a diversidade humana sempre existiu ea história revela os percalços da difícil convivência entre os diferentes hoje numa sociedade democrática que pressupõe liberdade e igualdade de direitos e existe efetivamente interação e integração na diversidade o que nos leva a classificar pessoas produzirem hierarquias e diferentes atribuições de valor esta série do café filosófico traz reflexões sobre discriminação e preconceitos ainda muito arraigadas seja nas relações raciais nas questões de identidade de gênero ou no descaso coletivo em relação às pessoas com deficiência e nos leva a rever as noções de normal e patológico de certo e de errado na
busca do valor das diferenças em um mundo compartilhado por muito tempo em diversos lugares do mundo certas práticas sexuais foram consideradas como desviantes criminosas ou patológicas hoje essa percepção mudou a sexualidade humana passa a ser vista como uma possibilidade legítima de cada um mas a violência ea intolerância contra a diversidade sexual continuam presentes nos nossos dias neste café filosófico psicanalista benilton bezerra júnior convidou laet coutinho pra conversar sobre essas questões particularmente contente pelo fato de que a maioria absoluta da platéia de jovens de certa maneira eu ir lá e vamos aqui conversar com o futuro
do brasil isso é fundamental é o fato de vocês estarem aqui querendo discutir assuntos que são ambientes e que dizem respeito ao tipo de mundo que a gente vai estar construído nas próximas décadas é particularmente feliz talvez até de maneira melhor de começar essa conversa seja você leve falar um pouco da sua experiência pessoal como é que foi a sucedeu processo é de existência que levou você a esse ponto em que você está hoje uma pessoa que se tornou figura pública emblemática e de alguma maneira é condensa muitas questões que vão além da sua própria
trajetória pessoal eu nem posso descrever o tipo de sentimento e emoção que me percorre nessas nessas horas é e que me leva também ficar ficar embriagado que eu fiz aconteceu o que aconteceu não é uma coisa muito complicada sabe cabral quando veio descobrir o brasil de certa forma já sabia que existia algo ali tanto é que eles tinham feito o tratado de tordesilhas o que os amigos então de certa forma sabia que havia algo havia quando eu eu parei de problematizar e fugi da minha orientação sexual do desejo homens que foi o fantasma de toda
minha juventude e maturidade é que me levou a enfiar isso debaixo do do tapete durante décadas mesmo e me causava muito mal muito mal muita ansiedade de formas até sinal ruim a unha até o topo sem brincadeira e eu descobri o que era que estava muito me realmente me incomodando e resolvi aceitar isso aceitasse um mínimo de o mundo realmente mudou para lançar para junho depois se estabelecer um jogo pacífico entre essa porque não deixou de existir uma tensão a tensão continuava mas passou a ser uma tensão operada dentro de um campo de de certa
passa esta paz eu acho que foi o que me levou a começar a soltar determinadas frangas que provavelmente eu já vinha em cubando então eu comecei a expressá las através dos meus personagens que é um recurso como outro qualquer dizer pobres personagem o fato é que lá pelas tantas uma pessoa é a minha amiga hoje ele falou será que você não quer fazer isso que seu personagem faz foi que descobri que é isto que nem me tinha nome pra mim naquela época existia era factível pessoas faziam o mundo não acabava eu comecei a freqüentar o
que então se chamavam de crosse dez grupos de cross dressing basicamente é isso é que é a travesti lidade só que expressa de modo mais ou menos intermitente assim é quando você se traveste em situações de festa em situações de celebração e tudo e você tem uma vida normal entre aspas dentro da da masculinidade e foi o que eu fiz durante um tempo agora cada vez mais inquieta com isso porque até generalidade se expressa em cada pessoa de modos diversos mas se há uma uma linha comum em todas as pessoas é o fato de que
é algo incontrolável é algo é algo muito poderoso é um sentimento muito poderoso e aos poucos eu fui eu fui chegando à conclusão de que não precisava ter uma vida em masculino eu poderia me expressar o tempo todo de outra forma pesou a e também o foi o fato tático da minha vida está estabilizada do ponto de vista profissional é uma pessoa reconhecida profissionalmente nem mesmo os relacionamentos estavam tinham terminado eu tava numa espécie de equilíbrio assim de relacionamentos meus filhos crescidos e fora de casa então estava no ground os gozando de um grau de
