#Histórias 01 - Maria Ligia Coelho Prado

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História USP - Canal Oficial
Participantes: Profa. Dra. Maria Ligia Prado, Daniela Ferreira e Pedro Cesar Antunes de Amigo Canal ...
Video Transcript:
bem-vindo ao histórias estamos começando o nosso primeiro programa Eu me chamo Pedro amigo essa é minha colega Daniela Ferreira este projeto este podcast que estamos fazendo ele é uma iniciativa Pub do canal de departamento de história canal nosso canal oficial sobre a coordenação do professor Daniel Gomes de Carvalho e do professor Gustavo Veloso o podcast busca conversar com professores aposentados do departamento de história da Faculdade de Filosofia letra e ciências humanas bom hoje estamos com a professora Maria lía Coelho Prado graduada em história pela Faculdade de Filosofia letras e ciências humanas da USP mestre e
Doutora em história social pela mesma Universidade livre docente em América independente professora foi professora titular em América independente professora emérita da faculdade pesquisadora emérita do CNPQ foi presidente da Associação Nacional de pesquisadores e professores de história das Américas a ANAC é especialista em história da América Latina eh trabalhando na inserção dos Campos da história política da história da cultura e história das ideias foi coordenadora do projeto temático Fapesp cultura e política nas Américas circulação de ideias e configuração de identidades século XIX e XX foi coordenadora e membro do laboratório de estudos das de história das
Américas o Lea do departamento da de história da USP autoras de livros sobre a sua área de atuação como a formação da na latinoamericanas América Latina no século X tramas telas e textos utopias latino-americanas política sociedade e cultura Além de sua vasta bibliografia de artigos publicados nas mais renov mais renomadas revistas deste país é um prazer tê-la com a gente professora professora olha para mim é um grande prazer est aqui com vocês eu tava dizendo há pouco que eu tenho saudades dos tempos em que eu dava aula sempre gostei muito de dar aula então eu
gosto demais de estar com os estudantes porque vocês não têm a medida mas para mim vocês sempre me rejuvenecer sempre me deram ânimo entusiasmo porque é o que a juventude tem e com o passar dos anos a gente vai perdendo um pouco né então um prazer tá aqui com o Pedro e com a Daniela Obrigado professora professora a gente tem eu acho que é uma das perguntas que é o início de tudo né é o início de tudo como foi o seu tempo de graduação aqui Quais foram os maiores desafios da época você sabe que
eu vou eu vou tentar falar pouco porque senão não vai dar conta aí de tudo que vocês querem saber porque a gente tende a se estender demais mas eu eu fiz uma graduação então a primeira coisa eu acho eu acho não eu tenho certeza eu tive uma boa formação ah fazendo o curso de História nos anos em que eu estudei eu entrei em 1968 e me formei em 1971 Então eu acho que a a a a a a base sólida que eu recebi de de muitos professores eu acho sem dúvida essa base foi fundamental pro
pra continuidade da minha carreira agora além disso eu já disse eu entrei em 68 ano emblemático eh e eu portanto ao lado do curso ao lado das leituras da das amizades que eu fiz de tudo mais eu vivi anos em que a as questões políticas eram Cent e eu sempre digo que eu aprendi o que é aprendi a gente sempre tá sempre aprendendo né Vocês sabem mas eu aprendi muito fazendo a graduação eu aprendi o que é política porque naqueles anos 68 foi um ano o ano da da Maria Antônia na na na disputa na
na disputa na invasão que recebeu dos do CCC do maquens e depois do que aconteceu houve uma grande assembleia no prédio da história porque o a história aquele nosso famoso anfiteatro sempre recebeu muita gente então a a esse é um episódio eu vivi também durante a graduação Vivi a entrada da da da da dos policiais armados de metralhadora procurando alunos e assisti a prisão de uma professora Regina sader a da geografia eles entraram e foram buscar ela tava na sala dela eh então a gente viver viver isso quer dizer viver primeiro um ano 68 um
ano de grande agitação política muitas assembleias lá na história o Sérgio boarte de Holanda fazendo um grande acontecimento eh aliás isso é depois depois do A5 ele eh se demite em função da repressão etc mas então você viveu o ano de 68 e depois viver o I5 e o ano de 69 em que aquela aquela toda aquela agitação aquele entusiasmo se transformou o prédio se transformou era um pouco uma era um túmulo Porque Você entrava para dar aula e não ficava o prédio era muito mais conservado do que é hoje tava em muito melhor estado
Mas então a gente tinha lugares para sentar e a gente nos intervalos de aula Claro ficávamos por lá então 69 Você entrava e saía tinha aula ia embora e havia isso aí não é invenção ou ah fantasia havia os famosos infiltrados que assistiam a gente Claro a gente tava eu tava no segundo ano da faculdade conhecia meus colegas Ah e minhas colegas então eles entravam eram sempre homens jovens eh entravam para assistir a aula a gente tava lá embaixo conversando duas três pessoas um cara chegava encostava para para ouvir então nós nós isso não é
fantasioso isso aconteceu mesmo e aí a gente também ao lado disso você eu aprendi uma outra coisa o que é a solidariedade política o que é a confiança no outro o que é você pensar o coletivo Ah então eu sou de uma geração em que em que pensava o coletivo pensava muito na Instituição Vivi e e e Vivi né quer dizer toda a minha graduação e depois mestrado doutorado até até eu entrei para dar aula em 1975 Ah então a ditadura quem viveu esses anos tem uma marca eu tenho essa marca professora Como que foi
a sua transição de aluna para professora durante a a ditadura assim qual foi a diferença bom então deixa eu e dizer uma coisa para você ah as pessoas em geral olham né olham pra gente falam bom eh se for formou entrou para dar aula na USP eu gostaria de dizer que a minha transição ela passou ah por um período em que eu dei aula no ensino como se falava antigamente no ensino secundário então eu dei aula Ah no ensino fundamental no ensino médio eu dei aula em faculdades privadas antes de entrar para a USP e
também queria dizer que a época havia era uma era era geral Ah aposentou-se um professor de história da América que era tempo integral vocês sabem que háum regimes de trabalho Diferentes né mas só se contratava naquela época em tempo parcial e depois que tinha que passar por uma série de Ah enfim etapas até você conseguir ter tempo integral isso significa o seguinte você ganhava um 1/4 do que do salário e trabalhava igual porque você dava aula tinha que dar aula e obviamente você tinha que fazer pesquisa né então era um tempo um pouco diferente e
então eu tinha uma experiência anterior como professora bom abriu um concurso para história da América que era uma área a época no departamento muito pouco prestigiada e a eu digo a vocês quando eu fiz o curso havia América Colonial América independente quando eu fiz o curso isso também não é um fenômeno da USP fenômeno Nacional porque depois a gente descobrimos mais mais à frente mas quando Ah eu no curso nunca tive aula a Fomos até a independência uhum e um pouquinho se falou de caudilhismo e acabou nunca nunca foi pro século o final do século
