E aí, pessoal. No Politize! Explica de hoje, a gente conversa sobre o que é feminismo.
Então, fica por aqui que a gente vai explicar como esse movimento surgiu, o que ele reivindica e ainda sobre algumas vertentes teóricas do movimento. Falando nisso, já vai pensando aí para nos responder nos comentários: você acredita que o movimento feminista tem algum impacto na sua vida? Se você é novo por aqui já se inscreve no nosso canal que toda semana tem conteúdo novo por aqui!
E para quem já nos acompanha, o pedido de sempre: curte o vídeo e deixa seu comentário para a gente saber o que você está achando dos conteúdos. O feminismo é um movimento político e social que tem como pauta a luta pela igualdade de gênero, ou seja, para que as mulheres e os homens tenham os mesmos direitos e oportunidades. Segundo as autoras do livro “O que é feminismo”, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy, é difícil estabelecer uma definição precisa do termo, porque ele traduz todo um processo que tem raízes no passado, que se constrói no cotidiano, e que não tem um ponto predeterminado de chegada.
Como todo processo de transformação, contém contradições, avanços, recuos, medos e alegrias. Mas um ponto que merece a nossa atenção é que a lógica de que o feminismo é o oposto do machismo e de que a luta é, na verdade, para que as mulheres fiquem com condições superiores às dos homens na sociedade, não é verdade. A base do feminismo é alcançar a igualdade de direitos e a luta contra as manifestações do machismo na sociedade, ou seja, o objetivo é construir uma sociedade que ofereça igualdade de condições entre os dois gêneros.
Algumas bandeiras do movimento são, por exemplo: o combate à violência contra a mulher, a diferença salarial entre gêneros, pouca inserção feminina no meio político, casos de assédio e preconceito contra a mulher, acesso a métodos contraceptivos gratuitos e a amamentação em lugares públicos. Agora que a gente conseguiu entender a definição do movimento e quais são as reivindicações dele, um ponto importante é falarmos sobre a sua história, ou seja, quando o feminismo surgiu? Bom, o termo feminismo foi colocado pela primeira vez por um filósofo chamado Charles Fourier em sua obra “Teoria dos Quatro Movimentos”, publicada em 1808.
Nessa ocasião, ele defende que a liberdade para as mulheres seria um pré-requisito para o progresso da sociedade e do mundo, no geral. A origem do movimento foi no período das revoluções liberais do século XVIII, principalmente com a Revolução Francesa e os ideais do Iluminismo. Isso porque, nessa época, a racionalidade humana começou a ganhar espaço e, com isso, a ideia de liberdade ganhou força.
Entretanto, as mulheres não consideravam seus direitos eram iguais aos dos homens e começaram a lutar por isso. Contudo, foi somente a partir do século XIX que o movimento ganhou força, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A Inglaterra, nesse período, passava pela chamada Segunda Revolução Industrial - ou seja, por um momento de aprimoramento de técnicas, surgimento de máquinas e a introdução de novos meios de produção.
Mas, o que isso tem a ver com o movimento feminista? Pois bem. .
. Foi exatamente durante esse período que as mulheres começaram a lutar pela igualdade de condições de trabalho nas indústrias da Inglaterra. As mulheres exigiam uma carga de trabalho e um salário iguais aos dos homens.
E aí, no começo do século XX, o movimento também ganhou força nos Estados Unidos e lá o cerne da luta foi pelo direito ao voto . Bom. .
. mas essa é só uma pontinha do que é a história do movimento. Se a gente for estudar o feminismo por uma ótica mais tradicional, a gente vai encontrar por aí uma divisão do movimento por ‘ondas’ feministas que são definidas não só pelos seus contextos históricos, mas também por suas pautas principais.
Deixa que a gente te explica! A primeira onda tem seu inicio datado no século XIX, naquele contexto do surgimento do movimento, ou seja, durante a Revolução Francesa e a Segunda Revolução Industrial. Nesse contexto, a principal pauta do movimento pode ser caracterizada como a luta por direitos básicos - ou seja, entra aí reivindicações por igualdade no mercado de trabalho, pelo sufrágio feminino e por uma relação mais igual no casamento, por exemplo.
Duas mulheres que marcaram o movimento foram Olympe de Gouges, na França, e Mary Wollstonecraft, na Inglaterra. Já a segunda onda do feminismo é identificada a partir dos anos 1960, no contexto de Guerra Fria, de Ditaduras na América Latina e também das Revoluções Culturais. Desse período, nasceram duas das mais conhecidas feministas da história: Simone de Beauvoir, francesa e autora do livro “O Segundo Sexo” e Angela Davis, autora de “Mulheres, Raça e Classe”.
Naquele contexto, as principais reivindicações das feministas foram , por exemplo, questões sobre liberdade e autonomia da mulher para decidir sobre seu próprio corpo, trazendo também discussões sobre sexualidade. É inclusive aí que popularizam-se discussões sobre métodos contraceptivos, especialmente sobre a pilula anticoncepcional, e o debate sobre distinção entre sexo e gênero, que ainda é bastante atual. Já a terceira onda data da década de 80, no contexto pós Guerra Fria.
Nesse período, as feministas começaram a debater alguns aspectos impostos pelo movimento nas ondas anteriores. Uma das questões discutidas foi sobre a necessidade da mulher ser feminina, ou seja, o conceito de feminilidade. Outras questões que começam a ser debatidas são o gênero fluido, não binário, interseccionalidade e a Teoria Queer.