liberdade é bem raro em raro assim nessa tanto de ter disponibilidade de tempo recursos e mobilidade social quanto tem também um capital profissional e social é que aparentemente não correria riscos minha família é muito incrível muito muito meu pai e minha mãe foram comprehensive simus assim meu pai foi um pouco porque não gosto dessa história mas a minha mãe quando falei pra ela olha vamos comentar por aí que eu me vestir de mulher ea verdade ela falou assim se quer eu tenho uma saia daqui tudo suporta bom essa é a minha mãe que é um
gênio é uma maravilha de pessoas e e com isso ela disse vai seja feliz faz comigo conhece esse jeito bem humorado dela que ela está dizendo isso seja feliz nós vamos continuar é nesse amor que a gente sempre teve né isso também é uma coisa muito rara na vida de uma pessoa transbrasil sangra muito a ou esconde a sua genialidade desde criança ou enfrenta uma honra o compressor que geral violenta ela expulsa da cor da escola da comunidade está cansado de ver isso foi às questões de gênero e de opção sexual vem sendo constantemente retratados
pelas artes seja na literatura o teatro o cinema o lixo e as narrativas revelam que a falta de apoio familiar e social é um dos fatores que agravam o já difícil drama que essas histórias carregam uma boa parte da população trans jovens ou ou não está escondendo está se escondendo está fazendo aquilo uma vivência clandestina porque porque precisa se informar por que tá tá vendo que se sair por aí de mulher ou de homem vai ser diferente né pra com que se consegue emprego para a cimpor socialmente tem uma respeitabilidade né então o padrão de
clandestinidade meio que permanece assim é e é isso que precisa ser enfrentado e eu acho que de forma coletiva de forma meio universal tem que ser uma luta de todo mundo mesmo uma boa luta e velhos nem uma luta de jovens assim o filme brasileiro hoje eu quero voltar sozinho traz a história de um adolescente cego que vive a descoberta da sexualidade além de vencer como melhor filme em 2014 no prêmio da federação internacional de críticos de cinema ele foi também o vencedor de diversos festivais internacionais lgbt como o prêmio teddy no festival de berlim
antes branco olha luiz é uma obra que sensibilizar a sociedade para a complexa questão da diversidade olha só namoro está firme mel e leonardo a gente tem de alguma forma a uniformizar as figuras a gente fala o negro ou deficiente ou transexual na realidade essas palavras não quer dizer muita coisa porque como você disse agora a pouco cada pessoa vive essa condição de maneira muito particular por exemplo boa parte dos transexuais é narra uma afirmação de identidade é diferente do sexo biológico desde muito cedo se enfrentar essa adversidade dentro desses grupos é uma coisa importante
porque é exigido a gente uma compreensão dada a complexidade do fenômeno como você está dizendo essas essa convicção ela foi um processo de emagrecimento houve algum tipo de fato na sua vida algum tipo de circunstância algum tipo de coisa que pudesse dizer aquilo abriu um horizonte mais amplo do que eu acho que no meu caso foi a aceitação da homossexualidade quando isso deixou de ser algo que precisava se ferrenhamente escondido eu como disse criou se um ambiente de expressão que acabou me levantar porque são coisas independentes orientação sexual que é o desejo que a pessoa
tem um programa mulher ambos ou nenhum é diferente de identidade de gênero quer é uma é uma coisa uma situação complexa onde cada indivíduo se situa em relação aos códigos de gênero daquela sociedade aceita não aceita entre em conflito contestam eu parti pra pra modificações corporais cirúrgicas ou não sabe todas as modalidades de expressão desse conflito que estão hoje muito evidentes e muito um livres em relação à x anos atrás é constituir essa coisa do dada à questão de gênero e ela não é necessariamente uma uma coisa organizada pela orientação sexual tem alguma inflexão claro
