[Música] Maria das Dores, uma mulher de 50 anos, vivia do que plantava e colhia. Ela tinha uma pequena horta em casa e algumas galinhas. Maria nunca casou ou teve filhos; seu sonho era formar uma família.
Porém, isso nunca aconteceu. Ela pegava uma grande cesta com o que tinha e saía vendendo na rua. As pessoas na sua rua eram pobres, e por isso ela não conseguia ganhar muito com o que vendia.
Maria estava caminhando com seu cesto quando uma garota lhe chamou a atenção. A jovem estava com uma mochila, indo para a escola, porém seu olhar estava triste e cansado. A jovem subiu no ônibus e, de repente, suas pernas fraquejaram.
Quando a jovem menina ia cair, Maria correu para segurá-la. — Você está bem, querida? — perguntou Maria, com a voz preocupada, enquanto segurava a menina pelos ombros.
A jovem respirou fundo, ainda fraca, mas forçando um sorriso. — Estou só me sentindo um pouco mal, mas passa. Obrigada, de verdade.
— Tem certeza de que não quer se sentar um pouquinho? — Maria insistiu, observando o rosto pálido da garota. — Não, não precisa, já estou melhor.
Muito obrigada, de verdade — a menina respondeu, tentando se recompor rapidamente antes de subir no ônibus. Maria assistiu enquanto ela se sentava em um dos bancos do ônibus e, com uma leve sensação de inquietação, seguiu seu caminho. Ela não conseguia afastar a impressão de que algo não estava certo com a menina, mas, sem saber o que mais poderia fazer, Maria continuou vendendo seus produtos, como sempre fazia.
Horas mais tarde, enquanto o sol começava a se esconder e o céu escurecia, uma tempestade forte desabou. O vento soprava com violência e a chuva caía torrencialmente. Quando Maria chegou em casa, seu coração afundou ao ver a destruição causada pelo temporal.
Sua pequena horta estava devastada; as plantas que ela cuidara com tanto carinho estavam dobradas, suas folhas espalhadas pelo chão. A água havia inundado parte do terreno, e a lama cobria boa parte do que restava. — Meu Deus!
— murmurou ela, sentindo-se desolada enquanto corria para tentar salvar o que ainda podia. Mas, por mais que tentasse, não havia muito o que fazer; a maioria de suas plantações estava arruinada. Maria recolheu o que pôde, mas sabia que os próximos dias seriam difíceis.
Sem os vegetais e frutas que colhia para vender, teria pouco para oferecer na rua. Ela foi dormir com o coração pesado, as preocupações rondando sua mente. Na manhã seguinte, Maria acordou determinada a seguir em frente, apesar das dificuldades.
Ao verificar o que ainda restava em bom estado, ela viu que os ovos das suas galinhas estavam intactos. Com isso, juntou tudo o que podia, colocou na cesta e saiu novamente pelas ruas para vender. As vendas estavam devagar naquele dia; poucas pessoas tinham dinheiro para comprar, e Maria sentia o peso do fracasso a cada vez que alguém recusava seus ovos.
Contudo, ela manteve a cabeça erguida e continuou. Quando passou pela mesma parada de ônibus onde havia ajudado a menina no dia anterior, lá estava ela novamente, mas dessa vez, a garota não subiu no ônibus. Em vez disso, ficou sentada no banco, os ombros caídos, os olhos fixos no chão.
Maria parou por um momento, observando a cena. A menina parecia ainda mais abatida do que no dia anterior; algo estava definitivamente errado. Maria se aproximou com cuidado, tentando não assustar a garota.
— Oi, minha filha — disse ela suavemente. — Por que você não foi para a escola hoje? A menina levantou os olhos lentamente e olhou para Maria.
Seu rosto estava mais pálido do que antes, e suas mãos tremiam levemente. — Eu não estou me sentindo muito bem — respondeu ela, a voz fraca e quase inaudível. Maria sentiu um aperto no coração.
