[Música] Imagine sua história como uma linha do tempo quantos altos e baixos já viveu alegrias Dores superações obstáculos a verdade é que essa linha não é assim tão linear inúmeros fatores internos e externos influenciam o tempo todo nossas jornadas e as tornam únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva uma vida inteira e se criássemos oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudássemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possível e por isso desde 2003 apoiamos projetos inspiradores com objetivo de incentivar o protagonismo
social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas no futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidades Boa noite estamos começando mais uma gravação do programa Café Filosófico CPFL agradecer a todo mundo que está acompanhando a gente pelo YouTube e fazer o convite para para vocês se inscreverem no nosso canal para terem acesso a mais de 20 anos de gravações do Café Filosófico e também para ficarem por dentro da nossa programação para ano Agradeço todo mundo também que veio em Campinas hoje casa cheia aqui
para ver a palestra de hoje Muitíssimo obrigado e dar um aviso aqui também para vocês sobre as nossas redes sociais eh tanto no Instagram quanto no tiktok o nosso @ @ cafos CPFL e lá também vocês podem ver cortes do nosso programa e a gente tá começando agora o Café Filosófico CPFL [Música] hoje a gente dá continuidade ao módulo novas mulheres antigos papéis que tem curadoria de Luna Lobão e ela tem um vídeo falando um pouco do módulo pra gente Oi pessoal aqui é Luna Lobão historiadora e curadora da nova série do Café Filosófico CPFL
novas mulheres antigos papéis nessa série A gente Visa refletir sobre as questões femininas sobre a história das mulheres mas mais do que isso sobre o nosso contemporâneo sobre tudo aquilo que nos aflige nos angustia sobre o nosso trabalho nosso trabalho invisível nossos traumas e toda a nossa potência que às vezes está escondida sobre tantos outros sonhos sobre tudo aquilo que a gente traz das mulheres que vieram Antes de nós e as possibilidades de futuro mas mais ainda do nosso presente então é um módulo formado por mulheres para debater e refletir a nossa história e as
nossas questões sobre lentes femininas eu espero que vocês gostem até a próxima um abraço e o tema de hoje é trauma potência e a reparação com Ediane Ribeiro Ediane é psicóloga pela Universidade de Brasília com formação em trauma psicológico pela National institute for the Clinical application of behavioral medicine pós-graduanda em neurociências e comportamento pela PUC do Rio Grande do Sul coautora do livro Os desafios do psicólogo Clínico no setting terapêutico palestrante para empresas e escolas nas áreas de saúde mental mulher e carreira trauma emoções e comportamento então por favor recebam com aplausos a nossa convidada
de hoje Ediane seja muito bem-vinda ao Café Filosófico CPFL a palavra é toda sua obrigada Felipe eu quero começar agradecendo então eu quero agradecer toda a equipe do café que foi muito gentil comigo desde o convite tudo que a gente prepara para chegar até aqui esse encontro né Tem muitas pessoas trabalhando para que esse encontro possa acontecer e eu agradeço cada uma delas em especial A Luna Lobão que foi quem me fez o convite e e me deixou muito feliz com esse convite porque eu tenho uma relação antiga com o Café Filosófico quase da época
que eu tava nessa idade aqui talvez com um pouquinho menos de colágeno já Vocês têm mais colágeno do que eu estava uns 20 e Poucos Anos Atrás não 20 anos atrás saindo da faculdade de psicologia só tinha uma canetinha e um sonho e assistia O Café Filosófico me inspirava com as pessoas incríveis que que passaram por aqui eh e dentre Esses Sonhos Não estava sentar nessa cadeira porque naquela época esse sonho não cabia no meu radar e essa é uma das coisas que eu vou falar hoje o trauma rouba a nossa capacidade de sonhar então
eu tô muito emocionada se eu me emocionar aqui talvez borre um pouco mas a gente segue junto a gente faz um continente para barcar todas as emoções assim como se vocês se emocionarem também eu espero que a emoção de vocês seja bem recepcionada mas eu tô feliz e muito muito muito muito emocionada de est aqui eh num programa que eu acompanho há tanto tempo e que já me inspirou tanto quero agradecer a presença de cada pessoa aqui hoje né nessa casa cheia diversa tô achando uma plateia bonita diversa em idade em gênero em raça e
quero agradecer o tempo de vocês porque cada cada vez mais o nosso tempo é o nosso maior artigo de luxo Quero agradecer o pessoal que tá assistindo de casa pelo YouTube então a vocês que estão aqui quem tá de casa eu espero realmente conseguir Honrar o tempo de vocês nesse encontro que é uma das coisas que eu mais gosto de fazer que são encontros e eu espero que esse encontro eh possa nos transformar que eu possa sair daqui com um pouquinho de vocês que vocês possam sair daqui com um pouquinho de mim muito obrigada bom
vamos falar sobre trauma mas como Luna falou no vídeo Esse é o terceiro encontro de uma série que já teve antes a historiadora Luana e a escritora Eliana rigol e elas fizeram um passeio sobre a caminhada das mulheres na história até AG agora o que já enfrentamos os desafios o que conquistamos o que parece que conquistamos Mas pode ser que não tanto assim então elas trouxeram alguns elementos importantes paraa fala que eu vou fazer hoje que é convidar todas e todos vocês aqui presentes e nos assistindo a pensar tudo isso que significa ser mulher na
sociedade atual pelas lentes do Cuidado informado sobre trauma E daqui a pouquinho vou explicar um pouquinho o que é essa abordagem que eu trago para vocês de trauma mas eu já quero dizer que a gente não vai falar só sobre dor e só sobre ferida mas a gente vai falar também bastante de potência por isso eh fizemos questão que esse nome tivesse no título porque trabalhar com trauma não é sobre só mergulhar na dor e nas feridas é sobre encontrarmos os tesouros que ficam escondidos pela dor é sobre uma reconexão com a nossa potência e
é para esta travessia que eu tô convidando vocês agora uma travessia que para mim começou lá muito atrás lá quando eu me lembro eu tenho poucas Memórias da minha infância antes dos 8 anos de idade Essa é também uma das marcas do trauma ele apaga algumas memórias e lá pelos 8 anos de idade quando eu tenho começo a ter flashes de memórias eu me lembro de uma situação recorrente que era eu sentada na primeira fileira da sala de aula os pés tensionados no tênis o ombro colado na orelha o maxilar completamente tensionado a boca seca
e tudo isso todo esse corpo em estado de defesa se preparava para ouvir a professora chamar o meu nome para continuar a leitura de um texto em voz alta qualquer situação que eu me sentisse minimamente exposta o meu corpo entrava numa defesa que me fez passar uma boa parte da Infância e da adolescência calada veja só hoje tem que me roubar o microfone desligar meu microfone para eu não parar de falar aqui pra gente não ir até meia-noite e eu passei a infância e a adolescência absolutamente considerada por mim mesma e por todos que me
cercavam como uma criança e uma adolescente extremamente tímida demorou muito tempo para eu entender que eu não era tímida eu era assustada trauma é sobre medo então se vocês esquecerem tudo que eu vou falar aqui agora lembrem-se que trauma é sobre a partir de experiências que vivemos olhar pro mundo pelas lentes do medo e do perigo e eu já muito cedo na minha infância que venho de uma história de traumas importantes nos relacionamentos parentais lá cedo criança aprendi a olhar pro mundo pelas lentes do medo e do perigo quando eu tive na Ásia um tempo
atrás no sudoeste asiático eu ouvi de um monge que a gente trabalha com aquilo que a gente mais precisa aprender então certamente ninguém mais precisa sobre trauma nessa sala do que eu e talvez por isso eu precise trabalhar com isso e Aprendi algumas coisas e é isso que eu eso compartilhar aqui com vocês a travessia dessa menina de 8 anos que ficava assustada ao ser convidada a ler um texto em voz alta e que agora trabalha basicamente com comunicação basicamente 100% do meu trabalho é sobre comunicação Então me deem suas mãos e vamos juntas juntos
e juntes eh para falar sobre trauma é importante saber de que lugar de trauma de que lugar de entendimento de trauma eu vou falar para vocês porque o trauma não é um tema novo nem nas áreas PSI nem nas áreas que estudam comportamento e mente humana e nem muito menos na história da humanidade né para vocês terem uma ideia os primeiros registros do que pode ser chamado de estress pós-traumático datam de 490 antes de Cristo nos escritos do Historiador grego Heródoto quando ele escrevia sobre um guerreiro de batalha é o seguinte de repente ele perdeu
a visão de ambos os olhos embora nada o tivesse tocado Então nesse escrito a gente já começa a ver um interesse do entendimento dos mistérios que envolvem mente e corpo e o trauma é um da um dos fenômenos que se instala na conexão mente e corpo e como essas dimensões nossas se relacionam a partir de experiências desafiadoras durante muito tempo esse escrito foi considerado o escrito mais antigo que a gente tinha sobre trauma mas mais recentemente alguns pesquisadores do Reino Unido estudando documentos da antiga Mesopotâmia apontaram evidência de estés traumáticos 1500 antes de. Cristo então
eles traziam relatos como relatos de soldados que afirmavam estar sendo visitados por fantasmas que enfrentaram em batalha então talvez o trauma seja tão antigo quanto a história da humanidade e isso faz muito sentido na abordagem que eu trabalho que é a abordagem do Cuidado informado sobre trauma ou trauma informate care como vocês vão encontrar mais fortemente na internet que é uma abordagem multidisciplinar sobre trauma que recebe influência das neurociências da neurobiologia interpessoal e da Psicologia o trauma é parte da vida ele faz parte da experiência humana antes da ciência moderna do trauma já na já
fazendo parte da História Moderna lá pelos final do século XIX os precursores da Neurologia da psicologia da psiquiatria como charc eh Pier Janet o próprio Freud também já se interessavam pelo fenômeno do das memórias traumáticas e como elas afetavam o corpo e a vida de uma pessoa charcot tem o um trabalho muito interessante e onde ele já afirma que as memórias traumáticas são corporificadas ausentes de linguagem e uma experiências dependentes de emoções veementes e que permanecem em nós como Fantasmas nos assombrando não só como parte de um dado da biografia jané tenho que a gente
pode chamar do primeiro livro científico de do que hoje a gente chama de transtorno do estess pós-traumático então esses teóricos já nos ajudaram já contribuíram bastante lá atrás pro nosso entendimento de trauma além de alguns outros apagados pela história já que a história é contada pelos opressores então nós temos por exemplo a psicologia africana tão antiga quanto a psicanálise mais ausente na maioria das formações onde já se falava de um trauma também envolvendo ritmo e movimento corpo muito próximo da do entendimento que a gente tem hoje em neurociência de trauma depois um pouco mais à
frente os trabalhos de France fanon psicanalista psiquiatra que trabalha com basicamente com a recuperação da humanização dos corpos negros depois da escravidão a brasileira Neusa Santos psiquiatra que escreve eh que escreveu né enquanto viva muito sobre o trauma racial também também muito inspirada por fanon Infelizmente não tão popular quanto deveriam e quanto merecem então de tudo isso eh nós vamos traçar uma linha do tempo de um conhecimento que ele vai sendo agregado e integrado eu não sou daquelas psicólogas que defendem uma abordagem como se o conhecimento nascesse do nada de um dado momento porque o