XIX século XX era e era muito básico bom então eu não tive uma formação eh sólida em história da América e aí eu caí foi feito esse concurso de títulos eu entrei porque não havia concursos na época 1975 a porque ainda o espírito da cátedra que havia terminado em 1969 com a reforma Universitária mas o espírito da cátedra permanecia Isto é o catedrático indicava os seus assistentes mas no meu caso foi esse concurso de títulos bom quando eu entrei porque eu devo dizer acho que eu tenho um temperamento um pouco de me arriscar e de
enfrentar aí a a o que veio você tem que enfrentar porque aí me dei conta que eu tinha que dar um curso e eu não sabia então eu me matei de estudar mas literalmente e eu comecei eh a da estaca zero já que eu não conhecia eu invejava né quem a a na história contemporânea História Moderna história do Brasil as pessoas eu tinha conheci os autores e eu não não e eu não conhecia os autores de da da América Latina bom eu tive um momento e isso é é o que me isso foi aquilo que
dirigiu minha vida depois disso quando eu comecei a ler então e outra coisa coisa mais difícil encontrar os livros sim porque não havia praticamente nada em português muito pouca coisa E aí fiquei procurando livros Falando com pessoas e claro eu tinha um tempo de férias para estudar e e e eu a quando eu descobri a história da América Latina nunca tive devo confessar uma atração especial pela história dos Estados Unidos então eu decidi que eu ia trabalhar com a América Latina é a história da América eu fico com a América Latina quando eu descobri eu
fiquei num encantamento e eu como eu sempre digo atravessei a fronteira deixei o o Brasil Quer dizer o Brasil sempre sempre presente eu eu atravessei a fronteira e quando atravessa a fronteira acabou nunca Maise voltar então eu eu até hoje eu eu adorava da aula de de América Latina e eu até hoje mantenho Eu acho que isso é um privilégio que eu tenho enorme Eu tenho um prazer de estudar e de continuar conhecendo porque ainda mais não há pessoa que conheça a história da América Latina você não vai achar que eu sei a história de
todos os países da América Latina Se eu disser isso a vocês eu estarei simplesmente mentindo porque claro eu tenho alguns países que eu conheço bastante bem outros que eu conheço mais ou menos e tem uns poucos lá que eu sei o beabá Ah claro li muita coisa de sobre a América Latina como um todo etc mas a gente tem que saber que são Alguns alguns países que eu conheço muito bem então quando eu entrei você perguntou como é que foi justamente a minha passagem vamos nos lembrar a ditadura firme lá certo eu entro numa área
muito conservadora politicamente e eu uma pessoa de esquerda então eu entrei no ninho errado e sofri muito no começo muito e sempre que eu sempre digo os alunos são o sal da Vida Universitária os alunos me salvaram e claro os amigos e amigas que eu tinha no departamento eh então a a a passagem foi primeiro lugar tive que estudar desesperadamente e e eu eu era assim eu eu pedia livro eu eu me lembro eu tinha uma moça que eu não vou dizer para vocês que fosse minha amiga mas eu a conhecia bem e o marido
dela era piloto eu acho que ele era da VASP Uhum eu tive a coragem de ele ia não sei para Qual país da América Latina eu tive a coragem de pedir para ela falar pro marido se ele podia comprar uns livros para mim no México quer dizer eu era atirada né mas eu para formar a minha biblioteca porque era era muito difícil você sabe como é que éa não tinha internet Google sabe essas coisas Amazon conhece não é não tem não tinha isso então eu eu o meu entusiasmo pela meu e a minha e a
minha cabeça de ficar pensando o na América Latina e as aproximações e as diferenças e os problemas e descobrir outras historiografias que colocam outros problemas outras questões então isso foi a aquilo que me salvou porque eu ao mesmo tempo gostava muito do que eu tava fazendo e eu tinha os alunos agora a minha vida na naquela no setor como se falava Na época na área né foi muito difícil no começo muito difícil porque como eu tô dizendo eu era uma eu era uma pessoa fora fora do lugar e depois quando eu entrei o catedrático ele
eh estava ele não estava no departamento ele era diretor da ECA porque a eca quando a eca começou você sabe para ser diretor de uma de uma faculdade do Instituto você tem que ser professor titular na época era assim uhum e ele e não havia a eca estava começando a eca não tinha professores titulares então este Professor foi ser diretor da ECA como ele era muito conservador ele teve incontáveis problemas na eca inclusive greves durante a ditadura e foi nesse espaço que se que se fez como ele não estava ele não era o catedrático quer
dizer ele era o catedrático mas ele tava fora então se fez o concurso e eu entrei mas ele depois voltou e quando ele voltou ele começou a tentar eh censurar o que a gente escol eu os outros não eu o que eu escolhia como texto de seminário eu me lembro tinha um texto do Céus Furtado Imaginem vocês a história Econômica da América Latina e e ele ah quis implicar mas eu eu era também sabe durona e e não me dobrei Uhum E aí também a Roda da Fortuna decidiu que ele foi ser diretor em Franca
e nos livrou ali nos deixou lá e aí e aí Pouco a Pouco Ah eu tive eu no começo foi muito como eu já disse foi muito difícil mas pouco a pouco as coisas foram mudando e depois eh se transformou vocês sabem vocês são alunos sim vocês sabem Não não sou eu que tô dizendo a a área de história da América vocês não acham tem muito prestígio professores maravilhosos não não porque eu tenha formado todos eles bom e depois também houve uma outra coisa eu entrei em 75 e em 86 minha querida amiga minha irmã
parceira intelectual de toda a vida Marana capelato entrou também PR pr pra pra história da América e aí as coisas mudaram muito então eu tive muito prazer até Olha eu terminei antes de me aposentar o último curso que eu dei Na graduação dei com gosto com prazer eu acho que isso um privilégio que maravilha Professora Muito bom a senhora também falando responsável por formar professores tão maravilhosos que a gente tem hoje professor Júlio Pimentel Professora Gabriela Pelegrina é do departamento né a gente a gente tá seguindo uma linha aqui né querendo ou não a gente
segue a sua linha SIM de coisas que a senhora trouxe realmente a senhora falando aqui pra gente dá para perceber aqui né O que o que seria da história da América Latina na USP se não fosse a professora Maria li Nossa com certeza agora você me derrubou Puxa vida é verdade mas isso é um elogio tão maravilhoso você me fez mas é o que seria da gente verade mas o que seria mas professora agora eu quero falar sobre eu a gente já começou falando um pouco sobre isso sei mas eu acho que é interessante a
gente falar porque nós alunos passamos por isso uhum a senhora falou que a senhora entrou nesse concurso tudo e a senhora quase não conhecia realmente a história da América Latina porque era um curso até então meio desprestigiado sim mas como a senhora realmente falou não eu vou seguir isso mesmo e a senhora já pensou em atuar em outra área falou ah se por mim eu tinha ido pra história do Brasil por mim eu tinha então você sabe eu fiz o o mestrado eh sobre orientação do Carlos Guilherme Mota eh sobre os editoriais do Jornal O
Estado de São Paulo entre 1927 1937 uma coisa única aliás nunca vi depois se repetir eu e a mariaelena capelato nós tínhamos o mesmo ah fizemos era o mesmo tema uhum nós tínhamos as mesmas a as mesmas ah os mesmos problemas questões trabalhamos o os editoriais ela de 1927 até metade de 1932 e eu de 19 de julho de 32 até 37 e nós tínhamos bolsa da Fapesp e a gente mandava o relatório e tinha sempre uma parte que era igual Uhum que a introdução os problemas e aí a outra parte era uma parte de
