A Beleza e a Alma Humana - prof. Sidney Silveira

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Centro Dom Bosco
O prof. Sidney Silveira ministra aula sobre um dos tópicos abordados abordados em seu Cosmogonia da ...
Video Transcript:
E aí [Música] E aí [Música] E aí [Música] E aí. Tá bom, boa noite a todos. É para mim uma imensa alegria que o Centro Dom Bosco lance esta segunda edição do Cosmogonia, realmente muito bonita em capa dura. Ela foi revisada, e está um pouco ampliada; tem um apêndice ao final sobre o último motu proprio do Papa Francisco, porém, basicamente, é o mesmo texto. E calhou de ser exatamente quando a outra edição [Música] acabou. Eu tô com uns 10 livros em casa; a providência sabe o que faz. Então, sou muito grato ao CDB por
encampar esta ideia e lançar o livro. Espero que ele chegue a mais pessoas. Agora, a ideia aqui é que ele tem cinco partes. É um livro que foi escrito entre 2008 e 2012, até o início de 2013, para o blog Contra Impugnantes. Era um artigo sobre temas diversos que iam desde política até a moral; desde a teoria do conhecimento até a teoria da arte, a psicologia. São assuntos muito variados e o próprio CDB, lá no início, porque eu, com a minha preguiça metafísica, não é? E imaginando o trabalho que daria, eu relutava em reunir esses
artigos em um volume, até porque imaginava que, dada a sua variedade temática e também que eram muitos textos, a seleção não era tão fácil. Mas, acabou que em algum momento eu resolvi reuni-los. Fiz uma apresentação na qual procuro mostrar que o que nós vivemos hoje, e isso bem antes da pandemia, é a culminância de um processo de putrefação espiritual que acomete também o terreno da política, da moral, e atinge as pessoas em suas almas. Portanto, também diz respeito à psicologia, diz respeito ao direito, já que sem a teologia que sirva de abóbada, o direito natural
simplesmente inexiste. E onde o direito natural inexiste, o que acontece é que as leis positivas descambam para uma espécie de coisa autônoma, tão autonomista que, no direito, acabamos nesses constitucionalismos malucos. Como diz um grande tuísta chileno, Cristóvão o Rego, ele diz que sem a lei natural o direito é impossível em si só, que a pós-modernidade liberal tentou forjar um direito à margem do direito natural e acabou dando no que nós vemos na nossa Suprema Corte e outras fontes que não são a Suprema. O livro tem muitas coisas; ele fala de muitas coisas. Eu tentei dar
uma ordem que contemplasse um período histórico que começa lá no final da Idade Média, no século XIV, e combina com o momento presente. Aqui a ideia é em alguma nota de rodapé de que a Jacques, para o católico, o sentido da história é caminhar para o momento que a Sagrada Escritura chama de grande apostasia, o qual, por sua vez, é prévio à manifestação do anticristo. O que pressupõe a seguinte consideração teológica: se a Igreja estivesse sempre no seu esplendor, as Escrituras não se cumpririam. Então, quem é católico entende por fé e não como Pitágoras, né?
Que o sentido da história é o fim dos tempos. Santo Agostinho, que é um dos grandes teólogos da história, nos diz que, sendo Deus econômico, até um termo que é muito conhecido, a economia da salvação, Deus não faz nada antieconômico. Não teria sentido a história continuar depois que a última alma bem-aventurada, por presidência divina de Deus, conhecesse o sul contingente. Quando não houver mais ninguém na história a ser salvo, a história acaba; não haveria sentido em continuar. Ora, pensemos no momento atual em que Deus é, fora da lei, na forma ali. Deus está divulgado das
mais variadas formas, é o laicismo de Estado que a Revolução Francesa criou: a espécie de Deus intocável. E conservamos, pensamos assim, numa semana dos tempos presentes. Imaginemos se Deus resolvesse decretar que a humanidade atual, a partir de agora, não morreria. Eu penso que seria algo parecido com o inferno, já que a humanidade diz respeito ao alisamento em parte com omissão das autoridades eclesiásticas. Nós estamos falando aqui de uma doutrina sagrada revelada pela própria segunda pessoa da Santíssima Trindade e, portanto, custodiada pela Igreja, por esta pessoa fundada que é Cristo. E, portanto, a Igreja militante tem
um papel na história. É óbvio que aqui são cinco partes. Eu dividi o livro em cinco partes: a primeira, eu dei o título de "Controvérsias e Efemérides"; a segunda fala dos tesouros da metafísica de Santo Tomás de Aquino, que é o ápice da filosofia; na terceira parte, falo de política à luz da tradição da Igreja e, sobretudo, do doutor comum da Igreja; depois de moral e psicologia e, por fim, de teoria do conhecimento. Tento mostrar em assuntos que são, em um sentido, de unidade na decadência. Então, aqui a certa altura há uma nota de rodapé
e é uma opinião. Isso assim existem para o católico matérias opináveis; é uma matéria opinável, aquela em relação à qual o magistério solene da Igreja não se pronunciou. Portanto, há uma liberdade para teólogos e pensadores opinar. E muitos inscreveram, não só doutores da Igreja como teólogos e simples sacerdotes que lhe vieram, por exemplo, algo sobre o final dos tempos, o que eles julgavam ser o final dos tempos. A luz de inscritos muito anteriores, há livros interessantíssimos ao longo da história da Igreja. Um deles foi publicado em parte no livro CDB, trouxe à luz aqui, que
"O Fim dos Tempos" é o título de uma obra do Yosef Per. O fim dos tempos, em que ele dá a seguinte opinião que, ahm, é só mais lá no comentário que ele faz a Tessalonicenses: o fim dos tempos será uma grande impostura política, será um poder político absolutista universal. Que será, entre muitas, "consagrado e pelo poder espiritual, um poder espiritual que, por sua vez, estará estado de defecção, digamos assim: tão tudo que tá escrito no livro. Embora sejam até momentos aqui, artigos até que o jogo engraçados como CSIT, Tula, o boçal engajado, e a
máquina de devorar consciências, em que o pinta um arquétipo contemporâneo. É o boçal engajado, aquele cara esquerdinha, né? Ele frequenta cheia; ele é fã da Flip, né? Ele, nego, gosta de literatura alternativa, naquele seja. É uma pessoa inculta? Não, ele é a pessoa; é uma cavalgadura com verniz, digamos assim, uma demão de verniz. Então, alguns momentos engraçados, mas o propósito do livro é mostrar uma desordem. E aqui, na apresentação, digo algo que é uma interpretação de uma coisa que se afirma em algumas de suas obras: só a luz enxerga as trevas, e as trevas não
enxergam a si mesmas. Mas essa é uma pessoa a estar num lugar escuro; alguém acende uma lamparina, ainda que seja a querosene, aparecem as sombras. Só a sombra onde a luz. As trevas são a ausência completa de luz, mas Gigi nos Santo Tomás que as trevas não são o contrário da luz, como a esquerda é o contrário da direita. As trevas são a privação da luz, que é diferente. Então, as trevas estão identificadas com o mal, e o mal é a carência do bem. Dito isso, o livro fala de muitas coisas. Eu escolhi o tópico
que me parece importante, já que hoje aqui é o evento do lançamento da segunda edição, mas é um tópico atual que é o tópico da beleza. Alguns artigos aqui falam da beleza como uma realidade transcendental. O belo é um dos sete transcendentais do ser, uma das sete manifestações universais do ser, e a nossa alma foi feita para contemplar a beleza. Uma das tarefas, já dão segundo a Sagrada Escritura, a tradição e os doutores, era contemplar a maravilha do paraíso. Eu, aqui, há pouco tempo, dei uma aula, aqui, intitulada "A Queda", e eu peguei um texto
da Sagrada Escritura na tradição do padre Mário Soares, em que ele nos lembra que Adão é posto no Paraíso. Para isso, foi feito. Deus fez o Paraíso para que Adão nele habitasse e contemplasse a beleza da criação, dessa enorme as coisas. Porém, vale fazer uma advertência: aqui não é uma anterioridade, não é nem toda anterioridade cronológica, temporal. Para nós, que estamos contingenciados pela matéria, o antes e o depois é cronometra; viveu o tempo segundo Aristóteles. É a contagem do movimento, segundo um antes e um depois. Só que, em Deus, Deus está fora do tempo. então,
os seus decretos são um só, percebidos por nós de maneira variada. Mas quando se diz que é alguém anterior num decreto divino, é no plano da finalidade. Por exemplo, Nossa Senhora foi privada da mancha do pecado original, mas não para ser privada da mancha, e sim porque ela, a correria em seu próprio seio, o salvador. Então, embora fosse um só decreto, há uma anterioridade quanto à finalidade. Maria foi virgem. Para que? Ela foi privada da mancha do pecado original para que, ao receber a Deus, não tivesse as mais inclinações que são decorrentes desse pecado original.
