🚨 DANILO GENTILI SE PRONUNCIA SOBRE CONDENAÇAO DE LÉO LINS

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Bom, para quem não sabe, a terceira vara criminal federal de São Paulo condenou o comediante Léo Lins a 8 anos e 3 meses de prisão em regime fechado. Também condenou esse mesmo comediante a uma multa de 1. 4 milhão, acrescida de 300.
000 de danos morais coletivos. Qual foi o crime do comediante Léo Lins? contar piadas em um show de humor.
Esse show foi posteriormente postado no YouTube e é o que tudo indica, isso foi um crime. Olha, no país em que o INSS é usado para fraudar velhinhos à força, a justiça puniu um comediante por contar piadas em um ambiente criado para isso, soa uma piada de mau gosto. Mas o Brasil é assim, é um lugar que o certo é duvidoso, o duvidoso é certo.
E a decisão contra o Léo usa, entre outros fundamentos, dois argumentos que são no mínimo duvidosos. E duvidosos aqui no sentido de ser duvidoso mesmo. Um desses argumentos seria o de que a liberdade de expressão não pode ser irrestrita.
Horas, mas liberdade de expressão só pode ser irrestrita. Todos que expressam uma opinião, seja no teatro, na poesia, na música, na ficção, num livro ou em forma de uma piada, todos podem ser criticados, questionados e até acionados em processos civis. Agora, o que não podem hipótese alguma é serem presos ou alvos de censura.
Piadas não fraudam o INSS. Piadas não estimulam golpes. Piadas não matam gente pobre de fome.
Piadas não geram gente morrendo no hospital porque o dinheiro da saúde foi desviado. Piadas não geram intolerância, não geram preconceito. Piadas são apenas piadas.
Agora, o outro argumento dúbilo e fartamente reproduzido na imprensa é de que o humor não é um passe livre para cometer crimes. E de fato, o humor não é um passe livre para cometer crimes, até porque o humor não comete crimes. Humor é baseado em fantasia, em ficção, em exagero, em jogos de palavras, em associações de quebra de expectativa, em preparações e e desfechos.
Humor é uma forma de arte e de escrita como qualquer outra. Humor, como outras atividades artísticas, existe para brincar, provocar, fazer pensar, causar o alívio em quem tá ouvindo, causar o riso, causar boas sensações. E como toda forma artística, a liberdade para se fazer humor, para se contar piadas, deve ser protegida.
Olha, a a na minha carreira eu cansei de responder a pergunta: Qual é o limite do humor? E é incrível que muitos artistas não notem a pegadinha por trás dessa questão, porque a hora que oficialmente tiverem limitado o humor, como estão fazendo agora, a próxima pergunta vai ser: Qual é o limite do funk? Qual o limite da novela?
Qual o limite da poesia? Até onde uma música pode ir? Até onde uma ficção pode ir?
Ó, é melhor o remake do Vale Tudo não ter a morte da UT Heutman, porque vai que queiram prender o ator ou atriz que matou ela por homicídio, porque é aqui que a gente tá chegando. Desde Aristófanes, na Grécia antiga, a sociedade entende que comédia e ficção uma coisa e que realidade é outra coisa. Agora, nos últimos tempos, algumas autoridades passaram a tratar comédia e ficção como se fosse verdade.
Isso não é progressismo, isso é regressão. Uma sociedade que não sabe a diferença entre ficção e realidade, entre piada e verdade, não é uma sociedade do futuro, é uma sociedade pré-tribal. E a comédia, a ficção e a arte existem como válvulas de escape.
Válvulas de escape pra gente poder rir e se distrair em um mundo que é muito duro, cruel e que a gente tem que engolir muitas mazelas de muitas autoridades, pagar imposto, aguentar tudo quieto e calar a boca. E a piada e a comédia vem para dar alguma válvula de escape. Se um músico não pode subir no palco para cantar música dele, para quem gosta da música dele, algo tá errado.
Se um comediante não pode subir no palco para contar as piadas dele para o público que comprou ingresso e quer ouvir aquelas piadas e gosta daquele tipo de piada, algo tá muito errado. E se a gente como sociedade passar a aplaudir decisões que silenciam artistas, independente da arte que eles expressam, algo está muito errado e a gente tá na beira do abismo. A me chateia muito, mas não me surpreende ler por aí que Léo Lins foi condenado por ser preconceituoso e praticar crimes de ódio.
Isso não, isso não condiz nem um pouco com a realidade de quem conhece o Léo Lins e me revolta saber isso porque eu conheço ele que é um dos caras mais gentis e corretos que existe. E vou dizer uma coisa, essa condenação do Léo Lins é um tiro no pé de quem tenta limitar a comédia, porque ela foi demasiadamente exagerada, passou todos os limites. Hoje é o comediante Léo Lins que tá sendo condenado à prisão, que tá sendo condenado à multa milionária, que gente corrupta condenada não teve a mesma condenação que ele.
Hoje é o Léo Lins. Amanhã vai ser o seu portal, jornalista, vai ser o seu portal, blogueiro, vai ser o seu vídeo de YouTube. Amanhã são o que você diz hoje pode ser considerado pensamentos antidemocráticos.
Olha, pensamentos autocráticos não são exclusivos da esquerda ou da direita. Eles podem pertencer a alguém que não gosta de você. Simplesmente alguém que não gosta de você e tem poder para acabar com você.
Aí seus direitos vão pro saco, independente do que você acha ou deixa de achar. Olha, o Brasil precisa parar de brigar com a ficção e com a arte e se ater aos problemas de verdade. Os nossos problemas não são piadas, são idosos fraudados no INSS, são gestores públicos que roubam muito.
São forças de segurança que praticam abuso de poder. São leis que não colocam medo em quem pratica crime. Intolerância é receber um tiro na cara por causa de um celular.
Crime de ódio é bater em mulher por causa de uma aliança. Ah, Danilo, isso aí é populismo. Misturar NSS para defender seu amigo comediante, sua profissão.
Você acha que é exagero? Você acha que é populismo meu? Então, sai na rua e pergunta para qualquer taxista, qualquer frentista de posto de gasolina, qualquer garçom, qualquer trabalhador, qualquer pessoa que tá na rua.
Pergunta para qualquer pessoa o que você prefere, um comediante preso porque contou piada ou ter segurança para andar com seu celular na rua? O que você prefere? Calar a boca de um comediante e multá-lo em não sei quantos milhões de reais porque ele contou uma piada ou prender corrupto tá acabando com a vida e com o país.
O Léo Lins pode recorrer em liberdade à condenação à cadeia. E eu tô aqui torcendo para que o Léo Lins consiga reverter essa condenação e continue livre. Isso é uma vitória pro meu amigo que eu conheço muito bem.
para comédia, que é a profissão que eu pratico, paraa arte, que é a classe, embora muita gente não queira admitir, a classe que eu e o Léo pertence. Então, pro Léo Lins e para todos, eu desejo que todos continuem livre. Essa é a segunda vez aqui no Brasil que um comediante é condenado à cadeia em primeira instância.
A primeira vez aconteceu comigo alguns anos atrás. Eu fico na torcida pro bom senso prevalecer na segunda instância do Léo Lins, assim como prevaleceu na segunda instância da minha condenação. Eu torço para que o Léo não seja preso.
A gente não precisa dessa piada de mau gosto, que é prender comediante por contar piadas. Eu espero de verdade que na segunda instância do Léo Lins o bom senso prevaleça, como prevaleceu na segunda instância daquele processo que eu também fui condenado por contar piadas. [Aplausos] Valeu, Yeah.
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