História do Brasil Colonial I - Pgm 16 - Economia e sociedade do açúcar - Parte 1

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História do Brasil Colonial I - Pgm 16 - Economia e sociedade do açúcar - Parte 1 Nesta aula, é ana...
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[Música] [Música] o tema de hoje é a economia e a Sociedade do Açúcar a história do açúcar na América portuguesa se confunde com a própria história da colonização há um contínuo nessa história da colonização aliás há vários um deles o mais importante é justamente o cultivo da cana e a manufatura do açúcar desde o século X até o século XIX as vésperas da Independência o açúcar é produzido no Brasil e essa produção tem um impacto enorme tanto na economia quanto de forma mais abrangente na Constituição da própria sociedade da América portuguesa assim essas histórias se
confundem embora a história do açúcar tenha os seus matizes próprios tem as suas características internas próprias decorrentes então das suas características naturais decorrentes das suas características de produção de manufatura de distribuição essas características próprias elas então Eh configuram alguns quadrantes dessa história da América portuguesa E amparam então uma grande continuidade é disso que nós vamos falar hoje no tocante aos primeiros anos o estabelecimento então da cultura do açúcar e o seu impacto na configuração da própria realidade Colonial nos séculos x e começo com a observação de um grfico que nos permite tirar algumas conclusões da
maior importância observem não aqui é porque só tinha pagado bom tudo bem observem esse gráfico que consta de uma importante obra publicada nos anos 30 a história econômica do Brasil de autoria de Roberto Simonsen desde então esse gráfico foi reproduzido por várias outras importantes obras vamos tirar aqui incluindo a obra do historiador francês frederique morrot e dos historiadores brasileiros Maria ID Linares e Francisco Carlos Teixeira da Silva e outras mais né esse gráfico mostra medidas do comércio exterior do Brasil entre 1536 e 1822 são medidas aproximadas desse comércio exterior as medidas São aproximadas não são
exatas mesmo assim elas nos contam algumas histórias muito eloquentes em História nós nem sempre trabalhamos com medidas exatas na maior parte das vezes em se tratando de realidades passadas nós lidamos com Medidas aproximadas com valores aproximados e procedemos então a jogos de escalas sem os quais não é possível entender a história aproximações de grandeza comparação de grandeza algumas suposições dessas grandezas com isso nós nos apropriamos de algumas dimensões da maior importância da história que nós queremos observar que nós queremos entender e nesse caso aqui uma história mais propriamente dita Econômica é a mesma coisa o
que nós estamos observando aqui primeiro lugar a presença dos principais produtos de exportação então nós temos valores da exportação de açúcar essa linha aqui valores de exportação do Ouro essa linha aqui a partir de meados do século X valor valores de exportações totais e temos mais uma linha aqui que foi acrescentada nesse gráfico que é a flutuação do câmbio dos réis portugueses gramas de ouro por r000 réis é esta linha aqui esta linha aqui desculpem esse salto aqui é do açúcar essa aqui é a da moeda bem numa num eixo no eixo horizontal anos décadas
1540 1550 1560 1570 até 1820 no eixo vertical dois valores essa primeira coluna né 10 9 8 7 6 gr de ouro a cada r000 valor da moeda portanto né temos então a medida do câmbio português 10 9 8 7 6 5 g a cada r000 ré e nesta coluna mais da direita libras esterlinas milhões de libras esterlinas para então mensurarmos o valor dessas exportações então há um cruzamento do valor da moeda com o valor das exportações nós vamos analisar aqui o valor das exportações vocês observem esse gráfico uma primeira familiarização sendo ele constituído a
partir de medidas aproximativos tá tem margem de erro aí Claro tem controle eh eh pouco exato tem comércio que não entra nessa contabilidade por ser comércio ilegal contrabando mesmo assim com com todos os defeitos que essa quantificação Tenha ela nos fornece então uma possibilidade de aproximação dessa realidade Econômica dessa realidade material da América portuguesa entre os séculos x e x tudo bem um primeiro olhar sobre a coisa sim inclusive se nós tivéssemos medidas exatas vamos supor que nós tivéssemos então cálculos de exportação ano a ano preciso como temos por exemplo o comércio exterior Brasileiro hoje
que é um comércio muito mais complexo do que esse comércio aqui Colonial se nós tivéssemos medidas exatas ano a ano semestre a semestre mesmo assim em alguns momentos nós nos sentiríamos diante da necessidade de aproximarmos essas medidas de observarmos essas medidas de modo geral porque senão nós íamos nos perder em minúcias minúcias que pouco explicam sobre realidades estruturais dessa economia observem aqueles comentaristas econômicos e telejornal diário né todo dia tem um comentarista econômico e todo dia no São apresentados então alguns índices como por exemplo a variação da bolsa de valores essa variação diária importa pros
