Olá, pessoal! Sejam bem-vindos ao canal. Meu nome é Samira Posses, eu sou urologista, atendo atualmente em São Paulo e atendo o público feminino e masculino em urologia em geral.
O tema do nosso vídeo de hoje é incontinência urinária, a famosa perda do xixi. Então, para você que está chegando agora, se inscreva no canal e compartilhe este vídeo com quem você achar que merece saber sobre esse tema de incontinência urinária. Deixe o seu comentário, deixe sua dúvida e me conte se você, mulher, já sofreu de incontinência urinária.
Hoje, a gente vai focar no público feminino, mas a incontinência urinária masculina também é um assunto de muita relevância e vai ficar para um outro vídeo. Vamos lá! De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, a incontinência urinária vai acometer até 72% das mulheres no mundo.
É uma incidência muito relevante desse público: 20% são mulheres adultas e 52%, idosas. Portanto, é uma doença que acomete muito a mulher com o passar dos anos e com o seu envelhecimento. A incontinência urinária é definida como uma perda involuntária de urina, ou seja, a perda do controle da micção.
Ela pode ser classificada em quatro tipos. O primeiro tipo é a incontinência urinária de esforço, que é aquela que ocorre quando há uma pressão súbita em cima da bexiga. Por exemplo, atividades corriqueiras do dia a dia como tossir, espirrar, pegar peso e praticar esportes.
Muitas vezes, as pacientes relatam perda de urina até durante o ato sexual. O segundo tipo é a incontinência urinária de urgência, que é associada ao estado de hiperatividade vesical, a famosa bexiga hiperativa. Essa incontinência é causada pela contração involuntária da musculatura da bexiga.
O terceiro tipo é a incontinência urinária mista, que é a associação da incontinência urinária de esforço com os quadros de incontinência de urgência. É importante identificar exatamente os sintomas, pois muitas vezes precisamos tratar as duas formas, já que elas coexistem na maior parte dos pacientes. A quarta e menos comum forma de incontinência é a incontinência urinária de transbordamento.
Essa ocorre quando há o enchimento da bexiga e ela não consegue se esvaziar. Ao não se esvaziar, a bexiga vai transbordar, gerando um quadro de incontinência urinária. Esse tipo de incontinência está muito associado a quadros neurológicos, como as bexigas neurogênicas, que a gente vai falar mais para frente.
Em relação aos fatores de risco que propiciam a incontinência urinária, temos o sexo feminino e as alterações hormonais do corpo da mulher, tanto da gravidez quanto da menopausa, a queda de estrogênio, a atrofia vaginal e o envelhecimento. O sexo feminino é um dos principais fatores de risco para a incontinência urinária. Outros fatores de risco incluem o envelhecimento, que ocasiona um enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico, além da atrofia genital, muito comum no pós-menopausa.
Outro fator muito importante é a obesidade. O excesso de peso gera uma pressão sobre as estruturas do assoalho pélvico e sobre a bexiga. A gente sabe que pacientes que fazem tratamento para incontinência e associam uma perda ponderal respondem muito melhor, com uma taxa de melhora substancialmente diferente.
Outro fator de risco para a incontinência urinária é a presença de doenças crônicas. Isso inclui doenças neurológicas, AVCs, traumas, esclerose múltipla e doenças do sistema nervoso central, que podem cursar com quadros de incontinência urinária. Bom, pessoal, em relação ao tratamento da incontinência urinária, isso vai depender muito do tipo e da gravidade do quadro.
Precisamos necessariamente lançar mão de um exame físico adequado e de uma história clínica completa, associando isso a exames complementares, como por exemplo o estudo urodinâmico. Vamos fazer um vídeo falando só sobre isso, pois é um exame muito complexo e amplamente utilizado na nossa rotina, especialmente ao lidarmos com mulheres. O estudo urodinâmico vai medir a pressão de perda urinária em relação aos esforços e vai medir um grau de contratilidade da hyperatividade involuntária da bexiga, identificando, por exemplo, um quadro de bexiga hiperativa.
Baseada no diagnóstico, a gente vai escolher o tratamento adequado para o perfil do paciente. A primeira coisa que precisamos orientar para todos os pacientes é a mudança de hábitos de vida, emagrecimento, controle de comorbidades, práticas de atividade física e evitar alimentos e bebidas irritantes para a bexiga, como álcool, café e chocolate. Isso tudo precisa ser reduzido, senão eliminado.
Alguns medicamentos podem ajudar a controlar os sintomas, por exemplo, de bexiga hiperativa. Temos hoje no mercado drogas que ajudam bastante nesse controle, como os anticolinéticos. Aqui no Brasil, um exemplo é a oxibutinina, o famoso Retemic.
Outro que é de outra classe são os beta-2 agonistas, como a mirabegrona. Lembrando, pessoal, que este vídeo não tem intuito de prescrição, é apenas uma forma de orientação. Todo tratamento deve ser individualizado junto ao seu médico.
Outro tipo de tratamento medicamentoso que utilizamos, principalmente para mulheres pós-menopausa, é a reposição tópica com creme de estrogênio vaginal, pois melhora a atrofia vaginal e ajuda na recuperação da continência. Um item muito importante que auxilia na rotina do paciente com incontinência, tanto para homens quanto para mulheres, são as terapias comportamentais e a fisioterapia de reabilitação do assoalho pélvico. Isso inclui o biofeedback, exercícios específicos e eletroestimulação, tendo sempre o acompanhamento de um fisioterapeuta de sua confiança para que seja manejado da melhor forma possível.
Não podemos deixar de falar sobre os métodos cirúrgicos de correção da incontinência urinária. E aqui precisamos especificar qual o tipo de incontinência; no caso da incontinência urinária de esforço, precisamos conversar com o paciente sobre a colocação da telinha. O sling, que é o sling de uretra média, é uma tela sintética que é colocada via vaginal ou via suprapública, com incisão bem pequena.
É um procedimento de médio porte. Geralmente, os pacientes têm uma boa recuperação e o resultado costuma ser bastante promissor. Outro tipo de tratamento cirúrgico pode ser a injeção de toxina botulínica.
A gente vai falar em um vídeo sobre esse tópico, que é um assunto que gera bastante dúvida nas pacientes. É a mesma toxina botulínica que a gente aplica no rosto para fazer o tratamento anti-ruga, mas essa toxina botulínica vai agir na musculatura da bexiga. Lembrando que não é um tratamento de escolha para bexiga hiperativa, mas é um tratamento de exclusão quando outros não dão certo.
A gente pode lançar mão desse tratamento em casos de bexiga neurogênica. A gente pode implantar também um dispositivo que se chama neuromodulador sacral, que é colocado na altura das vértebras sacrais e pode auxiliar na reabilitação da continência. Então, pessoal, essa foi uma rápida abordagem sobre a incontinência urinária feminina.
É um assunto muito complexo e muito mais completo. Ao longo dos próximos vídeos, vamos destrinchar tanto os tratamentos quanto os fatores de risco. Se você gostou desse vídeo, compartilhe com quem você acha que precisa saber e ter conhecimento sobre esse assunto.
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