este é o programa história e minha convidada de hoje a professora maria helena capelatto do departamento de história da faculdade de filosofia letras e ciências humanas e eu queria perguntar pra você porque você resolveu falar para kalou os dados do departamento de história para ingressantes sobre o tema o ofício do historiador e na medida em que me pediram pra ter a fazer uma uma aula inaugural para os calouros a minha grande preocupação foi em primeiro lugar transmitir a minha paixão pela história para os calouros e sobretudo porque quando a gente inicia o curso e geral
têm uma certa decepção porque a gente não entende muito bem é o significado das aulas em porque que são a referência que nunca são muito claras é aí só no amadurecimento ao longo do curso é que os alunos começam a se dar conta do que é ofício do historiador e o que você acha que leva gente de 18 19 e 20 anos prestaram vestibular para fazer uma graduação em estoque que não leva ninguém a ficar rico mas quando escutou isso a pessoa conta porque um destino dessa carreira um destino dessa desse curso é a carreira
de professor que é super importante e considerada mal remunerada não sei quando ou quanto é mal remunerada entre o fato porque acho que há muitas situações como essa situação é diferente é eu quero também depois dizer que o mercado de trabalho maior do que se imagina não eu acho que toda essa todos esses impactos ambientais análise de lugares no inclui historiador agora sim era assim ampliou muito campo o vereador felizmente né porque já é disco só para terminar esse lance circunlóquio aqui que está fazendo e e por exemplo para construir a usina de belo monte
o relatório que aqui que precede a construção é tem sua equipe e dou um um especialista que dão parecer tá assim com por exemplo vá no caso do tombamento de um edifício né no caso de restaurações na coisa um patrimônio é tem sempre um relatório de um historiador que é muito muito importante quando a favor de farra tem um papel essencial nesse neste aspecto né e aí o historiador vai lá é faz um parecer se diz e aí ele faz parte da autorização geral da assim a coisa tá bom essa é uma gama ainda mais
essa atividade não é por isso que a gente é o advogado manhã isso mostra que a equipe é madura técnico tem uma técnica profissional então eu acho que há gente a mais os alunos vão atrás disso tanto essa técnica né não há risco não não praia então isso né então vou contar inclusive a minha experiência avó eu sempre durante o ensino na antigamente era o ginásio colégio eu detestava história tinha horror da história aquela chatice de datas fatos nunca suportei história aí por onde eu resolvi fazer a faculdade eu ia fazer pra as redes sociais
e mas eu no cursinho um pouco de cursinho que eu fiz eu me encantei com a história porque ela era ensinada de uma outra maneira muito diferente a então quando chegou na hora de decidir eu falei mas porque eu não vou fazer história se eu gosto tanto de história foi o espírito santo que iluminou por aí pronto você pode ficar vocês ou o chão eu sou uma pessoa muito realizada profissionalmente já o que eu tenho um prazer enorme de ler a história de estudar a história de transmitir a história de um cara isso que eu
queria então você sabe dizer o que é um ofício do historiador isso do historiador ele é muito curioso que tem um um historiador que é muito conceituado carlo búrigo e ele faz uma comparação do ofício do historiador com o detetive então o historiador ele é o sherlock holmes na e porquê porque ele trabalha com um processo indiciados no então ele vai entrar em índices de indicações que não com ele que ele vai namorada na dimensão não é então isso esse processo todo da feitura do da da história da reconquista desse ano da reconstituição da história
é muito fascinante você vai descobrindo as coisas e as coisas depois começam a fazer sim e não tem um aspecto no trabalho do historiador que não é pequeno que é o historiador como alguém que revela alguma coisa assim o dia dobre uma coisa altamente o que se espera de um historiador é a disney ele é a descoberta de aspectos do passado mas sempre com muita suspeita porque aquilo que está escrito nos documentos que eram antigamente na perspectiva do historiador do século 19 e início do século 20 isso já caiu por terra quer dizer historiador ele
tem que ir para o documento na perspectiva de desconstruir um documento de ver o que está por detrás dele como ele foi construído né então é uma vida vale pelo pela sua pelo seu valor de fácil vamos dizer você tem que saber por que ele foi construído isso um aumento é isso não aumenta muito o trabalho começou por que então o historiador tem algumas questões básicas então primeiro lugar o que aconteceu porque aconteceu como aconteceu e em que tempo é porque o tempo é matéria-prima da história em que lugar então você tem essas três essas
