Empreendedorismo e trabalho são as novas religiões

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Atila Iamarino
https://www.youtube.com/channel/UCSTlOTcyUmzvhQi6F8lFi5w/join Use o cupom ATILA12 para 12% de desco...
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[Música] de onde vem esse papel que o trabalho assumiu na sociedade moderna principalmente na sociedade ocidental onde a gente passa uma vida se preparando para fazer uma atividade Investindo na nossa educação para depois ter um retorno daquilo e daí pra frente tudo que você faz e o valor que você tem vem do trabalho Que você realiza Como que essa noção de trabalho e do capitalismo que a gente aplica hoje em dia se mistura com valores religiosos principalmente protestantes em alguns países e como que hoje em dia certos valores de trabalho estão assumindo papéis religiosos na
nossa vida Qual que é a similaridade entre o movimento empreendedor Coach principalmente e religiosidade Porque que a gente tem valores de vida homens Santos pessoas para se seguir a vida delas dentro do ambiente de trabalho e o que que acontece quando a gente assume que você é a chave do Sucesso que você pode abrir as portas na sua vida e que tudo que você fizer depende do seu esforço e só dele e o que que pode acontecer se isso der errado e passa a ser uma falha sua e não da sociedade para discutir isso tudo
aqui no não ficção onde a gente discute ciência do dia a dia com especialistas Nada melhor do que trazer um filósofo que é o Vladimir safatle que é professor titular do departamento de Filosofia e também do departamento de psicologia da Universidade de São Paulo já foi professor convidado em Tem tantas universidades na Europa e nos Estados Unidos que eu não consigo nomear todas elas por aqui e é um dos coordenadores do laboratório de pesquisa em teoria social filosofia e psicanálise e também membro do Conselho diretivo da International society of psychanalyses and philosophy vamos para papo
com ele tem muita coisa legal pra gente ver e antes de partir pra nossa conversa vou lembrar que esse episódio do não ficção também tem o apoio da insider que é a marca de roupas funcionais feitas com tecnologia para serem a roupa de todo dia e durarem muito tempo na sua rotina com essa esfriada de Maio em São Paulo eu pude colocar em uso outra peça favorita que eu tenho da insider que é a calça Hybrid jogger que junto dos Future shorts são itens básicos para mim para andar com o filho para lá e para
cá levar ele no parque e acompanhar do patinete ele andando na bicicleta ou qualquer atividade do dia a dia porque são peças super respiráveis e elásticas então elas se ajustam bem no corpo e se você não encontrar essas peças no site da insider porque elas sai muito eu sigo recomendando as Tech t-shirt que além de serem confortáveis respiráveis também tem propriedades antiodor isso tem a ver com o modal que faz dessa camiseta ser fresca assim a gente sua quando estamos quentes porque a água quando evapora do corpo leva o calor embora e o modal que
a insider usa tem a capacidade de absorver muita água e ficar bem úmida e Pode parecer paradoxal já que o sorte aqui embora mas essa água conduz o calor muito bem e aí a camiseta de tencel Suada transmite melhor o nosso calor para fora do corpo e de quebra isso ainda funciona para diminuir o odor do suor porque o que dá o cheiro de suor são as bactérias que quebram outras coisas que a gente elimina junto com a água dele e essas bactérias crescem na água que fica fora das fibras do tecido na camiseta por
isso que uma camiseta de poliéster poliamida Pode até ser mais fresca ali na hora mas fica radioativa se você não lava logo só que como o modal absorve água tão bem ela não forma essa película por fora das fibras E aí as bactérias crescem bem menos Aproveita que tem 12% de desconto com o nosso cupom Atila 12 e você vai ver como as roupas da insider também vão virar o seu uniforme admir Anes de tudo muito obrigado pelo privilégio por esse papo que a gente pode ter por aqui aqui no no podcast o tema de
trabalho tem sido recorrente assim Vira e Mexe a gente encontra isso como base do do da de como a indústria funciona com uma relação com escravidão com uma relação com a vida moderna e uma série de outras coisas com como a sociedade se organiza né e uma coisa que me marca muito como biólogo Ou pelo menos quando eu penso como biólogo é como a gente consegue ter uma cultura que se enfia muito nos nossos processos biológicos assim vejo isso muito nítido com meu filho como o processo de criar uma criança é você pegar esses drives
biológicos ali conduzir eles para como a sociedade funciona né Então olha tem hora de comer isso aqui Come antes disso aqui você põe o sapato aqui você tá descalço aqui você não pode pôr o sapato é conduzir essa coisa a ur né trazer a a esse drive biológico de brincar de fazer alguma coisa e dormir para um padrãozinho para uma caixa que não precisava ser essa que na nossa sociedade é essa e funciona dessa forma e eu falo muito de trabalho porque ele me marca muito como isso parece uma coisa que a gente tá a
vida inteira sendo condicionado para chegar numa certa fase da vida e desempenhar coisa de uma certa forma que não precisava ser aquela não precisava acontecer dessa maneira e que para acontecer daquilo a gente tem uma série de rituais sociais de de culturas de de hábitos nomes e significados que a gente já começa a embutir nas crianças lá cedo pra coisa funcionar dentro de um trilho que eu nem tô emitindo aqui julgamento de valores se é um trilho bom ou ruim o que isso faz com a gente mas ao mesmo tempo também um outro tema que
vai ser recorrente aqui a gente vive numa sociedade bem doente doente das pessoas estarem doentes mesmo com problema de sono com problema de obesidade com problema de iedade nunca se consumiu tanto antidepressivo e uma série de outras coisas e eu começo a visitar antropologia Ciências Sociais e outras coisas pra gente tentar pincelar Quais são os elementos que estão fazendo isso com a gente né Porque que a a qualquer sociedade moderna manifesta esse tipo de problema e o Brasil manifesta de certas formas né e acho que essa essa cultura que a gente impõe para poder para
poder funcionar na sociedade dessa forma tem esse efeito Universo de gerar essas né Essas pontas soltas e eu queria com você ter uma conversa nada simples de tentar entender o que que são esses rituais O que que a gente promove que que drive humano que isso atende e e possíveis consequências disso aí usando o trabalho como um gancho mas podia ser qualquer outra coisa aqui pra gente conversar né e acho muito é um privilégio muito grande poder ter essa conversa com você porque como como biólogo não tu como eh nem gosto de me chamar de
biólogo mas porque não é necessariamente o que eu tô fazendo mas como alguém formado em ciência bate uma invejinha de perceber que a base de toda discussão que alguém quando vai ter vai pra filosofia né no sentido de Pô eu sei que o cérebro funciona assim a gente podia começar essa discussão de de onde vem isso sobre como o cérebro funciona bô eu sei que outros animais também tem senso de justiça no sentido de comportamentos que promovem uma divisão justa ou injusta de de alguma coisa mas invariavelmente quando a gente vai falar desses conceitos humanos
a gente vai pra filosofia né dizem que se você clicar na Wikipédia no primeiro link de qualquer artigo você termina na filosofia sempre eh Então vou aproveitar a situação para poder puxar isso da filosofia queria começar a te perguntando dentro dessa vida moderna de trabalho de onde vem isso de onde vem essa cultura que a gente tem de trabalho atual outro parênteses desculpa a introdução longa tá gente mas é porque tem muita coisa que eu quero cobrir eu tô super ansioso aqui a gente a gente participou de um evento junto né Eh numa discussão sobre
tecnologias trabalho e eu tava falando de Inteligência Artificial você tava falando do trabalho né e da sociedade como funciona e Me tocou muito quando você falou do Papel moderno do empreendedorismo ali e para usar palavras minhas eh do Coach em particular porque na internet eu vejo muito esse discurso de de trabalho acorda cedo empreende de madrugada vai estudar enquanto os outros estão dormindo e não sei o qu e eu vejo um discurso assim eh que cresce muito que ganha eh que Toma muito espaço da vida das pessoas e que tá aparecendo umas coisas que não
deviam estar eh por exemplo tem esse discurso já para como criar criança então assim eu tô nessa fase filho de 2 anos de aprender como ser um um adulto e já vem esse discurso de empreendedorismo de trabalho de vai ensinar pro seu filho várias línguas e isso aquilo numa fase que meu criança tinha que tá brincando assim então eu tô vendo até esse esse espaço que é o espaço da família da relação social o empreendedorismo aparecendo ali empreendedorismo nesse sentido do Coach mesmo de de de como se preparar para uma vida de trabalho numa fase
que sinceramente não não vejo sentido isso tá acontecendo que que tá acontecendo de onde tá vindo isso assim bem primeiro Ach muito obrigado pelo convite para mim acho um grande prazer poder estar aqui conversar contigo também admiro muito o trabalho que você faz Obrigado todo esse trabalho de difusão da ciência é uma coisa fundamental para pra nossa época pra nossa sociedade e Obrigado também pelas questões eu acho que elas são questões fundamentais mesmo para nós entendermos o que tá acontecendo hoje eh o que que acontece com nossos nossos nossas modalidades de Sofrimento né Que tipo
de sociedade é a nossa né eu começaria dizendo o seguinte Talvez uma maneira interessante se pensar isso é entender que nem todas as sociedades conhecem o trabalho obrigado Di não o trabalho não é uma atividade natural humana não é uma coisa assim todos os seres humanos trabalham né Ah todos os seres humanos produzem É verdade a produção é um elemento constituinte de todas as relações sociais mas nem todas as formas de produção podem ser pensadas sob a lógica do que nós entendemos por trabalho né então acho que seria interessante fazer uma distinção entre atividade e
trabalho existe atividade humana em todo lugar onde você vai encontrar seres humanos mas não existe trabalho em todo lugar onde você vai encontrar seres humanos né a nossa sociedade é realmente uma sociedade do trabalho isso significa o qu é uma sociedade que tende a transformar toda a atividade humana em uma figura do trabalho durante um certo tempo e Essas atividades que se transformavam em trabalho estavam restritas à esfera da produção Econômica só que a produção Econômica se ampliou quer dizer todas as relações hoje tendem a ser pensadas sobre uma lógica econ Econômica as relações Pais
Filhos Como Você levantou relação eh entre esposo esposo relações afetivas as relações eh de Formação Educacional as relações do interior da escola as relações do cidadão com o estado todas elas tendem a ser pensadas a partir de uma mesma lógica da rentabilidade Econômica né da capacitação para atividade econômica né então é claro que isso vai trazer uma série de consequências uma dessas consequências é que o trabalho se torna o modelo Geral de toda e qualquer atividade caramba n Então qual que é o problema disso Talvez uma maneira de entender é se perguntar mas o que
nós entendemos exatamente por trabalho eu tenderia a dizer mais ou menos o seguinte nós entendemos por trabalho um processo de autovalorização do valor isso pode parecer um meio abstrato Mas vocês vão todo mundo vai entender que isso é muito concreto quer dizer o que que que se o que que significa trabalhar para nós trabalhar para nós significa primeiramente investir em condições para que o trabalho possa ser realizar eu preciso ter um capital para investir para que eu possa começar a constituir algum algum mesmo por exemplo você estava falando do seus seu filho eh você você
hoje tem você em geral né nós hoje temos a tendência de entender que a educação que eu tô que eu tô dando pro meu filho ou pra minha filha que atenção que eu tô dando para meu filho PR minha filha formação ela é um investimento um investimento que eu invisto da mesma forma como eu vou investir numa empresa para que ela possa começar a funcionar a partir da lógica do trabalho então você tem uma generalização dessa ideia né bem O que que significa Então você investe um valor específico porque esse a escola que você pagou
você também teve que trabalhar para conseguir pagar essa escola então ela tem um valor x né você investe alimentação você investe tudo então você tem um valor que você investe bem no trabalho este valor ele se autov valoriza Entendeu Ou seja eu só vou pra nossa sociedade só faz sentido trabalhar se eu investir x né na entrada eu vou ter x e me na saída entendeu Por isso que eu chamo de a por isso que a gente chama de autovalorização né É É minha minha vida você tá descrevendo ela porque meu pai investiu numa educação
que ele não podia pagar na época botou eu e me irmã numa escola que tinha período integral e coisa assim e nós claramente não éramos da mesma classe social do mesmo er aquisitivo que todo mundo que tava ali na escola só depois de adulto que eu fui entender porque que tinha gente que viajava para fora do país e eu ficava na casa da minha avó no fim de semana então tinha uma diferença bem grande de poder aquisitivo ali eh entre a educação que a gente estava recebendo e e as outras pessoas estavam ali e hoje
eu consigo ter uma vida que é muito mais privilegiada que a vida do meu pai por causa dessa educação pode fazer universidade pública pós--graduação leva uma vida que não é uma vida rica mas em relação ao que me minha família tinha é muito mais confortável do que a deles foi o investimento literalmente sim Veja essa é um pouco a vida de todos nós quer dizer todos nós estamos submetidos em menor ou maior grau a essa lógica que eu diria o seguinte é uma lógica de extensão da racionalidade Econômica para todas as esferas da vida né
