Nossa conversa hoje será sobre o livro da vida e quero insistir em algo que venho repetindo de forma recorrente no início de cada aula. Estamos aqui construindo de forma progressiva o entendimento das doutrinas bíblicas e o assunto de agora é a continuação da aula anterior sobre certeza de salvação. Portanto, se você não teve acesso a essa aula, seria melhor, recomendável que você tivesse contato com esse material antes, porque o que estamos apresentando agora acaba ficando muito mais claro e fazendo muito mais sentido nessa perspectiva de continuidade.
Bom, quero iniciar lendo Apocalipse, capítulo 20, dos versículos 11 ao 15. Diz assim: "Vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da presença dele, e não se achou lugar para eles.
Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, que estavam em pé diante do trono. Então foram abertos livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto.
E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros. O mar entregou os mortos que nele estavam. A morte e o inferno entregaram os mortos que neles havia.
E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.
E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo. Bom, essa expressão "o Livro da Vida", aparece várias vezes na Escritura, em especial no Novo Testamento, sempre como um indicativo daqueles que foram alcançados pela salvação em Cristo Jesus e cujos nomes estão arrolados nos céus. Particularmente, tenho sido questionado por pessoas: "Pastor Luciano, o senhor, acredita que o livro é literal ou é apenas uma maneira de entendermos que, de fato, o céu tem sua forma de registros?
Então, por exemplo, na época em que a Bíblia foi escrita, os registros eram no natural, literalmente falando. Na vida, o dia a dia das pessoas eram feitos apenas no formato livro. Não existiam registros eletrônicos como temos hoje.
Então, hoje podemos tanto ter uma grafia, um registro eletrônico, como podemos ter outras formas de registro, como áudio e vídeo. " E ele falou: "Isso não significa que no céu necessariamente vai passar vídeo ou que o que esteja escrito lá seja literal. " Falei: "Realmente não podemos declarar com toda certeza que é um livro palpável, tangível, mas a ideia de um registro dos salvos, daqueles que entrarão no gozo da salvação, isso é indiscutivelmente apresentado nas Escrituras.
" E eu quero tomar essa declaração do Livro da Vida para que a gente possa considerar, na perspectiva de continuidade, aquilo que falamos anteriormente sobre certeza de salvação. Em primeiro lugar, eu quero destacar que o nome no Livro da Vida é um requisito para se entrar nos céus. Então isso é um ponto que não há nem o que discutir.
Não apenas acabamos de ler em Apocalipse 20 que os nomes daqueles que não foram achados inscritos no livro, essas pessoas não terão acesso, elas, pelo contrário, vão viver a condenação eterna, como também em Apocalipse 21 27, lemos: "Nela", está falando da cidade santa, a Nova Jerusalém, "Nela não entrará nada que seja impuro, nem o que pratica abominação e a mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. " Quando olhamos para essa declaração de que somente os inscritos é que entrarão, a palavra aqui traduzida, "inscritos" no original grego "grapho", fala de grafia de algo que, de fato, foi escrito, somente esses terão acesso. Essa declaração, ela é apresentada ao longo das Escrituras.
Particularmente, desde criança eu fui exposto a esse tipo de ensino, o Livro da Vida, e que ter o nosso nome lá é o requisito necessário para que se entre nos céus. Eu, particularmente, acredito que há mais sobre o assunto do que nós temos entendido ou percebido, mas essa consciência, ela deveria ser uma espécie de arma de defesa do crente contra os ataques do diabo, que muitas vezes visam minar a certeza de salvação. Então, estabelecido esse primeiro ponto, que fica claro tanto em Apocalipse 20, de 11 a 15, Apocalipse 21.