mas não é porque a pessoa kurt viver dentro da feminilidade que ela necessariamente vai curtir relacionamento sexual com homens por exemplo para começar nem todas as mulheres querem então o desejo sexual ou orientação sexual é uma coisa é independente autônoma em relação à identidade a uma expressão de gênero não apesar de no brasil a gente vê o recrudescimento da intolerância e do preconceito ao mesmo tempo a gente vê uma abertura no campo jurídico por exemplo com leis e decisões judiciais que são favoráveis ao acolhimento dessa dessa diversidade né ii e essa questão tem a ver
com digamos a importância do tema da identidade a gente pode dizer eu pegando a deixa que você colocou aí a gente tem sexo biológico que é digamos dado pela natureza mas como eu estava conversando antes é até hoje a gente tem essa idéia de que a anatomia ea genética definir de maneira absoluta excludente dois pólos e quando mais se olha para dentro dos games escaninho da natureza a gente ver como tudo na natureza há mais processos do que categorização muito formal a mais fluidez processualidade é do que pólos muito limitados mas ainda assim tem essa
o machos e fêmeas visivelmente e como você deixa os intersexuais estão ali a questão do gênero que talvez tenha surgido de maneira muito mais efusiva no século 20 na segunda metade do século 20 ela abriu digamos as comportas das possibilidades identitárias a acrescentando essa questão do gênero porque como você disse você pode ter um se identificar com o gênero feminino ea orientação sexual ainda permanece completamente em aberto o que dá digamos equações singular para cada indivíduo coisa que é digamos assim rompe com aquela identidade mais básica atribuída na troca imediatamente a pessoa ao nascer você
diria que hoje em dia a gente está caminhando talvez para um regime de elaboração das identidades de cada um mas aberto mais plural ou seja não apenas uma flexibilização de masculino/feminino homem de mulher mas o esgarçamento dessa desse essa lógica binária dessa lógica bipolarizada de modo que a gente pode talvez vislumbrar um futuro uma cultura em que essa bipolaridade deu lugar a uma coisa mais espectral no campo das identidades sexuais que você acha sim há uma expectativa de que as pessoas mantenham as pessoas normais entre azazga mantenho uma congruência entre a sua genitália a sua
orientação sexual e o seu comportamento dentro do dos códigos de gênero então a pessoa que tem um pênis vai necessariamente desejar mulheres e se comportar como homem seja lá o que isso seja o fato é que isso não existe isso é realmente uma uma imposição e eu acho que está em franco processo de decadência agora não sei esperneio existem comunidades e instituições que entram num regime de quase histeria e em relação a qualquer ameaça a essa esse estatuto né que estabelece a tal da congruência eu acho que a questão de gênero coloca em discussão em
questão também há a classificação que a gente faz de orientações sexuais é uma classificação na lista uma classificação que analisa uma relação sexual entre duas pessoas estabelece um código avaliou entre duas pessoas do mesmo sexo entre pessoas de sexo diferente fatalmente isso estabelece uma hierarquia moral algumas são melhores e outras são piores tá tudo bem toleraremos por enquanto que a gente estava no encontro num país civilizado mas o normal é isso aqui isso aqui cedo por si por outro lado você tiver um tipo de categorização a partir do desejo das pessoas mesmo você pode estabelecer
um gradiente de coisas muito mais amplo livre eu gosto de homens eu gosto de mulheres o gosto e aí pouco importa a discussão sobre gênero ela remete em causa não só as categorias são utilizadas e como você disse alguns positivamente conotados outras necessariamente negativamente comentada mas talvez a própria lógica digamos binária né que resulta dessa tradição milenar que é digamos heteronormativa que criou dando essa polaridade da qual a gente agora é pode começar a tomar alguma distância classificar categorizar o mundo as coisas comportamento das pessoas é um é um movimento natural do do espírito humano
neto aliás não só do espírito humano todos os animais categorizam para poder sobreviver no mundo a gente também então a discussão não é não seria tanto uma crítica à idéia de categorização mas que o império 96 a classificação de creme pode crê eu acho que a discussão de gênero também veio trouxe informação ao próprio feminismo do qual historicamente ela é uma decorrência é uma herdeira e uma uma beneficiária da história da luta das mulheres à luta das mulheres acho que historicamente é muitíssimo importante e talvez um novo momento mais importante do século passado eu acho
