[Aplausos] sempre tive uma boa relação com meus tios e quando soube que eles estavam enfrentando dificuldades financeiras senti que precisava fazer algo Eu já tinha um pequeno comércio em São Paulo que estava dando certo então sugeri que eles abrissem algo parecido na cidadezinha onde moravam A ideia era simples eu passaria um tempo com eles para ajudar a organizar o negócio ensinar o básico e quando estivesse tudo em ordem voltaria para a capital aceitaram a proposta de imediato na semana seguinte fui para a casa deles a cidade era bem pequena com menos de 1 habitantes a
casa dos meus tios era simples típica de quem mora no interior mas muito bem cuidada ao chegar Fiquei feliz em ver animados com a ideia de abrir o comércio logo no primeiro dia enquanto ajudava a organizar o estoque no espaço que seria a lojinha notei a vizinha dos meus tios a casa dela ficava logo ao lado com um jardim cheio de ervas e plantas perguntei ao meu tio sobre ela ah essa é a Dona Clara ela se mudou há alguns meses os antigos vizinhos foram embora para tentar a vida numa cidade maior E ela veio
para cá fala pouco é reservada minha tia que estava perto fez uma expressão estranha não disse nada mas parecia desconfortável achei curioso Mas deixei para lá aquele dia foi cansativo e eu estava mais preocupado em organizar as coisas do comércio do que em prestar atenção na vizinha os primeiros dias foram de muito trabalho mas tranquilos eu ajudava meu tio a planejar o comércio e colocávamos tudo no lugar à noite ficávamos com conversando ou assistindo TV até o sono chegar mas numa noite algo diferente aconteceu eu já estava no quarto quase dormindo quando ouvi um barulho
estranho parecia vir da casa da vizinha a Dona Clara no começo não liguei muito achando que era algum animal mas o som ficou mais forte como se alguém estivesse batendo em algo dentro da casa levantei da cama e fui até a janela dava para ver parte da casa dela lugar estava escuro só com uma luz fraca vinda de uma das janelas fiquei observando por alguns minutos tentando entender o que estava acontecendo mas não vi nada demais só o silêncio esquisito que envolvia a rua comentei sobre o barulho com minha tia no café da manhã seguinte
você também ouviu Ela perguntou visivelmente preocupada não gosto dessa mulher desde que ela se mudou coisas estranhas têm acontecido minha tia não quis aprofundar Mas dava para ver que havia algo ali que a incomodava profundamente Depois da conversa com minha tia comecei a prestar mais atenção na casa da Dona Clara nos dias que se seguiram percebi que a vizinha tinha uma rotina bem peculiar durante o dia ela quase não saía de casa de vez em quando havia mexendo no jardim ou pendurando roupas no varal mas sempre sozinha sem interagir com ninguém e o mais est
era que à noite eu sempre ouvia aqueles barulhos esquisitos como se tivesse alguém andando pela casa dela ou arrastando móveis não fazia sentido ainda mais em uma cidade tão pacata e tranquila certa tarde quando estava terminando de arrumar umas prateleiras no futuro comércio vi Dona Clara no quintal dela estava parada de costas olhando para o horizonte fiquei observando curioso ela estava imóvel quase como uma estátua e aquilo me deu um arrepio parecia que algo não estava certo continuei olhando mas ela não se mexia de repente ela virou a cabeça bruscamente na minha direção como se
soubesse que eu a estava observando Seus olhos eram frios e o jeito que me encarou me deixou desconfortável dei uma desculpa qualquer e entrei na casa Quando contei isso ao meu tio ele deu de ombros essa mulher é estranha mesmo mas deve ser só mais uma uma dessas pessoas esquisitas do interior Fica tranquilo mas minha tia não estava tão tranquila assim notei que ela evitava qualquer contato com Dona Clara e toda vez que eu falava dela minha tia mudava de assunto algo a perturbava profundamente e eu estava começando a entender porquê naquela noite tudo começou