Então, é isso. Não tô... como se diz, aqui a anterioridade em Deus. É bom sempre pontuar: Deus… o tempo não é a medida do ser Divino; o tempo é a medida das coisas que começam, desenvolvem-se e terminam, as coisas compostas de matéria e forma. É a medida da eternidade. Deus é a própria eternidade. Então, Deus não pode nem ser medido pelo tempo, nem por aquilo que os teólogos chamam de Evo, que seria a eternidade, que seria a sucessão, que é para os entes não compostos, em cuja a forma não há matéria, que seriam os anjos.
Então, indo para o tema da beleza, isso parece a princípio nada ter a ver com a beleza, mas tem tudo a ver com a beleza. Em primeiro, o fato de que as coisas podem ser ditas belas sobre diversos aspectos. Existe aquela beleza que nos atinge fisicamente, que chega às nossas potências sensitivas, e nós a contemplamos, e ela agrada. Vista, né? Corrijam a minha prosódia latina, lá da favela da Rocinha, né? De Santo Tomás, aqui, "pulchra de títulos prevista." A beleza é aquilo que agrada à vista. Mas ela não é só isso. Nós temos, quando estamos
diante de algo belo fisicamente, que é aprazível, é agradável da mesma maneira que quando estamos já o objetivo à mente feio. Aqui, podemos nos referir a um número de ouro grego. Na beleza, ela é autoevidente ou não? É muito bonita dentro do lugar, é na Tokyo, e os olhares se voltem para ela. Quando algo repugna a essa nossa tendência a perceber a beleza, nós temos um esgar. É como com suas espécies de nojo metafísico. É do jeito que tem a orelha no nariz, vale no pescoço, né? A dez, fiz, por exemplo, se eu não tivesse
um braço. Eu, quanto à integridade, teria um desses de beleza. Então, a beleza pode ser dita sobre vários aspectos. E quanto mais na pegada o plano material, ela está mais, ela atinge o que é material. Ou seja, os sentidos. E aqui vale pegar em empréstimo a analogia que faz Platão. Platão foi um gênio, é um dos grandes gênios da história da humanidade. Não só a República como outros diálogos importantíssimos trazem luzes até hoje. A Erros na teoria do conhecimento de Platão já foram consignadas por grandes filósofos, mas os assentos são impressionantes, por exemplo, quando ele
fala da música. A música, arte das musas, é a mais universal das artes. Um acorde musical atinge pessoas que falam. Com as quer Limpo hoje, antes, ao passo que uma beleza de um texto literário só vai ser percebida por aquele que entende a língua em que ele está escrito, é uma música. Ela tem um caráter de universalidade, é mais universal das Artes, e Platão faz uma analogia entre aquilo que ele chama. Ele disse que o homem, no homem, aí, o plano sensível ao plano da imaginação seria o das emoções, e o plano inteligível, né, seria
o espírito. A música, ela tem três elementos essenciais: ritmo, que é queremos, tem algum músico aqui de profissão? Alguém sabe? Ele é pauta musical, aqui. Cês já viram aquelas bolinhas que estão lá? A bolinha indica o ritmo. A música tem ritmo, melodia e harmonia. Quanto mais o que predomina na música é o ritmo, mas ela atinge em nós o que é inferior. Pensamos num funk, né? O funk é o marcapasso do desespero. Nós percebemos um funk, né? É tocado, né, no ambiente estroboscópico. Esqueci, repetem, né, com as molduras, a fazerem movimentos frenéticos de sua pélvis.
É óbvio que um funk não é algo para que dele se obtenham as potências superiores da nossa alma. Isso aqui é absolutamente politicamente incorreto, né? Mas assim, quem disse que nós devemos ter correção política? O funk, para mim, não é música, porque ele falta os dois elementos da música: a melodia e a harmonia, que estão quase ausentes de tudo. Então, Platão diz que, quanto mais a música toca o que nos diz respeito aos sentidos, ela pode ser dita mais baixa. De alguma maneira, se ela tinha a melodia, por sua vez, estava em ritmo. A melodia
atinge os sentidos internos, sobretudo da imaginação. Tanto é que, por exemplo, a música popular romântica, que não existe mais, né? O romantismo está fora de moda, né? As juras de amor estão fora de moda. Mas a música popular, tanto nacional como internacional, até a década de 80, talvez ao longo do século 20, ela tinha uma linha melódica agradável, agradável de se ouvir, e tanto é que muitas evocavam algo na nossa memória, né? Seja uma pessoa de quem gostamos no passado, um momento. Então, Platão diz que a melodia é muito importante no ritmo. A quebra e
os interregnos de silêncio, a melodia é um continuum. E a melodia atinge a imaginação. Por sua vez, a harmonia atinge em nós a inteligência. Então, quanto mais complexa é uma harmonia, mais ela atinge em nós o que é contemplativo por excelência. Então, eu vi agora, por exemplo, no final de semana, em Porto Alegre, onde houve o 7º Encontro de Artes Liberais, muito interessante. Ao final, o professor Clístenes, que toca lá o título Hugo de São Vitor, ele convidou uma orquestra. Além de alguns músicos, eles próprios, tinham, mas a serem outros, eram músicos profissionais e cantores
profissionais, então executaram várias obras de diferentes períodos, desde o canto gregoriano, passando pelo barroco, depois pelo romantismo, etc. E ali, naquelas polifonias que foram tocadas, a polifonia, diferentemente do canto gregoriano, ela tem várias melodias simultâneas, né, que são consonantes. Elas são ou simultaneamente. Diferentemente do canto gregoriano, que é em uníssono; todos cantam a mesma nota e há um desenho melódico. A música polifônica já é, de alguma maneira, mais complexa. Eu sempre defendi a ideia que, mesmo no centro, né, lá no início da primeira fase em que eu dei aulas aqui, que a ideia de que
realmente é impossível, é até tolo imaginar que uma sociedade que hoje ouve coisas horrorosas, amanhã, do nada, passe a cair em êxtase contemplativo ao ouvir uma polifonia de Tomar juízo de vitória, que não vai acontecer. A natureza não dá saltos. A música popular é muito importante, a música popular de boa qualidade. Porque hoje o que nós vivemos é aquilo que um filósofo a respeito, para citar, porque não tenho simpatia nenhuma nem por ele nem pelo que ele escreveu, mas em algo ele acertou, que foi o Adorno, filósofo germânico lá na década de 50 do século
passado. Ele dizia o seguinte: aquilo que é conhecido como cultura popular vai acabar rapidamente. O que vai haver é uma indústria cultural. Ou seja, a cultura que nasce das massas. Pensamos aqui no Rio de Janeiro. Nós somos uma cidade, pelo menos a maioria dos que estão aqui, carioca, né? Eu sou careca, praticante, por exemplo. Morte! Somos uma cidade em que nasceram dois ritmos: o chorinho e o samba. O chorinho é uma música popular com certo pendor clássico, né? Quem já ouviu aqui Ernesto Nazaré, a quem conhece a Pixinguinha, sabe. Estava falando de elevada música, não