que você começa agora o que o a discussão da do gênero é e também as formulações da chamada teoria cuir trouxeram são avaliações reavaliações do próprio feminismo z do ponto de vista da luta feminista tradicional que fazer constantes fazendo através de títulos em 50 um monte de travestir passo de crô fone pra elas o então não está sério é criar segue o mistério a moto seguia convenções né a não há áreas de tensão na entre esses grupos entre estas populações não é uma uma coisa tranquila e resolvido e como é que se entende por que
isso traz a gente é um outro ponto importante dessa temática que a questão do preconceito né de maneira geral a gente poderia estar aqui falando do preconceito contra os estrangeiros contra os homossexuais etc mas isso a gente pode dar com mudado todos mais ou menos estamos aqui porque compartilhamos disse né mas a questão do preconceito é tem intriga porque esse fenômeno ou seja você vê dentro de um grupo que é oprimido marginalizado excluído colocado de maneira secundária é constroem a identidade positiva e de repente no interior desse movimento que começa de fraturas e de extensões
é discussões por exemplo das feministas sis contra as feministas trans ou não considerar exatamente questões realmente mulheres é como se o feminismo pudesse mas isso acontece é um choque entre travestis e transexuais eu cheguei a presenciar no encontro é e naquela época pra minha surpresa não deveria ser surpresa porque de fato nós o tempo todo produzimos é isso é uma coisa interessante pensar com o que seu ponto de vista o que explica essa necessidade o fato de que a gente vai criando mesmo entre o grupo que a gente considera nós divisões internas de modo que
alguns de nós somos mais nós do que o zé e muitas raízes disso o modo como as pessoas se situem em relação ao jornalismo o negócio do masculino e feminino dentro do movimento trânsito em pessoas que entendem que mulheres trans ou mulheres e devem gozar de determinados direitos e lugares e posições que as mulheres gozam é a palavra é bom mas agora elas não cumprirem a lei é esta esta mentalidade não compreende que o sistema bi genérica de finalista é algo que é inimigo da própria expressão de liberdade de gênero então existe um tradicionalismos nisso
assim eu não sou uma mulher trânsito sou travesti essa pessoa dizendo não é e eu sou mulher aquela aquela linha uma drag queen é um homem enviado sei lá uma coisa assim não é não é eu sou mulher aquilo é homem se percebe existe existem é subir visões que são subdivisões também dentro do movimento e não sei se você vai concordar com isso mas eu acho que talvez a gente possa que pudesse acrescentar um outro elemento para explicar isso que é uma espécie de movimento do próprio psiquismo humano que está associada à própria idéia de
identidade porque a construção de uma identidade seja qual for ela implica você ter limitar o que é e aquilo que não é aquilo não era x e o que não é x a y z repente sertão e quando a gente tem afirmações identitárias que nos constituem a tendência é colocar essa identidade num patamar digamos de legitimidade superior a quaisquer outros que ameacem aquilo então esse isso faz sentido se o que você acha a gente tem uma questão difícil de ser enfrentada que é cada vez que a gente constitui identidade a gente tem que automaticamente está
pronto pra perceber que não identidades o que identidades propostas que autoridades acabam sendo constituídas como apostas acidente idade como se a produção da identidade implicasse sempre o risco de um preconceito em relação aquilo que não é é verdade e daí a gente pode talvez dominar um pouco que que é o preconceito todos nós temos preconceito algum preconceito a gente tem no sentido de que a gente num não é uma folha em branco que vai recebendo as coisas e elaborando a partir do zero do bc do tablado a gente a gente trabalha com idéias prontas sempre
a gente tem um um reservatório e uma ebulição de de conceitos que são os nossos preconceitos né o problema começa quando esse preconceito é completamente impermeável a qualquer informação nova quando ele é com uma caixa fechada que não importa os fatos as informações os argumentos e as que a vida oferece mesmo né de de vivo de novo seu entendimento está falando é quiser a identidade por exemplo no caso das identidades trans identidade negra identidade feminina certo deficiente elas são politicamente um instrumento de afirmação de uma posição que precisa ser reconhecida pois é quando a gente