27, de que o nome no Livro da Vida é um requisito para se entrar nos céus, e não estou dizendo que o nome apareça lá por qualquer meio alternativo que não seja todo o processo da salvação que foi providenciado por meio de Cristo Jesus, que se recebe através de arrependimento e fé, mas vamos dizer que isso muito mais numa consequência de tudo aquilo que Cristo fez e que os homens corresponderam, o nome escrito no Livro da Vida é o requisito necessário para entrar no céu. Em segundo lugar, eu quero destacar um outro conceito. Nós podemos saber antecipadamente, mesmo antes de chegarmos nesse dia diante de Deus, diante do trono de Deus, nós podemos saber que os nossos nomes estão lá.
Nós podemos saber que os nossos nomes estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. Bom, no livro de Hebreus, no capítulo 12 e no verso 22, nós vemos uma declaração bíblica que nos faz pensar no assunto, que nos remete a isso. O texto diz assim: "Pelo contrário, vocês chegaram ao Monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a milhares de anjos.
Vocês chegaram à assembléia festiva, à igreja dos primogênitos arrolados nos céus. " Isso significa que os nomes foram incluídos num rol. Se a palavra "escrito" ou "inscrito" no Livro da Vida, no original grego é "grapho", aqui o que nós temos é a palavra "apographo", de acordo com os léxicos, o que significa "registrar, transcrever.
" Ou seja, os nomes dessas pessoas foram incluídos num rol celestial. Há um arrolamento, existe um livro, existem registros e a Bíblia fala da Igreja como sendo um grupo de pessoas que estão arrolados, que foram inclusos no rol. Lucas capítulo 10, eu quero ler aqui do versículo 17 a 20.
A Bíblia diz: "Então os setenta voltaram, cheios de alegria, dizendo: Senhor, em seu nome, os próprios demônios se submetem a nós! Jesus lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis que eu dei a vocês a autoridade para pisarem cobras e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, lhes causará dano.
No entanto, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, e sim porque o nome de cada um de vocês está registrado no céu. " Bom, há muitas lições por trás desse registro bíblico. Mas Jesus envia um grupo de 70 discípulos, ou seja, um grupo maior do que apenas o dos 12, lhes da autoridade para expulsar demônios, para curar os enfermos, na verdade, o capítulo dez inicia com essa afirmação, o verso 1 de Lucas 10 diz: "Depois disso, o Senhor escolheu outros setenta", ou seja, além dos 12 outros 70, "e os enviou de dois em dois, para que fossem adiante dele a cada cidade e lugar onde ele haveria de passar.
E lhes disse: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. " Ele diz: "Vão! " Verso três: "Eu envio como cordeiros no meio de lobos.
" Então ele faz declarações como no versículo 9: "Curem os doentes que houver nessa cidade. " Ele vai dando instruções a respeito de como seria a missão que eles teriam que realizar. Então eles voltam da missão a qual o Senhor Jesus os tinha comissionado, cheios de alegria, vendo o poder do nome de Jesus e como os demônios se submetem a um nome que foi exaltado acima de todo nome.
Eu me lembro, aos 15 anos de idade, cheio do Espírito Santo, quando comecei a evangelizar nas ruas e comecei a ter que lidar com situações como essa de pessoas endemoninhadas, de exercer a autoridade do nome de Jesus e eu, particularmente, posso dizer que de alguma forma consigo entender a euforia e empolgação desses discípulos, porque eu achava o máximo ver aqueles espíritos se curvando à autoridade do nome de Jesus. De fato, aquilo para mim era muito empolgante. Era fonte de alegria, de euforia.
Mas Jesus faz a seguinte declaração, Ele diz: "Eu vi o problema desde o início. Quando Satanás cai do céu como um relâmpago, eu dei autoridade para vocês vencerem o inimigo, não é o inimigo que vai vencê-los", aí ele diz: "no entanto, alegrem-se, não porque os espíritos submetem a vocês, mas porque" eu acredito que Jesus está dizendo" "Vocês têm um motivo de alegria muito maior do que esse. " Não acredito que Jesus está dizendo que não, que ninguém de nós poderia se alegrar pelo uso da autoridade do nome de Jesus e porque os demônios se submetem, mas, basicamente, ele está dizendo: "Existe um motivo de alegria muito maior, e talvez vocês não estão dando atenção a esse como deram atenção ao outro motivo.