especuladores só que se nós quisermos entender o que é a economia do Brasil inserida na economia mundial no ano de 2014 esses valores diários não vão não vão nos dizer praticamente nada eles estão sujeitos a variações em decorrência de fatores históricos de baixo Impacto A não ser que ocorra algo realmente significativo que imprime então uma tendência mas essa tendência só pode ser observada numa escala maior do que dessas flutuações diárias estou dizendo então que mesmo se essas medidas fossem bastante precisas e nós nos aproximássemos dela com delas com uma lupa nós precisaríamos nos distanciar Em
alguns momentos preferirías Então as medidas aproximadas para observarmos grandes movimentos que só são s discerníveis em média ou em longa duração tudo bem até aqui vamos então aproveitar a inexatidão dessas medidas e tirar algumas conclusões que não obstante as suas possíveis revisões Face a cálculos mais precisos não implicariam revisões radicais Então são conclusões que lidam com essa aproximação desses cálculos e ao mesmo tempo se aproveita da possibilidade de observá-los em média e em longa duração vejamos uma primeira conclusão desde que começou a ser produzido na América portuguesa na década de 15530 o açúcar jamais deixou
de ser produzido jamais deixou de ser exportado ele sempre desempenhou um papel relevante na pauta de exportações da colônia sempre esteve aqui plenamente visualizável num gráfico como esse daqui então o açúcar nunca deixou de ser produzido nunca deixou de ser exportado não há nenhuma interrupção desde o seu início na na década de 1530 até ali e o o as vésperas da Independência Claro o açúcar continua mas o Simons cortou aqui propositadamente a su ação com o fim dessa América portuguesa com o a independência do Brasil quee já trataria como uma economia Nacional primeira observação segunda
observação o ouro Claro surge num determinado momento ele surge então no final do século X as primeiras descobertas de jazidas nas Minas Gerais ocorrem nessa época existia um pouco de ouro descoberto em outras regiões mas não era um ouro significativo para formar a realidade socioeconômica de uma determinada região e para exercer Impacto nessa pauta de exportações o ouro realmente important em termos de observação da economia colonial será o ouro das Minas Gerais ele começa então a ser extraído ele comea a ser exportado no final do século X e vai também junto com o açúcar até
o começo do século X bem as exportações totais mostram uma variação interessante de início nós temos que a somatória dessas exportações totais excede um pouco o açúcar vocês observam até aqui ó essa essa curva bem par Na verdade uma reta né bem paralela aqui en na segunda metade do século mostra que quando tem início então a mensuração dessas exportações totais no gráfico elas excedem um pouco as exportações de Açúcar nessa segunda metade do século X o açúcar é avassaladoramente preponderante correto tem algo a mais mas a imensa maioria dos valores dessa exportação são em decorrência
do açúcar Mas a partir do século XV há um distanciamento Na verdade uma tendência já apontada no final do século 1 nas duas últimas décadas do século X pois as exportações totais começam a subir né não obstante o açúcar declinar até 1710 depois ter uma recuperação razoável mas quando já as exportações totais con um aumento muito mais significativo muito mais intenso do que essa exportação de Açúcar Claro porque aí entra na pauta o ouro temos então que somar ouro mais açúcar para entendermos essas exportações totais estão acompanhando até aqui tudo bem pois bem não é
necessário muito esforço para perceber que no final do século XVI aqui a partir de 1780 um pouco antes a somatória de ouro e de açúcar não alcançará a somatória das exportações totais observem aqui por exemplo ó isto aqui é é ouro isto aqui é açúcar ouro mais açúcar chega até aqui ó no final do século XVII e esse restante aqui né esse distanciamento entre somatória de açúcar e ouro e exportações totais no final do século XVII indica uma complexificação da economia exportadora Colonial nesse período há uma diversificação de produtos há uma diversificação de culturas há
um desenvolvimento agrícola muito significativo que tem a ver com as políticas reformistas levadas a cabo pelos governos de Dom José i e dona Maria iira na segunda metade do século XVII então a economia colonial Nesse final do século X já é bem mais do que a somatória de açúcar e ouro pelo menos em termos dos valores de exportação que é um indicativo relevante nós não temos aqui quantidade de produção nós não temos aqui rubricas diferentes dessa produção dessa exportação nós temos valores em termos de valores percebemos uma complexificação dessa economia no final do século XV
em cada um desses momentos nós podemos identificar elementos de conjuntura internacional de dinâmica da própria colonização acontecimentos que exercem Impacto sobre Eh esses comportamentos de Açúcar de ouro e das exportações totais o mesmo poderia ser dito aqui um exemplo preliminar no tocante ao valor da moeda portuguesa por que que ela declina então abruptamente aqui a partir de 1640 né é a independência portuguesa da Espanha é a restauração Portuguesa em 1640 que faz com que Portugal e seu império iniciem então um período de grande dificuldades políticas e econômicas que se estenderá até o começo do século
