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[Música] Olá a todos e a todas e a gente começa mais um bdf entrevista eu sou Beatriz drag Ramos E hoje substituo meu colega Zé Bernardes que está em férias a conversa dessa edição é com a pesquisadora Larissa bombarde Larissa muito obrigada por estar aqui com a gente hoje bem obrigada Beatriz pelo convite obrigada ao Brasil de fato prazer e uma honra est aqui com vocês Larissa bombarde é pesquisadora associada da universidade da cidade de Paris e desenvolveu o livro agrotóxicos e o colonialismo químico atualmente é uma das principais vozes na crítica aos impactos do
uso e Comércio Mundial dos pesticidas Larissa eu queria começar falando um pouco sobre a sua volta ao Brasil sobre essa passagem ao Brasil na verdade depois de 3 anos que você ficou fora do país eh por conta de ataques depois da divulgação do Atlas sobre agrotóxicos né Queria que você falasse um pouco como foram esses ataques eh se você teve algum tipo de apoio institucional ou não eh ou de eh movimentos sociais eh E como que é essa volta você tá se sentindo mais segura agora bem eh sobre os ataques eh Beatriz eu costumo dizer
o seguinte que enquanto o meu Atlas eh foi publicado em português geografia do uso de agr tóxicos no Brasil e Conexões com a união europeia foi o resultado de um pós-doutorado que eu fiz na Escócia com o financiamento da Fapesp eh eu me sentia segura Mas uma vez que eu lancei o atlas na Europa um evento organizado por uma organização europeia de pesquisadores eh comprometidos social e ambientalmente se chama Ener Eh aí sim eu passei a sofrer as ameaças as intimidações né depois da da publicação em inglês do Atlas e da divulgação entre o público
europeu e essas intimidações e ameaças elas foram de diferentes ordens uma uma parte delas foi contra a minha eh carreira contra a minha pesquisa uma tentativa de desqualificar a minha produção científica dizendo que os meus dados não eram eh corretos esse tipo de de coisa eh em alguns casos a minha universidade pediu em um caso especificamente ente a minha universidade pediu direito de resposta eu tive oportunidade de mostrar com todos os detalhes a pertinência dos dados das informações da metodologia etc enfim eh eu tava muito segura né como estou né da da da metodologia da
pertinência da digamos assim como da robustez né da minha pesquisa e eh mais ela incomodou né e eu me lembro claramente que depois de de ter lançado o meu Atlas na Europa o dono da maior rede escandinava de produtos orgânicos decidiu boicotar eh os produtos brasileiros e eu sei disso porque ele mesmo me disse depois me procurou tomou contato com a minha pesquisa e me procurou então eh tem um um aspecto que é desse tipo de tentar desqualificar dizer que não é verdade etc eh O que é o o o que é um O que
é difícil do ponto de vista como que eu vou dizer É um tipo de ter terrorismo psicológico para um pesquisador né para um pesquisador aquilo que a gente mais ela é é pelo cuidado pelo Rigor científico pela né pelo Primor eu diria assim do fazer científico né o Brasil como a gente sabe é um dos países campeões em assassinato de defensores humanos e ambientais a gente sabe isso nós e os colombianos eu diria diria assim né Eh Brasil e Colômbia lideram essa lista de de assassinatos de defensores ambientais e de direitos humanos eh e eu
recebi ameaças de diferentes formas então Eh desde por exemplo eh uma pessoa que se identificou como jornalista e me procurou para dizer olha Eh tal rádio quer fazer uma entrevista com você você tá disponível dis se estou disponível e essa pessoa mediou até que num determinado momento Essa própria pessoa me disse olha eu acho melhor você parar de falar é melhor você fechar a boca porque você tá falando deais mais e então vem também de de diferentes formas e até que até que fica insuportável e num determinado momento eu recebi um e-mail depois de ter
dado uma entrevista no jornal do Heródoto falando um dos aspectos que eu abordei na entrevista era o tema da da pulverização aérea e uma pessoa me enviou um e-mail se identificando como piloto de pulverização eh agrícola e ele dizu o seguinte Olha professora se a senhora continuar dizendo que pulverização aérea é perigoso eu vou mostrar para você o que que é perigoso eu vou convidar você para vir passear no meu avião então coisa desse nível e e para quem tem dois filhos e uma vida cotidiana regrada né que é uma é uma vida de quem
tem dois filhos é uma vida cotidiana regrada isso é insuportável e num determinado momento os movimentos sociais disseram você não pode continuar usando as mesmas rotas eh os mesmos eh horários etc Tem que evitar a rotina O que é humanamente impossível e até que finalmente eh o o inclusive isso chegou ao conhecimento foi levado ao conhecimento do reitor da Universidade de São Paulo a minha universidade naquele momento e e ele ofereceu a segurança do campus enquanto eu tivesse trabalhando lá se eu assim desejasse e e e inclusive eh disse eh sugeriu né não diretamente a
mim mas ao colega que que o contactou que sugeria que a professora eh procurasse fazer um pós-doutorado em em outro país e foi o que eu fiz assim que foi possível e sim eu recebi apoio de inúmeras entidades no Brasil e também no exterior a própria Ener essa entidade que eu acabei de descrever escreveu uma carta para pra Reitoria da USP paraa sbpc alertando sobre esse tema então eu recebi muito apoio muita solidariedade aqui e fora do Brasil então Eh Isso foi um alento eh porque quando a gente tá numa numa situação de ameaça eh
e o o que nos fragiliza né é muito importante esse todo esse tipo de apoio recebi apoio de entidades estudantis eh de entidades científicas de entidades da sociedade civil organizada então isso foi um suporte muito importante tanto no momento em que em que eu estava para sair do Brasil como também depois que eu saí então isso foi estruturante você chegou a pedir algum apoio de proteção a testemunhas aqui no Brasil pedi recentemente para poder voltar ao Brasil porque eu organizei uma conferência eh em Brasília no dia 27 de junho mas não obtive resposta enviei o