cada uma e quando a gente publicou o livro em 1980 que se chama o bravo matutino impressa ideologia o Jornal Estado de São Paulo e e o eu fui eu que porque Marilena estava na na ocasião na na França eu juntei as duas os dois mestrados e tem uma introdução que é das duas e depois e a conclusão também então ah eu comecei com história do Brasil sim eh porque eu eu eu defendi em 74 em 75 eu entrei para dar aula em América bom aí quando eu entrei eu queria quando eu fiz o doutoramento
que eu fiz sobre o partido democrático de São Paulo eu queria já Fazer uma comparação com a união cívica radical da Argentina e hoje eu penso que esse era um projeto inviável porque depois eu depois porque eu ainda tava muito no começo então isso seria inviável mas eu não mas eu já Queria pensar o Brasil e outro país da América Latina e a e e eu então o meu grande conhecimento mais aprofundado de pesquisa era a história do Brasil contemporan século XX que eu sempre penso viu Daniela você sabe que eu eu agora ten os
pensamentos que só quando a gente fica velha que tem esses pensamentos eu eu tava n em 1971 72 fazendo mestrado então eu olhava para trás pro passado e pensava 1930 era uma distância no tempo enorme uhum né A minha cabeça sim agora minha querida eu penso que nós estamos em 2024 e eu penso quantos anos havia entre 1930 e 1970 e poucos e eu conto para trás quantos anos eu falo Nossa é foi ontem para mim hoje para vocês deve ser a mesma sensação 1980 então na minha vida é assim faz 50 anos faz 50
anos como tava dizendo pro Daniel faz 50 anos que eu sou amiga do Modesto florenzano faz 55 anos que eu sou amiga do Modesto também é a mesma coisa da mariaelena capelato tudo minha vida faz 40 anos então o tempo o que é o tempo na nós historiadores que trabalhamos com o tempo né e o que é o tempo na nossa vida pessoal bom mas eu tô desviando aí do assunto a a a questão então eu a a minha tendência era era continuar a história do Brasil porque era o que eu tinha enfim me preparado
mas eu digo para você Pedro eh Desde da da descoberta eu falei não é é é a história da América Latina mesmo eh isso isso é bom sabe a gente chegar nessa altura da vida e não se arrepender do da Escolha que fez porque eu fiz uma escolha sim e e mas mas ao mesmo tempo sempre o Brasil esteve presente o Brasil sempre esteve o Brasil é a minha grande referência aham então é é é essa essa esse olhado dos dois lados né sim agora eu eu confesso a vocês eu conheço hoje em dia hoje
em dia não faz tempo eu conheço mais que a a a a historiografia da América Latina a América Latina do que da história do Brasil Quer dizer eu fui ficando num Acompanho a historiografia sobre história do Brasil como eu acompanho de América Latina só um detalhe É extraordinário né a gente todos nós Inclusive eu tenho maior consciência a gente fala América Latina uma pequena pergunta o Brasil fica em qual parte do mundo qualquer acho que é na América Latina né que o Brasil fica né É É agora a gente trabalha com a ideia e eu
falo e vocês sabem que é isso você fala América Latina é América espanhola América de colonização espanhola é a gente é é como se o Brasil não fizesse parte da América Latina ainda que por isso que eu já escrevi faz muito tempo que o Brasil é e ao mesmo tempo não é a América Latina sem contradição lógica ex exatamente então professora eh tratando disso a senhora falou um pouco da de como foi essa escolha Como era a fefel nesse momento como o ambiente do universitário estava como Bom você sabe eu não quero parecer porque eu
acho que eu não estou sendo saudosista mas cada um vive o seu tempo e vive eu sempre por temperamento vivo tudo intensamente como vocês já notaram eh é o meu temperamento né eu é isso América Latina me enfiei de cabeça não é mais ou menos só um detalhe antes de responder a sua pergunta a outra decisão acho que talvez vocês vão me perguntar mas a outra decisão fundamental que eu tomei é foi quando eu comecei a orientar em 1984 eu disse só vou orientar trabalhos em história da América Latina já tem muita gente aqui que
trabalha com história do Brasil então só vou orientar uma coisa completamente Fora de Moda totalmente fora de moda e uma mas eu acreditava acreditava e toquei pra frente bom mas o que interessa é a a a sua questão como era o ambiente não é então você sabe o que acontece a universidade e é natural e é é difícil para você Ach não pode ficar presa e apegada ao passado porque senão não dá certo ainda mais nós que somos historiadoras sim mas eu acho que há algumas coisas eh que são bastante diferentes por isso que eu
tô dizendo que eu não quero ser saudosista eu acho que a primeira coisa que me impressiona é que ah naqueles anos nos anos que eu que eu em que eu trabalhei claro que depois no século XX mudou um pouco porque eu me aposentei em 2010 aos 70 anos na compulsória eh havia uma uma perspectiva muito forte de pensar o coletivo uhum e pensar a instituição sim então a de se pensar projetos a abrangentes que trabalhavam muito a questão da política da democratização do Poder dentro do departamento da faculdade então as questões políticas eram muito fortes
e mas esse senso de você pertencer a algo maior do que o a sua própria individualidade Eu acho que isso se perdeu uhum eu acho que em razão de muitas foram muitos fatores em primeiro lugar uma mudança muito grande que jogou sobre os professores uma responsabilidade com a produtividade que aumentou muitíssimo a competição e que tantas exigências você você eh tem que cumprir tantas exigências senão você não não pode não dá não pode continuar não você então essa pressão que veio que naturalmente veio de alguma maneira ah dos Estados Unidos mas em que as coisas
se passam de uma maneira um pouquinho diferente mas de todo modo isso chegou com muita força então o individualismo se acentuou claro sempre houve individualismo sempre houve competição não vamos dourar a pílula sempre houve o a a a a a questão do prestígio a questão da da a aquela você a importância que você dá a si mesmo is isso sempre existiu mas eu acho que o individualismo se acentuou muito Uhum Então eu acho que é essa para essa é uma mudança que eu que eu percebo ah e e eu acho também que é é muito
interessante sabe quando eu entrei na graduação havia um professor que claro Daniel conhece muito bem Eduardo do Oliveira França que era o catedrático de moderna e contemporânea e que tinha grande prestígio a área de moderna e contemporânea tinha grande prestígio no depart e ele chegou a ser diretor da faculdade e ele era um homem também muito respeitado a questão tudo isso se passava intramuros ele era ele era conhecido respeitado dentro do departamento da faculdade da Universidade ele publicou pouquíssimo ainda que tivesse sido um grande professor e um grande conhecedor de História Moderna mas Ele publicou
pouquíssimo isto não era um critério que dava a Ele o lugar que ele tinha e ele sempre ele falava o importante era ser catedrático porque só o catedrático é que tinha plena liberdade de se expressar ele gostava de falar isso eh a acontece que não eu isso eu vivi uhum no no meu tempo entrou um fator mercado Ah e aí você tinha que publicar nas nas editoras uhum dizer o mercado eh tomou um lugar e a e a publicação não apenas de de de de artigos mas de livros bom eram pouquíssimas revistas que havia também