a fazer sentido eu já tinha estranhado a situação mas o que aconteceu depois me tirou o sono por completo já era tarde o comércio estava praticamente pronto e meu trabalho na cidade estava quase finalizado Mas aquela noite tinha algo diferente eu estava na sala com meus tios quando de repente um som estranho veio da casa de Dona Clara parecia alguém chorando mas de uma forma agoniada desesperada olhei para minha tia e vi o medo em seus olhos sem dizer nada meu tio pegou uma lanterna e foi até a porta da frente melhor não nos meter
com essa mulher minha tia sussurrou mas era tarde o choro se transformou em Gritos e o pior de tudo eles não pareciam humanos corri até a janela da sala e vi uma cena aterrorizante Dona Clara estava do lado de fora da casa dela parada no quintal com as mãos esticadas para o céu como se estivesse em algum tipo de transe seu corpo tremia e sua cabeça estava jogada para trás enquanto um som horrível uma mistura de Gritos e gargalhadas ecoava pela rua o vento começou a soprar de uma forma assustadora e as árvores ao redor
balançavam violentamente fiquei congelado sem saber o que fazer era como se algo além da minha compreensão estivesse acontecendo ali os gritos de Dona Clara começaram a ficar cada vez mais altos e perturbadores mas o que mais me aterrorizou foi que a voz não parecia mais ser dela era como se algo maligno estivesse usando o corpo dela para se manifestar a voz era rouca Cheia de ódio e parecia vir de um lugar muito mais sombrio meus tios também ficaram paralisados sem saber o que fazer de repente várias pessoas comearam a sair de suas casas para ver
o que estava acontecendo em poucos minutos a rua estava cheia de vizinhos todos em choque observando aquela cena Macabra Dona Clara ou o que quer que estivesse controlando ela naquele momento Começou a dizer coisas estranhas como se estivesse lançando maldições sobre todos nós suas palavras eram incoerentes mas carregadas de rancor era uma mistura de sussurros e gritos que ecoavam pela pequena cidade como se o próprio ar estivesse carregado de algo ruim vocês todos vocês estão amaldiçoados gritou a voz que de jeito nenhum podia ser a de uma pessoa comum alguns dos moradores recuaram mas outros
mesmo com medo foram até Dona Clara que de repente desmaiou no chão foi como se toda aquela energia maligna Tivesse deixado seu corpo de uma vez só um grupo de vizinhos correu até ela levantaram com cuidado e a colocaram em um carro rapidamente saíram em direção ao hospital que ficava na cidade vizinha O silêncio que ficou no ar depois disso era pesado sufocante Todos estavam abalados Inclusive eu meus tios também ficaram em choque sem dizer nada o que quer que tivesse acontecido ali claramente não era algo Normal fiquei apavorado porque sabia que o que eu
tinha ouvido e visto naquela noite não era de uma pessoa em surto ou qualquer coisa parecida aquilo parecia muito mais sombrio como se algo maligno tivesse passado por ali depois daquela noite fiquei com a mente inquieta sabia que o que havia presenciado não era algo comum mas o comércio já estava pronto e eu precisava voltar para São Paulo para acompanhar meu próprio negócio no dia seguinte me despedi dos meus tios e voltei para a capital ainda carregando o peso dos acontecimentos recentes de volta à minha rotina o que aconteceu naquela cidadezinha continuava a me perturbar
eu sempre mantinha contato com meus tios para saber como estavam as coisas com o comércio ajudava no que fosse preciso à distância em várias dessas conversas tentei perguntar sobre Dona Clara sobre o que aconteceu com ela depois daquela noite no entanto sempre que eu tocava no assunto meus tios mudavam de conversa como se não quisessem mais falar sobre aquilo diziam apenas para eu deixar isso para lá e seguir em frente que não valia a pena ficar mexendo nessa história apesar da insistência nunca obtive uma resposta Clara não sei o que aconteceu com Dona Clara ou