formulário como foi eh pedido enviei e-mail etc e não tive resposta mesmo assim eu resolvi vir De toda forma porque eu tenho o apoio eh eu diria assim dos movimentos sociais que me apoiam e que me monitoram sempre que necessário então por isso né claro a gente tá num num momento político diria né o governo Lula é um é um é um ar né né um respiro né é um alento também nesse né após esses anos de de eh de extrema direita no Brasil então claro que que de forma geral é um ambiente mais seguro
mas obviamente não eh as violências elas continuam né infelizmente elas não foram completamente eliminadas e a gente sabe de de dos casos todos que que não cessaram de acontecer então Eh eu não vislumbro num curto prazo que seja uma vida que que eu possa ter uma vida cotidiana Diana tranquila e no âmbito da normalidade acho que isso é uma é algo Ainda a ser conquistado Espero que o país caminhe nesse sentido acho que a gente tá já deu um primeiro passo obviamente a própria Constituição do Ministério do dos Direitos Humanos né o restabelecimento do Ministério
do Desenvolvimento Agrário a gente tem importantes Passos né mas iso é um caminho é uma construção né diante de todo o horror que a gente viveu nos últimos anos né e ainda a gente tá numa sociedade absolutamente po a gente vê isso né não é que é um passado longin e que a gente tá no momento seguro de superação de todas as mazelas não a gente tá no momento crítico ainda então obviamente que isso é uma construção isso leva tempo bom e agora nessa volta ao Brasil que você finalmente consegue divulgar o seu livro agrotóxicos
e o colonialismo químico né aqui no Brasil Esse livro foi lançado em outubro do ano passado nele você traz um recorte muito presente de gên eh inclusive na epígrafe você conta um pouco da história da cientista Raquel Carson e fala um pouco dessa desqualificação Que ela sofreu Você pode falar um pouquinho pra gente qual a importância dessa cientista eh o que que ela sofreu como ela reflete né há tantos anos atrás eh o machismo né que a gente tem aqui na sociedade eh não foi por acaso que eu escolhi a Raquel Carson para abrir o
meu livro né ela é Ela foi né uma cientista americana do campo da da das ciências biológicas e ela escreveu um livro na verdade esse livro é resultado de uma coletânia de artigos que Ela escrevia sobre os efeitos dos dos agrotóxicos a 60 anos atrás e especialmente ela tava preocupada com o DDT naquele momento embora ela também sinalize no livro dela que se chama Primavera silenciosa eh os efeitos de modo geral dos agrotóxicos e ela começa o livro diz numa na parte inicial do livro Ela descreve uma cidade hipotética em que a primavera era silenciosa
ess a expressão Primavera silenciosa pra gente no Brasil é é um pouco curiosa né Isso faz mais sentido nos países de clima temperado porque realmente o inverno é um silêncio né é um período em que a gente quase não vê vida e quando a primavera chega ela chega com muitos sons né os sons dos pássaros dos animais é é a vida voltando and né então Primavera silenciosa justamente porque ela ela ela trabalha com essa ideia de um lugar hipotético em que a primavera não tem mais sons em que os pássaros estão morrendo eh em que
as pessoas estão adoecendo de por motivos estranhos Então ela ela vai tercendo essa ideia dessa Primavera silenciosa e e ela diz eh bem né E essa ideia de que embora ela não conhecesse um lugar só em que houvesse tudo isso junto ela ela conhecia casos de tudo isso que ela tava descrevendo e mostrava uma enorme preocupação em relação ao futuro e quando ela escreveu há 60 anos atrás eh ela foi chamada de louca eh de Comunista de Imaginem na guerra fria né Eh e de histérica e eu uso eu eu enfatizo essa palavra histérica porque
é uma palavra eh e aí graças a uma grande amiga psicóloga Carol Bueno que lançou luz a isso eh para mim trazendo trazendo o seguinte eh ío é uma isteria né é uma palavra que vem do do grego de ío que é útero então Eh normalmente é uma palavra direcionada às mulheres a gente não escuta falar tal homem é histérico isso é raríssimo então é uma desqualificação da mulher como se a mulher faltasse alguma coisa como se o destempero entre aspas quando quando uma mulher se manifesta como se aquilo foros fosse um destempero psicológico relacionado
à condição feminina então Eh é muito interessante Trazer isso à luz porque ela foi desqualificada como mulher entende então Eh e é algo que atravessa na verdade as décadas todas de muitas mulheres que têm lidado com esse tema e depois em determinado ponto do livro eu digo Olha eu mostro tem um movimento de mulheres na Argentina essa questão de gênero é muito particular que se chama las madres de ituzaingó que é uma província na Argentina onde há cultivo intensivo de soja e essas mulheres começaram a perceber eh que os seus filhos estavam apresentando diversos tipos
de doença câncer eh malformação fetal elas percebiam que a quantidade de crianças desenvolvendo essas doenças era muito grande e elas se organizaram e formaram esse movimento assim como tem las madres né da as mães da praça de Maio elas formaram esse movimento las madres deit para denunciar e para buscar apoio e elas foram chamadas de Las loucas Deó então de novo essa ideia de louca uma uma desqualificação da mulher e quem na verdade por essa esse papel histórico Que que foi atribuído às mulheres né do cuidar elas é quem tem percebido primeiros efeitos dessas substânci
