Unknown

0 views16458 WordsCopy TextShare
Unknown
Video Transcript:
Muito boa noite, meus caros! Sejam todos muito bem-vindos ao nosso encontro, a nossa conversa semanal, né? Espero que estejam aí me ouvindo bem, né? Creio eu que o som esteja bom aqui. Caso tenhamos algum contratempo, vocês vão comentando aí, falando, e a gente vai tentando ajustar por aqui, né? Muito boa noite! É um prazer tê-los por aqui. Na semana passada, começamos, né, esse nosso trajeto falando um pouquinho a respeito da história do Brasil, e hoje vamos continuar. É claro que a história do Brasil é muito extensa, né? Tem muita coisa, são 500 anos aí,
não é? Nossa pretensão aqui é expor tudo e colocar tudo aqui em detalhes, mas aquilo que é mais importante, que é mais fundamental, né, para que conheçamos a respeito do Brasil, isso sim nós faremos, em linhas gerais aqui, pelo menos, tá bom? E vamos fazer aqui a nossa oração já no início, pedindo a Deus que nos ilumine e nos abençoe nesta noite. E aí vamos seguindo um pouquinho, né, com o assunto da semana passada, tá bom? Vamos lá: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém. Vinde, Espírito Santo! Enchei os corações dos
vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos: ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da sua Consolação, por Cristo, Senhor nosso. Amém. O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal, hoje e sempre. Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, rogai por nós. Senhor, nos abençoe em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Amém. Tudo bem? Muito boa noite aí para quem está chegando, né, neste nosso encontro desta noite! Vamos seguir aqui o nosso trajeto, falando a respeito da história do Brasil. Bom, na semana passada, falando sobre o nascimento do Brasil, eu comentava que, antes da chegada dos portugueses, nós tínhamos aqui no Brasil uma diversidade já muito grande de povos e de nações indígenas distribuídos aqui, né, pela extensão do país. Existia muito território desocupado também, né, que não era simplesmente habitado por ninguém, né? Mas também havia uma série de conflitos, enfim, entre os próprios povos indígenas,
e esses conflitos eram anteriores à chegada dos portugueses aqui na América, né? Existem várias teorias sobre a chegada do ser humano aqui na América, mas a teoria mais aceita é de que o ser humano tenha chegado ao continente americano através do Estreito de Bering, né? O ser humano, segundo a maioria dos cientistas, acredita que teria surgido no continente africano e dali foi migrando para outros territórios, e teria chegado à Ásia, e da Ásia, passado aos territórios do Oriente. Enfim, depois, ocupado o território europeu. E depois, o ser humano teria então atravessado ali, né, sobretudo em
épocas de resfriamento do mar, teria atravessado o Estreito de Bering, passando ali da Rússia para a América do Norte, né? Que nós estamos acostumados a ver o globo terrestre, geralmente, né, o mapa-múndi aberto assim, né? Mas temos que lembrar que é um globo, e isso coloca, na verdade, a Rússia bem próxima do continente americano. Então, o ser humano teria passado por ali; essa é a teoria mais provável. Esses povos, então, teriam se difundido pelo continente americano, tomando características muito diversas, né, dependendo do lugar onde se estabeleceram, dos casamentos que fizeram entre si, enfim. Essa é
a teoria mais aceita pelos historiadores e, enfim, nos dias de hoje.E aqui no Brasil, uma multiplicidade de povos que os portugueses, quando chegaram, classificaram de uma maneira bastante simplista e até um pouco arbitrária. Os portugueses classificaram os índios do litoral como tupis e os do interior como tamoios. Tamoios e tupis era a classificação básica. Agora, é claro que existiam vários povos que compunham esses grupos; a coisa não era tão simples assim. Vários grupos linguísticos já havia, uma série de princípios religiosos, princípios culturais que eram transmitidos por esses povos indígenas. Já havia uma língua, né? O
Brasil tinha aí alguns troncos linguísticos, mas mais de 200 línguas diferentes com toda a certeza, porém algumas línguas muito próximas porque vinham do mesmo tronco linguístico. Então, esses indígenas se entendiam, conseguiam até se comunicar. Boa parte desses indígenas também, desses nossos povos aqui, eram antropófagos, ou seja, comiam carne humana, alguns como um ritual religioso, outros como um ritual religioso associado à alimentação mesmo e outros mais ligados à questão da alimentação, mes de comer mesmo carne humana. Então, a prática da antropofagia era comum aqui no Brasil, né? Antropos significa homem em grego, e fagia ou fagos
é comer, então antropófagos é comer carne humana. Era uma prática comum entre algumas tribos, né? Por exemplo, os Tupinambás tinham o costume não só de comer carne humana, mas também de receber aquele que seria, né, a sua presa, digamos assim, né, e aprisioná-lo ou de alguma maneira atraí-lo, assim, este que seria depois devorado. Eles procuravam tratar esse sujeito muito bem para depois, então, devorá-lo, né? Então, era uma prática ritual. Eles acreditavam que não era simplesmente comer carne humana, mas você adquiria a força e todas aquelas características e virtudes, a coragem, a rapidez, a força física,
enfim, daquele sujeito que era devorado. Então, você se tornava um com aquele a quem você devorava, né? Isso era uma prática assim que, apesar de ser... Bastante esquisita, bastante absurda aos nossos olhos hoje em dia, era comum, né, aqui no Brasil. Então, muito bem, nós tínhamos esse cenário com essa cultura, essa música, essa religião indígena. Os povos indígenas não eram homogêneos de jeito nenhum; eram povos que variavam muito entre si. Agora, é claro, muitas características eram sim parecidas, mas eram povos muito diversos entre si. E, quando os portugueses chegam aqui, no dia 22 de abril
de 1500, chegam na oitava da Páscoa. A carta de Pero de Caminha, que é, por assim dizer, a certidão de nascimento do Brasil, relata justamente isso: que os portugueses chegam aqui na oitava da Páscoa, no tempo da Pascoela. Então, ao avistarem um monte de terra, imagino que seria apenas um monte, uma ilhota, dão a esse monte, que é avistado já de cara, o nome de Monte Pascoal, justamente com uma referência ao tempo litúrgico que era celebrado. Nós podemos dizer, sem medo de errar, porque as fontes históricas comprovam isso: nós podemos dizer que o Brasil nasceu
católico. Agora, muita gente vai dizer: "Mas o Brasil já existia antes, e o Brasil que existia antes era um Brasil pagão." Então, acontece que o Brasil, enquanto uma unidade territorial, não existia antes. Nós falamos disso na semana passada. Essa unidade não existia; o que existia eram territórios ocupados por vários povos, e esses vários povos identificavam como sendo o seu território, o seu país, aquele local onde habitavam. Para eles, o país deles era aquilo ali; então, não havia essa consciência territorial de nação, de país, de uma extensão única. Isso não existia na cabeça, na mentalidade dos
povos indígenas. Inclusive, quando os portugueses chegam e começam a querer ocupar território, explorar matéria-prima etc., muitos povos indígenas vão colaborar com os portugueses. Por quê? Porque, para eles, não havia essa consciência de que o território era meu, tudo me pertence. Então, muita gente fala assim, né, hoje em dia: "Ah, os donos do Brasil são os índios." Bom, eles eram donos daquele território que ocupavam, mas não tinham essa visão de que eram donos da totalidade do Brasil; aliás, desconheciam essa visão geográfica ampla. E os portugueses já traziam consigo, fruto da própria cultura europeia, o modo europeu
de entender o território, de distribuir os territórios, de dividir, classificar, nomear os territórios. Nada disso existia na cabeça do indígena. Depois, a gente vai ver isso mais para frente, em outras ocasiões, outras lives que a gente fizer comentando sobre outros documentos que relatam diálogos entre europeus e indígenas. A gente vai ver que eles não tinham essa visão. Então, muitos desses povos indígenas colaboraram com os portugueses na ocupação territorial. Por quê? Parece contraditório: como que um indígena ou um grupo de indígenas, ou uma tribo inteira, vai contribuir com o colonizador? É simples. O que eles pensavam?
"Eles estão ocupando a minha terra"? Não, eles estão ocupando a terra que é do meu vizinho. Então, tudo bem, eles não viam problema em ocupar, até porque, muitas vezes, determinados grupos indígenas eram inimigos de outros grupos. Então, eles não viam problema nessa ocupação do território de outros, desde que não se ocupasse o território deles. E é claro que Portugal, os portugueses sabendo dessas divisões, até dessas disputas entre eles, vai lançar mão disso, mais de uma vez. Então, mais de uma vez, os portugueses vão negociar, por exemplo, com os tupis ou com os guaranis ou com
outros grupos, vão negociar com eles e, até, se informar a respeito do que eles queriam. "Olha, o que vocês querem?" "Ah, nós queremos liquidar tal povo que está nos ameaçando." Muito bem, então Portugal se associava a eles, os ajudava a combater esse outro povo e, depois, eles ajudavam Portugal lutando juntos; conheciam o território, conheciam técnicas de luta, porque eram povos que já se enfrentavam. Então, para Portugal, isso foi muito útil. E aí, Portugal conseguiu ocupar aquele território, explorar aquele território. Então, Portugal ganhava e esses grupos indígenas ganhavam, porque às vezes esses povos eram inimigos, estavam
raptando pessoas da sua tribo. Se era uma tribo canibal, por exemplo, podia raptar, volta e meia, algum guerreiro seu. Então, tirar essa tribo dali ou colaborar com Portugal, para que Portugal ocupasse, tirando o perigo da presença dessa tribo, era algo muito bem visto e muito bem-vindo, inclusive, para esses povos indígenas. Então, é isso que explica a colonização do Brasil, porque os portugueses, quando chegam aqui, eram em 1500 homens nas caravelas de Cabral e nós tínhamos aqui milhões de indígenas. Alguns historiadores falam em 5 milhões; aqueles que têm uma visão mais conservadora fazem uma estimativa de
5 milhões, mas há historiadores que chegam a uma estimativa de 10 milhões de indígenas no território brasileiro na ocasião do descobrimento. Então, isso demonstra que eles eram muito numerosos. Agora, como que Portugal vai conseguir dominar um território com tantos indígenas? Usando os próprios interesses de combate entre eles em proveito do ideal colonizador. Então, isso explica o porquê de eles conseguirem se expandir. Agora, essa chegada dos portugueses aqui no Brasil teve uma série de antecedentes. E aí entra o nosso título de hoje: o Brasil e os templários. Os Cavaleiros Templários, aparentemente, são assuntos que não têm
nada a ver. Muita gente deve se perguntar, né... O que tem a ver os Cavaleiros Templários, lá da Idade Média, da época das Cruzadas, com o Brasil? Não tem nada a ver, porque o Brasil vem muito depois. Nem muita gente pensa assim, não tem nada a ver, não tem ligação nenhuma. O Brasil foi descoberto e colonizado por Portugal a partir de 1500; os Templários foram extintos em 1312, bem antes. Então, quer dizer, aparentemente não tem ligação nenhuma. Mas acontece que há sim uma ligação, e esta ligação é mais profunda do que a gente imagina. Esta
ligação marcou a história do Brasil de forma definitiva. Então, nós temos marcas desta ligação entre a nossa história nacional e os Templários e a herança medieval portuguesa, porque a formação de Portugal enquanto território independente tem tudo a ver com a nossa identidade nacional. É claro, né, que eu sei disso; eu também passei por isso. Certamente, vocês todos aí também devem ter passado por isso. Mas o nosso tempo de escola, né, ele nos apresentou uma imagem terrível de Portugal. Eu digo isso por mim, que durante muito tempo carreguei essa imagem, extremamente preconceituosa, recortada, e o pior:
falsa. Claro que aqui eu não estou dizendo que Portugal e os colonos, né, os colonizadores portugueses, os colonos que vieram habitar aqui no Brasil, eram pessoas viríssimas, sem pecado. Eu não estou aqui querendo canonizar colonizadores, nem a colonização, mas apenas levantar alguns aspectos que colocam, no seu devido lugar, os fatos históricos. Então, aqui está a grande questão: nós aprendemos a ter uma leitura da colonização que é uma leitura muito equivocada. Então, por exemplo, um primeiro equívoco que a gente aprende na escola é a historinha de colonização, de exploração e colonização de povoamento. Quem inventou essas
categorias de colonização, de povoamento e de exploração foram historiadores franceses do século XIX. Então, o que isso significa? Que o português, quando se lançava ao mar, não tinha garantias sequer de que voltaria, né, para o lugar de onde partiu. Quer dizer, eles se lançavam corajosamente numa empreitada que não tinham garantia nenhuma de que obteriam sucesso. Inclusive, não existia tecnologia avançada o suficiente para garantir essa continuidade do processo de navegação: "Eu vou e vou voltar, eu tenho certeza disso." Não, não se tinha certeza disso. Também não se tinha certeza de que encontrariam os territórios que cederiam
chegar, como pensavam que conseguiriam. Enfim, era tudo muito incerto. Então, aqui temos um primeiro ponto. E havia uma incerteza muito grande. O segundo ponto: essa ideia de que o português veio aqui para explorar—ah, é uma colonização de exploração—por que o Brasil é pobre até hoje? Por que o Brasil foi uma colônia de exploração e não uma colônia de povoamento? Essa explicação é simplista, é reducionista e vem da historiografia francesa do século XIX, que é uma historiografia liberal, que bebeu muito no Iluminismo, nas teorias do Iluminismo, e que criou uma visão preconceituosa, uma visão binária, que
