Horizontes da Memória, O Drama de Inês de Castro, Coimbra, 1998

[Música] [Música] m [Música] senhores telespetadores prestem atenção a esta cidade que fica por detrás de mim e que portanto está diante dos vossos olhos é Coimbra a colina Sagrada de Coimbra a Coimbra menina e moça rinal de Bernardinho a cidade portuguesa com o maior novelo de lendas de tradições românticas reparem foi aqui que viveu e morreu a Rainha Santa esta é que é a terra da inest Castro todo o drama da Leonor deles também foi aqui que terminou é a história de Camões e violente o retrato da ricardina olem a torre Danto com António Nobre

tudo isso são histórias Debra não conheço outro tesouro de lendas tão rico tão rico como este de Coimbra Hoje venho não posso falar de tudo mas venho aqui para Recordar um assunto de que já noutras circunstâncias falei mas vamos hoje abordá-lo de outra maneira vamos falar da paixão e morte dees de Castro no mês de janeiro do ano de 1355 Dona Inês de Castro eu não sei se diga rainha se não porque isso nunca foi tirada Limpo Foi degolada aqui na cidade de Coimbra eu digo degolada Para Não Dizer assassinada ou executada porque também não

é claro se a morte de inê é um crime e um excesso de poder se é um ato de Justiça exigido pelo conjunto da política nacional foi de qualquer maneira uma coisa que emocionou profundamente os portugueses ces falou nisso o caso triste e Digno da memória que do sepulcro os homens desenterra que aconteceu à misera em mesquinha que depois de ser morta foi rainha eu acho esta forma de dizer cheia de beleza a memória que que do sepulcro os homens desenterra é a lembrança que fica sempre realmente se Inês não tem morrido naquelas trágicas circunstâncias

quem é que hoje se lembrava de uma mulher bonita que foi amante de um príncipe assim Inês ficou para sempre na mitologia e no sentimento Nacional vim falar-lhes nisto aqui diante da cé velha cé velha já era velha quando e neste Castro aqui passou certamente ela terá subido aqueles degraus terá entrado naquele templo terá ali rezado as suas orações bom mas não foi ali que ela morreu eu vou levar os meus telespectadores justamente aos lugares que foram testemunhas desse caso triste e digno de memória [Música] Dona Ines de Castro estava a habitar os espaços da

Rainha Santa Isabel bom esses espaços ficavam próximo da Igreja de Santa Clara depois a igreja tinha ao convento fizera ultimamente umas escavações em que apareceu toda a pedraria do convento é igreja este é o convento cujas pedras viram e depois aqui aqui era o passo da Rainha Santa Isabel onde estava a viver dona inest de Castro eu penso que deste passo ainda há vestígios estão além e penso que tudo isto merecia realmente uma reabilitação histórica seria uma grande pena uma grande pena se a expansão da cidade viesse apagar os últimos vestígios de um dos mais

emocionantes dramas portugueses estou a pensar na cidade de Verona toda a cidade de Verona presta uma homenagem comovida às Memórias de Romeu e Julieta Os Amantes que nunca existiram senão na imaginação do Shakespeare nós aqui tivemos verdadeiros de carne e osso que se amaram num amor para além do que é humano como diz o fern Lópes nunca se achou que entre gente deste mundo pudesse haver amor tão grande bom e tudo isso a gente esquece deixa assim afogar entre sórdidos pardieiros como se fosse uma memória que já não pode interessar a ninguém bem É só

para dizer Oxalá que este espaço seja consagrada à memória da rainha eeste Castro eu chamei-lhe rainha porque porque foi foi o que disse o O Dom Pedro Dom Pedro depois dela ter morrido quando subiu ao trono fez uma solene Proclamação ao país afirmando que tinha casado com ela e que portanto ela tinha sido verdadeiramente a sua esposa e enquanto enquanto reinou ele não escolheu outra mulher mais mais mandou-lhe erguer um Trono que ainda hoje existe que é o famoso túmulo de alcobaa lá está ela estendida à espera de tocarem as trombetas da eternidade e reparem

está com coroa de rainha é uma rainha coroada ada depois da morte é Como dizia o Camões a misera mesquinha que depois de estar morta foi rainha bom ela morreu por na realidade sabemos isto e neste Castro foi filha de um grande e poderoso Fidalgo Galego mas filha pela linha bastarda por essa linha ela ainda era neta de um rei de Castela do sanj quarto bom era uma mulher muito bonita extremamente bonita todas as fontes concordam nisso mulher de uma beleza perturbante e o o Infante Herdeiro do Trono português Dom Pedro apaixonou-se por ela apaixonou-se

