Sejam bem-vindos a mais uma live em meu canal. Eu sou João Pedro Bertoni e, uma vez mais, trago aqui o professor Carlos Nugu, hoje para falar de um tema que creio seja de interesse de todos, especialmente dos mais jovens, que é a vida de estudos. Professor, uma vez mais, seja muito bem-vindo! Fico muito feliz com a presença do senhor. Muito obrigado mais uma vez. Estou sempre à sua disposição. Perfeito! Eu gostaria de começar a live de hoje com uma pergunta um tanto polêmica, eu diria. A pergunta é a seguinte: para quem é a vida
de estudos? Ou seja, quem é que pode levar ou deve levar uma vida dedicada ao estudo? É uma vida para todos? Não, não é uma vida para todos. Obviamente, não dizê-lo seria demagógico, né? O que não se pode é saber de antemão quem está vocacionado para a vida de estudos. Ou seja, é só estudando que a pessoa vai descobrir se tem vocação ou não. É claro que há outras limitações, né? A pessoa é casada, tem oito filhos, dez filhos, né? Como é que ela vai ter tempo para estudar? É mais difícil, né? Eu, particularmente, consegui
conjugar as coisas, ou seja, ganhar pão com o estudo, mas isso não é fácil, né? Não é fácil, como quer que seja. Há muita gente que tem pendor pelo estudo, tem sede de saber. Aristóteles dizia que todo homem deseja conhecer a verdade. Todo homem. O problema é que alguns não têm pendor para o estudo que leva a conhecer a verdade e outros não têm condições objetivas. Não é isso. Mas o fato é que meus cursos, por exemplo, estão aí há dez anos, né? E continua entrando aluno, terminando o curso, às vezes sai no meio e
tal, mas sempre há uma procura por meus cursos. E meus cursos não são uma bagunça, têm ordem, começo, meio e fim. Você sabe disso e exigem do aluno estudo, exigem que ele estude. E o fato de que há dez anos esses cursos se mantenham é um exemplo, é, para mim, uma demonstração de que há uma camada da juventude e até de não jovens que tem pendor e necessidade para o estudo, né? Outra coisa é se o estudioso vai tornar-se filósofo ou teólogo; isso é outra coisa, certo? Como quer que seja, não haveria filósofos e teólogos
se não houvesse estudiosos e leitores de filósofos e teólogos. Então, há essas duas camadas de estudiosos: aqueles que estudam, leem, compreendem e aqueles que produzem. Está certo? São duas camadas, ambas são estudiosos etc. Mas, claro, que a quantidade de produtores de filosofia e teologia vai ser sempre menor que a quantidade de estudiosos dessas disciplinas. Sempre foi assim, sempre será assim. Então, é isso. Ou seja, não há algo predefinido, não há um sinal na testa, entendeu? Que diga: "Ah, você tem pendor". Ou, "Havendo pendor, a pessoa tende a ser uma estudiosa e o estudo será para
ela naturalmente". Como em tudo na vida, há estudiosos, há estudantes, mas há aqueles que aprendem mais rápido que outros, que aprendem menos rápido. Isso é normal, né? Então, se se dão as condições para o estudo e se a pessoa tem pendor para tal, pronto. Isso é o requerido, não é mais que isso. Não há nenhum sinal prévio, de antemão, que você possa dar para dizê-lo, entendeu? É impossível. Já foi a época em que a psicologia media as coisas pelo tamanho do crânio, né? Até hoje há psiquiatras que dizem: "Ah, pelo formato desse crânio, eu já
sei que tem tal ou tal doença mental". E tal, não, não creio nisso. Assim como tampouco creio no teste de QI. Essas duas coisas são inúteis, né? São absolutamente inúteis. Então, é a conjugação de possibilidades concretas de estudar com o pendor, com a vontade, com o impulso, com o êlan para o estudo. Se essas duas coisas se dão, faz-se um estudante. Ótimo! Agora, há um dado mais que é muito interessante: com quase certeza, o Brasil é único. Não há em nenhum outro país do mundo que eu saiba, posso estar enganado, né? Não há em nenhum
outro país do mundo, ao que parece, uma quantidade tão grande de jovens que buscam estudar. E estudar o quê? O tomismo. Veja o sucesso relativo, claro, mas o sucesso editorial da "Suma Teológica" aqui no Brasil, tá certo? A Loyola lançou os nove volumes, vendeu bem e depois outra... qual foi a editora? A Eclésia, né? Eu creio que lançou também porque tem público. Está certo? Há um público aqui que não há em nenhuma outra parte. Você é revendedor dos livros do padre Caldeirão, você sabe que aqui vende mais padre Caldeirão do que na Argentina. Então, o
Brasil é um caso meio particular, tá? Meio particular pela quantidade de pessoas que demonstram interesse pelo estudo. Se você me perguntar se, dadas as condições favorecedoras, a maioria das pessoas seria estudante, eu digo que não. A maioria das pessoas não. Mas não se pode predeterminar uma quantidade, um número das que seriam dadas as condições de possibilidade, né? E acrescenta isto que é uma particularidade do país: a quantidade de pessoas que querem estudar, estudar filosofia e teologia. Isso é surpreendente, né? Filosofia em geral, mas o mais surpreendente ainda é a quantidade que quer estudar Santo Tomás
de Aquino. E isso é surpreendente, não é? Vejam-se os cursos online de outras nações, de outros países, né? A quantidade de alunos é ínfima. Aqui, a quantidade é bastante razoável, né? Com altos e baixos, varia pouco ao longo do tempo etc, mas há uma constante bastante maciça, né? Bastante maciça. E isso é uma particularidade daqui, sim. Inclusive, o Brasil é um dos países que está... Resgatando o latim para crianças, né? Veja o número de crianças que agora estão aprendendo latim com a Rosa, outr professor! Professora de Latim para criança. Exatamente isso! Ainda há na França.
Há tá. Ah, é. É na França. Há nos Estados Unidos. Há na Inglaterra. A Inglaterra é um país que cultiva muito, sempre cultivou muito o latim, né? Mas o estudo do tomismo não. Isto é uma coisa brasileira, surpreendentemente brasileira, né? Olha que coisa! E a minha segunda pergunta é a seguinte: se todos os estudantes devem estudar as mesmas coisas para terem uma base intelectual? Eu sei que houve um período em que a base era o trívium, o quadrivium; depois veio o organão aristotélico e hoje a educação é dividida, né? Cada... eu sei que cada escola,
claro, que eles têm de seguir o currículo do MEC, mas são ensinos bem fracos, né? Para dizer o mínimo aqui. Mas o senhor recomendaria uma base assim para aquele que tem vocação intelectual? Não, olha, nenhuma escola brasileira, nenhuma mesmo as católicas, por impossibilidade, tá? Por impossibilidade, dificuldades... Mas nenhuma escola brasileira, nenhuma faculdade brasileira ensina o que seria o ideal, tá certo? O ideal seria um pouco mais ou menos o que eu dou na escola tomista. Um pouco... não é isso, eu dou cinco anos; o ideal seria uma carga maior, né? Três aulas por semana. Eu
dou só uma por semana durante cinco anos, mas é mais próximo do que eu dou do que qualquer outro exemplo que se tem aqui. Por quê? Porque é difícil que haja professores capacitados para ensinar a lógica aristotélico-tomista, para ensinar a retórica, a dialética, a poética, para ensinar a física geral, astronomia, química, biologia, psicologia, ética, política, metafísica e teologia sagrada. Onde é que você vai encontrar um conjunto de professores capacitados para isso? É... pode encontrá-los para dar um curso de seis meses, um ano; pode, isso é possível. É um curso de vulgarização, não no mau sentido,
mas um curso de divulgação, né? Isso sim você encontra. Mas para que dê isto durante cinco anos, numa ordem lógica, numa sequência lógica e numa sequência ordenada, isso é muito difícil, tá? Porque pode ser que, dado o interesse atual que eu acabo de referir, dos jovens pelo tomismo no Brasil, daqui a um tempo eu não estarei vivo... seja possível, né? Montar uma verdadeira escola tomista. Ou seja, com vários professores, cada um em uma disciplina, etc. Porque hoje em dia, dar o tomismo, hoje em dia, requer não apenas que você repita o que leu em Gardei,
entendeu? O que leu em qualquer vulgarizador, sintetizador da doutrina. É preciso conhecer o organum todo de Aristóteles e é preciso dominar, pelo menos, o essencial das cinco modos. Pelo menos isso: o essencial, algo de matemática e precisa ter a Suma Teológica e a metafísica na ponta da língua, tá certo? Ou seja, não é uma tarefa fácil, tá certo? Não é algo fácil. Isso requer, isso é trabalho de algumas gerações, né? Então, não, hoje não é possível. Claro, veja, atenção: se há uma escola católica perto de você, em que você possa pôr seus filhos, faça-o imediatamente,
tá certo? Porque ali pelo menos terá uma garantia moral, ética, etc., que não terá nas escolas comuns, aqui, não católicas, sem dúvida alguma. Mas se você fala de algo que seja um ensino correlato às antigas sete Artes Liberais ou correlato ao aristotelismo que substituiu as antigas sete Artes Liberais, o aristotelismo, eu digo Corpus Aristotélico inteiro, eh, e isso somado a São Tomás, eh, não, não há isso no Brasil. Perdoem-me a autorreferência, mas a única coisa que se aproxima disso é a escola atomista, tá certo? É a escola atomista, não há nada mais, pelo menos que
eu saiba. Se houver, muito bem, parabéns! Há bons cursos de história, né? Há bons historiadores da Igreja, como aquele, o nome dele é Lucas Lancaster, né? É um ótimo historiador da Igreja. Ou seja, há competências múltiplas, mas que não compõem um organon, né? Organon quer dizer instrumento, né? Eh... organon, antigamente, na música, queria dizer orquestra também. Orquestra era um órgão. Então, não, no sentido de uma orquestra do saber, isto não tem hoje em dia, né? O mais próximo que há é a escola tomista, sem dúvida nenhuma, né? Embora creio que eu, daqui a uns 20
anos, já não estarei vivo, eu estarei superado. Ou seja, superado no sentido de que um número maior de pessoas possa conjugar-se para criar uma escola, tá certo? É uma escola com uma feição mais de escola que a escola tomista. É para isso que eu fiz a escola tomista, não é para outra coisa. É para formar pessoas capazes de serem aristotélico-tomistas e tomistas em sentido estrito, também, em todas as áreas do saber: lógica, poética, retórica, dialética, sofística, física, astronomia, cosmologia, química, biologia, psicologia, ética, política, metafísica e teologia sagrada. Este é o programa, certo? E não adianta
que um curso de formação boa não pode ser dado, ministrado por pessoas que só têm conhecimento esquemático, tá certo? Esquemático. Você leu Guarde os princípios lá do tomismo, você lê Igon, você lê qualquer introdução ao tomismo e pensa que já o pode ensinar. E não pode, tá certo? Claro que pode no sentido de formar garotos de 12 anos, 13 anos, 14 anos, mas para jovens que já chegaram à vida adulta, não, não basta isto. Não basta absolutamente, é insuficiente. Isto não vai formar essa escola do futuro, tá certo? Isto não forma essa escola do futuro.