conhecimento ele é sempre uma continuidade né Quem veio antes contribui a tecnologia avança e uma das as grandes coisas que contribuiu pro nosso entendimento atual da ciência moderna de trauma foi a neuroimagem a possibilidade que temos de estudar o cérebro em funcionamento eh durante essa história do trauma do do estudo do trauma principalmente das áreas PSI para cá né dos precursores da Neurologia da psiquiatria nós temos vários momentos que o trauma ele foi rechaçado da história negado inten ion almente negado eh e em momentos que o trauma volta ao palco da cena esses movimentos não
foram aleatórios e em geral eles correspondem às guerras Então as guerras têm um papel muito importante no estudo e no investimento em pesquisa sobre trauma primeiro porque pós primeira guerra mundial principalmente os veteranos começam a retornar apresentando comportamentos estranhos alteração de sono alteração de fala pesadelos dificuldades de engajar de novo na vida e aí começa-se a estudar o trauma é quando é criado o diagnóstico de trauma de guerra neurose de guerra né o o Shell sock esse negócio que trava a minha língua sempre que eu vou falar Eh e que dava direito a esses veteranos
de guerra alguns benefícios inclusive pensão e tratamento médico Porém com essa com esse reconhecimento do trauma de guerra entre Primeira e Segunda Guerra tem-se um problema nos países que estavam disputando o poder econômico naquela época porque começa a ficar difícil recrutar soldados E aí o trauma é intencionalmente banido dos manuais das prescrições e inclusive os profissionais da saúde são proibidos de usar o diagnóstico trauma de guerra ou neurose de guerra nos seus nos nas suas inscrições é criado um diagnóstico que se chama que que cuja sigla é n ydn para uma tradução no português do
inglês que seria ainda sem diagnóstico nervoso os médicos e profissionais tinham que usar esse diagnóstico qu quando atendiam os veteranos de guerra e aí quando esses veteranos vão às guerras voltam das Guerras tem-se um grande problema porque eles não conseguem engajar de novo em suas vidas porque o transtorno do estress pós-traumático domina a cena E aí o trauma que tava tentando ser negado pela política pela ciência e pela medicina da época olha nos olhos e se mantém presente se faz presente e os investimentos em pesquisa são se tornam necessários para recuperar essas pessoas e não
nos enganemos para recuperar a contribuição Econômica dessas pessoas pra história Então as Idas e Vindas do interesse do do estudo do trauma na ciência estão muito vinculadas às guerras Inclusive a mais recente do Vietnã que que nos fez avançar bastante no estudo da terapia assistida por psicodélicos para traa por exemplo e junto com as as guerras esse momento atual que estamos em um momento de recuperação do interesse do trauma pela ciência um novo momento eh que o trauma volta ao palco da cena eh além das Guerras nós temos o advento da neuroimagem nos ajudando a
entender melhor a relação corpo mente e Aí surge dentre esses novos estudos da neurociências da neurobiologia interpessoal o cuidado informado sobre trauma essa abordagem multidisciplinar que é a abordagem da minha especialidade as lentes que eu vou usar para trazer o conteúdo aqui para vocês Talvez um dos principais pontos importantes nessa visão de trauma é a visão de que o trauma é um evento físico antes de ser psicológico essa é uma frase de Peter Levin um dos grandes estudiosos do trauma da atualidade que vai nos nos convidar a olhar para como o nosso cérebro reage diante
de situações desafiadoras então o trauma é um momento em que nós a vida tá acontecendo tá tudo certo Estamos aqui no café filosóficos relaxados felizes talvez vocês mais do que eu mais relaxados que eu mas e aí de repente acontece algo que é lido pelo nosso cérebro como ameaça ou perigo à Vida como um desafio antes que a gente pense sobre isso antes que a mente comece que a cognição entre nessa história o nosso corpo já está reagindo é o que faz a gente saltar para trás quando tem quando tá num numa rua escura e
vê algo se arrastando e antes que você pense pode ser uma cobra você já saltou para trás o que faz isso acontecer é uma estrutura que tá enterrada lá no centro do nosso cérebro chamada amídala cerebral tem o mesmo nome da da garganta mas essa tá no centro do cérebro uma estrutura pequenininha tá no centro do que nós chamamos de sistema límbico ou sistema emocional e ela tá muito envolvida com a detecção do perigo e alguns perigos nós herdamos na evolução da espécie Como já sinais de que precisamos nos defender e quando a amídala dispara
esse alarme o nosso corpo já começa a receber uma carga de adrenalina que nos joga nas nossas defesas de sobrevivência o corpo começa a se preparar para lutar fugir gritar por ajuda ou colapsar nesse momento quase junto a mente entra na história dando significado para essa experiência corpórea E aí a mente vai dar significado para essa experiência a partir do que ela tem guardado das nossas memórias do que nós vivemos do que aprendemos sobre nós sobre o outro sobre o mundo a partir do que nós absorvemos principalmente nas nossas primeiras relações mas não só nas
nossas primeiras relações a forma como nós entendemos seguran e perigo ela é moldada Principalmente nos nossos primeiros relacionamentos mas é remodelada a todo momento nas relações do presente graças à neuroplasticidade então o trauma vem desse lugar onde nós nos deparamos com algo que parece uma ameaça ou um desafio à Vida e pode ser a vida real como um acidente grave como uma tragédia como uma violência ou pode ser a vida simbólica como o medo de falar em público que eu tive até os 20 e Poucos Anos uma ameaça à Vida autêntica uma ameaça à sensação
de adequação então o trauma é uma percepção de ameaça que vai ser diferente para cada pessoa por isso uma mesma situação pode ser traumática para uma pessoa e não ser traumática para outra porque quando mente e corpo se encontram uma dando significado a experiência física vivida tudo que veio antes inclusive antes no nosso clã familiar Ou na nossa ancestralidade vai participar do processo e da conversa por isso eu não tô falando de um trauma só do trauma de guerra eu não tô falando de um trauma que vem a nossa cabeça quando a gente pensa em
trauma que é o aquilo que é trágico trauma não é sinônimo de tragédia não é sinônimo de algo extraordinário o trauma é o ordinário da vida mas assim como o trauma é o ordinário da vida o reparo também é e o trauma é o ordinário da vida porque ainda que dê tudo certo ainda que nós tenhamos uma infância com vínculo seguro com os nossos cuidadores primários bem alimentados bem nutridos em nossas necessidades com segurança nos nossos relacionamentos já reduzia aí uma grande parte da população mundial ainda que nós tenhamos essas condições ideais perdas frustrações adoecimento
nosso E dos nossos nós iremos viver então é impossível chegar à vida adulta sem passar por experiências traumáticas e o trauma não está só nas experiências extraordinárias ele está também em situações que podem ser muito simples do dia a dia como uma criança que sente vergonha de falar em público porque passou a vida inteira se sentindo inadequada porque passou a vida inteira se sentindo invisível então situações vexaminosas problemas financeiros relacionamentos problemas de relacionamento situações que podem e que acontecem com todos nós são situações que podem ser potencialmente traumáticas mas o trauma não é sobre a
situação ele é sobre o que acontece dentro de nós em decorrência daquela Situação essa é uma frase de gabor maté um dos grandes especialistas em trauma também da atualidade que ele vai nos dizer que o trauma é essa experiência física neuropsicofarmacologia aquela situação que carregou uma carga primeiro de adrenalina e nor adrenalina depois para sustentar a resposta ao estess entra o cortisol na jogada essa descarga não acontece adequadamente e a mente cria uma narrativa a partir dali mudando a lente distorcendo a lente de como nós nos vemos e como olhamos pro mundo e a partir
dali eu olho pra vida pelas lentes do medo e do perigo e eu perco a oportunidade de ter uma aoral porque quando a gente tá so medo so fisiologia do perigo tudo que o nosso cérebro faz é Na tentativa de nos proteger por ISO trauma vivido no Amparo trauma tem muito a ver com desamparo trauma vivido no Amparo não necessariamente vira traumatização a traumatização como uma professora que tive a Cecília Lauriano costumava dizer é quando o tempo não cura ferida são os sinais os sintomas que vão se acumular dessa experiência traumática vivida e vão perdurar
no tempo e E com isso eu quero dizer para vocês que o trauma é sediado no corpo então a gente volta um pouco no entendimento um entendimento que quando eu entrei na faculdade de psicologia eu achei muito estranho porque eu vinha do esporte vinha sendo ex-bailarina vinha com uma relação com o corpo e eu achava muito esquisito tudo que se Estudava na psicologia não envolver o corpo salvo alguma coisinha aqui outra lá era uma cognição estudada sem corpo e a ciência moderna recupera essa integração que em vários momentos da história foi recuperada mas agora com
o aporte da neurociência porque a gente pode estudar o corpo em funcionamento o trauma está no corpo o trauma vive em em nossas vísceras ele não volta como uma reação ele volta como ele não volta como uma memória desculpem ele volta como uma reação ele é o aperto no peito é o Nó na Garganta é a dor no estômago às vezes de uma situação que você nem sabe por o seu corpo tá vivendo tudo aquilo mas como eu disse o trauma faz parte da vida e o reparo também faz E aí eu trouxe para vocês
a letra de uma canção do um compositor e cantor Pernambucano que resume bastante essa ideia desse dessa abordagem de trauma porque o artista sempre chega antes não é o artista às vezes concentra em uma frase um compêndio de Psiquiatria e Psicologia e o Martins nessa letra Concentra o que é o trauma A partir dessa perspectiva vamos ver deixe que tudo que há num corpo se revele para que a vida cicatriz e todo trauma para que o desejo seja o anexo da pele e a liberdade o corpo físico da Alma deixe que a slea geleira descongele
e a sensatez fluidified não precise só de água nem sua fome necessite só de pão deixe que tudo que há num corpo se revele sinta o perfume se espalhar na casa inteira atravessar o alumínio da janela para a energia se renove verdadeira e a ventania nunca apague suas vas deixe que tudo que h no corpo se revele para que a vida cicatrize todo trauma eu ouço essa música muitas vezes eu eu a uso nos me nos meus cursos mas todas as vezes que eu ouço seja declamada como ela tá agora ou cantada pelo Martins Eu
me emociono porque é exatamente isso o trauma causa um congelamento em nós um congelamento da pot do eu autêntico o trauma nos envergonha pessoas traumatizadas são pessoas envergonhadas e muitas vezes a gente vai transferir essa dor pro outro mas o trauma permite lugar espaço pro descongelamento nesse corpo que guarda sempre algo que não foi tocado pela dor e quando nós vamos fazer a partir dessa visão Geral de trauma um mergulho no recorte de gênero desse esse módulo falar sobre como o trauma atravessa Mais especificamente as mulheres nós temos eh atravessamentos individuais e coletivos como minhas