de... né? Não é, com todo respeito, ao Nego do Borel. Mas não é o Nego do Borel. O Nego do Borel não se notabiliza por ser um grande músico, né? Porque o que eu posso dizer, né, eufemisticamente, no bar, no bar, depois de um vinho, talvez eu dissesse isto no outro externo, filé aqui. Porém, é... e o belo é um dos aspectos transcendentais do ser. A música tem o condão de manifestar esse aspecto em ponto grande a outros tipos de beleza, além dessa beleza artística, por exemplo, beleza moral. Quanto mais imaterial é a beleza, mais
ela deixa na alma de quem a contempla um selo indelével. O sujeito é um homem. Naturalmente, se passa uma moça bonita... Isso aqui é muito importante dizer, porque hoje vivemos um pendor puritano. A beleza... Leio aqui um artigo intitulado "A Mulher, a Beleza da Mulher e o Reino do Inteligível", em que eu menciono o grande Miguel de Cervantes; não é o do que, em seu Dom Quixote, ele fala de uma pessoa... Pastora Marcela, que era tão linda, tão linda, tão linda que os homens não suportavam; cortei e se apaixonavam, alguns perdidamente, até que um se
matou. Mas assim, é natural que se passe alguém bonito, né? Uma pessoa observe até aí. Parágrafo: não há problema nenhum; o problema é colocar sem risco de contemplar algo em situações que podem levar a uma queda moral, e aí entramos num outro terreno. Mas aqui estamos; nos dá beleza. Nós fomos feitos para beleza. Tanto é assim que, quando estamos no meio de coisas feias, a partir da altura do ritual destruída, eu sou um estudioso da história do Rio. Só na casa de uma pasta biblioteca, são só livros de grandes historiadores: Vieira, Fazenda, Luiz Edmundo, cronistas.
O Rio, em algum momento, no início do século 20, passou por uma reforma que foi baseada na reforma aqui em Paris. Fez o prefeito Os Manos, foi o... é, fácil. Então, aqui a Rio Branco, aqui do lado, era um bulevar parisiense, a Avenida Beira-Mar. É uma maravilha! Os prédios da Rio Branco foram destruídos em menos de 30 anos. O governo Vargas foi pondo abaixo tudo, mas hoje nós andamos em alguns lugares do Rio e a feiura nos atinge, nos faz mal, né? Ao passo que, quando você está em um lugar bonito, você está na catedral
gótica ou entra numa rua aprazível, bem limpa e arborizada, isso traz algo de positivo para nossa alma. Mas quanto mais material é a beleza, e a beleza moral é uma das mais belas, mas ela deixa a marca naqueles que a contemplam. Quem teve a sorte de conhecer alguém, a boa fortuna de conhecer alguém moralmente muito digno, quando era jovem... Melhor, vou refazer a frase: quem, quando era jovem, teve a turma de conhecer alguém digníssimo, ainda que não fosse um santo, nunca mais esqueceu. Ao passo que a beleza física, nós sabemos, hoje pode ser esquecida amanhã.
Mas temos que ver de novo para revisitar aquela beleza. E hoje, qual é um dos problemas que atingem, no mínimo, quatro a cinco gerações brasileiras? Nós fomos perdendo as pré-condições psicológicas necessárias à apreciação da beleza. Então, é o que eu digo: a certa altura, o sujeito desse artigo do Gonçal, engajado na máquina de devorar consciência, tem êxtases beatíficos ao ouvir um bate-papo no terreiro do Seu Tiriri, ao passo que tem uma apatia pedrosa diante de uma polifonia ou de um verso de um grande poeta. Ele tem a mesma atitude que teria um agente que entrasse
na Capela Sistina; ele abanaria o rabo, né? É um anjo. A definição não contempla nada; ele só vive no plano sensitivo e nós somos chamados a realizar coisas melhores. Por isso, quando eu olho hoje, a vida espiritual alimenta a vida psicológica, a vida psicológica alimenta a vida moral, e a vida moral nos leva a ter continência na vida sensitiva, já que aprendemos pelos critérios adquiridos pela moral que nem todos os prazeres são lícitos e nem todas as ocasiões são lícitas etc. É aquilo que Aristóteles chamava de pudor natural, que é um princípio civilizacional. Uma sociedade
de despudorados, de pessoas que não têm vergonha nenhuma, é uma sociedade que está fadada a não ter legisladores que prestem. Platão diz também, né? Quanto mais as pessoas estão arrojadas no aqui e agora, no plano dos sentidos, mais as leis vão tender a ser benevolentes. Os legisladores também, que participam da mesma, e como não vão legislar em prol do bem comum? E nós teremos algo como os nossos legisladores atuais, né? Às vezes, por masoquismo, eu assisto a outra sessão do Senado. Não é? É impressionante! É o que eu disse lá em Porto Alegre: parecem fenômenos
de glossolalia. O cara começa a falar um monte de línguas, mas, na verdade, não fala língua nenhuma, né? É impressionante como é que, assim, nós podemos ter até a capacidade média de expressar ideias na nossa própria língua! Isso é uma tragédia. Eu mostrei, estava aqui com o Alan ontem, e mostrei para ele um trecho de um discurso de improviso do Carlos Lacerda, que era um baita orador. Ele ficou impressionado com como ele conseguia tirar leite de pedra de improviso! Se a semana que passou passa aqui, compartilho com o professor para achar. Falamos do Padre António
Vieira, o maior orador sacro. Bom, então, assim, devemos voltar ou, pelo menos, nos esforçar a contemplar a beleza em toda a sua rica dimensão. Eu vou ler um trechinho porque é uma coisa deliciosa: batendo uma vaca sagrada, né? A vaca é sagrada, as profanas, assim, são admiradas, tidas e havidas como coisa quase, digamos, assim, beatífica. Uma delas foi Oscar Niemeyer, a arquitetura, né? Os carnês e Maia. Ele faz parte de um movimento modernista que era multifacetado; não era só na arquitetura, né? Que era caudatário da semana de 22, já te moderna. E quem presta atenção
nas construções do Niemeyer, o edifício da Copan em São Paulo, o sambódromo no Rio, aquela couve-flor de cabeça para baixo que é a Catedral de Brasília... e outras coisas. A primeira vez que eu vim aqui, eu achei que era couve-flor não cozida de cabeça para baixo, né? A pessoa entra num templo projetado pelo Niemeyer; ela pode ter assim: todos até fazer qualquer coisa menos rezar, né? Porque nada disso convida ao sublime. Não convida ao sublime! Aí como é que é? O Iraque, o católico convidou a tempo para projetar a igreja, né? Para nós vermos o
