ENDÊMICAS do BRASIL - Aves que SÓ EXISTEM NO BRASIL | Pássaros 100% brasileiros | PLANETA AVES

Brasil é o país das aves, possuindo espécies das mais variadas cores, formas e cantos! Fala pessoal, sou Willian Menq, biólogo/ornitólogo e esse é o primeiro vídeo da série “ENDÊMICAS DO BRASIL”. Você vai conhecer aves surpreendentes da nossa fauna, espécies que existem exclusivamente no território brasileiro.

Aliás, essa é a definição mais simples de ave endêmica – aquelas que tem uma distribuição restrita a um determinado local. Para você ter uma ideia, das mais de 1900 aves existentes no Brasil, cerca de 300 são endêmicas, são genuinamente brasileiras! Vou abrir essa série com um dos psitacídeos mais emblemáticos de nosso país, a ararajuba!

Brasil também é a Terra dos Psitacídeos, abrigando quase 90 espécies! E a ararajuba é uma das preciosidades endêmicas da nossa fauna. Ela ocorre apenas na Floresta Amazônica dos Estados do Pará, sudeste do Amazonas e Maranhão!

O nome “ararajuba” vem do tupi que significa "arara-amarela". Tem o mesmo porte de um papagaio, só que com a cauda bem comprida. Além de ser endêmica do Brasil, a ararajuba tem as principais cores da nossa bandeira, um amarelo vibrante com verde nas pontas das asas.

Pensando nisso, o ornitólogo Helmut Sick, que foi um dos maiores ornitólogos do Brasil, décadas atrás ele fez uma campanha para tornar essa espécie como ave símbolo do Brasil, mas infelizmente isso acabou nunca acontecendo. Ver elas livres assim, em seu ambiente natural, é um privilégio de poucos! Olha só que passarinho sensacional, trata-se da maria-leque-do-sudeste!

Essa ave ocorre apenas na Mata Atlântica do sudeste do Brasil! Mas não é qualquer tipo de floresta que ela vive não! Ela gosta apenas de florestas bem preservadas.

E o grande destaque dessa ave é sua crista colorida em forma de leque! ! Tanto macho quanto a fêmea tem essa crista, no macho é mais avermelhada e na fêmea é alaranjada.

Mas essa crista fica boa parte do tempo recolhida! Ela só é exibida em situações bem específicas, uma dessas situações é quando o casal se encontra, um exibe o leque para o outro de forma sincronizado. Talvez a exibição da crista esteja relacionada a essas interações entre o casal, mas a real função ainda é desconhecida.

Na Amazônia e América Central existe uma outra espécie maria-leque, que inclusive muito parecida com a nossa aqui da Mata Atlântica, diferenciando-se em alguns pequenos detalhes. E o Nordeste é o lar da arara-azul-de-lear! Sendo mais exato, essa espécie de arara ocorre apenas na caatinga arbórea do nordeste da Bahia!

Especialmente na Reserva Ecológica Raso da Catarina, próximo à cidade de Paulo Afonso, e na Reserva Biológica de Canudos. Estima-se que existam 2 mil araras-azuis-de-lear na natureza. Essa ave tem uma história bem interessante!

Ela foi descrita pela ciência em 1856, mas ficou por muito tempo sem informações. Ninguém sabia se elas ainda existiam! Somente em 1978, mais de um século depois, o ornitólogo Helmut Sick, junto Dante Teixeira e Luiz Gonzaga, fizeram a redescoberta dessas aves na natureza.

Foi um registro importantíssimo! Pois até então, a arara-azul-de-lear só havia sido vista em cativeiro, sem informações de onde foi pega, e num misterioso desenho feito em 1830. Com o fim do enigma, surgiu uma grande preocupação!

Pois elas estavam à beira da extinção, com menos de 50 aves na natureza. Como muitos psitacídeos brasileiros, essa ave sofreu muito com o tráfico ilegal e com a derrubada de árvores. Mas como sertaneja que é, essa arara resistiu!

Nos últimos anos essa espécie foi alvo de bem-sucedidos esforços de conservação! Hoje estima-se que existam 2 mil araras-azuis-de-lear na natureza. Essas araras usam os paredões de arenito para dormir e nidificar!

E todos os dias, logo que amanhece, os bandos voam para longe atrás de sua comida. No final da tarde, retornam aos seus abrigos! Essas araras comem principalmente coquinhos da palmeira licuri.