A menina claramente precisava de ajuda e parecia estar sozinha. — Você tem alguém que possa te ajudar? — perguntou Maria, tentando parecer o mais acolhedora possível.
A menina balançou a cabeça negativamente, e os olhos começaram a encher de lágrimas. — Não quero incomodar ninguém — sussurrou ela. Maria se sentou ao lado dela no banco, colocando a cesta de ovos no chão.
— Incomodar? De jeito nenhum! Todos nós precisamos de ajuda às vezes; não é fraqueza pedir ajuda, querida.
O que está acontecendo? A menina hesitou, mas então soltou um suspiro pesado, como se estivesse carregando um fardo. — Eu estou muito cansada.
Minha mãe está doente e eu tenho que cuidar dela. Quando chego da escola, faço o jantar, cuido da casa, tento fazer o que posso. .
. — mas ela parou, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Eu não consigo mais e não tenho ninguém para pedir ajuda.
Maria sentiu uma tristeza profunda pela situação da garota. Ela sabia o que era se sentir sozinha e sem ninguém para recorrer. — Querida, eu sei que não nos conhecemos bem, mas me deixe ajudar você — disse Maria com firmeza, olhando nos olhos da jovem.
— Eu posso ir até sua casa ajudar com sua mãe. O que precisar, você não precisa carregar isso tudo sozinha. A menina olhou para Maria, surpresa.
— Sério? Você faria isso por mim? — perguntou, a voz embargada.
Maria assentiu. — Claro que sim! Ninguém deveria passar por isso sozinha.
Vamos, me mostre onde você mora e eu vou te ajudar com o que for preciso. A menina agradeceu e se apresentou como Bruna. Bruna tinha 13 anos e era muito magra e alta, porém era perceptível que a vida dela não era fácil e a magreza era por falta de comida.
Maria a elogiou e disse que ela poderia ser modelo. — Obrigada, Dona Maria — disse Bruna, um pouco envergonhada, com um sorriso tímido. Ao chegar na casa de Bruna, Maria viu a mãe dela sentada na cama.
A mulher era tão magra quanto Bruna e parecia bem doente; a tosse seca e insistente ecoava pela casa simples e mal iluminada. Bruna apresentou sua mãe como Fátima, e Maria sentiu um aperto no coração ao ver a situação em que ambas viviam. — Oi, Dona Fátima, eu sou.
. . "A Maria, amiga da Bruna, trouxe alguns ovos para vocês poderem comer hoje," disse Maria, estendendo a cesta.
Fátima sorriu, fraco, o rosto pálido e marcado pelo cansaço. "Muito obrigada, Dona Maria. A senhora é muito gentil.
A senhora está com uma tosse forte? Faz muito tempo que está assim? " perguntou Maria, preocupada ao notar que Fátima suava e parecia febril.
"Bruna, se adiou. Minha mãe pegou uma gripe há dias, mas não melhora. Eu faço o que posso," mas Maria não precisou ouvir mais.
Ela sabia que, naquela situação, apenas remédios caseiros não iriam ajudar. "Dona Fátima, a senhora está com febre alta, sabia? " disse Maria, tocando a testa da mulher.
"Precisa ir ao médico. Eu vou dar um jeito de te levar, mas antes vou preparar algo para fortalecer um pouco sua saúde. " Maria deixou a casa rapidamente e foi até o mercadinho mais próximo.
Com o pouco dinheiro que tinha, comprou um frango e alguns temperos. De volta à casa de Fátima, ela começou a cozinhar uma sopa. Bruna a observava atentamente, ajudando da forma que podia, e logo o aroma de comida fresca encheu o ambiente.
"Essa sopa vai te dar um pouco mais de forças," disse Maria, colocando uma tigela nas mãos trêmulas de Fátima. "Eu não sei como agradecer," murmurou Fátima, entre goles da sopa. "Não precisa agradecer agora.