colegas que vieram antes nesse módulo passearam por tudo que significa uma história do feminino que foi sendo reprimida no corpo na mente e em todas as possibilidades de uma existência autoral paraas mulheres vai nos trazendo um estado que é muito conhecido em trauma que se chama hipervigilância a partir do momento que nós nos sentimos em perigo constante e esse perigo às vezes é físico da violência física às vezes esse perigo é um pouco mais difuso e simbólico do não se sentir adequada do não cumprir com o papé social que lhe foi dado do se sentir
culpada por não ser a mãe perfeita ou por não ter feito 748 coisas no dia e só fez 740 esse perigo gera em nós uma condição chamada hipervigilância que faz com que algo que deveria ser temporário que é a resposta ao estress o trauma faz tanto parte da vida que o nosso corpo veio preparado de fábrica para responder ao estess o o trauma envolve uma experiência de estress física fisiológica outra frase de gabor Mat todo o trauma É estressante nem todo stress é traumático mas todo o trauma envolve uma fisiologia do stress ativada em nós
e essa fisiologia para mulheres quando a gente pensa num sistema opressivo que é transgeracional ou seja nós vamos aprendendo inclusive os mecanismos defensivos de nossas ancestrais para lidar com a dor faz com que o nosso nosso esse sistema de stress que deveria subir e descer até subir não tem problema nenhum desde que desça fique trabalhando constantemente acima não é à toa que algumas doenças inflamatórias são mais frequentes em mulheres tem maior prevalências em mulheres porque estress em excesso no organismo é igual a inflamação então alguns estudos principalmente os estudos de olh muito lugar de como
o trauma nos adoece fisicamente de como a hipervigilância de quego erado degum luggo acontecer de errado a qualquer hora eu posso sofrer uma viciação um preconceito nos coloca em um estado defensivo que pode nos fazer criar comportamentos de adaptação como por exemplo ansiedade por agradar codependência emocional condições também mais prevalentes em mulheres e não à toa a codependência emocional é uma condição que eu gosto de traduzir de forma simples como a necessidade de ser necessário a codependência começou a ser estudada mais ou menos na década de 40 nos Estados Unidos nos grupos de alcoólicos anônimos
quando o pessoal da abordagem familiar eh estudava o comportamento das pessoas envolvidas no Cuidado daquelas pessoas que estavam sendo tratadas em função da adição em função do vício E aí se viu um comportamento curioso nesses familiares e nessas eh nesses acompanhantes cujo o comportamento era todo em torno da proteção de salvar a vida daquela pessoa que estava na condição de dependência química naquele momento mas havia algo de de diferente que era algo manipulativo também que fazia com que a dependência fosse reforçada que fazia com que a partir do momento que a pessoa se autorizasse assumisse
a autonomia da sua própria vida o cuidador se sentisse injustiçado e desorganizado sabem frases como depois de tudo que eu fiz por você o a codependência então começa a ser estudada Nesse contexto texto da dependência química por isso codependência é como se uma pessoa tivesse ficado dependente da dependência desta por ela e ela começa a se ver em relacionamentos consecutivos em que ela precisa salvar proteger ou consertar o outro na sua perspectiva esses estudos são ampliados para outros contextos para além da dependência química e hoje a gente chama de codependência emocional uma um uma condição
não é uma patologia não é um Sid é uma forma de funcionamento nas relações muito mais prevalente nas mulheres do que nos homens por que será porque historicamente nós somos convidadas a ocupar o lugar de cuidar e a ocupar o lugar de Esponja emocional do estress ao nosso redor não aoua alguns estudos indicam que mulheres casadas vivem menos dado polêmico agora que mulheres solteiras porém homens casados vivem mais que homens solteiros vou deixar essa bola quicando a gente pode discutir depois Em outro momento Caso vocês queiram o fato é que eh nas mulheres em função
de toda a organização social patriarcal que nós fomos metidas os desfechos traumáticos são muito característicos envolvem padrões de relacionamento muito específicos como citei a dependência emocional a codependência emocional envolve muita autod distorção da autoimagem a sensação de nunca se sentir suficiente eh a sensação de que você precisa sempre fazer certo envolve a timidez excessiva mais frequente em mulheres do que em homens e coletivamente isso nos coloca num estado de alerta constante que organiza sinais e sintomas que faz com que algumas doenças inclusive alguns tipos de câncer sejam mais prevalentes em mulheres dada a sustentação da
inflamação então além de todas as as implicações da condição de opressão eh histó das condições históricas e sociais do ponto de vista da saúde do ponto de vista eh da existência autoral do ponto de vista de acessar a sua própria potência do ponto de vista traumático o trauma especificamente atinge as mulheres em um lugar diferente porque isso acontece Como disse transgeracional as situações que nós vivemos hoje são diferentes das que os nossas ancestrais viveram porém nós carregamos um corpo que carrega a história delas também existe uma autora que gosto muito a Raquel eruda que ela
estuda o trauma transgeracional e um dos estudos dela ela contemporânea Ela estudou mulheres grávidas durante o a tragédia do World Trade Center mulheres que tiveram o diagnóstico de transtorno do stress pós-traumático e foi visto que esses bebês nasceram com níveis de cortisol abaixo do esperado não é tão intuitivo isso pensar mas noep no transtorno do stresse pós-traumático os níveis de cortisol eles são abaixo do ideal a gente pensa em estess pensa em cortisol alto não é só que o cortisol é um hormônio que ele é também importante para uma série de funções no nosso corpo
inclusive Cortar A primeira resposta ao stress que é o alarme o alerta o que me faz pular para trás na cobra lembram pular para trás na cobra não ficou muito bom pular para trás quando eu vejo algo que parece uma cobra entãoa essa primeira reação de alerta ela não é suficiente para um estess que se sustenta no tempo ela é suficiente para um perigo que passa rápido só que se o perigo vai durar muito tempo se o perigo é umito familiar uma relação de trabal indigna se o perigo é uma amea do desemprego se o
perig é uma tragédia traumática como a que nós vemos acontecer agora no sul do nosso país se o perigo é um relacionamento abusivo que eu não consigo sair dele essa resposta de alerta ela não é suficiente para sustentar a minha permanência em defesa de sobrevivência E aí entra o cortisol cortando a resposta do alarme e sustentando a resposta do stress o transtorno do stress pós-traumático me mantém no alarme por isso as Pessoas com Transtorno de stress pós-traumático são às vezes invadidas pela memória do trauma que nós chamamos de memórias intrusivas e tem Sensações físicas como
se o trauma estivesse acontecendo novamente crianças nascidas de filhos com de Mães com transtorno de estresse postraumático que nasceram com com um níveis de cortisol abaixo do esperado estão por essas razões com uma fisiologia mais vulnerável a outras traumatiza que venham a viver então quando eu falo do trauma transgeracional eu não tô querendo dizer que a gente erda o evento traumático das nossas ancestrais mas a gente erda um corpo e uma e uma e um aprendizado comportamental epigenetic que nos leva a estar em estado de alerta constante e além desses desfechos nós temos ainda eh
além dos desfechos físicos psicológicos e emocionais quando Nós pensamos no trauma atingindo especificamente as mulheres nessa transgeracionalidade do trauma nós temos ainda o julgamento social que qualquer mulher que ouse ainda hoje 2024 eu achei que a gente já tinha passado mas outro dia euv histórias que estamos longe ainda hoje em 2024 qualquer mulher que ouse assumir a sua autenticidade se apropriar do próprio corpo das próprias ideias do da própria forma de existir no mundo vai ser julgada e vai ser Pizada vai ser facilmente chamada de louca não é mesmo como diz a música da banda
Francisco el lombre triste louca ou má será qualificada ela quem recusa seguir receita tal a receita cultural do marido da família cuida cuida da rotina então ainda hoje nós temos eh um apagamento da autenticidade Feminina eu trouxe aqui algumas imagens de mulheres brasileiras importantes na história do nosso país lélia Gonzales autora ativista mineira importantíssima Maria Felipa extremamente importante na luta pela independência da Bahia uma mulher eh seringueira Maria Rita Soares advogada feminista em 67 a primeira juiz federal mulher brasileira Nise da Silveira psiquiatra importantíssima que revolucionou o tratamento em Saúde Mental e um papel super
importante na luta antimanicomial eh eu acho que eu não falei alguém que chegou lá no começo né acho que foi leolinda delro professor que lutou pela autonomia das mulheres Essas são só algumas mulheres importantes da história brasileira completamente apagadas da nossa história então o apagamento da história é uma das consequências coletivas do trauma que nos atinge quando a gente faz um recorte de gênero só que esse apagamento tem consequências eles não ele não é sem consequências porque o apagamento da história dificulta a que nós nos identifiquemos Nós criamos identidade nas relações eu preciso do outro
para poder entender também a mim mesma como espelho Como diz Liana Neto uma uma professora Querida em trauma que eu tive nós somos nominados pelo vínculo Nossa espécie mamíferos exige um vínculo porque nós somos mamíferos porque mamamos uns nos outros então isso exige necessariamente uma díade um que mama e um que dá de mamar e essa relação esse vínculo é a primeira necessidade humana a segunda necessidade humana é a autenticidade é o poder existir sendo quem sou não me envergonhando disso infelizmente a gente pega as crianças seres altamente autênticos seres criativos e tenta moldá-los a
uma a um a um modelo que faz com que eles virem adolescentes envergonhados que virem adultos envergonhados que V uma nação de traumatizados e esse apagamento faz com que nós mulheres cheguemos por exemplo no mundo do trabalho não conseguindo assumir a nossa competência essa desrealização esse apagamento histórico tem repercussões individuais tem repercussões coletivas e individuais individuais faz com com que nós cheguemos nesse mundo do trabalho e nós nós queiramos algo que talvez esteja distante do que a gente queira de verdade não é a Luana falou isso na palestra dela a gente chega querendo empresariar nós
mesmas E aí quando eu tô lá perto do colapso do Burnout eu descubro que talvez não seja isso que eu quero Talvez o que eu queira seja só a liberdade de uma existência autoral de ser o que eu quiser ser ou puder ser já que uma uma liberdade restrita é impossível né em sociedade mas esse apagamento e essa desrealização essa impossibilidade de nos vermos em diferentes modelos eh vai causando prejuízos inclusive paraa nossa noção de automet de aeficiência vai dar eh repercussões pro que nós chamamos de síndrome da impostora que é um nome ruim porque
não é uma síndrome e nem a sobre impostora hoje se pensa sem mudar esse nome para Fenômeno na impostora por ser um fenômeno mais social mas quando a gente pensa em impostor significa tem algo em mim que luta contra mim isso não é compatível com uma visão tão compassiva no pro humano de trauma como a visão do Cuidado informado sobre trauma nunca vai ter um algo em nós que luta contra nós tem algo em nós se defendendo Tem uma parte em nós amedrontada então o que a gente chama de autossabotagem nunca vai ser uma autossabotagem