no Brasil então era publicar e você sabe Conto até um episódio Ah um episódio banal mas mas que na época me impressionou eh foi no começo deve ter sido 1980 por aí eu recebo uma professora da Paraíba que ela foi ao departamento foi me visitar para me convidar para ir participar de um encontro de história da América de história da América que foi o primeiro que aconteceu no Brasil que foi em 84 ela veio me convidar para ir e eu ah disse para ela como você me conhece aí ela falou você publicou o populismo na
América Latina que eu tinha publicado em 81 Uhum Então vocês compreendem porque antes é é essa essa isso que houve né você conhecer as pessoas os livros que sei lá João José Reis publicou na Bahia ou ou alguém que publicou no Rio Grande do Sul você você tinha alguma coisa com o Rio Claro o Rio de Janeiro você tinha um um maior contato mas o o resto do Brasil o resto é uma palavra horrorosa né E como se aqui isso é coisa de v falar coisa de Paulista São Paulo é né não Desculpem a palavra
retira por favor não é isso que eu quis dizer mas mas você tinha um mundo muito muito fechado um mundo em que a a você tinha o seu lugar estava dado por por por aquilo que se passava em TR muros Uhum E aí o mercado tomou um espaço se você não publica como professor sim como vocês dois sabem n é é você não é nada sim né não consegue nem bom acabou Tem que publicar é Então essa eu acho que também é uma uma uma grande diferença e te e te dou mais uma diferença que
eu acho por razões também históricas óbvias havia uma politização mais intensa do que hoje sim então os projetos as propostas as brigas porque você sabe que no mundo Universitário não sei se vocês estão sabendo ninguém briga vocês sabiam disso não tem nenhuma obriga sim entre nem nem nem entre professores nem entre alunos e professores nem entre alunos vocês estão sab vocês estão sabend vocês estão sabendo disso né tudo tudo cí é uma baz im imenso imenso Então eu acho que essa questão de eh da da politização Então as disputas os confrontos passavam sempre por algumas
posições políticas Quem era naqueles tempos quem era como a gente falava do pczão quem era não sei do que meus tempos da libelu que quem era não sei enfim você tinha você tinha uma e e muito pouca se quem era de direita não se manifestava você podia ser mas não se manifestava e a outra coisa laica ah ningém fala em religião sim então eu me lembro eu tive alunos evangélicos eh e católicos assim que se manifestavam mas era tudo muito discreto Então eu acho que a a a politização eh ela tomou outros rumos não que
não haja mas ela tomou outros rumos e a questão da como é que fala isso mais sim cidade eu acho que hoje para mim ela é uma questão na universidade que a gente precisa tomar cuidado porque ah de repente a universidade eu sou defensora até a morte universidade pública gratuita e laica sim exatamente e e e eu acho que essa essa também é uma diferença você de repente você começa a ter como eu fiquei sabendo grupos de evangélicos que se reúnem isso isso no me na minha época impensável impensável soube até alguns que vão para
tentar eh doutrinar olha você isso isso doutrinava naqueles meus tempos você você entrar você entrar pro PCB ou para você entrar para libelu ou para pcd era essa que era a conversa era essa e as brigas eram essas né então isso é uma diferença eh muito grande e e bom e além do mais não vou esse assunto eu nem vou esticar a tecnologia sim celular tablet ah ah e nem vou falar de Inteligência Artificial eu já já me ensinaram que você faz assim que você põe lá eh para homenagear o professor Daniel Revolução Francesa historiografia
E aí a a máquina escreve para você iso é um problema o máximo que havia na época usaram copiavam do livro A copiavam do livro sim eu tenho até uma história Engraçadinha e vou acabar nesse assunto eu tenho uma história muito engraç Eu acho essa muito engraçadinha eu ah em geral eu variava mas em geral pedia que os alunos fizessem um trabalho na ao final do curso e Aí recebo um trabalho enorme 40 páginas nos o que era um negócio n você imagina bom então você vê também acho que não tem aluno ingênuo mais como
naqueles tempos Então você 40 pág eu quando peguei 4 falei bom aqui sabe Ah porque tinha o detalhe havia a tudo você sabe Professor tem fama né você vocês já SA Professor tem fama Então tinha lá uns que tinham fama que não Liam os trabalhos ah s agora eu sempre fui cachias sempre Li e eu não não eu lia sim então a a menina era uma menina ela me entregou E eu falei bom Aqui tem coisa começo a olhar e descubro rapidamente não tinha esse programa na internet viu é no olho mesmo havia um livro
um manual que a gente estudava para entrar pro pro curso de um homem que chamava Birds Ela copiou e ela mandou datilografar porque naqueles tempos também muitos trabalhos eram feitos à mão quando ela datilografado era chique então era 40 páginas datilografadas ela eu daí ela até me contou quem é que ela pediu para era uma funcionária que ela pediu para a tatil grafar copiada do burns copiado copiado 40 páginas então havia a a a fraude ela existia Ah só que agora copiae antes copiava da internet né agora tem a inteligência Aral a inteligência artificial então
a tarefa dos alunos e dos professores ficou mais complicada né Sim sim e eu acho tão difícil para vocês que são são jovens encontrarem sabe o caminho seguirem numa direção porque tudo agora é tão efêmero tão superficial e a formação de um historiador é uma formação lenta é Uhum é uma forma é são anos em que você Vai acumulando em que você vai pensando e você tem que ter concentração você tem que parar para pensar às vezes eu mesm estou cismada com eu fico Dias pensando o que como é que eu vou resolver um problema
que me apareceu Então vocês tem um vocês estão vivendo eu acho um tempo muito difícil não vou falar do mundo viu vamos deixar vamos deixar o mundo o mundo nós vamos deixar de lado eu tô falando só da do mundo Universitário e do curso que vocês fazem é é difícil seguir um um um caminho né não é fácil essa preocupação de ter um ltis perfeito com ltis bem preenchido Pois é exatamente Pois é um ltis bem preenchido você tem que escrever artigos antes mesmo de sair da graduação é certeza todas essas questões que foram vocês
imaginam quando eu fiz a graduação não havia iniciação científica Uhum E a o o novo o sistema a Nacional de de pós-graduação que foram os militares que implementaram é de 71 e nós começamos marielen e eu o mestrado em 72 então nós somos do do do início mas quando a gente faz Nós entramos para nós eu digo a minha geração a gente entrava para fazer o curso de história para ser professor como se dizia a época para ser professor secundário eu entrei para ser professora secundária eu não imaginava que eu ia ser professora da USP
e não havia nenhuma conversa de pós--graduação Vocês nem bem entram já são a a com quem que eu vou fazer pós--graduação com quem eu vou fazer iniciação que se eu fizer com não sei quem que não sei nem então não havia então foi no último ano da faculdade é que Imaginem vocês também que isso não existe mais o professor Carlos Guilherme Mota falou comigo com a mariaelena se nós não queríamos fazer pós-graduação e ele e ele deu o tema entendeu quer dizer isso s ó outros tempos n é outros tempos hoje em dia e não