com todos os impactos que isso possa eh eh acarretar e principalmente uma transformação das nossas atividades em figuras do trabalho do trabalho produtor de valor né Então isso é importante eu acho entender esse fato porque isso é um dado das nossas sociedades certo nós conhecemos várias outras sociedades que não funcionam dessa maneira tendo lido O Despertar de tudo sim sim um belo livro Bel livro bem legal para para ter essa perspectiva né de outras culturas fica meio subentendido ali que na verdade essa relação de trabalho é é a exceção a maioria das outras culturas não
tinha isso sim não tem isso né não para você ter uma ideia essa ideia de trabalho Ela traz também junto a ideia de produzir excedentes né Por que produzir excedente porque se você quer então aumentar a sua o valor investido melhor maneira de aventar o valor investido Então você produz mais né então você produzindo mais você quebra as outras pessoas que tão produzindo também então você monopoliza espaço porque você pode você pode jogar o preço para baixo durante um tempo né então o seu concorrente não vai aguentar Então você fica sozinho depois você aumenta o
preço de novo né a gente sabe como essas coisas funcionam então uma estrutura eh esse excedente ela é um elemento constituinte não só para que você consiga reconfigurar Quais são as forças do interior do mercado mas você consiga produzir uma certa ideia de desenvolvimento né porque você vai você aprofunda a produção cada vez mais então se especializa se especializa exatamente usa mais recurso faz stoque controla preço troca por outras coisas é você não você você ao especializar você vai aprofundando o o o conhecimento técnico aprofundando o domínio técnico em relação a vários aspectos D do
processo só que aí é claro eh isso significa entre outras coisas que eh sociedades que não TM essa ideia de excedente vão vão passar por suas por sociedades que não conseguem se desenvolver por exemplo a China no século XI poderia ter inventado o capitalismo ela tinha todas as condições técnicas para inventar o capitalismo tem um belíssimo livro de um sinólogo chamado ean balas na soci ade Celestial ele descreve isso no dado momento ele pergunta por que que eles não inventaram eles criaram até o dinheiro de papel né Sim todas as os as Exposições técnicas de
produção O maquinário Tudo tava em potência de ser desenvolvido fala não se desenvolveu porque os chineses não tinham a ideia de excedente se você começava a explorar uma mina e você tinha quantidade de metal suficiente você fechava a mina né isso do ponto de vista das nossas sociedades capitalistas é irracional ao contrário exatamente quando você tem um a mais um excedente a mais que você vai continuar a trabalhar então você percebe é todo um Horizonte do que significa intensificação o que significa performance O que significa cada vez mais que vai se naturalizando no interior das
nossas vidas o que vivendo no mundo atual passando pelas crises climáticas e ambientais e todas as outras você eu vejo como a diferença entre de sustentabilidade nítida sim você tem sociedades que podem até ter um um conceito de excedente mas preferem não fazer uso disso e manter aquele recurso por milhares de anos não é à toa que 90% da biodiversidade hoje Sei lá o número próximo disso tá em em torno de indígenas em todos os continentes que tentem a pensar aquele uso do do recurso como uma coisa eh contínua e não como um excedente a
ser vendido aqui e a sociedade moderna que a gente tem onde você tem que aumentar a produção e extração uhum não é é bom você ter levantado isso mesmo porque talvez essa nossa época seja uma época propícia para recolocar essas questões porque nós vivemos numa situação que não é uma situação de crise eu diria que é uma situação de crises conexas você tem pelo menos seis crises que estão ocorrendo ao mesmo tempo você tem crise ecológica você tem crise demográfica você tem crise política você tem crise econômica você tem crise social e você tem crise
psíquica E todas estão articuladas né E todas dizem respeito entre outras coisas aos ao colapso os impasses de uma certa ideia de progresso de uma certa ideia de desenvolvimento de uma certa ideia da condição das da da produção das condições sociais da nossa autonomia né então esses valores eles precisam ser repensados né é importante entender como o progresso Talvez o progresso só possa começar lá onde ele termina Como dizia um filósofo teodor Adorno Ou seja é necessário fazer uma autocrítica desse processo do que que aconteceu da destruição que lhe era imanente da violência que era
imanente Ah mas isso significa o que a gente vai começar a fazer então uma espécie de mistificação da situação de penúria da sociedade de penúria sociedade de pobreza e coisas dessa natureza então aí vai toda uma discussão muito interessante uma delas é se perguntar existe existiu mesmo sociedade de penúria sim né Por exemplo a gente sabe a distinção entre pobreza absoluta e pobreza relativa né Por exemplo o sujeito que mora numa numa ilha da Oceania e tem o se o seu regime alimentar baseado em peixe e coco isso tem peixe coco lá não se sente
pobre hipótese alguma porque as suas necessidades elas estão no interior do Horizonte do que pode ser realizado pela sua atividade agora nossos trabalhadores eles se sentem pobre por quê Porque a todo momento aquilo que é necessário você ter e aquilo que você é capaz de conseguir só aumenta a distinção entre um só aumenta Você tem toda uma indústria desenvolvida para manter para sempre ter um iate maior uma casa mais uma casa maior com mais recurso exclusivo e tudo mais de maneira que eu eu vi essa frase num livro sobre eh bilionários construindo bankers que vai
ser uma outra conversa pra gente ter aqui num outro podcast num outro Episódio eh bilionários construído bunkers para escapar do da crise que eles estão causando e um deles fala assim não não eu tô fazendo meu banzin aqui porque eu não sou bilionário de ir pra Marte tipo el musk eu sou só multibilionário eu só consigo ter um Ban no máxximo comprar uma ilha particular e tal então assim mesmo cara com dezenas de Bilhões de Dólares não era um cara de centenas de Bilhões de Dólares então mesmo ele se sentia meio pobre não Então essa
é uma questão mesmo bastante concreto Ou seja você tem uma sociedade onde a circulação da falta o elemento Central sim e e um ponto acho que e Além da questão relativa né do como pobre a pessoa se sente eh pelo Despertar de tudo recomendo demais o livro embora tenam muitas críticas a respeito dele eh muitas outras sociedades você não tem as pessoas pessoas em pobreza abjeta assim não tem gente morrendo de fome todo mundo se ampara de maneira que você não tem alguém que é excluído da sociedade e e a gente pode ter gente muito
Próspera mas gente vivendo sem casa sem teto sem comida morrendo de fome e a coisa que mesmo lá na Oceania onde o cara só vai comer coco e peixe é uma coisa inadmissível pra maioria das outras sociedades É não a gente tem para que a gente possa justificar nossas formas de vida é necessário degradar um pouco as formas de vida as outras né né então a gente cria um pouco Essa ilusão das da da pobreza absoluta à nossa volta né então a ideia de que se nós não aplicarmos a nossa noção de progresso não vai
a gente não vai ter condição de prever situações a gente não vai ter condição de controlar processos a gente não vai ter condição então de garantir digamos as condições materiais para que a gente realize a nossa liberdade e a nossa autonomia porque Liberdade não é um atributo individual a liberdade é uma Ela depende de certas condições sociais entre elas uma condição de de certa abundância u não tem liberdade na pobreza né simim a liberdade de fazer o que você quer exatamente é São Francisco Xavier Talvez seja um caso caso um pouco único assim né os
estóicos tal mas a gente mas a ideia de que você não leve em conta as condições sociais para efetivar a sua liberdade e isso é uma coisa difícil de ser sustentada né então o que acontece sendo assim eh a gente absolutamente necessário dentro desse Horizonte certo que essa iades elas aparecem apareçam como sociedades atrasadas como sociedades tecnologicamente completamente precárias cer sociedade subdesenvol que não tem não conhecem desenvolvimento algum tal só que eh do ponto de vista antropológico essas colocações elas não se sustentam elas não se sustentam quer dizer é necessário a gente por exemplo ter
uma ideia de que falar em múltiplas formas sociais significa também falar em múltiplas formas de tecnologia Você tem uma tecnid né Essa sociedades que nós brasileiros aprendemos que elas eram atrasadas sociedades ameríndias elas se mostram com sociedades de Alto potencial tecnológico né só que é um outro tipo de tecnologia posso dar um exemplo muito claro que eu vi ele ele sendo identificado você tinha dentro da postura clássica do que é agricultura e como ela se desenvolveu você tem um discurso né dentro da da perspectiva europeia ocidental de que ah você tem as formas básicas de
agricultura que é plantas e animais que não são são bem domesticados e vivem perto das pessoas tipo árvores frutíferas ao redor de de grupos indígenas aí você aprende a isolar uma planta e aí você refina a seleção e o desenvolvimento dessa planta até você só cultivar ela e aí você tem o ápice da tecnologia agrícola que é a monocultura mecanizada para fazer aquele produto aí de repente você tem degradação do solo na todos os problemas ambientais que a gente conhece que vem da monocultura aí você fala não tudo bem então talvez seja interessante eu ter
mais uma planta e eu RZO as duas no solo vou fazer rotação de Cultura pô mas só duas ainda assim degrado o solo tá bom é bom eu também ter uma uma cobertura vegetal e é isso e aquilo então o bom é ter uma agrofloresta e ter uma diversidade E aí você vai passo a passo reconstruindo aquela forma de cultivo indígena que tem 20.000 anos se mostrando sustentável E aí você volta para que eles fazam e fala nossa Sim esse é o ponto mais avançado Esse é um belíssimo exemplo mesmo porque isso mostra pelo menos
duas coisas primeiro essa lógica da monocultura essa extensão da Agricultura essa ideia de que agricultura é o salto de desenvolvimento tecnológico fundamental da humanidade que a humanidade ela então ela entra num processo de progresso quando ela desenvolve a agricultura isso é é um dogma isso é um dogma Isso é isso é um isso é uma parábola é uma parábola que faz sentido paraas nossas sociedades por quê Porque a maneira que a gente tem de conseguir justificar o fato de que nós transformamos o uso da Terra em um uso basicamente vinculado à produção de mercadoria né
porque porque por que que você vai fazer uma coisa uma produção extensiva como essa porque você vai começar a operar sobre a lógica do que a gente chama hoje de commodity né e o Brasil é o grande país Mundial Onde isso foi desenvolvido no Brasil foi um experimento social antes um experimento econômico antes de ser uma sociedade ah Total experimento econo a cana chega aqui para ser para criar essa categoria né exatamente selso Furtado que é um dos maiores intelectuais que esse país já conheceu tem um belíssimo livro chama formação econômica do Brasil ele insiste
mais ou menos no seguinte veja o Brasil nasce com latifúndio primário escravagista exportador né Isso é a célula de fundação do do país não são pessoas que vêm para cá para fundar novas comunidades coletividades não é um experimento econômico né esse experimento econômico ele ele se mostra não só resiliente Porque mesmo quando o latifúndio escravagista desaparece ele continua à sua maneira às vezes continua até de maneira literal né literal como a gente viu há pouco tempo né mas ele continua na lógica do processo produtivo e um dos elementos importantes é ele faz com que tudo
aquilo que não se adequa a esta forma certo seja vista como algo que Deva ser destruído porque é um entrave ao Progresso porque é um entrave ao desenvolvimento e curioso que se ele realmente promovesse prosperidade para quem aplica Portugal estaria numa outra situação é de fato é um tipo de prosperidade por acumulação Então seja você tem setores da sociedade que prosperam muito e você tem vários outros setores que que cai num processo contínuo de degradação até porque para que a produtividade desse modelo funcione você precisa ter salários muito baixos Você Precisa ter rotatividade eh de
de trabalhadores trabalhadoras porque elas não conseguem se sustentar porque uma das grandes ilusões do capitalismo é que é o trabalho e a terra são recursos infinitos Essa é uma das grandes ilusões né Ou seja você pode explorar o trabalho máximo que você quiser aprofundando todos os processos mesmo de de extração de valor que ele pode ele pode ter você pode explorar Terra ao máximo você pode aumentar cada vez mais seu espaço exploração é como se isso fosse absolutamente infinito Então essa essa ilusão ela nos levou até aqui por outro lado acho também importante Quando Você
levantou essa questão olha mas a tecn tecnodidattica que você conseguisse tinha uma situação sustentável é ela parecia simples porque a gente não tinha capacidade de entender o que tava sendo feito ex mas veja como isso implica em revisões Profundas sobre como nós entendemos nós mesmos uma das grandes distinções clássicas do período do período processo histórico é divisão povos coletores Caçadores e povos agricultores bem a grande vantagem de você ser professor de Filosofia que você pode ler um pouco sobre tudo né e tudo faz parte do seu trabalho é o último lugar onde você tem um