é uma autoproteção só que é uma autoproteção que ficou parada no tempo lá na experiência traumática lá no medo da inadequação lá no medo do não pertencimento lá no medo em última instância do desamparo que é o medo que concentra todos os nossos medos nesse sentido a segurança para que nós recuperemos essa experiência de vida autoral e o futuro não se não se torne uma constante repetição do passado que é o que o trauma faz conosco torna o futuro uma constante repetição do passado porque eu vou tentar me proteger me defender eu caio nas mesmas
experiências traumáticas Eu repito os mesmos os mesmos relacionamentos abusivos para que tudo isso que o trauma nos rouba possa ser recuperado ou reparado a palavra que eu escolhi pro título dessa dessa palestra nós precisamos individualmente e coletivamente sair do modo de hipervigilância sair da exaustão a exaustão nos mantém presas ao trauma E aí a saída dessa exaustão eu vou começar trazendo de novo a arte no poema da Rane Leão uma poeta Negra contemporânea que nos traz algumas pistas de caminhar para um lugar de reparação e potência Vamos ouvir se sou raio que eu saiba iluminar
a minha estrada nesse breu que eu saiba golpear mesmo no escuro me emprestem a retina de minhas ancestrais que enxergaram fé quando tudo era medo se carrego relâmpagos nas veias que eu saiba que o que corre em mim tem brilho tem jeito tem potência eu sou capaz de fazer a terra tremer o trauma nos deixa em hipervigilância nos deixa exaustas nos rouba Nossa autenticidade mas sempre haverá uma parte em nós que não foi tocada pela dor uma frase da Diva vaiola dav que é um livro que recomendo para quem não leu porque ele é uma
grande aula sobre reparação e potência de trauma eh nesse caminho de recuperação os estudiosos do trauma E aí eu vou trazer alguns deles como por exemplo gabor maté vai nos apontar um caminho numa das pesquisas que escolhi trazer para cá nesse recorte onde foram estudadas mais ou menos 500 mulheres essa pesquisa realizada na Austrália mulheres que estavam fazendo um exame de biópsia de nódulo no seio paraa avaliação se o nódulo era benigno ou maligno nesse meio-tempo entre o resultado da biópsia essas mulheres passavam por diferentes avaliações E aí essa pesquisa tem um resultado que intrigou
os pesquisadores que era mulheres que tinham passado por um estress traumático logo antes do aparecimento do nódulo isso aumentava em 0% a probabilidade desse nódulo ser maligno mulheres que estavam em isolamento emocional e aí nós entendamos o isol emocional como uma condição onde eu me sinto sem suporte eu posso ter família morar com muitas pessoas e estar em isolamento emocional é uma situação onde eu me sinto sem suporte emocional eh mulheres que estavam isolamento emocional antes do aparecimento do nódulo tinham uma probabilidade de 0% aumentada pro nódulo ser maligno porém mulheres que passaram por um
estess traumático e estavam em isolamento emocional a probabilidade do nódulo ser maligno aumentava em nove vezes e aí os pesquisadores talvez não ainda tão familiarizados com os estudos do Cuidado informado sobre trauma se perguntaram como 9 + 9 pode como 0 + 0 pode dar no não existe nada mais mitigador de stress do que vínculo o de recuperação e reparo passa pelos relacionamentos o trauma é uma ferida nas relações e a cura também está nas relações Então os estudos da ciência moderna de trauma de stress são unânimes e não controversos em dizer que a capacidade
de nos conectarmos de nos vincularmos umas às outras uns aos outros é protetivo de traumatização conexão comunidade apoio O que as as comunidades ancestrais chamavam de aldei momento dois anos há do anos atrás eu passei algumas semanas numa aldeia indígena na Amazônia na aldeia musu inu e quando eu saí de lá com várias experiências de como eh a as a nossa ancestralidade afro-indígena poderia nos ajudar no entendimento de trauma e no processamento de trauma o pajé e a cachu falou para mim volte e ao de-se mais audei sua vida essa sabedoria ancestral está nos estudos
modernos da ciência de trauma quão mais estabelecemos vínculos de segurança não precisam ser muitos eu não preciso ter 200 pessoas na minha rede social eu preciso ter poucos vínculos em que eu me sinta segura para ser quem eu sou mas eu tenho um poderoso redutor de stress então caminhar numa sociedade com tantas adversidades como nós vivemos agora isoladamente é um caminho sem bons bons resultados é um caminho que vai dar e em alguma coisa não muito boa além da conexão e do vínculo o caminho de reparo de esperança ele passa por uma recuperação de um
corpo integral um corpo que sente se o trauma tá no corpo eu preciso recuperar a apropriação pelo meu corpo apropriação que nos foi tirada ao longo das da história e muito do que do que é do corpo nos assusta as nossas excitações as nossas secreções os nossos sintomas foram transformados principalmente pela influência Cristã em algo vergonhoso vexaminoso que não se pode ser falado que nos causa constrangimento então a apropriação do próprio corpo e aí você sugeri para vocês eh assistirem a psicóloga Diana Corso aqui neste Café Filosófico coisa de para un sete anos atrás falando
sobre esse corpo feminino que foi sendo desapropriado na história então a recuperação passa também por essa reapropriação do nosso corpo que lá no comecinho da história já foi visto como o sagrado feminino e que depois foi apropriado de várias formas e que gera sintomas como forma de comunicação as mulheres que passam por traumas de Choque tem quatro vezes mais chances de desenvolverem transtorno do stress pós-traumático o conjunto de sintomas que organiza a patologia do trauma embora o trauma seja muito mais do que tept eh um conjunto de de sintomas que uma uma classe de especialistas
vai chamar de Diagnóstico do que homens porém homens que passam por traumas de choque desenvolvem mais alcoolismo e adição a Outras Drogas o machismo a desigualdade é ruim para todos nós Ninguém ganha com isso nem homens nem mulheres só que o sintoma passa a ser a única forma de comunicação se eu não posso me comunicar de forma autêntica com o meu desejo com a minha com os meus sonhos com sonho da menina de 8 anos de idade que tremia na sala mas se trancava no quarto para ouvir música e imitar as apresentadoras de TV que
foi descobrindo que não era assustada que que não era não era tímida era assustada que foi descobrindo no processo de olhar paraas próprias feridas a potência escondida pela dor e que foi descobrindo que mesmo so adversidade nós podemos nos conectar com isso em nós que nos torna mais humanas e humanos isso nos faz olhar pro outro como humano possível também então a caminhada de reparação ela é uma caminhada transgeracional ela é sobre deixar a semente para quem vem depois para eu est sentada nessa mesa falando para vocês sendo eu uma mulher em especial sendo eu
uma mulher negra num país machista e racista muita gente precisou fazer coisa antes de mim e essa fala aqui é só uma semente para quem vem depois então o processo de reparo ele também se dá de uma geração para outra ele se dá individualmente e ele se dá coletivamente é preciso esperançar para continuar atravessando é preciso Como diz um velho ditado um antigo ditado yorubá É preciso acreditar que Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje quando nós como sociedade tomamos consciência das estruturas opressivas que nos moldaram que moldaram a forma
como nós Nos olhamos como olhamos uns aos outros como nos relacion Como Amamos quando nós tomamos consciência dessas estruturas nós podemos destruí-las derrubá-las derrubar essas estruturas de ontem com pedras atiradas hoje como propõe esse antigo ditado yorubá E aí a gente consegue realizar o que o ideograma sanca vai nos propor essa figura que é um ama que representa também um provérbio tradicional africano representado por um pássaro pegando algo olhando com a cabeça para trás e que representa um provérbio que vai dizer na tradução pro português algo parecido com você pode voltar e buscar aquilo que
esqueceu Ou seja quando nós nos olhamos como humanos possíveis nós podemos voltar paraa nossa história de ancestralidade não só pela submissão de nossas ancestrais mas paraa história de potência de nossas ancestrais e buscar essa potência e nós podemos olhar paraa nossa própria história individual voltar atrás e pegar os tesouros que ficaram escondidos pela dor muito obrigada [Aplausos] Diane eu vou agradecer sua apresentação essa primeira parte do Café Filosófico a gente vai abrir agora pro debate fazer uma conversa com quem tá aqui em Campinas quem tá acompanhando também a gente pelo YouTube você que tá vendo
pelo YouTube É só escrever no chat a gente tá anotando aqui as perguntas a gente vai começar a ler agora e aqui em Campinas papelzinho só escrever chamar Sofia ali alguém da produção e pode fazer pergunta diretamente aí para da da mesa onde vocês estão direto pra nossa palestrante de hoje vou ler só alguns comentários que chegaram aqui antes da primeira pergunta e a Dalila Zanon falou muito importante lembrar as narrativas que são esquecidas ou não contadas Susan Domingos falou que foi maravilhoso o Leonardo Peter diz que você é de uma sensibilidade incrível e a
Tati Borges disse cheguei meu encontro Favorito das quintas-feiras é esse acompanhar o Café Filosófico Obrigado todo mundo que acompanha e a gente vai abrir com a pergunta da Mayara a Maiara Araújo Ela diz que é um encontro muito importante esse ela gostaria de saber como saber se após viver diversos traumas você está com dormência emocional ou desenvolveu resiliência diante de novos estresses é uma ótima pergunta Mayara eh O que a Mayara tá chamando de dormência emocional a gente usa uma palavra dentro da ciência e trauma que chama-se dissociação nosso as funções psicológicas elas precisam trabalhar
Integradas Assim como as como as partes cerebrais então funções psicológicas como memória atenção consciência de eu afetos senso percepção a nossa capacidade de perceber os nossos sentidos as nossas Sensações físicas tudo isso precisa conversar para uma saúde psíquica organizada a minha atenção tem que tá acompanhada da minha memória para eu conseguir falar aqui para vocês se no nesse momento Eu tenho um nervosismo muito grande como eu tinha no passado a minha atenção se dissocia da minha memória e vem o que a gente chama de branco por exemplo e era impossível para mim falar em público
porque eu era dominada por essa dissociação a dissociação é uma é um desfecho traumático muito frequente em situações traumáticas essa dissociação das funções psíquicas ela comum acontece no dia a dia ela acontece também porque nós precisamos focar atenção em algumas coisas então pode ser que se alguém me chamasse aqui edan eu não ia ouvir porque minha atenção está aqui depois isso se restabelece Porém na experiência traumática isso pode se dissociar e permanecer dissociado no tempo e aí é o que Mayara tá perguntando porque isso pode dar uma sensação de anestesia emocional eu diria que uma
pista eh é muito difícil a gente fazer afirmações quando a gente tá falando do fenômeno humano a gente fala de correlações esse fenômeno quando aparece aparece frequentemente com outro a gente não fala tanto de causa em efeito quando a gente tá falando de cuidado informado sobre trauma Mas a gente pode pensar em pistas e a p umas algumas das Pistas que nos ajudam a diferenciar a dissociação traumática anestesia emocional de resiliência ou seja o meu sistema nervoso aprendeu a lidar com aquela situação e quando ela acontece de novo ela já não mais faz uma carga