É o que o padre Caldeirão chama de tomismo fast food, né? Eh, muito bem chamado, porque é aquele tomismo que, em três passos, resolve... As coisas mais complexas que existem no Tomismo não é possível, né? Se você quer dar ao amigo a sério, a coisa tem de ser profunda, tem de ser ordenada, né? Tem de ter um início, tem de ter um final, e todo longo miolo tem de ser ordenado e sequenciado corretamente e ensinado profundamente. Tá certo? Claro que é impossível, por exemplo, a mim. Dar matemática profunda e tal, isso eu não consigo dar,
mas eu consigo mudar tudo quanto é necessário para que se formem professores que, no futuro, façam uma escola mais propriamente dita, que é a escola atomista, que é a escola do eu sozinho, né? Tá certo. Uma escola mais propriamente dita, com vários professores, todos eles competentes. Porque veja, um físico tomista não basta ele saber física, ele tem que saber o essencial da metafísica e da teologia. É impossível ele ser um grande físico tomista sem saber o essencial das disciplinas que são informadoras de tudo mais. Claro que ele não precisará ter a Suma Teológica na ponta
da língua, ele não precisará disso, mas ele precisa saber com segurança tudo quanto é essencial. E saber o que é essencial não se reduz a um tratado de introdução e vulgarização da doutrina, é um pouco além. Nem é um domínio cabal da coisa que só um teólogo tem, mas tampouco é um tomismo fast food. Tá certo? É impossível que isto forme, isto não forma. Então é coisa para daqui a algum tempo, né? Daqui a uns 20 anos, 30 anos, quando os jovens que estão estudando comigo hoje, ou talvez por conta própria ou com outras pessoas,
tenham condições de constituir uma escola que não seja a escola do eu sozinho, né? Que seja uma escola com vários professores, com várias competências, mas sempre na ordem correta, na ordem das disciplinas corretas. Não sei se me respondi. Sim, vamos só dar boa noite aqui ao grande Leonardo Limeira. Boa noite, amigos! Leonardo está sempre presente aqui nas nossas lives. Lucas também, boa noite. Sou analfabeto completo em termos de tomismo, mas ter a oportunidade de assistir à aula de alguém com envergadura intelectual e moral do professor é uma honra, hein? Amém! Aproveito a menção ao trabalho
do grande João também, muito obrigado. Lucas, falando do ensino atual, é realmente impossível. Eu vejo alguns até neoconservadores querendo criar leis para que se proíba isso na escola ou que ensine ou que se ensine aquilo, e eu sempre me pergunto: mas quem é que o vai ensinar? Não é esse o grande problema? Por exemplo, quando o senhor fala da ordem das disciplinas, né? Quantos e quantos professores não incorrem em sofismas? Ou seja, se eles não sabem nem o que é um sofisma, que não é um sofisma, como é que eles podem ensinar algo que seja
além da lógica? Então, realmente, é um problema que não é de solução imediata, não é. E o que não se pode é confiar que o estado laico suprirá nada. Entendeu? O que se deve investir é em futuros professores católicos capazes de criar uma universidade católica. Universidade no sentido antigo, né? Com... na Idade Média, você tinha, antes de tudo, a faculdade das Artes. Isso por causa das sete Artes liberais, né? A faculdade das Artes, que é onde o jovem entrava ali com 14 anos, saía mais ou menos com 21 e se candidatava a uma das três
faculdades superiores: teologia, medicina ou direito canônico. Era uma das três. Então, algo semelhante a isso, né? Isso demanda tempo, não é para agora. E não é por lei, porque o estado laico vai rir na nossa cara, né? Entendeu? E trata-se de conquistar um espaço. Por enquanto, o espaço é esse: o da internet, ou da aula online, etc., etc. Mas, futuramente, quem sabe, pode ocorrer uma escola física, né? Etc. Pode, pode. Nada proíbe. Não sabe se lá, se o anticristo o proibirá, não sabemos. Mas é para isso que eu aposto. Essa é minha expectativa. Uma expectativa
para depois da minha vida, né? Obviamente, para depois da minha vida. E existe uma idade ideal para ingressar nessa vida de estudos ou na carreira intelectual? Eu sei que a escola tomista para no mínimo 14, 15 anos. Não, não dou idade, ou dou? Não me lembro mais. Eu acho que o senhor recomendou, um tempo atrás, aqueles que tivessem no mínimo 15, no mínimo 16, assim porque, disso, seria difícil. Algo assim. Na Idade Média era com 14 anos, tá certo? 14 anos era a Idade Média em que você entrava na faculdade das Artes. Antes, você teve
o aprendizado do latim, né? Você... o ensino básico. Mas hoje não há... você não tem um medidor, sabe? É muito difícil, hoje em dia, você dizer tal ou tal idade. Tanto que nos meus cursos tem gente da mais variada idade, né? Desde jovens de 18, 19, 20 anos até jovens de 60 anos, tem de tudo, né? Não há, não há, hoje em dia, um padrão que se pode... porque a nossa realidade é caótica, né? Nós vivemos no caos, né? O mundo é o caos, né? O mundo atual é um caos completo. As escolas atuais não
formam. As escolas atuais só têm um objetivo: colocar no mercado de trabalho, ponto. Tá? E isso passa pela aprovação no enem, no vestibular, né? Tá certo? Mas tanto as escolas secundárias quanto as universidades, as faculdades só têm por objetivo único a formação para o mercado econômico de trabalho, ponto. Não há mais nada, mais nada. Isso com a massificação forçada do ensino, né? Vejam uma coisa que as pessoas confundem um pouco. Eu... Já ouvi muita gente de direita, conservadora, até católica, dizer que isso de ensino gratuito universal é que massifica o ensino. Não, não é isso,
não é isso! Desde Carlos Magno, do Império Carolino, que o ensino medieval tendia à universalidade. Todos podiam estudar; todos, e se não tivessem dinheiro, estudavam de graça, às custas do estudante rico, certo? Era perfeitamente tendente ao universal e ao gratuito. A única coisa é que ali era meritocrático; você só estudava se tivesse vontade e competência. Correto? Sim, aqui o problema não é a universalidade ou gratuidade do ensino, é a não meritocracia. Você entra a estudar e continua. Eu lembro de uma amiga que tinha, que era professora de psicologia na Faculdade Santa Úrsula, do Rio de
Janeiro. Ela me disse uma vez, horrorizada, que um aluno lhe tinha dito que nunca tinha lido um livro. Ele estava na faculdade! Isto, por incrível que pareça, é quase a norma nas universidades atuais. Os universitários atuais não leram, não leram. Se leram, leram um "Manifesto Comunista", leram qualquer bobagem ali, etc., mas não leem, não têm cabedal de leitura. Então, o problema da educação é que ela tem de ser meritocrática, mas se o objetivo da educação é tão somente a alocação no mercado de trabalho, tá, para que a meritocracia, né? Não há nenhuma necessidade. A coisa
é econômica, econômico que ponto, não vai além disso. Isso já estava inscrito na reforma do ensino patrocinada pelo Comenius, que era um protestante e que é o inventor do ensino moderno. Comenius, a partir dele, entram em choque dois sistemas de ensino: a Ratio Studiorum dos Jesuítas e o método de Comenius, que é o atual. Para saber o que era Comenius, é só olhar o ensino atual. A Ratio Studiorum já tinha problemas, né? Não era perfeita, mas claro que era muito melhor que a de Comenius. Ora, a de Comenius venceu, sobretudo, depois do expurgo dos Jesuítas
pelo mundo, né? Depois de Marquês de Pombal, então, esse é o problema aqui. Esse é o problema que está no programa de Comenius. Vou dar, prometo, dar uma saber universal, simples, fácil e gostoso, gozoso, seja. Sabe? É exatamente o que tem hoje. O que é hoje o estudante? O estudante de hoje é o estudante que, para fazer seu trabalhinho, consulta a internet. Então, tem pílulas de sabedoria, sabe um pouco da guerra da Palestina com Israel, sabe um pouco de não sei o que ali, sabe um pouco do carnaval, sabe um pouco, sabe que o Trump