tamanho da crise. A crise é de arrepiar os pelos pubianos! Que o demônio, né? Ele é criatura em material, então, ele não tem. Pelo né, mas mesmo assim ele arrepia-se. Então, se batendo, uma vaca sagrada é sempre gostoso. Aliás, vai sair provavelmente também aqui pelo CDB, que agora estou me livrando de ter que ficar administrando a Editora Asinha. O meu like é exagerado no meu livro dos Aratu, que está no hospício. É que eu só preciso me levar, que assim está uma delícia, porque é muito difícil falar de metafísica, explicar os dentes. É possível haver
uma imaterialidade em algum sentido. Agora, falar mal do Nietzsche é muito fácil, né? Porque as ideias dele não são ideias propriamente, né? São jorros voluntaristas expressos numa beleza literária. Ele tinha um talento literário, mas realmente era desassistido pelo logos, já, né? Digamos assim, não era nenhum portento. Não há nenhum conceito neste ano que tenha congruência, né? Pensarmos em toda a vontade de poder ou de potência, o super-homem, a morte de Deus. Alguns chegam a ser ridículos, os ridículos mesmo, e os insultos que ele faz ao cristianismo merecem resposta. Então, no caso do Neymar, é um
artigo intitulado "Neymar, a Maia e o Êxtase de Narciso". Esse artigo é de oito de dezembro de 2012, e algumas coisas que estão ditas nele vão ao encontro do que falei há pouco. A beleza está no vértice da realidade, não apenas como esplendor das formas captáveis a partir dos sentidos, e sim como manifestação de aspectos transcendentais do ser, acessíveis apenas ao espírito. Ela encerra a relação de conveniência ou sintonia entre uma propriedade universal do ser e a inteligência que a contempla. A beleza é, pois, agradável aos sentidos, a começar pela visão. E Aristóteles nos diz
que a visão, o sentido que mais de quinhentos sentidos externos, é o que mais está aparelhada a captar a beleza. Como que instintivamente, né? É porque todas as suas notas distintivas, você já sabe: beleza, ordem, harmonia, integridade, inteligibilidade, etc. Ao maravilhar o espírito, acarretam salutar refluência sobre as potências sensitivas. Então, só matizamos a beleza quando a captamos contemplativamente. Nós fomos feitos para isso. O prazer é o efeito psicológico consequente à posse de um bem, só que o ser bem pode ser ou sensível ou um bem no plano do inteligível. Eu costumo dar o exemplo do
xadrez: quem gosta de xadrez entende uma determinada variante. Agora estamos vivendo um momento muito peculiar do xadrez, surgindo vários novos gênios que estão desafiando até os computadores, que não entendem alguns lances que eles fazem. Entende que ali é um nível de beleza contemplativa e, portanto, que atinge a parte noética, o espírito. Kasparov, que é um dos maiores jogadores, pode ser colocado diante de mim, e com o tabuleiro entre nós dois iremos ver fisicamente o mesmo tabuleiro. Só que ele verá, com a inteligência, coisas que eu não enxergo. Eu vou cometer erros e ele vai perceber
quais sejam esses erros. Assim, nós resgatamos essas pré-condições psicológicas e fisiológicas, ou seja, da inteligência, para presenciarmos a beleza em toda sua amplitude, ou continuaremos numa linha descendente e não compreenderemos. É uma questão política importante, né? A política nos atinge. O ramerrame da política nos atinge aqui agora, mas se a política está essa porcaria, ninguém pensa que não é uma sociedade de pessoas virtuosas. Haverá um governo de viciosos. Outra premissa de Platão, maravilhosa: a política é a expressão da mediocridade da alma dos cidadãos, né? Da pólis, então a maioria das pessoas. Eu, no caso atual,
sinto que são pessoas que foram se desesperando, alisando, ou caindo em superstições, ou tendo uma vida apartada da noção litúrgica. O professor Roger Barreira tem um livro que o CDB redigiu, "CDB Reditor", que fala que a política, em Aristóteles e Santo Tomás, diz que a felicidade humana tem alcance litúrgico. Olha que bonito: a liturgia, ou a palavra que você vê, significa, na sua acepção etimológica, serviço. Serviço do povo, mas o serviço de apresentar o povo à beleza divina, às belezas divinas. Sua felicidade, tem alcance litúrgico e a nossa capacidade contemplativa também tem algo direcionado à
liturgia. Então, é quando nós apreciamos uma música sacra. Nem toda música sacra é litúrgica. Há muitas composições, inclusive de música clássica, que são e para honrar a Deus, mas que não são composições para missa. O próprio Johann Sebastian Bach disse que a música ou serve a Deus ou não servirá para nada, né? Então, algumas cantatas de Bach são realmente extraordinárias, e assim acontece com outros autores e compositores que nem foram católicos. Por exemplo, algumas musas têm algum Réquiem que foi encomendado; ele não era um católico. Agora, alguém como Handel é tão bonito que acabou virando
música litúrgica. Até que, no século XIX, alguma autoridade eclesiástica disse: "Olha, ele não convém à missa, porque as pessoas ficam tão atraídas por aquela beleza que se esquecem da liturgia." Então a música própria, que é só uma das coisas que a beleza comporta, é o que cada coisa tem em seu devido lugar. O carro, por exemplo, é a própria música que vai fazendo aqueles movimentos ascensionais da alma a Deus. O canto gregoriano é a música própria para a liturgia. Agora, o Réquiem de Mozart, uma beleza sublime, em algumas partes dele, a Lacrimosa e várias partes,
aliás, são de chorar realmente. Mas isso só vai acontecer em um ponto grande se iniciativas forem tomadas sobre tudo que é católico. Nós católicos temos um tesouro a partilhar; o tesouro está lá no passado. Para o catolicismo, a novidade não é bem-vinda; e sim a antiguidade, a tradição. Quando vemos algo muito novidadeiro, não é coisa boa. E hoje a arte, a gente aprecia os artistas pela audácia de inovar, de quebrar paradigmas, né? Daqui a pouco o sujeito está no curral, tá cacarejando feito uma. Galinha não sabe por quê, né? Vai experimentar; tá dando até experimentar
o que não presta e aí vai perdendo o gosto, sabor das coisas mais elevadas. E a vaca vai para o brejo. E aqui, o que eu digo do nem é mais, é o seguinte: a obra de Niemeyer é um rolê, só um trechinho. Vista em seu conjunto, para descer da mesma frívola auto-referência formal encarnada na estética das suas igrejas, basta olharmos as obras assinadas por ele. Aí, o número é várias; trata-se da mesmíssima obra repetindo-se com diferentes matizes. É, mal comparando, é como, por exemplo, um cantor que aprendeu a técnica do vibrato, né, que abusa