de estess tão grande no meu sistema nervoso ático que é o que que é o a o ramo do nosso sistema nervoso especializado em responder ao estess E aí eu sinto menos é a anestesia emocional ela não anestesia emoções pela metade eu não tenho como anestesiar só o medo só a raiva não tem como quando a gente entra no processo de dissociação em geral a gente vai sentir uma anestesia de todas as nossas emoções Às vezes eu não sinto mais tanto medo mas eu também não me sinto mais tão Alegre assim eu também não me
sinto tão engajado na vida assim quando as nossas emoções entram num processo de anestesia em função de trauma elas entram todas num processo de anestesia em função de trauma então isso vai nos aproximar muito de uma angústia do vazio existencial vai nos aproximar muito numa de uma angústia da condição que os meus colegas de profissão vão chamar de depressão da falta de 100 sentido e aí em trauma atendendo eh clientes de terapia ao longo dos anos é muito comum escutar eu já ouvi isso de várias pessoas que acompanham em terapia Ouvi as pessoas falarem coisas
como eu me sinto um monstro às vezes Ediane porque eu sei que eu amo a minha esposa eu sei que eu amo o meu filho mas eu não consigo sentir esse amor desde a situação traumática é mais fácil para mim fazer um esporte pular de um buang Jump do que encarar o aniversário de um ano do meu filho que me tensiona de tal modo que eu não consigo lidar e essas pessoas vão começando com o tempo a se sentir desumanizadas porque sentir emoções está dentro do que nos faz humanos saber e não sentir é como
não saber então uma das Pistas pra gente pensar se diante de um desfecho de trauma da dissociação é como essas emoções aparecem para situações cotidianas da vida e todas elas inclusive alegria ti com uma pergunta do público agora ali no cantinho só se apresentar e fazer a sua pergunta Boa noite antes de tudo gratidão imensa ao Café Filosófico a vocêe me atravessou de forma emocionante Sim e eu gostaria de te perguntar como você vê o futuro eh considerando a virtualidade nas relações nós vivemos isso nessa dessa época de uma forma muito contundente nas redes sociais
no trabalho nas relações nas novas formas de relacionamento poliamor amor livre quebrando um pouco eh outras formas tradicionais de relacionamento a forma que relacionamos com o trabalho né isso vem mudando significativamente em relação à minha geração a do meu pai né e eh como que você vê isso as novas gerações serão mais ou menos impactadas por traumas como a nossa geração eh eh eu queria a tua visão uhum Espero que otimista um abraço Qual seu nome mesmo Arnaldo Arnaldo Desculpa eu esqueci eu vejo o futuro repeti o passado eu vejo eh eu acho não sei
se eu cons tô tentando agora trazer um otimismo pra minha fala porque você pediu deixa eu achar as palavras eh a verdade assim dentro da do estudo do trauma a forma como nós estamos nos organizando como sociedade nos leva a uma sociedade det traumatizados a sociedade moderna se transformou em uma fábrica de produção de traumas o trabalho que você cita a forma como nós nos relacionamos com o trabalho hoje em dia que é como que é com essa cobrança de hiperprodutividade' destitui uma coisa importantíssima pra saúde mental que é a nossa capacidade de nos relacionarmos
autenticamente uns com os outros então a forma de organização do trabalho atual ela transforma as relações em relações de utilitar né em relações onde eu me relaciono com você se eu vou ganhar alguma coisa com isso e isso é adoecedor pro humano não é à toa que nós vemos crescer índices de depressão ansiedade e Burnout relacionados ao trabalho o Burnout já é uma síndrome associada ao trabalho reconhecida pela OMS só que a gente tem uma subnotificação imensa porque muita gente vai se afastar com ansiedade depressão e que tá relacionado ao trabalho também E aí eu
tenho uma coisa para dizer para vocês Burnout é trauma Burnout é a sustentação de estess prolongado no tempo que acumula sintomas que faz com que num primeiro momento eu fique super produtiva porque eu estou com um corpo adrenalizou que faz uma mãe levantar o carro para tirar o filho de baixo que faz eu sair correndo numa velocidade impensada para humano porque no primeiro momento o stress ele não é adoecedor ele é protetivo ele funciona para que nós possamos responder aos Desafios que a vida nos apresenta então num primeiro momento eu trabalho eu entrego muito e
aí o mundo do trabalho aprendeu que um pouco de stress aumenta o nosso desempenho que esse estess vem vindo de ameaça vindo de ameaça e comparação ele aumenta mais um pouquinho o desempenho Só que lá em cima não tá o aumento ele tá lá em cima tá o colapso porque a sustentação do stress no tempo vai levando a perda de recursos internos e externos para lidar com a vida e aí quando eu me vejo eu estou colapsando as últimas fases do Burnout são as últimas fases da resposta ao estess traumático Burnout nada mais é do
que trauma e muitos dos dos desfechos que nós vemos hoje em Saúde Mental terão o trauma em seu padrão 50 20% das pessoas que passam por traumas de choque desenvolvem tpt mas 50% desenvolvem depressão Então muitos dos do que nós hoje consideramos como transtornos mentais e o colapso da saúde mental que nós vivemos tem a ver com a forma como nós estamos nos organizando enquanto sociedade não tem a ver com uma questão individual E aí me preocupa essa visão da Saúde Mental mais individualista que fala Tome o seu remédio Faça a sua terapia e Não
me perturbe como como se fosse uma condição individual quando Saúde Mental é é uma condição extremamente atravessada pela coletividade por como vivemos e nos organizamos Então eu acho que se seguirmos nesta toada eh não é promissor o futuro eu acho que o futuro Talvez seja promissor pra terra porque se a gente sair a terra vai ficar melhor né assim o planeta ele o planeta vai ficar mais preservado Talvez seja bom pro planeta se a raça humana for instinto Mas se a gente segue nessa forma como estamos nos organizando Eu acho que a gente vai adoecer
cada vez mais a gente vai adoecer cada vez mais cedo e porque a gente tá perdendo V pegar um outro gano da sua pergunta que foi essas novas formas de se relacionar né as redes sociais as redes sociais pegando palavras do gabor São cópias mal acabadas da dinâmica de vínculo e de apego coisa essencial pro nosso desenvolvimento algumas dimensões como controle de impulsos funções executivas que são funções cognitivas superiores como memória operacional atenção raciocínio lógico planejamento capacidade de estabelecer vínculos regulação emocional Essas funções no passado nós já acreditamos que ela elas eram funções mais predominantemente
eh desenvolvidas em função da genética e hoje a gente sabe que elas são vínculo dependentes que elas são muito mais dependentes das experiências que eu tenho ao longo do desenvolvimento do que da genética e se essas experiências de vinculação elas estão ficando mais frágeis a gente vai ter um problema que a neurociência já começa a detectar né algumas questões de reorganização neural e cerebral eh o que que vai se transformar no futuro não sabemos Talvez o humano vire outra coisa talvez vire mas quando a gente quando a rede social entra e ela entra com essa
adesão ela tá tentando substituir algo que a gente perdeu quando nos isolamos nas grandes cidades por exemplo nas arquiteturas das grandes cidades que é conexão e vínculo só que como eu disse é uma cópia mal acabada é um rascunho ruim porque ali você cria um Imaginário do que você é e aí as pessoas precisam te curtir para você receber dopamina no cérebro e continuar viciado naquilo ali e aí a gente tem os vícios das redes sociais que são dopamin dependentes eh e aí você cria toda uma estrutura que sobe e desce quimicamente a dança química
no corpo ela ela é tão alta que eu preciso de estímulos cada vez maiores eu preciso de séries cada vez mais violentas eu não consigo relaxar eu não consigo descansar e eu não consigo me relacionar de fato então na busca do relacionamento autêntico me perco num relacionamento que na verdade não existe na rede social que é uma contratação de enganação mútua eu finjo que tô postando que tô feliz você finge que tá curtindo e e a gente vai seguindo Então eu acho que se a gente não recupera eh se a gente não começar a recuperar
vínculo e conexão autêntica e real com urgência o futuro não é promissor o futuro vai ser o que Caetano Veloso propõe na sua música do último álbum anjos tronchos quando ele diz uns Anjos tronchos do Vale do Silício desses que vivem no escuro em plena luz F tornaram Virtuoso no vício das Telas dos azuis mais dos que azuis vendedores vendem vendas a vendedores vendem vendas a vendedores reais minha vida se tornou um denso algoritmo então eh eu acho que a profecia de Caetano em anjos tronchos que é mais ou menos isso talvez eu tenha errado
um pouquinho a letra mas a ideia é essa de de que nós vamos Talvez nos tornar autômatos a discussão da Inteligência Artificial atual que todo mundo fala Inteligência Artificial vai ou não vai tomar o lugar do humano eu tô mais preocupada com o inverso eu acho que nós estamos mais mais nos aproximando de nos tornarmos autômatos eh nós estamos cada vez mais parecidos com a inteligência artificial do que o contrário eu acho que a gente precisava se preocupar com isso do que a inteligência artificial vai tomar o lugar do humano a gente também tem perguntas
em vídeo a gente vai começar com uma pergunta da curadora Luna Lobão deixar um vídeo para você então vamos com ele Olá pessoal Olá Ediane eu queria agradecer aqui a sua participação neste módulo do Café Filosófico CPFL obrigada por compartilhar com a gente todo o seu conhecimento as suas experiências trazer todas essas reflexões e e eu queria Então contribuir agora para momento do debate com uma pergunta e a minha pergunta vai no sentido do que eu defino aqui como o Educar para o não trauma né eu acredito e defendo que conhecer o trauma conhecer as
possíveis causas né conhecer saber que ele pode ser muitas vezes é transgeracional a gente vem carregando isso de muitas gerações para trás ou que ele é resultado de toda uma estrutura né social que nos envolve ele é parte essencial não só pra gente se conhecer e viver melhor mas para educar as gerações futuras para que elas não tenham esses traumas E aí eu queria na verdade aqui que você refletisse um pouquinho sobre toda a angústia e a responsabilidade que esse conhecimento traz para aqueles que cuidam para aqueles que educam né é um peso muito grande
você carregar esse trauma de séculos de gerações e gerações impedir que ele vá paraas gerações futuras isso pode ser é isso pode ser um peso muito grande pode ser uma angústia muito grande eu queria que você refletisse um pouco sobre isso sobre toda essa responsabilidade né E esse medo diante da falha né você sabendo que as suas ações têm tanto poder na próxima geração como é que fica né Essa possível angústia que a gente sinta esse medo essa responsabilidade mesmo com o trauma como é o Educar para o não trauma e tudo que vem junto
com ele obrigada e até a próxima é pergunta de uma mãe né gente bem pergunta de uma pergunta que eu ouço das mães que atendo e cotidianamente e veja poderia responder simplesmente Luna meu amor cuide das suas respostas traumáticas o resto sem Entrega para Deus por chá PR os espíritos da floresta seja qual for a divindade de sua preferência mas eu vou colocar mais algumas palavras nessa resposta além dessas porque é muito isso mas vou colocar mais algumas palavras eh veja ouvindo Luna primeira coisa que falei foi pergunta de uma mãe E aí o ditado