Dois nomes de referência dessas discussões, naquele momento e ainda hoje, são Bell Hooks e Judith Butler. Mais recentemente, estudos começaram a falar sobre a quarta onda do feminismo. Essa surgiu em 2010 e vigora até os dias atuais, em um contexto marcado pelo desenvolvimento digital.
Afinal, como a gente sabe, as redes sociais afetaram a forma como os indivíduos percebem a si mesmos e o mundo ao seu redor. E No movimento feminista, não foi diferente. Com as novas tecnologias de comunicação em massa, os relacionamentos, o consumo, o trabalho e muitas outras dimensões da vida humana foram repensadas e modificadas.
Bom… resumindo, historicamente, é possível classificar 4 momentos distintos do movimento feminista. Mas olha só: por mais que a gente diga “do movimento feminista” isso não quer dizer que exista apenas um movimento feminista. Lembra quando a gente te falou lá no início do vídeo que o movimento não tem uma definição precisa?
Então, é que na realidade, o movimento possui variadas vertentes teóricas que trazem uma diversidade de mulheres, de lutas, de contextos, de entendimentos. . .
e é por isso que é difícil trazer essa definição única para algo tão plural. , Calma aí! Para você entender melhor, a gente vai te explicar algumas das principais vertentes.
A primeira delas seria o feminismo liberal, que surge na revolução francesa e traz então, os ideais liberais para o feminismo. Nesse sentido, a vertente é centrada no indivíduo mulher e nas suas liberdades de escolha. Um exemplo de pauta que é enquadrada no feminismo liberal é, por exemplo, equiparação de direitos sobre salários.
É uma corrente que busca igualdade, especialmente, por dentro das instituições como pela mudança de leis. Ainda confuso? Então, presta atenção na próxima vertente que vai te ajudar a entender melhor.
Outra vertente é do feminismo marxista. Ela também surge com a primeira onda do movimento. A principal questão aqui é que, segundo feministas marxistas, a opressão da mulher não existe apenas pelo machismo, mas também pela forma como a economia se organiza no capitalismo, reduzindo o papel de participação da mulher na sociedade como um todo.
Nesse sentido, enquanto o feminismo liberal busca por mudanças dentro do sistema capitalismo, o feminismo marxista defende uma mudança do próprio sistema para alcançar a igualdade entre homens e mulheres, já que para ele isso seria impossível no capitalismo. Dica de ouro, pessoal: quem quiser entender melhor sobre esses conceitos apresentados aqui, corre para nosso vídeo sobre Esquerda e Direita. Continuando… Ainda, existe o feminismo radical que surge na segunda onda.
Mas, calma! Radical aqui não é sinônimo de extremismo. O que as feministas radicais buscam é compreender as origens da opressão da mulher e, partir disso, lutar contra a estrutura que gerou a opressão e a desigualdade.
Na prática, acredita-se aqui que as raízes das opressões sofridas pelas mulheres são papéis sociais atribuídos aos gêneros. Um exemplo é a noção de que meninas quando crianças ganham bonecas e panelinhas para brincar, que são brinquedos que remetem ao cuidado com o lar, enquanto os meninos recebem bolas e caminhões de bombeiro, que são brinquedos associados a profissões de poder. As feministas radicais buscam desconstruir essas imposições.
Outra vertente também importante é o feminismo negro, que surge na terceira onda. Aqui, a principal ideia é a de que a mulher negra não é representada pelas outras vertentes, porque além de questões de gênero, ela enfrenta também o preconceito racial. Nesse sentido, as feministas negras consideram que as suas demandas não são as mesmas das mulheres brancas.
As defensoras da vertente ainda apontam para o fato de que os Movimentos Feministas e os Movimentos Negros falharam e ainda falham ao negligenciar as peculiaridades das necessidades das mulheres negras. Em último lugar, trazemos o feminismo interseccional, que também surge ao longo da terceira onda do movimento. Inclusive, ele surge a partir das lutas e teorizações dos movimentos feministas negros nos Estados Unidos e no Reino Unidos entre 1970 e 1980 - e por isso há alguns pontos em comum nas correntes.
Basicamente, essa vertente parte de uma ideia de que além das opressões de gênero, existem outros fatores que oprimem grupos de mulheres - e esses fatores devem também ser considerados nas demandas. Ou seja, é uma vertente que posiciona raça, classe, gênero como fatores sobrepostos nos sistemas de opressão e que traz a reivindicação de outros grupos de mulheres que chamam atenção para a intersecção entre as opressões que vivenciam Viviana Santiago. Na prática, o feminismo interseccional coloca que: o racismo é diferente do patriarcalismo, que por sua vez é diferente da opressão de classe.
Mas, frequentemente, eles podem se interligar criando complexas intersecções em que dois, três ou quatro eixos acabam se cruzando. Antes de terminarmos, como estamos falando de diferenças entre as mulheres, precisamos colocar que também existe, assim como em todos os movimentos políticos e sociais, um grupo que faz oposição ao feminismo. Essas mulheres são conhecidas como antifeministas.
O antifeminismo em suas diversas manifestações é compreendido em suas diversas dimensões, como um retrocesso no processo de modernização da sociedade, expressão de fisionomia da tradição, ou expressão de preconceito, relacionada à problemática do “lugar” da mulher como parte de grupos socialmente discriminados na sociedade brasileira. De modo bastante simples e resumido, as antifeministas acreditam que o feminismo destrói o conceito de família e que, na verdade, não existe qualquer opressão contra as mulheres. Bom, o movimento não é simples e a história é grande.
Mas deu pra entender o que é o movimento, como ele surgiu e as suas principais vertentes? Conta pra gente sobre a sua visão do movimento Até a próxima semana!