Descanse um pouco. Amanhã eu te levo ao médico e a Bruna fica em casa cuidando das coisas. " No dia seguinte, como prometido, Maria ajudou Fátima a se vestir e a levou ao posto de saúde.
Fátima estava relutante em deixar Bruna sozinha, mas Maria insistiu que seria melhor a menina ficar em casa. A pequena casa hospitalar estava cheia, e Maria e Fátima esperaram por horas até que Fátima finalmente fosse atendida. O diagnóstico do médico foi direto: pneumonia.
Ele não hesitou em internar Fátima imediatamente, já que a situação era grave. Maria garantiu que cuidaria de Bruna enquanto Fátima estivesse no hospital, e Fátima, sem muitas opções, aceitou com um suspiro de alívio. "Dona Maria, não sei o que faria sem a senhora," disse, com os olhos cheios de lágrimas, enquanto era levada para o quarto no hospital.
"Não se preocupe, Fátima. Eu cuido da sua menina e da sua casa. Você só precisa se concentrar em melhorar, tá bem?
" respondeu Maria, com um sorriso reconfortante. Durante quase uma semana, Maria cuidou de Bruna como se fosse sua própria filha. Comprou alimentos, cozinhou para ela e ajudou a manter a casa em ordem.
Bruna parecia reviver sob os cuidados de Maria; sua pele estava mais corada e sua magreza menos evidente. Cada dia que passava, a menina sorria um pouco mais, como se sentisse alívio em ter alguém cuidando dela. Quando Fátima finalmente voltou para casa, ela ficou surpresa ao ver Bruna mais saudável.
"Minha filha, você está tão diferente! " exclamou Fátima, abraçando Bruna com o pouco de força que tinha. "Bruna sorriu, abraçando a mãe de volta.
'A Dona Maria cuidou muito bem de mim, mãe! Ela até encheu a geladeira de comida! '" Fátima olhou para Maria com os olhos marejados de gratidão.
"Eu realmente não sei como agradecer, Dona Maria. A senhora foi como um anjo para nós. " Maria sorriu, embora seu coração estivesse pesado.
"Não precisa me agradecer, Fátima. Só cuide bem de você e da Bruna. Agora eu preciso voltar para minha casa.
" Maria despediu-se das duas com um abraço caloroso, sentindo-se satisfeita por ter ajudado. No entanto, conforme caminhava de volta para sua casa, o peso da realidade começou a se instalar em seus ombros. Ela havia tirado tudo o que tinha de sua própria geladeira para dar à Bruna e à mãe, e agora não sabia como iria sobreviver nos próximos dias.
Ao chegar em casa, a geladeira vazia parecia um eco das preocupações que preenchiam sua mente. Maria se sentou à mesa da cozinha, encarando o vazio. Ela havia feito o que seu coração lhe mandou, mas agora a dúvida sobre o futuro a assombrava.
"Eu fiz o certo," sussurrou para si mesma, tentando se convencer de que, de alguma forma, tudo daria certo. No entanto, as próximas semanas seriam difíceis, e Maria sabia que teria que encontrar uma solução para continuar ajudando as pessoas sem sacrificar sua própria sobrevivência. Maria passou por muita dificuldade depois de ajudar Fátima e Bruna.
Porém, devido à sua ajuda, as duas estavam mais felizes e saudáveis. Bruna agora tinha mais forças para estudar, e Fátima conseguiu voltar a trabalhar como diarista. Mesmo assim, Maria ainda ajudava as duas, dando parte de sua colheita e dos ovos que tinha.
Meses haviam passado, e Maria estava visivelmente mais magra. Bruna e Fátima notaram e frequentemente perguntavam se estava tudo bem, mas Maria, sem querer preocupar ninguém, mentia, dizendo que sim. Certa tarde, Bruna chegou até Maria com uma expressão radiante, claramente animada com alguma notícia.