questões que orienta o seu trabalho e quando você vai ter o material então você já sabe que aquele material foi construído que toda aquela documentação tem ela é fruto é fruto do seu tempo do seu tempo e quem construiu e como construído é é um trabalho difícil sutil porque a gente também ensina os alunos a ficarem muito atentos às lacunas e lenços porque está acontecendo determinada coisa por exemplo que o estudo a imprensa não é porque que está acontecendo determinada coisa é aquilo não é noticiado e joão dado você vai atrás para saber então é
muito instigante o trabalho do historiador então então perante a durante o passado vamos dizer oh oh oh historiador é é constroem é cria uma história respeito daquele passado de uma certa maneira é que é ímpar que ele não é que ele cria porque também não têm metro e ele não tem liberdade a estratégia mas é um pedaço que é inventado tempos se não você é o seguinte a preocupação é do historiador é que ele saiba isso tem técnicas mas é tudo digital que ele saiba fazer a desconstrução isso aí o full co e johnson contribuiu
muito para a área de história mãos porque ele diz o que o documento é um monumento que precisa ser desconstruído porque você se você desconstrói você vê todas as relações que estão envolvidas e que dão um produto que você está analisando na casa não pode ter nenhuma ingenuidade perante o documento não é esse é o primeiro primeiro pontos e tem dois jogadores jogado ontem se expirar respeitadas é um detetive é loki que segue ali vai tem regras e não você tem regras você tem métodos e tem a questão da da objetividade e da subjetividade então
pela versão antiga nos primórdios nada profissionalização a perspectiva era que o historiador gente absolutamente objetiva e imparcial com as revisões historiográficas do de segunda metade do século 20 isso cai por terra o historiador ele tem um compromisso com a verdade ele tem que ser objetivo mas há um relativismo e por que um historiador ele é parte dessa história é parte do dia de hoje então mas é o dia de hoje que ele machuque olha só tem jeito né que pensar com a história e pensar obra estói a mão nem a gente pega o que está
dizendo que qualquer um de nós pensa seja não estou nem aí política falando nós é é um como é que você disse pensar sobre a dispensa com história perdendo sua história ela tá ali e você tem que estar lidando com ela é intrínseca ao é o que cada um de nós pensa na redenção você não pode deixar de de minimamente está presente tem que que saber trabalhar com essa com essa subjetividade então é então eu adianto fazer de conta certamente não ser capaz de contrariar de você mesmo é por isso inclusive os nossos trabalhos de
pesquisa são avaliados pelos nossos padres a né porque é eles é que percebem né se a gente conseguiu ter o devido distanciamento né então distanciamento também uma palavra importante no ofício do do historiador ele vem com assis o eta feito da xuxa é parcial tenho objetividade uma coisa parcialidade a outra né se você pertence ao partido político a loja faz uma análise desse partido político enaltecendo esse partido político isso se chama parcialidade mas mas é se você não acionarem que fosse muito aqui é que a imparcialidade é possível ela ela tem que ser trabalhada takeuchi
jogador deve buscar então deve buscar seguem parcial ainda que seja impossível eu digo como jornalismo eu acho que isso é impossível você não pode deixar sua paixão e na tabela te diria você não pode fazer uma análise para o elitista é nesse sentido tá mas você é trabalha na história com paixão não pela história não pela não as coisas na hora dia de apresentar os resultados eu tenho que eu mesmo está atenta que ir pra ver se a minha paixão e quando entrou na faculdade é quando você começou o curso no departamento de história você
sabe essas coisas estão contando o é claro que não é claro que não na inclusive que eu entrei na faculdade num período muito conturbado e e eu já era uma pessoa que e participava politicamente porque foi em 61 68 nossa imagem no auge da coisa então centrou em 68 primeiro ano em 1960 e 1966 e cursou alguma matéria pessoas de verdade alguma disciplina semana não foi boa não sou caxias coisa mesmo com toda muito passar o plano paga bem e fiquem e fiquei pra mim foi difícil porque aí eu fiquei muito decepcionada com a história
porque eu tinha uns professores que ainda trabalhavam com aquela velha concepção os mais antigos trabalhando com aquela velha concepção de histórias mangeon no burburinho ali não mas focou tá escrevendo nessa época como é que chegou um dia conhece mas nem gabriel mas que se podia querer que os professores fossem assim de repente isso achei o sim eu fazia cursos na ciência política bom isso é gostar envase e eu falei eu comecei a achar que eu tinha errado de verdade é que teve seu sorriso tem de contar os alunos que calma calma que a coisa chega