que comumente a gente ouve é nasce uma mãe nasce uma culpa veja que o ditado não é nasce um pai e uma mãe nasce uma culpa ou nasce um pai nasce uma culpa nasce uma mãe nasce uma culpa quem pariu Mateus que o embale não é quem ajudou a fazer Mateus é só quem pariu então a carga em cima eh das mulheres inclusive no que vai ser provocado de trauma a quem ela cuida sejam seus descendentes ou sejam às vezes seus ascendentes porque muitas vezes Cabe à mulheres também o cuidado dos pais que envelhecem né
cada vez mais as mulheres se encontram naquela rotina sanduíche entre cuidar dos filhos e cuidar dos pais que envelhecem eh esse lugar do cuidar eh traz consigo o peso que a Luna tá colocando e eu vou pedir licença a ela para legendar esse peso como culpa vergonha e medo as colas do trauma então o trauma ele nos faz sentir culpa pelo que fizemos ou deixamos de fazer trauma também é sobre o que fizemos ou deixamos de fazer para nos proteger ou para proteger a quem amamos e Como como o trauma leva uma sensação de isolamento
e desamparo muito grande porque a gente tá diante de uma experiência que eu sinto que eu não tenho recursos para lidar com ela e que me causa a sensação de desamparo trazendo uma outra definição de trauma para vocês isso muitas vezes vai fazer com que eu esqueça o congelamento que tomou conta de mim e aí eu sou cometida pela vergonha essa esse sentimento que nos serve tão pouco e que é tão presente nas experiências traumáticas que vai nos aproximar da sensação de inadequação E que nos leva a vergonha ela tá muito presente nos Estados próximos
ao colapso do congelamento defesas traumáticas de congelamento caminhando pro colapso onde o corpo tá se preparando para um tipo de morte pro animal Na natureza o congelamento o bichinho que tá se fingindo de morto é a última tentativa de Sobrevivência para despistar O Predador ou se a morte foi inevitável uma morte menos dolorosa por isso vão baixando sinais vitais no humano isso vem acompanhado da vergonha vai baixando sinais vitais vai dando a sensação de desfalecimento Só que não é uma morte é literal é a morte do eu autêntico é a morte que nos torna envergonhados
culpados e transitando pela vida a partir disso por isso a primeira coisa para quem cuida aqui que eu queria dizer é todo o meu respeito e compaixão e espero que vocês achem o caminho da autocompaixão que é um caminho de reparação traumática o caminho da autocompaixão para que você cuide das suas próprias respostas traumáticas citei bastante gabor matat hoje vou citar ele mais uma vez eh quando ele diz que o maior presente que pais e mães podem dar aos seus filhos é a própria autenticidade e felicidade só que ele tá falando de felicidade em fisiologia
de segurança ele não tá falando da felicidade do Instagram que é a felicidade para pertencer que era para que é felicidade para se sentir menos inadequado que é para a felicidade para se sentir menos envergonhado ele tá falando da felicidade que nos conecta com a sensação de autocompaixão de que eu sou suficiente que é suficiente ser quem eu sou e é essa autocompaixão que impulsiona cuidadores a cuidarem das suas próprias feridas a investirem no seu próprio caminho de cura traumática porque quando nós estamos funcionando na fisiologia da segurança vou trazer um outro autor o neurofisiologista
Steven porges criador da teoria Agar Uma teop media importante paraa ciência moderna de trauma eh onde ele vai dizer nós funcionamos na fisiologia do perigo ou na fisiologia da segurança quando em perigo caímos nas nossas defesas de sobrevivência nosso cérebro se organiza para nos defender podemos entrar e não sair dela quando na fisiologia de segurança somos automaticamente impulsionadas e impulsionados paraa criatividade paraa exploração e para o vínculo autêntico Então esse vínculo autêntico na fisiologia de de segurança do cuidador é o que a criança o que o cuidado precisa a criança não precisa de pais e
cuidadores que sejam perfeitos que evitem o trauma porque o trauma faz parte da vida meus queridos e minhas queridas não é possível evitar trauma ainda que você ofereça o vínculo seguro mais completo sua filha seu filho a pessoa que você cuida passará por experiências desafiadoras e talvez traumatizantes porém o trauma faz parte da vida e repito o reparo também faz Então o problema não é passar pelo trauma o problema é passar pelo trauma em desamparo e é o vínculo de acolhimento e de apego seguro entre cuidador e cuidado que vai ajudar a esse ser informação
ganhar recursos importantes para lidar com a vida no futuro mesmo tendo vivido traumas desafios são importantes paraas pessoas que cuidamos para crianças que cuidamos só que desafio não é desamparo é outra confusão que andou acontecendo aí principalmente nas orientações parentais da década de 40 começar a confundir desafio com desamparo e a deixar as crianças em desamparo autores do trauma como Peter Levin e o próprio gabor vão dizer basta que uma criança fique chorando no berço sem ser pega no colo para que ela se torne um adulto desesperado por um relacionamento porque ela vai viver o
que a gente chama de estress tóxico infantil A experiência do bebê é uma exper absolutamente somática e quando a gente consegue estudar por ressonância o que tá acontecendo no corpo de um bebê é uma experiência de elevação do stress que ela não vai parar de chorar porque ela não tá porque ela tá aprendendo a chorar como pregavam os os especialistas do calendário de amamentação deixa a criança chorando no berço para ela aprender a parar de chorar uma criança pequena não tem desenvolvimento de córtex préfrontal não tem a prendizado acontecendo ali o que acontece é uma
elevação do Estado de estress que tem uma hora que o corpo dela precisa desligar para sobreviver e esse stress tóxico acumula no corpo uma memória que é somática que vai fazê-la ir pra vida pelas lentes do medo e do perigo então apego seguro Principalmente nos primeiros anos de vida que envolve proteção envolve mais à frente aprender a separar envolve limites afetuosos claros afetuosos e com Amparo vão ser mais mais Eos de trauma do que tentar evitar o trauma de seus filhos seus suas filhas e suas crianças a gente tem mais uma pergunta do público ali
no fundo pode se apresentar e fazer a sua pergunta boa noite boa noite Diane eu sou Cris eu queria perguntar fazendo raciocínio inverso né se a gente olha pra população e enxerga preconceitos várias mazelas sociais como o preconceito religioso para citar um exemplo seria seria apropriado entender que numa população num grupo de pessoas que tem preconceito religioso eh está sendo estimulado uma fisiologia do medo medo sobre uma religião desconhecida E e esse raciocínio também se aplicaria a outros preconceitos e outros medos Possivelmente estimulados Muito obrigado uhum Luiz né Cris CR Cris eh sim eh nesse
entendimento que eu tô propondo essa lente que eu tô propondo para vocês para olhar o trauma que é o cuidado informado sobre trauma nós vamos entender que todas essas ações em direção a um outro humano elas partem de uma fisiologia que se sente ameaçada porque Justamente a gente vai entender que a natureza do humano é o vínculo se eu sou um um adulto minimamente conectada uma adulta minimamente conectada com os meus instintos com a minha natureza mamífera social tem coisas que eu não vou fazer com outro da minha mesma espécie então eu não vou pegar
uma arma e atirar numa pessoa que eu nunca vi no trânsito eu vou ao ver um bebê chorando no berço Qual é o instinto pegar no colo e a gente pega no colo e faz o quê balança isso é isso tá gravado na nossa na nosso kit que a gente na evolução da espécie e as mães cuidadores pais fazem isso quase que instintivamente porque tá conectado à suas Sensações e a o seu instinto humano só que isso tem uma ciência por trás sofisticadíssima porque esse balanço cadenciado tá aumentando carga parassimpática no sistema nervoso desse bebê
e portanto reduzindo carga simpática e com isso regulando a experiência de estress que ele tá vivendo porque o balanço cadenciado por isso a dança movimento ritmo movimento ajudam tanto a mitigar estress porque trauma bloqueia ritmo e movimento então tem coisas que quando eu tô conectada com meus instintos eu vou fazer e eu não vou fazer e uma delas é a violência violência é uma distorção da agressividade saudável seja a violência na religiosa ou dos preconceitos quaisquer eh é uma distorção da agressividade saudável quando eu perdi pensando aqui em agressividade saudável como uma energia biológica Vital
que nós precisamos para dar conta das coisas que a vida nos nos apresenta para ir para os meus desafios para ir pro encontro do outro e é essa energia precisa ser mediada pelo bom vínculo porque se eu perco o vínculo se eu corto o vínculo e tenho excesso de energia eu tenho violência ao contrário se para pertencer eu mantenho o vínculo e Caio na minha energia de agress aidade saudável eu tenho impotência Então eu preciso de uma energia Vital mediada pelo vínculo para me bem relacionar com qualquer pessoa que seja a quebra disso coletivamente socialmente
vai levando as pessoas a ficarem assustadas pessoas assustadas vão pro relacionamento com outro a partir de um modo de sobrevivência a partir do modo de guerra só que isso que que eu tô explicando individualmente é um ótimo mecanismo para ser usado por estruturas de poder aí as estruturas de poder sabem disso e vão manipular essas reações das pessoas em nome de garantias de poder em nome de garantias de Privilégio e às vezes a pessoa nem tá sabendo a pessoa que tá lá no na base gritando alguma coisa nem tá sabendo que ela é só uma
peça no tabuleiro de um jogo de poder e que ela enquanto subjetividade e a e a fisiologia dela tá sendo eh usada em direção a isso então Eh quando a gente olha para esse tipo de situação pelas lentes do trauma o que nós vamos ver é pessoas amedrontadas e traumatizadas transferindo suas dores pros outros Porém isso não as desresponsabilização violência é violência negligência é negligência abuso é abuso e precisa ser nomeado como tal e responsabilizado como tal a gente vai para mais uma pergunta em vídeo mas antes eu vou ler alguns comentários que chegaram aqui
a diran diz que é uma alegria imensa ter a professora Ediane Ribeiro na CPFL uma grande potência brasileira e a Márcia Lima Diz parabéns pelo tema abordado muito importante Principalmente nos dias de hoje agradecer também todo mundo que está mandando comentários perguntas e a gente vai agora para uma pergunta em vídeo da Alice César que é uma psicóloga e especialista em autoestima feminina Olá meu nome é Alice César Eu Sou psicóloga especialista em autoestima feminina e traumas e sabemos que todos nós passamos por experiências traumáticas e desagradáveis ao longo da nossa vida desde a nossa
infância mas pensando Mais especificamente em pessoas negras ou Mais especificamente ainda em mulheres negras que passamos por discriminação racismo preconceito Que se mostram às vezes de maneira mais violenta de maneira mais agressiva em outros momentos de forma mais Sutil e quase imperceptível e que vão seguindo as nossas vidas pensando no nosso presente focando no futuro a minha pergunta é quais são os sinais de que eu tenho que parar e pensar de que aquilo que me aconteceu no passado que essas experiências estão afetando o meu presente afetando a minha vida de maneira geral e que eu
preciso parar tratar e cuidar disso para que isso não se amplie obrigada obrigada L Alice fez pergunta em vídeo tá aqui pessoalmente é sempre amor falando de recorte racial e te agradeço por essa pergunta para poder aprofundar um pouco na questão do recorte racial eh você é uma pessoa negra neste mundo você precisa de um trabalho intencional relacionado ao alto cuidado E a traumatização e aí vou explicar quando a gente pensa eh um dos braços do meu trabalho é o estudo do trauma racial na Perspectiva do que que o trauma racial faz com o cérebro