" Ele diz: "Alegrem-se, porque o nome de cada um de vocês está arrolado, registrado no céu. " De novo, aqui a palavra traduzida "arrolado"ou "registrado" é a palavra "grapho", ou seja, o nome de vocês está escrito. Se está escrito, está escrito em algum lugar.
Novamente, acredito que nós temos aqui uma referência ao Livro da Vida e a informação de que podemos carregar essa certeza de que o nome está lá, ainda que não chegamos diante do Senhor, ainda não que chegou a hora da constatação, nós podemos saber que o nome está lá. Como? Na aula anterior< sobre certeza de salvação< falamos tanto de afirmações bíblicas e a Palavra de Deus é a base da nossa fé, como também falamos a respeito do testemunho do Espírito Santo, que o Espírito testifica com o nosso espírito que nós somos filhos de Deus.
Então, portanto, a certeza de salvação que nos é trazida pela declaração bíblica, pelo testemunho do Espírito Santo, somados, nos levam à convicção: nossos nomes estão escritos, estão arrolados no céu. Isso deveria ser para nós motivo de alegria, porque muitas vezes as pessoas estão empolgadas com alguns do que eu chamaria dos efeitos colaterais de crermos, o evangelho, de praticarmos. Por exemplo, Jesus fala a respeito de fazer a vontade Dele, e Ele diz: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
vai entrar no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Deus. " Depois de apresentar esse conceito em Mateus 7. 21, Jesus diz: "Muitos naquele dia vão me dizer: Senhor, nós não profetizamos em teu nome?
E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres? " No verso 23, Jesus diz: "Então lhes direi claramente: Eu nunca conheci vocês.
Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal. " Outras traduções dizem: "que praticam a iniquidade. " O que é que nós temos por trás dessa declaração de Jesus?
Ele não nega que as pessoas no seu nome expulsaram demônios, operar milagres, profetizaram. Ele não questiona, dizendo: "Não, não foi no meu nome". Mas ele está dizendo que alguém pode viver esse aspecto de exercer a autoridade do nome de Jesus, mas ou não se apartar do pecado, ou depois voltar para o pecado do qual havia se apartado e esse é um assunto que tratamos em outra aula já dada "Salvação se perde?
" e percebemos que o Senhor está dizendo que existe algo mais importante do que essa empolgação momentânea que diz respeito àquilo que dura para toda eternidade. É a certeza de que estaremos para sempre com o Senhor. Nós podemos exercer a autoridade do nome de Jesus e, no final das contas, comprometer as coisas.
Mas nós podemos zelar pelo entendimento de que há uma salvação que nos foi confiada, que, como diz o livro de Apocalipse, guarda aquilo que você tem para que ninguém tome o que é seu e não apenas zelar por isso, mas fazer isso com grande alegria. Olhando para as Escrituras, eu percebo ainda que nós não apenas podemos saber que os nossos nomes estão lá, mas nós podemos ter certeza, inclusive a respeito do nome de outros. Pelo menos é o sentimento que o apóstolo Paulo externa em Filipenses, no capítulo quatro e ele diz assim, no versículo três: "E peço também a você, fiel companheiro de jugo, que auxilia essas mulheres, pois juntas se esforçaram comigo no Evangelho, juntamente com Clemente, com os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no Livro da Vida.
" Obviamente, Paulo não traria pessoas para uma equipe ministerial de cooperar, de trabalhar com ele sem a certeza de que viveram primeiro o processo da sua própria salvação. Aliás, é importante a gente reconhecer isso, que o conceito bíblico apresentado por Paulo, que fala por inspiração do Espírito Santo, é de uma salvação transbordante. Ele diz a Timóteo: "Fazendo isso salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.
" Quem não se preocupa com a própria salvação não deveria estar focado ou preocupado com a salvação de outros porque Jesus diz que um cego não pode guiar outro cego. Então Paulo está demonstrando a certeza de que não apenas seu nome está escrito no Livro da Vida, mas de que o nome dos seus companheiros ministeriais e dos seus cooperadores também estavam escritos lá. Então, recapitulando em primeiro lugar, o nome escrito no Livro da Vida é requisito para se entrar no céu.