Mas também comem frutos da braúna e até de cactos, como do mandacaru e facheiro. Em um único dia, uma arara pode comer mais de 200 coquinhos. A arara-azul-de-lear é umas quatro espécies de araras-azuis que existem ou existiram no nosso país!

Além dela tem a arara-azul-grande, que é mais famosa, encontrada principalmente no pantanal e em algumas regiões do Cerrado. A arara-azul-pequena, que existia no sul do Brasil, mas está definitivamente extinta da natureza, não existindo nem em cativeiro. E a ararinha-azul, que é retratada no desenho RIO!

Essa extinta na natureza, mas existem exemplares vivos em cativeiro. Que em um futuro próximo serão devolvidos para seu ambiente original no sertão nordestino! Esse é o belíssimo tangarazinho, que ocorre por quase toda a Mata Atlântica.

Em algumas regiões ele é bem comum, em outras mais raro. Mas como vive no interior da floresta e tem um canto pouco chamativo, ele passa muitas vezes despercebido pelas pessoas. É um passarinho frugívoro.

O macho é mais colorido, enquanto a fêmea tem tons de verde-oliva e cinza. Outra ave genuinamente brasileira é o pica-pau-do-parnaíba, também chamado de pica-pau-da-taboca. Esse pica-pau ocorre no centrão do país, desde o Maranhão até o sul de Goiás, sendo Tocantins o estado com o maior número de registros.

Esse pica-pau tem uma história interessante, ele ficou 80 anos sem notícias na natureza, muitos cientistas achavam que ele estava até extinto. O último avistamento dele tinha sido em 1926, as margens do Rio Parnaíba, no Piauí, razão do seu nome popular. Somente em 2006 houve a redescoberta da espécie!

Na verdade, em todo esse intervalo de 80 anos, o pica-pau-do-parnaíba até foi vista algumas vezes, mas os registros ficaram anônimos ou foram identificados de forma errada, somado ao fato que sua vocalização e suas preferências de habitat era praticamente desconhecida pelas pessoas. Aliás, esse é o canto dele: Hoje sabemos que ele vive em um tipo bem específico de floresta, ele habita Cerrado florestal com grande presença de Taboca (Guadua paniculata), um tipo de bambu nativo, pois ele come as formigas presentes nessa vegetação. E curiosamente, das 30 espécies de formiga que existem na taboca, ele se alimenta apenas de 5.

Ele depende, portanto, de um ambiente superespecializado. Nesse vídeo super didático, gravado pelo ornitólogo Tulio Dornas, demonstra bem sua estratégia de caça nos tabocais, pegando as formigas do interior das tabocas por meio de furos feitos com o bico. Por conta dos hábitos altamente específicos somado ao ritmo acelerado de desmatamentos no Cerrado, é um pica-pau ameaçado de extinção!

Essa é a patativa-tropeira! Um passarinho que ocorre apenas nos campos arbustivos do sul do Brasil. No inverno essa ave migra para áreas de Cerrado do Brasil Central.

Interessante que a patativa-tropeira foi descrita para a ciência em 2013, cujo nome científico Sporphila beltoni foi em homenagem ao grande ornitólogo William Belton, responsável por grande parte do conhecimento hoje acumulado sobre as aves do Rio Grande do Sul. Antes, achava-se que a patativa-tropeira era uma variedade da patativa-comum, que tem o bico escuro. Apesar de ser migratória, a patativa-tropeira é 100% brasileira, realizando migrações dentro do território brasileiro.

Corocoxó é o dono desse canto agradável, que é um dos sons mais emblemáticos da Serra do Mar! Ele só ocorre na Mata Atlântica do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul. É frugívoro, vive no alto da copa das árvores, onde come frutos diversos.

Mas ao longo do ano ele costuma realizar deslocamentos altitudinais na floresta, ou seja, indo das partes altas para as baixas da floresta, normalmente acompanhando o período de frutificação de algumas plantas, como a da palmeira-Jussara. Se você gostou dessa série “Endêmicas do Brasil”, já deixe um joinha aí e ajude a fortalecer esse canal, enviando o vídeo para todos seus amigos que gostam de aves e natureza! Pois posso fazer várias continuações!

Bom é isso, obrigado e até mais!