até das fatores. Esses programas insuportáveis, agora, né? Começo, vamos ver como é que tá o nome, o nome desse problema de voz de "The Voice" do capeta. Porque alguns não suportam, cantam bem, mas exageram nos trejeitos; não deve, o negócio é insuportável. E o bom gosto, algum objetivo, sentiu de proporção; não adianta, né? A pessoa ficar repetindo é um exibicionismo. "Olha, eu sei fazer isso", né? Agora, nós tivemos aqui que o violão... Eu sou um apreciador da música brasileira. Houve um grande compositor brasileiro chamado Dilermando Reis. É um violonista espetacular; e nós tivemos um grande
violonista que talvez tenha sido o maior gênio do violão no Brasil, que foi o Rafael Rabello. O Rafael Rabello, quando era jovem, ele tinha uma técnica impressionante. O grande Paco de Lucía... desse rapaz é um gênio extraordinário; ele consegue fazer coisas que não sou capaz de fazer. É mais, no início, ele exagerava, né? Mas escalas, no virtuosismo... Até que, na maturidade, ele morreu cedo, infelizmente, mas ele percebeu que na maturidade ele foi entendendo que a arte não é só feita de virtuose. Junto há também a sombra, a luz; mas nem que a luz, a sombra
ao momento de mostrar que se dominam a técnica e um momento de... dos meios-tons, dos matizes. A menos que não é saltam de baseado os sentidos. Porque o que acontece, a pessoa... eu não sei fazer o vibrato, né? Mas é algo que você... é um negócio assim, é insuportável, agride o sentido do ouvido, tá? Só mais diz que a excelência do sensível... um sensível muito forte fere o sentido. Por exemplo, a luz excessiva fere o nosso globo ocular, né? Uma... a luz excessiva fere o globo ocular; a música muito alta em decibéis insuportáveis machucam o
nosso ouvido, né? Uma comida fervendo vai arrebentar com o nosso paladar, não ficar com a língua queimando. Agora, isso não acontece com o inteligível; quanto mais excelente é o inteligível e credível, melhor a inteligência. O passo fio, o excesso do inteligível, piora a inteligência dos sentidos sensíveis. Pioram. Sentido. E hoje o que nós vemos, em "Oi, gente, artes populares", na verdade, são o que o Adorno dizia: não são arte popular e sim produção de grupos; ou seja, é indústria cultural. Ele previu isso com 70, 80 anos de antecedência; e hoje paga-se para o dono da
rádio, para o dono do programa; é o famoso Jabá, né? O empresário banca o muito insuportável que vai tocar nas rádios também, porque o dono da rádio recebe dinheiro. Não tem nada de popular! Por isso que cada vez mais eu julgo que certas músicas, mesmo no âmbito popular, como não... as pré-condições mais para que se faça aquela música. Então, estamos junto no período de hiato, de ato. As próprias relações interpessoais, sem a beleza, se degradam. Parece que se degradou. Então, as pessoas hoje, algumas delas, mal se olham nos olhos, não se cumprimentam. Perderam selagem os
livros da civilidade multisseculares da civilidade. Tá tudo isso junto, o déficit da beleza no plano da poli... degrada a sociedade até chegar ao ponto em que descemos em círculos concêntricos a um estado ante contemplativo, que vai fazer com que as relações se degradem. E quando o senso comum não há mais um sentir comum, significa que a sociedade está fragmentada. Tem um artigo aqui do lado, "Estilhaços do Belo", em que eu pego um estudioso português, aqui é o João Acácio. Obrigado! É em que ele mostra, aqui, por exemplo, na Idade Média havia valores transcendentes que todos
reconheciam como comuns, é... digamos assim, coisas na realidade que eram policiadas por todos, um sentido de unidade. E cada vez mais, com a arte moderna, que se baseia em antropologia, isso vai se perdendo, vão se criando guetos. É como hoje. É fácil de perceber isso. Não tem o gueto do pessoal que gosta de funk, o gueto do pagode, o gueto do... pedido de uma música ruim; qualquer alguém, "Oi, sertanejo universitário", que nem é sertanejo universitário, né? Não é! Porque a verdadeira música sertaneja era belíssima, né? É hip hop? Hip hop, é o que? É o
hit do quinto dos infernos, deve perdoe... quem gosta de hip hop, mas eu digo, eu só posso dizer a quem aprecia hip hop: olha, há coisas mais belas a serem contempladas e degustadas, né? É que se a pessoa só comeu o bife de pensão, talvez ela não tenha o paladar apurado para apreciar uma costela uruguaia; vai achar que aquilo... né? Bem que hoje até banha! Eu sou da época que tinha as casas da banha, entendeu? Lembro das casas da banha que se vendia a banha; hoje ninguém acha banha. O déficit de testosterona, né? Acho que
só margarina... nós somos a sociedade margarina, nada, né? É óbvio que não pode dar muito certo; não pode dar uma sociedade que não vai ter dificuldade com o tempo, ativas. É porque os cientistas estão rindo! Eu gosto de ver os dentes das pessoas, né? O mais... assim, é porque realmente uma das maneiras de apresentar essas coisas com humor. Que a situação é dramática. Então, se eu estou dando um exemplo aqui, tem um trecho do livro em que eu falei sobre os assuntos. Ele tem cinco partes que falam de coisas atinentes à beleza e aqui entra
em cena o funesto liberalismo. O liberalismo é uma ideologia que, do ponto de vista católico, absolutiza a liberdade sem nunca defini-la com precisão. Um tomista chileno que está vivo, ele até vai se candidatar, já está velho, bem velho, mas o Chile está numa situação tão terrível que ele vai se candidatar agora a um cargo de Deputado. O Rua Antonio Dido tem um livro chamado "Libertar e Suas Servidumbres", né? A liberdade e as suas servidões. E ele mostra como, no caso do liberalismo, é a entronização de uma falsa liberdade como fim da pólis; destruiu tudo. E
qual é o lema da Revolução Francesa? "Liberdade, Igualdade, Fraternidade". É uma mulher? É uma tríade maçônica que domina o mundo até hoje. E aqui, o que o liberalismo produziu na arte? Porque o liberalismo sincroniza as consciências individuais como se elas fossem autônomas. Tanto que ele fala muito em liberdade e não em liberdade em ponto grande. A liberdade, no sentido ontológico, tem sede na vontade, que é um apetite intelectivo do bem, e manifesta-se nas escolhas que são feitas à luz da reta razão. Então, eu sou livre quando escolho, não dominado pelas minhas paixões, e sim iluminado
pela inteligência quando esta está retamente ordenada. Então, a liberdade tem um caráter ontológico; ela não é só isso. Quem conhece a história do filósofo romano Boécio? Tem o nome do meu gato; tenho um gatinho chamado Leve Boécio. Quem escreveu a sua obra-prima, que é "A Consolação da Filosofia", entre uma tortura e outra, vocês pensam que eu estava pensando no editor? Se haveria alguém para editar o livro dele antes de morrer? Era uma tortura horrível, né? O cérebro dele foi comprimido até as órbitas dos olhos saltarem e, naquele momento, ele dizia que a filosofia vinha visitá-lo.