e não volta atrás viu Não volta Não volta mais não não volta professora a gente tem um roteiro mas eu vou sair um pouco dele porque eu peguei duas informações que a senhora falou agora eu gostaria que a gente falasse porque a gente acabou falando da sua entrada junto com eh num quesito de ditadura da senhora e pegando a época da Maria Helena do tudo que aconteceu eh eu queria saber como era como foi a recepção da Universidade principalmente da senhora aqui dentro pela redemocratização quando a gente realmente voltou a ser uma democracia acho que
é é uma coisa que a gente não pensa tanto né quando a gente foca muito ditadura a gente Foca no período Mas a gente não Foca no final dele nas Diretas Já nesse ponto da redemocratização real né A cheg a gente sabe não chegou mas né Então como foi essa recepção dentro da Universidade pra senhora olha a quem viveu como eu olha vocês eu vivi 24 anos da minha vida adulta sobre a ditadura não é pouco né É muita coisa e e e a gente também só para te dizer quer dizer a gente encontrava formas
e de sobreviver e de e de viver por metáforas né então a gente também aprende né sempre claro corria risco e e corria risco mesmo porque você você podia ser denunciado não é não é que isso não é conversa é real bom mas eu acho que então no final da nos últimos anos da ditadura a gente já percebia que realmente o sistema estava se desmanchando então a a a a aquilo era era era visível com algumas reações muito fortes porque quando você você tem o a a ditadura se esvaindo Uhum E você Tem reações também
de grupos radicais de extrema direita como a bomba do Rio centro então você você você teve jogavam bomba em em bancas de jornal aham Então você tem você teve uma reação mas a gente percebia que a estava no fim houve um Vocês nem acho que nem ouviram falar nisso mas houve um uma epidemia de miningite em São Paulo aham e que o governo quer dizer a ditadura escondeu sim ninguém podia saber uhum até que chegou num ponto as escolas Então tinha não sei quem tal escola Tinha que fechar até que finalmente abriram e conseguiram vacin
Mas isso foi um Abalo não é isso que derrubou a ditadura obviamente mas só um dado bom então a gente percebia que as coisas estavam aí se arrebentando quando veio a a redemocratização você sabe acho que há duas Eu acho que eu acho que dentro do departamento Ah claro houve uma uma uma maior que eu tô falando da das dos progressistas né saber que você podia agora escolher o texto que você quisesse sem correr o risco da repressão eu sempre dei o que eu quis viu claro você não vai dar também não vou dizer para
vocês não vai dar o 18 Brumário de Março tá para o texto de de seminário você não vai aí Aí era era e não dava mas você você sempre contornava então eu sempre dei os cursos você imagina o primeiro curso que eu dei esse em 75 Primeiro Curso que eu dei que foi a única vez que eu dei América Colonial meu curso se chamava capitalismo e escravidão então a gente tinha tinha um espaço né porque eles não podiam não é era impossível controlar tudo sim bom mas enfim depois disso você sabia que agora não havia
mais problema de imaginar que você vai dar um texto e que vai eh ser denunciado então houve um uma alegria muito grande mas nós que tínhamos vivido bom porque não vamos nos esquecer tanto dentro como fora da Universidade muita gente apoiou a ditadura não tem ilusão aham apoiava inclusive professores né E que aí daí Porque você sabe depois que acabou ditadura todo mundo foi contra a ditadura todos contra nossa atrapalhei aqui o microfone tem problema a todos todos contra ninguém apoiou agora é que as coisas voltaram né mas naquela época logo depois todo mundo era
contra eh mas então você tinha essa maior um alívio enorme Porque tinha acabado e ao mesmo tempo uma esperança enorme de que tudo se transformaria uhum sim que nós teríamos então um governo Progressista mais à esquerda como depois foi o Lula no começo do século XX mas a gente tinha uma esperança enorme e aí o que acontece acontece o problema com o Tancredo sim e aí temos José sarnei como presidente então então a gente viveu sabe isso é um aprendizado também político muito grande e para você pensar a a a história porque eu sempre eu
sempre penso muito em outros momentos da história o que as pessoas viveram não é eh então você tem o sarnei e depois não contentes color color aí você tem o Color de Melo o salvador da pátria o caçador de marajás caçador de marajás ISS e depois o Confisco da poupança da das poupanças de todo mundo Sim era comigo foi bom porque eu não tinha nada então e o que vocês sabem que Professor vocês sabem também tudo vocês também sabem ser professor a gente fica rico isso aí isso aí vocês estão sabendo tá isso aí vocês
T clareza eu eu queria esclarecer essas coisas aqui sim é claroa chegou com uma limousine aqui na FR você viu né você viu você viu com motorista você viu né então é assim que é então eu acho que a a a a a nossa desilusão e a e depois os a e os confrontos e as brigas eh que aí também tudo explodiu porque se você porque você tinha durante a ditadura você tinha uma frente em que você Eu por exemplo votei não tenho vergonha de dizer porque ele era do do MDB no Oreste squer que
eu nem sei se vocês se lembram dele mas é um pavor de político Eu votei porque ele era do MDB Uhum é Ah então você você tinha uma frente é que que Ah que era contra a ditadura e que era minoritária não vamos ter ilusão minoritária aí quando acaba explodem todos os interesses os conflitos as divergências os problemas e no departamento e na faculdade e na universidade também sim sim então aquilo que a gente esperava não é terminou agora teremos o tempo de extraordinário novo tempo não foi assim não foi e E então a então
Eh é é interessante a gente e e só uma coisa que eu queria dizer para vocês que é que é isso isso também sinto eh eu sinto falta disso durante a ditadura Quem era contra tinha uma solidariedade e uma até eu falei acho que anteriormente mas quero reforçar uma solidariedade uma confiança absoluta no outro ou na outra uhum isso é uma coisa é maravilhosa que aí também os tempos mudaram porque os tempos mudam história sabe não sei se você sabe muda eu eu respondi respondeu perfeitamente professa é eu acho que é importante a gente ter
essa esses diálogos também porque realmente e quando a gente como eu falei como a gente fala muito de ditadura Às vezes a gente fala muito do período mas não da redemocratização não quando acabou e não da desilusão né de esperar ver o o Tancredo e olhar pra cara do sarnei então é aquela diferença né Dani professora então tratando um pouco agora mudando um pouco de assunto a senhora também é uma grande estudiosa das Universidades Será que a gente pode estudar como toda essa história culminou na criação da USP hum hum a senhora poderia falar um
pouco disso pera aí não eu eu perdi uma coisa que você falou você disse que eu sou uma estudiosa da universidade e daí se a gente poderia tratar um pouco como a conversar um pouco sobre a história que culminou na criação da USP de onde ve essa Universidade não eu eu posso falar sobre isso só que eh vocês vejam aí o o o o tempo é porque isso é cumprido Hum tá tá tranquilo tá tranquilo a gente pode ir conversando senhora bom pode eh eu eu até muito recentemente eu ah a até Daniel estava também
eu [Música] eh fui convidada para junto com a Maria de ludes janot minha queridíssima amiga que foi minha professora a ainda que a gente tenha uma diferença de idade muito pequena ela é pouca coisa mais velha que eu Mas como eu disse a vocês acho que eu disse né que eu entrei para começ para fazer o curso falei para vocês Eu tinha 27 anos não falei pro Daniel é então eu eu eu eu entrei muito tarde eu comecei o curso eu tinha 27 anos e terminei a graduação aos 31 então eu a a como a