está fazendo loucuras lá nos Estados Unidos, sabe um pouco de tudo, mas não sabe nada, né? Não sabe nada. Esse é o estudante atual. Não só o estudante... não sei como se chama. Na minha época era de segundo grau, também o de terceiro grau, ou seja, são todos. É de ensino médio, né? Estudante de Ensino Médio e o ensino superior são todos assim. Eu dei 10 anos de aula em pós-graduação, né? Se eu encontrei, por incrível que pareça, porque era presencial e EAD ao mesmo tempo, tá certo? Então, eu dava aula para 600 pessoas assim
de uma só vez, presenciais, que as em casa, e eu dava aula de Porto Alegre a Brasília, né? Eu percorria todo o Brasil: Nordeste, Norte, Minas, Sudeste, Sul. Eu calculo que dei aula para cerca de 15 mil alunos. Se eu encontrei 20, 30 com alguma capacidade, é muito. Era uma tragédia, uma verdadeira tragédia. Era impressionante! E como era pós-graduação, quer dizer, universidade particular, você não podia reprovar, né? Porque se reprovasse, perdia aluno e você perdia o trabalho, né? Não tinha. Então, era assim: todo mundo é aprovado. Assim, a aprovação é uma pressão do sistema de
um sistema educacional voltado para alocação no mercado de trabalho, ponto. Não pro saber, né? Não pro saber. O ensino medieval era voltado pro saber, pro saber, né? E quando começa o mundo moderno, século XV e XVI, a coisa vai mudando, né? Com Comenius chega ao ápice e a Ratio Studiorum dos Jesuítas, por esforçada que fosse, já tinha seus problemas também, mas era efetivamente melhor. Mas Pombal aniquilou com ela. Muitos criticam Paulo Freire atualmente, aqui no Brasil, mas nem se lembram de citar o nome de Comenius, né? Que, não, Comenius é muito mais claro, muito mais
culpado que Paulo Freire. Já é a ponta do problema, né? Já é quando a vaca já tá no brejo. Ele já tá no brejo, né? Mas quem empurrou a vaca foi Comenius, né? Uhum. E a próxima pergunta é a seguinte: existe um tempo mínimo necessário de estudo até que uma pessoa alcance um conhecimento que lhe dê autoridade em certa disciplina? Depende, depende. Há pessoas mais lentas e há pessoas menos lentas. O prazo medieval era esse, né? Você, em 6, 7 anos, tinha de aprender filosofia, certo? Filosofia em geral, tá? Isso foi o que se instaurou
quando a descoberta do verdadeiro corpus aristotélico implodiu o sistema das sete artes liberais. A partir daí, na Faculdade das Artes, na Sorbonne, por exemplo, na Universidade de Paris, você aprendia em 6, 7 anos o conjunto da filosofia e depois tinha mais 6 anos de teologia, tá? De teologia. Eu não me lembro qual era o tempo de formação para medicina ou para direito canônico. Não sei para teologia. Era coisa de 6, 7 anos também. Então, você pode dizer que, para começar a pensar em escrever um livro, por exemplo, tá? São necessários uns 14, 14 anos, 15
anos, né? Menos que isso, impossível. A escola tom é 5 anos. Que que eu faço com os alunos? Eu lhes dou autonomia para, durante 10 anos, lerem qualquer coisa, certo? Sim, o meu aluno não vai sair escrevendo um livro de filosofia ou de teologia. Não vai, mas ele vai conseguir ler a Suma Teológica, sobretudo agora com o meu curso, com o comentário literal da Suma Teológica, né? Sobretudo agora, mas não é para ele escrever uma nova suma ao final de 4 anos. Isso é impossível. Ele vai ter os instrumentos necessários para que não lhe aconteça
aquilo que acontece com todo mundo que compra a Suma Teológica e fecha o livro na página 20, né? Não entendeu nada, fechou. Não é isso? Quantos compraram essa Suma Teológica e fecharam o livro na página 20? O meu aluno, se foi aluno que estudou mesmo do início ao fim, ele vai poder ler a Suma Teológica perfeitamente. Ele vai poder ler qualquer coisa depois disso, mas ainda assim ele vai precisar de mais uns 8 ou 10 anos para conseguir ser filósofo, tá certo? Ou teólogo. Bom, isto em média. Há casos excepcionais. Eu considero Daniel Cherer um
caso excepcional, né? Ele é de uma agilidade, de uma rapidez, que eu não sou, que eu não tenho. Então, ele tem uma agilidade, uma rapidez. Então, também há as diferenças individuais, né? Mas são exceções. Não, são exceções, exceção mesmo, né? Mesmo é uma raridade isso, né? Eu tive de percorrer esse tempo todo. Eu levei 15 anos para lançar meu primeiro livro. Exatamente 15 anos. Não estou falando em abstrato, estou falando até de uma experiência pessoal: 15 anos. Mas só foi possível isso porque, ainda que eu não tenha tido um mestre presencial, eu tive um mestre
à distância, que foi o padre Caldeirão. Não pessoalmente, mas eu consegui todos os escritos dele, tanto os publicados como os não publicados, e passei 5 anos estudando, tá certo? Então, ao todo, eu tive 15 anos de formação para escrever um livro. Mas atenção: o jovem de hoje não tem a bagagem que eu tinha, porque eu aprendi na escola latim, aprendi, né? Aprendi latim, francês, português. Ou seja, eu já conhecia a filosofia. Eu já tinha uma bagagem que o jovem de hoje não tem. Então, se eu demorei 15 anos, um jovem vai demorar uns 20, tá
certo? Para conseguir escrever um livro. Eu vejo alguns jovens aventure-se a escrever livro com 18 anos, com 19 anos. Isso é uma temeridade, tá certo? Mas é só uma inflação, né? Botar um alfinete ali, explode, isso não sai nada, sai vento, né? A não ser que seja um novo Santo Tomás de Aquino, tá? Com sede, ou alguém até superior a Santo Tomás de Aquino, é impossível, né? Platão sempre disse que ninguém é filósofo antes dos 50. Sim, e é isso, ou seja, as pessoas médias são assim: 45, 50. O Cherer foi antes, 30 anos, 32
anos, 35. Mas, com 18, acho difícil, nem Santo Tomás, né? Santo Tomás escreveu o primeiro livro aos 26 anos, mas era Santo Tomás, tá certo? Santo Tomás que conversava com Jesus Cristo, etc., né? Nós somos pobres pecadores e não conversamos com ninguém. Bom, eu acho uma temeridade, porque é um pouquinho, vamos supor que esse jovem de 18 anos seja inteligente, tá certo? É um pouquinho como aquela criança prodígio que toca piano aos 7, 8 anos. Quando chegar na idade adulta, não aguenta mais, larga aquilo de lado, entendeu? Porque ela foi explorada, na verdade, pelos pais,
pelos meios de comunicação. Uma criança de 7, 8 anos é meio um macaquinho tocando, né? Tá certo? Ele não é um verdadeiro instrumentista. Da mesma forma, um jovem com 18 anos publicar um livro é uma temeridade. É uma temeridade, né? Não deveria fazê-lo, pelo menos um livro de filosofia ou de teologia, tá certo? Não sei, em outras áreas, um livro de história, etc., aí pode ser, mas isto exige uma formação muito mais profunda, muito mais árdua, eh, acho um risco, eh, mesmo que seja um jovem brilhante, ele vai um dia apagar-se, entendeu? Não é possível!
Isso é contra a nossa natureza, né? A nossa natureza tal como ela é hoje. É isso que dizia Platão: 50 anos, tá certo? Há exceções, há 35, tá certo? Mas não dá, né? É uma pretensão descabida, descabida. O meu aluno que me chega e diz: "Professor, tô escrevendo um livro", eu digo que esse daí não vai continuar muito tempo no curso. Ele não aguenta, tá? Porque ele é apressadinho demais, ele quer abraçar o mundo com as pernas, né? Mas o mundo é muito maior que ele e suas pernas. Então, é preciso ter paciência. O jovem
hoje padece de um dos males do mundo moderno, que é a pressa. O mundo moderno é apressado, barulhento. Ninguém já consegue viver em silêncio, tá certo? E é tudo apressado, tudo na pressa. E o jovem quer se formar em coisas que só com 50 anos você é capaz. Eh, se tiver paciência, chega lá, tá certo? Chega lá. Sim, falando em paciência, eu gostaria de perguntar o seguinte: quantas horas de um dia o estudante deve dedicar ao estudo? Existe um mínimo, professor? E outra coisa: a constância faz muita diferença, não é? Porque a pessoa que estuda
por dois ou três meses e depois volta depois de um ou dois anos, ela perde aquilo que foi aprendido. Não, ela perde, ela perde. Eu, particularmente, eh, não dá para ter um padrão assim: 2 horas, 3 horas, 5 horas, tá? Eu, sou capaz hoje em dia, não com a velhice, não, mas... Eu era capaz de ficar 8, 10 horas, lembro, sem parar. Sem parar! Já vi autor dizer que isso acaba com o sujeito. A mim não me acabou, tá certo? Hoje já não consigo, porque a idade já, né? O corpo cansa, a vista cansa, etc.