Ele estava consolado, né? Olha que coragem, que sentido de ser e de perder a serenidade. É isso; só quem contempla a beleza em ponto grande é capaz de ter, porque quem não contempla a beleza é mais propenso ao desespero. A nossa sociedade está, todo mundo desesperado. O aumento do suicídio vem crescendo e crescerá em progressão geométrica. Não nos enganemos, que ninguém imagina que num rio cujos afluentes são todos podres, ele ali na frente vai estar limpo. Não vai! Não tenhamos aquela visão que é o falso otimismo, que é o sujeito que é neurótico. Isso é
olhar para a realidade ruim e como são quase insuportáveis. Eu prefiro dizer que não são assim, por isso que os revolucionários gostam de torcer o sentido das palavras. Então, eles dão nomes trocados às coisas, porque se desse os nomes reais, se deprimem. Mas eu digo, um saco só! Mas é melhor sofrer a dor vendo o mundo real do que inventar uma mentira e viver pela metade. Aliás, nosso Senhor Jesus Cristo é o nosso modelo; os mártires são os nossos modelos. As freiras que compreenderam que, na Revolução Francesa, foram para o cadafalso cantando, ver, decreto, felizes
com a nossa coragem! Tem uma dimensão sobrenatural. A beleza também... Eu não sei se você sabe, mas algumas catedrais góticas têm esculturas lá em cima, feitas para ninguém ver, e é para Deus, né? A gente fica maravilhado e até com vergonha. Tem algumas delas, coisas feitas só para serem contempladas por Deus. Vejam que visão espiritual na realidade, né? Que capacidade era "ar" que é a beleza, até entender que é uma beleza que é como a do nosso coração, só para Deus. Deus vê nossos corações. E o liberalismo fez com que nós perdêssemos o sentido do
ministério. A beleza é um mistério; o amor é um mistério. Hoje, tendemos a pensar que "ah, Fulano merece ser amado". Ninguém! A gente ama quem ama, porque ama. O amor acontece; ele não é uma questão de merecimento. Senão não seremos amados por Cristo para começar. Nós amamos — o amor é o êxodo da alma do amante na direção da coisa ou da pessoa amada. Êxodo, êxodo livre! O amor tem sede também na vontade e é a vontade em seu mais livre ato. Ninguém é coagido a amar. E quem pode ser coagido a desamar? O exemplo
que eu costumo dar é: alguma pessoa pode me torturar e fazer com que eu diga que não amo minha mãe, mas ela não pode fazer com que eu efetivamente não a ame. Eu só vou dizer para ela parar. Mas a liberdade é intocável por mãos humanas externas. Mas quem não aprecia a beleza, né, e vai ficar no churrasquinho da laje, não vai conseguir sair da laje. Alguns vão cair da laje, talvez caia, tropece. Então, assim, nós somos convidados a perceber belezas mais elevadas. O liberalismo fez o seguinte: criou uma beleza sem dimensão teleológica, ou seja,
sem finalidade. É a arte pela arte, uma beleza sem verdade. A beleza sempre foi, junto com a verdade, uma das manifestações do aniversário do ser, ou seja, sem o horizonte orientador do ver, uma beleza agrilhoada, os sentidos que não alcançam plenamente a região do inteligível. Uma beleza do simples artesanato, uma beleza que ascende à dimensão do sublime. Qualquer coisa é bela! A gente faz um cocô e do dia cagaram lá no lucro, né? Ou foi no outro, foi no... A verdade, alguém teve a ideia ou então não teve a ideia, foi premido por potências vegetativas
e diz: "Peugeot, 1 kg de merda crua no chão". E alguém, a pessoa que era arte, aquilo, né? Até fotografaram, né? Então, assim... Hoje... A arte dos experimentos vai até o que o artista diz que é arte. Então, perderam-se todos os critérios objetivos, né? O que tá vendo? É, vai parar de chorar, velho! É para chorar! Então, hoje a gente não pode dizer, né, que é a sociedade, porque onde não se percebe a beleza, todo mundo se refere ao cara, ao crítico literário, né? Se ele é crítico, eu não gosto de mim ou então não
entendeu nada da minha intenção? Eu que sei, na minha arte, quando o Chico Buarque eu tô — sou suspeito, porque sou um sambista de velhos carnavais. Eu gosto dos sambas do Chico, mas o Chico, como prosador literário, é um fracasso. O livro dele, "Estorvo", é quando ele publicou o livro "Estou", né? Mas quando ele publicou “Estorvo”, o grande crítico Wilson Martins, que ainda vou escrever para o caderno Prosa e Verso do Globo, diz o seguinte: "Olha só, que eu estou..." E aqui, se alguém passou por essa experiência antestética e antes metafísica de ler esta obra,
ele é uma imitação do cinema novo francês, com aquela ideia de uma câmera que vai andando, né? Então, o Wilson Martins diz que aquele livro não tem nenhuma novidade estética; não tem uma coisa composta versus, e o Koch compôs alguns belíssimos e confusos versos para uma música. Outra coisa é escrever um romance que tem um enredo; essa é outra arte. E aí, o Caetano Veloso, como assim, a sociedade, né, tem também a máfia do Dendê, né? Mas é uma sociedade que não percebe a hierarquia da beleza. O Caetano foi ao programa do Fantástico e, fantasticamente,
disse o seguinte: "Quem é o Wilson Martins? Oxente, para quê eu sou Martins?" Aí disseram: "Velho Caetano, seu Caetano, Wilson Martins escreveu uma pequena obra em sete volumes chamada 'História da Inteligência Brasileira', em que ele cria um conceito de crítica literária chamado famílias espirituais." É um grande escritor curitibano, crítico literário, né? Então tá. Hahaha. Não tá, né? Hora, isso é a perda do sentido da beleza, né? Onde nada é belo, na de feio; onde tudo vale, nada vale. Perdeu-se a capacidade de apreciação. Então, há compasso de algumas músicas de moças que têm mais complexidade musical
do que obras inteiras de samba. E eu adoro samba, sou muito suspeito para dizer. A voz dos sambas antigos — negócio Nelson Cavaquinho, que é o Bruxo do Samba — tem uns versos existenciais nítidos, no bom sentido, e muito profundos. É como este aqui, que seria digno de um Manuel Bandeira: "Quando eu passo perto das flores, quase elas dizem assim: vai que amanhã enfeitaremos o teu fim." Essa é de uma beleza poética impressionante, né? Quem escreveu isso? Um sambista da Mangueira, de escassas letras. E não entre a poesia! Isto é poesia, né? Pois é, alguns
versos são belíssimos, mas eu não posso comparar, por exemplo, versos como este com Camões. Segue assim que estamos falando aqui: é uma hierarquização do belo, e a inteligência precisa entender essa hierarquia. Uma sociedade que perde essa noção hierárquica, qualquer coisa será bela e, aí, a desordem política vai acontecer. Quem diz isso é Platão, que nisto acertou. Se acordasse hoje, a passagem da República de um toque citadas no cosmogonia da desordem, que são visionários, né, quando estão discutindo, lá, depois de discutirem quantos habitantes teria a pólis. Após alguém da guarda, Sócrates, mais Sócrates: "Essa sociedade, nós
estamos concedendo aqui, ela é possível." E Sócrates, em outra questão, é: "Nós estamos buscando a ideal? É possível?" Outro problema filosófico. Mas, assim, a certa altura, está discutindo onde seria o lugar ideal para a cidade ideal da pólis e Sócrates diz: "Longe da praia, o hedonismo é um... O litoral, sobretudo, litoral caloroso, da quente, é um convite ao hedonismo, já ao desnudamento dos corpos e as suas edições, etc." Se Platão acordasse em Copacabana hoje, ele diria: "Olha, eu avisei, eu avisei!" É óbvio que é pólis e nós somos daqui. Eu adoro contemplar a praia, o
mar, é tudo, é criação, né? A beleza da criação é belíssima. Eu sou capaz de ficar de uma pedra, olhando para o mar, ouvindo o barulho da água bater nas pedras. Horas! É terapêutico para mim, né? Hoje, eu subo ali, às vezes, o caminho da subida da Pedra da Gávea, né? E o cardio é um bom exercício, e ver aqueles animais, a beleza da Mata Atlântica. A contemplação do belo está aí. Nós é que temos o compromisso moral de aprendermos a apreciá-lo. Então, o liberalismo criou uma beleza da imanência, ou seja, sem o transcendente. O
que é uma beleza de quem se afoga no aqui e no agora? É uma beleza sem a presença do Sagrado, ou seja, arte sacra foi declinando e, portanto, o sentido do Mistério também foi declinando pela nossa vaquinha política, que não está no brejo a troco de nada. Quando hoje ouvimos cacarejos legislativos, né, que é o que nós ouvimos lá, nenhum orador mais... pensamos que já tivemos grandes oradores no parlamento brasileiro desde as monarquias! E olha que a boa oratória que visa a comover o afeto dos ouvintes em ordem à manifestação da verdade não é oratória
do Tiririca nem do Ramalho e muito menos a oratória de alguns dos demagogos de estrita observância que nós vemos hoje, tanto na Suprema Corte como em todas as casas legislativas, que parecem mais casas de tolerância, como se dizia antigamente, né, onde profissionais do sereno ganham seu... E aqui me fez entender, né? Então, a beleza da inversão dos meios e dos fins: não há mais finalidade. E eu vou escrever uns versos aqui já e eles não têm sentido nenhum, não têm objetivo nenhum. Aqui na frente de um geômetra, que é o Léo, estuda geometria euclidiana, né?