desse se apoia se a ferra melhor dizendo a determinadas regras que não podem ser mexidas aí sim a gente está vivendo em situações de preconceito por exemplo quando você está lidando com um grupo novo que um grupo de pessoas que contestam a expressão de gênero tradicional é muito comum é a posição preconceituosa tentasse se compor um liberalismo dizendo se não tudo bem você quer fazer do seu compromisso é fazer da sua vida você quiser ver mais longe longe daqui longe da família longe da escola longe no saque então você joga por uma vez e quer
ficar seja feliz lá no seu dinheiro seu gueto anunciou que tal beleza mas não vamos invadir e massacrar vocês mas não chega perto é um é uma forma de ganhar e é isso liberal civilizada do preconceito no geral as frases dessas pessoas começa assim longe de mim ter o conselho acho que aí vem o filme o jogo da imitação conta a história de ella júri responsável por decodificar mensagens criptografadas dos nazistas durante a segunda guerra mundial ao saberem que tu em mim era homossexual ele foi afastado das pesquisas científicas e obrigado a se submeter a
uma castração química o j6 joyce empresa nou a romã porém não agüentou todas as humilhações que sofreu e suicidou se em 1954 ao longo da história e ainda hoje muitas pessoas são cruelmente discriminadas e violentadas por sua opção sexual ou por questão de gênero por que isso acontece é muito importante a gente utilizar é que a identidade ela pode ser útil em certos momentos de afirmação mas ela não deve se cristalizar qualquer identidade uma vez cristalizada produz conseqüências negativas está tirando todas as palavras começou mas é isso é isso identidade é no momento algo importante
porque se reconhece com os aliás eu queria dizer que nesta época que vivemos a internet foi fundamental para muitos grupos se encontrarem se reconhecer e traçarem planos passarem vínculo por exemplo eu eu observo dificilmente teria encontrado grupos de construir essas de transgêneros se eu tirei antes da internet ou sem a internet esses grupos existiu mas sabe deus a que custo era um sofrimento absurdo preconceito também subiu também essa também é responsável em tudo que eu posso fazer é assim né agora é sim a um momento que a identidade é importante porque ela é ela fortalece
as pessoas ela cria vínculos entre as pessoas ela usa um verbo que usam muito em poderá subir e agora tem um momento em que aquilo vai virando um problema vai vai fechando o clube né nessa subdivisão das coisas geram uma falta de reconhecimento de bandeiras mútuas no dia da parada um problema preocupante saber em qual carro que eu subo eu tô falando um é o genérico é é a esse elogio à adversidade que é o mote desse ciclo a idéia de com a sociedade melhor do que a gente tem uma sociedade que é não só
tolera as diferenças mas acolhe e cria a possibilidade de que a vida humana em cada um de nós se expressa maneira que puder fazer da vida daquele indivíduo a mais interessante possível problema mas sempre há uma questão que é o seguinte a gente agora pouco criticando as classificações e o fato de que não aumenta quando se classificar as classificações uma categoria superior às demais uma uma categoria de sim a outra gente diz não romper com isso significa tornar essa coisa mais processual acredita que o preconceito é certo mas a pergunta seguinte qualquer diferença é legitima
qualquer diferença que alguém advoga para si merece o acolhimento se não que tipo de critério a gente teria para utilizar que não fosse o binarismo heteronormativo em qualquer tipo de presente qualquer tipo de prática sexual é aceitável qualquer você perguntar a irmã dele na quadrilha não é mais direto é uma questão para todos nós e não olha só resposta todas as suas essas idéias correspondem às práticas de uma sociedade existe uma sociedade hoje o mesmo hoje no mundo existem as sociedades e culturas que de forma mais ou menos ditatorial do xá que estabelece que é