divide, que classifica a história dos povos, dos países, somente em dois grupos: ou é povoamento ou é exploração. Na verdade, quando olhamos para as cartas náuticas de Portugal, os documentos, os diários de bordo dos navegadores portugueses, documentos pessoais, correspondência do Rei de Portugal, correspondência dos grandes navegadores, não vemos nada disso. Não se tem essa ideia de "não, eu estou indo para explorar território". Agora, o que aparece frequentemente nessa documentação dos portugueses são duas intenções que sempre aparecem: "Nós estamos nos lançando ao mar para dilatar a nossa Santa Fé." Isso aparece várias vezes: "Dilatar a fé
e fazer comércio." Então, quer dizer, há uma intenção apostólica. Não é exagero dizer que o descobrimento do Brasil é fruto do empenho apostólico de Portugal em expandir o reino de Cristo sobre a terra. Então, nós nascemos—a colonização brasileira nasceu como um fruto desse esforço apostólico de Portugal de dilatar a fé e, obviamente, eles queriam também fazer comércio, expandir os negócios, melhorar a própria vida, ter condições melhores, né, dentro do seu pequeno país, que é um território reduzido. Portugal é um território que sofreu várias ameaças ao longo da história, porque Portugal só faz divisa com a
Espanha e é um país pequeno, teoricamente vulnerável, fácil de ser invadido, ali sobretudo por Castela. Portugal teve muitos conflitos com os castelhanos, né? Aqui do meu lado de cá está aqui, eu tenho aqui essa história de Portugal, do João Ameal, um historiador português. Ele tem esse volume, que é bastante extenso. A história de Portugal do João Ameal é uma obra ótima; vai contar a história de Portugal em detalhes. O próprio João Ameal fala muito disso, né, dessa questão de que Portugal tinha um esforço apostólico, mas queria também fazer comércio para fortalecer o seu exército, para
ser respeitada, ser uma nação respeitada no contexto europeu, evitar invasões. Enfim, havia esse duplo desejo. Agora, nós vemos muitas nações que hoje são consideradas nações de primeiro mundo, avançadíssimas, etc. E, quando comparamos a colonização portuguesa com outras colonizações que são consideradas exemplares, nós vamos ver que essas colonizações consideradas exemplares, exemplos de sucesso hoje em dia, a coisa não foi bem assim. Então, por exemplo, aqui no Brasil, se nós pegarmos as cidades históricas do Brasil, nós vemos que, se a gente pegar Ouro Preto, pegarmos... Recife, pegarmos Olinda a Salvador, que foi a nossa capital. O que
que a gente vai encontrar nessas grandes cidades históricas? Prédios, igrejas e prédios públicos que têm a mesma arquitetura das grandes cidades portuguesas. É muito interessante. Em Salvador, existem algumas ruas que a gente olha e são construções muito semelhantes, inspiradas nas construções de Lisboa. Agora, por que cargas d'água os portugueses, se eles vieram aqui só para explorar, por que que eles construiriam aqui uma estrutura igual àquela que eles tinham em Portugal? Inclusive, os nomes das localidades aqui no Brasil contêm nomes de localidades que são exatos aos nomes de localidades portuguesas. Vou dar aqui um exemplo: eu
nasci em uma cidade no interior de São Paulo. A cidade foi fundada por um padre português, Monsenhor João Ramalho, que é português e veio para o Brasil. Ele nasceu em Portugal e o Monsenhor João Ramalho foi senador do império aqui no Brasil, e fundou a minha cidade, onde eu nasci. A cidade onde eu nasci era uma vilazinha chamada Vila de Santo Antônio do Jaguari. Mas quando Monsenhor João Ramalho, esse português, chegou ali e estabeleceu uma paróquia, foi criada uma freguesia. Quer dizer, a freguesia é onde já tem uma paróquia; o pároco, os sacramentos são celebrados
ali. E o Monsenhor João Ramalho, como ele se chamava João, era muito devoto de São João. São João Batista é uma devoção profundíssima entre os portugueses; é uma grande devoção a São João. O que que ele fez? Ele mudou o orago, embora Santo Antônio fosse um santo português. Mas Monsenhor João Ramalho se chamava João, então ele botou o nome nessa nova freguesia de Freguesia de São João da Boa Vista. Então, existe lá o nome da minha terra natal, São João da Boa Vista. Acontece que lá em Portugal existe uma cidade chamada São João da Boa
Vista, que é pertinho do local onde o Monsenhor João Ramalho nasceu. Então, o que que ele fez? Ele reproduziu o nome. E outras tantas cidades aqui no Brasil têm exatamente o mesmo nome de cidades de Portugal, de localidades de Portugal. Isso tudo foi nomeado. Então, por que que eu tô dizendo isso? Porque esses portugueses que vieram aqui, se eles tivessem chegando aqui somente para explorar, explorar, explorar indiscriminadamente e não quisessem realmente edificar nada, construir nada aqui, por que que eles reproduziriam aquilo que eles tinham lá em Portugal? Por que dar os mesmos nomes às cidades,
construir coisas no mesmo estilo? Isso significa o quê? Que eles estavam querendo construir a própria vida aqui, reproduzindo aquele mundo que eles tinham lá. Entendeu? Então, há um desejo de construir, edificar, viver aqui. Uma outra prova disso é a questão da miscigenação racial, que vai acontecer desde muito cedo. Por exemplo, aqui no Brasil nós temos os dois primeiros casais católicos do Brasil. Podemos dizer que são os pais do Brasil, os pais do povo brasileiro moderno. Porque o povo brasileiro moderno é um povo misturado; todo o povo é todo misturado. O Brasil, desde o início, foi
assim. O Gilberto Freire, que é um grande sociólogo brasileiro nascido em Recife, diz que a grande força do Brasil é a mistura racial que aconteceu desde o início. Então, por exemplo, nós vamos ver outros povos que, hoje em dia, são elogiadíssimos, como os ingleses. Por exemplo, todo mundo fala: "Ah, a colonização inglesa foi de povoamento", como se fosse uma colonização exemplar. Os ingleses dizimaram povos indígenas inteiros na América do Norte. Você vai falar: "Ah, mas os portugueses não fizeram isso aqui." Bom, primeiro, muito daquilo que é colocado na conta dos portugueses de mortes entre os
indígenas foram guerras entre tribos; ou seja, eles se mataram entre si. Então nós temos que separar muito bem o que foi guerra tribal, porque aí é um confronto entre eles, e isso, esses confrontos indígenas que aconteceram com grande frequência na história do Brasil, não têm nada a ver com a presença dos europeus. Eles já aconteciam antes e continuaram acontecendo depois. Então, uma coisa são esses conflitos que ocorriam entre os povos, outra coisa são as doenças trazidas pelos europeus, e que nossos indígenas não tinham a capacidade imunológica de reagir a isso. Isso é verdade, isso aconteceu
muito aqui. Então, houve uma taxa de mortalidade grande. Isso ocorreu, não é mentira, não é exagero. Houve também muita violência por parte de alguns colonos portugueses. Não era todo mundo santo, não era todo mundo exemplar; isso ocorreu também. Mas aí a gente tem que colocar os números nos seus devidos lugares: o que foi crueldade dos colonos, o que foi causado pelas doenças e o que foi conflito entre as tribos. O problema é que, na maioria dos livros, a taxa de mortalidade total dos indígenas é colocada inteiramente na conta de Portugal. Isso é injusto, né? Isso
é injusto. Então, temos que pensar bem nisso. Então, muito bem, esse é um ponto. Outro ponto bastante importante aqui, quando a gente fala desse sistema de colonização: os ingleses, você não vê quase... É raro você ver casos de ingleses se casando com mulheres indígenas. Então, quer dizer, tem casos de ingleses que se casaram com mulheres indígenas lá nos Estados Unidos; há vários casos. Não era raro, mas eles praticamente quase não se misturavam. Agora, você pega aqui no Brasil: logo no início da colonização, nós temos portugueses se casando com índias. O primeiro caso que nós temos
notícia é o Diogo Álvares, que é um náufrago português. O navio dele naufragou e ele foi recolhido na altura... Né de onde hoje é a cidade de Salvador, ele foi recolhido na praia pelos Tupinambás, que tinham a ideia de engordá-lo e depois comê-lo. Então, essa era a ideia, né? Com Diogo Álvares, e depois, no fim das contas, não fizeram isso. Então, esse é o primeiro brasileiro, né? O primeiro pai dos brasileiros, digamos assim, né? Ele era português de nascimento, se casou com uma índia, e os filhos que nasceram dessa união já são fruto dessa miscigenação,
né? O Diogo Álvares, quando chega à tribo dos Tupinambás, custou um pouco para entender que eles queriam devorá-lo. Quando ele naufragou, algumas caixas, algumas pertenças, algumas coisas chegaram à praia e, por exemplo, ele colocou isso para secar em umas árvores e tal. É interessante que, quando os índios avisaram que iriam devorá-lo, mandaram ele correr: "Ó, você corre aí, nós vamos correr atrás de você", quase como que para dar uma chance a ele de escapar. E ele se pôs a correr, percebendo que estava praticamente correndo em círculos na floresta. Eles não sabiam se localizar com uma
precisão tão grande quanto os indígenas. Então, ele faz uma promessa a Santana, a mãe de Nossa Senhora, e pede a Santana que salve a sua vida. Ao chegar à praia, ele se depara com um arcabuz, né, que era uma espingarda. Ele, numa tentativa desesperada, falou: "Vou tentar dar um tiro de arcabuz para tentar afugentar os índios, né, e não ser devorado por eles." Então, muito bem, o que ele acaba fazendo? Ele coloca ali a pólvora, que estava um pouco molhada, e quando os índios chegam para aprisioná-lo definitivamente, ele dá um tiro de arcabuz para o
alto. Com a pólvora um pouco molhada, o tiro fez muita fumaça, e os índios, que não conheciam armas de fogo, se encantaram e ficaram assustados ao mesmo tempo com aquilo que viram. Passaram a chamar o Diogo Álvares de Caramuru, né? O Deus do Trovão, né, ou o Deus dos Raios, né? Então, Caramuru vai se tornar o chefe dessa tribo. O comando dessa tribo é dado a ele e, então, ele toma a filha do cacique Tupinambá, que governava ali aquela tribo; ele tinha duas filhas: Moema e Paraguaçu. Ele toma, então, Paraguaçu como sua esposa e começa
a fazer comércio com piratas franceses que vinham para a costa do Brasil. Um desses piratas franceses faz a proposta de levá-lo até a rainha da França, a rainha Catarina de Médicis. E, então, são levados tanto Caramuru quanto sua esposa Paraguaçu até Catarina de Médicis. É interessante que, quando eles chegam à corte do Rei da França, era algo muito exótico, né? Um português chegando com uma índia convertida ao catolicismo e que precisaria receber o batismo. Então, na capela do Palácio Real da França, uma indígena brasileira, a Catarina Paraguaçu, recebe o sacramento do batismo, tendo como madrinha
nada mais, nada menos, que uma das mais poderosas rainhas da Europa, que era a rainha Catarina de Médicis. Por isso, Paraguaçu toma o nome de Catarina em homenagem à sua madrinha. Então, o Brasil começa, né, tendo como madrinha da mãe, digamos assim, dos brasileiros, a rainha da França, a rainha Catarina de Médicis. Então, Paraguaçu e Diogo Álvares voltam para o que hoje é a cidade de Salvador e, mais tarde, o Rei de Portugal, ao enviar um governador geral para o Brasil, que foi o Tomé de Souza, o próprio rei de Portugal vai pedir a Diogo
Álvares que ajude Tomé de Souza a fundar uma capital, a fundar uma cidade onde era Salvador. E depois essa cidade vai se tornar a capital do Brasil. Então, foi Diogo Álvares e Catarina Paraguaçu que ajudaram o governo português a se estabelecer ali em Salvador e geraram vários filhos. Depois disso, João Góes, lá no Nordeste, e aqui no Sudeste, João Ramalho vai se casar, que é um outro português. Ele vai se casar com a índia Bartira, a filha do cacique Tibiri, que era o cacique da região onde hoje é a cidade de São Paulo. Então, ele
vai se casar com a filha de Tibiri, que é um dos primeiros índios convertidos ao catolicismo. Tibiriçá foi o grande patrocinador da evangelização na cidade de São Paulo. É por isso que, hoje, quem vai à cidade de São Paulo e visita a Catedral da Sé vê que, debaixo do altar principal da Catedral da Sé, está lá o túmulo do cacique Tibiri. Tibiri está sepultado junto com os bispos e arcebispos de São Paulo. É um leigo, um indígena, mas ele está sepultado em lugar de honra na Catedral da Sé de São Paulo porque a evangelização de
São Paulo não teria sido possível sem a colaboração fundamental dele. E é a filha dele que vai se casar com João Ramalho, que se estabeleceu na Vila de Santo André da Borda do Campo, que é a cidade de Santo André, ao lado de São Paulo. Aliás, Santo André é mais velha que São Paulo, né? A cidade de Santo André, o município de Santo André, nasce antes que São Paulo. E ali, João Ramalho, casando-se com Bartira, também vai ter vários filhos. É o segundo casal católico do Brasil. Então, nós temos um casal católico no Nordeste e
um no Sudeste. A partir daí, são gerados os primeiros brasileiros, frutos de miscigenação. Os brasileiros modernos, que eu digo, já existiam os indígenas, é claro, eu não estou esquecendo dos indígenas, mas agora nós temos os brasileiros modernos. Quando eu digo brasileiros, porque já há... Uma consciência de que aqui é algo diferente, né? A Luciana, que está aqui na Live, está comentando que ela trabalha... Olha que coisa, né? Ela trabalha lá, né, na Catedral da Sé. Olha aí, né, como guia, né? Muito bem, né? Então, a Luciana conhece bem o que eu estou falando, né? Sabe