Então, estuda as proporções, ajuda das figuras geométricas. Isso foi se perdendo em todas as artes e mesmo na arte da oratória, seja sacra, seja a profana. Não interessa se foi se perdendo. Então, assim, ah, beleza, eu escolhi porque assim e se vê também, não é para durar tanto. Me interrompe que eu sou falar do… se tivesse aqui um copo de vinho seria pior, né? É assim. É para marcar esta reedição, essa segunda edição da "Cosmogonia da Desordem". Escolhi só um tópico, a vários artigos aqui sobre que tratam dessa decadência da percepção da beleza e isto
delineia um movimento civilizacional descendente, porque as pessoas vão perdendo critérios de avaliação e até das suas próprias ações. Por isso que hoje dar uma opinião sobre uma matéria eminentemente opinativa já está virando crime. Hum… o Estado adentra o terreno das nossas consciências de uma maneira dobradura, literalmente. E cada vez mais nós, como estamos, diz assistir os espiritualmente, já há alguns séculos, com a defecção pau-latina da Igreja. Na Igreja, foi-se retirando das questões morais e de costumes e aí o "vale tudo" começa a imperar. Começa a imperar, perdemos a noção de escândalo, né? Há coisas que
são intrinsecamente escandalosas em uma sociedade em que o próprio artista – artista é uma benevolência hermenêutica minha – o próprio sujeito lá que ganha algum dinheiro fazendo "merda" em algum lugar, né? Vamos, se dizer o português claro: qualquer coisa. E as coisas existem para serem nomeadas. Acho que a primeira das tarefas de Adão foi dar nome às coisas. Adão chamou a merda de merda, certamente na língua paradisíaca, né? Não nos engañemos e nem pensemos que a vida espiritual… até um espiritualismo exacerbado, como se nós fôssemos dentes descarnados. O corpo não era só. Quem vai envelhecendo
vai vendo que o corpo é a realidade, até triste, né? É. Eu, por exemplo, detesto passar sem querer na diante do espelho que vou vendo que aquela peça do Nelson Rodrigues, o título dela, tinha um sentido: "Toda nudez será castigada", né? Pelo menos algumas o são, mas assim. Isto é só para eu… gosto de ver o sorriso. Para… é só para mostrar um aspecto. O livro tem 776 páginas. Eu tive o trabalho… é algo que é fazer um índice onomástico, ou seja, todos os autores citados. Quem quiser, vai lá no final e procura que vai
ter a página em que eles estão citados. E fiz também um índice das obras citadas. Está uma bibliografia de umas 25 páginas aqui, no mínimo, lá no final, geografia e índice onomástico, porque eu acho que é uma maneira de ajudar os leitores a irem às fontes, né? E também mostrar que certas coisas estão sendo ditas com base… não, eu não tirei da minha cachola depois de cheirar rapé, né? Embora muitas coisas tenham o selo do meu parecer, da leitura que eu faço. Se a pessoa… mas eu sempre faço uma referência. E aqui um dos modelos
para mim é Santo Afonso de Ligório, que na sua Teologia Moral consultou para escrever lá apenas 749 autores. Ah, e tem gente contemporânea que acha, né, nos meios católicos, que não é qualquer opiniãozinha, sem nenhuma base, que tem o mesmo valor da opinião abalizada de um doutor da Igreja, de toda moral católica. Não é qualquer que é… não é o Lula, né? Não é um "Zé Ruela", é o grande Santo Afonso de Ligório, que escreveu obras de piedade magníficas. Foi um intelectual de grande talento, um advogado, um jurista mais do que um advogado. Então, assim,
quem percebe o belo vai começando a ter contato com ele e vai acendendo, vai melhorando. A beleza nos melhora, a verdade nos melhora, o sentido de unidade nos melhora, a bondade nos melhora. É, nós somos antes perfectivos, ou seja, passíveis de nos aperfeiçoarmos. Porque pensamos bem: se Deus é o ser perfeitíssimo, tudo que não é Deus tem déficits de perfeição, né? E, no caso humano, há vários tipos de perfeição. É óbvio que todos nós aqui nesta sala somos perfeitamente humanos, porque "perfeito" do ponto de vista ontológico é aquilo que, para ser o que é, não
lhe falta nada. Hum… é. Às vezes eu penso que alguns políticos pensam… falta inteligência, mas assim, do ponto de vista moral, nenhum de nós aqui pode dizer-se perfeito. Nós temos mais inclinações, nós temos vícios, às vezes vícios de mentais, vícios físicos. Então, em relação àquilo que é perfeito, nós estamos sempre um grau de imperfeição. Por isso, assim, iniciativas como este livro, vários livros de autores do passado, outros que virão… porque eu acredito que esse movimento católico no Brasil, que a polícia está crescendo no Brasil, é incrivelmente entre jovens que se convertem. Eu repito quase em
toda a palestra, em meio à hierárquica no pé de conversão. Nenhum se converte, queiram… pois a série que era a liturgia. A série quero conhecer a tradição. Então, se apaixonando pela verdade, o bispo, meu amigo, né? Para essa galera aí não é difícil, hein? Vai ser difícil sim, é porque nem toda a hierarquia quer ver esse movimento. E é preciso ter alguém que tem esse desplante, né? Eu me sinto muito à vontade. Eu já quase morri seis vezes, é só assim, né? Tô no lucro. E não me sinto constrangido de dizer coisas desagradáveis. Aliás, Sócrates
já dizia que o papel do filósofo é desagradável. A verdade é um parto, vem à luz, assim, aluno, por meio de um parto difícil. Nós não temos um flash intuitivo em relação à verdade, nem do nosso corpo, quanto mais as verdades superiores da ordem do ser. Então, meu Charlie… é, já. Se eu considero aqui, se vê a sala tá cheia, uma terça-feira chuvosa no Rio de Janeiro. É isso? É um milagre! Ninguém está vindo aqui para receber um diploma, para receber um certificado das pessoas que estão vindo aqui, ou que compraram alguns cursos. Nós compramos
o que queremos aprender; algo porque o que move as suas vontades é a forma inteligível de um bem. O bem é o motor dos nossos apetites. Se a inteligência diz à nossa vontade que algo é bom sobre algum aspecto, a vontade apetece esse bem. Então, ela é apetitiva, intelectiva; os sentidos são apetite sensitivo. Um homem ordenado é um homem que não é dominado pela distância sensitiva, ele é equilibrado. O do médico saiu aqui; nós poderíamos me corrigir se eu estiver assim, erro: a palavra "equilíbrio" vem de um prefixo latino, que é "equus", que deu em
português várias palavras com sentido de justo, meio, justa medida, centro próprio: equilíbrio, Equador, que é o centro da Terra, e "animus", que é uma decisão que considera todas as partes de maneira igual. Um triângulo equilátero, por exemplo, tem os ângulos iguais, etc. Assim, o homem equilibrado é aquele que dominou as suas paixões. Nosso Senhor Jesus Cristo é o modelo, e ele diz para os apóstolos e para nós: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” E "manso" aqui significa, literalmente, etimologicamente, no sentido latino, domínio das emoções. De Santo Antônio, citando, só para encerrarmos,