Então, o que eu faço é assim: eu tenho, hoje em dia, um ritmo de 6, 7 horas de trabalho. Estudo ou eu tô trabalhando ou eu tô estudando nessas 7 horas, pronto. Mas isso é o adequado para um homem que tem 73 anos, não é isso? Um jovem tem mais vigor. Mas, por outro lado, o jovem atual foi pessimamente formado, né? Pessimamente formado. Eu leio desde 8 anos, aos 8, 9 anos, eu leio assiduamente desde então, nunca parei de ler. Então, o jovem não foi isso, né? O jovem não foi acostumado, o atual não foi
acostumado a ler. Então, para ele vai ser diferente. Ele vai ter de engrenar pouco a pouco, tá certo? O que ele conseguir por dia já é grande coisa, tá certo? E vai aos poucos. Eu tenho um problema pulmonar e meu médico do pulmão diz que eu tenho de fazer exercício. Eu sempre digo: claro, vou fazer! E nunca faço, né? Não faço nunca. Mas a orientação dele é correta: você começa com 10 minutos, tá? Cansou, volta. 15 minutos, vai melhor. O estudo é a mesma coisa, vai aos poucos. Tá certo? Não força, não força, cada um
tem seu tempo, cada um tem seu ritmo, né? Eu era um leitor compulsivo desde a infância. Eu lembro-me que minha mãe desligava a luz para eu dormir, eu estudava de manhã. Aí eu lia com uma lanterna, entendeu? Eu passava a noite lendo, depois ia pra escola quase dormindo. Mas enfim, sou eu, né? Mas que jovem foi assim, né? Que jovem adquiriu o hábito da leitura, né? Hoje em dia, além do mais, o jovem tá acostumado a ver tela de computador, né? Tá certo? A ver tela de computador, não tá acostumado a ter um livro aqui
entre as mãos. Eu concedo, pode-se ler na tela, se for um PDF, etc. Pode, mas também tem de ter o livro. Sabe, você tem de fazer anotação ali à mão, rabiscar, aquela coisa toda. E é preciso interagir com a obra muito mais do que você interage no computador. Então, a minha recomendação é essa: que todo dia tente ler algo, tá certo? E vai crescendo assim, como o médico me disse: vai 10 minutos, depois 15, depois 20. E eu nunca faço, mas o estudante, para ser estudante, tem de fazê-lo aos pouquinhos, cumulativamente. Tá certo? Dizer para
um jovem que nunca leu ou que leu pouco: "você tem de ler duas a três horas por dia", como eu já vi alguns professores dizer isso, é um contrassenso. Ele não vai aguentar. Ele vai tentar uma semana, duas semanas, depois fecha e nunca mais vai ler nada. Então, tem que ser aos pouquinhos, acostumando. É uma ginástica mental, né? Tá certo? Você tem de preparar a musculatura da mente para aguentar isso. Depois que você adquiriu a musculatura, ler é um gozo, é um prazer, é mesmo, né? É muito melhor que qualquer coisa. Muito melhor! Eu adoro
cinema, muito melhor que cinema. Eu adoro música clássica, muito melhor que qualquer obra de música clássica é ler um livro, tá certo? Outra coisa que eu sempre recomendo é: não leia só, sem cair nessa bobagem de formação do imaginário. Tem de ler 300 coisas de literatura, mas você na semana pega aí um livro de Agatha Christie, um livro policial, uma coisinha assim para relaxar, sabe? Mas você também está preparando, tá formando a musculatura mental ao ler, né? Eu aqui sempre tenho ali, tem uma ala de livros mais leves, né? Tá certo? De vez em quando,
cansei de ler, vou lá, pego isso e leio, né? Porque senão você corre o risco de estiolar a alma, né? De você esgarçar a alma por tanto esforço, e isso não é bom, né? Então, é isso. Ou seja, prudência. Prudência, tá? Não sigam esses loucos porque se trata disso: tem de ler duas a três horas por dia. A pessoa nunca leu na vida, sabe? Leu um livro para passar no vestibular, não fez mais que isso. Então, tem de ser aos poucos, equilibrando, pega um livrinho leve, Agatha Christie, seja lá, pega uma coisinha leve. Também não
vai pegar má literatura, né? Mas pega uma coisinha leve, isso também é parte da ginástica mental, né? Tá certo? Da ginástica mental. Para mim, por exemplo, a escola atomista é não só um curso de filosofia, mas foi e tem sido até hoje um processo de reeducação. Porque, na minha infância, eu também não fui acostumado a estudar assim, a ler os grandes autores, a saber o que ler na ordem correta. Então, para mim, tem sido toda uma nova descoberta. Tanto é que faz já uns cinco ou seis anos que eu estou na escola atomista. Eu não
sou dos estudantes mais rápidos, eu sempre falo isso aqui, mas eu persisto constantemente. Nunca deixei de lado, sempre estive no curso, mando as dúvidas pro senhor. Deixe-me só colocar aqui o comentário do Carlos de Maria Cruz: "Que Deus abençoe vocês! Só entrei aqui porque recebi a notificação e para curtir o vídeo. Entrei no momento em que o professor fala sobre a paciência, paz e tranquilidade na ordem". Salve Maria! Salve Maria, Carlos. É isso mesmo: paz e tranquilidade na ordem. Exatamente! E outra coisa: além da pressa, muitos estudantes de hoje em dia sofrem de certas tentações
que eles não conseguem combater, como o desânimo. Cansaço e a própria indisciplina. O senhor recomenda alguma coisa para combater esse tipo de tentação? Não. A primeira coisa é vencer a tentação de ver bobagens na internet. É a primeira coisa. Tá certo? Se você passa, você senta diante do computador e vai ver mulheres peladas ou então vai ver jogo de futebol... Não dá, entendeu? E veja, eu não sou tão quadrado assim. Eu, eu, eu sempre vejo aos domingos; eu vejo os gols da rodada. Pronto, tô satisfeito! Eu gosto de futebol, né? Só não torço, mas eu
vejo os gols da rodada, fico satisfeito, entendeu? Levo o quê? 20 minutos vendo essa bobagem e pronto. O que não pode é... Porque a internet, por bem que nos permita, ela é um mal, entendeu? Ela é um mal. Eu ia fazer essa pergunta agora a pouco, se a internet faz mais mal ou mais bem para a pessoa. Faz mais mal, porque supõe que a pessoa seja capaz de vencer as tentações que a internet te oferece. Tá certo? Por isso é que eu... O ideal, quando a pessoa quer estudar tomismo, não sei o quê, é que
tenha uma vida religiosa sacramental. Tá certo? Um padre que a orienta, um padre bom, né? Claro que confesse, que os sacramentos são canais de graça, né? Sobretudo a Eucaristia, mas também é indispensável a penitência, a confissão. Indispensável, então é um mal, porque supõe algo que uma minoria das minorias é capaz de fazer, ou seja, as tentações que lhe são oferecidas. Tá certo? Isso é a primeira coisa. A segunda... Isso eu falo das tentações pesadas. Tá certo? Claro, a pornografia, sobretudo, antes de tudo, e depois o futebol, não sei o que, essas bobagens. Mas há outra
tentação na internet que é a navegação. Tá certo? Você vai passando de perfil em perfil, de site em site, não sei o quê. O que é que aquele me disse, o meu adversário, não sei o quê e tal? Isso é errado, você deve usar na internet só visitar aquilo que tem que ver com o seu processo de formação. Tá certo? Só aquilo, tão somente, e o mais rápido possível, o mais rapidamente possível, né? Tem... Você tem que escolher um mestre, não tem jeito, e aí vai ver os vídeos dele, tá? Carlos N. Guê, o fulano
de tal, qualquer um. Você vai ver os vídeos dele, não vai ver o vídeo de todo mundo, tá? Tem milhões de vídeos na internet, você vai ver tudo, não vai estudar nada, né? Então é resistir também à navegação, tá certo? Agora, isto supõe uma disciplina que só a religião dá, tá certo? Só a religião! Não há nada mais que dê. Não adianta. Nós não somos nada sem a graça e a graça nos vem pelos sacramentos. Tá certo? E tudo isso depende de um bom padre, de uma boa missa, depende de uma vida religiosa ótima, tá
certo? Sem isso, é muito difícil resistir às tentações; é muito difícil, né? Então... você tem de ter no seu local de estudo ideal, eu creio, que cheguei a isso, uma cela monástica, tá certo? Tem de ser imaculada moralmente, né? Isso é o ideal: imaculada moralmente. Você não pode ceder à pornografia, nem nada. Você tem que ser imaculada moralmente; é um lugar em estado de graça, o lugar, né? Isso é o ideal. No início, você cai em coisa? Sim, tudo bem! Vai cair em tentação, vai. Mas para isso você tem de ter um padre que o
guie, que o oriente, que não sei o quê. Tem que ter uma confissão permanente, uma direção espiritual boa, não é isso? Sem isso, não é muito difícil você chegar a algum lugar, né? Sem uma vida religiosa regular, é muito difícil chegar a algum lugar. Nós, a nossa natureza, é caída, né? Nós somos hiper debilitados, porque a graça, o batismo, os sacramentos, Cristo... Eles nos reconciliam com Deus, tá? Mas não acabam com as sequelas do pecado original; elas continuam, tá certo? Então, sem a graça, essas sequelas dominam, nos dominam absolutamente. Nós não temos força para reagir.
Aquele que acha que vai vencê-las por conta própria está iludido, né? Vai dar com os burros na água, porque não vai conseguir. É preciso vida sacramental, é preciso um sacerdote que o confesse, que o conheça, que o oriente. Então, é isso que eu recomendo, tá certo? Mas, desde já, isso: ceder o menos possível às tentações múltiplas da internet, né? A internet é um dos elementos da revolução moderna, como diz o padre Caldeirão, com a libertação do demônio, por causa da apostasia. Vieram dominar o mundo sete demônios, tá certo? E um deles é a internet, sem
dúvida alguma. Sem dúvida alguma, um deles é a internet. É muito difícil viver sem ela; eu não vivo, eu não consigo viver sem ela, mas você tem de vencê-la, tá? Você tem de usar tão somente em seu benefício e em seu benefício moral também, tá certo? Moral também. É uma coisa que nossas próprias forças são incapazes de alcançar. É preciso a graça, é preciso a graça, e a graça tem um canal: são os sacramentos, né? Além do mais, a maioria quase total das pessoas necessita, no início, de direção espiritual, tá certo? Ela precisa recanalizar sua