melhor do que eu isso aí, né? E realmente, ele tem um túmulo lindíssimo lá, né? Que é a memória que a Igreja deixou, né? Eh, para este indígena. São Paulo não seria São Paulo sem a contribuição de Tibiriçá. Depois eu vou falar dele mais para frente, mas só dando uma pitada aqui da história dele: quando ele se converte à fé católica, o que o faz dar esse passo em direção à fé católica foi quando foi explicado a ele o mistério da Encarnação de um Deus que desce do céu e se faz homem. Aquilo encantou tanto
Tibiriçá, que era um índio que adorava as forças da natureza, adorava Tupan, adorava divindades diversas. Mas ouvir que um Deus desce do céu e vem até os homens para se fazer um deles, isso foi algo que impactou de tal maneira na vida do Tibiriçá que ele então pede o batismo. E quando ele pede o batismo, toda a tribo, né? Os indígenas, muitos deles, são muito obedientes ao chefe, e qualquer movimento do chefe, os indígenas também aderem e apoiam. E também fazem a mesma coisa quando Tibiriçá pede o batismo: a tribo toda vem e pede o
batismo. O que levou Tibiriçá à pia batismal? O mistério da Encarnação. Porque ele já tinha ouvido falar de deuses que habitam nos céus e que agem como uma força de cima para baixo, mas ouvir falar que um Deus desceu e se fez pequeno, se fez bebê, se fez criança, teve uma mãe, teve um pai e morreu por nós, isso o impactou. E o Tibiriçá gostava de todas as festas religiosas que eram celebradas no ano. A festa que Tibiriçá mais gostava era a festa do Natal. Era contemplar Deus menino, criança, né, pequeno, né? Eu, particularmente, também
gosto, mas eu gosto dessa história do Tibiriçá porque eu também gosto muito do mistério do Natal, mistério da Encarnação... É Deus pequenininho, Deus frágil na nossa mão, né? Então, eu sempre penso muito nisso, né, nesse mistério. E é interessante que o Tibiriçá, quando estava já velho, foi perdendo as forças, caiu doente. E aí, então, chamaram um padre jesuíta que veio à cabeceira de Tibiriçá para confessá-lo. E ele se confessou, recebeu todos os sacramentos e Jesus veio chamá-lo no dia do Natal, né? No dia do Natal, então, ele faleceu, né? No dia de Natal, aquele que
se converteu e que contemplou o mistério da Encarnação e que levou a conversão à sua tribo inteira. Jesus se dignou chamá-lo no dia do Natal, né? Então, é interessante como a providência de Deus age também na vida do Brasil. E a gente aprendeu a ter uma visão muito atrapalhada, uma visão muito negativa de Portugal, uma visão muito negativa da história do Brasil. Eu, quando vou dar aula de história do Brasil e falo para a molecada, digo: "Ó, agora nós vamos pegar a história do Brasil." Eles já ficam: "Ah, nossa, vamos falar de outra coisa! Ixi,
história do Brasil!" Porque já aprendem desde cedo que a nossa história foi de exploração, foi de morte e não se mostra nada daquilo que foi grandioso, daquilo que foi bonito. Aquilo que é grandioso, aquilo que foi bonito, supera muito os males. Existem males, existem mazelas na nossa história. Nós precisamos também olhar para aquilo que foi ruim. Não podemos ter medo, né? A história do Brasil é igual à história da nossa família. A história da nossa família, se você olhar pra história da sua família e eu olhar pra história da minha família, tem coisas que nos
dão orgulho na história da nossa família e a gente quer contar para todo mundo, e a gente gosta de certas coisas que aconteceram na história da nossa família. Mas há episódios na história da nossa família que também são tristes, há situações que nós também temos vergonha, que nós não queremos que os outros saibam. E assim a história do Brasil. Nós temos pontos muito positivos que são desconhecidos e temos muitos problemas também. Então nós temos que olhar para tudo. Se nós queremos conhecer a nossa identidade, nós temos que olhar para tudo. Então, eu volto naquele ponto
que eu tinha colocado: essa história de colonização, de exploração, de povoamento é uma invenção. Os portugueses não tinham essa ideia. Não, eu estou indo lá simplesmente para explorar indiscriminadamente. Não. Eu estou indo lá construir a minha vida. Eu estou indo lá para me estabelecer, para fundar cidades, para levar a minha fé. E muitos portugueses que vinham para cá não tinham intenção de voltar para Portugal, tanto é que muitos se casaram com mulheres indígenas aqui no Brasil e aqui ficaram, e nunca mais voltaram a Portugal. Ou seja, não é simplesmente exploração. Queriam, sim, fazer comércio, queriam,
sim, modificar, trabalhar essa terra, mas não é simplesmente isso. Agora, quando nós olhamos para os ingleses, nós não vemos casamentos de ingleses como nós vemos casamentos de portugueses aqui no Brasil. A colonização inglesa foi muito mais exploratória do que a colonização portuguesa. Basta ver a história da Revolução Americana. Por que a Revolução Americana explodiu? Por conta dos desmandos da Coroa inglesa, subindo impostos e explorando cada vez mais os colonos. Mas eles não são colonização de povoamento. Então, por que parece que colonização de povoamento não tem exploração nenhuma, né? E isso é uma falácia. Havia exploração,
sim; tanto é que os colonos vão se organizar no Primeiro Congresso Continental. Para quê? Para começar a redigir um protesto ao rei da Inglaterra em relação aos impostos e para fazer um boicote ao comércio da Inglaterra. É isso que o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, né, o Primeiro Congresso Continental lá dos Estados Unidos, decidiu. Depois, foi convocado o Segundo Congresso Continental da Filadélfia. Nesse Segundo Congresso Continental, eles já montaram um exército local e declararam guerra à metrópole, e depois declararam a sua independência. Entendeu? Então, nós temos que pensar muito, né, em como essa história é
contada, ou como que ela é classificada. Tudo que classifica de forma binária—ou é isso ou é aquilo—geralmente no campo da história acaba fazendo considerações arbitrárias, considerações equivocadas, inclusive, né? Então, a coisa não funcionou assim. Aí, muita gente diz: "Ah, mas onde os ingleses chegaram, foi tudo povoamento. Onde os holandeses chegaram, tudo povoamento. Agora, Portugal e Espanha não, Portugal e Espanha explorada". Muito bem, vamos pegar um exemplo: o Suriname foi colonizado pela Holanda. Os mesmos holandeses que fundaram a ilha de Manhattan, lá nos Estados Unidos, são os mesmos holandeses que colonizaram o Suriname. E o que
que eles mandavam para o Suriname? Os leprosos. O Suriname virou um grande leprosário a céu aberto. Muitas prostitutas, muitos bandidos, muita gente que era presa na Holanda, que eles não queriam na Holanda, mandavam para o Suriname. O que que a gente vê no Suriname hoje, que é um território independente, a antiga Guiana holandesa? O IDH mais baixo da América é o Suriname, colônia ex-colônia holandesa, ex-colônia holandesa e não é um sucesso de colonização. Não é um sucesso de colonização. Então, o pessoal se baseia em Manhattan: "Ah, mas olha lá Manhattan, né, nos Estados Unidos, né?
Aquilo tudo lá foi pensado pelos holandeses." Sim, os mesmos holandeses que provocaram essa exploração terrível da Guiana holandesa, entendeu? E eles pagam por isso até hoje. Então, é falaciosa, né, essa classificação. Então, a gente já começou aprendendo errado, e esse é o grande problema. Vamos pegar aqui alguns pontos da história de Portugal que é importante que a gente tenha aqui em mente, né, para a gente poder prosseguir aqui um pouquinho nessa nossa conversa. Então, quando a gente fala lá de Portugal, a gente entender a nossa história, nós temos que voltar lá em Portugal. Então, quais
são os povos que originaram o povo português? Porque nós tínhamos lá na Antiguidade a Península Ibérica. Portugal, enquanto país, enquanto nação independente, só vai aparecer no ano de 1139. Antes disso, era tudo território espanhol, e a Espanha também não era a Espanha que nós conhecemos hoje. Ela não existia. O que existia era a Grande Ibéria. Essa Espanha moderna não existia. Essa Espanha moderna que nós temos hoje, ela vai aparecer no fim do século XV. O que nós tínhamos eram reinos cristãos, até que já existiam ali no início da Era Cristã, né, a fé católica, a
fé cristã chegou ali na Grande Ibéria muito cedo. Mas nós tínhamos ali alguns reinos, fundamentalmente quatro reinos: Castela, Leão, Navarra e Aragão. Depois, esses reinos foram se fundindo até chegar no ponto em que a rainha Isabel e o rei Fernando, através do seu casamento, uniram o território todo, mas isso foi bem mais adiante. Em Portugal, quem habitou o território que hoje corresponde a Portugal? Os povos chamados de íberos. São povos bárbaros, os celtas. Desses dois povos, surgiram os célticos que vão originar os portugueses, e depois os visigodos também, que ocuparam ali a península. O apóstolo
São Paulo, na sua carta aos romanos, ele afirma que iria até a região das "Espanas", né, ou a região da "Hispânia". Essa região chamada "Espanas", no plural, ou "Hispânia", no singular, corresponde à Península Ibérica, certo? Então, São Paulo fala que era desejo seu chegar até lá, mas nós não sabemos se São Paulo chegou aí, porque depois não há mais nenhum registro histórico que indique. O que a tradição nos diz, nos aponta, é que quem chegou ali na Península Ibérica e foi o evangelizador da Península Ibérica foi São Tiago Maior, né? São Tiago Maior foi o
primeiro evangelizador ali da Península Ibérica. Então, São Tiago Maior chegou até lá; por isso que São Tiago é tão venerado tanto pelos portugueses quanto pelos espanhóis, né? Então, São Paulo não sabemos se chega, mas São Tiago, a tradição nos diz que sim, que ele chega. Além disso, outros povos vão começar a ocupar o território português. Então, por exemplo, os suevos ocuparam Portugal, da região da Galícia ou Galiza até a extensão ali do Rio Tejo em Portugal. Eles foram descendo ali; então, tinha suevos desde a região da Galiza, que é na Espanha, né, a Espanha atual,
até a altura do Tejo, que é dentro de Portugal. No Rio Tejo existiam vários focos ali de suevos habitando nesse território. Os alanos habitaram a região conhecida como Lusitânia, que corresponde a boa parte de Portugal, Portugal moderno, né, de hoje em dia. Os vândalos ficavam na região da Andaluzia, né? Então, ocuparam ali, e os visigodos, que já eram cristãos, eram bárbaros, mas eram cristãos, depois acabaram dominando a península quase por completo, né? A Península Ibérica acabou originando reinos cristãos. Os reinos de Navarra, Leão, Castela e Aragão, que eu citei, descendem aí dessa primeira organização dos
visigodos, né? Mas no ano de 710, com a conivência de alguns nobres visigodos, quem é que começou a entrar ali? Península Ibérica. Os muçulmanos. Então, muitos nobres visigodos foram baixando e permitindo a entrada de muçulmanos que começaram a invadir mesmo o território da península, tudo isso mais ou menos no ano de 710, e vão permanecer na Península Ibérica por 800 anos. Os muçulmanos só perdem o mando de território, de maneira definitiva, em 1492, quando a rainha Isabel e o rei Fernando, os Reis Católicos da Espanha, tomam a cidade de Granada, que era o último reduto
muçulmano dentro da Espanha. Mas os portugueses tiveram um papel fundamental na chamada Reconquista, que é a retomada do território da Península Ibérica. Era um território católico, um território de reinos católicos. Então, esse processo chamado de Reconquista vai começar a partir de um grupo de nobres e um grupo de bispos e padres que se juntaram em torno de um nobre chamado Dom Pelayo, que depois vai se tornar o rei Dom Pelayo Primeiro, que acabou derrotando os muçulmanos, contando com a intercessão de Nossa Senhora, na chamada Batalha de Covadonga, no norte da Península Ibérica, na hoje em
dia Norte da Espanha. Essa batalha se deu no ano de 718. Na proximidade do local onde essa batalha se deu, há uma gruta onde Nossa Senhora apareceu a Dom Pelayo e mandou que ele combatesse em nome dela e de seu Filho. Ele combateu e conseguiu retomar territórios importantes que estavam invadidos pelos muçulmanos. Então, a Península Ibérica tem essa história de luta contra os invasores externos, que queriam impor uma outra fé e que queriam apagar, varrer a presença católica daquele território. Então, por que estou falando disso aqui? Para que a gente entenda que aqueles mesmos homens
que nos colonizaram vêm de uma tradição ibérica forjada na Reconquista do território. É uma tradição cultural que se firmou a partir dessa noção de lutar pela própria fé, de empenhar-se por defender a própria fé e usar todos os meios para isso. Então, isso já está lá na gênese da organização dos reinos da Península Ibérica. Muito bem, então isso lá atrás. As batalhas em relação aos muçulmanos foram muitas. Vamos dar um salto aqui. Lá no ano de 1093, o conde Dom Henrique de Borgonha, que tinha sido contratado pelo rei de Castela, Dom Afonso VI, de Leão
e Castela — na verdade, ele era o rei dos dois reinos nessa época —, esse homem vem para combater os muçulmanos. Dom Afonso VI lutou 10 anos para tentar expulsar os muçulmanos e não conseguiu. O conde Dom Henrique de Borgonha, em 2 anos, conseguiu resolver o problema que Dom Afonso não tinha conseguido em 10. Então, Dom Afonso VI pensou: "Não posso deixar esse rapaz ir embora; preciso arrumar um jeito de mantê-lo aqui na Península." Ele oferece a mão de sua filha, Dona Teresa de Castela, para que o Dom Henrique de Borgonha se casasse com ela.