o que realmente estava por trás daquela noite aterrorizante Mas uma coisa é certa nunca mais voltei para aquela cidade mesmo com o carinho que tinha pelos meus tios aquela experiência me marcou de tal forma que preferi manter distância desde criança sempre tive o sonho de conhecer o Brasil explorar cada canto desse país enorme e descobrir o que cada cidade tinha a oferecer meu trabalho me permitia tirar um mês inteiro de férias então todo ano eu fazia questão de viajar para quatro ou cinco cidades diferentes cada uma com seu encanto algumas vezes eu passava o fim
de semana em uma cidade maior E em outras aproveitava para explorar cidades menores longe do movimento turístico numa dessas viagens decidi passar um tempo em Salvador eu já conhecia a cidade mas sempre ficava encantado com a energia vibrante do lugar o movimento as pessoas e a história durante minha estadia conheci algumas pessoas em bares e eventos locais conversando com eles pedi sugestões de cidades do interior da Bahia para explorar era o tipo de viagem que eu amava sair das grandes capitais e conhecer lugares mais tranquilos onde as pessoas eram mais acolhedoras e o ritmo de
vida era diferente vai PR Amargosa sugeriu uma senhora cidade tranquila povo acolhedor você vai adorar eu nunca tinha ouvido falar mas a recomendação me animou decidi que após Salvador minha próxima parada seria essa pequena cidade gostava da ideia de descobrir histórias lendas locais E além disso o interior Seme me transmitia uma de p que não encontrava nas grandes metrópoles assim que cheguei à Amargosa fui tomado por aquela sensação boa de estar num lugar acolhedor era um típico cenário de interior casas simples ruas calmas e as pessoas mesmo sem me conhecer já me cumprimentavam a praça
principal da cidade rodeada por igrejas antigas e um Coreto era o ponto de encontro dos moradores tudo era pacato era eu consegui um lugar para me hospedar em uma pequena pousada familiar o casal de donos Dona mar e seu João foram extremamente simpáticos Desde o Primeiro Momento na primeira noite enquanto Jantamos pui conversa querendo saber mais sobre a cidade e suas histórias ah rapaz disse seu João com um brilho nos olhos essa cidade tem muita história e lenda também dizem que antigamente as noites de lua cheia eram perigosas por aqui Dona Marta olhou para ele
e riu baixinho Não vai assustar o moço com suas histórias João assustar nada Marta o rapaz quer saber da nossa cidade e é bom que ele saiba de tudo respondeu Ele dando uma piscadela para mim eu ri achando divertido o jeito como ele contava aquilo era só o começo e eu mal sabia que as histórias daquela cidade ficariam gravadas na minha mente depois de ouvir seu João mencionar as noites perigosas de lua cheia fiquei curioso e pedi que ele Contasse mais sobre essas histórias ele me olhou com um sorriso de quem sabia que tinha uma
boa história para contar enquanto Dona Marta ao lado dele apenas balançava a cabeça como quem já tinha ouvido aquilo várias vezes então você quer saber da lenda né disse ele ajeitando na cadeira Bom há muitos anos antes mesmo de eu nascer esse lugar era bem mais isolado não tinha essa estrada asfaltada que você usou para chegar aqui nem Luz elétrica a cidade vivia da roça e do Comércio com outros povoados mas quando chegava noite especialmente nas noites de lua cheia ninguém saí de casa ele fez uma pausa tomando um gole do café como se quisesse
aumentar o suspense é que dizem que nessas noites aparecia uma figura estranha aqui em Amargosa era um homem ou pelo menos parecia ser mas quem já viu Diz que ele não era humano vestido todo de preto com um chapéu grande que escondia o rosto ele caminhava devagar pelas ruas e a única coisa que se ouvia eram os passos pesados como se arrastasse correntes Fiquei quieto ouvindo atentamente enquanto seu João continuava mas o que mais assust era o que acontecia com quem cruzava o caminho dele se alguém por descuido ou curiosidade olhasse nos olhos dele sumia