são as primeiras da denunciar e por outro lado também elas as mulheres capones são aquelas que for foram ao longo das últimas décadas com esse avanço da digamos assim da desse desse aparato tecnológico para agricultura que muitas vezes resistiram em suas parcelas né as partes que foram deixadas de lado do do cultivo comercial elas seguiram fazendo as práticas agrícolas que que são feitas a h h decênios né Às vezes a há mais de um século eh e que é uma prática agroecológica em si no sentido de que do manejo obviamente né do consorciamento das culturas
eh dessa mimetização da natureza Então as mulheres acabaram que que são as guardiãs dessas práticas e são justamente quem muitas vezes eh estão protagonizando as experiências agroecológicas não só protagonizando mas multiplicando trocando entre elas fazendo intercâmbios de conhecimentos de sementes de resistências de formação política etc então eu eu trago esse debate de gênero por muitos motivos né primeiro eh porque é as mulheres é quem tem protagonizado de alguma forma o conhecimento a denúncia e o anúncio né Então pegando Paulo Freire que sempre eh lembra a gente a importância da da denúncia e do anúncio né
de dizer que toda transformação passa por um processo de conscientização e uma vez que a gente dá um passo em direção à consciência não tem um passo atrás né uma vez que a gente viu não tem como fingir que não vimos então e ao mesmo tempo né nessa visão Paulo freiriana a gente denuncia mas a gente também anuncia o que tem pela frente como vamos lidar né e e elas é quem tem muitas vezes trazido esse anúncio a gente viu a marcha das mulheres que acabou de acontecer né na semana passada milhares de mulheres juntas
trazendo o anúncio eh a bem-aventurança a perspectiva de futuro pra humanidade que que se vê no limite hoje frente à à emergência climática sabe então eu começo com a Raquel Carson e termino com as mulheres e agroecologia E também porque tem um outro recorte importante da gente pensar eh na perspectiva de gênero quando a gente tá falando de agrotóxicos porque eh tem também uma como que eu vou dizer isso tem um as mulheres são atingidas pelos agrotóxicos de forma diferente daquela que os homens são por quê primeiro por uma questão da Constituição física do corpo
da mulher que tem mais gordura do que o corpo do homem e alguns agrotóxicos que são extremamente tóxicos que são os organofosforados eles ficam acumulados na gordura humana então Eh obviamente que isso tem um impacto no corpo da mulher diferente daquele que tem no corpo dos homens e o que acontece além de tudo que é um é um atentado digamos assim ao direito reprodutivo das mulheres de todos né mas das mulheres porque no fim o os dramas dos abortos involuntários causados pela exposição agrotóxicos das gestações de bebês com portando malformação fetal é no corpo das
mulheres eh as as gestações com intercorrências com problemas é no corpo das mulheres lidar em diversos planos né no plano físico mas também no plano psíquico e no plano emocional com essas crianças que vão desenvolver toda sorte de doenças por exposição agrotóxicos em função dessa carga histórica que é atribuída às mulheres do cuidar eh as mulheres serão atingidas têm sido serão não vamos vamos colocar os o esse verbo no passado né têm sido foram eh digamos assim impactadas pelos agrotóxicos de uma forma diferente daquela dos homens então além dessa carga histórica toda né que eh
que foi responsável pelo desenvolvimento do capitalismo da maneira como ele se deu esse peso né sobre os corpos sobre a psiquê sobre o campo emocional das mulheres também os agrotóxicos impactam as mulheres elas é que são responsáveis no fim das contas de cuidar de toda essa gente que adoece pela exposição agrotóxicos então elas cuidam dos seus parceiros elas cuidam dos filhos elas cuidam dos dos idosos dos dos doentes de forma ampliada delas mesmas então eh Há obviamente um recorte de gênero também quando a gente fala né Assim como é um recorte racial eh e e
e de etnia quem é a etnia mais atingida por agrotóxicos no Brasil são os indígenas né Eh e do restante da população a população negra mais do que a Branca proporcionalmente então tem todo esse esse tema de das desigualdades todas eh ampliadas né esse rebatimento do impacto dos agrotóxicos ele é também desigual ele é regionalmente desigual ele é em termos de gênero desigual ele é em termos de etnia desigual então todas essas grandes desigualdades que a gente tem na sociedade são Ainda mais aprofundadas quando a gente tá falando dos impactos dos agrotóxicos então por isso
eu trouxe a perspectiva de gênero por isso eu trouxe a Raquel Carson que que a gente com mória esses 60 anos de Primavera silenciosa em que ela dizia Olha a gente não sabe o que vai ser o impacto desses agrotóxicos na água ela dizia 60 anos e hoje a gente sabe que tem urso polar e contaminado com AG tóxico e isso só é possível porque esses agrotóxicos são levados pela água imagina um urso polar que tá em região que não é uma região agrícola como é que ele se contamina então há uma disseminação absoluta dos
agrotóxicos pelo planeta e eh rebate de forma diferente Nessa população ampliando ainda mais as desigualdades que a gente já vive e a gente vai falar um pouco mais sobre essas desigualdades no próximo bloco A gente volta já já [Música] [Música] já estamos de volta com o Brasil de fato entrevista hoje conversando com a pesquisadora Larissa bombarde Larissa a gente falava no primeiro bloco sobre essa desigualdade No Impacto dos agrotóxicos entre homens mulheres povos indígenas eh pessoas negras quilombolas enfim e um dos os principais temas que você traz no no livro é justamente a desigualdade do
uso do uso e consumo de agrotóxicos no Brasil e nos países da União Europeia trazendo aí o conceito de colonialismo químico Então eu queria que você explicasse pra gente o que que é colonialismo químico eh bem colonialismo químico Por que né Essa palavra se historicamente digamos assim a gente não tá né o colonialismo é um período historicamente determinado porque usar essa palavra Qual é a lógica disso né e eu vou fazer um paralelo vamos dizer assim com o período histórico do colonialismo mesmo e vou usar o exemplo da escravidão para poder ilustrar porque que eu