Dom Henrique de Borgonha aceitou essa proposta, se casou com Dona Teresa e, desse casamento, nascerá Dom Afonso Henriques, que vai se tornar o primeiro Rei de Portugal. Assim, é desse matrimônio que vai nascer Dom Afonso Henriques. É interessante que, desse matrimônio, o Rei Dom Afonso VI, quando foi dar o dote da filha para o noivo, Dom Henrique de Borgonha, deu um Condado que corresponde ao território de Portugal, que era o Condado Portucalense. Então, Portugal era o dote de casamento da princesa castelhana que se casou com Dom Henrique de Borgonha. Muito bem. Anos mais tarde, o
filho deste casal vai proclamar a independência de Portugal. Inclusive, uma das primeiras providências, quando ele proclama a independência de Portugal, que ele tomou, foi pedir o reconhecimento da Santa Sé para aquele novo país. Dom Afonso Henriques queria um mandato da Santa Sé para que ele fosse coroado. Ou seja, ele queria ser coroado pela autoridade e pelo poder da Igreja e queria colaborar com a ação da Igreja. Então, já há um movimento de obediência filial; Portugal nasce num ato de obediência filial à Igreja Católica. Isso tem tudo a ver com a história e com a índole
do Brasil, porque o Brasil é uma extensão da história de Portugal, e as outras colônias, os outros territórios que também foram tocados por Portugal, administrados por Portugal, também bebem desta mesma fonte espiritual que parte da fidelidade à Igreja Católica. É interessante que, desde Dom Afonso Henriques até o último monarca de Portugal, a monarquia em Portugal acabou em 1910; todos os reis portugueses conservaram um título dado pelo Papa. Geralmente, cada monarca de cada país, de cada nação, recebia um apelido, que era muito ligado a características físicas do rei e a características militares, à coragem ou alguma
virtude do rei. Mas os reis de Portugal eram os únicos chamados... Com um adjetivo que a Santa Sé não empregou para mais ninguém, eles eram chamados de Suas Majestades Fidelíssima: o Rei, a Rainha e, por consequência, Suas Majestades Fidelíssima, os fidelíssimo filhos da Santa Sé, os fidelíssimo filhos da Igreja, da autoridade da Igreja, porque nasceram assim, sob a autoridade da Igreja desde o primeiro instante. A Santa Sé reconheceu, depois da Batalha de Orque — eu vou falar da Batalha de Orque já já — que Portugal era uma nação. O Papa Alexandre I escreveu uma bula
papal chamada "Manifestes Proba". Essa bula foi publicada em 1179, e Portugal se tornou independente em 1139. Então, em 1179, a Santa Sé reconheceu. Por que a Santa Sé não reconheceu de imediato? A Santa Sé esperou o país se consolidar e, uma vez consolidada, percebida a intenção daqueles homens, daquelas pessoas que construíram aquela nação de realmente amar e servir a Deus em tudo, a Igreja provou então. Portugal se torna independente no dia 25 de julho de 1139, e por isso o dia 25 de julho é o Dia de Portugal, o Dia da Nacionalidade Portuguesa. Então, no
dia 25 de julho, a Igreja reconheceu esse território como um território independente através de uma bula papal. Isso é muito interessante para ver o nascimento dessa nação. No ano de 1128, Dom Henrique de Borgonha faleceu. Dom Fernando Pérez, que era um nobre muito próximo, inclusive ali de Dom Henrique de Borgonha, quis se casar com a viúva, a mãe de Dom Afonso Henriques. Alguns historiadores dizem que Dom Fernando Pérez já era amante da rainha. Então, há muita discussão, muita controvérsia em relação a isso, mas se diz que ele era amante da rainha. Dom Afonso Henriques, filho
do casal, não admitiu esse casamento com a sua mãe e ofereceu combate a esse nobre chamado Dom Fernando Pérez, e venceu. Aí ele percebeu que os seus tios, os tios de Dom Afonso Henriques, e vários parentes da família incentivavam esse casamento entre Dom Fernando Pérez e a sua mãe; eles incentivavam esse casamento. Então, Dom Afonso Henriques percebeu que havia ali outros interesses e que havia ao mesmo tempo uma certa fraqueza por parte de muitos nobres para lutar contra um inimigo comum, que era um invasor muçulmano, que profanava, às vezes, igrejas e estava tomando território. Então,
ele resolve dar combate aos castelhanos, que eram apoiadores desse casamento, mas também aos muçulmanos que estavam invadindo territórios, inclusive o próprio território do Condado Portucalense. Dom Afonso Henriques foi saindo vitorioso desses combates até que ele chega a um ponto em que entra numa guerra mesmo contra Castela e os reinos vizinhos, e uma guerra também contra os muçulmanos que estavam dentro do próprio território. Essa guerra vai chegar ao seu cume com a Batalha de Orque. Na véspera do dia desta batalha — as batalhas antigamente tinham dia, hora e local — Dom Afonso Henriques faz uma vigília.
Nesta vigília, vários autores e cronistas da época narram que Dom Afonso Henriques, num dado momento da sua vigília dentro de uma igreja, cai em êxtase e começa a falar com um personagem misterioso diante dele. Isso o próprio cronista real vai registrar. Depois, Dom Afonso Henriques contou o que ocorreu. Há até uma certa semelhança nessa história de Dom Afonso Henriques com a história de Constantino, que, na véspera da Batalha da Ponte Mílvio em Roma, teve uma visão da cruz de Cristo e um letreiro dizendo "In Hoc Signo Vinces". No caso de Constantino, ele venceu a batalha,
e Dom Afonso Henriques também teve uma visão. Depois desta visão, no dia seguinte, ele foi para a batalha e venceu. Os soldados ao lado de Dom Afonso Henriques eram menos numerosos, menos armados, mas obtiveram êxito. O que, afinal de contas, Dom Afonso Henriques viu? Ele teve uma visão de Cristo crucificado, e junto a Cristo crucificado havia um anjo que se apresentou a Dom Afonso Henriques como o Anjo Custódio de Portugal, que guardava aquela nação que ainda não tinha nascido, mas guardava aquele território. É interessante que ele se apresentou como Anjo Custódio daquele território que pertencia,
por herança, a Dom Afonso Henriques, o Condado Portucalense, que depois viria a ser Portugal. Nesta visão, ele percebeu que o sangue que saía da cruz de Cristo eram como diamantes, e Jesus na cruz disse a Dom Afonso Henriques que seus homens queriam aclamá-lo como Rei. Jesus mandou que ele aceitasse essa aclamação, mas disse que era importante que ele difundisse a Santa Fé católica naquele território e não só naquele território, mas em todos os territórios que a providência divina ainda iria confiar a Portugal. Nesse livro que eu citei aqui, que tenho aqui atrás, do João Ameal,
"A História de Portugal", tem a narrativa completa e várias versões dessa história. Você vai conseguir encontrar nessa obra, e em outras também, essas versões, algumas com mais detalhes, outras com um pouquinho menos de detalhes, mas todas elas concordam com esta aparição de Jesus, do Anjo Custódio e esta promessa de que várias terras e vários povos seriam entregues nas mãos de Portugal, que Portugal tinha uma missão de levar a Santa Fé a estes povos. Entenderam a ligação das grandes navegações com isso? Há uma promessa divina, mas, para os portugueses, era uma questão de vocação; é uma
missão que Cristo confiou a Dom Alonso Henriques. E assim, a todos os monarcas e a todo o povo português, a missão de dilatar a fé. Então, o Brasil nasce desta promessas de Cristo ao rei de Portugal, quando Jesus diz: "Você deve levar a fé a este seu povo e, depois, a todas as nações que a minha Providência ainda vai confiar às mãos de Portugal." Então, Jesus já estava falando de nosso território aqui, já estava falando do nosso povo aqui no Brasil. Então, Dom Alonso Henriques vai à batalha e vence essa batalha; uma vitória grande, né,
uma vitória impressionante que deu a independência a Portugal. A partir desse momento, Alfonso Henriques é aclamado como rei; é coroado. Então, a partir de Dom Alonso Henriques, nasce aquilo que a gente chama de dinastia borgonha, com a família dos Borgonha governando Portugal. O último rei da dinastia borgonha foi o Rei Dom Fernando, né, que morreu em 1383, já bem mais lá pra frente, né? Mas o mais importante dos reis da dinastia borgonha foi, sem dúvida alguma, Dom Dinis. Dom Dinis era o rei poeta, escritor e o grande responsável pela elaboração da nossa língua portuguesa moderna,
porque foi a partir dos poemas, inclusive, de Dom Dinis que, cada vez mais, o português vai se configurando como uma língua distinta. Porque antes era um pouco misturado, né? Dom Dinis ainda compunha seus poemas em galego-português; era uma mistura do dialeto galego com o português. Mas foi a partir dos escritos dele que o português moderno começa a tomar seus contornos. Dom Dinis foi esposo de nada mais, nada menos que a Rainha Santa Isabel, a Rainha Santa de Portugal, né, conhecidíssima por conta do milagre das flores, né, no seu avental, o milagre das rosas. Dom Dinis
foi casado com ela; ela sofreu muitíssimo, né, com as muitas amantes que Dom Dinis tinha. Era um homem caridoso, era um homem bom para o povo, amado pelo povo, mas, eh, Dom Dinis para Santa Isabel, para sua esposa, ele foi terrível, né, com essas aventuras amorosas dele. É interessante a caridade de Santa Isabel, que pegou todas essas crianças, todos esses filhos bastardos de Dom Dinis, e ela criou a todos eles junto com os filhos legítimos. E uma vez, uma das nobres, das mulheres nobres da corte, ela disse a Santa Isabel: "Sua Majestade, a senhora não
precisa ser humilhada ao ponto de ter de criar os filhos bastardos do seu marido, né? Deixe que essas crianças fiquem aí com suas mães, com as suas famílias, né? A senhora não precisa fazer isso." Santa Isabel vai responder a esta dama da corte: "Minha senhora, se eu não os educar, eles poderão se perder e perder a própria alma, indo para o inferno eternamente. Eu não me desculparei se, por minha negligência, uma destas alminhas se perdesse." Então, ela trazia essas crianças, esses filhos ilegítimos do seu esposo, e os criava junto com seus filhos, os herdeiros legítimos
do trono. E Santa Isabel era chamada, inclusive, por esses filhos bastardos de Dom Dinis de mãe, e a amavam e a respeitavam como uma mãe. E o povo português também a amava e a respeitava como uma mãe. Ela foi uma esposa extremamente perseverante, tanto que, no fim da sua vida, ela alcançou a conversão do seu esposo, Dom Dinis. Um pouco antes de morrer, ele fez um poema, um versinho, né, falando a respeito de sua esposa, exaltando as virtudes da Rainha Santa. Santa Isabel era leiga terciária da Ordem dos Franciscanos, né? Era Clarissa, uma Clarissa terciária.