tiveram uma relação Ela vivia aqui tinha três filhos dele e aliás dois rapazes e uma filha e em 1355 o Rei de Portugal Dom Afonso IV decidiu que ela precisava de ser executada e mandou aqui enf os seus ministros as suas justiças e Dona Inês Foi degolada foi exatamente nos passos da rainha portanto pode ser a 30 50 Met do lugar onde agora estou mas sem dúvida nenhuma foi aqui que correu o sangue de inê Castro que razões tinha o Rei de Portugal para mandar degolar a mulher que o filho tinha escolhido como companheira da

vida inteira bom é claro a gente sabe vagamente isto no ano 1350 tinha eido ela uma enorme guerra civil os fidalgos estavam fartos do Poder feroz do Rei Pedro cruel e os fidos de uma grande parte da Espanha uniram-se para derrubar aquele rei e alçar outro que o substituísse b mas quem é que podia substituir o rei o rei que era Rei legítimo filho de rei os filólogos espanhóis lembraram-se do seguinte se ele era filho de rei o nosso Dom Pedro era Neto de rei exatamente pela mesma linha o nosso Dom Pedro pelo lado materno

era neto do Rei sanj qu então vieram pedir ao Dom Pedro para ele e liderar a grande rebelião espanhola e pôr-se à frente do movimento e ocupar o trono de Castela o Rei de Portugal Dom Afonso IV que era pai do Dom Pedro achou que isto era insensato porque não julguem que o Pedro Cruz só tinha inimigos os nobres na maioria estavam realmente contra ele mas as cidades as irmandades as Vilas o povo o estavam do lado de Dom Pedro portanto era uma guerra entre grandes e pequenos ora é isto que é preciso que se

saiba o nosso Dom Afonso IV já tinha estado numa situação semelhante noso Dom Afonso em Infante tinha liderado uma grande revolta das cidades e das vilas contra os fidalgos que tinham à frente el Rei Dom Dinis Dom Alfonso IV sabia portanto quanto V vale o apoio do Povo sabia que o povo nessas grandes revoltas que o levantam que o empolgam é sempre quem acaba vencedor como ele sabem que o dom Dinis a gente diz muita coisa Dom Dinis mas a verdade é que o pobre Dom Dinis acaba abandonado por todos num semi ostracismo é obrigado

a demitir os seus ministros a a mandar embora o filho o filho que era o Dom Afonso sanche Dom Afonso sanche era um príncipe muito inteligente muito hábil e tão inteligente que o pai o dom Dinis tinha o escolhido para Mordon mor era quem mais mandava em Portugal depois do Rei Não era o príncipe herdeiro não era o Dom Afonso sanche Claro é por isso que o prncipe herdeiro se revolta faz uma Cruel guerra que ensanguenta a país inteiro chegou a tomar Coimbra e é curioso é curioso que o líder o líder desse movimento era

um advogado filho de um carpinteiro de Beja chamava-se Gomes Lourenço portanto movimento inteiramente Popular que conta com as milí que ame derb re din el morre portant numa situação já muito difícil quando ele morre já não manda nada é paraes dizer que o Rei Dom Afonso sabia quanto valia a força do povo e quando vê uma revolta de grandes para derrar Pedro Cruel de Castela não permite que o filho vai encabeçar essa revolta porque ele pensa que essa revolta acabará por ser esmagada esmagada exatamente pelo poder do povo que estava ao lado ao lado do

Rei Pedro cruel é por isso que ele não permite que o nosso Infante seja o líder da Revolta castelhana mas quem é que estava junto do nosso Infante vivendo com quotidianamente naturalmente acenando com essa Esperança essa vanglória que seria cingir a coroa real de Castela que era já então uma coroa prestigiosa em toda a cristandade naturalment era aquela doce companheira era inê de Castro mã dos seus filhos que também era neta do Rei Sarto diz-se diz-se que foi por isso que o Rei de Portugal mandou degolar e neste Castro Mas seria só por isso mas

seria só por isso há um outro aspeto da história que nós não podemos deixar ficar em claro não esta rainha neste Castro tinha sido criada de menina no palácio alquerque e quem é o dono alquerque do Palácio nem mais nem menos que aquele Dom Afonso Sanchez inimigo mortal de Afonso ele era também filho de Dom Dinis portanto eles eram irmãos só que o dom Dinis teve uns anos enfim de vida mais ou menos pacífica com a Rainha Santa Isabel mas ali depois de 1300 começa a ter muitas ligações fora de matrimónio tem muitos filhos extraconjugais

e um deles é esse Valente poderoso Conde Dom Afonso sanch é o Afonso sanch quem lidera a guerra a guerra em defesa de Dom Dinis a guerra que vem a perder quem ganha é realmente afo por isso o Afonso sanch inimigo mortal inimigo que Afonso acusava de o ter querido matar engendrou pantom Minas a dizer que o irmão o queria envenenar logo que Afonso sobe ao trono Afonso sanch é obrigado a fugir de Portugal e foi se instalar no castelo de alquerque ora era ele uma espécie uma espécie de padrasto daquela menina tão bonita que

