Alguma vez você já esteve sentado, quieto, completamente imóvel? Experimente isso; fique sentado, bem quieto, com as costas eretas, e observe o que a mente faz. Abstenha-se de controlá-la.
Apenas observe. Não espere que ela pare de saltar de um pensamento para outro, de um interesse para outro, porém fique, simplesmente, consciente desses saltos. Não faça nada, apenas observe tudo, assim como da margem de um rio você pode observar as águas que correm.
No rio fluente há tantas coisas – peixes, folhas, galhos, animais mortos –, mas o rio está sempre vivo, em movimento. Assim é sua mente, sempre inquieta, a esvoaçar de uma coisa para outra, tal qual uma borboleta. Nossas mentes muito raramente são quietas, silenciosas, sem problemas e livres.
Tente ficar muito quieto, sem se remexer no assento, sem mover as mãos e nem os pés, apenas observe sua mente. Isto é divertido. Se você o faz por gosto, você verá que a mente começa a aquietar-se sem nenhum esforço de sua parte para controlá-la.
Não há então um juiz, um censor, um avaliador. E quando a mente se aquieta assim, por si mesma, espontaneamente, você descobre o que é ser feliz. Pare e Observe.
Pare e Observe. Jiddu Krishnamurti. Observar é meditação.
Observar é extremamente difícil. Observar, por exemplo, uma árvore, é dificílimo, porque possuímos ideias, imagens relativas à árvore, e essas ideias, conhecimentos botânicos e etc. - impedem-nos de olhar a árvore.
Apenas perceber; prestar atenção sem qualquer sentido de julgamento, é algo verdadeiramente difícil. Você já tentou olhar para uma determinada pessoa, uma flor, uma ideia, uma emoção, sem qualquer escolha ou julgamento? Perceber, sem condenar, sem julgar; observar pura e simplesmente e sem escolha, olhar sem condenação, sem interpretação, sem comparação; há nisso grande beleza, e grande clareza de observação.
Observar significa, de fato, percebermo-nos da interferência do pensamento; ver como a imagem que temos da árvore, da pessoa, do que quer que seja, interfere com o ato de olhar. Observemos como em regra nos esquecemos do que estamos olhando – a árvore, a pessoa; e vejamos porque o pensamento interfere. Assim, observar significa: Observar sem a interferência do nosso fundo de formação, educação etc.
Compreendem? Todo o nosso ser, que está “olhando”, constitui esse fundo - cristão, francês, intelectual. Pela observação descobre-se esse fundo; observá-lo com objetividade, sem escolha, sem qualquer tendência, constitui uma grande disciplina.
Essa observação torna a mente extraordinariamente ativa, e sensível. Isso, no seu todo, constitui a meditação. Meditação é estar ciente de cada pensamento e de cada sentimento, nunca dizer que é certo ou errado, mas apenas observá-lo, e seguir em frente.
Conhecer a si mesmo não é um processo de adição. É se enxergar como você realmente é: irritado, ciumento, libidinoso, invejoso; É simplesmente observar o fato, sem analisar. Essa observação sem análise revela todo o conteúdo do fato, sem precisar fazer nenhum esforço para descobrir.
No momento em que você se esforça para analisar e entender, você está distorcendo o fato, está agindo de acordo com seu condicionamento, como analista, como cristão, como isso ou aquilo. “O que é” só pode ser observado quando não há “eu”. No momento em que o cérebro opera, há distorção.
Pode a mente olhar o fato não dualisticamente? Ou seja, eu, o observador, ao invés de relacionar esse fato a algo separado de mim, posso olhá-lo sem essa separação? Pode a mente olhar somente o fato – não o que o pensamento julga do fato – as opiniões, as conclusões, os preconceitos, o gosto e a aversão, o sentimento de frustração e desapontamento.
Pode a mente observar apenas o fato? Então, há uma verdadeira observação – e não a ideia do fato. Agora – apenas observe sua mente.
Estou aprendendo sobre mim mesmo, não de acordo com algum psicólogo ou especialista. Estou me observando, e vejo algo em mim: não condeno, não julgo, não rejeito – apenas observo. Se vejo que sou uma pessoa orgulhosa, não digo: “que coisa feia, preciso me livrar do orgulho” – apenas observo.
Através da observação, estou aprendendo. Observar o orgulho significa aprender o que está latente nele, significa aprender como ele surgiu. Nessa observação, você começa a compreender todo o movimento do pensamento e do sentimento.
E dessa consciência vem o silêncio. O silêncio é algo difícil e árduo, não é uma brincadeira. Não é algo que você pode experimentar lendo um livro, ou ouvindo uma conversa, ou sentando-se junto com outras pessoas, ou retirando-se para um monastério.
Este silêncio exige intenso trabalho psicológico. Você deve ser ardentemente consciente de seu esnobismo, consciente de seus medos, suas ansiedades, seus sentimentos de culpa. E quando você morrer para tudo isso, então para além dessa morte vem a beleza do silêncio.
O silêncio chega. . .
quando você sabe observar. O silêncio da mente chega naturalmente – por favor ouçam isto – chega naturalmente, facilmente, sem qualquer esforço se você souber observar, olhar. Apenas pare e observe.
Você está aqui e agora, no silêncio de seu ser. Fique em silêncio, faça dele sua Casa. Nela você reunirá forças para aceitar a vida sem limites.
O Poder refletirá em seus olhos. O silêncio é a expansão do seu coração. É você.
É quem você é.