de de pesquisas em livros desse tipo,
de hospedar, de outras crianças, se eh porque a gente tem uma outra amiga que tem inclusive a saída da bisavó dela. Eu fiquei pensando se tem eh que outras informações a gente encontraria nesse tipo de registro. Mais uma coisa pesquisar. Eu gostei muito de ver, Bárbara, obrigada. Vou ver o seu Instagram, sim. Vê lá, é bacana. >> Ô Bárbara, a gente não fez apresentação do Culats esse ano na Rotteck. >> Foi, foi aquele caso no Raízes Europeias. >> Também tá no Family Search, né? >> Sim. Gu, pode falar. >> Oi, boa noite. Estão me ouvindo
bem? >> Sim. Eh, nessa questão, como disseram, os adotados não eram, os expostos não eram adotados formalmente, teoricamente não poderiam nem usar o sobrenome do da família, embora muitos no Brasil usassemse, até porque consideravam pais. Eu acho interessante comentar ali do sofrimento da guerra foi justamente o que mudou isso. Antes da Primeira Guerra, você a adoção legal existia na Itália, mas era só para pessoas maiores de 18 anos. como a maioridade começava aos 21, era só quem era praticamente adulto, já era criado. E foi justamente a guerra que mudou isso. Quando teve a primeira guerra,
milhares e milhares de crianças ficaram órfas e eles começaram a facilitar as regras para adoção formal, uma adoção formal que a pessoa seria legalmente filha dos pais adotivos. E foi justamente por causa da guerra que eles começaram a flexibilizar primeiro para crianças eh orfas e depois foi eh mudando para ser um sistema tipo hoje que é bem mais liberal. >> Eu acho que essa lei, ô Gustavo, é de 1919. É bem depois da guerra mesmo. >> Uhum. >> E era isso para para facilitar, né, a adoção das crianças que perderam os pais durante a guerra.
ou também crianças nascidas fora do casamento. Uhum. >> Teve isso aí. Aí parece que depois bem mais tarde, pelo que eu pesquisei aqui, 1983 é que se fez, se deu o modelo de adoção que a gente tem hoje. Depois foi aprimorada, mas foi bem tardio, né? 83 eu já tava nascida. É, o Gustavo colocou um comentário, aproveitando sobre, né, os livros de legislação dos cicilianos, que que tem vários registros de mudança de sobrenome, né, com eh justamente por conta desse desse, né, tabu esse essa coisa, o estigma, né, que carrega. Então ali na na Cília
o Expósito era o principal nome utilizado. Na Toscana era inocente. Eh, Bolonha é Bastardini, acho que é o meu preferido. Bastardini eu acho muito bom, mas tem proiet, enfim, cada região pega o seu nome, eh, o seu, tinha o seu sobrenome específico que era usado por uma determinada instituição. Então, realmente a gente vê bastante registro depois de retificação, né, de retificação de de pessoas que mudaram, então que tinham ainda o sobrenome, que e que mudaram depois. Isso é bem bem comum também. Bom, >> e eu vou compartilhar que eu tenho dois casos que eles, os
dois casos, cada um aconteceu de uma, cada um eh adotou o nome de uma forma diferente. Um deles, quando chegou no Brasil adotou o nome da família, né, que era a família era Poly e o sobrenome dele agora não lembro como é que era, mas é um sobrenome bem diferente. E ele adotou o sobrenome Poly, que era dele. E pronto. e a vida inteira usou o sobrenome. E teve um outro caso de exposto também que eu que eu da mesma região até região que eu digo do Brasil que eles eram as duas famílias do Rio
Grande do Sul, que ele nunca adotou o telefone, o sobrenome da família, mas ele declarava que os pais eram aqueles que criaram ele com nome, sobrenome do pai, nome sobrenome da mãe e ele com o nome, o sobrenome disposto dele. Bem curioso, cada caso foi adotou o nome de uma forma diferente. Gostaria de saber aqui mais alguém tem um caso curioso que disposto que que pesquisou ou que tem na família que gostaria de compartilhar? >> Professor, pode falar. Então eu tenho três casos de expostos, mas no século XVII, meados entre 1730, 1760, mais ou menos.