simples assim sumia para sempre dizem que era o espírito de um homem que há muitos anos foi linchado pelos moradores acusado de roubo mas depois que o mataram perceberam que ele era inocente desde então ele volta em noites de lua cheia buscando Vingança ninguém sabe porem exatamente mas o fato é que ele leva consigo aqueles que olham diretamente para ele é por isso que mesmo hoje em dia com a cidade maior E as luzes nas ruas nas noites de lua cheia você vai ver que as pessoas daqui ainda evitam sair de casa tem gente que
não acredita Claro mas ninguém quer arriscar concluiu com um olhar sério Dona mar que ouvia tudo quieta apenas suspirou história antiga João o povo daqui ainda tem medo eu sorri tentando não parecer muito impressionado e o senhor já viu alguma coisa seu João Balançou a cabeça nunca vi e nem quero ver mas conheci gente que Jurava de pés juntos que viu vai saber né fiquei pensando naquela história achando tudo muito intrigante mas sem acreditar muito no entanto algo naquela lenda parecia mexer com as pessoas da cidade depois daquela história Seu João me convidou para tomar
uma cerveja no bar da cidade no dia seguinte ele me disse que seria uma boa oportunidade para conhecer mais moradores e ouvir outras histórias além de passar um tempo tranquilo num lugar onde o tempo parecia passar devagar no outro dia encontrei seu João no bar já rodeado de amigos todos conversando sobre os mais variados assuntos da vida no interior o ambiente era acolhedor com as mesas de madeira gastas e um rádio velho tocando música sertaneja ao fundo fui apresentado a alguns dos moradores locais gente simples cheia de causos para contar e uma hospitalidade que só
se encontra em lugares pequenos entre uma cerveja e outra a conversa fluía fácil falamos sobre a vida sobre as cidades grandes e claro as histórias que faziam parte da vida em Amargosa à medida que as garrafas vazias iam se acum eu comecei a perceber que o tempo passava mais rápido do que o esperado já estava escuro lá fora e a Lua brilhava alta no céu seu João e os outros foram indo embora aos poucos Até que em um momento eu percebi que o bar estava praticamente vazio só restavam eu e o dono do bar o
velho Tonico que secava os copos com um pano velho com um olhar atento ao redor Rapaz você bebeu bem hoje hein disse Tonico com um sorriso enquanto terminava de limpar o balcão eu olhei ao redor meio zonzo e ri sem graça é Acho que passei um pouco da conta Tonico colocou o copo limpo no balcão e se encostou você sabe que hoje é noite de lua cheia né ele disse o tom de voz mudando para algo mais sério seu João te contou sobre a lenda do homem de preto Aquilo me fez lembrar instantaneamente da história
de seu João o homem de preto como ele havia chamado o espírito que caminhava pela cidade em noites de lua cheia levando aqueles que olhassem para ele ri tentando afastar qualquer sensação de medo Ah sim mas isso é só uma história né Tonico Balançou a cabeça com um sorriso enigmático bom a gente nunca sabe né o povo daqui leva isso muito a sério se você tá com medo de voltar paraa sua Pousada pode dormir aqui no bar mesmo não me importo até deixo você no sofá lá dos fundos eu ri de novo tentando parecer tranquilo
mas a verdade é que a história estava mexendo comigo Ah que isso Tonico vou tranquilo não sou muito de acreditar nessas coisas ele deu de ombros ainda secando os copos certo mas se mudar de ideia a porta tá aberta a lua cheia lá fora parecia iluminar a cidade de uma forma diferente naquela a noite e de repente caminhar de volta para a pousada sozinho não parecia mais uma ideia tão boa assim decidi que era a hora de voltar para a pousada o bar não ficava muito longe coisa de 5 minutos caminhando e a cidade apesar