então a partir já do segundo ano eu fui muito responsável fui tendo professores que abrirem caminho assim a partir da metade do curso já estava perdidamente envolvida na com com a história descobrindo o mundo de descobrindo como fazer a história então essa é o calo no centro sem saber se acha é como fazer história é é isso tudo que a gente discute manuel josé é agora está aqui em causa é a metodologia da segurança ensina por exemplo os alunos a lerem o texto é isso é difícil não é uma vista do historiador é e qual
é o ponto de vista da história ao ler um texto ele tem que saber fazer muitas perguntas proteger quem escreveu quando escreveu porque escreveu todas aquelas perguntas básicas ele tem que ele não pode ficar só no texto ele tem que sair do dc tem a gente diz tem uma leitura interna e um leitor externo então tem a leitura interna também até não tinha escolhido no dia 07 o que significam os termos o que ele quer dizer com isso na anac então e aí tem esse cruzamento da do conteúdo na com aquilo que você tem que
atrás pra saber como é que foi produzido esse documento canon ef texto é né e e quantos aqui a gente isso quer dizer bastante trabalho quer dizer que você termine o que você está dizendo desde o começo aqui digamos é você diz acho que do do século 19 para cá o trabalho do historiador se complicou muito não é isso mas ficou tão mais fascinantes então mais fascinante porque o as grandes revisões historiográficas porque essa é sua é essa história factual que a gente chama de história positivista isso na escola metódica né é essa história que
você não gostava pratos e ainda teve uma perda grande personagens que se dizia neutra não é objetivo e eu não era porque eles vão pra eles o documento era sagrado o tempo sacrário do documento que tava no documento era verdade né invariavelmente com vermelho rico quais eram os documentos da época os documentos institucionais eles faziam a história oficial a história oficial que tinha muito compromisso com os interesses políticos a aí na época então l os documentos produzidos pelo pelos governos veja de licitar institucional já então iii no fundo aquela história servia para estimular a construção
de uma identidade nacional tá bom né então apareceu em circunstâncias históricas muito específicas que explicam por que que ela surgiu desse jeito então mas o historiador hoje ele também não está contribuindo para a formação da identidade nacional o trabalho dele ou a identidade nacional já está formada como é que era porque eu vou chegar lá então aí é grande revisão começou o primeiro teve já uma uma crítica da escola dos annales a partir de 1929 mas a grande revisão na a revolução que aconteceu foi a partir dos anos 70 e 80 que tem muito a
ver com a conjuntura externa a decepção do uaw comunismo a denúncia dos crimes de stalin em e enfim tem uma conjuntura e também o impacto da segunda guerra mundial então uma série de fatores que não daqui pra explicar e que então a história passou por um processo de revisão muito grande e por exemplo se chamava história problema ou seja não se faz história sem ter uma questão tão na por exemplo quando a gente faz um mestrado doutorado você tem que ver qual é a tese que você você tem uma tese que você vai ter que
demonstrar com o seu trabalho mais aí nessa perspectiva é que se colocou a questão das do relativismo histórico então o que é foi a judoca fitch é todas as ciências humanas passaram por isso foi uma revolução e brás droga o trabalho do fogo é essencial instrumental nisso para a meu ver tem uns que vão convocou até o fim é bom eu acho que eu não sou dessa lona eu acho que o cocô grande contribuição dele foi justamente mostrar o que é o documento e como desconstruir esse ensino do cume documento pra ele podia ser aquele
magnífico quadro do gado do velázquez acho que é o quadro das das aquilo ele tomou como um documento e foi exatamente é alguns agora historiadores nem com aline partindo do pressuposto de que o flu co do ponto de vista da história ele tem uma perspectiva que não leva em conta a história tá bom então então então pra você pra sua linha e depois vou perguntar se der tempo que linha é você acredita que o novo ofício e 12 do doador que tem história que tem que ter personagens a que tem que ter mais o futebol
tem personagens não vai pra ele é velho é exatamente aí tem uma grande discussão sem porque não interessa entendeu ele faz a estrutura do procera avaí organismo tem uma discussão com ele dizendo mais e e as pessoas está bom e os sujeitos história até então como ele como ele enxerga sob a ótica da de 10 traz o ouro e pedras perde a história não nada de novo ou eu comprovei não é historiador nela não ele não tem esse compromisso então o historiador precisa os 500 história tá sabe é deus quando você diz sujeitos históricos que