crime você tem relações homossexuais no irã ansa se você tiver relações homossexuais é um sinal de que você quer ser um set inteiro existe uma clínica muitíssimo bem equipada para a redesignação genital sabia disso a gente vai lá fazer porque primeiro não existe uma sexualidade não existe ninguém existem pessoas que ainda não fizeram a compreensão absurda e é muito o preço num eu acho que no brasil a gente vive uma situação é privilegiada e disse privilegiado a gente vive uma situação privilegiada no sentido de que há uma abertura ele uma possibilidade de entendimento e de
avanços sociais bastante invejava agora é desprivilegiada no sentido de que a gente vive uma realidade de violência muito forte também muito intensa muito escandalosa e as aponte para a construção é de leis e de instituições que protejam essa essas mudanças como foi o caso conseguido na argentina nos guardas é ainda muito frágil entre nós como você mesmo mencionou um dos movimentos digamos assim que se não é contra mas resisti muito a essas proposições que aqui nós estamos compartilhando é o conjunto de pessoas que por razões religiosas não conseguem não conseguem entender qual é digamos no
sentido de avanço que há nisso vêem nisso que degeneração no limite porque porque rompe com códigos morais rompe com preceitos éticos é uma espécie de vale-tudo ora eu acho que essa crítica a gente precisa digamos assim acolher para responder e qual é a resposta que a gente tem é de que não não se trata de vale tudo é advogar pela diversidade humana não significa abolir qualquer tipo de critério em que a gente corte que tipo de diversidade é aceitável que tipo de diversidade não é né a gente o que a gente pode fazer mudar o
critério de definição dessa fronteira por exemplo não há ninguém que aqui em sanaa aliás até a pessoas que em sã consciência defendeu a pedofilia mas portar na rede bancária na internet vocês vão ver grupos que defendem pedofilia mas porque a maioria de nós rejeita essa prática a 11 ao argumento deles os que defendiam mas isso a diversidade humana você não estão defendendo a diversidade humana qual é o problema de aceitar mais essa isso coloca a questão para a qual a gente tem que ter resposta eu sabia que você entra com pedofilia mas eu vou sair
já é tudo para mim e eu acho que a resposta mais simples é a seguinte é de que se é um critério que faz com que a gente tenha tranqüilidade para dizer que uma conduta uma identidade uma prática uma um ideal por mais bizarro aos olhos de quem está vendo seja é aceitável e outro não é é a fronteira do respeito ao outro como sujeito o que há de problemática da pedofilia como a por exemplo nuno sadismo no sado masoquismo perverso porque tem um certo mas aqui no normal saiu quase perversa a pedofilia é o
fato de que ali você não tem uma relação entre sujeitos que consensualmente entram num jogo humano é que tocam jogar é uma relação onde há uma é mais igual desigual e há uma negação da condição de sujeito no caso de alguém é também acontecerá do assédio assédio é exatamente isso também prejuízos por exemplo ou dá ou desce eu acho que esse é um poder o abuso do poder em relação ao outro que está fragilizado no caso de uma criança que sequer tem a condição de entrar nesse jogo em igualdade de condições a gente está numa
sociedade que compreende o que é uma infância de um determinado modo sim né aqui defendendo relativismo querendo entrar por aí mas as sociedades que estão em outra verdade não e isso é um dos grandes problemas do mundo em que a gente vive hoje é o mundo hoje e co existem sociedades em graus diferentes em culturas diferentes então essa essa esse intercâmbio entre os povos do mundo eu acho que é um dos maiores desafios que a gente vive porque há duas atitudes possíveis uma você estabelecer algum tipo de de conexão o contato diálogo com com entre
culturas outro é bombardear né meter umas bombas num avião vai lapidando dali a cinco anos você tem um estado islâmico jogando em viaduto de cima do da torre sabe as conseqüências disso também são esperava eis o que o intervencionismo americano tem ensinado pra gente é que isso não é uma boa via não é não é mas também por outro lado talvez havia vamos chamar assim do relativismo tipo nessa cultura se aceita que façam certa coisa por exemplo o corte do território das mulheres em sociedades islâmicas tradicionais é a prática deles eventualmente uma sociedade necrófila uma
