A filosofia personalista

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Joel Gracioso
O ser humano pode ser usado como uma coisa? BIBLIOGRAFIA: Introdução ao Personalismo - Juan Manuel ...
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Olá estamos aqui então no nosso programa filosofia e cultura e hoje eu gostaria de falar sobre uma corrente filosófica que surgiu ali no contexto do século XX chamada personalismo hoje em dia é muito comum várias pessoas questionarem ou dizerem que a dignidade humana ou o próprio ser humano muitas vezes não é respeitado muitas vezes não se dá o devido valor e o ser humano muitas vezes acaba sendo massacrado jogado e usado das mais diversas formas das mais diversas maneiras digamos assim ora O que teria acontecido ou o que teria levado muitos autores adentrarem a colaborarem
na elaboração né no surgimento no estabelecimento de uma nova corrente filosófica ali no início do século XX quando nós pegamos de fato a Europa nesse período né em 1930 1940 nós vemos de fato uma Europa né com um monte de questionamentos uma Europa em mudança uma Europa em crise Ou seja a primeira metade do século XX é um período extremamente desafiador no continente europeu e por vários motivos por um lado nós vemos nitidamente o auge o apogeu da questão do individualismo e ao mesmo tempo de outro lado toda uma mentalidade coletivista então tanto o coletivismo
nas suas diversas facetas como oo o nao a própria questão do comunismo né do pensamento marxista ele vai ser muito intenso muito forte no início na primeira metade do século XX né como esquecer as diversas atrocidades que ocorreram nos campos de concentração nas como também nos vários países que foram dominados pelos regimes comunistas como a antiga União das repúblicas socialistas soviéticas por exemplo né quantas pessoas presas quantas pessoas mortas quantas pessoas profundamente massacradas que tiveram a sua dignidade e a sua vida roubada da mesma forma quando nós olhamos as outras sociedades que valorizavam tanto a
questão do pensamento individualista esse individualismo seja no sentido filosófico e econômico também de uma certa forma não respeitava muitas vezes a dignidade humana pois muitas vezes o ser humano acabava sendo visto apenas como um ser de consumo ou uma mera peça dentro de uma engrenagem de um sistema de produção e portanto muitas vezes também não havia uma preocupação de ajudar esse ser humano a atingir toda uma excelência no sentido da sua natureza o aspecto econômico o aspecto da produção e tantas outras coisas é que acabam sendo acabavam sendo extremamente privilegiados digamos assim então esse conflito
essas tendências de pens tanto coletivistas quanto individualistas acabaram colaborando sim para um monte de questionamentos e para um certo tipo de crise que se estabeleceram naquele contexto naquela época mas não foi só isso que colaborou para que a Europa entrasse em crise né E e essa questão da realidade humana fosse tão questionada nós vamos ter também o materialismo científico né aquela ideia que só é verdadeiro ou seja só tem valor de verdade o que for tem for testado né experimentalmente então toda aquela mentalidade eh positivista por exemplo e de outros de outras correntes eh científicas
né esse reducionismo científico ou seja essa coisa de que só tem valor de verdade o que pode ser testado comprovado pela experiência e portanto eh criticando e desprezando profundamente outros meios e outras formas de se atingir a verdade e de se expressar a verdade junto com isso foi vindo cada vez mais uma crise de valores né e da civilização ocidental em geral muitas coisas que eram considerado grandes valores acabavam sendo deixado de lado com a própria questão da busca da verdade a própria questão da família a própria questão da religião então valores que eram considerados
tão preciosos acabam sendo questionados deixados de lado e uma outra mentalidade vai surgindo uma crescente descristianização da sociedade ou seja se já havia todo um questionamento e uma crítica à igreja ao cristianismo isso aumenta cada vez mais na primeira metade do século 20 da mesma forma que devido a né a Primeira Guerra Mundial e também por outros fatores como todos nós sabemos começa ali uma crise econômica muito forte um pouco antes da própria década de 30 né mas quando nós pensamos nessa crise econômica um fator ali importante vai ser justamente o crash de 1929 em