tô usando colonialismo durante eh três séculos né a gente viu Eh a escravização dos seres humanos sendo feita pelos europeus não é isso eles é quem controlavam o comércio de pessoas escravizadas e lucravam com isso para trazê-las para cá para produzir eh eh cana de açúcar e outros gêneros e ou explorar minerais e e que eram enviados eh pra Europa né naquele momento e eu costumo dizer o seguinte a Europa daquele momento sobretudo no final desse período eh histórico colonial já tava discutindo relação de trabalho né a gente já tava no capitalismo né E ao
mesmo tempo tava lidando com tinha essa contemporaneidade entre o capitalismo Industrial a todo vapor na Europa discussão de relações de trabalho na Europa e ao mesmo tempo a escravização né de pessoas no no Brasil Então veja a Europa ela se beneficiava desse comércio de pessoas né da escravização dos seres humanos eh avançava de alguma forma nesses territórios que hoje são né os nossos países os países da América Latina e no entanto no no próprio território europeu né no no Sob a Luz digamos assim né do liberalismo o o a relação de escravidão não era tolerada
na Europa mas a Europa se beneficiava disso então qual é o paralelo que eu quero fazer né Eh de dizer o seguinte Veja a gente tem hoje né de jogar luz sobre essa enorme assimetria porque falar em assimetria falar em desigualdade falar em diferença não é suficiente para mostrar a profundidade dessa essa dessa grande abissal eh e desumana a simetria entre Brasil e a União Europeia Por exemplo quando a gente fala dos agrotóxicos Então hoje a gente tem uma Europa que tem uma regulação própria para agrotóxicos Rich re a ch que é uma sigla em
inglês para regulação europeia de de produtos químicos Então ela de alguma forma tá numa bolha em relação a muitos agrotóxicos sobretudo a aqueles que são chamados de hhps eh que é uma sigla em inglês para agrotóxicos altamente tóxicos e E no entanto ela produz E comercializa essas substâncias que são proibidas no próprio território Então eu fico à vontade eh para usar essa essa palavra como uma metáfora mas eu vou além porque eu penso que não é uma metáfora e eu vou dizer por que não é uma metáfora Então a gente tem uma Europa que hoje
eh se benefici do Comércio a Europa controla hoje 30% das vendas mundiais de agrotóxicos ela Vende pros países substâncias que ela não tolera no próprio território ela é protegida pela atual regulação internacional para isso e eu vou dizer por também eh existem hoje três Convenções mundiais para substâncias tóxicas de baseou de Rotterdam e de Estocolmo nenhuma delas é eh especialmente direcionada para agrotóxicos todas as outras substâncias tóxicas entram nessas conven convenções e dentre elas né dentre essas Convenções há uma estrutura jurídica há um uma um acordo que se chama pque eh pque também é uma
sigla em inglês PR inform consente que significa que eh consentimento PR de autorização prévia né que que que é isso eh é o fato de que os países quando o Brasil por exemplo Vai importar uma substância que é proibida na Europa ele dá a sua anuência então há esse acordo internacional de que quando um país importa uma substância que é proibida no país que está exportando o país que importa tem que dar sua anuência ele tem que dizer estou informado e dou o meu consentimento então do ponto de vista legal a Europa tá protegida para
exportar essas substâncias eu mesma participei numa num debate no Parlamento europeu em que um representante da comissão europeia tava lá para discutir esse isso que se que eles chamam de dou Standard que é isso esse dois pesos e Duas Medidas o que vale para mim não vale PR os outros então Eh foi L foi foi perguntado essa pessoa da comissão europeia porque eh a união europeia continua exportando substâncias que não são permitidas no próprio território e o representante da comissão europeia disse o seguinte não mas a união europeia não exporta o que os países não
querem importar Então o que acaba acontecendo é que essa própria regulação ela tem um caráter colonialista também eu vou poder dizer isso entende porque protege os interesses da União Europeia ou ou dos países que controlam a produção exportação dessas substâncias eh embora eh essas substâncias não sejam toleradas no próprio território então Eh e indo e e avançando nesse tema do colonialismo então o que que acontece no colonialismo histórico né a gente teve todo esse processo de de acumulação primitiva que se deu por meio do colonialismo quer dizer esse esse acúmulo de recursos né na Europa
particularmente na Inglaterra que se deu pela espoliação pelo genocídio pela pilhagem dos recursos naturais da América Latina e a gente vê algo paralelo acontecendo hoje eh como que a gente reatualizar digamos assim essa essa acumulação primitiva por meio eh de novo desse avanço sobre Os territórios indígenas por meio da grilagem de terras então quando a gente vê que por exemplo em em muitos casos criminosos quando há esses casos criminosos de uso de agrotóxicos para eh como armas químicas nos conflitos fundiários e a gente vai ver que a substância utilizada foi produzida justamente por uma dessas
empresas eh sediadas na União Europeia fica claro um um um mecanismo que remete ao período colonial ou seja um deslocamento dessa agricultura eh capitalista hoje capitalista né no período da escravidão não posso chamar dessa agricultura de capitalista mas dessa monocultura Que Avança sobre áreas de camponeses de povos originários utilizando como arma nesse nessa nesse avanço nessa violência dos conflitos fundiários utilizando como arma uma substância que que é proibida no território em que ela foi em que ela foi produzida bem e o colonialismo el não existe sem a colonialidade o que que é essa colonialidade essa