tipo de possibilidade de não se especializar em nada né então eu tava dando um curso sobre eh o conceito filosófico de natureza e fui estudar a história das batatas né dier e o que o que é interessante bem As batatas são uma criação transgênica de uma certa forma a gente poderia dizer assim é uma criação humana né resultada de de de de relações entre que o que os povos que que hoje habitam o espaço do Peru fizeram né para conseguir chegar no tubérculo que a gente conhece isso aconteceu há 11.000 anos atrás uhum 11.000 Anos
Atrás a época dos povos coletores caçadores que a princípio são povos que coletores Ou seja que pegam aquilo que a natureza dá que tem um grau de intervenção muito muito pequeno no interior do F só que veja tem uma contradição aí então como é que esse como é que alguém que é coletor Caçador pode desenvolver um tubérculo uhum entendeu então ou seja isso é só uma maneira de você eliminar a multiplicidade tecnológica que faz parte da Humanidade para que você imponha uma certa noção de progresso na qual o trabalho é o elemento fundamental porque aí
talvez a gente pode juntar um outro elemento o trabalho não é só um um um modo de produção O trabalho é uma disciplina social Então você transforma o pano de fundo que era você precisava de uma atividade para poder fazer alguma coisa mas você existe em vários outros aspectos e você transforma esse ponto de fundo no que é a existência e o resto vira exatamente vira vira uma uma existência ainda não algo que a ainda não alcançou é tipo aquele desenho que você pode ver ou os rostos ou o cálice no meio né A gente
pegou o cálice e falou não esse é esse o desenho por qu Mas tem uma razão para isso para dizer a maneira como nós somos é a maneira como todos devem ser sim é a maneira Todos devem todos têm que chegar nesse ponto todos querem ser como nós de uma certa forma né E aí vem eu acho uma questão interessante porque isso traz uma série de consequências pra ideia também de nós mesmo pra ideia subjetiva né fazendo essa nossa paradinha tradicional por aqui já para lembrar você de assinar o canal para receber os próximos episódios
do não ficção e os próximos vídeos que a gente faz por aqui e para quem já tá inscrita inscrito pensea em se tornar um membro mandar o Valeu demais ou mandar um pix pra gente em contato @a lamarino pcom.br isso faz muita diferença pra gente poder ter mais conversas dessa por aqui uma coisa que um incômodo muito grande que você tá gerando para mim agora eu fazendo um já fiz até um vídeo sobre e sobre G eventos que eventos muito grandes catastróficos que mudam a cultura e que aparecem como a gente consegue usar eh elementos
da nossa cultura para recriar eventos geológicos então por exemplo H há 10 ou 20.000 anos atrás as geleiras estavam derretendo e os mares estavam subindo Então essa noção de uma terra que afundou de uma ilha que não era Ilha era um morro e não sei o quê se você olha nesse nesse aspecto temporal para culturas que existem por esse tempo todo e podem absorver isso daí tem alguns mitos e algumas coisas que na verdade podem vir desse tipo de evento acontecendo Então tem culturas ao redor do mundo inteiro que tem um conto sobre uma ilha
que foi separada a água que subiu uma grande inundação alguma coisa assim e e nessa história da inundação sempre me marcava a história do dilúvio como Tipo pô Como que você não percebe que para essa cultura onde aquilo era o mundo dela O Dilúvio devia ser no mundo inteiro mas hoje a gente pode né olhar de fora e falar não foi um um dilúvio aqui que né é tratado como foi uma um fenômeno local que a gente tratou como Universal E você tá me descrevendo Exatamente isso um fenômeno local a nossa cultura Trabalha ou pensa
o trabalho dessa forma e a gente assume que isso é o global e Universal e que em qualquer cultura humana em qualquer outra coisa os valores são os mesmos é a gente poderia dizer isso impõe para nós uma tarefa que é uma tarefa de descolonização do pensamento colonizar o pensamento significa compreender a relatividade daquilo que a gente toma por Universal né e também tem um outro lado que significa entender como certos elementos que para nós parecem atributos só da nossa sociedade valores S sociedade são presentes em várias outras estão em várias outras sociedades né quer
dizer eu posso a gente por exemplo tem a tendência a imaginar que a noção de liberdade é uma é uma invenção Europeia no final das contas é algo grego né Eh porque a democracia também é a invenção grega porque afinal de contas essa ideia de um pensamento racional porque a razão não é só uma operação cognitiva eh uma capacidade de dar e receber razões a razão é uma forma de vida é algo que vai se se constituindo em instituições vai se constituindo em formas de relações sociais você vai racionalizando a sociedade daí a filosofia grega
daí a filosofia grega exatamente e daí essa ideia de que a filosofia só existe na só existia na Grécia que o resto era tudo mito entendeu Que razão nasceu lá então o que acontece todas essas sociedades estão vinculadas a esse projeto são sociedades que de uma certa maneira são legatárias dessa dessa da Promessa da razão e as outras não certo são são falhas que ficaram no meio do processo é ou elas são são sociedades muito baseadas num pensamento mítico baseada num tipo de pensamento de outra natureza que pode ter até elementos Morais interessantes pode ter
questões digamos da ordem ética interessante mas não não tem nada a ver com razão e essa é a nossa grande a nossa narrativa porque essa narrativa é importante porque ela vai dizer dizer então a liberdade é uma invenção desta tradição Greco europeia né então se ou seja as outras sociedades não conhecem Liberdade porque não teria indivíduo e daí toda uma ideia de que bem indivíduo liberdade mas naquela sociedade a pessoa não se sente pobre Ah mas porque ele não pensa direito ele não sabe o que é isso ex examente É isso aí porque ele não
tem consciência uma autoconsciência crítica e todo esse tipo de coisa então por isso que essas sociedades elas são elas estão vegetando no aem do tipo falar que o animal não tem dor e sentimento e por isso você pode sacrificar é é chega um pouco perto disso mesmo porque a ideia é são sociedades sem história tanto que a gente estuda Nossa História De que forma a pré-história né É não a gente estuda a nossa história brasileira quando quando que a gente começa a estudar nossa história brasileira quando quando tem uma invasão portuguesa até então não tem
você tem três quatro páginas que vai dizer como as coisas eram mas pare queas foram assim durante milênios entendeu quer dizer então você tem uma impressão de uma espécie de estaticidade né o a única dinâmica é fornecida por esse processo entendeu eh que no qual entre outras coisas um certo modo de produção também tá envolvido tal e e um acidente triste aí que eu preciso tratar em outro programa aqui eh grande parte dos registros dos portugueses da sociedade brasileira falando para você aqui eh vem de uma época onde 90% dos indígenas já tinham sido extintos
por sarampo catapora varila e outras coisas que vieram antes essa noção de tribos isoladas sociedades que não falam direito pouca gente vivendo isolada com pouca cultura não sabem é muito rudimentar isso daí é é 10% 5% da população que chegou a viver no Brasil que sobrou ali nessa situação precaríssima principalmente com os mais velhos e os quem tinha quem Detinha o conhecimento daqueles grupos foram extintos sim e aí você chega naquele grupo isado falar ah olha isso aqui né então além além de tudo a gente ainda tem esse é e esse não você tem toda
a razão é interessante porque esse modelo geral ele traz também as suas instituições uma delas é a ideia de que o estado é um elemento fundamental de organização da vida social Então são essas sociedades ameríndias que que estavam nesse espaço no qual a gente conhece como Brasil Elas não tinham Estado então por isso essa ideia de que ah não elas eram mais atrasadas Não era como a sociedade Inca não é como nos astecas nãoé Como os maias que tinha grandes estados que faziam grandes trabalhos tal só que a você vai descobrindo que não que a
coisa Não Era exatamente assim por exemplo pega um caso dos Bandeirantes né das Bandeiras que foram abertas para ir em Direção a interior hoje a gente sabe bem que já na na época dos povos ameríndios você tinha uma estrada aqui é de São Vicente até o o Pacífico que eles tinham aberto uma estrada né claro que não é é uma transc Claro que não foi com asfalto todo esse tipo de coisa mas fizeram uma estrada de conexão quer dizer o que os bandeirantes fizeram eles só recuperaram essa estrada entendeu eles só foram eles foram foram
abrindo se utilizando das indicações que existiam já né então ou seja ISO mostra a capacidade tecnológica era pega você tinha Nações Indígenas que iam do Amazonas até aqui São Paulo então você não imaginar que você não tinha sistema de comunicação você não tinha sistema de de de transferência de informações certo que é eficiente para que isso se durasse só que a gente não tem a gente a gente se quer procurou desenvolver uma visão histórica de longa duração onde você integrasse esse processo dentro da nossa história ele ainda visto como um preâmbulo ao começo da história
entendeu a história mesmo começa em 1500 você não quer ver não quer reconhecer e ainda pegou uma sociedade que estava em colapso por conta da sua chegada e trata isso como se fosse ex Exatamente é não você tem razão falar essa questão do colapso quer dizer hoje a gente tem eh acho que é o último censo deu 800.000 ã eh povos indígenas a população indígena brasileira né bem a princípio mais ou menos a década a gente tem que quando os portugueses chegam são 8 milhões então então ou seja de 8. 800.000 isso tem um nome
técnico né como é que você faz faz desaparecer 7 milhões 00.000 pessoas né agora eh tudo isso acho que mostra uma tarefa acho importante do pensamento atual e essa tarefa é eu diria são duas primeiro você saber efetivamente como lidar com outras matrizes de experiência social né saber a e eu como professor de Filosofia me interesso muito por isso porque se isso indica entre outras coisas saber explorar a o potencial crítico dessas matrizes saber explorar a produção filosófica dessas matrizes né Isso é um lado isso e o outro é se perguntar por que que nós
fizemos como nós fizemos o que que a gente realmente tava a gente tava submetido ao quê Porque tá nós estamos felizes com isso sim a gente gente se sente realizado efetivamente Ah mas a mas essa essa essa cidade ela é o nosso destino efetivo nosso destino final ou tem a ou ela é Talvez um um momento uhum para uma espécie de de reorientação profunda que nós estamos ensaiando já há um tempo mesmo que a gente não tenha conseguido durante Em certas circunstâncias não significa nada no final das contas porque muitas vezes essas reorientações elas pedem
vários fracassos que elas possam se realizar né e e eu acho eh pessoalmente já passei por por vários momentos desde de descobrir que aquilo que eu tinha como grande valor é um ponto de referência e tem vários outros na forma de pensar como eu me vejo no mundo sair do país me ajuda a ver que eu sou brasileiro porque eu nasci aqui mas isso não quer dizer nada em particular assim isso me torna mais especial melhor ou pior do que alguém é um fato né histórico que tava fora do meu controle eh e várias outras
coisas mudanças profissionais né da cientista é uma coisa que a gente se forma na universidade principalmente no na USP como se fosse o destino natural de todo mundo lá dentro e é uma exceção da exceção quem acaba seguindo na carreira científica então parar um pouco e questionar esses valores não necessariamente para você jogar eles fora mas para você entender que eles são um conjunto de valores dentro de vários possíveis e se você quer mantê-los isso é uma escolha que tem consequências aprende a conviver com elas uhum eh acho que a gente tá nesse momento mesmo
de revisitar esses valores todos que a gente tem porque já tá vendo o resultado deles aqui e OK É isso que a gente vai fazer mesmo vamos seguir nesse caminho então saiba que as consequências são essas aqui e elas não precisavam ser né a gente não precisava est nesse caminho com essas consequências né sim não e acho também bom colocar as coisas nesses termos porque bem voltando a questão que você tinha proposto né sobre sobre sobre a noção de trabalho né talvez a gente esteja no momento de se perguntar efetivamente até que ponto Eh estamos
dispostos a defender nossa sociedade com uma sociedade do trabalho s e até que ponto não seria o caso de começar a discutir realmente que significa esta noção de sujeição da atividade à forma do trabalho Quais são as consequências que ela tá nos trazendo porque assim eu a gente falou do trabalho como modelo de produção EC mas o trabalho também é uma disciplina social né trabalho é uma forma de você organizar o tempo forma de você organizar o a sua identidade forma de definir afinal de contas quem você é um dado Tão Profundo que vai em
várias línguas sobrenome das pessoas era dada pelo trabalho né Schneider sei lá eh qualquer contrato que eu vou assinar eu tenho que colocar ali do lado o que que eu sou na hora de me apresentar exatamente então tem toda uma questão profunda como o trabalho produz identidade porque o elemento constituinte daquilo que a gente poderia chamar de reconhecimento social né Ele é uma dimensão fundamental dessas operações de reconhecimento né só que várias pessoas que eram críticas à nossa sociedade insistiam que nós devemos passar para um outro tipo de organização da atividade né exemplo um sujeito