Em segundo lugar, podemos saber que os nomes estão lá. Em terceiro lugar, eu quero mexer num outro assunto que é o questionamento: o nome é escrito no Livro da Vida no momento em que alguém se converte, ou podemos ter algum outro formato diferente do que temos pensado? Então vamos lá.
Quando eu era criança, eu me lembro, isso não significa que não aconteça hoje, mas será muito frequente nas igrejas, antigamente, hoje é bem raro, no momento de levar o pecador a uma confissão de Jesus, a expressar seu arrependimento e fé eu lembro que normalmente os pregadores faziam a pessoa declarar: "Escreve o meu nome no Livro da Vida" e a gente imaginava que o nome da pessoa estava sendo escrito no Livro da Vida no momento em que ela se converteu. Eu quero trazer um outro questionamento. Na perspectiva bíblica, na perspectiva divina, o nome é escrito no Livro da Vida quando alguém se converte ou ele seria riscado quando alguém não se converte e rejeita Isso?
Porque há uma perspectiva importante aqui, inclusive a preparação para uma outra aula, cujo assunto não dá para abordar de forma devida aqui e agora, que diz respeito a uma grande discussão teológica que é o assunto de predestinação. Um dia uma pessoa me perguntou: "Pastor, o senhor acredita em predestinação? " Falei: "Claro, predestinação é bíblico.
A Bíblia diz que fomos predestinados, está lá. Agora, o que se entende pela definição de predestinação aí é outra conversa. " Ninguém pode dizer que não acredita em predestinação, porque predestinação é parte da linguagem bíblica.
Agora, qual o entendimento disso e como se aplica aí é outra conversa, é outra discussão. O que particularmente acredito que é fundamento doutrinário? É a declaração de Paulo e aqui não vou usar a soma de muitas declarações em um outro momento devido nós vamos ampliar esses conceitos que vão sendo apresentados aos poucos e desenvolvidos à medida em que as aulas vão sendo apresentadas, mas, depois de se referir a Deus como nosso Salvador, em primeira Timóteo 2.
3, Paulo termina dizendo: "Diante de Deus, nosso Salvador". No verso 4, ele diz: "que deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. " Então nós temos afirmações na Palavra de Deus que são claras e específicas que Deus deseja que todos os homens sejam salvos.
Quando eu olho para essa declaração bíblica que Deus deseja que todos e essa palavra todos, tanto pode ser traduzida na perspectiva individual, que cada um seja salvo, como na soma dessa individualidade do uma a um, a gente enxergue o resultado final, o "todos". Quadno a Bíblia está dizendo que Deus deseja que todos se salvem obviamente, é o que ela quis dizer. Eu tenho visto pessoas, inclusive li um artigo de Spurgeon, príncipe dos pregadores, um homem que merece todo nosso respeito, inquestionavelmente um homem de Deus e que contribuiu muito para a Igreja, mas, nesse particular, não pude, em absoluto, concordar com a declaração dele.
Ele tentava relativizar o entendimento de todos, dizendo: "Olha, em alguns lugares da Bíblia a expressão todo quer dizer todo mundo literal só quer dizer bastante gente. Então todo Israel saiu, ouvir Jesus, Realmente foi todo mundo ou não foi? " E alguns textos foram apresentados com a ideia de relativizar o todo, como se naquele particular apresentado, onde aquilo até poderia ser admitido o uso e a definição da palavra "todo" em toda a Bíblia fosse comprometido na perspectiva daquela análise de alguns poucos textos.
Então eu olho para isso e me pergunto se essa declaração e especulação dele para tentar dizer que não são todos que serão salvos, que Deus não deseja que todos, literalmente, mas só que a maioria um grande número seja salvo, se essa definição é verdadeira quando a Bíblia diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, então todos não é todos, é só a maioria? Mas nesse momento, essa mesma turma que defende a depravação total do homem vai dizer: "Não aqui, todos é todos". Eu digo: "Ué, mas se aqui todos é todos, por que lá na frente o todos não é todos?