marca essa mazela que que nos marca todos enquanto sociedade no Brasil que tá na nossa formação socioterritorial e que tá presente até hoje o que que é isso esse enorme controle esse monopólio de terras que a gente tem no Brasil em que 1% dos proprietários controla 50% das terras e e que escolhe o destino da do que vai ser eh o do que serão essas terras no Brasil e essa oligarquia ela é Ultra representada e e isso é um grande drama o Brasil é um país que é majoritariamente Urbano se a gente for pensar em
termos da população mas eh o interesse dessas oligarquias rurais que congregam os interesses das das grandes corporações de produção de de agrotóxicos eles estão Ultra representados no nosso Senado na nossa Câmara dos Deputados isso no nosso país e também nos demais países latinoamericanos então a gente vive um drama que tem a ver com as nossas entranhas com as nossas raízes eh coloniais entende que não foram superadas a gente não superou isso o racismo estrutural existente no Brasil é Reflexo dessa dessa estrutura colonialista então o fato de no Brasil a gente ser permissivo para dizer pco
com relação aos agrotóxicos né da gente ser da gente ser leviano né de alguma forma criminosos talvez eh a gente talvez inclusive possa usar essa expressão quando a gente olha pro fato de que 20% da população contaminada no Brasil são crianças e adolescentes de 0 a 19 anos num país que que tem o estatuto da da Criança e do Adolescente que preza em primeiro lugar pela vida da criança eh então então a gente vê uma construção que atende o interesse de novo repetindo um padrão Colonial repetindo um padrão colonialista a gente tem uma oligarquia que
controla politicamente o país que representa eh essa esse grande controle esse monopólio das terras no Brasil que se afina com os interesses externos então se eu volto pro período colonial eu diria né com com os interesses desse grande comércio de escravos diria o professor José de Souza Martins que o comércio de pessoas escravizadas era mais lucrativo do que a produção de cano a produção de café por exemplo Então a gente tem de novo uma oligarquia que controla as terras que é politicamente Ultra representada eh como que eu vou dizer eh Ultra representada é pouco né
que que se representa de uma forma eh e com com muito mais pós do que aquilo que que a população eh brasileira efetivamente significaria em termos de composição Rural e Urbana eh e que se associa de novo né Eh naquela na época colonial com os grandes comercializadores de de pessoas escravizadas e hoje as grandes empresas que controlam sementes e E agroquímicos desde fertilizantes até até os os agrotóxicos né que aliás são em grande parte as mesas né as empresas que controlam as sementes controlam também os agrotóxicos obviamente que a gente tá num outro momento hoje
né superado né a gente tem as Nações né a gente não tá falando exatamente do colonialismo histórico mas essa estrutura colonialista ela tá presente ela marca até hoje eh a nossa vida cotidiana como marca também a maneira como os países da América Latina se inserem eh nessa economia mundializada então colonialismo químico quando eu olho por exemplo o fato de que eh no Brasil o resíduo de glifosato por exemplo autorizado na na água potável 5.000 vezes maior do que aquele autorizado na União Europeia quando eu vejo que o resíduo de malaa no Brasil é 400 vezes
maior do que aquele autorizado na União Europeia eu eu eu sou obrigada a pensar de que no conjunto né das relações internacionais a população brasileira população latino-americana população africana é tida como sub-humana né nós femos menos então eu sou obrigada a me remeter a essa essa estrutura histórica da nossa formação socioterritorial que traz eh em si essa marca evidentemente a gente não tá no momento do colonialismo histórico mas as as estruturas dessa desse período são são as marcas da nossa sociedade até hoje e da forma como a gente se insere na economia mundo Larissa você
falava aí de monopólio né concentração de terras que marca a nossa história do Brasil inclusive falando também de monopólio a gente tem o monopólio de plantil né a gente tem o monopólio de cultivo de soja no Brasil e você traz isso no livro e cada vez a gente tá cultivando menos eh alimentos básicos né da da refeição aí do povo brasileiro o arroz o feijão inclusive recentemente essa tragédia no Rio Grande do Sul acendeu um alerta sobre a possível falta de arroz eh e aí eu queria que você falasse um pouco também sobre como esse
esse modelo de cultivo ele eh impacta tanto as mudanças climáticas quanto a fome né porque uma narrativa que é usada principalmente pela bancada ruralista é de que o Agro alimenta a população brasileira Então eu queria que você falasse um pouco sobre isso bem eu tenho eh discutido e trabalhado com a seguinte ideia de que o alimento né a agricultura na sociedade capitalista particularmente a partir da segunda guerra mundial ela ela é cindida eu diria assim ela é Ela é dividida ela não é mais necessariamente sinônimo da produção de produção de alimentos então grande parte da
Agricultura no mundo hoje é uma agricultura voltada ou paraa produção de agroenergia ou paraa produção de commodities que são coisas estranhas à alimentação eu vou dizer porquê então primeiro eh diante da crise climática né discute-se a a questão dos combustíveis verdes e eh O que é um grande problema porque a gente não discute o padrão de consumo a gente não discute o padrão de transporte e vai eh supostamente tô usando aspas aqui substituir um combustível fóssil pelo combustível eh de origem agrícola como se isso fosse uma substituição que trouxesse um benefício eh ambiental que na