vida em um canal correto, né? E ela não consegue sozinha, mesmo que frequente os sacramentos, sobretudo a Eucaristia etc. Mesmo assim, ela precisa de uma direção, ainda que não seja uma direção formal. Vou ter direção espiritual, não sei o quê... Pelo menos uma confissão regular em que... O padre a Oriente. Tá certo, a Oriente é na confissão. Confessa-se não só os pecados mais graves, mas também o pecado venial deliberado, né? Se deve confessar-se, é... e o padre orienta ali. O bom Padre orienta ali. Então, é preciso isso, tá? Para vencer. Mas quanto ao que depende
de nós, é a luta por vencer as tentações da internet. Essa é a luta, tá? Essa é a luta. Todos temos essas tentações. Alguns já conseguiram vencê-las, tá? Outros estão a caminho, e outros ainda não conseguiram. Então, para cada nível, você tem um comportamento, tá certo? Tem um comportamento a ter. E então, um padre vai dizer: "Tenha tal e tal postura diante da internet." Você o segue. Pronto, não interessa. Você o segue, porque ele tem luzes para dirigi-lo, tá? E a frequência é o sacramento. Ótimo! Aproveitando essa pergunta, então a minha próxima é a seguinte:
o senhor recomenda algo para que um estudante descanse a mente? Quais são algumas recreações saudáveis que qualquer estudante possa ou deva ter? Porque eu ouço muito o argumento de alguns que dizem que a internet relaxa a mente e o corpo. Ou seja, a pessoa se senta no sofá, coloca o celular e passa horas e horas, mas isso não é uma diversão saudável, evidentemente. Inclusive, o celular, principalmente o celular de toque, né? Ele é feito para viciar mesmo. E depois, para você se livrar desse vício, é muito difícil. Pois é, eu resolvi da seguinte maneira: eu
não tenho celular, entendeu? Eu não tenho. Eu tenho ódio dessa maquininha. Aí, não tenho. Bom, quais são as diversões lícitas? A boa arte! A boa arte é uma diversão lícita. Um bom filme, uma boa música (não vai ouvir heavy metal, né?). Uma boa leitura, sei lá, livros de diversão bastante bons. Isso aqui é o ideal, quer ver? Um jogo de futebol. Ver, mas não passar a semana acompanhando um time, entendeu? Isso aqui não pode, né? Ah, vai estar vendendo o jogador para não sei o quê. Isso não tem o menor sentido, né? Então, ver um
jogo de futebol não tem o menor problema. Você não pode apaixonar-se, né? A paixão é que torna isso, que é uma mera diversão, né, lúdica, e torna algo mal, né? São Tomás dizia que o homem precisa do lúdico e falava dos malabares, né? Os malabaristas. Na época, era diversão; era a internet. Na Idade Média, eram os malabaristas. Ele admite isso, eu também admito. Vamos ver um jogo de futebol, tá tudo bem. Um em cada duas semanas, sabe? Uma coisa assim. É tudo moderado e, de preferência, um bom filme. Mas tem que ser bom. Um bom
livro, eh, uma boa música. Não por nada eu escrevi "A Arte do Belo". Não por nada eu tenho um curso de história da música. Não por nada eu venho falando de cinema, venho falando de música, por causa disso, né? Para ver se alguns... O Leonardo Limeira, eh, ele no outro dia me disse, ele tá aqui nos assistindo, né? E ele me disse no outro dia que aprendeu a gostar de música clássica. É isso, tá vendo como é possível? Eh, sim, sim, é possível você começar. Mas aí você fica: "Ah, música clássica, eu não tô acostumado
com isso." Né? É longa, é difícil! Pergunta a ele: qual é o gozo, o desfrute que ele tem hoje em ouvir música, né? É um verdadeiro gozo, é um verdadeiro prazer. Eu sempre que termino o trabalho, 6, 7 horas de trabalho, ou gravo aula, ou escrevo livro, faço isso, faço aquilo, leio, assisto a um filme, ouço uma música, leio qualquer bobagem dessas, e relaxa. Relaxa realmente! Você vai dormir mais tranquilo, mas não se pode exagerar. Moderação, ponderação é tudo, né? Claro, quem entra no mundo da música clássica e se apega a ele, no início, a
tendência é ouvir tudo, tá? Eu acho que o Leonardo Limeira deve ter passado ou está passando por isso, porque eu passei, tá? Mas depois vai amando e tal. Como quer que seja, é como dizia Aristóteles: a boa música é um análogo da virtude. Eh, porque ela é harmônica, e a virtude é harmônica, né? Então, toda a arte, por ser harmônica, que ela é boa. Eh, então, você frequentar a boa música, frequentar o bom cinema, que é mínimo, hein, é muito pouco, mas a música não. A música são séculos e séculos de boa música. Eh, cada
dia eu descubro um compositor que eu não conhecia. Como é que pode? Depois de 70 anos, eu descubro alguém! É impressionante, é um universo, né? É todo um universo de zilhões de compositores. Cinema não, mas a música, sim. Então, eh, essa é a diversão que você pode ter, tá certo? É essa a diversão, e ponto final. Passar daí você não vai conseguir ser um estudante, né? Você não consegue, você não consegue apaixonar-se pelo seu time, pela seleção, pelo não sei o quê. Você não consegue estudar. E a paixão, ela é antidisciplina, né? Ela é contra
a disciplina. Eh, ao passo que a música te ensina a disciplina, porque a música é disciplina, né? Música é uma disciplina. Eh, então escolher bem é o descanso da alma, o repouso da alma. Mas atenção: tudo isso é zero sem uma vida de oração. Se não há oração diária, se não há oração que divida seu dia, que ocupe todo seu dia, desde que acorde até dormir, tampouco se vai muito longe. Tampouco se vai muito longe. É o complemento da vida. Religiosa, e a vida de oração. Tá certo, é religiosa, é objetiva; ou seja, sacramentos do
padre, etc. Mas em casa você tem de ter oração; a oração tem de ser algo constante. Nunca se deve começar a estudar ou a trabalhar sem orar, sem rezar. Deve-se rezar antes disso, né? É porque isso nos dá graças atuais, né? Tá certo, nos dá graças atuais para escrever bem o livro, para entender um livro difícil, para entender uma aula difícil. A oração é um forte contributo, como dizem os portugueses, para isso, né? Sim, eu gostaria que o senhor comentasse um pouquinho também: a prática de esportes é lícita ou ilícita a um estudante que se
queira ser um estudante de filosofia, por exemplo? É, é, é... desde que não seja. Veja, uma vez eu conversava com uma ex-jogadora de basquete, tá certo, profissional, e ela me dizia que ser jogadora profissional de basquete tomava a vida dela inteira; era a vida dela inteira. Então, ela não fazia outra coisa, tá? Por isso é que ela parou; não fazia outra coisa. Bom, agora, você quer jogar uma pelada lá, um jogo de futebol? Vai lá, joga! Quer nadar? Nada. Não vejo nenhum problema nisso; ao contrário, eu não tenho nenhum pendor para essas coisas. Eu, na
juventude, jogava bola o tempo inteiro, né? Mas depois parei, nunca mais. Hoje eu não consigo obedecer ao médico que me manda fazer exercício, mas não há nenhum problema. Mas também não fazê-lo não implica nenhum problema; isso é de acordo com a pessoa. Há pessoas que precisam ter um desperdício de energia física, né? Em algum aspecto, tudo bem. Mas, se você vai se apaixonar, se você vai se enfronhar na coisa, não pense que você vai fazer isso e estudar ao mesmo tempo, porque não vai, entendeu? Não vai. Santo Tomás diz uma coisa muito interessante: que os
gordos são mais inteligentes porque, como são gordos, são obrigados a ficar paradões, em vez de serem estimulados por exercício e tal. Então ele estava pensando em si mesmo, que é o que tudo indica, que ele era gordo. Mas tem uma verdade nisso, certo? E o estudo requer, aqui ó, sedentarismo; o estudo é sedentário, né? Mas a pessoa, se conseguir equilibrar, isso tudo bem, tudo bem. Não há regra rígida para isso. É por isso que eu desconfio desses livros, dessas normas de como estudar. Faz assim, faz ass, porque depende muito da pessoa, né? Depende muito da
pessoa. Você dá uma norma demasiado rígida e geral, corre o risco de obstruir o desenvolvimento natural de uma pessoa, né? Pois é, eu poderia dizer: não, não faz exercício, não faz nada. Mas, se a pessoa precisa, então a única coisa que eu digo é o seguinte: não se enfronhe a ponto de que isto absorva a sua vida. Dê prioridade ao estudo, né? Dê prioridade a isso. Mas, se necessita gastar energia, eu... Eu adoro como é minha ginástica de dedo aqui no computador; para mim, é a maior ginástica possível, né? Levantamento de livro, né? Levantamento de
livro, halteres de livro, né? E, mas isso depende da pessoa, isso depende da pessoa, obviamente. Depende da pessoa, sim. Inclusive, essa é a pergunta do Wesley, e a minha próxima seria parecida também. Ele pergunta assim, duas perguntas: ah, o professor Carlos Nugu tem algum método de estudo? Bom, pelo que o senhor disse, né? Ao ler um livro, o que fazer com o esquecimento natural que ocorre ao longo dos dias? Devo revisitar o que foi visto? Se eu tenho um método, eu sou o cara mais bagunçado do mundo, tá? Eu não sou ordenado assim. Quer dizer,
sou ordenado no seguinte sentido: se eu pego um trabalho, sempre fiz assim; pego um trabalho de tradução que tem de ficar pronto em quatro meses, eu acabava em quatro meses, né? Tá certo? Eu sempre quis escrever o livro da Ardor Belo em cinco meses e meio, seis meses; escrevi, certo? Sempre fui assim. O único que escapa disso é o comentário sobre o Apocalipse, pela dificuldade intrínseca dele. Estou há oito anos nele, espero que saia esse ano. Mas eu não tenho um método assim, entendeu? Por exemplo, se eu estou escrevendo um livro, eu não faço nada
mais, certo? Não faço nada mais. Não estudo, não faço nada, tá? Só escrevo o livro. É claro, gravo as aulas, eu tenho de gravar as aulas, né? Eu gravo uma aula por dia, mais ou menos. São tantos cursos, o canal do YouTube, isso, aquilo; então, lives, né? Eu sempre tenho alguma coisa assim. Mas, se eu estou escrevendo o livro, eu não estudo. Se estudo, não, não escrevo; sabe uma coisa ou outra, tá? E tenho hoje um horário de seis, sete horas de trabalho, e quando eu era jovem chegava a quinze, dezesseis horas de trabalho, né?