e o corpo de pessoas negras então nessa perspectiva o que que os estudos vêm nos mostrando que nós temos sabe a hipervigilância que falei das mulheres a gente vai ter isso constantemente ativado no cérebro de pessoas negras fazendo com que alguns tipos de câncer eh asma em mulheres negras que são condições mais prevalentes hoje não sejam mais vistas como questões genéticas mas como desfechos de sustentação prolongada do estress ou seja desfecho de trauma e do trauma racial eh quando Nós pensamos em trauma tem alguns conceitos que servem para qualquer tipo de trauma primeiro deles é
o trauma ele não precisa ser vivido em primeira pessoa o fato de eu ouvir ou presenciar uma situação traumática acontecendo com alguém ou escutar sobre detalhes de situação traumática que aconteceu com pessoas do meu afeto pode gerar em mim o desencadear de sintomas relacionados ao trauma Quando essas situações né E aí eu tenho autores como risman manen que é um cara que trabalha atualmente com trauma racial de uma forma brilhante assim como tema Bryant eh a tema inclusive foi minha professora de trauma racial e São pessoas que trabalham especificamente com esse recorte do ponto de
vista neuropsicofarmacologia vez que a gente não precisa passar pela experiência em primeira pessoa e a gente ouve e vê nos noticiários cotidianamente as violências e agressões agressões e microagressões raciais isso faz com que o cérebro passe a trabalhar numa hipervigilância constante que desencadeia estress e que desencadeia padrões de comportamento isso é um ponto isso faz com que muitas pessoas cheguem à vida adulta e eu me incluo nisso acreditando que reatividade que o seu o seu modo de existir no mundo era parte da sua personalidade quando na verdade foi uma resposta traumática aprendida dos meus 46
anos eu passei quase 30 e passei 30 e poucos anos vivendo vendo no modo de pronta para guerra porque eu aprendi na minha família eu nasci eu tive um privilégio muito grande de nascer Numa família de de classe média só que esse privilégio social me fez crescer no mundo de brancos porque muitas vezes eu era a única criança na escola na sala da escola particular no play do condomínio Eu e meus irmãos então é essa essa experiência de estar num mundo que não vai ser não vai ser eh Men com você faz com que muitas
famílias negras criem seus filhos para enfrentar o mundo com faca nos dentes e dos dos meus 46 anos 30 e poucos deles eu acreditei que eu era uma pessoa dura hostil fria e e trabalhar o meu os meus traumas e fazer ir pro autocuidado intencional Alice foi o que me permitiu encontrar em mim uma doçura que eu nem sabia que existia um olhar pro outro que eu nem sabia que existia então eu digo que hoje como mulher negra eu brigo pelo meu direito de ser suave e de ser doce eh no musical da alcionei Marrom
musical tem uma uma fala que eu gosto muito que ela tá discutindo com a gravadora a gravadora dizendo que ela tem que cantar letras mais fortes mais de protesto E ela diz o romantismo foi negado às pessoas negras por isso serei romântica até morrer e eu acho que eu serei também romântica até morrer do ponto de vista que Talvez o trabalho mais intencional das pessoas negras seja limpar o que é resposta traumática transgeracional e se encontrar com a sua essência sabendo tirar as armas do armário de vez em quando porque se a gente ten uma
certeza que a gente vai precisar delas de vez em quando então não me chame para briga porque as armas estão aqui eu tô doce mas não tanto eu tô doce mas aprendi a me defender ao longo desses anos todos mas saí da Defesa guard as armas de vez em quando aprender a estar no modo não guerra e para isso é o autocuidado muito importante e também aprender a ir para modo de guerra e desativá-lo quando é necessário para que eu possa me proteger num mundo que não é não é gentil conosco que é hostil e
que nós não vamos ver eu não vou ver um mundo não racista mas é o que falei antes o processo é transgeracional por que que eu faço o que faço às vezes me pergunto por que que eu dou aula de trauma racial por que que eu faço o que faço Por que para eu fazer isso alguém precisou fazer alguma coisa antes então eu acho que sempre que eu atendo pessoas negras no meu na minha clínica no meu consultório eu com um ouvido vou ouvir a história individual daquela pessoa a história familiar os dilemas as potências
os dramas Porque a terapia também é um lugar de não só olhar pra dor mas colocar a lente na potência também e com outro ouvido Quer a pessoa traga experiência ou não eu vou ouvir a história coletiva porque o o o trauma e é o que o risman fe muito bem no trabalho dele o trauma racial vai estar marcado em nossos corpos E aí vou trazer para finalizar eh esse processo do que aconteceu eh com a escravidão que não é que que envolve dimensões de desumanização e é com isso que a gente olha pro passado
em sanca e tenta se encontrar com a nossa história de potência Porque ela foi destituída num processo de desumanizar pessoas negras nos foi destituído três dimensões que são as dimensões que nos tornam humanos corpo mente espírito espírito através da da divulgação e da conceituação de que os negros não teriam Alma no passado e da criminalização e demonização das ições de matriz africana das religiões de matriz africana que foram intencionalmente demonizadas que nem existe demônio demônio é uma criação Cristã nem existe demônio nas tradições de Matriz africanas mas que foram intencionalmente criminalizadas e demonizadas para destituir
um dos constituintes da humanidade que é alma que é espírito e aí a ciência destitui mente corpo através de um conjunto de teorias lá do século X que vão dar origem a um uma pseudociência chamada frenologia que via nas características cerebrais traços de caráter e nas características fenotípicas e daí que vai surgir o termo racismo religioso porque adivinha quais eram os traços identificados como um caráter problemático eram os traços negroides e a isso dá origem ao que nós vamos chamar de racismo religi de racismo científico e embora a frenologia já tenha sido eh destituída já
tenha sido ignorada pela ciência moderna a tempos tida como pseudociência e charlatanismo ainda se outro dia Recebi um vídeo de uma pessoa falando sobre isso embora a neurociência já tenha eh a avançado e já tenha negado todas essas proposições mas você tem intencionalmente a destituição da mente da de uma mente que pode ir em direção ao outro e você tem uma destituição de um corpo esse corpo é criminalizado ele é violentado e ele é objetificado com isso você tem a destituição das características que tornam um ser humano só que para para uma população inteira então
quando a gente fala de estés e trauma racial a gente tá tentando reparo desse passado é grande demais para dizer que qualquer pessoa negra esteja livre da traumatização então o autocuidado das pessoas negras precisa ser algo intencional nós precisamos encontrar espaços seguros de celebração espaços seguros de manifestação das nossas potências de restituição daquilo que foi negado pela história como por exemplo os cientistas negros da história os impérios africanos que nós não estudamos na nossa escola então a gente precisa de um esforço intencional de sofa de busca dessa ancestralidade para que ela seja em nós a
ilha de segurança para seguir mesmo em meio à adversidade sem permitir que um sistema opressivo roube de nós a nossa autoestima e a nossa capacidade de amar Ed no no meio da sua palestra você citou um trecho da da Diana Corso né que você viu então foi é a gente tá vai pegar um trecho agora de outro Café Filosófico na verdade né fazer outu convite para vocês aproveitando para seguir a gente nas redes sociais onde a gente sobe vários conteúdos as íntegras das palestras o programa da tv e também esses trechinhos e a gente tem
um trecho aqui para mostrar para você que dialoga um pouco com o tema de hoje para você comentar depois do Joel birman vamos dar uma olhada todos os dias os noticiários anunciam guerras casos de violência injustiças sociais terrorismo catástrofes ambientais e tantos outros tipos de ameaças que geram medo e insegurança Como podemos lidar com essa avalanche de informações sem ficar angustiado ou ao mesmo tempo sem ficar anestesiado indiferente quando Freud analisou os efeitos da primeira guerra mundial sobre a emoção das pessoas abriu um caminho para o entendimento das chamadas neuroses traumáticas que nos espreitam até
hoje neuroses traumáticas neuroses de guerra neuroses em que as pessoas passam a viver certas experiências inesperadas de uma maneira disseminada né em que você tá tem a sua vida ameaçada a todo momento as pessoas que estão lá no campo de batalha né que estão no front da Guerra né de forma que o Freud se defronta com um fenômeno gerado pela violência e pela crueldade modernas esse o ponto chave né que o Freud descreve diante da experiência da Primeira Guerra considerada então a guerra mais violenta que a humanidade já tinha visto né É claro que depois
piorou bastante né mas naquele momento foi considerada a uma carnificina Sangrenta né onde o Freud chegou até a dizer que as dito as ditas sociedades primeiras eram sociedades muito mais C que as sociedades modernas eu acabei falando já um pouquinho sobre as guerras e a história das guerras no trauma Então vou pregar a primeira parte porque acho que dialoga com o que a gente tá vivendo atualmente né que é como não sucumbir a uma realidade que toda hora nos confronta com traumas coletivos com tragédias com uma pandemia como nós passamos que foi um grande trauma
coletivo E aí muitas pessoas chegam a mim Eh como como especialista em trauma para me perguntar as crianças na escola depois da pandemia ficaram mais assim mais assado eu falo gente Isso se chama transtorno do stress pós-traumático nós vivemos um trauma coletivo que vai que deixa sintomas deixa desfechos precisamos de organizações de ações para tratamento de transtorno do stress pós-traumático e atualmente essa exposição aos traumas coletivos ela tem sido recorrente né a gente não tá descansando muito é uma tragédia depois da outra nesse sentido eu V pegar a fala e v trazer pro que hoje
née trou as neuroses de guerra que eu falei antes eu vou trazer pro que os autores principalmente ali da década de 80 vão chamar de fadiga da compaixão ou stress secundário que essa assimilação de sintomas que nós começamos a ter a partir da frequente exposição a história de dor e sofrimento principalmente se nós estamos numa relação de cuidar é o custo do cuidar então o os os estudos de fadiga da compaixão estresse secundário culpa do sobrevivente outro nome que a gente pode usar para isso eles têm muita correlação com o que nós chamamos de trauma
Vicário que é um tipo de trauma estudado em profissionais da área de saúde por estarem frequentemente expostos a histórias de dor e de Sofrimento em uma relação empática de cuidado e que podem acabar absorvendo sintomas desse stress secundário que é diferente do Burnout ontem eu tava vindo para cá no avião e aí eu vi uma uma notícia que que era eh as pessoas que estão trabalhando como voluntárias na no nos os abrigos do Rio Grande do Sul estão começando a desenvolver Burnout provavelmente não é Burnout é trauma Vicário é estess secundário é fadiga da compaixão
porque pelo tempo não daria tempo para para desenvolver Burnout mas é um estess pela exposição aquela dor e aquele sofrimento que nós se ficarmos navegando um tempo na rede vamos sair muito mal é muito sobre isso o nosso corpo vai reagir aquela informação como se a gente tivesse participando daquela experiência como se tivesse vivendo aquela experiência e aí como achar o equilíbrio é o grande desafio porque a gente não pode ignorar o que tá acontecendo Eu tenho participado ativamente no treinamento de pessoas né de terapeutas em primeiros socorros psicológicos para trauma eh então eu fiz