de pequena e tranquila sempre me dava uma sensação de segurança agradecia a oferta de Tonico para dormir no bar mas realmente não queria parecer medroso afinal tudo aquilo não passava de uma lenda com por moradores antigos saí pela porta do bar e ao colocar os pés na rua percebi algo que me fez hesitar por um momento a cidade estava completamente Deserta ainda não era muito tarde devia ser por volta das 2:2 horas mas as ruas estavam vazias e todas as casas com as janelas fechadas a lua cheia iluminava o chão de paralelepípedos com uma luz
clara e fria criando sombras longas e distorcidas a cidade que durante o dia era viva e acolhedora agora parecia estranha comecei a caminhar apreciando a beleza silenciosa daquela noite mas algo não estava certo quanto mais andava mais percebia a ausência total de qualquer sinal de vida nenhum cachorro latia nenhuma luz acesa nas janelas as portas estavam todas trancadas eu tinha bebido sim mas estava longe de estar tão embriag a ponto de não perceber a estranheza daquela situação quando virei à esquina que dava direto para a Rua da Pousada vi algo que me fez parar no
mesmo instante lá Sob a Luz da lua cheia estava uma figura um homem vestido completamente de preto parado no meio da rua ele estava imóvel como uma estátua e eu sabia exatamente o que era meu coração disparou e imediatamente me lembrei do aviso de seu João se você cruzar com ele Não Olhe nos olhos não olhe para o rosto dele ou ele leva você eu estava apavorado mesmo com o medo tomando conta meu instinto foi o de desviar o olhar rapidamente mas naquele breve momento eu consegui ver o suficiente o homem Era exatamente como seu
João tinha descrito alto magro com roupas negras que pareciam antigas ele não se mexia mas o simples fato de estar ali parado era terrível eu respirei fundo tentando controlar o pânico e Me virei para pegar outro caminho não importava que a pousada estivesse a poucos metros eu não podia arriscar acelerei o passo mas não corri pelo menos não ainda foi quando ouvi um som baixo e arrastado como se algo pesado estivesse sendo puxado pelo chão correntes olhei rapidamente para trás sem olhar diretamente para a figura mas o som estava vindo dele o homem de preto
estava andando como se estivesse me seguindo ele não corria Mas cada passo seu parecia fazer as correntes se arrastarem pelo chão o pânico me tomou de vez eu comecei a andar mais rápido quase trotando e a cada passo que eu acelerava o som das correntes parecia me acompanhar minhas pernas começaram a tremer e minha cabeça girava o som do meu coração batendo nos me meus ouvidos abafava quase todo o resto quando finalmente avistei a entrada da Pousada eu não aguentei mais corri o mais rápido que pude sem olhar para trás sem me importar com mais
nada só queria chegar à segurança do meu quarto quando cheguei na pousada ofegante e com o coração disparado a primeira coisa que notei foi o silêncio absoluto não havia ninguém na recepção o lugar parecia vazio mas eu sabia que seu João e Dona Marta moravam ali em um quarto nos fundos sem pensar duas vezes fui direto para lá precisava contar o que tinha visto precisava de respostas caminhei pelo corredor Estreito até à porta do quarto deles bati com força ainda respirando rápido e depois de alguns segundos ouvi o som de Passos pesados a porta rangeu
ao abrir revelando seu João com uma expressão sonolenta segurando um Lampião de querosene que foi rapaz que horas são essas para acordar a gente ele perguntou com a voz grave e um olhar confuso seu João falei tentando controlar minha respiração eu vi ele o homem de preto do jeito que o senhor falou ele estava me seguindo na rua as correntes tudo eu estava desesperado minhas palavras saíam atropeladas o rosto de seu João mudou no mesmo instante a Son violência desapareceu e ele me olhou com seriedade Ele abriu a porta e me puxou para dentro do