como Marx Por exemplo quando ele falava sobre o que significa uma sociedade reconciliada ele falava sociedade reconciliada uma sociedade Onde eu posso pescar de manhã posso pastorear À tarde posso fazer crítica literária anoitecer sem ser necessariamente pescador pastor ou crítico literário Ou seja você percebe o que que isso significava significava eu quero recuperar a multiplicidade da atividade humana a capacidade de uma espécie de implicação multilateral da atividade com seja o meio ambiente com as potencialidades da nossa vida social eu quero te quebrar a especialização porque afinal de contas especialização é uma especialização que que que
Mexe em tudo mexe inclusive no corpo das pessoas né aquela lógica torista do sistema de tempos e movimentos CTO dier como que isso de uma certa maneira implica uma uma disciplina que é não éssa disciplina da sua maneira de desejar porque o trabalho implica você estabelecer hierarquias você sabe adiar certas coisas você sabe você reorganizar tudo a partir de uma vontade mais forte né mas também era uma disciplina corporal né com várias consequências ergométricas muito fundamentais com com consequências muito brutais na estrutura de Sofrimento físico e psíquico das pessoas um um programa que a gente
teve aqui foi sobre dor falando de dor crônica e a maior causa de dor crônica que a gente discutiu é trabalho eh o trabalho repetitivo esforço certas condições de trabalho ou não poder parar para ver o que que é aquele problema resolver e tudo ISO implica em é ou o trabalho sem sentido que esse é o pior porque é o que a boa parte das pessoas fazem Sabe aquela atividade que você sabe que você vai ter que fazer cinco vezes que não tem nenhuma razão de você tá fazendo cinco vezes mas você tenta explicar que
não tem que fazer cinco vezes mas ninguém quer te ouvir mas você tem quer dizer tudo isso você sabe o impacto que isso tem no sofrimento psíquico das pessoas porque elas se sentem literalmente dentro de um tempo vazio sim é se você atribuiu todo o valor do que a pessoa é ou faz ou significa a atividade dela e você põe ela para fazer uma atividade sem tem sentido não eu não conheço uma definição melhor de inferno é o que a maioria dos maioria das dos trabalhos são efetivamente esse aqui é uma dado mais brutal da
Nosa sociedade porque são trabalhos que eles são eh eles são feitos qualquer um qualquer um pode fazer e é importante que que seja assim que você sinta que qualquer um pode fazer Ou seja que você sinta que afinal de contas você não tá lá porque você tem uma habilidade específica não que você pode ser intercambiável a qualquer momento né e é importante porque aí você fica amedrontado você fica com medo então se você tem você tá sendo pago de forma viante você reclama menos né porque afinal de contas também já te arrebentaram fazendo você acreditar
que você não serve para Muito mais coisa do que fazer coisas absolutamente banais né então Ou seja você tem uma uma uma enorme parcela da nossa sociedade que tá submetida a este grau digamos de violência social então eu insistiria também um pouco nesse aspecto no interior dessa disciplina do trabalho há uma grande violência social porque é uma conformação a um certo ideal de trabalho uma certa forma do que deve ser o sujeito a trabalhar né durante um tempo a gente poderia falar não mas essa conformação tava vinculada à integração de certos ideais certas vocações né
E essa sempre bom lembrar quão teológico essa ideia da vocação isso é um termo que inclusive aparece na teologia vocação que eu ouço a voz que eu ouço me chamando né normalmente a voz divina que me fala olha Átila faça isso não sei o quê a gente transpôs isso pro trabalho isso é muito interessante né Ah eu tenho uma vocação né de ser eh de de de de ser gerente de gerente do almart né então ou seja como se fosse alguém chamando não eu preciso você precisa ser gerente norm Isso vai ser só a realização
fundamental você já começou lá no ensino médico fazendo teste vocacional exatamente teste vocacional então quer dizer a gente tem ess tinha essa ideia de que bem mas essa vocação Ela implica entre outras coisas que você possa recalcar reprimir uma série de outras tendências que você tem né porque os os os sujeitos são plurais uma série de outras tendências que não vão poder ser desenvolvidas né porque afinal de contas você tem a sua vocação né para pegar um paralelo bem brasileiro para mim o que você tá dando descreve também uma transição entre o cara que joga
futebol por prazer e quem vai virar um jogador profissional né então você vai mudar a maneira como você lida com aquilo porque agora vai ser uma atividade regrada com hora preparo físico condicionamento valor Vales salário atribuição de competência julgamentos a respeito que você faz e abandona o ensino médio abandona outras coisas porque a sua carreira vai ser essa agora de jogador para mim el marca bem essa transição entre algo que todo mundo pode fazer jogar no fim de semana e uma coisa que vai te definir como pessoa e vai ter que ser performada assim sim
é não é verdade e acrescenta ainda isso o fato de que e se você fizer essa escolha de se ser profissional jogando futebol só vai sentir fazer sentido se o investimento que eu tô fazendo em você duplicar Ah claro entendeu se você eu tô investindo X em você investindo mesmo todos os sentido tô investindo X em você e o que eu consigo retirar do seu trabalho é o mesmo x não faz o menor sentido você tá fazendo isso então Ou seja você sabe que você é um suporte da transformação do dinheiro em mais dinheiro entendeu
é isso Isso é o que você é você é um suporte desse processo onde um dinheiro vai ser transformado em mais dinheiro né então é claro que você imaginar que isso não vai não implica um sofrimento das pessoas por um lado uma certo Um Certo sentimento estranho de alienação né e por outro lado certo ou senão uma afirmação então vou ter que aceitar essa vida desse jeito Ah sim vou pisar nesse acelerador e vão embora isso exatamente então então a vida é isso então a vida é isso a vida é transformada é x em mais
x a vida intensificar a vida performar certo a vida aumentar performance a vida sentir essa virilidade enorme pelo fato que eu tô sabendo que eu tô aumentando performance cada vez mais bem isso também vai pagar um preço o fato de que você tem modalidade o sofrimento psíquico hoje que são baseadas nisso no colapso dessa ideia a depressão é um caso muito interessante nesse sentido cer tu mostra como tudo isso tá profundamente interligado sim eu eu sinto esse esse essa essa corrente aqui com o canal sim é uma coisa que eu faço por paixão é uma
coisa que envolve muito e eu tenho que estar o tempo todo me controlando para não transformar o que eu faço nesse tipo de relação e transformar isso num oco num vazio que se alguma coisa errada vou ter um Burnout depois eu vou me sentir o lixo humano porque eu não não performe eu não transformei ISO num empresa não tenho 35 funcionários fazendo a b e c não tenho um produto não sei o que não sei o que esse drive né Essa essa transformação de uma atividade em um trabalho é constante né entãoa Mas é interessante
você colocar isso porque todos nós temos que lidar com essa situação a gente sabe na sociedade que a gente tá E sabe a violência que significa a abandonar Esse princípio pura e simplesmente né o tipo de a de eliminação social que isso produz o tipo de e de insegurança social que se produz porque afinal de contas a gente sabe que as redes de solidariedade elas foram explodidas né e elas se transformaram em trabalho também eu vejo isso com com meu filho ex e eu diria por exemplo estava falando sobre Empreendimento no começo Talvez uma maneira
interessante de discutir essa questão do empreendimento é falar o empreendimento ele pressupõe a eliminação brutal de todo e qualquer relação de solidariedade não é possível você pensar sua atividade como um endimento se você se pensar como um empreendedor se você tá vinculado a rede de solidariedade né então como a sociedade nossa sociedade ela transformou essa ideia num na sua ideia padrão né a ideia do empreendimento na sua ideia padrão então você deixa os sujeitos completamente a mercê desta lógica Eles sabem que eles vão precisar lidar com essa lógica só que é claro você tem sujeitos
que que são capazes de de lidar e ter uma distância crítica pensar criticamente não isso aqui isso aqui é como um veneno Você pode me arrebentar se começar a ter a ter demais aqui eu preciso abrir algum tipo de espaço eu não posso permitir com que essa lógica ela se perpasse toda a minha vida por todos os lados Então você tem você chegou na contradição própria das subjetividad da nossa época é essa contradição ela é vivenciada em vários níveis por todos nós né e não é um caso de de culpabilizar as pessoas por isso porque
elas sabem que elas também elas elas existe uma morte social se você recusa radicalmente isso né ah Aí vem uma questão interessante quer dizer dada essa circunstância o que o que nos é possível fazer né quais são o que o que o que se orienta para nós né porque eu acho que essa essa lógica Porque como havia dito para você lá no começo a lógica Econômica ela ela invadiu todas as esferas né junto com ela invadiu o modo de ser próprio desta lógica Econômica que nos constituiu esse modo de ser pode ser escrito como o
empreendedorismo é um modo de ser né é um modo de ser porque ele entra por todos os lados né quer dizer você vai você Você vai vendo na sua vida afetiva você vai vendo na sua vida profissional você vai vendo na sua vida intelectual você vai vendo nas suas relações familiares esta lógica na sua relação ao ao sagrado sabe você essa lógica entrando por todos os lados essa lógica ela tem sua uma força brutal porque ela consiste basicamente em dizer olha agora cada um por si cada um por si não adianta você não vai ficar
pedindo sua mãe pindo seu pai não pedo estado pedindo nada se você trabalhar duro para valer você vai conseguir né se você o valor tá em você tá em você não no seu grupo não nos nos nos seus colegas não na sua famil vitória é sua a derrota é sua né então ou seja se você também cair é você que caiu não é mais n não é porque o sistema é injusto não é porque você não tinha espaço porque Você tá em grupos que não são privilegiados não você não adianta ficar reclamando é porque você
não soube Inovar da maneira adequada é porque você não soube ter ter assumir riscos da maneira como deveria é porque você não colocou você não você se acomodou e todo esse tipo de coisa a gente conhece a o a força eu diria eh psicológica desse tipo de de de argumentação ess e esse discurso de capacitação individual no fim ele é um discurso de alienação sim eu tô dando só o valor positivo então você pode fazer você pode conseguir você tem a capacidade você é o seu instrumento tudo tá aqui sem necessariamente falar do ruim mas
junto com isso tá vindo esses outros valores que se isso falhar é uma falha sua E porque você tá sozinho Ness não eu diria que esse discurso é um discurso de violência social o empreendedorismo é uma forma de violência Ela não é uma forma de produção por simplesmente é a violência de você reduzir todas as relações humanas a relação da concorrência todas as relações humanas a relação da competição certo a violência do de das de você ter a consciência tasta de que as articulações que você cria certo as associações que você cria são associações baseadas
em estratégia de interesse né como uma empresa pensa o que que é uma empresa uma empresa não é um modelo só de produção a empresa é um modelo de espoliação de expropriação certo um modelo de violência na relação aos aos trabalhadores a a ao meio ambiente na qual ela faz parte da qual ela faz parte porque afinal de contas você o seu cálculo é imediato você não vai pensar não daqui a 50 a 60 anos o que eu tô fazendo vai criar um impacto tal que o o bioma não vai mais se sustentar da maneira
como vai acontecer isso vai causar consequências para nossa sociedade pô daqui a 60 anos eu não vou tá aqui entendeu que diferenç entregar o resultado no semestre que vem os acionistas me c o cara vamos o cara quer nem quer saber porque nenhum acionista vai estar vivendo daqui a 60 anos então Ou seja você tem uma uma um Horizonte de curto prazo que é o horizonte natural do nosso process ess econômico né E esse processo econômico faz com que todo o discurso Ecológico ele tenda a ser exatamente isso ou seja um discurso né ele é
ele é mais um valor que você atribui dentro desse processo e a função dele não é funcionar para valer é dar a impressão de que tá funcionando é sustentar ou insustentável al exatamente sustentar o insustentável é para você para sustentar o insustentável você vai ter que pegar um país mais pobre falar olha não isso aqui você não pode fazer é você fazer fazer um Green moing aqui como se diz lá ali então você vai fazer né agora mudar ISO responder efetivamente às crises tais como elas se colocam elas exigem outro tipo de ação tô fazendo
essa nossa paradinha tradicional por aqui já para lembrar você de assinar o canal para receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos que a gente faz por aqui e para quem já tá inscrita inscrito pensea em se tornar um membro mandar um Valeu demais ou mandar um pix pra gente em contato @a ilamar ino.com.br isso faz muita diferença pra gente poder ter mais conversas dessa por aqui você está me dizendo então que uma empresa que destrói o o ambiente ou causa problemas num grupo social ou explora uma vulnerabilidade Ela não é uma