Eu era realmente um "damo", mas a saúde não permite, hoje em dia. Não é só a saúde, né? Os remédios que eu tomo são muitos, me dão grande sonolência, então não posso mais que seis, sete horas, tá? Então é isso. Bom, quanto à leitura do livro, primeiro eu... isso nada... por quê? Porque eu já tenho setenta anos, sessenta anos de leitura. A memória é um órgão como que elástico, tá certo? É algo meio que elástico; quanto mais você lê, mais ela se vai alargando, e mais capacidade você tem de retenção. No início, você lê e
vai esquecer, tá certo? E o que que eu li mesmo? Vai lá e volta, volta lá, certo? Fica nisso. Mas não queira... lembrem-se do que eu disse, jovens: não sejam apressados, tá certo? Requer décadas para que a memória seja prodigiosa, elefantina. Santo Tomás tinha uma memória prodigiosa desde criança. É a exceção das exceções. A memória ótima só chega aos 50 anos, certo? Só chega aos 50 anos. No meu caso, a coisa se facilitou muito porque eu traduzi 250 livros, 300 livros, sei lá. E o tradutor tem de desenvolver a memória, tá? Naturalmente, não há nenhum
exercício para isso. Por quê? Ele tá traduzindo um livro de 800 páginas. Na página 31 ele escreve que traduziu certa coisa de maneira, e na página 640 apareceu a palavra de novo. Como é que ele traduziu antes? Entendeu? Então, você tem que ter uma memória constante ao longo da obra. Ora, eu trabalhei 40 anos, 45 anos traduzindo, então isso me ajudou muito a memória. Mas como quer que seja, a memória é resultado de seu próprio uso. Quanto mais usar a memória, mais ela registrará coisas. Então, no início, vai ser assim mesmo: esqueceu, volta. Há pessoas
que gostam de fazer anotações; faça. Eu não faço. Meus livros são um nojo, um asco. Eu rabisco aquilo tudo, eu vou lendo, rabiscando. Depois não tem nenhuma utilidade aqui de rabisco, mas me dá a sensação, na hora, de que estou anotando alguma coisa. Sei lá o que aquilo. Meu filho, no outro dia, brincou comigo. Mas é isso que eu vou edar, do Senhor. É impraticável; já é tudo rabiscado, com página dobrada. É uma coisa horrível. Outra coisa é: quando o livro é muito importante, você viu alguma coisa importante, ah, aqui você cola um papelzinho na
página importante, tá certo? Eu faço isso também; tem até umas coisinhas próprias para isso. Você põe aqui, né? Eu tenho os papéis transparentes que, inclusive, você pode colá-los por cima da letra e não atrapalhar. Não é que eu sou bagunçado mesmo, né? Entendeu? Então, mas isso... sabe, aqui tá na página que eu sei que é importante voltar. Tá certo? Isso daqui é porque é um livro do Padre Caldeirão que eu vou citar bastante no comentário ao Apocalipse, por isso eu fiz isso, tá? Mas vai com calma, calma, paciência, pachorra. Platão foi um grande metafísico, mas
sua própria metafísica malogrou porque ele não teve a paciência de Aristóteles de, durante 10 anos, constituir a lógica, né? Porque sem a lógica você não tem método. Sem método, você não faz uma boa metafísica. Aristóteles conseguiu porque teve a paciência de 10 anos e constituiu a lógica. Então, mutatis mutandis, quanta à memória, isso: vá com calma, vá com calma. Mas esse é um método bom. Uma coisa interessante é ali dar uma marcação qualquer que você possa voltar. Mas ainda assim vai? Eu não sei, eu não... eu não estou te vendo, mas parece... você é jovem,
né? Ah, sim, parece ser jovem. Professor, só um aviso aqui: eu acho que quando o senhor foi falar de Platão, a nossa live travou um pouquinho. Se o senhor puder repetir? Platão, durante tanto tempo, não teve a pachorra de Aristóteles, não? Platão foi um grande metafísico, mas a sua metafísica malogrou porque ele não teve a pachorra de constituir a lógica e, portanto, não constituiu um método que fizesse a metafísica sua não malograr. Foi o que fez Aristóteles. Antes de se aventurar na metafísica, ele formou a lógica, então ele teve a paciência. Pois bem, mutatis mutandis,
tenha a paciência com você e com sua memória, tá certo? Com sua memória. Há quem prometa métodos mnemônicos fabulosos. Alguns desses métodos mnemônicos são mais difíceis do que qualquer coisa. Você vai passar a vida estudando o método mnemônico e não vai ler nada. Então, deixe a natureza funcionar com o tempo, com a intimidade, com o gosto. Outra coisa que prejudica a memorização é que você tá lendo com a cabeça em outro lugar. Tá vendo? Você tá lendo com a cabeça na sua namorada, tá lendo com a cabeça no time de futebol, tá lendo aí... não,
na eleição, na eleição! Manda tudo às favas, o mundo às favas! Eleição Bolsonaro, Lula: manda tudo às favas e mergulha no livro! Mergulha no livro! Tenha a certeza de que vai reter mais do que até agora. Mas, ainda assim, dê tempo ao tempo. Dê tempo à sua idade. Você tem o quê? Uns 20 e poucos anos? Não sei, é difícil dizer, mas eu tenho 73. Veja, traduzi 250 livros, né? Milhares de livros. Então, hoje a memória funciona muito mais, claro! Obviamente, ela se alargou, ela se expandiu, ela consegue hoje captar coisas que eu não conseguia
captar quando tinha 10, 12, 15, 20, 30. É progressiva a coisa, tá? Então, marca, faz essa marcação na página naquilo que foi importante e volta lá se não lembrar. Sim, senhor! Quer comentar um pouquinho daquele pequeno livrinho de Santo Tomás do modo de estudar? Ele dá alguns conselhos para estudantes ali? Não, não, mas são tão genéricos, né? Sim, não tem intimidade com os outros. Mas veja bem, veja bem... aquilo ali é para a vida religiosa, né? Tá certo? Para religiosos. Não sei se vocês viram, eu fiz o meu decálogo, que está no Estudos Tomistas, Opúsculos
Dois. Se você me permite, eu procuro aqui e leio. Claro! Enquanto o senhor está procurando, deixe-me só colocar uma pergunta que creio que seja de um padre, padre Sander. Aqui ele pergunta o que o professor teria a dizer sobre o método em Teologia do Bernard Lonergan. Pera aí, um instantinho só. Tá ok. Estudos Tomistas... é aqui que tá Estudos Tomistas, Opúsculos Dois. Tá bem no começo. Deixa-me ver... já já tô aqui. 10 conselhos, 10 conselhos... isso! Vamos ver aqui. Pode procurar que o senhor vai achar. Vamos lá. 10 recomendações. Ah, 10 recomendações! Isso! Antes, no
Facebook, depois o senhor publicou em livro. Tá aqui. Eh, eu acho que essa é mais adequada que a de Santo Tomás, porque eu sou um leigo falando para leigos, né? Eh, bom, o que eu digo primeiro? Ter uma vida regular de sacramentos e de oração, tá? Eu já falei disso aqui. Segundo, oferecer a Deus os sacrifícios exigidos pela vida de estudos. Três, ter Santo Tomás de Aquino como doutor comum. Quatro, ter um bom mestre; o autodidatismo é uma miragem perniciosa, digo por experiência própria. Seguir ao mestre e a ordem de estudos dadas por ele enquanto
não é possível voar com asas próprias. Seis, não ter pressa em alcançar a sabedoria; isso pode levar 20, 30 anos. Sete, ter o próprio lugar de estudos como uma cela monástica; já falei disso aqui também. Oito, fugir das distrações nocivas do mundo, mas não deixar de frequentar a boa arte e a diversão sadia em medida razoável. Sem isso, na maioria dos homens, este o espírito esgarça o espírito. Nove, nunca perder a verdadeira humildade, ainda quando já se tenha alcançado um bom grau de sabedoria, nem nunca procurar a glória do mundo; isso é fundamental. E, por
último, essencial para um leigo, né? E também para um religioso, um padre: nunca deixar de cumprir os deveres de estado. Se você é casado, a família em primeiro lugar, tá? Então, eh, isso eu acho eh mais apropriado eh para os leigos. Eh, eu li em velocidade captável para todo mundo, sim, sim, sim. Então é isso, né? Na verdade, eu já tinha falado de tudo isso, né? Eh, só ficou um resumo. Bom, vamos para o padre Sander Rudnick; eh, não sei se é assim que se pronuncia. O que o professor teria a dizer sobre o método
em Teologia de Bernardo Loner? Não conheço, não conheço. Ele é esse autor, é aquele famoso autor e foi muito divulgado aqui, creio que até pelo Olavo de Carvalho, que escreveu aquele livro "Inteligência: um Insight", não sei o que lá. É um livro enorme, né? É enorme, esgotou inclusive. É, o que eu sei é por parceiros meus que ele não é tomista, tá certo? Ou seja, que ele discrepa da doutrina de Santo Tomás. E eu sou tomista. É o que eu posso dizer. Desculpa, padre Luí Andrade. Essas lives do Bertone com o Nugu são sempre excelentes.
Muito obrigado, Luí. Agradecemos a audiência e o carinho. Jorge Melo. Professor, quais os problemas ou limitações da vida intelectual de Ser Tilan? É isso, é demasiado regra, entendeu? É demasiada. Você lê um livro daquela grossura e depois se pergunta: "Tá, mas como é que eu vou aplicar isso tudo na minha vida?", né? Eh, eu prefiro essas recomendações bem genéricas que eu dei a ele. Olha, fui eu que revisei esse livro, não o do senhor. Está ao lado aqui. A versão do senhor é essa aqui, ó. Eu revisei ou traduzi, é bem melhor essa aqui. Vamos
ver aqui, edição bilíngue. Esta aqui. Que que essa primeira que eu tinha não é bilíngue? Ah, deixa-me ver aqui na primeira página: revisão técnica de Carlos Nugu. Ah, eu fiz uma apresentação, salvo engano, também. A apresentação, também, página 13. Eh, ou seja, tem seus méritos, mas é cheio de detalhes, né? Eu, enquanto trabalhava no livro, disse: "Eu não vou cumprir isso daqui, nem aqui, nem na China", né? Até porque ele acordava cedo, né, professor? Ele acordava cedo. Eu sou um notívago, sabe? Eh, eu sou o oposto do que ele diz, eh? Eu dizia: "Mas ele
tá me criticando aqui, eu tô corrigindo o texto dele aqui", eh eh. Então, é isso, né? Eh, não é que haja problemas. Eu não vou apontar problemas concretos, né? Há quem possa tirar utilidade de sua leitura. Eu, sinceramente, não tirei, tá? Eh, agora, tem de ter o livro. Tem de ler o livro. Eu li. Claro, é um livro importante, mas eu, particularmente, eh, neste sentido aqui, eu sou meio anarquista, sabe assim? É no sentido de que cada um encontra seu meio, sabe? Cada um, é isso mesmo, você violentar demais o pendor, a personalidade da pessoa,
da zebra, sabe? É melhor deixar a natureza individual comandar um pouco, tá certo? E você só reprimir da natureza individual, dos pendores individuais, aquilo que seja nocivo, tá certo? O que não for nocivo, o que for neutro, vai. Eu, por exemplo, eh, eu só sei trabalhar noturnamente, não tem jeito. Eu não consigo trabalhar de dia, eh, isso é nocivo para a vida de estudo? Não, não. Por que seria? Diz o cientista que sim, que é, para mim não foi, tá certo? Para mim não foi. Minha obra demonstra que não foi, tá? Então, por que que
eu vou reprimir uma coisa dessa e vou forçar uma situação que vai me dificultar a vida, tá certo? Agora, eu tive de equilibrar isso com deveres de estado, tive de equilibrar isso com várias coisas. Então, você vai moldando as suas tendências pessoais, não nocivas, que, em si, são neutras. Você vai moldando a seus objetivos. No caso de um leigo, é a conjugação. Um leigo casado: a conjugação dos deveres de estado com o estudo, não é isso? Com o estudo, com a produção intelectual, sim. Agora, a nossa audiência está aumentando; estamos com quase uma hora e