E também teve uma variedade de soluções. O um deles eh sumiu, não consegui acompanhar, eh não dizia nenhum sobrenome. Um outro adotou o sobrenome da família quando cresceu. Eu acompanhei pelos estatus de reânime. >> Uhum. >> Uma terceira que era uma mulher que ficou a vida inteira chamada Espedalina, >> filha do hospital. Pecado. >> Eh, casou e tudo, faleceu eh como espedalina. Ela estava numa família, estava como agregada numa família. >> Uhum. >> No estatus dele ela manteve diretamente o o mesmo sobrenome. Então, como era muito menos formal na época, né? Sim. eh ela adotou
esse sobrenome nos registros eh religiosos, casamento e eu falei ao final óbito, né? Vai vai diretamente naquela constatação que a gente tem que não existe regra, né? Existem infinitas possibilidades e e elas aparecem. É só você procurar o suficiente que aparecem muitas possibilidades aí. Verdade. Susana, pode compartilhar. >> Na verdade, não foi, não tem a ver comigo, mas também não é italiana, é portuguesa de uma amiga e eu não sei o nome, mas foi um filho fora do casamento que foi deixado na >> na roda, né? >> Uhum. >> Expostos, mas ela não conseguiu ainda
localizar tudo. Eu, pessoalmente, nunca tive. >> Legal. sempre tem alguém, algum conhecido assim que tem um caso como esse na família, às vezes é um estigma, às vezes não querem contar, às vezes não compartilham, tem bastante disso, né? Mas é legal que ela, tomara que ela, que ela consiga encontrar rastros del >> na verdade do do avô que seria o avô, né? Ela até encontrou, mas é o pai que seria o pai da criança que, né, que já era casado com uma outra mulher e é desse que, >> mas é porque ele era casado, parece
que ele era oficial de cartório, alguma coisa assim, algo similar. >> Então, questões sociais também, né? Mas eu mesmo não tive nada. >> Obrigada, Gabriela. Eu eu pesquisei, tinha um tive um cliente que é a família toda, todos os documentos no Brasil, casamento, hóbit, todos os filhos tinham sobrenome, mas na lista de embarque ele tava com a família e ele tinha um outro sobrenome. Foi até fácil assim, até apresentei esse caso para paraa PGBR, porque é curioso ter esse registro de ter o nome dele, outro sobrenome e na frente a palavra convivente. >> Então tava
solução muito fácil, mas assim se no chegou no Brasil, ele nunca mais usou o sobrenome que ele embarcou. >> Ah, curioso sorte, né? >> Dei tudoado. Assim, >> foi bem sorte. Eu, nesse caso que a que ele que eu comentei da família Poly, que eles que ele usava o sobrenome da família, que ele abandonou o sobrenome exposto, ele também aparece como como convivente na lista nos registros de navio. Bem curioso. Bom, mais alguém gostaria de compartilhar ou fazer alguma pergunta? Acho que não. Bom, pessoal, eu acredito que foi uma live muito legal, com muito conhecimento,
muito compartilhamento de informação e obrigada, professor Virgío, obrigada Fernanda, obrigada Bárbara por compartilharem esse esse conhecimento, essa esse tema tão que toca tanto na gente, né? E obrigada a todos que estão aqui, que estão com a gente acompanhando as nossas lives e e compartilhando as suas histórias. Ah, muito boa. >> Obrigada, Sônia. A primeira, a primeira de conteúdo, sim, a primeira grande live. Eh, e esperem, continue acompanhando os nossos o nosso calendário, que ainda essa semana teremos mais lives, mais conteúdos. exclusivos e não exclusivos também. Vamos ter a a live que foi cancelada, que foi
adiada no na semana passada, ela será no dia 18, tá? Eh, eu ia dar um um aviso no início, mas acabei pulando. As os materiais, as lives, elas elas vão ficar gravadas, mas elas não ficarão na nossa biblioteca dentro do sistema, porque elas são muito grandes e o sistema não comporta. Então, nós salvaremos todas no YouTube e colocaremos o link à disposição e avisaremos no pelo sistema, por e-mail ou algum tipo de comunicado que faremos quando as lives estiverem disponíveis, tá? Só para avisar. Eh, >> aquel posso só complementar dizendo que o link no YouTube
é fechado e só vai ter acesso quem entrar com e-mail, tá bom? Então não, senão aparece que a live é fechada e a gente vai disponibilizar no YouTube. Não vai ser assim. É, é um grupo fechado que vai ter acesso a essa live, tá? >> Sim. >> Então é isso, pessoal. Eu agradeço aqui a presença de todos. Vou parar de gravar um minutinho só pra gente finalizar, parar. Yeah.