Como leiga, quando Dom Dinis morreu, ela não quis ficar no trono. O que ela fez? Ela se recolheu no convento, né? Ela se recolheu no convento de Santa Clara, em Coimbra. E é interessante que, né, uma das filhas veio com ela; teve uma filha bastarda do marido que veio também, e depois outros membros da família real que vieram também. Ela vestiu o hábito franciscano, né? Não usou mais a coroa ou qualquer distintivo real, embora fosse a rainha de Portugal, e morreu como religiosa Clarissa, né, ali em Coimbra. E é venerada pelos portugueses; a chamam de
Rainha Santa. É interessante que a imagem dela parece, comumente, vestida como rainha, mas os últimos anos da vida dela não se passaram como rainha, mas sim como religiosa, recolhida no convento. E as suas orações realmente valeram a conversão do esposo e dos filhos, né? Inclusive, alguns dos próprios filhos, por mais que tenham sido educados por uma mãe santa, alguns acabaram se perdendo um pouco na vida de corte, mas depois voltaram. Então, essa é a dinastia borgonha, que é essa primeira família real de Portugal. Depois, com a morte de Dom Fernando, houve um vácuo, né, e
uma certa disputa para ver quem ocuparia o trono de Portugal, até que a questão se resolveu com o surgimento da dinastia de Avis. O Rei Dom João I, chamado de Mestre de Avis, era filho bastardo de um dos monarcas de Portugal, de um dos reis de Portugal; então, ele foi aclamado pela nobreza, acendeu ao trono. E aí vai começar a dinastia de Avis; é a mesma dinastia que acabou impulsionando as grandes navegações. Então, foram os reis da dinastia de Avis que começaram essa organização das grandes navegações. Mas, já desde o século X, nós temos notícia
dos portugueses já investindo em navegação. Ou seja, no começo da história de Portugal, já há uma relação muito... Íntima dos portugueses, com esse desejo de navegar, de desbravar os mares, já lá desde o início, né? Eh, então, com a dinastia de Avis, que vai impulsionar as grandes navegações, nós temos aí uma série de reinados que vão investir muito nisso. Dom João de Avis teve um governo que foi muito marcado, assim, pelos combates, né, entre castelhanos e portugueses, que brigaram muito na época do reinado dele, porque os castelhanos tinham uma pretensão de retomar o território português.
Mas ele garantiu essa liberdade de Portugal. O maior combate no reinado de Dom João de Avis, ou Dom João I, eh, foi a batalha de Aljubarrota, né? Ou Aljubarrota, né, como costumam dizer. Eh, nessa batalha, o exército castelhano era muito mais numeroso, mas ele foi derrotado graças à habilidade de um nobre, que era o condestável de Portugal, que era nada mais, nada menos que Nuno Álvares Pereira. O Nuno Álvares Pereira, quando ele garantiu a liberdade de Portugal, garantiu a vitória do seu rei, ele deixou também a vida militar, a vida pública, e entrou pro Carmelo,
se tornando um religioso carmelita, né? E hoje é santo, né? São Nuno Álvares Pereira. Então, na história de Portugal, nós temos aí um carmelita que, inclusive em Lisboa, construiu uma grande igreja para Nossa Senhora do Carmo na cidade de Lisboa. Eh, e depois, o Nuno Álvares Pereira, a batalha de Aljubarrota, é claro, ela foi a maior, mas existiram outras batalhas importantes que ele ganhou: a batalha de Atoleiros, a batalha de Valverde, enfim, é uma porção de batalhas que ajudaram na consolidação da independência de Portugal. O Dom João I teve muito apoio do povo, né, no
seu governo, e ele soube usar essa confiança do povo, né, em proveito próprio. E ele também valorizava muito essa confiança que o povo tinha nele, e ele, de certa forma, fez com que os portugueses participassem de algumas decisões dele como rei. Foi no reinado de Dom João I que começa a se desenvolver na mentalidade portuguesa a ideia de nacionalidade portuguesa, aquela ideia dos Estados Nacionais, né, que a gente estuda na escola, né? Eh, então, foi aí que a coisa foi tomando forma. Eh, um dos filhos de Dom João, Dom Henrique, chamado de o Infante Navegador,
que era filho de Dom João Primeiro com Dona Felipa de Lancaster, criará a primeira grande escola de navegação da Europa, a Escola de Sagres. E essa Escola de Sagres, né, que nasce ali em Portugal, eh, ela nasce sob o patrocínio de Dom João, né, que incentivou, mas quem criou a Escola de Sagres, né, já havia uma ideia desde a época de Dom João I, mas quem cria a escola de Sagres é o seu filho Dom Henrique, o Infante Navegador, né, que era o apelido que se dava a Dom Henrique. E Dom Henrique ele será, inclusive,
o, digamos assim, quase que o diretor de honra dessa escola de navegação, que reuniu os melhores navegadores, cartógrafos, matemáticos, astrônomos, todos juntos ali na Escola de Sagres para estudar, para reunir todo o conhecimento possível, eh, no campo da navegação. Mas aí, o que que acontece? Aí você vai falar: "Pô, Rafael, mas você falou tudo isso. Onde que os templários entram nisso?" Os templários, né, eles entram no seguinte ponto: a Ordem dos Cavaleiros do Templo era uma ordem religiosa e militar, portanto, era uma ordem mista que tinha sido fundada na França depois da Primeira Cruzada. Então,
quando aconteceu a Primeira Cruzada e o rescaldo, os soldados que restaram lá da Primeira Cruzada, eles que formaram essa ordem religiosa. Então, era uma ordem militar de cavalaria que foi fundada no ano de 1118, e os templários acabaram em 1312. Oficialmente, em 1314, os bens que ainda restavam e os últimos líderes que ainda restavam da ordem foram queimados vivos na França. Então, é uma ordem que surgiu do rescaldo daquele grupo de soldados e padres que foram para a Primeira Cruzada. Então, essa é a origem, né, da ordem, né, chamada de Ordem dos Cavaleiros do Templo
de Jerusalém, né, ou do Templo de Salomão, né? E então, é uma ordem religiosa e militar. O que que isso significa? Era uma ordem que tinha uma disciplina militar, mas ela tinha uma regra de vida. Ou seja, todos os membros da ordem tinham que seguir uma regra de vida e fazer os votos religiosos. Todos eles, então, eram religiosos, e muitos dos templários eram padres. Muitos deles eram padres. Eh, o patrono, né, depois virou o patrono dos templários, quando ele morreu e foi canonizado, foi São Bernardo. São Bernardo de Claraval, que tem uma ligação muito íntima
com o surgimento da Ordem dos Templários. Por quê? Porque ele foi um dos cofundadores da ordem, né? Um dos fundadores da ordem era um tio de São Bernardo, e São Bernardo ajudou esse tio, então ele era cofundador da ordem. Depois, ele morreu, foi canonizado, então se tornou o santo padroeiro, inclusive, da ordem dos templários. O lema dos templários era o versículo 1 do Salmo 115, né, que é "Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomine Tuo da Glória." Não, Senhor, não seja nós, não a nós a glória, mas ao Teu nome, né? Então, esse era o
lema dos templários. Eh, a ordem, no seu auge, chegou a ter 20.000 membros. Só que desses 20.000, apenas 10% eram soldados que lutavam mesmo em campo de batalha. O restante dos templários ficava cuidando dos conventos, dos mosteiros que os templários tinham. E então, 10% lutava, e o restante permanecia nas casas religiosas, né? O primeiro grão-mestre dessa ordem religiosa foi Hugo de Payens, e o último foi Jacques de Molay, né, que foi queimado vivo, né, por ordem do rei Felipe IV da França. Eles faziam os votos de... Castidade, pobreza, obediência e devoção; esse era o último
voto que eles faziam à ordem. Ela teve fim porque o Rei da França, Felipe IV, ou também chamado de Rei Felipe o Belo, passou a invejar os bens da ordem. Tinha muita gente que começou a deixar herança para os templários; deixava bens, ades, ouro, joias, enfim, e os templários começaram a se tornar uma ordem religiosa influente e rica. Então, Filipe IV forjou uma série de provas falsas contra os templários, criou testemunhas falsas pagas por ele que induziram o Papa Clemente V, que era um papa de origem francesa, mas um papa pusilânime, fraco na sua capacidade
de decidir por si, altamente influenciável, né? O Papa Clemente V acabou sendo induzido a erro, acreditando em Felipe o Belo. Ele fez acusações das mais absurdas possíveis, desde que os templários eram ocultistas, satanistas, praticantes de sodomia… Enfim, ele criou uma série de acusações e o Papa, induzido a erro, acreditou nisso e decretou a extinção da ordem dos templários. Veja bem, o Papa não mandou que os templários fossem queimados vivos, não mandou fazer nada disso; ele mandou apenas desmantelar a ordem religiosa. Então, os religiosos que eram apenas religiosos, não eram sacerdotes, estavam dispensados, podiam ir para
o mundo, e os que eram sacerdotes deveriam procurar um bispo e se integrar nas dioceses. Era isso. Mas o Rei Felipe, que dentro do seu território, que era a França, ordenou a prisão dos líderes da Ordem do Templo e depois a execução. Então ele mandou queimar vivos muitos desses cavaleiros templários. O problema é que isso ficou na conta do Papa, né? Porque muita gente, durante anos, acreditou que era o Papa que tinha mandado queimar vivos os templários, e não foi nada disso. Essa história só foi resolvida definitivamente em 2008, quando a historiadora italiana Bárbara Frali
descobriu, nos arquivos do Vaticano, o chamado Manuscrito de Chinon, que era um documento assinado por quatro cardeais. O documento deixa muito claro que a ordem do Papa não era para matar ninguém, apenas para dissolver a ordem. Então, em 2008, veio à luz esse documento que esclareceu a questão. Agora, acontece que a ordem do Templo foi extinta na Igreja, só que, naquela altura, quem era rei de Portugal era Dom Dinis, o esposo da Rainha Santa Isabel. Dom Dinis escreveu ao Papa pedindo para não extinguir a ordem dos templários em Portugal. Ele falou: "Não, Santo Padre, não
extinga em Portugal a ordem dos templários; é um pedido pessoal que eu faço ao Senhor." E o Papa concedeu, ao rei da Espanha, que também tinha pedido. Está certo que a Espanha era composta por vários reinos ali; a Espanha ainda estava toda dividida. Então, os reis da Espanha pediram e obtiveram essa permissão de que os cavaleiros templários continuassem existindo na Espanha. Mas em Portugal, os templários continuaram existindo, seguindo, inclusive, a mesma linha de pensamento, comportamento, vida e tudo mais. Só que o Papa fez uma recomendação a Dom Dinis: ele deu a permissão, mas disse a
Dom Dinis que ele precisava mudar o nome da ordem religiosa, alterar um pouquinho o funcionamento dessa ordem religiosa e utilizar uma outra regra de vida. Então, a regra de vida adotada para os templários foi a regra de São Bernardo. Ela foi adotada em Portugal e mudaram de nome. Em Portugal, os templários passaram a se chamar de Ordem dos Cavaleiros da Ordem de Cristo, né? Ou Cavaleiros da Ordem de Cristo ou simplesmente Ordem de Cristo. Por que eles tinham esse nome? Porque o local destinado por Dom Dinis para os templários era um antigo convento que estava
desocupado na cidade de Tomar, em Portugal, que era chamado de Convento de Cristo. Então, eles passaram a ser chamados de Ordem de Cristo. Nesta Ordem de Cristo, eles conservaram como símbolo, né, como símbolo, a cruz dos templários, entendeu? Eles acabaram mantendo alguns símbolos. Só que em Portugal, é interessante que a Ordem dos Templários, conservada em Portugal, estava muito mais ligada à hierarquia da Igreja, ligada diretamente aos bispos de Portugal, ligados aos seus capelães, mas agora a Ordem de Cristo passava a admitir também nas suas fileiras leigos, que podiam colaborar com a ordem. Com o tempo,
a Ordem de Cristo foi tendo cada vez menos sacerdotes e religiosos e cada vez mais leigos, até que vai chegar o ponto em que a Ordem de Cristo terá muitos leigos. E é justamente nessa altura que vem a expedição que descobre o Brasil. Pedro Álvares Cabral era membro da Ordem de Cristo; ele era membro desta organização religiosa herdeira dos templários. Então, o estilo de vida e os cavaleiros templários tinham um juramento também, né? Eles faziam os quatro votos; o último voto é o voto de devoção. O que é o voto de devoção? A palavra "devoção"
significa, no latim, "dedicação". O que seria esse voto de devoção? Seria uma dedicação ao dever da ordem de defender aquilo que é importante para a cristandade, porque o que os cavaleiros templários faziam? Eles deveriam defender o Templo de Salomão, as ruínas do Templo de Salomão, e também deveriam defender os peregrinos que iam para a Terra Santa de ataques, assaltos ou até mesmo de escravização. Muitos cristãos eram escravizados, eram vendidos como escravos, inclusive pelos muçulmanos. Então, a ideia original da Ordem do Templo era o quê? Preservar os lugares santos, mas preservar, sobretudo, as pessoas, as pessoas
que iam. Para a Terra Santa, a Ordem de Cristo em Portugal, que são os Templários, a Ordem de Cristo começa com os Cavaleiros Templários que não foram mortos, não foram assassinados em Portugal. São aqueles mesmos homens que foram para a Terra Santa, que lutaram, que defenderam. Lá em Portugal, eles ficarão preservados, eles terão convento e poderão exercer o trabalho deles dentro de Portugal. Mas Portugal era muito pequeno para o ímpeto missionário apostólico desses homens. E aí, quando o Infante Dom Henrique funda a Escola de Sagres, a Escola de Sagres será confiada aos cuidados de quem?