lá vivia que se chamava Inês de Castro diz o povo que ód velho não cansa e quando o nosso Dom Afonso encontra a linda inest Castro aqui posta em sossego de seus anos colhendo doce fruto perdoa e dá ordem aos seus carrascos para a degolar São dois aspectos eu não sei se foi para defender realmente a neutralidade Portuguesa e a nossa abstenção perante a guerra civil de Castela ou se foi esse ódio verde escuro entre que se lhe entranhar na alma desde a infância a Dom Alfonso Sanchez que decidiu que a pobre neste caso Castro

seria condenada à morte no ano de [Música] 1355 São duas hipóteses divergentes como veem inê morreu vítima de uma razão de estado ou Inês morreu por causa do rancor pessoal do Rei mas há uma terceira hipótese a hipótese de Camões cames dedica imensa atenção a este dramático Episódio no canto terceiro dos Lusíadas ele consagra a isto nem mais nem menos que 18 estrofes é excecional essa atenção porque nem a batalha alot mereceu 18 est para ele parece [Música] a nem a política nem o ódio é o amor ele diz expressamente isto Só tu por amor

com força crua que os corações [Música] humos morte sua como se fora pérfida inimiga e Em vários pontos desse poema dessas estrofes Camões acentua esta ideia e nês morreu vítima do amor Porque não lhe permitiram que amasse plenamente o homem a quem dera o seu coração e esses essas estrofes vê-se perfeitamente que Amã estava empenhado daquilo ele não está a falar na morte Inês como uma coisa antiga passada que pertence à história ele está ali a falar de algo que lhe que lhe faz doer as entranhas está a falar de algo que se passou com

ele e passou e passou também Camões lamentava a morte de uma jovem a quem não foi dado amar a quem escolhera penso que é a sombra de dinamene a trágica lembrança da moça que morreu do mar e que porque não não lhe deram a família não lhe deu o direito de amar a ele Luís o homem que escolhera pense que é isso O que é explica o enternecimento e e a impetuosidade dos versos que Camões consagra à morte Castro qualquer maneira esses versos TM emocionado pelo tempo fora muita gente e eu estou aqui a falar

junto de uma pedra uma pedra Fonte das Lágrimas que tem escrito aqui uma das estrofes realmente uma das das estrofes finais que é muito bonita muito bonita diz isto as filhas do mondego a morte escura longo tempo chorando mem moraram e por memória eterna em fonte pura as lágrimas choradas transformaram o nome lhe puseram que ainda dura dos Amores de Inês que ali passaram vede que fresca fonte rega as flores que Lágrimas são a água e o nome Amores Bom a pedra está aqui é conhecida O que é surpreendente é quem a mandou pôr aqui

um general inglês um general que depois enfim conheceu realmente as culminâncias da Glória e foi o Duque do willington ele estava aqui em Coimbra durante a terceira invasão francesa viveu aqui viveu nesta casa de que lhes vou falar a seguir e emocionado com o episódio camoniano mandou gravar esta pedra e colocá-la aqui junto da Fonte das lágrimas já então havia a lenda que diz que se quem aqui vier num dia de sol e olhar com atenção vê que as rochas tê uma coloração vermelha dizem que são as lágrimas que chorou na hora em que a

mataram e que para memória eterna ficaram aqui no fundo destas águas me impressiona é que foi preciso vir um general inglês para Recordar aos portugueses este [Música] drama [Música] vejam como Camões dizia em fonte pura as lágrimas choradas transformaram e o nome que lhe puseram ainda dura quer dizer Camões isto no século X Porque isto é escrito provavelmente antes de 1570 dizia ainda dura o nome de Fonte das Lágrimas mas era uma coisa muito antiga no tempo dele bom estamos no fim do século XX e o nome continua a durar é fonte das Lágrimas que

se chama aquilo e vai lá muita gente muita gente vão Portugueses e vão estrangeiros por sinal que Acontece isto os estrangeiros vão perguntam querem ver a fonte de Inês e querem se informar sobre essa história dos Amores do P e da Inês para a maioria dos portugueses nunca ouviram falar nisso bom são coisas Claro não os ensinam eles não podem saber hoje o a Fonte dos Amores é o monumento de interesse Regional está muito valorizada há aqui um excelente Hotel um hotel Onde aliás se presta o culto aos amores de Pedro Inês bom eu estou

a desafiar os senhores telespectadores a virem à Fonte das Lágrimas e a pensarem Qual das três ideias será a verdadeira o que matou Inês foi o ódio do Rei foi a razão do estado ou Como dizia Camões foi o puro amor o senhor telespectador veja [Música] [Música] Sida [Música] m