Wall Street que vai mexer com as bases econômicas eh do mundo inteiro principalmente da Europa junto com isso também nós tivemos como todos nós sabemos uma desestabilidade política muito grande causada pelo quê causada pela vulnerabilidade das democracias parlamentares ou seja ali de fato se mostrando como essa democracia representativa ela é extremamente frágil e questionável e portanto toda uma crise e política também se estabeleceu a necessidade né de se analisar a modernidade também foi se impondo as pessoas foram tomando consciência de que o projeto da modernidade ele não era uma evidência ele era na realidade fundamentado
em determinados pressupostos que não eram tão óbvios assim e que precisariam né se precisaria se discutir melhor essas questões esse projeto e portanto muitos conceitos e elementos advindos da própria modernidade ou seja como receber tudo isso como lidar com tudo isso então muitos desafios que essa própria modernidade trazia né e além de tudo isso querendo ou não dentro de todo esse contexto esses vários fatores muitos temas novos né foram aparecendo e exigindo que se analisasse cada vez mais isso como a questão do que significa de fato viver em comunidade a relação com o outro né
o problema portanto das relações interpessoais a própria questão da da figura e da importância da mulher na sociedade etc então todas essas questões querendo ou não todos esses pontos acabavam Produzindo um certo tipo de sentimento genérico né que é expresso ou que se expressava principalmente pela palavra crise e uma crise em todos os sentidos uma crise no sentido social uma uma crise no sentido moral uma crise no sentido intelectual e principalmente essa sensação de que por um lado parecia que o ser humano realmente não tinha nenhum tipo de valor e dignidade parecia justamente isso que
o ser humano era usado muuitas vezes como um meio como uma coisa né E não como alguém ora devido a tudo isso né E para enfrentar essa realidade muitos autores compreenderam que era preciso era necessário né refletir e refletir e analisar de maneira mais próxima e peculiar a realidade humana perguntando de fato o que é o ser humano e qual é o valor que o ser humano tem E por que que ele não pode simplesmente ser tratado como um animal irracional como uma coisa né que não tem digamos assim nenhum tipo de dignidade A grande
questão segundo esses autores é que o o o Ponto Central aqui seria justamente analisar o conceito de pessoa o ser humano como pessoa e muitos enfrentaram esse problema essas questões né aceitaram esseesse desafio e é esse contexto todo dessa dessa crise e dessa necessidade de enfrentar tudo isso e refletir sobre tudo isso pensando sobre o que é o homem e o que significa o ser humano ser pessoa que surgiu o personalismo o personalismo surge justamente Nesse contexto e devido a todas essas problemáticas oraa eh muitos repito enfrentaram essa questão aceitaram esse desafio e o personalismo
vai surgir vários caminhos né na Alemanha nós vamos ter a ética Personalista de meller como também o pensamento Personalista de Roman guardini na França Isso vai ser extremamente intenso muito forte com o personalismo comunitário de munier da mesma forma que o existencialismo Personalista de gabel de Marcel né como personalismo metafísico de mor ncell então isso tudo já mostra Como que essa questão na França foi muito forte da mesma forma como também na Alemanha não só por causa de scheller ou guardini mas também por exemplo por causa das filosofias chamadas filosofias do Diálogo né a partir
dos pensadores judeus Como como Martin buber como Emmanuel levinas né Essa coisa da importância de se refletir sobre o outro a relação com o outro e a importância do outro na minha vida da mesma forma que você vai ter o personalismo polonês com Carol otila né como também no contexto espanhol o personalismo Vital de juliam Marias Então veja que em diversos países em momentos um pouco distintos essa corrente Personalista ela vai se expandindo ou seja seja num contexto mais de fenomenologia seja num contexto né de de de de de de vivência Comunitária né seja num
contexto de preocupação com a questão do diálogo e a figura do outro ou questões existencialistas ou a própria questão eh da Vida em geral me cruzando com questões religiosas então de fato o personalismo ele vai eh ter uma variação muito grande mas apesar dessa variação nós vamos encontrar justamente elementos comuns ou seja esses diversos autores vão percebendo problemas semelhantes comuns e tentaram resolver esses problemas justamente a partir da perspectiva Personalista né que justamente Como o próprio nome já diz mostra que no seu centro na sua base está justamente principalmente o conceito de pessoa ou seja