sociedade é pedófila e o argumento do tipo john essa é a cultura deles nós temos que respeitar é também uma pergunta para a qual a gente tem que ter algum tipo de resposta não creio que o relativismo seja nem a bomba nem chegamos a desde a uma das estratégias mais eficazes para você mudar ponto de vista pra você é desconstruir o preconceito mais do que argumentos porque diante de uma pessoa que está muito convencido de uma coisa argumentos bate e volta aí você tenta jogar a bomba também não funciona como você diz eu acho que
a estratégia mais interessante é que você multiplicar narrativas quanto mais as pessoas conhecem você mais próximas elas ficam aprender de maneira clara a real a experiência da dos transexuais a percepção que uma pessoa tem de si mesma como sendo do gênero masculino ou feminino ou mesmo de alguma possível combinação dos dois independe do sexo biológico que nascemos a identidade de gênero é uma expressão importante da liberdade individual e da vida íntima de cada um mas ainda é uma questão de ordem pública e uma polêmica política a tentativa de levar às escolas orientação nesse sentido é
parte fundamental no processo de mudança de mentalidade e de aceitação da diversidade sexual em argumentos você levantar e ir pra alguém que resiste a essa idéia da da educação das escolas conter esse tipo de conteúdo que você diria para mães que certamente são sinceras não são são feras preconceituosas ou a portaria o exemplo de outras mães que viveram aflição inenarrável de ter seus filhos e filhas utilizados em ambiente mais de opressão vítimas de violência nas escolas e carentes de algum tipo de atenção da parte de diretores e professores a criar uma estrutura educacional pública que
pode com grande grande proveito para os reeducandos pela população toda se ocupar disso questões dele quando ele fala questões de gênero a gente não tá falando só das travestis e transexuais só não só dos meninos que têm é que que se consideram meninas ou das meninas que se consideram humilhante falando de mulheres e homens está falando também de relações de opressão de gênero de the machines que que acho que o lugar de mulher é a mídia sabe a gente está falando de um de coisas que são da vida íntima de uma população eu acho que
eu mostraria mostraria também casos de de mães pais irmãos ante us dias que estão aflitos e aflitas cgu com os seus seus filhos e filhas essa estratégia você simplesmente narrar a vida das pessoas das pessoas em questão transexuais dos parentes familiares é certa os amigos o sofrimento humano porque é assim como o surgimento da questão do gênero permitiu uma uma revisão dos próprios conceitos sobre masculino feminino da generalidade da idéia de ter a sexualidade a homossexualidade que tem tem 200 anos ainda a palavra homossexual não têm 200 anos ainda é também então eu estava velho
e já está velha exatamente com muita coisa na história teve o seu apogeu levou gente pra fogueira levou gente para a prisão e agora felizmente está começando a se desmontar pra que a gente produza outras formas e classificar as pessoas não contato talvez isso permita também dentro do dentro desse universo das das crenças mais tradicionais uma também uma revisão dos seus próprios cânones dos seus próprios postulados a em todas essas religiões cristãs por exemplo judaica também islamismo não conhece mas é possível que haja grupos que também batalha nessa direção de fazer uma releitura das próprias
é dos próprios livros sagrados que permite um realinhamento da doutrina no sentido de não excluir essas esses grupos por perguntando que a explosão na verdade não tem a ver com a letra da lei tem a ver com a interpretação construída num determinado momento histórico que produziu essas diferenças a partir das quais as pessoas lêem os textos sagrados como como o brasil é um país onde a essa influência muito grande dessa dessa informação religiosa eu acho que essa ainda esse ainda é talvez um diálogo que precisa ter como você falou de fato por exemplo eu minha
área é o campo da saúde mental da psicanálise da saúde coletiva o diálogo mais fértil mais intenso com o campo do gênero ainda tá por se fazer assim como com o campo das deficiências assim como das restantes as relações raciais na verdade e essa quando você tocou o sino tocou onu uma questão de religião este campo é muito delicado é muito delicado quando recentemente houve o massacre dodô na redação do charlie dor por exemplo levantou se lá uma uma série de questões que cruzaram o atlântico e assumir uma outra forma que por exemplo a questão