gente fala de Luna pouca coisa mais velha mas foi minha professora S então a eu eu tive na na na aula inaugural da pós-graduação eu falei sobre isso e e a e a a criação então há há várias questões a a primeira delas é que no Brasil eh seguiu-se a bom primeiro lugar durante o período colonial Portugal proibiu a criação de universidades sim Diferentemente da América espanhola Uhum que cujas primeiras universidades são da metade do século X a a pontifícia e a Universidade do México e a Universidade de São Marcos em em Lima Então e
e houve muitas outras universidades no período colonial e uma universidade por exemplo que nunca nunca foi fechada é Universidade de Córdoba na Argentina ela ela foi criada acho que é 1613 e nunca foi fechado bom então na na América Espanhola você tinha universidades que depois da Independência os liberais fecharam e criaram outras agora no Brasil no período colonial não houve e o sistema Universitário aliás de ensino superior pensado pro Brasil seguia o modelo napoleônico de escolas profissionalizantes de escolas Ah que eram hã por exemplo uma faculdade de medicina uma faculdade de eh a Politécnica a
faculdade de direito mas você não tinha universidades e os positivistas que foram muito fortes as ideias positivistas Foram muito fortes no Brasil eram contrários à criação de universidades porque eles diziam que era uma pedant cracia que eram todos pedantes que eram todos a esses bacharéis que não serviam para nada porque Claro os positivistas estão sempre pensando no avanço da ciência e e o e o e os a a os advogados não serviam só era só serviam para conversa e mais conversa e retórica e não faziam avançar a ciência então eles eram contrários à criação de
universidades e houve vários projetos no durante não vários mas alguns projetos durante o período imperial para se criar Universidade todos barrados uhum bom aí no século XX Claro os positivistas perderam o seu prestígio e os liberais começaram a pensar na importância da da criação de universidades no Brasil e aí a primeira tem uma disputa entendeu não vou entrar nela eu já cansei de ler sobre isso ah porque Ah não sei quem começou mas não foi se foi Minas se foi Paraná bom mas Costuma se afirmar que foi o Rio de Janeiro Universidade do Brasil chamava
do Brasil depois do Rio de Janeiro e aqui em São Paulo o grupo do Jornal Estado de São Paulo mais os mesquitas né mais o Fernando de Azevedo ele se Ah tinha um poder político bastante grande começaram a trabalhar com a ideia de criação de uma universidade e e é curioso nãoé porque depois da derrota de 32 e é que você vai justamente o Armando Sales Oliveira vai ser interventor e que tá a estátua dele lá na entrada e então ele vai pensar a criação da Universidade de São Paulo e que em que ele fez
uma quer dizer ele não o grupo Fernando Azevedo o grupo todo que criou a USP fez uma do modelo velho modelo francês napoleônico de pensar escolas profissionalizantes Então você tem medicina engenharia direito bom agronomia muito importante n que já tinha escola de agronomia desde o século X e ao mesmo tempo tomar algo do modelo alem do modelo da Universidade de Berlim uhum do começo do século X do Guilherme Von humbold irmão do famoso para nós Alexandre V humbold então que era pensar uma faculdade de Filosofia então a faculdade de Filosofia a primeira do Brasil é
a faculdade da da USP então a faculdade era ela congregava várias áreas do conhecimento não apenas de humanas mas de ciências chamava a Faculdade de Ciências e Letras e a e era para pensar a produção de um conhecimento desinteressado Isto é não tem que ter porque os positivistas sempre pensavam na criação de um conhecimento que tivesse aplicação prática sim sim vocês sab que os positivistas eram inclusive contrários eles achavam que só tinha que estudar a lua e o sol em astronomia interessa o resto não porque não interessava para nada n então então a a faculdade
foi pensada como um lugar em que houvesse uma produção do conhecimento é desinteressado sem uma não precisava ser uma aplicação prática e desvinculada do poder político instituído Então você tinha e as áreas eram você sabe além das nossas famosas áreas de humanas química física biologia todas elas estavam Integradas na criação e o Fernando Azevedo tinha uma teoria eh que hoje a gente eh obviamente quase quase ri mas ele pensou mas Berlim também pensou isso a para que servia a faculdade de Filosofia para formar as elites dirigentes e pensantes do país não é à toa que
vocês pensarem quantas figuras da USP sim assumiram posições políticas no Brasil não vou vou Fernando Henrique Cardoso só para citar um sim sim né que foi presidente mas você tem uma pleia de de figuras saídas da USP com importantíssimos cargos políticos no Brasil porque a faculdade era para era para formar essa Elite dirigente da Nação e para resolver os problemas da Nação Então isto era a universidade o ensino secundário como se falava a época era para formar as classes médias para então Eh trabalhos a assim medianos eh era para isso e o ensino primário como
se falava a época que hoje é ensino hoje é diferente né mas os quatro primeiros anos do Ensino Fundamental era para formar os trabalhadores uhum sim então e e e mais o mais interessante duas coisas interessantes que ele falava primeiro a a universidade é que iria jogar as suas luzes sobre toda a soci e iria portanto ser capaz de a educar as massas educar a toda a população é também tinha essa essa finalidade fundamental uhum e desse modo a a a a a a outra ideia dele era a seguinte para você entrar ele dizia que
era democrático tá porque porque para você entrar na universidade você ser aluno da Universidade você não você não precisava de forma nenhuma vir da da da da burguesia uhum a universidade era o lugar dos dos mais preparados então você poderia ser uma p pessa pobre trabalhadora que naturalmente teria tido todas as condições né para estudar é tudo naturalmente olha será que essas minhas ironias vão entender errado eu acho que acho que vão entender acho acho que V eu eu tenho até eu conto uma história da teoria da ironia já já para vocês é que eu
tenho sempre medo mas então o o Fernando de Azevedo dizia isso que era a a universidade era era um era aberta para todos o que valia era a famosa meritocracia quer dizer você era um sujeito inteligente palpérrimo não importa das classes médias mas Você entrava e você se transformaria numa figura que seria que comporia essa Elite dirigente Uhum Então eu vou contar a historinha do da ironia então para ficar claro aqui bem rapidinho eu durante muito tempo eu fui a havia um um centro aqui em São Paulo acho que existe ainda sempre que fazia cursos
para professores desculpem eu falar sempre secundários porque eu imag profess professores secundários do interior de São Paulo então eles eles organizavam cursos e eu dei várias vezes esse curso nos anos 80 e eu uma vez fui pro Vale do Paraíba fui fiz várias cidades do Vale do Paraíba e eu tinha uma sala imensa e eu fiz não me lembro o tema mas eu sei que eu falava do Sarmento uhum certo domingo Faustino Sarmento eu falava do Sarmento e eu criticava o Sarmento porque o Sarmento tem um último livro que ele escreveu conflito e harmonia das