para os personalistas para enfrentar todas as questões e dar a colaboração era preciso recorrer ao conceito de pessoa mas o conceito de pessoa não só como ele foi pensado a partir né simplesmente ali da tradição no contexto grego principalmente ou no contexto e Cristão influenciado pela filosofia grega Então muitos vão entender que aquela concepção tradicional de pessoa AD divinda de seberino boécio por exemplo compreendia se a pessoa humana o ser humana é pessoa porque ele é uma substância individual de natureza racional para muitos personalistas essa concepção ela acabava muitas vezes colaborando para se ter uma
uma certa compreensão fixista do ser humano negando digamos assim a dinamicidade da vida a própria questão da Liberdade ou seja poderia se correr o risco de gerar ou propiciar um certo tipo de coisificação do ser humano e muitos disseram isso muitos defenderam Isso evidentemente que muitos autores não vão concordar com os personalistas mas era assim que eles viam a questão e portanto Apesar de todas as diferenças entre eles nós vamos encontrar sim alguns traços estruturais nesse pensamento e dentre esses traços a centralidade da pessoa né ou seja e aqui dizer que o personalismo defende a
centralidade da pessoa humana não é no sentido de eh valorizar a pessoa humana ou remeter fazer uma referência ao conceito de pessoa isso na tradição já havia acontecido segundo eles né ou seja nós vamos encontrar isso no mundo grego nós vamos encontrar isso na tradição Cristã etc essa referência essa valorização ele diz o Ponto Central Não é esse A grande questão é que na antropologia e na ética o eixo a chave a grande chave de leitura o grande eixo da antropologia ética deve ser a pessoa humana né E para isso é preciso por um lado
Ir Além superar toda aquela carga grega né ou seja toda aquela carga de metafísica grega que ficou sobre né a o conceito de pessoa como ele foi sendo elaborado no final do mundo antigo e na própria idade média e ir incorporando temas e conceitos antropológicos adivindos e surgidos ali no contexto mais da modernidade portanto a partir disso ou seja nessa perspectiva muitos analistas vão entender né e a partir toda a crítica que alguns faziam que é necessário então pensar em dois planos ou seja por um lado nós temos o plano ontológico mas por outro lado
nós temos temos o plano dinâmico existencial e portanto a pessoa humana ela deveria ser pensada e compreendida nesse aspecto Ou seja quando eu falo do plano ontológico eu estou entendendo justamente eh ou preservando e dando continuidade a elementos que vem da tradição entendendo a pessoa como substância individual né como um substrato subsistente né e portanto se é uma substância individual é algo eh que possui né tem ali a questão do ser mas que é incomunicável ainda que essa o ser humano enquanto pessoa se Abra a realidade intencionalmente né evidente que os personalistas fazer questão de
chamar também que ao dizer que o ser humano é uma substância individual ou um substrato subsistente esse substrato não pode ser compreendido como uma coisa mas sim como uma identidade que permanece no tempo junto com esse plano ontológico A pessoa humana tem o seu aspecto dinâmico existencial ou seja essa dimensão dinâmica existencial procura frisar justamente o quê essa coisa do crescimento do ser pessoal ou seja paraa pessoa humana do ponto de vista Personalista o ser humano não é só o que é dado não é só o que foi dado mas também o que pode vir
a ser né O que pode chegar a ser portanto é a ideia de que o ser humano ele não é uma coisa simplesmente totalmente pronta e acabada mas existe ali no início desse ser pessoa um contexto de diversas possibilidades que vai depender de vários outros fatores principalmente das escolhas do exercício da liberdade para que o ser humano vai chegando a coisas que ele ainda não é mas que poderá ser ou seja essa dimensão dinâmico existencial mostra se realizar-se essa coisa do ser humano que é chamado a realizar a própria existência o próprio ser a concretar
né a efetivar-se aquilo que ele é chamado e que é possível Então veja que nessa perspectiva Personalista o aspecto ontológico ele não é totalmente negado né pelo menos por muitos autores mas o dinâmico existencial também no entendimento deles é muito importante e portanto quando se fala de pessoa humana deveria se levar em consideração esses dois planos ou dois aspectos e quando Nós pensamos justamente nas manifestações do do nosso ser pessoal os personalistas vão chamar atenção por um lado paraa questão da autoconsciência né ou seja o ser humano devido a sua inteligência seu entendimento ele não
só tem consciência mas tem consciência da própria consciência tem consciência de si mesmo né essa possibilidade de reflexividade da mesma forma a questão da presença da Liberdade ou seja ele não é simplesmente algo ou uma coisa mas ele é alguém né que é capaz de fazer escolhas de tomar decisões né ã e portanto alguém que se configura aquilo que eu falei que se realiza então não interessa só o que é dado a ele mas o que ele pode se tornar né dentro das diversas possibilidades que se abre ao seu ser enquanto ser humano da mesma