Dos cavaleiros da Ordem de Cristo. Então, quem geriu o trabalho da Escola de Sagres e, consequentemente, quem impulsionou as grandes navegações foram os membros da Ordem de Cristo, os antigos Templários. Então, estes homens começaram a estudar, começaram a mapear o que eles conheciam de navegações, de rotas etc. E tal. E vão utilizar disso com um objetivo muito claro, que era sim a dilatação da fé. Eles queriam fazer comércio, mas queriam dilatar a fé. Nos documentos da Ordem de Cristo, nós encontramos os objetivos das grandes navegações. O que aparece nos documentos? Uma noção de dilatação territorial.
Isso aí aparece. Eles queriam expandir território porque Portugal é muito pequeno e expandir a fé, porque isso era um dever recebido pelos portugueses através de Dom Afonso Henriques, que teve a visão de Cristo crucificado, e de expandir o reino de Portugal. Então, expandir a fé, o território e o reino. Quando eu digo o reino, me refiro à cultura portuguesa e tudo mais. Depois, outra coisa que aparece muito nos documentos da Ordem de Cristo é a necessidade de investimentos em navegação. Eles falam muito disso. Depois, eles falam da necessidade de reconquistar a Península Ibérica. Então, os
créditos da reconquista da Península Ibérica não devem ser postos só na conta dos Reis Católicos, Fernando e Isabel. Muito da reconquista da Península Ibérica foi devido a Portugal. Então, essa é a ideia que eles tinham. Basicamente, se a gente for resumir o que esses documentos dizem, são três coisas: a dilatação da fé, o desenvolvimento científico, e os interesses comerciais. É isso que eles falam com muita frequência. Então, nós podemos dizer que as grandes navegações e, consequentemente, o descobrimento do Brasil é um fruto direto desse esforço apostólico dos Templários de expandir a Cristandade. O que os
Templários queriam, lá na época das Cruzadas? Criar um reino cristão em Jerusalém. Mas agora, os Templários foram extintos. Então, o que eles vão fazer? Criar reinos cristãos, extensões do reino cristão católico de Portugal, onde eles chegassem. Ou seja, o objetivo é o mesmo, só que agora o foco é o quê? O mar. O foco é o mar. E aí, Portugal vai navegar contornando a África, reconhecendo o território africano, e depois, nessas expedições, vão acabar chegando aqui no Brasil. Quando eles chegam aqui no Brasil, muita gente fala: “Ah, não foi um descobrimento” e tal. Eles já
sabiam do território. Sim, eles já sabiam. Eu falei isso na nossa outra live, mas eles não estavam vindo planejando vir para cá. Eles queriam ir para a Índia, para Calicut. Essa era a ideia. E, de fato, uma tempestade, uma certa nebulosidade, eles se perderam um pouco e acabaram chegando aqui. Depois, se deram conta de que era o território do Brasil. Eles chegam aqui na Páscoa, que é o tempo litúrgico mais importante. O primeiro nome que dão é o Monte, que é o Monte Pascoal. O Brasil nasce católico, o Brasil nasce cristão, o Brasil nasce no
tempo da Páscoa. No tempo da Páscoa. E depois, eles percebem que era um território um pouco maior, então dão o nome de Ilha de Vera Cruz, dão o nome da cruz de Cristo a esta terra. E depois, vêm que é um território maior ainda e dão, então, o nome de Terra de Santa Cruz. Este foi o nome da nossa terra, a Terra de Santa Cruz, o madeiro da salvação, a Terra de Santa Cruz. E o Brasil nasce no dia 22 de abril. Era o tempo pascal, mas o primeiro ato oficial celebrado aqui no Brasil foi
o quê? Uma missa. Não foi a tomada da terra em nome do Rei de Portugal. Aliás, o descobrimento do Brasil não foi intencional. A grande prova disso é que, quando os portugueses iam para um lugar que eles não tinham tanta certeza do que iam encontrar, por segurança, eles carregavam dentro das caravelas um padrão. O padrão era como uma estaca de pedra com o símbolo, as armas da coroa portuguesa. E, quando eles chegavam a um território, iam tomar posse do território, eles fincavam essa estaca ali no local como símbolo da tomada de posse daquele território. Então,
vejam, vocês. Não existia um padrão dentro da caravela. Eles chegaram aqui e não tinham um padrão para plantar no chão. O que os portugueses vão plantar no chão? A cruz. A cruz de Cristo é plantada. Eles cortam a madeira e plantam, levantam uma cruz. E a primeira missa do Brasil é rezada no dia 26 de abril, dia de Nossa Senhora do Bom Conselho. É rezada a primeira missa no Brasil. Cabral trouxe na sua caravela uma imagem de Nossa Senhora da Esperança. A primeira imagem mariana a descer nesta terra, a Terra de Santa Cruz, foi uma
imagem de Nossa Senhora da Esperança, que foi colocada no altar da primeira missa. A primeira missa foi rezada aqui e, na primeira missa rezada aqui, ele deu uma ordem para que alguns dos seus homens ficassem na caravela principal, para que, quando ouvissem o toque da campainha na elevação do… Cristo, na Santa Missa, mandassem troar os canhões, saldando nosso Senhor Jesus Cristo. A primeira Autoridade saudada nesta terra de Santa Cruz não foi o rei de Portugal, foi nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento. Foi dada a salva militar de 21 tiros, que é a salva própria
para uma autoridade. Jesus foi saudado como o rei e senhor desta terra por aqueles portugueses que chegaram aqui. É muito curioso que o P de Caminha, ele diz que dia 26 de abril era um domingo. Então teve sermão, e quem rezou a primeira missa do Brasil foi o Frei Henrique Soares de Coimbra, um franciscano. Os primeiros padres a pisarem no Brasil foram os franciscanos. O Brasil, da sua evangelização, aos franciscanos; são os filhos de São Francisco de Assis que vão pisar aqui nesta terra e vão rezar a Santa Missa pela primeira vez. O evento da
Santa Missa tem um peso imenso, por quê? Porque nesta terra reinava o paganismo. Onde reina o paganismo, o demônio tem direito sobre os locais, os lugares onde a luz do Evangelho não chegou. A celebração da Santa Missa foi uma iluminação, uma graça espiritual incomensurável para o Brasil, porque nosso Senhor Jesus Cristo toma posse desta terra naquele momento. E o P vai de Caminha, ele narra que os índios se sentaram para assistir à missa e perceberam que havia algo de sagrado ali. Só que, quando começou o sermão, muitos índios mais novos foram se levantando, e então
um pajé, o sacerdote da tribo, levantou-se bravo e fez um sinal com as mãos, mandando que aqueles índios se sentassem de novo. Apontou para o altar e apontou para o céu; ele entendeu que ali havia um culto sendo prestado a Deus, e que eles não deviam se levantar. Aponta para o altar e aponta para o céu; é assim que o Brasil nasceu: Brasil nasceu católico, eucarístico e mariano. Então, a história do nosso povo, da nossa nação, é marcada pela fé. E estes homens, herdeiros dos álbios, vieram para cá para construir a sua vida, para trazer
a fé, e porque tinham um propósito maior: acreditar que portugueses se exporiam a viagens penosas, demoradas, que não traziam garantia alguma. O tempo que eles permaneciam nos barcos causava muitos problemas de saúde, inclusive escorbuto, que é uma doença provocada pela falta de vitamina D. Esses homens não se exporiam a tudo isso para atravessar o mar e vir buscar um pouco de madeira. Quer dizer, é quase infantil esse tipo de argumento acreditar nisso, né? Ah, eles vieram aqui só para explorar, vieram aqui só para buscar isso; aí eles vieram também para fazer comércio, também para buscar,
mas acreditar que fizeram disso o objetivo da sua vida, arriscando a sua própria existência, é absurdo. A única coisa que pode explicar a coragem desses homens, a perseverança desses homens, é um esforço realmente apostólico; um esforço que eles acreditavam mesmo e tinham isso como motivação que os levaria à própria salvação, porque quem leva a salvação aos outros alcança a sua própria. E aqui eu fecho colocando a seguinte ideia: os templários, quando partiam da Europa para a Terra Santa, iam num caráter penitencial. Eles acreditavam que, se tivessem grandes pecados, na Idade Média, se eu sou uma
pessoa que tem muitos pecados, eu tenho muitos defeitos, mas se eu for para a Terra Santa e lutar, e se eu contribuir com a construção de um reino cristão, e se eu, de alguma maneira, fizer algo por Deus, se eu levar o Evangelho a pessoas que estão lá na Terra Santa, isso será uma redenção para mim. Assim pensavam aqueles que lutavam na cruzada, aqueles que ingressavam nos templários. Qual é a mentalidade que animava os portugueses que vieram para o Brasil? É essa mentalidade dos templários. Agora, é claro, todos eles pensavam igual. Eram todos bons, nobres,
virtuosos? Não! Óbvio que não! Óbvio que não! Basta você pensar: se juntar todo mundo aqui que está assistindo a esta live, todos nós somos nobres, bons e virtuosos? Se pegarmos todos nós aqui e alguém nos dissesse: "Olha, vocês têm que fazer um empreendimento de colonizar tal lugar", será que seria um sucesso? Não! E então por isso que eu digo: é um anacronismo nós queremos julgar a mentalidade de pessoas de 500 anos atrás com as informações que temos hoje. Eles não pensavam igual a gente; eles não tinham condições de saber as mesmas coisas que nós sabemos
e, por isso, erraram muito, pecaram muito, e em muitos pontos eles erraram e pecaram conscientemente por maldade humana. É o mistério da iniquidade. Então, escravizaram sim, mataram sim, também. Então, cometeram injustiças sim, mas também muitos deles tiveram um esforço verdadeiro, genuíno, de fazer o bem. Eu nem vou entrar aqui hoje, vou deixar para falar mais para frente, mas basta a gente pensar no trabalho que foi feito pelos jesuítas aqui no Brasil. O trabalho feito pelos jesuítas foi um trabalho primoroso e que o próprio governo português desmantelou porque os jesuítas estavam protegendo demais os índios e
estavam afetando os interesses de alguns colonos que queriam explorar, enquanto os jesuítas estavam querendo defender. Então, enfim, são algumas questões que a gente pode abordar mais para frente. Então, o espírito que animava esses homens que vieram para o Brasil era um espírito de cruzada. Nós estamos indo; eles não sabiam que iam chegar aqui. Eles pensaram que viriam para a Índia, mas chegaram aqui. Então, muito bem, aportaram aqui. Qual era o espírito? Vamos reconhecer aqui esse território, vamos estabelecer feitorias, que é o que eles fizeram nos primeiros 30 anos de Brasil, eles estabeleceram pequenos povoados no
litoral do Brasil, só para garantir a posse do território e impedir que... Piratas viessem, né, de outras nações, França e Holanda, para dominar aqui o território; e a ideia era essa: nós vamos levar a nossa fé, para expandir a nossa fé, para buscar redenção para a nossa vida e os nossos próprios pecados, né? Depois, essa visão vai se intensificar quando vem a Reforma Protestante em 1517, que aí Portugal vai se aferrar ainda mais nessa ideia de evangelização de outros povos. Porque, enquanto a Europa se dividia na sua cristandade, do lado de cá do Oceano, né,
portugueses espis tentavam construir uma nova cristandade, né? Essa era a ideia. Bom, aqui já vamos chegando ao fim. Vou dar uma olhadinha aqui em algumas perguntas, mas não vai dar tempo de a gente olhar tudo aqui, tá bom? Vamos ver o Jefferson dizendo aqui: eles tinham a cruz de Cristo como estarte, e a ideia geral de levar a fé aonde fossem. Sim, era essa a ideia mesmo, né? Eh, depois deixa eu ver aqui a Dean Maia: mas vieram para explorar e escravizar mesmo, eh, não vieram com este objetivo, né? A questão de pensar que os