quarto fala baixo rapaz não é bom falar desse jeito Ele olhou de um lado para o outro como se temesse que alguém estivesse ouvindo sentei-me na beira de uma cadeira ainda trêmulo enquanto o seu João fechava a porta e se sentava em frente a mim acalme-se conta devagar o que aconteceu Ele pediu Mas eu vi no rosto dele que ele já sabia o que tinha me acontecido expliquei tudo desde o momento em que saí do bar como as ruas estavam desertas até o momento em que vi a figura de preto e comecei a ouvir o
som das correntes contei que Tentei desviar o caminho mas o Homem de Preto começou a me seguir até que eu corri desesperado para a pousada seu João ouviu tudo em silêncio com um semblante Sombrio e preocupado quando terminei de falar ele respirou fundo e passou a mão pelos cabelos grisalhos Eu te avisei Rapaz esse homem ele não é de carne e osso é algo antigo muito antigo seu João olhou para mim com uma expressão pesada muitos na cidade já ouviram mas ninguém sabe ao certo o que ele quer só sabemos que se você olhar diretamente
para ele ele leva você não sei para onde mas ninguém nunca volta meu coração disparou novamente ao ouvir isso eu não sabia o que fazer mas uma coisa era certa eu não ia conseguir dormir naquela noite o que eu faço agora seu João perguntei ainda com medo Ele olhou para mim com seriedade como se estivesse prestes a dar o conselho mais importante da minha vida agora você já está seguro aqui ele nunca entra em casa mas amanhã de manhã você vai embora esse lugar essa cidade ela tem seus mistérios e nem todo mundo é forte
o suficiente para lidar com eles seu João deu um suspiro pesado e continuou o homem de preto ele só aparece em noites de lua cheia se você for embora amanhã vai estar seguro e se ele me seguir de novo perguntei sentindo o medo me consumir novamente não vai seguir disse seu João com confiança mas você precisa partir com o primeiro raio de sol não olha não fala com ninguém até sair daqui eu assenti sem discutir naquela altura eu só queria sair dali o mais rápido possível me despedi de seu João e voltei para meu quarto
mas não consegui pregar o olho a cada pequeno barulho eu me assustava imaginando se o homem de preto estava do lado de fora da janela quando o primeiro raio de sol iluminou o céu eu fiz exatamente o que Seu João disse arrumei minhas coisas rapidamente e saí da da Pousada sem olhar para trás seu João me observava em silêncio enquanto eu partia e eu seguia em direção à rodoviária com o coração acelerado rezando para nunca mais cruzar com aquela figura sinistra depois de sair da cidade naquela manhã com o sol nascendo no horizonte assim que
pude embarquei no primeiro ônibus durante a viagem minha mente estava a mil eu não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido os dias passaram e o medo aos poucos foi diminuindo mas o que vi naquela noite nunca saiu completamente da minha cabeça até hoje sempre que alguém me pergunta sobre minhas viagens pelo Brasil eu pulo essa história evito mencionar aquela cidade e quando falo sobre ela me limito a dizer que foi Só Mais Uma cidadezinha do interior sem nada de especial mas a verdade é que mesmo agora tantos anos depois eu ainda não sei
ao certo o que aconteceu naquela noite se foi algum tipo de brincadeira elaborada por algum morador da cidade ou se realmente havia algo sobrenatural espreitando naquelas ruas escuras talvez fosse só o efeito das cervejas que bebi no bar não sei mas sinceramente eu prefo não pagar para ver seja o que for real ou não não vou voltar lá para descobrir me chamo Rafael e essa história aconteceu quando eu tinha por volta de 12 anos minha família sempre morou em São Paulo na capital mas meus avós viviam em uma pequena cidade do interior de São Paulo