meia de live. Uma outra pergunta aqui: Professor, quais são os erros mais comuns que os estudantes cometem, principalmente quando estão iniciando sua vida de estudo? Sei que o senhor falou de algum deles; se quiser, fale de mais alguns erros. Em que sentido? Erros intelectuais, por exemplo, a pressa, a pressa de aprender, seria um deles, né? Ah, isso sem dúvida! Sem dúvida! É típico. O estudante de hoje, o moderno, ele diz: "Eu sou burro, eu não consigo", mas ele tá estudando há... Um ano só sabe, eh. São 30 anos, 20 anos é muito tempo, né? Nós
não somos Santo Tomás, não temos a inteligência de Santo Tomás. Nós somos menores e temos de conformar-nos com isso, igual a Santo Tomás. Não, não há, então, eh, nós somos lentos mesmo. Esse é um problema, tá certo? O outro é a distração, né? Tá certo, a distração é tremenda, eh, você ler um livro pensando no seu time de futebol, pensando na namorada ou em coisas piores, entendeu? É claro, é claro que não vai ter concentração, é claro que a memória não vai funcionar, eh. Então, são os defeitos dos jovens em geral, tá certo? Mas há
tantos jovens tão diferentes entre si; eu vejo jovens tão diferentes entre si. Eh, agora uma coisa eu afirmo, né? Eh, tem mais disciplina aquele que tem uma vida religiosa. Sem dúvida alguma! Sem dúvida alguma isso é patente. E vê-se logo que tem uma vida sacramental e de oração regular; ele tem mais disciplina. Sem dúvida alguma, tem mais disciplina, sim. Creio que outra coisa que atrapalha também, o senhor pode dizer, são aqueles que começam a estudar e se envolvem em polêmicas, em debates e discussões na internet, né? Porque a internet virou uma máquina de polêmicas. É,
é, é terrível a internet. É um horror, sabe? Eh, é um dos sete demônios realmente do fim dos tempos. Porque eh, o que está estudando, ele no máximo, se ele tem uma vida pública, ele deve repetir o que o Mestre diz. Isso é a primeira coisa. Eu, durante 5 anos, repeti o que dizia meu mestre. Eu mesmo me dizia: eu sou um papagaio. Eu repito, tá certo? Eu repito. Mas eu já tinha uma vida pública, tá? O ideal é não tê-la, tá? O ideal é não tê-la, só tê-la depois de consolidado. Mas o meu caso
não é típico por causa disso, porque, dada a minha idade, eu tive uma formação diferente, né? Tá certo? Eu, quando saí do ensino secundário, do segundo grau, sei lá como se diz no ensino médio, quando eu saí, eu já tinha todos os instrumentos com que eu sobreviveria na vida, né? Eu sobrevivi a vida inteira como tradutor, como escritor de dicionários, etc. Tudo isso, graças ao que eu aprendi no ensino médio, né? Eu sabia latim bastante bem, sabia francês perfeitamente, sabia português mais perfeitamente ainda. Isso daí me permitiu. Isso não é a norma, né? Isso está
longe de ser a norma de hoje, né? Então, eh, o ideal para o jovem de hoje é não se envolver em polêmicas. O ideal eh não ter vida pública até que ele sinta que tenha asas próprias para voar. Mas até que o sinta, eh, verdadeiramente, né? Tá certo? Ele não pode estar movido pelo anseio de glória, tá? Ele não pode estar movido. A única coisa que deve mover-nos a entrar em debates, não sei o quê, é suposta competência, é a defesa da verdade, tá certo? É a única coisa, nada mais que isso, nada mais. Se
você eh começa uma vida pública com interesses outros que a verdade, que é a defesa da fé, da religião, etc., verdadeira defesa, você já começou errado. A glória do mundo é exatamente o oposto de uma vida de estudo, tá? Nos antípodas de uma vida de estudo sério, né? Católica, eh. Então, o ideal é que o jovem não se meta nessas coisas, sabe? Fique calado, etc., e durante um tempo, enquanto está estudando, seja qual for seu mestre, repita, papagaio, o mestre, tá certo? Repita, repita até que você sinta verdadeiramente que tem condições de voar com asas
próprias. Ótimo. Eh, algumas perguntas aqui do canal chamado Tio Platão. Ele diz assim: professor, quais diálogos de Platão são essenciais para prosseguir nos estudos de filosofia? Bom, nos 5 anos que eu dou da escola tomista, não há nenhum diálogo de Platão. Não há nenhum, tá? Embora eu refira sempre. E uma parte da escola tomista trava. Professor, o senhor pode repetir? Nos 5 anos, nos C anos da minha escola tomista, né? Não há, assim, nenhum diálogo de Platão entre em jogo, a não ser na parte da história da filosofia, tá certo? Aí sim, Platão ganha seu
lugar, tá como mestre de Aristóteles, eh, mas também dialeticamente, para mostrar a resposta de Aristóteles à doutrina das ideias de Platão. Como quer que seja, eh. Há um diálogo que eu uso. Agora me lembrei que eu uso objetivamente na escola tomista, que é a República, tá? É o da República porque eh, ele é um modelo de política, de ciência da política, tá? A República de Platão é superior à Política de Aristóteles, né? A Política de Aristóteles é plana, é chata. A de Platão eleva-se, né? Apesar de, no final, incorrer naquela bobagem do mito de Er,
tá certo? Aí ele se torna órfico, transmigração da alma, essas bobagens todas. Mas a parte não ótica da República é fundamental e das Leis também, né? Então, por esse ângulo. Agora, claro, o Timeu tem grande importância. O Timeu é importantíssimo, aliás, São Tomás eh não cumpriu, mas ele tinha o desejo de fazer o comentário do Timeu de Platão, né? Porque realmente é um livro admirável. Eu particularmente gosto muito do Parmênides e, enfim, é isso. E do Crátilo, não é? E do Crátilo, tá? Tá aí na parte da lógica relativa à gramática, né? O Crátilo é
essencial. Mais uma vez, o Crátilo, junto com o Peri Ermenias de Aristóteles, é o que constitui a minha gramática. Minha gramática é a soma do Crátilo mais o Peri Ermenias de Aristóteles. Aristóteles tem uma vontade com Crátilo. Aristóteles é um pouco rabugento com Crátilo, né? O senhor disse que é o diálogo preferido do padre Caldeirão, também não é? Também não, eu acho que o dele é A República, né? É, o senhor diz em algum momento que era o na escola atomista, mesmo que o preferido do padre. E Crátilo pode ser, mas então as minhas gramáticas
e agora o meu livro que vai sair agora é do verbo mental ao verbo escrito, né? É Crátilo para lá, Crátilo para cá. É fundamental. Então, são esses os essenciais: Crátilo, no âmbito da política, leis e república. Tá? No âmbito da metafísica, Timeu... Timeu é, eu acho que o meu Parmênides é fundamental também, né? Quando ele comete o parricídio de Parmênides. Então, mas na ordem de estudos, ele, na minha escola, é secundário. Aristóteles vem antes dele. Santo Tomás vem antes de todo mundo, e Santo Tomás e Aristóteles depois. Agora, quando entra ou na questão da
lógica relativa à linguagem ou na política, então Platão é obrigatório. Na metafísica, só é obrigatório em confronto com a crítica, para mim correta, de Aristóteles, à doutrina do hiperurânio, né? Das ideias. Ótimo, o Gabriel fez uma pergunta legal. Eu quero emendar a pergunta dele com uma pergunta minha. Professor, eu sou estudante de engenharia. Acha que posso conciliar meus estudos atuais com a Filosofia? Lembro-me de alguma citação que diz: "não se pode aprender duas coisas ao mesmo tempo" e eu gostaria de perguntar ao senhor como é que anda a vida intelectual, ou seja, os estudos do
tomismo na Academia Brasileira. Pera, pera, pera, pera aí. São duas perguntas: ele diz se dá... Primeiro, ele pergunta se dá para conciliar. Vamos por partes. Vamos por partes. Se pode aprender... Se se pode aprender duas coisas ao mesmo tempo, é essa citação. Santo Tomás também a repete: é ao mesmo tempo mesmo, né? Entendeu? Ou seja, eu leio uma coisa, leio outra. Leio uma coisa, leio outra. As duas coisas... Mês é isso. Tá? Não se pode pensar em duas coisas ao mesmo tempo. Essa é a citação correta: não se pode pensar... Não se podem pensar duas
coisas ao mesmo tempo. Agora, claro que estudando engenharia, vej... Vej... O meu caso é: eu trabalhei, trabalhei na década de 2000 a 2015, dando aula no Brasil inteiro, viajando todo fim de semana. Todo fim de semana eu tomava um avião no Rio, ia para algum estado do país. Isso na sexta-feira, voltava na segunda, traduzia, escrevia dicionários e fazia ainda o meu estudo etc. Tá? Claro que escrever livros eu só consegui quando abandonei o magistério, né? Quando abandonei a faculdade. Aí sim, porque realmente essas viagens... Mas eu nunca deixei de estudar por causa disso. Então, eu
conjugava viajar todo fim de semana de avião, com medo de avião, como eu tenho. Eu não tenho medo, eu tenho pânico. Todo fim de semana, durante 10 anos. Foram 15 anos, na verdade. Não é fácil, e ainda assim eu estudei. Entendeu? Nunca parei de estudar. É perfeitamente possível. E a minha pergunta é a seguinte: é possível ter uma vida intelectual, quer dizer, uma vida intelectual de estudos tomistas, de Filosofia, mesmo dependendo da academia? Como an... Tomismo aqui no Brasil e no mundo, dentro e fora das universidades? Se depender da academia, pega o chapéu e embora,
né? Entendeu? Tirante mínimos núcleos, né? Mínimos núcleos e estão muito manietados, né? Ou seja, eles não podem fazer muita coisa, né? Claro, há mínimos núcleos, mas formação global na academia não é impossível. Na academia, você desaprende, né? É isso que eu... Veja, eu não estou fazendo campanha contra o estudo universitário como alguém fazia aí, né? Ou seja, não tem de estudar, tem de se formar. A vida tá aí, você vai casar, vai não sei o quê. Tá tudo isso tem que ser feito. Só não espere da academia o que ela não pode dar. Hoje o
estudo é todo voltado para a locação socioeconômica, ponto final. Ele não é voltado para a verdade. Sim, uma outra pergunta aqui, chegando já ao final, também, que é a seguinte: todos os estudantes católicos devem ler as Sagradas Escrituras e as decisões do Magistério da Igreja. Pera aí, como é que é? Todos os estudantes católicos ou os estudantes de filosofia, no geral, católicos, devem ler as Sagradas Escrituras e as decisões do Magistério da Igreja? Depende do tempo de que você está falando. Eu, por exemplo, dou um curso de comentário à Suma Teológica, artigo a artigo. É
um curso de 4 anos. Qual é o requisito? Que conheça o Catecismo Romano, tá certo? Esse é o requisito. Conheça o Catecismo Romano ou de São Pio X, tá? Um desses dois. Esse é o requisito, né? Ler isso tudo é ideal. Agora, vai com tempo, né? Você não... Há uma mania que é a seguinte: "Ah, eu tenho de ler o Magistério da Igreja, então não vou fazer mais nada, só vou ler o Magistério da Igreja." Não é assim. Vai aos poucos, né? O Magistério da Igreja é imenso, é imenso. Você não sabe por onde começar.