essa opção de est junto ao treinamento ao invés de no atendimento direto para poder multiplicar de forma mais eficiente Na minha opinião e a em dados momentos eu preciso sair disso e para outros lugares porque o que começa a acontecer nos sintomas eh das pessoas e eu tenho escutado isso dos meus alunos que tem alguns aqui algumas carinhas conhecidas eu tenho escutado isso alunos terapeutas né eu tenho escutado isso das pessoas que atendo eh como que eu não vou comemorar o meu aniversário Porque como é que eu vou comemorar o meu aniversário com isso que
tá acontecendo Eu não eu acabei de ter uma realização importante na minha vida mas eu não consigo ficar feliz porque eu olho pro lado e tá essa tragédia e é compreensível esse sentimento por isso que chama fadiga da compaixão porém se nós não encontrarmos ilhas de mitigação de stress de redução de stress de reabastecimento nós vamos sucumbir o estress secundário então para quem tá fora da crise a gente precisa fazer uma coisa que chamamos em em ciência moderna de trauma que é pendula que é eu me conecto com isso de preferência de uma forma em
forma de ação porque se eu me conecto pela pelo pensamento eu vou gerar uma elevação de carga de stress no meu corpo que ela não vai sair ela fica dentro de mim então quando eu me conecto com isso a partir de alguma ação eu dou um canal para esse estess ser liberado estress é um processo físico então ele só sai fisicamente por isso a gente treme a gente chora quando tá antes ou depois de situações de estresse porque a carga adrenérgica saindo fisicamente pelo corpo por isso a gente ondula em situações de Emoções veementes como
num orgasmo por exemplo toda a situação que provoca uma uma carga emocional grande ela vai sair fisicamente você vai tremer Você Vai suar você vai chorar você vai produzir alguma secreção ou alguma ondulação no seu corpo porque o stress que carrega Ele precisa sair em forma de movimento ou de ação então se eu me conecto com isso a partir de uma ação eu dou um canal de saída só que eu preciso me proteger da infoto Xica então se eu fico o dia inteiro nessa informação que não tá sendo colocada não está sendo transformado em Ação
eu tô mais vulnerável à fadiga da compaixão e ao stresse secundário Então eu preciso pendular eu me conecto com isso porque é só solidariedade que vai salvar a humanidade gente assim talvez piegas essa frase aqui nesse momento mas eu acredito nisso é só a relação e o vínculo que pode nos salvar porque do do que nós mesmos construímos enquanto sociedade porque tudo isso que tá acontecendo não é um acaso tudo isso é resultado de como estamos vivendo de como estamos nos organizando tudo isso é resultado de desafiar a natureza por exemplo colocando a produção acima
de tudo eh o capital acima de tudo então todas essas grandes tragédias que temos vivido Elas têm a interferência da mão humana não é Deus não [Música] é não é nenhuma entidade nenhuma divindade que tá envolvida nisso é a gente mesmo a gente que tá tá fazendo isso então cabe a nós reverter esse processo e a gente precisa pendular disso entro em contato produzo uma ação saio do contato entro em contato com aquilo que me é nutritivo com as minhas conquistas com as minhas escolhas com os meus afetos porque senão eu vou sucumbi e aí
eu volto pro contato então no trabalho com trauma a gente trabalha o tempo todo com essa ideia da pendula de colocar a lente na dor tirar a lente da dor e colocar a lente na potência e na segurança para ganhar continente físico para voltar a fazer contato com a dor com mais continente para isso não gerar uma inundação uma sobrecarga de estress o trauma é também uma sobrecarga no sistema nervoso então é diante de situações muito desafiadoras e aí eu eu me sinto na mesma condição que qualquer pessoa me sinto desafiada também nessas situações assim
como me sinto desafiada diante do trauma racial que talvez seja um dos traumas que mais me me fazem eh me sentir vulnerável como terapeuta porque ele é em curso e quando se junta ao ao às experiências vidas por mulheres Quando essas duas coisas se interseccionam né mulher e gênero o que que vem antes no preconceito eu sou uma uma mulher ou eu sou uma pessoa negra e quando essas coisas se interseccionam então eh isso vai gerar um um um estar o tempo inteiro intencionalmente buscando ilhas de segurança para pendular da dor e para ganhar continente
para depois entrar em contato com a dor então tragédias como essa eu acho que para para quem está distante e para quem está perto também que é o que eu tenho orientado aos terapeutas precisa de revesamento precisa de pendula precisa que você com consiga incluir no seu dia coisas que sejam nutritivas para você e Isso inclui cuidar do corpo também Isso inclui bom sono Isso inclui boa alimentação Isso inclui movimento Isso inclui silêncio nós produzimos mais serotonina no intestino do que no cérebro que é um hormônio ligado ao bem-estar Então as nossas emoções elas estão
muito vinculadas a ter um corpo menos inflamado então se eu tenho uma dienda mais antiinflamatória se eu durmo bem outra coisa que já não é mais controversa né É consensual na neurociência é o sono é protetivo para eh o bom funcionamento inclusive nas experiências de estress Então eu preciso cuidar esse autocuidado ele precisa ser multidimensional E aí tô falando de um recorte aqui gigantesco porque nem todo mundo tem condição de fazer isso na na na ausência da condição ideal eu preciso buscar incluir intencionalmente aquilo que é possível me nutrir Então se é o abraço do
meu filho todo dia de manhã vai ser o abraço do meu filho todo dia de manhã que eu preciso valorizar se é uma caminhada de 10 minutos que me ajuda a produzir hormônios que equilibram o stress do meu corpo é uma caminhada de 10 minutos que eu vou realizar se é um banho mais demorado que me faz fazer silêncio que me tira de Fora e me coloca para dentro porque tudo nos convida muito para fora até agora e na vida moderna tudo nos convida para fora e não é à toa que a nossa sociedade que
nos quer traumatizados e anestesiados porque traumatizados e anestesiados consumimos mais nós temos tantos anestésicos sociais excesso de compras excesso de trabalho excesso de comida todos esses excessos oferecidos pela nossa sociedade eles não são à toas quando nós estamos infelizes nós consumimos mais uma sociedade no consumo não nos quer tão bem organizados assim então Eh quebrar esse ciclo envolve múltiplas dimensões envolve um autocuidado físico mental emocional e eu acho que envolve uma recarga nos nossos vínculos de afeto eu preciso olhar paraa dor do que tá acontecendo com essas pessoas para inclusive valorizar o abraço que eu
vou receber amanhã quando eu chegar no Rio de Janeiro a gente tem várias perguntas eu vou até mostrar aqui ó isso daqui a quantidade de papeizinhos de perguntas que vocês enviaram muito obrigado eu sei que tem muita gente querendo fazer pergunta aqui também tem muita pergunta que veio pelo YouTube muitas só que a gente chegou ao final do Café Filosófico a gente deu quase Du horas já faz um a mais forte gente para valorizar você contar uma coisa de bastidores quando ela chegou aqui ela falou que se deixasse ela ficava até meia-noite então mas infelizmente
a gente tem que acabar no horário em Campinas mas ela já vou dar já vou avisar para vocês já que acaba aqui A palestra mas ela segue aqui para conversar com vocês tirar tirar fotos né eu vou ler só alguns comentários já vou te passar pra consideração final mas a Márcia disse que é muita admiração por você conteúdo essencial atual reflexivo Obrigado Diane Café Filosófico Thiago Guimarães Ed é uma potência de Lucidez impressionante como discorre sobre temas tão complexos com clareza e simplicidade a Amanda diz que escutando enquanto trabalha Adorei conhecer a edian através do
programa e a Maria Manuela maravilhosamente lúcida corajosa e competente Parabéns ao Café Filosófico Obrigado e parabéns a você eu te passo a palavra palavra toda sua agora então me segue gente meu Instagram é então me segue nas redes lá eu tenho conteúdo não tenho relações mal acab de vínculo é conteúdo de qualidade no Instagram no Linkedin bom e que eu posso deixar de mensagem eh final se você sair daqui e se você estiver como eu com leve lembrança das coisas ao invés de memória eu depois do covid eu minha memória que eu sempre me orgulhei
de ser muito boa se transformou em lembranças lev leve lembrança das coisas talvez eh o que eu gostaria de deixar como mensagem eh que essa travessia Que eu convidei vocês no começo da nossa do nosso encontro que foi a travessia que eu fiz vindo de uma família com múltiplos traumas crescendo numa infância de muita imprevisibilidade que a gente não como eu disse tinha o privilégio de nascer Numa família de classe média porém num lar de um pai alcoolista com muito conflito com muita imprevisibilidade vendo uma mãe sofrer violência doméstica é por isso que eu trabalho
com trauma o trauma para mim ele não é uma escolha de estudo ele não é uma escolha teórica de uma escolha profissional ele eh o estudo do trauma enquanto possibilidade de recuperação de potência foi o que salvou minha vida foi o que me possibilitou não ir por exemplo para um caminho autodestrutivo que é muito comum nas experiências traumáticas e importantes Então para mim escolher olhar pelas lentes do trauma é uma escolha de vida e é escolher olhar pro tesouro escondido pelo trauma pra potência que existe em cada pessoa que eu tô olhando nos olhos agora
então se eu puder deixar alguma mensagem aqui para vocês é que vocês nunca se esqueçam de que há sempre em vocês aquilo que tá mais conectado com a sua autenticidade com a sua parte desejante com a sua capacidade de amar com a sua capacidade de se conectar com outros aqui aquilo que em você te torna um humano possível e que eu espero que vocês saiam daqui com uma mensagem de que vocês são dignas e dignos de existirem exatamente como são Ai fiquei de p também todo mundo conhe gente eu vou agradecer aplaudir de pé também
a sua palestra Foi incrível Obrigado pela sua participação pel todas as suas palavras obrigado a todo mundo que mandou comentários pra gente pelo YouTube obrigado a vocês que compareceram aqui eu vou aproveitar que todo mundo tá aqui sig a gente nas redes sociais @ cafil underline CPFL onde vocês podem ver conteúdos como o dela e no YouTube também procurar a gente no Café Filosófico lá no YouTube para também ver Rever essa palestra vocês estão aqui vocês podem se rever também Quem fez a pergunta eh falei vocês podem tirar foto com ela ela vai est aqui
disponível para conversar com vocês tirar foto com o cenário marca a gente nas redes sociais marca também marca ela também dei e na semana que vem a gente vai voltar seguindo esse módulo com o tema eu sou uma farsa a síndrome da impostora com Gabriela saiago quinta que vem todos convidados Obrigado até lá domingo quais os nossos temores sobre as transformações que a inteligência artificial pode causar nas nossas vidas as polêmicas mais relevantes é giraram em torno da ética das imagens um alerta sobre aí os potenciais estragos dos Deep fakes a era das ias memórias
arquivos e apagamentos quais os benefícios desta tecnologia que os nossos temores nos impedem de enxergar abrem novas frentes criativas no campo das imagens isso é um momento sem precedente na história café filos domingo 7 da noite [Música]