De acordo com o que vocês resolveram crer o todo significa uma coisa e de acordo com o que vocês decidiram não crer, o todo significa outra e vocês decidem quando é que o todo é todo e quando é que o todo não é todo? " Nós precisamos perceber que a Palavra de Deus é harmônica em toda a sua revelação e diante de qualquer aparente contradição, o que nós temos é um desafio de interpretação. Então, em alguns momentos, nós teremos de fato desafios.
Nós precisamos enxergar o que é a linha de coerência. Por exemplo, outro dia uma pessoa comentou comigo e falou: "Pastor, nós como homens, devemos ouvir ou não devemos ouvir nossas esposas? " Eu falei: "Por que está perguntando isso?
" Ele falou: "Ué, Deus repreendeu Adão: - Você deu ouvidos à voz da sua mulher. Particularmente acredito que Deus está dizendo: - Você errou em ouvi-la. Mas lá na frente Deus disse para Abraão: - Ouve, Sara, tua mulher.
E aí? É para ouvir ou não é para ouvir? Será que Deus não está indeciso?
" Eu falei: "Meu amigo, qual é o ponto de coerência quando você soma declarações? A questão não é ouvir ou não ouvir a mulher. A pergunta aqui é: Quem é que a mulher está ouvindo?
Na primeira vez, Adão deu ouvidos a uma mulher que estava ouvindo Satanás. Na segunda, Deus está dizendo a Abraão para ouvir uma mulher que está ouvindo Deus, que está alinhada com o propósito. Então você não pode tentar criar regras sobre ouvir ou não ouvir a mulher.
Se você olhar por esse lado, parece contradição, mas se você entender qual é a coerência por trás da aparente contradição, então você entende um outro princípio bíblico. " Quando analisamos a Palavra de Deus de uma forma mais clara e profunda, para mim é inquestionável, olhando as declarações bíblicas, que Deus deseja que todos se salvem. Em Tito, no capítulo dois, no verso 11, a Bíblia diz que a graça se manifestou salvadora a todos os homens.
Em Tito, no capítulo três, no verso quatro, a Bíblia diz: "Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador", ele relaciona bondade com salvação, "o seu amor por todos, ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós". Basicamente, nós vamos ter texto atrás de texto falando de uma salvação que é oferecida a todos. E o conceito de predestinação de alguns é: Deus predestinou alguns para salvação, e Deus predestinou outros para a perdição, ou seriam os chamados réprobos.
A pergunta a ser feita é: se predestinação é bíblica e ponto final, o que é que se entende por isso? Isso será melhor discutido uma outra aula, mas o que eu quero apresentar é a diferença de presciência com predeterminismo. A Bíblia enfatiza a questão da presciência e quase sempre que a Palavra de Deus vai falar sobre eleição ou predestinação, nós vamos perceber nas entrelinhas que existe menções à presciência.
Por exemplo, primeira de Pedro, capítulo um, verso dois a Bíblia diz: "eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para obediência e a aspersão do sangue de Jesus". Então essas pessoas que viveram a santificação do Espírito, chamadas para andar em obediência a Cristo, que estão debaixo da aspersão de Cristo a Bíblia diz que são eleitos, mas a Bíblia diz: "eleitos segundo a presciência de Deus Pai". Quando olhamos para Romanos, capítulo oito, verso 29, onde o apóstolo Paulo faz a clássica declaração: "Pois aqueles que Deus de antemão conheceu, também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho", de novo, "de antemão conheceu", nós temos presciência.
Então, uma avaliação rápida aqui antes da aula, onde esse assunto será melhor explorado. Paulo teve um encontro com Cristo na estrada de Damasco, já adulto, mas diz que foi separado desde o ventre da sua mãe. Então o momento da conversão dele, na perspectiva da cronologia humana, se dá na sua fase adulta.