empresa falha é uma empresa que tá funcionando não ela funciona normalmente Esse é o modelo normal eu posso até dar um exemplo durante um ano eu trabalhei no Instituto na Alemanha né Eh uma pesquisa que chamava futuras da democracia em Hamburgo e a gente teve uma série de reuniões com vários vários empresários políticos e e os ativistas os ecologistas ativistas estavam lá também e Foi uma discussão dura os ativistas falaram Olha o seguinte sabe o que a gente quer a gente só quer que você aplique nos países onde você tá vendendo os seus pesticidas as
mesmas leis que são que são obrigatórias aqui na Comunidade Europeia entre elas um dos países mais fundamentais era o Brasil né e eles falam não a gente segue as leis do país falou mas você sabe quais são as consequências porque se você segue a lei da Comunidade Europeia é porque você tem todo um tipo um estudo que tá dizendo Olha isso aqui vai dar consequência vai ter consequência e eles fingiam como se não era com eles fal não não mas a gente a gente simples a gente obedece a gente segue todas as leis se outro
país tem outra lei tem outra lei sim mas o outro país tem outra lei porque você interviu você fez Lobby no interior do congresso para impedir que certas leis passassem e era muito mais fácil impedir as que elas não passassem no Brasil do que na no Parlamento europeu porque aí você tem que lidar você tem que fazer lobby para 20 com 27 países ia ser muito mais Cara isso é muito mais complicado mas de qualquer maneira Você não perdeu nada porque você continua a a produzir você só deslocou tua produção você faz o mesmo tipo
de impacto ou seja se isso não é uma hipocrisia fundamental do sistema eu não sei como descrevê-lo mais certo mas esse eu diria Esse é o procedimento normal você tira da visibilidade entendeu você tira você você tem centros de visibilidade certo porque o que acontece no Brasil você não não é tão visível assim você não sabe muito bem a não ser Quando começa essa situação como o bolsonaro fez que você começa a ter um processo de devastação ecológica tal que você chega ao grau de 18 árvores queimadas por segundo que acontece barragem ex história uma
barragem ou seja sempre uma situação Espetacular porque a ideia de que você só é atcado por espetáculos é o basicamente o seguinte você não tá vendo o processo Você tá só vendo esses acontecimentos Então você mobiliza tudo pro acontecimento e o processo depois continua porque depois você vai a Ah você vai você vai pegar o cara que foi responsável pela quebra da barragem aí vai ter um processo contra ele ou não no caso prasil nem isso tem mas você vai criar toda uma uma uma sensibilização enquanto a lógica do que produziu isso vai produzir outras
coisas ela continua tal qual do mesmo jeito acho importante a gente entender isso e isto é o empreendimento o empreendimento é isso é naturalização desta lógica é uma lógica de curtíssimo prazo onde você transforma todas as relações em relação de concorrência em relação de competição certo e uma e você precisa quebrar todas as relações de de solidariedade você tem que implodir as relações de solidariedade né porque as relações de solidariedade são relações nas quais você você não vai extrair ao máximo as pessoas a capacidade das pessoas porque você sabe que se você fizer isso você
vai arrebentar com as pessoas né mas dentro da lógica do empreendimento como é você é uma lógica de sobrevivente é uma lógica assim olha agora é só você né agora não tem mais ninguém então você vai ter que você não para é uma aquela Vera vero tipo de lógica um tipo de trabalho onde você se você parar você acabou que é a lógica da uberização do capitalismo de plataforma né você generaliza essa lógica do capitalismo de plataforma só que aí vem toda uma discussão quer dizer por que que nós chegamos nesse ponto né dizer por
que que a o o discurso sobre a solidariedade é um discurso para tanta gente tão vazio tão pouco crível porque elas não acreditam nesse discurs curso antes da gente partir pra consequência disso eh eu gosto muito de identificar essa esses essas canaletas que a gente tem no cérebro como a gente pensa como a gente faz e como diferentes coisas podem cair na mesma canaleta e usar aquela mesma o mesmo método de operação eh tem muita coisa que você tá me citando aqui como que me sua como algo religioso em relação ao trabalho então o acúmulo
de bens vim ali do puritanismo de uma vertente bem particular do catolicismo até né de ou do cristianismo mentira do cristianismo eh eu sou péssimo para para para qualificar essas coisas mas né Essa vertente do acúmulo do valor tá no que você produz em você abrir mão de bences e de curtir a vida para ser uma pessoa regrada que não pode curtir as boas coisas sem ter uma Penitência Então você tem que acumular e produzir e abrir mão do do de viver do A parte boa do trabalho e só focar na atividade dela ve tem
muito valor religioso aí no meio né Eh eh me fala um pouquinho de como essa relação de trabalho moderno do empreendedorismo desse lance dos valores individuais dessas coisas quantos Paralelos dá para fazer entre isso e fé religião ou a maneira como a gente eh constrói uma imagem ao redor de valores abstratos assim não você tem toda a razão em levantar esse ponto Porque de fato F ele é orgânico dentro do debate né Acho que desde o Max Weber que fez um livro muito importante sobre isso que chama Ética Protestante o Espírito do Capitalismo né a
gente aceita que efetivamente essas disposições do interior do trabalho como você bem lembrou eu diria disposições constituintes porque elas constituem os sujeitos me diz como você trabalha eu digo quem você é é um pouco essa a ideia né Então essas disposições elas tinham uma matriz teológica muito forte né ele coloca uma questão muito interessante o Weber que ela é uma questão atual que é por que os países eh eh protestantes são os países que vão entrar na frente do processo de desenvolvimento capitalista né porque são esses países que vão efetivamente conseguir levar o capitalismo mais
à frente né Inglaterra Estados Unidos os países do norte da Europa Alemanha né vai dizer porque você tem uma subjetividade que é produzida de forma totalmente adequada às exigências de racionalidade do trabalho interior do capitalismo então ele vai falar não tem capitalismo sem uma certa ética Ou seja no sentido de um éos no sentido de um fazer de de um modelo de fazer que vem de uma internalização de disposições teológicas por qual que é essa qual que é esse elemento por exemplo ele fala vejam um dado um dado fundamental dois dados fundamentais dentro do protestantismo
primeira delas é essa ideia de que o trabalho é uma não só uma vocação mas ele é feito de forma acética ele não é feito tendo em Vista o acúmulo dos bens e depois o gozo posterior dos bens ele é tendo em vista outra coisa tendo em vista uma forma de impor uma disciplina a si ele é uma finalidade ele é uma finalidade em si exatamente uma finalidade em si por quê Porque por exemplo um calvinista para um calvinista você tem essa questão que é da predestinação Divina é muito dentro das das das eh das
Seitas cristãs ela é uma das utiliza de maneira mais forte que assim Deus já sabe se você vai ser eh é salvo ou não já tá decidido independente do que você faça então o que que sobra para você agir como se você já estivesse salvo agir como você já estivesse salvo significa Você tem uma conduta absolutamente regrada completamente coerente muito diferente desse ir e vir católico tô salvo podia estar curtindo mas não você tá Se você tá salvo você tem que agir como quem está salvo e você percebe Não é que você você Ah então
salvei legal ó valeu obrigado agora vou curtir expectativa você é o irmão mais velho você vai ter que se comportar para dar exemplo não não a ideia era outra A ideia era não se você tá salvo então você então você já não tem mais aquela pressão da libido entendeu que é uma força insubmissa você já transcendeu isso exatamente Então você já você vive de forma foi assim que a ideia de personalidade psicológica nasceu Isso é uma base importante né a unidade coerente das condutas né que é muito diferente por exemplo catesismo tem essa ideia da
confissão os protos não tem é você pode você pode se salvar no processo aí Então você tem um ir e vir muito maior do que no caso do protestante que aí aí é você com Deus e de você com Deus o negócio fica mais complicado porque Deus não tá lá para brincadeira entendeu Deus não vai falar para você olha 30 ave Marias 10 Pai Nosso tal então vai vai em frente não você vai ter vai ter que realmente se eh eh você vai ter que sentir efetivamente O que significa o pecado você se arrepender verdadeiramente
isso é tem uma força constituinte enorme do ponto de vista psicológico muito forte e um dos elementos fundamentais é isso então se você eh tem essa disposição Então você o trabalho ele é feito de forma como uma realização pessoal e ele não é feito do ponto de vista não eu vou eu vou chegar acumular e depois isso aí eu vou para uma ilha eu vou curtir não porque não faz sentido você percebe sentido algum por isso que você tem todas essas figuras por exemplo dos Grand de certos milionários até ainda hoje que tem distração protestante
que o cara tem uma vida absolutamente regrada entendeu sabe tipo Warren Buffett né não não gasto com nada tem o mesmo carro faz faz 15 anos 20 anos não sei porque é imoral é imoral você você acabou de me dar uma diferença enorme que eu ia começar perguntando por isso que o pessoal do almart por exemplo não sabia como lidar com brasileiros quando veio para cá da primeira vez mas você você explicou uma coisa muito muito curiosa que eu tava reparando no no quando eu trabalhei nos Estados Unidos quando fui fazer pós--graduação lá se virassem
para mim e falassem Olha seu chefe trabalha desse jeito porque sequestraram os três filhos dele e eles estão num sót e vão matar essas crianças se ele não produzir o máximo que ele pode produzir vai falar Ah tá explicado faz todo sentido a Agora sim essa pessoa trabalha desse jeito por causa disso eu ia achar totalmente aceitável porque esse era o essa era a dedicação ao trabalhar ali que se esperava de Todo Mundo em compensação aqui a conversa que eu ouço toda vez qualquer lugar de trab trabalho é sempre o que a pessoa vai fazer
quando ela se aposentar não ó tô juntando dinheiro vou ter um sítio ter uma Lagoinha lá minha família é de não sei onde eu vou voltar para lá ou vou ter uma casa na praia é o que você vai fazer com a loteria é sempre como você vai desfrutar do que você tá juntando ali e não se você vai continuar até seus 200 bilhões dirigindo Honda Fit é então você percebe Esse é um dado interessante porque isso mostra que é necessário uma certa disposição ética que vai produzir um trabalho compulsivo acético e compulsivo é claro
que isso é feito sempre sempre a gente sempre perguntar contra o que as coisas são feitas né obrigado é claro que isso é feito contra uma certa um certo tipo de funcionamento né digamos do do do Desejo que vai contra uma certa ideia de salvação u então Claro o cara que trabalha tem uma disciplina arregada ele organiza o seu tempo ele organiza os seus movimentos ele organiza tudo ele ele se ele maquinização profunda possível não é to que nesse exato momento em que o Max Weber desenvolvia isso outra outro pesquisador como Freud insistia na no
tipo de consequência né na produção mesma da subjetividade um tipo de consequência para essa injunção social essa injunção social de você se submeter a um princípio de unidade você se submeter a um tipo de regra de ação de atividade que faz com que você tenha essa ilusão de uma coerência absoluta com da sua da sua conduta como como como que não tava adequado a isso voltava retornava cer sobre a forma de sintoma sobre a forma de inibição sobre a forma de angústia Por que que essas pessoas longe de serem tão felizes assim encontrarem a realização
sua pelo trabalho encontrarem a a a a o sorriso Divino no final do caminho Não elas entravam em profunda depressão em profunda em profunda produção de sintoma elas entravam em em em em rituais obsessivos os mais brutais possíveis então ou seja porque de onde vim essa essa dinâmica de Sofrimento que estava vinculada entre outras coisas exatamente entre outras coisas ao modo o trabalho tinha sido tinha submetido sido submetido Mas você percebe dentro de um discurso no qual não dá para você abstrair a força da religião há uma há uma articulação profunda mesmo entre cristianismo e
capitalismo Essa é só uma delas e de repente todo o o fenômeno Coach multidão a pessoa sobe no palco exorciza a preguiça dos os outros tem que cantar junto tem que gritar que tem fé tem a a o vai dar certo o o movimento repetitivo o ritual do dia a dia para você trazer a prosperidade vamos ler a vida dos Profetas vamos descobrir como que eles acordam como que eles dormem vem consumir a biografia do Jobs do waren buffett de não sei quem de não sei quem não sei quem é é uma dimensão religiosa do
capitalismo que é inesp del é faz parte da sua própria história né E isso no sentido mais profundo do termo Esse foi só um dos elementos um dos outros elementos é que o capitalismo é baseado na ideia de desenvolvimento né de desenvolvimento exponencial Progresso e crescimento contra quem esse crescimento foi feito né em cima de qu em cima de quem esse crescimento foi feito anulando quem apagando quem você pega as pessoas como se ela esse tinha um cara um um divulgador de ciência Stephen pinker Né tava falando sobre não veja como nossa sociedade ela ela
é uma sociedade onde um número de pessoas felizes o máximo de felicidade para para o máximo de pessoas certo como esse o progresso nos permitiu ter uma série de benesses como essa que a gente tem agora eh todo esse desenvolvimento tecnológico nos permite estar aqui conversando né tem ar condicionado tem tudo sei ou seja mas eu diria Isto é um discurso de vencedor é um discurso dos vencedores discurso onde você não se Pergunta assim mas qual e e o preço sim que aqueles que você não reconhecia como sujeitos esse Progresso tiveram que pagar e as