forma questão da intimidade né o mundo interior o ser humano é capaz de em si mesm e portanto de ter uma vida interior ele é capaz de cultivar o mundo interior né de se entreter com seus pensamentos sentimentos etc etc da mesma forma que o ser humano é capaz de diálogo a questão da intersubjetividade né essa preocupação com o outro né Então seja a autoconsciência a liberdade a intimidade a intersubjetividade tudo isso são manifestações do nosso ser pessoal e principalmente a questão da doação a capacidade de doar-se né a capacidade de não só de sair
si mesmo ir ao encontro do outro mas de olhar e tirar de si próprio do próprio íntimo algo profundamente valioso e dar ao outro então tudo isso manifestaria eh essa nossa dimensão Pessoal esse nosso ser pessoa e por fim é lógico da mesma forma que lá na primeira metade do século XX o ser humano a vida humana a dignidade humana não era respeitada muitas vezes seja pelo nazismo ou f comunismo né ou para uma sociedade que muitas vezes vê o ser humano como um apenas como um consumidor e um e uma peça dentro de um
sistema de produção hoje em dia não muda muita coisa né Ou seja quando Nós pensamos em tantas outras questões como a né a própria miséria etc em todos os sentidos moral material ou seja o ser humano continua sendo muitas vezes usado como um meio ser humano muitas vezes usado como uma coisa e depois é jogado fora e é por isso que nós precisamos entender que existe sim a dignidade humana e ela precisa ser defendida né Lógico que aqui também tem confusão porque quando nós falamos da dignidade humana nós temos que ver que existe a dignidade
humana no sentido ontológico no sentido natural ou seja há uma dignidade humana que simplesmente ela está presente no fato de nós pertencermos à espécie humana o fato de nós termos sido feit a imagem semelhança de Deus se eu fui criado a imagem semelhança de Deus Se de fato eu faço parte da espécie humana eu tenho essa natureza humana essa dignidade natural ela não depende do uso que eu faço da minha verdade não depende do tipo de caráter que eu tenho eu posso ser uma pessoa escrota eu posso ser uma pessoa extremamente e eh horrorosa no
sentido moral né então mesmo uma pessoa Cruel mesmo uma pessoa terrível né existe uma dignidade humana digamos basilar natural repito que não depende do tipo de caráter e de tipo de vida que essa pessoa tem há uma dignidade que alguém tem que é resultado apenas do fato dela ter sido criada por Deus e dela ter essa natureza humana outra coisa é a dignidade humana no sentido moral então a dignidade humana natural ninguém pedde mas a dignidade humana moral ela não nasce conosco ela é uma conquista e a dignidade humana moral aí sim depende do nosso
caráter depende da nossa ombridade depende do uso que nós fazemos na nossa liberdade portanto só tem dignidade humana moral ou no sentido moral uma pessoa realmente que é portador de várias virtudes uma pessoa que tem ombridade uma pessoa que realmente faz um bom uso da sua liberdade então não vamos confundir isso da mesma forma que muitos criticavam os personalistas no sentido de que eles acabavam exacerbando né todo um humanismo todo um tipo de antropocentrismo realmente se não tomar cuidado pode cair nisso sim né eu acabo falando tanto dos direitos do ser humano tanto da dignidade
humana e eu acabo esquecendo às vezes que o ser humano também tem deveres e que dignidade natural não é a mesma coisa que dignidade moral e o que é pior eu posso começar a achar que o ser humano também é Deus está no centro e é o ser mais importante e cair naquele tipo de antropocentrismo que muitos já caíram e que a sociedade caiu então uma coisa é o humanismo no sentido simples de lutar pelos Direitos Humanos pela dignidade humana de defender a vida humana nas suas diversas fases né isso é uma coisa muito basilar
outra coisa é cair numa idolatria de adorar o homem pelo homem e achar que o ser humano enfim só tem direitos como se ele também não tivesse deveres Mas enfim a corrente Personalista ela surgiu por causa disso e ela nos leva a pensar sobre essas questões né da realidade humana e do valor do do ser humano justamente porque muitas vezes nada disso foi respeitado Muito obrigado pela sua atenção que você possa deixar aí a sua curtida seu comentário se inscreva no no canal E compartilhe o vídeo se você gostou veja aí a bibliografia recomendada e
se aprofunde no assunto um forte abraço e até o nosso próximo encontro
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