Aquilo é imenso, né? O Centro Dom Bosco lançou... Tá ali atrás, não tá? Olha lá atrás dele, aqueles livrinhos, cinco volumes brancos. Isso daí é uma fagulha do Magistério da Igreja. Ah, não, pera aí! Esses aqui são os da história da Europa, os do da... Esses aqui estão do lado do padre Caldeirão, que é Guardiões da Tradição. É, então isso... Isso aí é uma poeirinha do Magistério da Igreja. Imagina, então como é que você vai ler tudo, né? O ideal é ler o Denzinger, né? S... Mas o Denzinger atual não é bom. Tem de encontrar
o Denzinger antigo. Ler o Denzinger é interessante, e depois vai lendo as... Encíclicas pouco a pouco, mas é, se é obrigatório, você deve conhecer antes de tudo o catecismo, certo? O catecismo da Igreja Católica, ou pelo menos o de São Pio X. Depois, se possível, ler o magistério da Igreja quanto às Sagradas Escrituras. Vai lendo, entendeu? Vai lendo. Mas claro, antes de tudo, leia o Novo Testamento, tá certo? O principal é ler os Evangelhos; os Evangelhos são o principal. Um livro que deveria ser de cabeceira de todo mundo é o Apocalipse de São João. Mas
eu reconheço que ele é difícil, por isso é que eu estou escrevendo um comentário sobre o Apocalipse, exatamente para permitir que as pessoas entendam esse livro que é mais que fundamental para os dias de hoje. Você quer entender os dias de hoje? Você vai entender, entendendo o Apocalipse. Mas ele é o livro mais difícil das Escrituras. Tudo isso deve ser lido, sem dúvida alguma. Um católico que não leu os Evangelhos está na dívida, né? E um católico que não conhece o catecismo, esse tá mal mesmo, né? Porque o catecismo é fundamental, ou o da Igreja
Católica, ou pelo menos o de São Pio X. Então sim, deve ler. Sim, claro. E a última aqui, para encerrar, na verdade é uma curiosidade que eu tenho: eu queria saber do senhor o que fazer quando esbarramos com dificuldades que nos parecem de impossível resolução. Por exemplo, quando o senhor está escrevendo o Apocalipse, eu sei que o senhor esbarrou com várias dificuldades ao longo desses oito anos, né? Como é que o senhor fazia? O senhor tinha pressa de resolvê-las? O senhor colocava nas mãos de Deus? Como é que era? Eu sou um sujeito tranquilo, sabe?
Assim, eu faço o que posso, se não posso, não faço. Entendeu? Eu sempre disse: "eu tô tentando escrever o comentário ao Apocalipse; se eu não conseguir, eu não consegui." Entendeu? Pronto, que eu posso fazer? Quando esbarro numa dificuldade tremenda do Apocalipse, eu adio a escrita. Entendeu? Eu paro. É diferente dos outros livros. Por exemplo, o livro que vai sair agora, que é junto com "A Arte do Belo", que é meu livro mais importante, né? Do Verbo Mental ao Verbo Escrito, esse eu disse: "eu tenho de terminar em sete meses." Terminei em oito. Tá certo? Então
esses eu programo, mas eu não posso programar algo como o comentário ao Apocalipse, né? E o do Papa Herético também, do Papa Herético eu levei muito tempo; mas é um texto de 80 a 90 páginas, não é mais. Sim, mas há dificuldades ali, não? Sim, há. O senhor teve de resolver, né? Não, e teve muita pesquisa ali, né? Entendeu? Código Canônico de 1917, etc. E tal. Quando o assunto é teológico, eu tenho de ter o máximo cuidado, sou leigo, né? Entendeu? Eu tenho de ter certeza de que eu não estou incorrendo em nada temerário, etc.
Então, no caso do Apocalipse, eu parei, encontrei uma dificuldade, parei, esqueci o livro lá, aí vou ler outros a respeito até que um dia me veio uma luz. Tá certo? Agora, lendo o livro do Padre Caldeirão sobre a missa, que é um livro fundamental, esse que eu mostrei aqui, que está todo mal traduzido, coitado. Olha aqui, aliás, minha nova remessa chegou na nossa; olha como isso daqui, aqui, olha só! É tudo rabiscado aqui. Eu já resolvi outra coisa, entendeu? Ou seja, eu vou tentando, né? Mas eu não fico nervoso, não. Se não sair, não saiu,
que eu posso? Minha nova remessa desse livro chegou na... Seis anos com 73 anos. A morte, ela é assim; é uma companheira nossa, né? A gente tá sempre esperando a visita dela, então tô tranquilo, entendeu? Ou seja, eu fiz uma das coisas que é mais fundamental para a vida de todo o mundo, de todo católico: é a preparação para a morte, né? Isso deve ser feito. Todos devem fazer. O Padre Caldeirão diz, aliás, nesse livro muito interessante, que nos exercícios de Santo Inácio, que ele comandava, os jovens que chegavam para fazer os exercícios ficavam assim,
né? "Ah, morte! Preparação para a morte!" Não, pensa na morte. Mas a morte é para ser pensada o tempo inteiro. Por isso, os franciscanos tinham sempre uma caveirinha, um crânio aqui, olhando para lá, olhando para a morte. Se você se entrega de fato a esse exercício que é fundamental na vida espiritual, a preparação para a morte, é... você sai um livro, não sai? Pronto, entendeu? Fica em segundo plano. Sim, bom. Então, para encerrar, eu vou colocar mais três comentários em tela, tá? Mas só depois. Você me permite uma falação só? Ah, fique à vontade, você
fala, depois no final. No final, tá bom. Grande João Berton. Carlos Nugen. No mês que vem darei entrada no mosteiro. Quando me tornar monge, quero ser aluno da Escola Autotomista e me tornar o monge tomista, com a graça de Deus. Amém. Aí o Gabriel diz assim: "Professor, fugindo um pouquinho do tema da Live, mas tá... O que acha das Profecias de Daniel?" Acho absolutamente fantásticas. Sim, sim. O Apocalipse, ele, grande parte das imagens, da imagética e tal, são tomados de Daniel, de Ezequiel e de Isaías, né? São os três mais... alguns modernos querem dizer que
as imagens do Apocalipse vêm da Babilônia, mas não, vêm sobretudo de Daniel, Ezequiel e, em menor grau, também de Isaías, né? Na verdade, o Apocalipse é um complemento das Profecias de Daniel, tá? Tanto a da estátua enorme, né? Com pés de vários metais, como do sonho de Daniel, né? As imagens do sonho de Daniel, na verdade, é o apocalipse. São João começa nos pés da estátua de Nabucodonosor, né? Começa ali; é uma continuidade, é pura continuidade com Daniel. Maravilha! O Jeferson coloca, querendo muito essa obra do Padre Caldeirão. Minha remessa ficou retida por um tempo
aqui na Alfândega, mas ela já está aqui. Eu creio que eu vá anunciar os novos livros entre amanhã e a semana que vem. Livra! É um livraço; é, é, é para quem tem amor à Santa Missa. É um livro; e é o primeiro livro místico do Padre Caldeirão, tá certo? O livro "A Candeia" era um livro assim, era uma questão disputada, né? Os outros livros também eram assim. Ele já começa dizendo que não é um livro de teologia porque não usa o método da Escolástica, o método da disputa. É um livro de um místico, é
o lado místico de Caldeirão, tá aqui, tá? É um livro sensacional, realmente maravilhoso. E se eu fosse, como é que é o nome dela? Castela? Eu traduzia agora mesmo porque venderia como água. E é assim, uma exaltação da missa, que é uma coisa impressionante, né? Impressionante! Ele fala tudo na missa e termina falando da missa e dos últimos tempos. Isso é sensacional para mim, caiu como uma luva, né? É um livraço perfeito. E eu coloco aqui novamente: não se esqueçam de deixar o like, pessoal! Então deixem o like; eu nunca peço, mas já que pediram
por mim, então está aí. Professor, o Senhor tem a dizer: anuncio o seguinte: dia 3 do mês que vem começa um novo curso meu de 12 aulas chamado "Fé e Ciência". "Fé e Ciência" são 12 aulas que serão gravadas, tá? E percorre tudo, desde o mito na Grécia, o mito na Índia, o mito hinduísta, passando pelos pré-socráticos, por Platão, por Aristóteles, passando pela Encarnação de Cristo, depois Ptolomeu, e vamos a Copérnico. E aí vamos ao relativismo, darwinismo; tudo, fé e ciência. É um curso que o João sabe; eu estou programado, estava com vontade de lançá-lo
há muito tempo, só que as condições objetivas só vieram agora para lançá-lo. Então, vocês estão convidados a participar. Creio que não é um preço alto, não me lembro, mas creio que não é um preço alto. Amanhã vai sair a divulgação mais intensa, né? Eu vou até pedir a você, João, que amanhã, depois que saírem os dados do curso e o link, você ponha nos comentários, na descrição, vou colocar. E outra coisa: se o senhor achar oportuno, pode voltar aqui antes do lançamento do curso ou até durante o curso, se for oportuno, para que nós possamos
fazer mais uma live aqui. Eu gostaria de voltar antes, porque aí o que eu expliquei aqui em três palavras, eu explicaria em 20 palavras, né? Perfeito, nós marcamos então uma data para essa nova live. Claro, claro! Tá bom, então é isso. Muito obrigado! Agradeço a todos pela audiência. Essa live, uma vez mais, vai ficar aqui no meu canal. Se o professor quiser repostar no canal dele, fica à vontade. Eu vou repostar essa semana agora então! Muito obrigado a todos pela audiência e vemo-nos aí em uma próxima oportunidade. Boa noite, fiquem com Deus! Boa noite! Grande
abraço a todos!