portugueses vieram unicamente e que todos os portugueses pensavam assim, e que os reis de Portugal pensavam em escravização e violência, eh, isso aí já é forçar um pouco a história. Entendeu? O que existiu foram muitos portugueses, muitos colonos, e depois não só portugueses, tá? Brasileiros, gente já nascida aqui, também teve essa mentalidade exploradora, né? E tem até hoje. Nós temos até hoje brasileiros que têm uma mentalidade de explorar outros brasileiros. E então não adianta olhar lá, 500 anos atrás, e dizer: "Nossa, como era horrível." Hoje é pior ainda, porque hoje você tem irmão explorando irmão
dentro do mesmo país, né? Entendeu? Então, em certo aspecto, é pior ainda, né, do que aquela situação. Mas é claro que a gente não pode idealizar o passado como se fosse tudo lindo, maravilhoso e tal, porque não, não era. Mas também não podemos dizer que era tudo horrível, que nada prestou e que tudo foi um fracasso, também não era, eh, não é assim, né? Então temos que tentar olhar com serenidade, assim, né? E ainda falam que é um absurdo crer que vieram para evangelizar. Mas acontece que eles vieram, né? Eh, com esse objetivo. Porque se
eles não tivessem vindo com esse objetivo, também, e aquilo que eu falei, os documentos falam. Tá aqui, ó, História de Portugal, João Ameal, é a grande fonte aqui, né? São documentos primários aqui que o João Ameal usa e é o que estou usando aqui nessa exposição. Quem quiser pode procurar na editora do Centro Dom Bosco, vocês vão encontrar essa obra, História de Portugal, do João Ameal, e vai falar que é justamente isso, né? Há uma prova documental de que eles tinham, sim, um interesse de evangelizar. Prova disso é a quantidade de igrejas, os nomes das
cidades aqui no Brasil, e o porquê a fé católica foi trazida aqui. Se não houvesse essa intenção, né, nada disso teria sido feito, nada disso teria sido implantado, né? Então, há, sim, um desejo de evangelização. Agora, junto com o trigo, vem o joio. Então há também aqueles que tiveram desejo só de explorar, né? E essa é a minha intenção aqui: a gente buscar um justo meio, né? Mostrar aqui as duas coisas, né? Os dois lados da coisa, né? Eh, o perfil aqui, Santiago de Compostela poderia fazer dessas aulas um ensaio para o seu curso. Em
breve, eu devo relançar. Eu tenho um curso, eh, já que eu dei sobre a história do Brasil, onde coloco esses documentos todos. E aí era um curso longo, até eram umas 30 horas, eh, só de aula sobre isso. Eu devo relançar de novo, né? Eh, deixa eu ver aqui a Márcia falando: por que que mesmo, eh, depois de 2008, quando acharam lá o manuscrito dos Templários, não mudaram o ensino nas escolas? Geralmente, uma descoberta histórica demora coisa de uns 10, 20 anos até que essa descoberta seja, assim, exaustivamente exposta, lida, relida; demora bastante tempo, eh,
para que isso comece a entrar nos livros de história, mas é questão de tempo, né? É questão de tempo, isso aí vai começar a aparecer, eh, nos livros. Aí, deixa eu voltar aqui um pouco mais, aqui, nas questões. Não vai dar para pegar tudo, né? Mas vamos tentar pegar algumas aqui. João Gabriel, salve, Rafael! Tonom, muito obrigado pelo cuidado que o Senhor tem conosco. Admiro muito seu trabalho. Forte abraço de Marília! Muito bem, grande abraço! Ano passado, eu estive em Marília em julho, né? Isso aí. Boa noite a todos! A Maria falando, eh, né? Aqui
uma saudação, muito bem! A Cléo Silva: Professor, eu li a vida de São José de Anchieta, é maravilhosa a vida dele catequizando os índios. E depois nós vamos falar do Anchieta e de outros Jesuítas, né, que vieram aqui pro Brasil. É interessante mesmo a história, né? A Gisele comentando: meus filhos amam a história do Brasil que se conta na Brasil Paralelo e agora vão mostrá-los essa Live maravilhosa para acrescentar muito mais na nossa história. Grande Professor! Abraço, Gisel! Abraço pros meninos também, né? Vamos ver aqui o perfil AJC: levando em consideração a personalidade dos holandeses
e ingleses e a forma como tratam os imigrantes até os dias atuais, faz muito sentido, eh, eles... é cultural, né? Eh, algumas coisas, né, que por exemplo, os ingleses fizeram na sua colonização, os holandeses também fizeram. Não se trata aqui de a gente querer condenar, eh, coisas que aconteceram há 500 anos, 400 anos atrás, porque aquilo que eu disse, a mentalidade era outra. Então, você tem que analisar a mentalidade que os ingleses tinham, a mentalidade que os holandeses tinham. Por que que... Faziam isso, é claro, isso não vai tirar a culpa e não vai apagar
o erro, mas pelo menos nos ajuda a entender melhor o contexto, né? Na história, nós temos que ter esse cuidado de tentar ser justos, né? E não simplesmente condenar os fatos ou elogiar os fatos como se não houvesse erro em nada, né? Então, é isso que a gente tem que procurar, né? Eu insisto aqui com vocês: é esse equilíbrio na análise dos fatos. A Júlia comentando: "Professor, os templários são a ordem dos Cavaleiros do Templo de Salomão. Isso é a mesma, é só a nomenclatura que às vezes varia, mas são os mesmos." A Cristina falou:
"Professor, seria interessante abrir uma janela com imagens, tipo mapas." Eu tenho que arrumar aqui para me ajudar um moderador durante as lives, né? Porque fazer as lives, olhar o chat e conseguir colocar as imagens é uma gerência de coisas que nem sempre é possível, né? Mas vamos ver, com o tempo vamos evoluindo aqui no canal. Vamos melhorando aqui, inclusive o som. Alguém falou que o som não estava legal e a gente está sempre trabalhando aqui, tentando melhorar um pouquinho mais as coisas do canal. A propósito, né, quem perceber valor neste conteúdo aqui do canal, fica
o convite: na descrição deste vídeo tem lá a chave PIX para contribuir com o canal. E tem também o link da livraria. Inclusive, eu coloquei aí, ó, tá fixado aí nos comentários o link da minha livraria. Hoje eu vou inaugurar, vou soltar daqui a pouquinho no Instagram, estamos inaugurando uma promoção lá na livraria. Vou fazer a propaganda aqui no final, eu falo de novo, né? Estes livrinhos do Evágrio Pôntico são dois livrinhos sobre as tentações e aquisição das virtudes. São livrinhos fininhos, eles estão em promoção. Esse aqui, ó, sobre os Maus Pensamentos, tá R$ 3,
né, na minha livraria. E esse outro aqui é o Tratado das Réplicas, que nos ensina como responder às tentações do demônio. Está saindo a R$ 35, né? São livros que são mais caros normalmente, mas o combo aí, se você adquirir os dois na minha livraria, os dois saem a R$ 8, né? Então é uma promoção que nós estamos inaugurando aí na livraria. Rafael, ou né? Então, vocês conseguem achar esses livros, né? O link tá aí da livraria, é só procurar depois esses livrinhos lá. Vocês já vão encontrar. Assim que abrir a livraria, já aparece a
promoção e tem outros livros com desconto também. Comprando qualquer livro lá na minha livraria, você também contribui aqui com o canal, né? Porque toda a comissão recebida lá na livraria é revertida para o canal, né? Então isso ajuda bastante a gente com estrutura. Mas seguindo aqui, vamos ver as perguntas se temos mais alguma coisa aqui. Opa, o pessoal sugerindo aqui outros temas. Beleza! A Cissa falou: "Professor Rafael, gostaria muitíssimo de assistir uma palestra com o senhor. Quando terá e onde?" Eu não sei de onde você fala, Cissa, né? De qual é a sua cidade. Mas
é aqui em Campinas mesmo. Amanhã, na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, eu darei uma formação às 3 da tarde. Das 3 às 5 da tarde, haverá uma formação aberta para o povo sobre alguns documentos da igreja. Então eu vou falar nessas duas horinhas lá com o pessoal presencialmente. E depois eu vou falando em várias cidades, eu vou soltando aí pelo Instagram, né? E dia 20 eu estou em Recife, na Liga Cristo Rei Nordeste; devo palestrar lá em Recife. Enfim, aí eu vou palestrando, né? Tem palestra em São José dos Campos, tem vários lugares. É só
vocês irem acompanhando pelo Instagram, eu vou colocando aí, né? Sempre onde eu vou. A Júlia comentando aqui: "O historiador escocês Andre Sinclair afirma em seu livro 'A Espada e o Graal' que o misticismo dos sufis – os sufis eram uma espécie de monges muçulmanos – permeou os Guardiões cristãos e foi assimilado pelos Cavaleiros." Isso é verdade, né? Então, tem alguns elementos que entraram realmente nessas ordens de Cavalaria. Mas quando os templários foram absorvidos ali em Portugal, numa nova ordem religiosa, a influência da igreja foi maior sobre os Cavaleiros da Ordem de Cristo. Essas influências de
outras correntes de pensamento estranhas ao cristianismo, inclusive, se diluíram bem mais, né? Então eu não me arrisco a dizer que elas deixaram de existir porque essas coisas nunca morrem assim fácil, né? Mas elas diminuíram bastante do que eram, né? Depois, o perfil aqui "neoclassique" pergunta: "Os templários tiveram ligação com os jesuítas, de que forma?" Com os jesuítas não há uma ligação direta porque, embora a Ordem de Cristo seja uma ordem de cunho religioso que depois vai se tornar mais laical do que clerical, tinha um estilo militar. E os jesuítas também tinham um estilo militar porque
Santo Inácio era um militar que depois fundou uma ordem religiosa. Não há uma relação direta, né? Os jesuítas vêm de uma outra formação, uma outra ideia. Aí depois a gente vai falar, semana que vem, sobre os jesuítas. Depois, vamos ver aqui mais alguma pergunta. O War Kensi conta a história dos templários terem fundado um banco naquela época. É verdade, os templários foram fundadores de um sistema bancário complexo. Interessantíssimo! Depois eu comento isso na... próxima Live Nossa, fundaram também um sistema de hotelaria e criaram um sistema contra falsificação de documentos. Então, os templários desenvolveram muita coisa;
é por isso que tinham muita acusação de bruxaria. Eles diziam que praticavam ocultismo; tinha muita bruxaria, mas na verdade era só inteligência mesmo. Eles iam desenvolvendo as coisas por estudarem muito, né? Mas acabaram sendo acusados dessas outras coisas, né? Muito bem, eh, depois o Adean Maia comenta aqui, né? Hoje Portugal tem muitas igrejas protestantes, igual aqui no Brasil. É, tem hoje em dia, eh, essa questão da fé, né? Católica e tal, essa visão já não é mais a mesma coisa, nem em Portugal, eh, que é de onde a gente veio, assim, né? A nossa herança
cultural e religiosa lá já não é a mesma coisa, e aqui também não. Hoje em dia, basta a gente pensar; se a gente pegar o Censo do Brasil, eh, em 1970, mais ou menos, né? Na década de 70, a gente pegar 69, 70, nós tínhamos aqui no Brasil 91% da população católica, 1%. E a gente olha hoje; nós já temos 61% de católicos. E esses 61%, assim, ainda são aqueles que se declaram católicos. O número de católicos que vão à missa aos domingos é de 88%. Então, quer dizer, é muito baixo, né? Essa questão da
fé, tanto lá em Portugal quanto aqui no Brasil, tristemente, é algo muito diluído hoje em dia. Então, eh, de fato, AD, eu concordo, né? Hoje em dia já não é mais o que foi, né? Eh, depois, o Trapé Imóveis fez uma pergunta aqui: Rafael, já havia devoção a Maria quando foi rezada a primeira missa? Sim, os portugueses são muito devotos de Nossa Senhora, né? Então, o Cabral trouxe, né, Nossa Senhora da Esperança, que era uma imagem de pedra de quase um metro. Ficava na cabine dele e, no convés, eh, tinha um grande quadro de Nossa