Mas o Deus que conhece o momento onde haveria rendição, arrependimento e entrega, porque tem uma informação, vamos chamar aqui privilegiada, antes de tudo acontecer, pode trabalhar em cima disso. Nós precisamos entender que o fato de Deus ter dado ao homem o livre arbítrio, a capacidade de escolha, não anula a sua soberania. Eu tenho visto pessoas dizendo: "Não, onde é que fica a soberania de Deus se o homem escolhe?
" Eu digo: "Ué, o Deus que é soberano não pode ser soberano do jeito dele? Ele tem que ser soberano do jeito que a gente imagina que ele tem que ser soberano? Se para ele ser soberano ele tem que ser de acordo com a minha definição e não a própria dele, ele já deixou de ser soberano.
" O que eu acho engraçado é que muitas vezes aqueles que crêem na salvação de todos, perguntam: "Onde está a justiça divina? " quando você apresenta a ideia de que alguém foi predestinado desde a eternidade para ser um réprobo, para a perdição e que ele não tem a menor chance. As pessoas dizem: 'Não, você está avaliando justiça na perspectiva humana e não na divina", mas na hora de avaliar a soberania ele avalia na perspectiva humana e não na divina.
Então, essa incoerência realmente me incomoda. Quando eu olho para as Escrituras, eu percebo que o Deus soberano, que deu ao homem o direito de escolha, não é refém de esperar a escolha humana para saber o que acontecerá. Ele tem o controle de todas as coisas, inclusive das escolhas que faremos antes delas serem feitas.
Então, munidos de um entendimento de que Deus quer que todos se salvem, mas que nem todos vão corresponder, a pergunta a ser feita é: Deus precisa esperar o momento em que a pessoa toma uma decisão para escrever o nome dela? Ou se pensamos que o Deus que deseja que todos se salvem colocou o nome de todo mundo no Livro da Vida, porque esse é o seu desejo e a medida em que as coisas se desenrolam, ou mesmo antes de desenrolar, porque ele conhece, aqueles que simplesmente vão rejeitando o que Ele oferece, Deus riscaria seu nome. Por que eu estou dizendo isso?
Em Êxodo no capítulo 32, de 31 a 33, nós temos uma conversa de Deus com Moisés, que ela é muito reveladora. O texto diz assim, depois do pecado cometido pela nação de Israel, do bezerro de ouro, a Bíblia diz: "Moisés voltou ao Senhor e disse: Ah! O povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro.
Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, peço-te que me risques do livro que escreveste. " Moisés tem algum nível de entendimento de um livro, e ele sabe que o nome está no livro e ele está apelando para Deus: "Ou o Senhor perdoa esse povo ou me risca. " Verso 33: "Então o Senhor disse a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim.
" Então Deus não está dizendo que não tem um livro, Deus não está dizendo que não haverá o nome de pessoas sendo riscado, mas Ele está dizendo que Ele risca o nome de quem peca contra ele. No Salmo 69, no verso 28, nós também temos uma informação que, à luz dessa, faz bastante sentido. O texto diz assim: "Sejam riscados do Livro dos Vivos".
Aqui a tradução não está necessariamente, não aparece como o Livro da Vida e sim como o Livro dos Vivos, mas há uma conexão: "Sejam riscados do Livro dos Vivos e não sejam incluídos na lista dos justos. " Ou seja, há um rol dos justos dos quais alguém pode ser riscado. Em Apocalipse no capítulo três, nos versículos 4 e 5, nós temos a frase mais contundente de todas a respeito desse assunto.
O Senhor Jesus está falando com a igreja de Sardes, uma das sete igrejas da Ásia, no verso dois ele diz: "Fique vigiando, fortaleça o restante que estava para morrer, porque verifiquei que as obras que você realiza não são íntegras na presença do meu Deus. Lembre-se, pois, do que você recebeu e ouviu; guarde-o e arrependa-se. Se você não vigiar, virei como ladrão, e de modo nenhum você saberá a hora em que virei contra você.