verdade não traz e não trás porque a gente tá transformando a terra que é a base da produção de alimentos em um substrato para produção de energia e de que jeito por meio da monocultura e quando a gente fala em monocultura necessariamente a gente tá falando da utilização de agrotóxicos porque a monocultura ela vai na contramão da organização da própria natureza a natureza ela é em si biodiversa e e impor a natureza o monocultivo é obviamente impor uma uma alteração uma desarmoniza que vai implicar que essas plantas vão estar potencialmente suscetíveis a insetos a fungos
a a outras eh digamos assim ao ao evento de da chegada intensiva de ataques entre aspas de novo uso essa palavra entre aspas indesejáveis nessa nessa produção de monocultura então Eh o que tem acontecido é que a partir da segunda guerra mundial com o advento do do maquinário agrícola da da tecn da produção de agrotóxicos que eram utilizados com outras finalidades Inclusive bélicas durante a Segunda Guerra e quando vai se direcionar isso paraa agricultura o que acontece é que do ponto de vista do desenvolvimento do capitalismo h abre-se a possibilidade pro capitalismo avançar na agricultura
também porque até então isso não acontecia então Eh até então a a os alimentos né a produção agrícola eh particularmente né Eh eh posso dizer naquele momento a produção de alimentos era era feita majoritariamente pelos camponeses Então o que começa a acontecer é que com esse esse essas indústrias elas passam a se apropriar indiretamente dos dos da renda da terra daquilo que a terra dá dos frutos da terra então por exemplo quando um camponês vou pensar mesmo num camponês ou ou mesmo um capitalista seja um camponês ou um capitalista Quando uma parte da renda dele
é direcionada para compra de fertilizante químico ou para compra de agrotóxicos significa que essas indústrias elas não estão necessariamente no campo produzindo Mas elas se apropriam de uma parte da renda que é produzida no campo então há um mecanismo daquilo que o Professor Ariovaldo Belino de Oliveira chama de subordinação da renda da Terra ao capital então Eh obviamente que o capitalismo ele avançou na indústria porque eh é onde tem a possibilidade de controle de de previsão de padronização e a natureza ela é um impecilho digamos assim paraa produção capitalista porque ela é cíclica ela é
sazonal e ela em grande medida imprevisível né então ela sempre foi um entrave vamos dizer assim pro capitalismo com o desenvolvimento tecnológico em parte controla-se alguns desses aspectos por exemplo com a monocultura com a padronização dos cultivos eh com o uso intensivo dos fertilizantes químicos dos agrotóxicos etc mas obviamente que há eh um risco né o risco tá implícito Então essas indústrias elas não lidam diretamente com o risco Mas elas mas elas conseguem avançar porque elas se apropriam dessa renda Então esse é o mecanismo de eh da Agricultura hoje nessa sociedade capitalista Então o que
tem acontecido é que com esse enorme controle das terras por uma pequena eh por por uma pequena oligarquia eh essa oligarquia decide digamos assim Os destinos da terra né né do uso da terra no Brasil Então hoje a gente tem no Brasil uma área que equivale eh a Alemanha só em soja mais de 90% dessa soja transgênica O que significa que e como uma grande parte das sementes transgênicas no Brasil são sementes também Preparadas para receber herbicidas eh a gente tem hoje uma área no Brasil do tamanho da Alemanha em cultivos transgênicos que recebem agrotóxicos
então é uma decisão que é tomada eh só é tomada porque a gente não enfrentou o tema da questão agrária é uma questão que tá na raiz dos dos grandes problemas sociais eh seja no campo seja na cidade e também ambientais então o Brasil nunca lidou com isso de fato eh a gente não fez a reforma agrária necessária Como diria o professor José de soua Martins o campesinato brasileiro é um campesinato que nasce sem terra é um campesinato excluído final da escravidão não significou acesso à Terra as pessoas que foram escravizadas ao contrário significou exclusão
então é uma uma sociedade que se constrói na exclusão e nessa construção dessa exclusão esse avanço legal ilegal sobre as terras né o Brasil a gente sabe sobre sobre as sobre a grilagem de terra a maneira como essa grilagem de terra permite o avanço dessa agricultura capitalista estrutura-se né de forma ilegal em grande em grande parte de forma legal então o que passa a acontecer é que essas terras né Os destinos dessas terras eles têm sido paraa produção de commodities essas mercadorias que são comercializadas na bolsa de mercadorias e futuro que tem que tem o
seu eh preço né estabelecido nesse Grande Cassino internacional eu diria e paraa agroenergia e e e e aí e o que acontece com a produção de alimentos ela decaiu então as áreas de arroz feijão trigo e mandioca por exemplo caíram muito feijão a área para cultivo de feijão diminuiu 40 por de arroz se eu não tô eh equivocada diminui 30% então todos os quatro pilares da alimentação brasileira tiveram sua área diminuída o Brasil importa feijão há 10 anos para mim isso é o é o o maior símbolo né do escândalo né e e e mostra
eh o quanto essa agricultura não alimenta a população o preço dos alimentos eles eles flutuam ao sabor do mercado né do mercado internacional inclusive por isso o Brasil importa o Brasil também exporta Mais Importa então é uma lógica que não tá voltada paraa segurança e paraa soberania alimentar e portanto né e ainda mais né é uma agricultura que não que não nos alimenta a fome aumentou no Brasil aos 10 nos últimos 10 anos a gente sabe disso dobrou nos últimos 10 anos obviamente que que recrudesceu nesse período da pandemia mas ela vem aumentando e acho