destruições dessas que foi que que nós naturalizamos e todas as formas de vida que foram apagadas brutalizados destroçadas escravizadas quer dizer e o isso é um elemento importante para que a gente possa entender é é ainda mais um país como o Brasil onde a relação entre Progresso e violência é enorme é constituinte da nossa história e ainda hoje ela funciona dessa forma ainda hoje eh um a gente tava falando selso Furtado alguém como sels Furtado insistia sabe qual o problema dessa noção de progresso entre outras coisas ela nunca nunca será para todo mundo ela não
foi feita para ser para todo mundo não há como ela ser para todo mundo porque se ela for para todo mundo no grau onde a gente tá a gente entra em colapso ambiental em três semanas assim se todo mundo resolver ter um padrão de vida europeu para nem dizer americano ex o mundo acabou entre outras coisas entre outras coisas né então isso mostra como este desenvolvimento foi um mito esse o mito de que as as sociedades que elas estão em processo do sub desenvolvimento conseguiriam se desenvolver é um mito tão grande tão grande porque o
livro que eu tô falando mito desenvolvimento EC chama mito do desenvolvimento econômico foi escrito no começo dos anos 70 de lá até hoje nenhum país nenhum país que era subdesenvolvido se tornou desenvolvido nenhum percebe assim só para eu ser ainda mais preciso só tem dois casos dois casos onde algo parecido ocorreu primeiro Coreia do Sul que é um país em guerra que é um país Tecnicamente em guerra então recebe uma série de subsídios pelo fato tá em guerra e uma lógica aplica a lógica cada guerra no interior da sociedade vou até Israel porque é um
país que também tá em guerra entendeu Já já já se organiza como a partir da lógica da Guerra são sociedades militarizadas né ou seja fora isso ninguém se desenvolveu por quê Porque você tem porque o povo é mais atrasado porque o pessoal trabalha pouco Porque ninguém gosta de trabalhar ou porque o sistema tal no qual a gente tá integrado ele obriga que você tenha uma parte do sistema que não esteja desenvolvida porque é fundamental para que ele ele funcione só pode funcionar assim primeiro você e você impede você vai controlando os processos de consumo então
se você generalizar o país o globo entra em colapso e segundo você tem dinâmicas de exploração que são fundamentais nesse sentido quer dizer você acreditar que o Brasil é o país do Futuro e continua sendo por décadas sem chegar naquele futuro é você acreditar num cenário que não tem como ser concretizado aqui e ter uma grande desculpa para aceitar essa situação miserável que muita gente aqui tem e que não vai se resolver enquanto você perseg unicórnio Você acredita em unicórnio Alguém já viu é a mesma coisa não e o Brasil não vai ser um país
desenvolvido não porque tem algum tipo de problema na sua população não é porque o povo trabalha o povo mais preguiçoso o povo trabalha mal todo esse tipo de coisa muito pelo contrário eu tenho dificuldade de encontrar um povo Trabalho tanto quanto o povo brasileiro natural você ver pessoas tem dois três trabalhos e ao mesmo tempo uma coisa absolutamente inacreditável Cap passa à disposição que você tem Ah porque é um país que inova pouco isso é completamente falso completamente falso você tem processo de inovação muito forte o fato é que você não tem o basta você
ter um mínimo de investimento você tem Grand você tem grandes Produções não é essa a questão a questão que estruturalmente nós estamos num lugar que ele é marcado por isso ele nós precisamos ficar nesse lugar para que o resto funcione entendeu para que o resto funcione por veja você precisa de um espaço no qual você tenha uma um um avanço eh digamos do da da extração do valor da terra né brasil virou A Grande Fazenda do mundo né ah todo mundo fala não mas é só é impossível sustentar isso a toda o uma pressão internacional
pelos custos ecológicos disso sim mas por um lado você tem a pressão internacional por outro as pessoas continuam comprando esses países os mesmos países continuam comprando do mesmo jeito que eles precisam eles precisam eles só não sabem como lidar com a contradição do fato deles precisarem uma coisa que uma parte da população sabe que é destrutiva é outra co assim né como é que você aceita madeira ou soja vinda do Brasil n examente é vem da a gente manda para onde a gente manda pra Samo ocidental a soja soja vai para onde vai para Madagascar
não é entendeu então Ou seja é interessante esse tem esse lado tem um outro lado que as economias elas estão completamente conectadas o processo produtivo brasileiro é um processo produtivo que não é que não é eh eh que não é de brasileiros não é de propriedade de brasileiros muito pelo contrário você tem estruturas multinacionais que se constituem o nosso Parque produtivo e mesmo as empresas brasileiras elas estão completamente em brincadas dentro do processo Embraer empresas como essa você vai veral Quem produz as peças eh de onde vem entendeu então Ou seja é o Brasil mesmo
que produz então Ou seja você tá dentro desse processo e para para esse processo funcionar não é possível por exemplo que a classe trabalhadora ela tenha o mesmo tipo de rendimento em todo quanto é lugar não é possível que os custos da produção sejam os mesmos né então que que você faz você precisa desses países que eles continuem assim eles vão sempre continuar assim e para eles continuarem assim você vai precisar de um processo dentro desse país no qual um setor do país entra numa situação de desenvolvimento um setor E o resto cai você tem
que ter um sucesso exatamente você tem que ter um de sucesso falou muito bem porque aí os outros vão olhar e falar Putz mas dá não dá olha lá tá lá o meu amigo que estava lá na faculdade não conseguiu isso isso isso só que assim só tem lugar para um entendeu para dois não tem lugar para 30 só que sabe o que é o que é o pior que todo mundo sabe disso eu não tô falando nada novo todo mundo sabe só que todo mundo age como se não soubesse porque se você admitir mas
para mim vai dar certo é então mas todo mundo sabe que que que a probabilidade que para você der certo é mínima és mío e não porque você é ruim é porque estruturalmente não dá É como se você tivesse um edifício que tem poucos apartamentos entendeu Você tem duas opções uma opção é você começar a brigar para saber quem vai ocupar os apartamentos você pensa assim tem um edifício tem poucos apartamentos você tem uma grande cobertura né então vamos deixar o difícil tá Como tá E vamos começar a brigar falar não eu quero entrar outro
vai entrar e assim cada um vai vai concorrendo vai empreendendo para ver quem tem consegue entrar só Só que tem uma outra alternativa é que você implode o edifício você implode o edifício fala olha ele foi mal construído ele foi mal pensado dá pra gente fazer melhor a gente não precisa da cobertura a gente tira a cobertura aumenta um pouco de todo mundo aumenta o números consegue pegar mais gente faz um outro prédio faz um outro prédio a ideia de fazer um outro prédio saiu do nosso Horizonte ela não existe mais é assim parece uma
coisa top uma coisa de centro acadêmico u aquela coisa Ah isso é história do cro acadêmico Ah que seja racional realista é você sustentar a irrealidade da situação atual Isso é isso é realista eu diria é um tipo de de Realismo de de ponta cabeça ele não faz o menor sentido a gente sabe que a gente tá andando pro matador né a gente sabe que esses processos de de crise são cada vez mais profundos e a gente sabe que as ações que estão sendo feitas elas são é é elas são completamente inadequados em relação à
a à escala do problema sim entendeu mas se um dia você tiver chance de seu Capataz e não quem vai morrer no matadouro talvez é esse é um clássico Esse é Um clássico é um é um clássico terrível que consiste em você pegar inclusive pessoas que que tiveram fizeram parte de de classes muito espoliadas falar Não não mas tem espaço para tudo e não tem tem espaço para mais dois ou três mas vocêo integra e integra criando a ilusão de que não o sistema ele consegue integrar melhor do que ele integra agora mas ele não
consegue entregar então quando a gente enfrenta um problema atual como desinteresse das pessoas em educação eh vou pegar uma situação dos Estados Unidos uma situação de Brasil Estados Unidos ah essa geração dos millennials ou agora Gia a geração mais nova não quer mais comprar um carro não quer ter uma casa não tão fazendo financiamento não tão casando não tão fazendo empréstimo para um carro e não tão porque não conseguem mas também porque abandonaram esses valores né ou aqui no Brasil o que eu ouço na universidade o vestibular tá menos concorrido tem menos gente presta faculdade
as pessoas estão abandonando a educação antes entre outras coisas que podem estar gerando isso eh tem essa desilusão aí ou tem essa noção de que de perceber que esse sistema não funciona olha Atila me chamaram uma vez para fazer abertura eh do ano letivo da Universidade de São Paulo né e eu sempre parti do pressuposto de que h a realidade por mais dura que seja quando ela é apresentada aos sujeitos é é um sinal de respeito que você tem às pessoas né você descreveu minha ata na pandemia ex É isso aí no sentido de falar
Olha eu eu eu não vou tratar vocês como criança então vou mostrar o problema tal como ele é né porque se a gente tiver uma consciência Clara do tamanho do problema isso já é metade da solução entendeu se você quer imaginar que o problema desse é pequeno assim você nunca vai conseguir resolver nada então assim Respira fundo o problema é grande entendeu é muito maior do que a gente queria ser mas Respira fundo fundo porque isso não significa que você vai ter que ficar na posição melancólica inclusive até escrever esse livro era um pouco essa
a ideia falou olha vamos partilhar colisões porque as respostas elas não tão adequadas a gente vai precisar passar por um tempo assim porque ess esse aprofundamento da Consciência do da da extensão do problema vai permitir a gente criar uma solução possível e real se você não fizer isso não vai ter solução nenhuma Então nesse caso eu eu lembro de chegar pros alunos falar olha o seguinte quem veio aqui achando que é Universidade garante emprego Me desculpa veio no lugar errado não não há nenhuma relação orgânica entre formação e empregabilidade ao contrário eu tenho vários amigos
hoje que fizeram pós-doutorado e estão e estão estão servindo de garçom em restaurante de luxo por porque você aumenta a quantidade de pessoas bem formadas mas você não tem posto para todo mundo então o que acontece os postos precários vão começando a pedir mais coisa sim mais mais atribuições mais qualidades e com e com valores ainda mais degradados do ponto de vista salarial E aí o tempo de educação Deixa de ser um sinal do conhecimento que a pessoa tem que você não precisa dele e passa a ser o sinal de que ela sabe se comportar
Exatamente exatamente você fal no lugar dela fazendo as coisas por x anos pelo menos Então vai ser alguém que vai atender muito bem aqui ex é isso não é você tem toda a razão né então é claro fica aquela coisa mas como assim eu acabei Fiz maior esforço para entrar aqui sim mas primeiro a função da Universidade nunca foi essa função Universidade é outra Universidade é é é produzir aquilo que a sociedade não quer saber né assim como ela aquilo que a sociedade faz questão de esquecer né eu posso pegar um exemplo a Universidade Brasileira
fala sobre racismo desde os anos 40 né Ou seja no momento em que quem quem pagava a conta da Universidade Universidade de São Paulo era Elite Paulista que era a elite Paulista escravocrata né então ou seja ela a gente produziu aquilo que a sociedade não estava disposta a ouvir até o momento em que ela começou a ouvir então se eu quiser que a sociedade esqueça os problemas eu posso começar minando a universidade você começa fechando a universidade que é o que se faz transforma a universidade num em duas coisas um centro de pesquisa de excelência
para poucas pessoas né e um Centro de Formação técnica para todo mundo né só que a Universidade Brasileira aí eu queria fazer uma defesa da Universidade Brasileira o pessoal fala mal fala mal tem problemas mas ela tem um projeto muito interessante Por que que o uma universidade como US nunca vai ser Harvard porque não tem como a ideia é ruim a gente não precisa Universidade desse tipo Harvard é Universidade com 5 6.000 alunos uim um orçamento de 30 bilhões exatamente enorme a gente tem 4 bilhões de dólares de 4 bilhões de orçamento e 100.000 alunos
é aquilo ali é um carro de Fórmula 1 isso é um ônibus ex exato só que a questão é eu já ouvi gente falando Ah então por que a gente não pega os nossos 5 6.000 melhores alunos e faz um faz um pr sua parte Claro sabe o que vai acontecer você vai entrar no primeiro lugar do ranking Parabéns ótimo se a gente conseguiu entrar tá no primeiro lugar do ranking mas aí que que você vai fazer com os outros 97.000 alunos eles vão todos caírem para baixo porque o fato de você misturar os dois
obriga que você de uma certa forma tem um nível médio entendeu se você dividir você vai ter um centro de excelência de pesquisa de um lado e do outro vai todo mundo cair lá embaixo né então Ou seja a ideia é boa a ideia boa não a gente vai fazer a Universidade de massa vai sustentá-la vai ter que ter um tripé que é docência eh eh pesquisa e e divulg difusão certo ela vai ter relação à sociedade né que tem que ser orgânica porque várias vezes falaram isso ah mas a gente a gente noss a