chamada Guapiara com menos de 10.000 habitantes por conta da distância e do trabalho dos meus pais a gente ia visitá-los muito raramente acho que na minha vida toda só tinha ido lá umas cinco vezes antes dos meus avós falecerem lembro bem da casa deles era bem simples com fogão a lenha e móveis de madeira que pareciam ter saído de outro século tudo na casa era meio antigo mas tinha um charme que só quem viveu em cidades pequenas conhece a rua de terra batida e o silêncio da noite eram bem diferentes do barulho constante da capital
o que eu mais gostava nas nossas visitas era o vir as histórias que meu avô contava ele falava de lobisomens mulas sem cabeça coisas que faziam parte do folclore do interior Mas para ser sincero eu nunca me assustei de verdade para mim isso tudo era invenção de gente mais velha histórias para entreter crianças mas naquela noite algo diferente aconteceu era uma noite de outono a gente tinha acabado de jantar e eu fui deitar mais cedo já que não tinha muito o que fazer o quarto onde eu dormia ficava nos fundos da casa perto de uma
janela que dava direto para o quintal quando me deitei fechei a janela porque fazia um friozinho típico do interior de repente no meio da noite eu fui acordado por um som estranho era como se alguém estivesse andando pelo quintal bem perto da janela do meu quarto o som era baixo mas claramente de passos lentos e me deu um arrepio na espinha naquela H pensei que fosse algum bicho Talvez uma galinha solta ou algo do tipo mas os passos continuaram e parecia que estavam cadavez mais perto eu tentei ignorar o som pensando que podia ser algum
animal no quintal mas os passos continuavam ficando cada vez mais próximos da janela O Silêncio do interior só fazia o barulho ficar mais Evidente ecoando na minha cabeça resolvi então abrir um pouco a cortina e dar uma espiada lá fora olhei vi algo que me deixou sem saber o que pensar no meio do quintal quase encostada na cerca havia uma figura parada eu pensei que fosse meu avô mas logo percebi que aquela silhueta Era magra demais quase esquelética e estava de costas não parecia estar fazendo nada só estava ali como se estivesse olhando algo além
da cerca o que me deixou mais tenso foi que assim que eu a vi os cachorros da vizinhança começaram a latir do nada como se tivessem percebido algo estranho meu coração disparou e eu fiquei ali paralisado observando a figura finalmente se moveu dando um passo em direção ao meio do quintal e nesse momento eu tive certeza de que algo estava errado eu puxei a cortina de volta e me deitei tentando me convencer de que aquilo era só minha imaginação mas não era eu ainda podia ouvir os passos lá fora andando pelo quintal indo e voltando
como se estivesse procurando alguma coisa O pior é que o som parou derrepente e o silêncio voltou a tomar conta da casa eu fiquei ali debaixo do cobertor com medo de olhar de novo pela janela o dia seguinte passou sem grandes surpresas eu tentei afastar a lembrança daquela figura na janela me concentrando nas atividades simples que meus avós sempre me pediam para ajud passamos à tarde no quintal alimentando as galinhas e mexendo na horta mas no fundo eu não conseguia parar de pensar no que havia visto na noite anterior Quando a Noite Começou a cair
aquela sensação de desconforto voltou com força eu sabia que assim que todos fossem dormir eu teria que enfrentar o silêncio e o medo de novo mas desta vez eu não quis arriscar na hora de ir para o meu quarto inventei uma desculpa e pedi para dormir com meus pais disse ao meu pai que eu não estava me sentindo muito bem mas ele percebeu que havia Algo Mais sem querer me assustar ele perguntou o que havia acontecido e foi então que contei sobre a sombra que vi na janela na noite anterior ele ouviu com atenção sem
me interromper e quando terminei deu uma risadinha para tentar me acalmar disse que era provavelmente só um jogo de luzes ou minha imaginação mesmo assim ele me deixou dormir no quarto deles naquela noite dizendo que no interior era normal ouvirmos e vermos coisas diferentes mas que eu estava seguro ali deitei no colchão que eles prepararam no chão e por um momento me senti mais tranquilo mas o que aconteceu naquela noite mostrou que meu medo não era só coisa da minha cabeça a madrugada estava fria e silenciosa eu dorm no quarto dos meus pais mas no