que um dado que é fundamental e que e que elimina de uma vez por todas essa falsa ideia de que o de que essa produção agrícola alimenta oo país é o fato de que a população rural eh tem mais fome do que a população urbana a média de população com fome no Brasil hoje é em torno de 10% da população brasileira 88% na no no meio urbano e 12% no meio Rural então a população rural passa fome então esse é o maior exemplo de que a gente não tá produzindo eh alimentos para população brasileira a
gente não está alimentando a população brasileira e a terra tem que cumprir é sua função social planeta é finito né a gente tem que escolher que que a gente quer a segurança e a soberania alimentar eu acho que é isso que a gente quer tá certo Larissa a gente volta já já com mais um bloco do bdf [Música] [Música] entrevista e a gente voltou agora com o último bloco do bdf entrevista bom Larissa e agora tratando um pouco do que tá acontecendo né nesse novo governo Aí eh a gente teve 555 agrotóxicos aprovados no ano
passado houve uma redução de 15% com relação a 2022 mas ainda assim essa foi a terceira maior aprovação da série Histórica de 24 anos você acredita que o o governo tá tratando esse tema de forma diferente ou não não eh e o que que precisa ser feito aí urgentemente pelo governo que talvez ainda não tenha sido feito eh bem eu penso que o governo tá tratando isso de forma diferente Claro é um escândalo né ser a ter o terceiro maior número de aprovações claro que é um escândalo que é triste a gente ver isso acontecer
mas eu também acredito que há mudanças pela frente então por exemplo o governo a gente tem o Ministério do Desenvolvimento Agrário eh que tá atando o tema da política nacional de redução de agrotóxicos a pinara que tá Tá resgatando o plano eh de produção orgânica e agroecológica e tal isso tá em Pauta no governo é muito diferente do governo Ultra conservador de extrema direita em que isso não era tema né mas é óbvio que é Um Desafio então nós falávamos sobre a o colonialismo e a colonialidade a colonialidade é uma marca que atravessa o país
Mesmo durante os governos progressistas então é algo que que os governos progressistas também tem que lidar não não não é algo superado assim que um governo Progressista se elege então H avanços por exemplo eu poderia dizer eh que o que o Ministério do Desenvolvimento Agrário celou compromissos com hospitais públicos por exemplo em São Paulo eh então o Deputado Paulo Teixeira eh e o professor fuvio escorza eh eh viabilizaram eh contratos com hospitais em que a ação hospitalar vai ser feita vai ser fornecida por eh por por produtores agroecológicos por pequenos produtores Então isso é inovador
isso não existe isso é uma coisa que que pode se espalhar pelo isso em São Paulo que pode se espalhar pelo país e que seria desejável que se esp espalhasse pelo mundo então a gente obviamente tem tem avanços acho que é importante mencionar eh O que poderia ser feito em eu acho que imediatamente O que que a gente tem que almejar a gente tem que almejar a eliminação da pulverização aérea uma prática proibida na Europa desde 2009 não é possível e de qualquer forma né Não só por avião como também por Drone porque a pulverização
aérea é é a principal forma de contaminação ambiental também então isso é um é uma prática é é uma prática que tem que ser eliminada A gente tem que eh programar a eliminação da substâncias altamente tóxicas dos 10 agrotóxicos mais vendidos no Brasil cinco são proibidos na União Europeia eh o que que isso significa que que a gente tá autorizando entre aqueles agrotóxicos que são mais vendidos no Brasil eh os mais perigosos aqueles que são cancerígenos que provocam malformação fetal que provocam alteração hormonal que provocam infertilidade que provocam eh Mal de Parkinson por exemplo só
para falar em cinco graves problemas de saúde eh Então não dá pra gente lidar com isso então emergencialmente eu penso que o que poderia ser feito é isso banir as substâncias banidas na União un europeia eh Proibir a pulverização aérea e rever os limites de agrotóxicos tanto na água quanto nos alimentos eu penso que essas três medidas são emergenciais no Brasil e no mundo né Eu penso que como como nós falávamos no início a atual regulação internacional para substâncias tóxicas ela é incipiente e eu vou usar esse adjetivo com muita tranquilidade porque eu posso dizer
o seguinte que a a essas três Convenções mundiais elas cobrem um um rol de apenas três por dos agrotóxicos utilizados no mundo né o o número de agrotóxicos internacionalmente banidos corresponde só a 3% do volume total do volume do número total de agrotóxicos autorizados então Eh é é nada né É quase nada então eu penso que a gente precisa caminhar na direção de uma regulação internacional para agrotóxicos tenho trabalhado nisso eh coordeno hoje uma aliança que se chama ipsa uma sigla em inglês eh International p Standard Alliance uma uma aliança internacional para padronização de agrotóxicos
que Visa obviamente como objetivo final a eliminação programada dessas substâncias que não vai ser feito do dia paraa noite que envolve muitos elementos mas que deve priorizar durante esse caminho a eliminação né durante esse caminho de eliminação programada dessas substâncias deve eh ver eh um um padrão deve haver um padrão de limite de resíduo de agrotox deve haver um padrão para proibição de agrotóxicos porque enquanto por exemplo a união europeia já proibiu ou nunca autorizou uma quantidade do 269 agrotóxicos o resto do mundo mal chega à casa dos 30 eh outros nem a casa dos
100 agrotóxicos então é algo muito grave a gente precisa eu penso também em nível internacional eh caminhar nesse sentido por isso que a gente organizou essa conferência em Brasília no dia 27 de junho sobre eh essa necessidade dessa padronização de de agrotóxicos e vai realizar outra em Bruxelas em outubro eh desse ano então A ideia é eh que a gente traga esse debate pro âmbito internacional porque não é possível que o mundo viva com com regras tão díspares em que uma grande parte da humanidade especialmente dos países do sul eh esteja submetida a um a