gente não aparece bem nos rankings entre outras coisas porque a gente tem pouco curso em inglês porque a gente tem muito pouca produção em inglês falei olha assim eu eu dou aula fora do Brasil todo ano né em uma série de universidades eu eu faço isso porque acho importante certo mas eu me recuso terminantemente certo não só a falar outra língua dentro do meu país mas a produzir uma outra língua dentro do meu país por uma razão muito simples Se eu fizer isso eu vou voltar à Idade Média quando a universidade falava latim e aí
as pessoas olhavam assim falavam B mas o pesso ninguém entendia latim entendeu ah essas a universidades falam uma língua que ninguém entende entendeu tem trê 3% da população brasileira sabe inglês como é que eu vou começar a escrever numa língua que as pessoas sequer entendem eles estão pagando o meu salário entendeu então o mínimo que eu tenho para fazer é é é POD conversar com ele de alguma maneira ou de outra com toda a tentativ com todo o esforço que a gente tem mas se você faz isso OK você você legitima um tipo de avaliação
que é um tipo de avaliação que para país como o Brasil não faz o menor sentido ela não foi criada tendo inv Vista problemas como nosso eu preciso eu tenho acho que se eu não me engano 11% 7 88% da população que tem nível superior C dier ou seja eh o o p Holanda tem 30 e poucos 40% eu ainda preciso chegar nesse esse ponto eu tenho milhares de pessoas do Brasil que precisam estar na universidade por que que eu vou gastar todo toda a minha meu tempo meu dinheiro pensando como é que eu vou
trazer gente de fora claro que isso é importante mas isso não pode ser tão importante quanto é paraa Universidade da Finlândia Porque se ela não tiver 30% de alunos estrangeiros ela não funciona não tem gente lá não tem gente certo mas aqui não é o caso ao contrário a gente precisa conseguir trazer mais pessoas para dentro da Universidade que querem entendeu então você percebe é um problema completamente diferente e você tenta avaliar eh as estruturas que TM problemas totalmente diferentes da mesma forma é claro que isso vai ser uma aberração se você acabou de escrever
porque que eu não faço conteúdo em inglês é Mas voltando pra desilusão das pessoas você acha que você acha não tá tá é o subtexto do que você tá me contando que dado que a gente tá trabalhando dentro desse ambiente onde tudo vira trabalho tudo tem que ter excedente tudo tem que ter esses valores quando esses valores falham porque eles vão invariavelmente falhar porque n não tem como você ter um uma grande régua que define tudo e aplica ela para todos os aspectos humanos eh isso Vira essa esse mau-estar essa desilusão ou espanar né que
o que o Freud tava vendo lá atrás já que gera os problemas atuais sim com certeza e eu por isso que eu insistiria num ponto que me parece importante que é a gente vive também uma crise psíquica uhum os graus de Sofrimento psíquico Que nós conhecemos são impressionantemente altos né só para você ter uma ideia um um dado que eu sempre trago 13% da população brasileira foi diagnosticada como portadora de transtornos depressivos 9,7 foi diagnosticada como portadora de transtornos de ansiedade isso a gente tá falando de diagnóstico de gente que foi que foi no hospital
procurou atendimento médico foi diagnosticado só aí vai quase 1/4 da população brasileira Uhum você percebe o nível o nível aterrador impressionante de Sofrimento né e é um sofrimento que ele transborda para quem tá fora disso também né Isso inclui todo mundo que tá lá na Cracolândia fora desse sistema de trabalho aqui mas que foi para lá por conta de como isso aqui funciona e todo mundo que tá lá num grupo indígena não sei onde com depressão e uma série de outros problemas um índice de suicídio estratosférico por conta de contaminação de mercúrio no rio exploração
das terras violência e outras coisas né mesmo quem tá à margem e não não tá escolhendo operar por esses valores também tá sofrendo com isso é e a gente ouve isso na clínica dizer o quanto D sofrimento tá ligado à à incapacidade de operar no interior do mundo do trabalho certo a incapacidade de operar no interior das dos expectativas dos ideais que foram socialmente desenvolvidos certo a maneira então que eh esses essas pessoas tiveram de de compreenderem que bem tudo aquilo que o qual ela passa e ela não conseguiu realizar é uma responsabilidade única e
exclusiva dela mesma né seja incapacidade de você transformar esse sofrimento psíquico em um motor de ação social certo de questionamento de transformação e desculpa se você conseguir transformar parabéns você vai conseguir respirar por uma coisa mas o destino lá na frente também é vai te cobrar mas ou seja tem uma racionalidade elas não fazem isso porque elas são elas são inconscientes do que realmente tá em jogo elas não fazem isso porque elas são covardes Não elas fazem isso porque elas sabem calcular porque elas fazem que elas vão elas sabem que elas vão fazer isso sozinho
elas não tem não tem estrutura por trás para dar sustentação ou seja a implosão mais uma vez a implosão das relações de solidariedade social produz um sofrimento psíquico brutal n pessoas exato porque el elas vão ter que lidar com situações que elas não conseguem lidar individualmente eu descobri na prática que não tem como duas pessoas adultos saudáveis só na melhor condição possível aí criarem uma criança não tem como dois adultos fazerem isso tá não tem eu eu e minha esposa principalmente na pandemia que não tinha como ter ninguém em casa é o caos um tá
limpando o outro tá ninando E e assim você nunca tem o tempo de qualquer um respiral fazer qualquer coisa foi um um trator e uma criança que não tem complicações que não tem demandas extras não são gêmeos não são qualquer coisa sabe tá todo mundo na situação mais privilegiada possível aí eu podia estar em casa dei um tempo no Canal os dois adultos se dedicando e não deu não funciona você precisa de uma rede de apoio você precisa de uma sociedade você precisa de mais gente precisei minha mãe fazendo comida e trazendo pra gente pra
gente ter alguma coisa mais bem Preparada para comer e depois conforme as coisas vão se abrindo você vai descobrindo que essa rede de apoio que já foi uma sociedade né que já foi a família estendida que já foram os coletivos as pessoas trabalhando hoje você tem que contratar a consultora contratar a babá contratar empregada contratar isso pagar aquilo a creche o berçário são todas relações financeiras que vão assumindo que antes eram relações sociais né E claro a gente vai tentando manter o mínimo possível né eu não tive babá pro meu filho mas quando vou para
um parque ou para algum lugar sou um dos poucos pais que estão ali brincando com as crianças dependendo do shopping ou do lugar que você vai né Eh eh tudo vai se transformando nessa relação de trabalho e nessa relação social Não essa é a sociedade neoliberal é isso assim você consegue entender por como uma sociedade consegue fazer as pessoas trabalharem tanto tanto por tão pouco né porque elas estão numa situação de medo de de uma certa morte social porque se você não fizer isso se você não trabalhar como um e três vezes mais do que
o seu pai trabalhou você não vai conseguir chegar ao que ele tinha não no sentido do que ele tinha de de bens e de posse mas essa estrutura Agora você tem agora virou paga entendeu antes você podia numa ah você tem uma pessoa que pode com quem você pode deixar seu filho que é uma sua vizinha mas depois a sua vizinha também pode deixar deixar o filho porque você não tá trabalhando 14 horas por dia entendeu você quando você tem t ela pode deixar num certo tempo tem alguém que vai ficar na tua casa tudo
isso desaparece por completo então ao desaparecer por completo O que acontece Você tem uma intensificação dos regimes de trabalho né nossa sociedade ela intensificou os regimes de trabalho então ela não é uma sociedade onde o trabalho virou obsoleto Como dizia nos anos 60 ah não o trabalho vai sair de circulação as máquinas vão no substituir né subir todo esse tipo de coisa muito pelo contrário você trabalha muito mais do que a geração que te precedeu isso a gente tem em todos os estudos é muito claro número de horas de trabalho intensidade dos regimes de trabalho
tudo isso aumentou é não tem mais uma família dos Jetsons ou dos flinstons onde um pai sustenta uma família inteira impossível impossível completamente impossível e mais do que isso exatamente nesse momento é o momento onde você tem menos tensão da relação entre capital e trabalho isso é que eu fal menos tensão assim você você já não tem nenhuma grande revolução você não tem greve geral Você nunca viu nos últimos 20 30 anos nunca existi as greves greve de um dia né coisa que é completamente diferente do que era o processo eu diria o seguinte o
desenvolvimento do capitalismo ele não é dado pelo desenvolvimento tecnológico ele é dado pela força das lutas operárias porque são as lutas operárias que elas paralisam porque o capitalismo vai desenvol tecnologicamente desenvolve tecnologia Para quê Para te dar uma vida melhor não é para conseguir fazer aprofundar o processo de produção te dar uma vida mais difícil mais difícil certo então por exemplo quando você no século XIX esse pessoal que quebrava a máquina e a gente fala povo doido né Que história essa os ludistas né quebram máquinas não faz sentido nenhum não não isso fazia um certo
sentido sim né que era um pouco que era mais ou menos assim se você mecaniza aqui sen vai dizer vai arrebentar o meu trabalho eu vou virar um apêndice da máquina eu não quero se apêndice de máquina nenhuma né assim eu quero ter o mínimo de trabalho onde eu possa eh eh ter sentido dentro do trabalho e não vou sentido não é eu ficar apertando uma máquina né e mais do que isso esse processo ele ele vai concentrando vai me tirando do processo de produção eu não vou aceitar isso então quando você tem uma luta
Operária forte você para você obriga porque não existe isso ah eu vou tirar o trabalho de todo mundo você trabalho todo mundo quem vai comprar né então isso não isso tem um limite né a questão é outra é fazer você ficar completamente com medo de perder o teu trabalho porque aí você vai aceitar qualquer coisa eu não tinha pensado no como a gente tem poucos movimentos num período de mais precariedade é não isso é um dado impressionante dado impressionante mesmo inclusive se você ficou interessada interessado dá uma olhada no na ficção que a gente fez
com o Rui Braga conversando sobre trabalho precariedade e é bem complementar nesse sentido e vou ter eu vou ter que levar a gente então para que fazer não é o tipo de pergunta que eu faço aqui normalmente mas dado o seu a sua obra mais recente e eu tenho que perguntar o que que a gente pode fazer daqui pra frente você tá apresentando um problema eh tem solução um problema é um mega problema né Isso é um problema estrutural é uma é um outro esquema não é uma coisa que se resolve do dia pra noite
mas dado a proposta do seu livro eu me sinto confortável de poder perguntar e aí então obrigadoa pergunta Porque de fato eu escrevi esse livro exatamente por causa dessa pergunta porque todas as vezes que eu fazia palestras conferências comício manifestação invariavelmente essa pergunta aparecia né tudo bem tudo muito interessante mas é o que fazer e não n que eu ficava meio desconcertado eu primeiro pensava mas olha que situação engraçada alguém olha para você e acha que você consegue saber o que ele deve fazer né e eu sempre falava uma coisa do tipo não mas olha
você sabe o que fazer certo eh basta a gente sair dessa posição melancólica onde todo mundo desconfia da sua própria força da sua própria capacidade existe uma inteligência prática que ela deve ser recuperada todo esse tipo de coisa nunca funcionava muito bem né E aí eu comecei a entender que isso nunca funcionava Porque era importante deixar a pergunta Ressoar por mais tempo tem respostas que a gente só vai conseguir encontrar Se você permitir a pergunta Ressoar por mais tempo você quiser se fazer a pergunta fazer a pergunta se quiser responder muito rápido eh a resposta
não aparece né aquele que chega aqui na posição olha de Conselheiro do Bem Viver sabe de apóstolo então do de da da da da Luz da iluminação sobre os problemas fundamentais de grande técnico de grande saber especializado eh eu acho que talvez seja momento que a gente começa a desconfiar um pouco disso porque as respostas sempre apareceram muito menores do que os problemas então comecei a achar que talvez a coisa mais honesta não fosse propor soluções fosse partilhar colisões e que um tempo que fosse capaz de partilhar colisões de você olhar você criar essa circulação
na qual você permite ao outro que ele possa expor também sua colisão que não seja uma coisa assim vergonhosa que ele tem que esconder né que mostra algum tipo de fraqueza mostra algum tipo de fragilidade f não não isso pode ser pode ser a nossa força real né Essa essa consciência coletiva de que há colisões por todos os lados então isso aprofunda o problema ao aprofundar o problema Você pode ter de uma certa maneira uma disposição coletiva diferente para encarar as estruturas que realmente tão paralisando a nossa imaginação social tão tão impedindo a nossa imaginação
de efetivamente funcionar então daí veio essa ideia do livro desculpa o livro aberto de colisões exatamente por causa disso então são ensaios discutindo os problemas é mesmo tipo de escrita para mim foi bem diferente porque eu sou um acadêmico na verdade né então escrevo como acadêmico consciência sou sou um acadêmico que acabou sendo jogado paraa esfera da opinião pública né mas que eu continuei escrevendo como acadêmico muitas vezes as pessoas me criticavam por causa disso ah mas a gente quer saber o que você fala mas ninguém os seus livros né não é a sensação que