raças de 1881 ele diz que os indígenas eram uma classe era uma população pré-histórica e que eles jamais a aprenderiam qualquer coisa porque eles eram incapazes de aprender certo e aí você tem na na na na na Argentina vocês sabem Gabriel passet fez um belíssimo trabalho sobre isso você tem uma uma uma ele chama de genocídio com relação aos indígenas Mas então ele o o Sarmento falava isso e eu falei sobre o Sarmento e falei pois é para pro Sarmento índio Bom é índio morto falava desculpe o índio Tá mas era na época índio índio
Bom é índio Morto Muito bem então falei falei Fiz a conferência tal acabou a conferência mas gente era uma sala enorme de professores hum terminada levanta-se um rapaz barbudo e e educadíssimo e falou professora gostei muito da sua apresentação mas eu gostaria de fazer uma pergunta por que que a senhora considera que índio Bom é índio morto eu queria morrer mas morrer morrer por tudo a Ah então desde aí eu fiquei morrendo de medo das minhas ironias porque eu falei eu falei falei falei quer dizer ele não entendeu nada do que eu falei é dramático
porque el entendeu nada e não compreendeu que eu tava sendo irônica então gente eu sou irônica tá vamos esclarecer dá para Mas essa é essa é dura né a e eu me senti eu me senti a a a a falei nossa falei falei bom bom não mas as ironias aqui estão bem entendidas acredito porque a cada coisa né É cada coisa É cada coisa eu acho que chegamos à última né Sim chegamos à última pergunta professora e aí essa pergunta eu acho que é mais para saber da senhora agora inquisito da Universidade mesmo como a
senhora pensava a universidade Quando a senhora entrou como a senhora pensa ela agora e como a senhora vê ela no futuro olha olha vocês estavam indo bem agora bom vou fazer várias confissões Claro quando eu entrei para fazer o curso Então como eu já disse repito eu eu por questões familiares eu entrei eu quando eu entrei eu tenho três filhos dois homens e uma mulher e naturalmente eu ah já era mãe deles e meu filho mais novo quando eu entrei tinha 3 meses e minha filha tinha eh quatro e o meu filho mais velho cinco
agora isso não vem ao caso mas como é que eu fiz a faculdade com tudo isso não sei é não sei mas mas eu e fiz em 4 anos Nossa Ah mais incrível ainda é mais incrível tá me Pens acho que eu tinha uma energia e outra coisa eu sou grudadas com meus filhos não é daquela mãe Ah não não gruda dissimo até ao dia de hoje que eles são tudo todos crianças agora vocês podem imaginar eh bom então eu eu num determinado momento da minha vida eu decidi que eu queria fazer e universidade e
e eu sempre gostei demais de história gostar sabe vocês sabem o que que é isso S Então decidi fiz o eu eu não tinha dinheiro nenhum e na época meu irmão trabalhava no cursinho do Grêmio Uhum e ele era secretário do cursinho do Grêmio então ele conseguiu que eu fizesse o cursinho de graça porque eu não tinha dinheiro para pagar então eu tive sorte então eu fiz o cursinho mas eu achava que eu não ia entrar porque tava afastada mas eu entrei até entrei bem viu mas entrei bom eu não tinha noção do que era
a universidade vamos vamos botar as cartas na aba essa é confissão não tinha noção sabe eu me lembro eh eh que eu e e a prova as provas porque Claro não não tinha Fuvest eh eram lá no prédio Uhum E eu o prédio vocês compreendem que isso é 1967 que eu fiz faz só um pouquinho de tempo o prédio era novo eu fiquei maravilhada com o prédio maravilhada olhando Achei aquele prédio maravilhoso bom então eu eu entrei sem ter sem eu eu Universidade que a gente estuda e tal mas eu eu não tinha noção do
concepção de Universidade eh o que que era Universidade não não tinha noção não é como vocês viu gente não vocês Tenho certeza absoluta põe minha mão no fogo vocês entraram tendo um uma clareza conhecendo e eu outra coisa eu me inscrevi na USP sim porque eu não tinha condição primeiro de mudar de cidade em segundo lugar não tinha condição de pagar nenhuma outra Universidade PK por exemplo então era aqui ou ia ou não ia mas eu não tinha noção Então vamos foi a assim que eu entrei e eu fui descobrindo Na graduação aí você vai
tudo para para mim é foi uma época eu me lembro olha olha que coisa eu tava no primeiro ano eu falei eu não quero que isso aqui nunca acabe porque eu adorei eu tinha uns professores que não eram muito bons mas mesmo assim eu eu me centrava nos que eram bons e eu falei ah que eu acho que o que a gente sempre deve fazer viuque ex então eu adorei e falei nossa não quero mas quando cheguei no quto ano falei não eu quero acabar L amor de Deus agora agora agora agora tá na hora
de acabar mas mas a minha a minha foi assim e aí eu fui fui aprendendo uhum o que era a universidade Quer dizer fui aprendendo a como eu já disse a vocês atravessada pelas questões políticas mas eu fui a entendendo mas apenas como eram as relações entre os alunos com os professores Descobrindo a historiografia estudando fazendo seminário escrevendo ah trabalhos era isso bem quando eu entrei em 75 para dar aula já contei para vocês como foi a a descoberta da América Latina novamente eu não tinha noção de como a universidade funcionava Uhum eu não eu
eu eu eu entrei eu acho que eu sempre fui não sei eu entro nas coisas eh eh sempre eu sou realista Mas eu sempre entro bom vamos claro eu tinha claro que eu fiquei feliz porque eu entrei né Lógico Então tava muito feliz de ter entrado sempre lamentei muitíssimo porque eu minha mãe tinha adoração pela minha mãe e minha mãe morreu em em março de de 75 e eu entrei alguns meses depois ela não viu sempre sinto isso mas aí eu eu e eu não sabia claro conhecia os professores conhecia mas eu também não entendia
nada como é que funcionava E eu nem bem entrei Eu sempre tenho umas amizades boas Eh aí ah falaram para mim porque havia o o o o departamento funcionava com um conselho Você sabe né então o conselho tinha representantes dos ainda havia auxiliar de ensino que não existe mais Mestres dout e depois a todos os titulares e os que eram professores associados que chamava a época eles faziam parte do do do do Conselho e tinha os representantes que eram os gato pingado que éramos eu no caso a luu e a a a representante dos auxiliares
de ensino a Silvia Baco bom então eu nem bem tinha entrado acho que eu tinha acabado de entrar e aí vieram falar para mim olha Ah acho que eu tinha alguma coisa não sei olha você precisa ser a representante do dos dos Mestres porque eu tinha mestrado Só quando eu entrei viu que também é uma coisa que não existe mais Uhum você tem que ó você representante dos Mestres no conselho e eu falei tá bom sempre enfrentar os desafios Ah sim aí eu comecei a entender como é que funcionava a a o o o a
ali A gestão do departamento que naturalmente quem mandavam eram os titulares os os mais velhos e as três que éramos Silvia de Lu e eu votamos sempre contra perdíamos mas Man citava Darc Ribeiro isso perdi mas o diaria est do lado de quem me venceu isso aí é isso aí exatamente Então e e e outra coisa sabe Pedro tinha uma coisa que que era a gente arriscava porque quando a naquela época a cada 3S anos o seu contrato tinha que ser renovado pelo conselho do departamento Uhum E aí você podia como aconteceu como eu vivi
isso com uma colega se você não fosse se o conselho dissesse não não não fala não vai ser recontratado você caía fora então a gente corria risco Ah é uma era uma vida arriscada uns riscos que não tem hoje eh então era isso então mas eles sempre tinha algum que votava contra mas renovaram o o meu contrato até depois a coisa e eu virar aí fiz um outro concurso E aí foi tava tudo certo e não não tinha mas não tinha que que renovar mas renovava a cada 3 anos então quando eu entrei pro pro