um impacto dos agrotóxicos de forma diferente daquela da população dos países do Norte e essas mudanças Você acredita que passam também aqui no no Brasil por punir essas empresas empresários que estão intoxicando a população de forma direta e indireta é um caminho também que deve ser considerado sim porque normalmente as empresas se isentam da responsabilidade mas a gente sabe que ao fim e ao cabo elas são as próprias responsáveis pelo que vem acontecendo Então um uma fotografia Clara de o quão as empresas são responsáveis é o fato da Bayer hoje eh nos Estados Unidos a
Bayer é uma companhia alemã que comprou a Monsanto que era uma companhia estadunidense eh que tá sendo processada na Esfera dos Bilhões de Dólares em função dos casos envolvendo câncer por exposição a glifosato então é algo que caminha tem uma entidade Muito importante se chama Justice pesticide que tá sediada na França mas que tem representantes no no mundo inteiro e que faz parte hoje é nossa é uma instituição parceira do ipsa dessa aliança global que Eu mencionei que congrega na justiça envolvendo agrotóxicos e que congreg informações sobre agrotóxicos e justiça envolvendo eh processos contra as
empresas Ou de outra ordem então é um tema que cresce é algo importante e que deve merecer lugar central também no combate as empresas têm que ser responsabilizadas a gente não pode como tem sido feito responsabilizar as vítimas eu me lembro claramente da da ex-ministra da Agricultura eh do do governo bolsonaro afirmando que os Camponeses se intoxicam muitas vezes porque eles fumam eles manipulam os agrotóxicos e depois fumam isso é é uma é um uma é algo de eh é triste que a gente tenha que lidar com esse tipo de de narrativa No Brasil quando
a gente sabe muito bem o descontrole Da Da maneira como essas substâncias são utilizadas as companhias não se responsabilizam por isso e tanto é fato que eh eh o as contaminações por agrotóxicos elas não estão restritas ao universo do manejo no no ambiente de trabalho que a gente tem uma número de bebês bebês de zero a 1 ano que se intoxicam eh com agrotóxicos no Brasil então é algo que sai da esfera das relações de trabalho e contamina a população brasileira de uma forma muito cruel especialmente as crianças e os adolescentes e e nós estamos
submetidos a uma exposição crônica eu diria a essas substâncias então Eh então eh a gente precisa olhar isso sob uma outra perspectiva e entender que a população é vítima que os trabalhadores são vítimas e que as empresas devem sim ser responsabilizadas eh pela pelos efeitos seja na saúde humana seja na na saúde ambiental é pensando de uma forma macro a gente tá falando sobre disputar um outro modelo econômico no Brasil né e de valorizar E multiplicar iniciativas que a gente já tem iniciativas de agroecologia eh iniciativas eh de de pequenos agricultores no Brasil não é
sim é isso a gente precisa construir um projeto de nação que tem a ver com a soberania alimentar eh e a segurança alimentar e isso só será feito por meio de uma ampla e massiva reforma agrária pelo acesso à Terra pelo acesso à Terra eh dos Camponeses os Camponeses que os quilombolas que os indígenas tenham suas terras preservada só assim na verdade isso é uma lição de casa pro mundo só assim a gente vai fazer frente à emergência climática por meio eh do do da da interrupção do cessamento dos desmatamentos pela substituição desse modelo agrícola
porque não é al não é um um modelo que alimenta e nem que tampouco eh protege o meio ambiente ao contrário a gente tá vendo todo uma uma grande parte a gente sabe eh dos dos efeitos climáticos relacionados né a a essa crise ao aumento da Temper atura Global etc tá relacionado com desmatamento com o uso de fertilizantes químicos etc então é óbvio né mais do que não é não tá falando só do modelo de agricultura a gente tá falando de um projeto de nação que precisa ser repensado e a gente precisa colocar em primeiro
plano a segurança e soberania alimentar Isso vai trazer ganhos do ponto de vista Social e Ambiental paraa população como um todo Lícia queria que você falasse agora eh quais são aí as próximas pesquisas eh O que que você tá fazendo atualmente você deve divulgar aí novas novos dados eu tô atualmente vinculada né como pesquisadora associada no cesma que é da Universidade de cidade de Paris é um centro de estudos sobre África América eh e Ásia e nele dentro de um projeto coordenado pela professora minha colega Isabele hilen Camp e ela trabalha em duas áreas ela
coordena um projeto chamado gengibre em duas áreas no Brasil na Zona da Mata mineira eh e e no no Valo Ribeira com grupos de mulheres camponesas sobretudo camponesas quilombolas indígenas eh e e a gente nesse trabalho eh lida com com as mulheres numa perspectiva uma abordagem de pesquisação feminista e a gente tá nesse momento organizando concluindo eu diria um livro Justamente que traz essa perspectiva feminista e da agroecologia então tô trabalhando essa perspectiva vinculada a esse grupo né na na França aí no Brasil é um grupo Inter e transdisciplinar e também eh na universidade livre
de Bruxelas iniciando uma pesquisa justamente sobre esse tema da da biotecnologia na agricultura de como isso eh tem se ampliado eh e como isso tá presente na Europa e e especificamente na Bélgica Larissa queria te agradecer pela sua participação e a gente volta semana que vem com mais um bdf entrevista Eu quem agradeço Beatriz um prazer e uma honra est aqui com vocês no bdf bom Obrigada a você que acompanhou o bdf entrevista até agora o programa vai ao ar às 9:15 todas as terças-feiras na TVT e ele também tá disponível nos canais do YouTube
da TVT e do Brasil de Fato muito obrigada e até a [Música] próxima t [Música]
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