Senhora da Piedade, né, fixado lá na madeira do navio. Então, eles já tinham essa devoção, sim, né? Eh, deixa eu ver aqui, Márcia Bernardino comentando: "interessante", a Wesley antes tem uma pergunta dele aqui. Eh, deixa eu ver aqui. Ah, tá, o Adean falando outra coisa: por que a Maçonaria tomou a imagem de Jacques de Molay e dos templários? Boa pergunta. Eh, o Jacques de Molay foi o último, né, grão-mestre dos Cavaleiros Templários. A Maçonaria gosta muito disso, porque como a Maçonaria é uma sociedade secreta, ela fala muito sobre essa coisa de guardar segredos. Os maçons
se dizem herdeiros dos templários. Eles dizem que aqueles segredos que os templários guardavam foram passando secretamente e chegaram até nós. Na verdade, a Maçonaria gosta disso para tentar se associar a uma imagem de mistério e de sabedoria, mas na realidade, a Maçonaria foi fundada em 1717. Não há ligação direta nenhuma. Isso é uma fantasia, né? De que esse saber oculto foi preservado por uma espécie de casta de pessoas que viviam escondidas, perseguidas. Isso é mais para dar esse ar de mistério e corroborar essa ideia do que a Maçonaria é, né? De fato. E o Jacques
de Molay, por ter sido o último grão-mestre, é considerado esse grande símbolo do saber que foi, eh, eliminado pela Igreja, né? Porque a Maçonaria tem uma visão anticlerical, né? Ela quer neutralizar ou exterminar qualquer tipo de atuação da Igreja Católica na vida pública, né? Isso aí, historicamente, é o que a Maçonaria sempre fez, né? Então, tem essa ideia. Eh, depois, a Cissa perguntando: "Ah, eu não tenho Instagram, posso falar aqui. Eu sou de São Paulo e tenho uma irmã que mora em Campinas, onde vou sempre." Aqui em Campinas, então, eu tenho amanhã essa palestra na
Paróquia Nossa Senhora da Piedade, das 15h à 1h. Em São Paulo, eu estarei no dia 2 de junho. Na verdade, não é nem em São Paulo... Ah, não é São Paulo, sim! Perdão, era Santo Amaro, mudou para São Paulo. Vai ser no Santuário de São Judas Tadeu, no Jabaquara. Eu estarei por lá, dia 2 de junho, a partir das 15:30. Começa lá a minha fala. Nós vamos falar sobre céu, eh, inferno e purgatório, os novíssimos do homem, né? Eu irei, eu, eh, mais uma leiga e um padre, né? Falar dessa temática aí, tá bom? Eh,
o Ademar comentando: "Estarei na palestra do dia 20/04 em Recife." Isso, a gente se encontra lá, se Deus quiser. Depois, Wesley: "Os Cavaleiros Teutônicos tiveram alguma influência em Portugal?" Tiveram também os Teutônicos. Eu vou falar semana que vem, né? Não vou nem entrar nisso agora. Eh, a Márcia Bernardino, aquele consagrado filme "Em Busca da Arca da Aliança: o Santo Graal" é 99% fantasia e 1% de base histórica. Aquilo lá é mais fantasia do que base histórica, mesmo, né? A Tatiana Pires: "A primeira missa foi rezada em Santa Cruz de Cabralia, na Bahia." Isso, eh, Santa
Cruz de Cabralia, hoje, é um distrito, né, de Porto Seguro, mas é ali o local exato onde foi rezada a primeira missa, né? Tem até a cruz marcando o local exato. Eh, depois, a Simone: "Aprendo muito, obrigado, Simone, grande abraço." E a Viviane Oliveira: "Professor, existe um livro que fala sobre um apóstolo de Jesus que esteve no Brasil preparando a chegada dos portugueses? Como foi?" Existe um relato dos padres jesuítas, que eles falaram que os índios disseram para eles, porque quando jesuítas iam falar de Jesus e dos apóstolos, quando chegava em São Tomé... Isso é
uma história curiosa. Naquela aula que eu dei, eh, lá no canal do Centro Dom Bosco, né, falando sobre a história do Brasil, eu conto isso. Os índios falavam para os jesuítas: "Ah, esse aqui que vocês estão falando, né? Eh, o Sumé ou Zé, esse teve aqui." E os... Jesuítas falavam, não, mas não é possível! Como assim? Falou ele. Teve aqui, inclusive, ele diz que a gente não podia casar com mais de uma mulher, que não podia. E aí foram falando, né, de tudo aquilo que São Tomé tinha ensinado para eles. E os Jesuítas ficaram impressionados
de ver que muito daquilo que eles ensinavam de catolicismo, os índios sabiam e diziam que esse Zé ou Sumé, ou pai Sumé, tinha ensinado para eles, né? E aí quem registra esses relatos foi o Padre Manuel da Nóbrega, num livrinho chamado "Cartas do Brasil". Vocês podem procurar isso aí, vocês acham várias edições em cebo virtual, vocês acham isso facilmente. "Cartas do Brasil" são as cartas do Padre Manuel da Nóbrega para os superiores dos Jesuítas lá em Portugal. Semana que vem, a gente vai falar também mais disso, tá bom? O N Classic, o perfil aqui. Obrigado
por responder a pergunta, professor! Agradeço demais sua dedicação e trabalho! Que os céus lhe abençoem! Hoje, sem amém. Amém! A Dani Pinheiro comentando que vai estar pertinho da casa dela... isso mesmo, vamos lá, Dani, né? Participar lá no Jabara, né? Acho que o pessoal lá na São Judas já tá até anunciando essas palestras. Tá bom, é isso, minha gente! Deixem aqui a sua curtida, curtida é muito importante pro canal! Encaminhem esse conteúdo para conhecidos de vocês que possam se interessar por isso aqui. Vamos criando aí uma rede de estudo, de conhecimento, né? Isso aqui é
a história do Brasil, junto com a história do Brasil. A gente coloca aqui história geral, história da Igreja. É importante que a gente tenha esse conhecimento! Em breve, eu devo relançar um curso, né, com conteúdo completo, aí falando disso, né? Já tô avisando desde já para que vocês tenham isso no radar de vocês. E aí, se Deus quiser, vamos aprofundar bem mais isso no curso, porque, como vocês viram, é um conteúdo assim muito, muito extenso. Tá bom? E duas horinhas aqui passam voando para falar de tanta coisa assim! Grande abraço para vocês! Deus abençoe! Deem
uma olhadinha na livraria, não se esqueçam! Vou deixar aqui para vocês o link. Acabei de colocar aí o link direto desses livrinhos, esses livrinhos aqui do Evágo Pôntico. A minha ideia é começar a trabalhar, mas não na nossa live de sexta-feira. Tô pensando aqui, se de repente não vale a pena a gente montar aqui pelo YouTube mesmo um grupo de membros. E aí de repente a gente faz um clube de leitura à parte e consegue estudar essas obras, esses livrinhos do Evágo Pôntico. Eles são tesouro, né? Mas aqui já é uma questão que não é
história, né? Aqui já é espiritualidade, é uma questão de como crescer na virtude e evitar a tentação, né? Então acho que vale a pena. Mas eu vou fazendo propaganda aqui, vou anunciando pelo YouTube tudo que a gente for montar, tá bom? É isso, grande abraço para vocês! Deus abençoe! Muito a Tatiana, perguntando: "Professor, assumi a missão de divulgar a devoção à Nossa Senhora das Lágrimas. Onde encontro mais material para estudo?" Na minha livraria tem lá um material que eu escrevi. Ah, bem lembrado, viu, Tatiana! Eu escrevi um devocionário pela Canção Nova chamado "Devocionário das Lágrimas".
Tem um resumo da história e as orações mais antigas que eu recolhi de um manual de orações das irmãs e coloquei nesse devocionário das Lágrimas. É um devocionário pequenininho, ele é mais barato, então é mais fácil para o pessoal adquirir. É mais fácil até comprar para dar de presente. Chama "Devocionário das Lágrimas", tá na minha livraria, tá no link aí. E tem também "Glórias e Poder de Nossa Senhora das Lágrimas", que são as mensagens de Nossa Senhora para a irmã Amália. Aquilo que a irmã anotou tá tudo naquele livro, é o principal livro. Tem na
minha livraria também. Se você começou um apostolado com isso na sua Paróquia, você tá rezando a coroa. O que que eu sugiro para você? Reze a coroa e pegue o "Glórias e Poder" e medite com as pessoas uma mensagem. Pega uma mensagem por vez. Você vai meditando uma mensagem por vez e o "Glórias e Poder" tem muito conteúdo, né, lá dentro dele. Então vale a pena pegar esses dois livrinhos, né? O "Devocionário das Lágrimas", que tem um resumo da história da aparição, e o "Glórias e Poder", que são as mensagens mesmo, no original. Beleza? Então
você vai encontrar lá, meus caros. Deus nos abençoe! A noite já vai avançada, mas eu espero por vocês amanhã cedo, né? De manhã, cedinho, para a nossa meditação! Aos sábados e domingos a gente faz sempre às 7 da manhã, mas nos dias de semana, sempre às 6 da manhã. Deus abençoe! Grande abraço e tchau, tchau!
Related Videos
O Nascimento do Brasil - Raphael Tonon
1:05:45
O Nascimento do Brasil - Raphael Tonon
Raphael Tonon
14,654 views
Os holandeses no Brasil
28:06
Os holandeses no Brasil
Paulo Rezzutti
379,196 views
A profecia de Nossa Senhora das Lágrimas para o Brasil - prof. Raphael Tonon
2:10:06
A profecia de Nossa Senhora das Lágrimas p...
Centro Dom Bosco
1,611,129 views
Visita Guiada aos Templários no Convento de Cristo (Castelo e Charola), em Tomar - Portugal
32:17
Visita Guiada aos Templários no Convento d...
João Santos
54,310 views
A Cruz de Cristo - Raphael Tonon
1:32:41
A Cruz de Cristo - Raphael Tonon
Raphael Tonon
14,710 views
As aparições de Nossa Senhora de Fátima | Prof. Raphael Tonon - Lente Católica
1:10:09
As aparições de Nossa Senhora de Fátima | ...
Comunidade Católica Pantokrator
35,102 views
REVELANDO A VERDADE: Quem REALMENTE descobriu o Brasil?
12:39
REVELANDO A VERDADE: Quem REALMENTE descob...
Caverna Medieval
13,554 views
O ESCÂNDALO DA USAID | Cartas Na Mesa - 10/02/25
O ESCÂNDALO DA USAID | Cartas Na Mesa - 10...
Brasil Paralelo
Bradock Show 10/02/25 - Carlo Cauti, Constantino, Fabi Barroso, Salles, Galante e Otávio Fakhoury
Bradock Show 10/02/25 - Carlo Cauti, Const...
Bradock Show
Evolução ou golpe: os bastidores da república brasileira | Prof. Raphael Tonon
1:58:33
Evolução ou golpe: os bastidores da repúbl...
Raphael Tonon
9,226 views
Milagres Eucarísticos que a CIÊNCIA NÃO CONSEGUE EXPLICAR | Prof Raphael Tonon - Corpus Christi 2024
1:11:19
Milagres Eucarísticos que a CIÊNCIA NÃO CO...
Comunidade Católica Pantokrator
24,090 views
Bradock Show 10/02/25 - Carlo Cauti, Constantino, Fabiana Barroso, Ricardo Salles e Otávio Fakhoury
Bradock Show 10/02/25 - Carlo Cauti, Const...
TV FLORIDA USA
A história do Brasil que não é contada | 09/03/2023
1:35:37
A história do Brasil que não é contada | 0...
Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino
13,959 views
NOSSA SENHORA DAS LAGRIMAS | RAPHAEL TONON
6:50
NOSSA SENHORA DAS LAGRIMAS | RAPHAEL TONON
SantoFlow Podcast
31,555 views
A INQUISIÇÃO NO BRASIL COLONIAL
14:38
A INQUISIÇÃO NO BRASIL COLONIAL
Parabólica
55,685 views
SILÊNCIO e VIDA ESPIRITUAL: qual a IMPORTÂNCIA | Prof. Raphael Tonon - Lente Católica
1:18:11
SILÊNCIO e VIDA ESPIRITUAL: qual a IMPORTÂ...
Comunidade Católica Pantokrator
39,253 views
Aliados de Lula dizem que Alexandre de Moraes deveria reavaliar as viagens aos EUA / GAZETA DO POVO
Aliados de Lula dizem que Alexandre de Mor...
Gazeta do Povo
Nossa Senhora de Guadalupe: História e Mensagem | Prof. Raphael Tonon - Lente Católica
1:11:28
Nossa Senhora de Guadalupe: História e Men...
Comunidade Católica Pantokrator
72,687 views
O que foi a INQUISIÇÃO da Igreja Católica? - Prof. Raphael Tonon - Lente Católica
1:13:47
O que foi a INQUISIÇÃO da Igreja Católica?...
Comunidade Católica Pantokrator
77,670 views
O "DESCOBRIMENTO" DO BRASIL - HISTÓRIA DO BRASIL PELO BRASIL (Episódio 1) - Débora Aladim
36:28
O "DESCOBRIMENTO" DO BRASIL - HISTÓRIA DO ...
Débora Aladim
1,760,850 views
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com