o grande autor das etimologias, Santo Isidoro de Sevilha, que, embora não seja tão bom etimólogo, né, os estudiosos filólogos hoje sabem que algumas etimologias não são, do ponto de vista linguístico, corretas, mas do ponto de vista teológico são corretas. Então, a palavra "mansidão" vem do latim "asuetos", e diz Santo Isidoro de Sevilha: “Quasi manu a suetos.” Assim, o manso é o que se domesticou. Ora, quem nunca teve contato com as coisas verdadeiramente belas, subjetivamente belas, não é manso. Tem de ter uma estabilidade emocional. Você vê que estou falando de coisas que estão todas conexas. Tem
de haver um desequilíbrio. Hoje, a agonia impera no seio da sociedade; as pessoas, como estão, perceberam esses matizes e deixaram de perceber esses matizes do real. Estão instáveis. E aí ficam no Facebook, o dia inteiro, vendo a notícia do dia, que diz que foram, diz, né, se afogam no aqui e agora, né? As duas maneiras de estar no aqui e agora: a primeira é contemplando o que está para além de todos os agoras, só que é Deus, e com esta contemplação, tendo uma certa paz. A segunda é, premido por todas as apetências sensitivas, pela imaginação
desgovernada. E aí a pessoa vai entrar em desequilíbrio. E aí as patologias vão crescer. Meu amigo professor, a tia Maria vai sair em breve; é uma notícia que pode ser dada já: o seu livro, "A Prática da Psicologia", o maior filósofo psicólogo tomista da atualidade, vai sair. O seu livro mostra de maneira cabal como esse equilíbrio emocional só é possível com a contemplação da verdade, com a fruição do belo. Ou seja, nós fomos feitos para isto: para a unidade, para a beleza. Tanto é que, quando algo dá errado, um projeto naufraga, nós somatizamos a tristeza,
somatizamos o medo, somatizamos o desespero, mas somatizamos também a alegria. Dá um bem-estar, né? Produz endorfina, algum tipo de atividade. Há vários tipos de alegria, né? Alegria do latim "letitia". Mas, desde a alegria sexual, Santo Tomás diz que, em si mesma, não tem pecado nenhum; senão, seríamos puritanos. Não podemos cair naquela ideia de que o sexo é um mal necessário, que o mal é a desnecessidade, né? É como o dente: não precisa da cárie. Sempre uso esse exemplo, que todo mundo entende, até... Esse é o meu estômago: não precisa de um câncer, etc. Então, mal
é uma desnecessidade metafísica tão sexualmente. Só que a Igreja trouxe ao mundo a ideia de que, no matrimônio, no amor, o sexo alcança, digamos assim, um ápice. Se ele pede esse caráter sagrado, nós entendemos. E só estou mais... Faço uma observação muito especial: só para terminar, mesmo: aqui, que nós, pessoas caídas pelo pecado original, o sexo para nós traz um torpor; e naquele estado original seria um êxtase perfeito em que todas as potências sensitivas, volitivas, intelectivas também se arrojaram até Deus. Esse é o que eu costumo dizer: até que Adão nos fez, nada; não temos
isso, nem temos ideia de como seria esse prazer, né? Eu publiquei um livro no Brasil; fica a dica para publicação: não é um tomista de estrita observância, mas um ótimo filósofo, que é uma cruz. O livro chama-se "O Êxtase da Intimidade: Ontologia do Amor em Santo Tomás". Ele vai falando dos vários tipos de amor. Por fim, eu reitero, assim, o agradecimento ao CD: voltei a dar aqui uma aula por semana. Temos conversado. Há muitas coisas a fazer em um momento como atual. Eu tenho viajado um pouco e visto que maravilha é esse renascer de um
sentimento espírito de uma identidade espiritual. E eu sempre penso, nestas horas, que o primeiro monumento brasileiro foi uma cruz. Cabral mandou alguns da esquadra pegar um pau-brasil e fazer uma cruz. E a primeira coisa institucional, porque hoje, sinceramente, nas escolas portuguesas, nos invadiram, invadiram o Brasil; havia um conjunto de comunidades indígenas autóctones, ou seja, não era uma nação. Praticavam, entre outras coisas, a antropofagia. Era o "anime", que abre o sentido de unidade, mesmo "tupi-guarani", ao tronco geral de vários idiomas. Jesuítas chegaram aqui. Para quem não sabe, o Tupi, em todas as suas manifestações, era uma
língua ágrafa; não tinha escrita. Os Jesuítas, São José de Anchieta e outros Jesuítas deram uma gramática para poderem catequizar os índios na sua língua, né? Foi uma maldade dos homens ensinar o canto gregoriano, missas em latim, né? E deram a gramática. Olha que maldade! Tem homens malvados que ensinam o que comer, gente, é pecado, né? O primeiro bispo primaz do Brasil morreu pelo nome de Bispo Sardinha, com esse nome estadinho os índios Caetés. Fizeram assar-no, é literalmente? Vamos ao marketing. E, quando os índios diziam aos lá, o primeiro grande historiador brasileiro, Van Halen, conduzidos perceberam
que os que se ajoelhavam, os portugueses, é na hora de serem mortos. A macete! Procure no dicionário o que quer a palavra macete; parece que tá com outro nome, né? É porque eram mortos a macete e dados. Quando eles perceberam que estavam se ajoelhando não por medo, mas rezando algo maior, descobriram uma nova dimensão da coragem e muitos se converteram. Então, essa coragem renasce no Brasil. É isso; só a fé, realmente, só os intelectos iluminados pela fé, né? Criam essa bravura e conseguem reagir. Então, nós somos os heróis do passado e não os covardes que
os nossos descendentes. É a nossa coragem; se nós formos covardes, morremos pelo medo de morrer. Não haverá amanhã, não haverá amanhã. Então, meus caros, se vocês se interessarem, adquiram o Cosmogonia e falem para os que estão aqui. Apenas para quem acompanhará o vídeo: não é por mim; o livro saiu apesar de mim, mas ele trata de questões que eu julgo serem urgentes, urgentes no sentido de que contribui para uma compreensão melhor do drama existencial contemporâneo, que é, ao mesmo tempo, espiritual, político, moral e psicológico, etc. Tá bom, meus caros? Muito obrigado por ter evento. Gostei
de ver os dentes de todos, né? Aqui é um cartão da minha dentista; eu gosto de ver os sorrisos. E os abençoe a todos; que Nossa Senhora vos proteja em momentos como este, que é um momento difícil da história humana, que nós tenhamos coragem de olhar a realidade sem negá-la, com tudo, e entendê-la para perceber qual deve ser a nossa atitude, sempre pedindo a Deus que nos ilumine. Aquele abraço, gente! E aí!
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