E aí entrei pro conselho eu comecei a entender o que que era a política do departamento o que que era a como é que as coisas funcionavam sim né E que e como é que e o pelo que é que a gente devia tá então na época lutamos pela democratização da gestão do departamento e nós a briga que a gente fez foi pela instalação das plenárias do departamento com participação de alunos de Funcionários Funcionários não caíam mas era participação de alunos e de funcionários porque Lógico que no conselho do departamento não tinha aluno nenhum então
a gente tinha um projeto eh de democratização da gestão sim bom mas você perguntou porque um pouco da concepção de Universidade eu acho que é a a eu eu falei das mudanças eu acho que é uma outra mudança importante a a universidade era era acho que ainda é mais menos muito elitista sim porque essa é isso é assim que ela foi criada muito elitista sobre todos os pontos de vista e E então eu acho que a gente também brigava para abrir mais não é mas a a universidade o o elitismo muito forte sim e você
quer que eu fale do Futuro né Mas qual você quer que eu fale de falar de hoje é como a senhora pensa hoje a nossa universidade Eu sabe eu eu sou eu já disse isso várias vezes e e repito aqui para vocês eu devo o que eu sou a USP e a a a formação que eu tive eh que tá que sempre esteve garantida pela escolha de bons professores de Salários Ninguém ganha uma fortuna mas também não é uma miséria isso é importantíssimo que se mantenha então eu devo eu devo eu de eu fiz mestrado
doutorado livro docência Tudo titular bom eh a a tudo a a a foi a universidade pública que me me deu isso e por isso que eu sempre acho que eu tenho uma dívida para com a sociedade por isso que eu sou incapaz de não aceitar um convite como esse que vocês me fizeram porque eu acho que isso é minha é é o meu dever porque é devolver aquilo que eu recebi Uhum Então eu eu sou Ah eu eu eu acho que a a universidade para mim tem um significado é da minha vida muito forte então
continuo defensora vocês já sabem e vejo no presente além daqueles problemas que já apresentei a vocês eu vejo sempre com muita eu vejo com muita preocupação porque é preciso eh lutar para que se mantenha a universidade pública nos patamares em que ela esteve anteriormente e vocês sabem que a gente tá sempre Eh aí ameaçada pela extrema direita pela direita mesmo certeza e cortar verbas eh dificultar a uma série de iniciativas então a essas essa você vê começou de novo a universidade paga uhum e e também como sempre mas isso é isso não isso era e
continua sendo quer dizer você tentar desqualificar a universidade você sempre afirmar que aqui é um antro você sabe que aqui é um antro eu não sei bem do é um antro de tudo que há de Pior né desde definir muito bem É só ruim é tudo é tudo ruim Fora as questões inclusive na quanta às vezes se se afirmou coisas absurdas como as questões a a dizer eh de a coisas sexuais vai tudo não é aqui todos depravados eh comunista comunista é comunista além de comunista tem uma gente bom ah também tem outra palavra maconheiro
né maconheiro B só só gostam de confusão de confusão então Esse é esse é um discurso nãoé muito forte e que se repete então a gente a gente parece que a gente tá sempre na defensiva a gente tá sempre eh eu eu sinto falta sabe de uma atitude mais propositiva mas a da da importância da da da não é não é não tô me referindo apenas a USP me refiro não só as Universidades públicas Paulistas como as universidades federais da da da da universidade e tem outra coisa né marcar a importância da da da inclusão
né de pensar na na que então aquelas cotas não apenas de de pretos indígenas pardos mas também dos mais pobres que aqueles que porque você pode ser branco mas você é pobre existe isso viu No Brasil existe também Então você você abrir né para para os alunos da das escolas públicas que não tiveram obviamente a mesma formação de alguém que estudou numa escola privada de muito bom nível Então essa preocupação também de abrir a a Universidade de paraa famosa chamada inclusão né e e e de ter uma uma postura Ah muito aberta com relação também
a todos esses problemas e toda essa questão de gênero tem uma postura aberta aceitar o que cada um é sim eh sem discriminar sem sem preconceito tudo isso que nós vemos como positivo a Extrema direita direita vê como negativo quer dizer aqui também esqueci aqui também é um lugar também que só tem acho que não sei se acho que só tem S só se pensa em gênero né a ideologia de gênero só se pensa em ideologia de gênero e então eu acho que eu eu eu sinto eu sinto sabe que a a a a eu
falo da USP mas das Universidades estaduais em geral que preciso ter uma uma uma posição mais mais forte de de mostrar o que a gente Eu sempre pensei isso de mostrar o que a gente faz eh de há tantos exemplos maravilhosos não é certeza que eu eu eu até vou citar aqui eu tenho um foi ele chama assim Valdir Santos foi meu aluno na graduação fez mestrado doutorado comigo é professor do Instituto Federal de São Paulo então ele vem de uma família mas muito pobre muito pobre e ele fez a vida graças a esta Universidade
ele também tem plena Clare disso então esses exemplos sabe do que significa uma universidade o que ela proporciona e o que ela proporciona pra sociedade e e nós né nós porque tudo bem médico serve para alguma coisa Engenheiro também até advogado certo del agora as humanidades a importância das humanidades a importância da criação de um pensamento crtico de nós sermos capazes de pensar o presente olhando para passado mas pensar o presente ter uma visão crítica entender o que acontece não é fazer com que a gente se situe nesse mundo tão complicado tão difícil em que
estamos então a gente eu acho que precisava mais uma atuação mais efetiva de todos alunos eh eh professores e Claro Reitoria e tudo mais então eu sinto falta disso mas não sei Pedro acho que eu não respondi é respondeu perfeitamente resp excelente respondeu perfeitamente parce Então tá bom eh você tem algumas palavras antes da gente finalizar Dani bom professora eu só queria agradecer a sua fala maravilhosa uma oportunidade muito grande pra gente est aqui o Pedro imagin também honrados de receber a senhora queria agradecer realmente foi uma honra o ouv A senhora foi excelente muito
obrigada bom eu é Agradeço a vocês pelo convite agradeço agora você formal o professor Daniel fiquei chamando de Daniel assim eh Agradeço a vocês como eu disse um prazer uma simpatia tá vocês aqui comigo e e e espero que vocês mantenham acesa a chama da curiosidade intelectual da indignação política e da atuação sabe eu acho que a gente não pode perder isso eu não sei como mantive Com certeza é isso então a gente chegou ao fim do nosso primeiro episódio agradecer imensamente a professora Maria Lígia que volta a dizer o que eu já disse o
que seria da história da América Latina se não fosse exatamente né Eh pela conversa que a gente teve hoje por tudo agradecemos também a faculdade de Filosofia letras e ciências humanas por ceder esse espaço paraa realização do podcast aos professores Daniel Gomes de Carvalho e Gustavo Veloso pela orientação e a Olga stepan Cruz e Michele Santos que estão aqui no nossos bastidores acompanhando a gente até a próxima
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