" Então Deus está falando de consolidar o restante que estava para morrer, de obras que não são íntegras, de uma situação que, de fato espiritualmente era problemática, merecia arrependimento, mas depois de falar desse grupo que espiritualmente "não está bem das pernas", fala numa linguagem mais atual, Deus diz, no verso quatro: "Mas você tem aí em Sardes umas poucas pessoas". Não era maioria, "umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestes. " O que significa que a maioria tinha contaminado.
"Elas andarão comigo, vestidas de branco, pois são dignas. O vencedor", que não contaminou as suas vestes, "será assim vestido de branco, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida. " Se Deus está dizendo: "de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida", se o próprio Jesus está dizendo isso, não me diga que o nome não pode ser apagado.
Por que ele faria uma promessa de para o vencedor o nome não ser apagado se a possibilidade não existe? Então, isso não seria uma promessa. Ele simplesmente teria nos iludido e teria brincado conosco e com as nossas emoções.
Agora, se de fato o nome é apagado, então não é que Deus não escreveu porque Ele não tinha planos de salvar. Significa que todos aqueles que foram escritos que Ele deseja que se salvem, não necessariamente abraçaram aquilo que estava à disposição e no final serão riscados. Eu sei que quando falo a respeito desse tipo de assunto, porque se todo mundo está escrito e vai sendo riscado por rejeitar, nós não temos um Deus que não quis salvar, nós temos pessoas que não aceitaram a sua salvação.
E como eu disse, o assunto será melhor discutido em outra aula, mas em Apocalipse 13, no verso oito e também depois nós vamos ter a repetição disso em Apocalipse 17, a Bíblia fala de pessoas que não tiveram seus nomes escritos, "graphos", no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Aí, de vez enquanto, tem gente que fala: "Ah, como você vai dizer que risca se aqui está dizendo que o nome não está escrito? " Bom, a Bíblia está dizendo que antes da fundação do mundo o nome não consta arrolado, escrito e isso não significa e não contradiz o resto da Escritura de que não tenha primeiro sido escrito e que não tenha sido riscado depois.
O fato é que para o Deus presciente, todas as coisas já estão definidas, ainda que ele tenha nos dado o direito de tomar decisões, Deus não será pego de surpresa por nenhuma delas. Então, de novo, de novo e de novo, nós vamos voltar na discussão de predeterminismo ou presciência? Para os que crêem no predeterminismo eles não explicam os textos sobre presciência.
Os que crêem sobre presciência e refutam o predeterminismo reconhecem todas as declarações que o predeterminista usa, com a diferença de: Quem está tomando a decisão? É Deus de forma arbitrária, antes do homem nascer, existir ou fazer suas próprias escolhas, ou Deus presciente, conhecendo-as, pode trabalhar de antemão? Para mim, isso faz muito mais sentido com toda a coerência bíblica.
A ideia de falar do Livro da Vida não é apenas para que haja em nós a alegria que o Senhor Jesus diz que deveria haver pela certeza de salvação, isso é algo que deve ser cultivado na vida de todo crente, mas também diz respeito a um entendimento mais claro das nossas responsabilidades. Não transfiro a Deus a responsabilidade de decidir quem será ou não será salvo. Creio de todo meu coração que salvação foi disponibilizada a todos e que nós temos a responsabilidade de abraçar aquilo que Deus oferece, de corresponder com Ele ou não, e que, diante das nossas decisões que são previamente conhecidas, nós temos os desdobramentos corretos.
Eu espero que esse entendimento ajude-o de forma prática quanto a alegrar-se a respeito do seu nome escrito no Livro da Vida, como também te ajude a entender a sua responsabilidade, viver de forma correta para que esse nome não venha a ser riscado. Que Deus nos ajude com o devido entendimento, sabedoria do alto, compreensão da Palavra, a ter essa mescla de alegria, de regozijo pelo que Ele faz com o temor de não brincar com as coisas que ele oferece.