eu tenho da conversa aqui é então mas é que conversa eu consigo mas os livros eu queria eu queria mesmo quera uma maneira de dizer não mas o o as questões que a universidade trata elas não são irrelevantes era a maneira que eu tinha de de tentar fazer isso e fiz isso durante muito tempo foram sei lá até esse aí 14 livros uma coisa assim né que sempre mais ou menos nesse nesse tom né só que num dado momento eu realmente também comecei a pensar que que era que era hora de tentar outra coisa né
de também fazer de outra forma né porque se essas crises que eu descrevi para vocês são reais então elas estão vinculadas também a um outro tipo de crise que aquilo que a gente pode chamar de uma crise epistêmica nossa época ela é caracterizada também por uma crise epistêmica nossas matrizes de saber Elas mostram seus limites Elas mostram seus apagamentos Elas mostram seus silenciamentos elas PR principalmente na área de humanidad elas exigem revisões Nossa forma de pensar a estrutura do nosso pensamento né ela ela entra em crise também porque todos esses processos que a gente estava
descrevendo aqui Progresso desenvolvimento crescimento isso era figuras de uma certa forma de pensamento né era figuras de O que que a razão produz Progresso né Essa é a ideia Central né então ou seja tem um problema com a ideia de progresso talvez tem uma ideia com nossa problema com a nossa ideia de razão também ela precisa ser pensada mas se tem um problema com a nossa ideia de razão talvez a nossa forma de escrita ela também Pede uma certa revisão Uhum Então daí a ideia de fazer um tipo de escrita que não é que é
um tipo de escrita em fragmentos né então são vários são várias letras são letras dispersas também e dispersos porque é como se eu falasse não mas a a ordem ela tá balada né então não dá para começar a dar não dá para confiar no alfabeto como se confiava antes né então o livro é feito de ensaísmo de de pequenas formas né Eh sobre vários vários os aspectos que no fundo são conectados Espero que a conexão acabe aparecendo né sabe que eh te agradeço porque você já me deu além da lição toda sobre como a sociedade
funciona dois dois bons valores aqui um é entender que eu tenho essa agonia com quase todo vídeo que eu faço ou com várias discussões aqui no no não ficção que é putz eu tô apresentando um problema conforme a gente vai desenrolando a conversa isso daí só é novela né só vira um problema maior ainda porque você vai descobrindo todos os aspectos que não não reparava daquele problema e aí e de repente a gente tá no período de descobrir os problemas antes de tudo né então isso é uma coisa interessante do dos processos psicanalíticos né imagina
você o analista você percebe alguma coisa do analisando analizand e você vai lá e explica para ele o que é olha então o problema é esse aqui e a solução é essa faz isso você vai ver o resultado É zero né é nenhum por quê você impediu a pessoa de fazer o caminho de produzir o caminho de de entrar num certo desespero que era necessário ele não é não é um elemento exterior à experiência ele precisava passar por isso né esse desespero precisava ele precisava tá lá para que ele possa perceber que as respostas que
ele que ele entendeu Até agora certo elas produziam só alguma coisa mas alguma coisa que elas não conseguiam produzir Então o a desorientação ela tem função ela tem uma função e desorientação desorientação forte do termo é você desconfiar até da tua gramática até da gramática que te permite organizar os seus problemas pensar o que é a sintaxe do teu pensamento o sentido de certas palavras se isso não acontece numa situação como essa você não você vai dar as respostas de sempre uhum n e mais do que isso você vai impedir que as pessoas efetivamente elas
elas comecem a confiar nas respostas que ninguém ouviu ainda e que ela tinha de uma maneira ou de outra né então acho que tem uma uma reconfiguração gramatical que é importante que vai ser dura de ser feita ela ela não é uma coisa que é feita do dia paraa noite ela vai vai se aprofundando isso em vários níveis por exemplo se a gente vê por exemplo quando a gente a gente começa a desenvolver a uma reflexão sobre a crise ecológica você vê que o nos setores mais interessantes do problema é a ideia de natureza que
vai paulatinamente se modificando uhum essa a distinção natureza cultura que vai paulatinamente se modificando a distinção humano não humano que vai paa tamente se modificando e essas modificações elas são fundamentais pra gente conseguir encontrar a solução né então não é só um problema de pensamento porque não existe isso um problema de pensamento o pensamento não anda nas nuvens pensamento é resultado fundamental da da da sensação e da sensibilidade dos afetos não tem pensamento sem afeto você é afetado de uma forma por isso que você pensa dessa aquela maneira então você muda o seu corpo você
pensa de outra forma para cada corpo um pensamento entendeu mas é importante entender há uma materialidade do pensamento os pensamentos são muito materiais né então se você muda você muda também muita coisa você muda sua forma de se afectado você muda seu sistema de afecções você muda sua sua corporeidade no sentido mais forte do termo o pensamento muda Corpus sim sim isso é isso em vários níveis né mesmo no nível médico a gente sabe que você tem intervenções simbólicas que tem força de desencadear certo certos fenômenos eh físico-químicos né então eu diria se isso é
verdade isso vale também para pra reflexão filosófica a gente funciona assim e essa essa fala sua me traz o outro ponto que é se de repente você precisa de alguém te analisando e te apresentando o que são os problemas se de repente muitos desses problemas vê de como a gente vai naturalizando ou vai mudando o pensamento para chegar nesse ponto pensar com a cabeça que a gente tem talvez não traga a solução exato porque essa a cabeça que nos pôs aqui né de repente como áa Floresta já era uma coisa de prae fora da nossa
sociedade mas que a gente não não conseguia conceber o qu interessante era abrir a cabeça para entender bom temos um problema e existem outras formas da sociedade se organizar tem outra sociedades T outros valores de repente ouvir esses outros valores pode trazer pra gente soluções que aqui dentro de quem tá vivendo nesse mundo não não tem como cons tem toda a razão eu diria faz pelo menos faz mais de 200 anos que a gente sabe que para certas mudanças é necessário cortar cabeça né eu diria que isso vale pra gente também tem um jeito de
ser você cortar uma cabeça né e e e a metáfora ela é boa nos anos 30 do século XX tinha um grupo de filósofos Jorge bataia grupo de sociologia que que fizeram uma revista chamada acéfalo né que era o o o homem de vetru do do Leonardo né que é a essa expressão máxima do humanismo cientista sem cabeça né que era um pouco era uma maneira já naquela época de falar não mas tem um problema aqui com a maneira como a gente tá organizando tudo que a gente tá pensando Vai ser necessário construir uma outra
cabeça né eu diria que eh isso Isso é uma das coisas mais impressionantes eh das sociedades essa capacidade que elas têm de fazer isso né é claro que a gente Nessas horas mais desesperadoras a gente começa a entrar em Pânico né e o pânico ele ele ele faz com que a gente tente simplesmente preservar o que a gente tem porque a gente sabe que vai vir um dilúvio aí né é o medo conservador né o medo conservador a gente esp ISO muito claramente só que tem tem esses momentos você tem esse tipo de pessoa que
vai dizer não é nesses momentos que a gente vai precisar ter coragem de perder a cabeça de uma certa forma e reconstruir o proc a gente tem condiç a gente consegue fazer é possível fazer né E talvez seja a única solução que efetiva a gente tem porque continuar do jeito que tá eh é como eu havia dito eu não acho que isso seja irrealista acho que irrealista é tentar se adaptar à irrealidade da Realidade Atual aí isso é irrealista imagina não gente isso aqui vai dar um a gente vai dar um jeito não agora deu
para ver a gente não vai dar um jeito entendeu quer dizer e e é muito impressionante como a gente chegou nesse ponto de maneira física não você percebe você você percebe no teu meio ambiente Você percebe nas crises climáticas que estão à tua volta você fala mas isso aqui não saiu do nada isso foi um sistema de escolhas erradas de sistema estruturalmente de escolhas erradas e que ninguém parou e que a gente ainda não para isso a gente sabe que que isso é só o começo do processo né então acho isso me dá eu diria
muita confiança muita confiança de que de que a consciência e a disposição de ação para transformações estruturais elas ainda elas ainda vão ocorrer elas ainda estão no nosso futuro Bom espero pelo menos ter um papel nessa parte da gente reconhecer os problemas acho que a gente também acho que o nosso papel eh bom além além da sua obra que a gente discutiu aqui o alfabeto das colisões para quem quiser saber mais ou aprofundar alguma discussão das várias que a gente teve por aqui tem o material livro obra site vídeo material que você recomenda para quem
quiser saber mais então acho que tem várias eh vários livros interessantes que podem servir de caminho para essas discussões por exemplo eu sugeriria mais uma vez o Celso Furtado né se o mito dos do desenvolvimento econômico que talvez seja difícil encontrar Mas quem quem é rato de internet vai saber como achar aqueles famosos sites Russos tal que não tem o menor problema em indicar vocês podem encontrar formação econômica do Brasil desse debate Ecológico tem um autor que eu gosto muito que eu acho autor muito consequente Andreas malme né eu tem um livro interessante do capitalismo
fóssil né onde ele define muito a nossa situação não como uma crise do antropo que mas com uma crise do capitaloceno né porque a ideia de que não faz sentido colocar nas costas da humanidade a responsabilidade por esse processo né Ainda mais se você pensar um pastor do Sara ele produz 500 vezes menos gás carbônico do que um habitante qualquer do Canadá né E também o fato de que um se da população mundial sequer tem tem acesso à energia elétrica como é que elas podem ser responsáveis pela por todo esse processo da brutalidade econômica do
Esso com suas consequências ambientais né então ele desenvolve essa ideia é uma ideia bem interessante eu recomendo acho um belíssimo livro né E aí para essas questões vinculadas a a sofrimento psíquico bem eh a Universidade de São Paulo tem esse o laboratório de teoria social filosofia e psicanálise o lates FIP e a gente a gente fez um livro cham neoliberalismo como gestor do sofrimento psíquico era um pouco tentando eh aprofundar essa discussão né perfeito perfeito e você você tem o seu ah perfil no academia.edu né é eu eu disponibilizo todas as minhas aulas porque eu
escrevo as aulas eu escrevo e leio né Então aí no final sempre disponibilizo então Se alguém quiser ter acesso tá sempre lá aberto porque a Universidade de São Paulo é uma universidade pública e gratuita né e eu acho muito importante que ela continue sendo pública e totalmente gratuita e acho que o trabalho nosso ele tem que ser um trabalho acessível de quem quer que seja então por isso as nas aulas eu sempre falo olha quem quiser vir simplesmente Pode vir eu não eu não não como ouvinte porque acho que é a função que a gente
tem que ter né e o que eu faço eu sempre disponibilizo para quem quiser eh encontrar só não faço isso com os livros porque a minha Editora Então vai me cortar na cabeça mas alguns assim eu já consigo fazer mas a ideia é um pouco Essa é o que a gente consegue vai né Eu eu também entendeu o último curso que eu que eu dei de divulgação Científica na Unicamp deu para levar a câmera pude gravar botar na internet de outra forma né tambm acho isso fundamental é o tipo de de de disposição intelectual pública
que eu acho absolutamente necessário retribuir um pouco do do investimento que fizeram e e um pouco de Transparência também do que a gente faz e pensa para para se manter à disposição do público né perfeito Obrigadão Eu que agradeço muito obrigado pelo espaço pela discussão pela conversa para mim foi um grande prazer obrigado obrigado idem aqui viu foi um prazer enorme Espero que você tenha gostado Desse nosso papo eu de novo Aprendi muita coisa por aqui não tinha me ligado dessa relação tão embrenhada religião e trabalho que se tem nem de quanto dos valores religiosos
foram pros valores do trabalho e de como a gente desempenha trabalho hoje em dia menos ainda de como o trabalho e valores de trabalho hoje estão se tornando valores religiosos você é muito doido né como essas coisas se emb brenham e o tipo de sociedade que a gente cria de valores que a gente mantém e do quanto a gente fica preso a um trilho só de como as coisas têm que funcionar acho importantíssimo a gente aprender a reconhecer vários problemas atuais e qual é a raiz desses problemas com a relação que tem com outras coisas
sai um pouco mais confortável em saber que a gente não tem que ter resposta para tudo aqui inclusive como resolver esse problema mas vamos continuar identificando ele aqui se você quiser mais aproveita tem o livro do Vladimir safatle alfabeto das colisões e outras obras dele a gente vai colocar também não saiba mais para você inclusive as aulas dele por aqui espero que você curta e se quiser outras conversas dessas aproveita se inscreve aqui no canal assim você recebe os próximos episódios do não ficção e se você já viu se você quer mais se você quer
apoiar a gente para ter mais conversas como essa manda o apoio como membra como membro Valeu demais um pixel ou qualquer coisa assim ou um comentário tudo isso ajuda a gente a se manter por aqui e trazer mais discussões [Música] gostosas n
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