meio da noite algo me acordou foi um som baixo distante vindo do Corredor era como se alguém estivesse andando pela casa com passos suaves e lentos naquele instante o medo voltou com tudo e eu tentei me encolher debaixo do cobertor achando que o som iria parar mas não parou os passos se aproximavam lentamente como se alguém estivesse caminhando em direção ao quarto onde estava o Coração batia tão forte que parecia que meus pais podiam ouvir tentei olhar em volta mas a escuridão no quarto era densa e eu não queria acender a luz e acordá-los eu
estava congelado de medo esperando para ver o que viria depois foi então que eu ouvi novamente não eram só Passos um sussurro fraco quase como uma brisa eu tive a certeza de que ouvi o meu nome sendo chamado a voz era Estranha baixa mas parecia que vinha direto do quintal fiquei paralisado no chão sem coragem de me mover ou fazer qualquer barulho a vó chamava de novo meu nome eu sabia que aquilo não era normal não era minha imaginação algo estava errado naquela casa e naquela noite tive certeza de que o que vi na janela
não era um simples reflexo meu pai acordou de repente assim como minha mãe a voz chamando do meu nome continuava do lado de fora cada vez mais próxima os sons que pareciam estar no corredor agora estava lá fora Ele tentou me acalmar dizendo que poderia ser um dos meus avós ou até algum ladrão o que embora fosse raro naquela cidadezinha não era impossível ele foi até a janela hesitante enquanto minha mãe e eu permanecía no quarto Imóveis ela me abraçou com força tentando me proteger do que quer que fosse meu pai abriu a cortina apenas
uma fresta o suficiente para dar uma olhada lá fora sem chamar atenção de repente ele congelou tem alguém lá fora Ele disse a voz trêmula minha mãe se aproximou e também olhou pela pequena abertura Eu estava sentado assustado demais para me mexer mas pude ver a expressão de pavor nos rostos deles eles não me deixaram ver o que estavam olhando mas pelos olhares assust e pela maneira como meu pai fechou a cortina rapidamente Eu sabia que algo não estava certo ele se afastou da janela o rosto pálido o que era Perguntei mas ninguém me respondeu
Eles apenas trocaram olhares tentando decidir o que fazer ainda estávamos no quarto tentando nos acalmar quando a voz chamou meu nome mais uma vez agora com mais intensidade quase desesperada meu pai determinado a acabar com aquilo decidiu que precisava ir lá fora e ver de uma vez o que estava acontecendo eu vou resolver isso ele disse tentando parecer firme embora eu soubesse que ele também estava com medo ele abriu a porta da casa e saiu para o quintal minha mãe e eu ficamos dentro ouvindo atentamente minutos se passaram e ele voltou com a expressão confusa
não tem ninguém lá fora disse ele mas assim que terminou a frase a voz chamou meu nome de novo desta vez mais próxima sem hesitar ele saiu de novo agora mais nervoso indo até o limite do quintal e olhando ao redor com a lanterna que tinha pegado antes mas não havia nada nada além do silêncio e a sensação estranha do que estava acontecendo quando ele voltou estava pálido e assustado a voz cessou Mas nenhum de nós conseguiu dormir pelo resto da noite ficamos sentados na cama em silêncio esperando que o amanhecer trouxesse algum alívio quando
o primeiro raio de sol apareceu meus pais tomaram a decisão de ir embora naquele mesmo dia eles não quiseram falar sobre o que aconteceu e estranhamente decidiram não contar nada para os meus avós apenas pegaram nossas coisas e voltamos para São Paulo como se fugir daquela casa fosse a única solução depois daquela noite nunca mais meus avós eu ainda penso nisso às vezes tentando entender o que era aquela voz o que ela queria comigo mas até hoje não tenho resposta