dos limites do humor o que é possível dizer o que é possível é é permitido tudo você estava falando do negócio o game permitindo então tudo pode tudo vale tudo sem levar em conta a delicadeza culturais quer dizer o quando na frança se combate a ideia ou se defende a idéia de da laicidade da prevalência da laicidade o seu oponente o seu suposto oponente é uma população que num possuída uma guitarra canto lá no na periferia e aqui é que a população mundial a porção de hoje social que que é atenta contra la e cidade
está no poder na sessão da câmara aqui eu estive presente por exemplo a um cristo enorme na parede apesar do estado brasileiro ser laico eu acho que é uma coisa que é importante que é que diz respeito à digamos a estratégia dos movimentos é não falar do caso que hoje a gente discute no movimento lgbt que pode voltar e capturar agora é optar por ir pelo caminho do do barulho do confronto do ataque aos inimigos que em certa medida precisa ser de uma maneira feito você precisa apontar o dedo pra quem é o seu adversário
até pra poder ter claro quais são os argumentos que é preciso é desconstruir de moritz e tal mas isso não pode ser feito sem a outra estratégia que é a que eu acho tem mais chance de fazer o jogo virar para o lado de cá que é a persuasão progressiva é a conquista da simpatia da empatia essa é uma tarefa mais complexa é muito fácil fazer barulho é muito fácil você inclusive ficar na cidade camente satisfeito de ser um militante poeta que não há não deixa nada barato que não leva desaforo pra casa é muito
mais difícil mas é muito mais é produtivo encontrar maneiras de criar movimentos que vão ganhando a simpatia vão comendo pelas beiradas vamos fazendo com que as pessoas se identifiquem com aquilo que sem esse processo vira o outro o outro demonizado o outro um monstruoso e é o único processo por meio do qual a gente pode fazer barreira contra um elemento a gente não falou de si na nossa primeira parte da conversa que está às vezes subjacente ao preconceito muitas maneiras a gente entendeu preconceito também o seguinte o que é que o que me faz ter
a versão alguma coisa do outro muitas vezes é o fato de outro realizar exemplificá aquilo que eu reconheço como uma possibilidade existente dentro de mim e que eu não tenho como aceitar como fazendo parte de quem eu sou é como se fantasie maçicamente são uma espécie de ameaça esconjurar então é é quase um movimento natural do espírito você dizer eu não eu não sou aquilo por que porque eu sei que eu posso vir a ser seja lá o que for aquilo então é isso é uma coisa muito forte e você se agarra a isso e
vocês se vocês se assenta nisso contando com teorias científicas teorias políticas teorias religiosas e tal demolir isso eu acho que você só consegue quando você é quebra essa barreira e faz com que as pessoas se sintam mais próximos daqueles que são alvos do seu preconceito narrativas conversas histórias de vida e conversa conversa conversa é a estratégia de marketing no tracking a estratégia do nelson mandela eu acho que a longo prazo a estratégia que faz com que a gente consiga de fato mudar a maneira das pessoas sentirem não apenas pensar e sentir na década de 1920
o pintor aimar verina relatou em seu diário a sua identificação como mulher sua história virou livro e filme a garota dinamarquesa lili elbe que nasceu em na o primeiro homem que se submeteu à cirurgia de redesignação sexual a história de lili elbe é claramente uma história de identidade ele é hoje reconhecida como um ícone do movimento trans ela inspirou muitos de nós tanto trans quanto ciça sermos nós mesmos ele sabia que uma vida falsa simplesmente não é vida quem somos nós quem queremos nos tornar como nos percebemos como queremos ser percebidos estas questões de identidade
freqüentemente estão no núcleo central de nossos conflitos internos quem consegue resolvê las fica mais perto de estar livre quase um século atrás dele elbe superou tais questões sobre si mesma ela posou para um retrato no ateliê de um artista e disse para o mundo esta sou eu nisso não adianta você ficar brincando pautas do movimento feminista só que não tem ovários por exemplo a pessoa é transgênero então ela tem que ter um nome feminino tem que ter um cabelo preferência goleiro e tenho pt e tem que se vestir de tal jeito não a gente é
o contrário hoje que o prémio que liberdade