você está dizendo que as pessoas encarnam o seu tempo de uma certa nele exatamente am e que nós não somos só estruturas é que não são os sujeitos que fazem história em que estão na estrutura em fazem do senhor queijo ralado ou seja em suma nada de errado você tem um corte total com humanismo na perspectiva do fukui vários outros estruturalista 70 e os que preservam não antigo homônimo humanismo mais preservam essa questão de que os homens fazem estoque no fundo tá tá defendendo de uma certa maneira 11 um certo nível de livre arbítrio talvez
a palavra não seja livre arbítrio mas mas quer dizer nas margens da história cada um tem pode fazer exatamente tem uma determinação é de mim determinação mesmo que seja determinar exatamente na então a gente procura lidar com as nossas limitações e também vendo porque que tentando entender não julgar não avaliar 80 me entender porque determinando as pessoas determinadas sociedades foi por aquele caminho nesse sentido a referência é a sociedade a sociedade quer dizer o do agente imagem pudesse imaginar que um céu mandatário não toma uma da tarde embora não sejam só os mandatários dos sujeitos
da história obviamente não é mais digamos um mandatário pode ser visto sob esse ponto de vista como o que ele virou um líder que que ele se transformou quem fez dele um líder não é ele sozinho como ele foi feito com ele foi construído né governança estão nele certamente esse em conjuntura na propiciou a a formação desse líder é claro que hitler não é o super-homem rita é produto de uma sociedade que vive uma certa circunstância muito crítica à sociedade alemã da época ela estava pagando o preço da anda derrota na guerra e que em
kaboul alemanha mas mas ao falar dos mandatários é um pouco a gente tá fazendo tá falando de uma perspectiva com os mais conservadores da história porque eu entendo do que eu tô entendendo é essa questão do do sujeito de alguma forma anônimo ou da das muitas formas de expressão que a sociedade os grupos necessário tal tem é que se conta também uma outra história que não é que a que está por ser descoberta essa história dos de baixo não se sabe a gente foi muito trabalhar então você falou trabalhos muito interessantes sobre isso né você
falou do do game boy é nesse o game obteve tem trabalhos assim é e o qual o que você destacaria entre os trabalhos dele como eu pensei se chega o cidadão que acabou de entrar no departamento de história e perguntou um livro do ambiente por enquanto respondia tem um entanto sem o que joão velho porque tem é justamente os a aqueles primeiros livros é porque eu já sou mais o bio bug atual onde as reflexões mais sofisticados por exemplo essa do detetive que nós falamos como é mas antes ele proponha uma história que revoluciona perspectiva
da história cultural e aí então ele pega um sujeito anônimo não é a partir daí de um de um pequeno é acontecimento de um personagem anônimo ele vai reconstituindo a sociedade nos seus vários aspectos né e vai bem aí o que ele chama da circulação das ideias na a cultura como um ato disse circulação na então tanto não existe essa separação foi ele que acabou com a idéia de que a têm a cultura popular ea cultura de elite sem dizer se a separação existe porque tudo tá circulando o o o de baixa o personagem armados
e urbanos é alguma coisa que a partir de uma cultura ele faz uma leitura de uma cultura que vem de cima ea sua leitura vai ser com um então acho que agora eu entendo um pouco porque você disse que a história ficou mais fascinante porque tem muitos diferentes personagens da história de hoje em relação à história do século tem uma linha que o século 19 a trabalhar o tema das prostitutas pois o por exemplo tem mandada não tinha essa possibilidade ele os objetos por aí na partir dos anos 70 navios franceses contribuíram muito pra isso
mas também nos nos ingleses eles tentam mostrar abriu o leque da história novas abordagens a novos objetos e novas aí a história da leitura história da alimentação história da vida privada sei lá história da sexualidade tudo isso é emerson é é um sintoma de sintoma dessa mudança e agora nós estamos numa uma questão é muito instigante que é como a história com as tendências da história acompanha as questões da sociedade então tem o cara então já se começa a pensar por exemplo a história do meio ambiente canal e aí a questão que fica para o
historiador como faz a história né é essa é uma questão talvez seja um assunto da história natural a última coisa tem que ser rápido qual é o livro de história o livro que nessa nessa trajetória toda mais impactou você como historiador que você diria um livro apaixonante apaixonante é então ser coerente teria que dizer que é um game mulher mas antes mas no passado foi o livro do exílio a outono da idade média não é esse livro maravilhoso ele tem uma linda edição né hoje em diana de braga só é muito obrigado feito que foi
um prazer como o senhor pegaria prosa