XVII essa desvalorização tem a ver então com a reinserção de Portugal e do seu império numa posição plenamente desfavorável da competição internacional mas nós poderíamos então aqui tentar entender Por que a partir de 1580 até 1590 1595 há uma subida num num coeficiente bastante diferenciado das exportações de Açúcar do valor das exportações de Açúcar Em relação a essa subida tímida essa subida enfim pouco perceptível que vinha ocorrendo nas décadas an anteriores Até que a partir de 1590 e poucos há uma subida abrupta Isso mostra que aqui nesse final do século X a economia açucareira deslanchou
ela deslanchou dentre outros fatores por sua articulação consolidada com o uso de mão deobra escrava de origem africana Esse é um dos fatores mais importantes Talvez o mais importante para caracterizar Então os primórdios dessa economia açucareira na América portuguesa é a sua articulação e a consolidação dessa articulação com o tráfico de escravos Transatlântico com o uso da mão deobra escrava de origem africana a partir de então vários desses movimentos poderiam ser lidos dessa dessa maneira a mesma coisa o ouro determinados momentos porque que esse ouro sobe porque que ele desce observemos no entanto já que
estamos diante de um gráfico com medidas aproximadas observemos as formas assumidas por essas variações de valores o açúcar começa subindo até 1580 sobe num coeficiente mais acentuado a partir daí até as vésperas do século X então tem uma grande subida e a partir daí diminui a subida mas lá em cima até 1630 sobe muito de novo até 1660 e inicia um processo de declínio que vai até cerca de 1710 quando há uma recuperação até 1760 novo declínio nova recuperação novo declínio pequena recuperação grande recuperação novo declínio né sobe e desce sobe e desce sobe e
desce o ouro tem um comportamento geométrico mais simples temos aqui uma forma de pirâmide começa então já eh fortemente no final do século 1 com uma inclinação grande né um coeficiente de de crescimento Grande deslancha a partir de 1700 e vai subindo então em valores de exportação até 1760 Quando começa então o um declínio sensível um declínio comparável à própria ascensão esse declínio é atenuado a partir de 1775 mais ou menos ele aumenta o declínio no final do século XVI quando há um período de recuperação e novo declínio Poderíamos dizer que em termos de valores
apresentados nesse gráfico o ouro tem um comportamento cíclico correto ele tem o seu início em direção a um crescimento até o auge um declínio proporcional a esse crescimento até a sua praticamente desaparição lá no século X o ouro tem um comportamento cíclico Mas e o açúcar tem um comportamento cíclico não não vejo assim poderemos dizer que ele tem um comportamento aparentemente cíclico até 1710 1715 mas logo ele torna a crescer e mesmo quando ele declina no século XVI os valores de exportação do açúcar são sempre maiores que os valores de exportação do ouro não é
verdade Vamos admitir que haja algum erro nos cálculos que subsidiaram então a confecção desse gráfico mesmo assim na maior parte da vigência da economia açucareira nós teríamos ela acima em termos de valores de exportação em relação ao ouro o açúcar nunca desaparece nunca deixa de estar por cima dessa economia colonial está sempre ou quase sempre acima do Ouro em termos de valores de exportação pergunta esse gráfico então com as suas eventuais imprecisões mas com a sua capacidade de aproximação por meio de um de um jogo de escalas dessa realidade Econômica esse gráfico nos incentiva a
reprodução daquela tradicional convencional ideia de que a economia colonial se divide em ciclos primeiro um ciclo do Pau Brasil depois um ciclo do açúcar o ciclo do Ouro finalmente o ciclo do café a o ouro pode ser chamado de um ciclo Desde que não seja em relação ao açúcar essa concepção cíclica então da economia colonial em seja uma concepção equivocada de sucessão de gêneros coloniais como se a ascensão de um correspondesse ao declínio de outro se nós então confin a história do açúcar na América portuguesa aos limites de um suposto ciclo açucareiro estaremos distorcendo a
compreensão da realidade Econômica de muitos períodos dessa história a ideia de sucessão de ciclos não faz sentido é uma simplificação excessiva da realidade é uma simplificação apressada dessa realidade é fácil a gente guardar na nossa cabeça Essa sequência mas essa sequência não é é capaz de descrever de modo satisfatório sequer de um modo preliminarmente satisfatório o comportamento dessa economia colonial o açúcar é uma constante mesmo nas suas inconstâncias o ouro cresce chega ao auge e desce o açúcar apresenta subidas e descidas por todo o período e está sempre por todo o período da mineração e
está sempre sempre presente na história dessa América portuguesa [Música] [Música]
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