"Dona Maria, preciso te contar uma coisa! " exclamou, quase sem fôlego. "Eu fui chamada para trabalhar como modelo!
" Os olhos de Maria se iluminaram com a notícia, e ela sorriu, embora estivesse surpresa. "Sério, minha filha? Que maravilha!
Você merece isso," disse Maria, segurando o rosto de Bruna com carinho. "Eu sempre disse que você tinha talento! " "É uma empresa séria," continuou Bruna, animada.
"Minha mãe vai junto comigo e, se tudo der certo, nunca mais passaremos por dificuldades. " Maria sentiu uma alegria genuína ao ver o sucesso que Bruna estava prestes a alcançar, mas notou que, de repente, o rosto da jovem ficou mais sério. "Mas tem uma coisa que me deixa triste," confessou Bruna, com um suspiro.
"Eu vou ter que me mudar para outra cidade. Vou sentir muita saudade da senhora. " Maria, sem deixar transparecer a tristeza que começava a se formar em seu peito, sorriu e apertou o rosto de Bruna de leve.
"Ah, minha filha, não se preocupe comigo. O importante é que você está seguindo o seu caminho, crescendo na vida. Eu ficarei feliz só de saber.
" "Que você está bem e realizando seus sonhos", respondeu Maria, escondendo a emoção. "Vou sentir sua falta. " "Claro, mas ficarei aqui torcendo por você sempre.
" Bruna a abraçou com força, e Maria retribuiu o gesto, segurando a lágrima que ameaçava escapar. Era um momento agridoce: por um lado, Bruna e Fátima finalmente teriam uma chance de uma vida melhor; mas, por outro, Maria sabia que ficaria ainda mais sozinha. O dia da partida de Fátima e Bruna chegou.
Quando o carro chegou para levá-las, Bruna deu um último abraço em Maria, com lágrimas nos olhos. "Vou escrever pra senhora", disse Bruna, tentando sorrir entre as lágrimas. "Eu vou estar esperando suas cartas, minha filha", respondeu Maria, beijando a testa da garota.
Fátima também abraçou Maria, agradecendo mais uma vez por tudo que ela fez por elas ao longo dos anos. "A senhora foi como uma segunda mãe para mim. Dona Maria, nunca vamos esquecer o que fez por nós", disse Fátima, com a voz embargada.
"Vocês foram como a família que eu nunca tive. Vão em paz, e não se preocupem comigo", respondeu Maria, com um sorriso forçado. E, com isso, Fátima e Bruna se despediram e partiram.
Maria observou o carro desaparecer ao longe, com o coração apertado. Embora triste, no fundo ela estava feliz por elas; sabia que era a chance de Bruna brilhar e de Fátima finalmente ter uma vida mais tranquila. Os anos passaram, e a vida de Maria mudou bastante.
Agora, já com certa idade, ela não conseguia mais plantar e vender suas hortaliças como antes. Suas galinhas já não produziam tantos ovos, e a falta de recursos a obrigou a mudar de vida. Ela encontrou um emprego como cozinheira em uma pequena fazenda cujos donos eram boas pessoas.
Eles deixaram Maria morar em uma cabana nos fundos, o que, para ela, era uma bênção, já que não podia mais pagar aluguel. A vida, apesar de ainda ser difícil, estava melhor. Maria tinha um teto sobre a cabeça e um trabalho que a mantinha ocupada.
No entanto, sua tranquilidade estava prestes a acabar. Uma manhã, enquanto preparava o café para seus patrões, o casal chegou com uma notícia que Maria não esperava. "Maria, precisamos te contar algo", começou Marta, a patroa, com uma expressão preocupada.
"Estamos vendendo a fazenda", completou João, seu marido. "As coisas ficaram complicadas para nós financeiramente, e vamos nos mudar para um apartamento na cidade. " Maria sentiu um aperto no peito ao ouvir aquelas palavras, mas tentou manter a calma.
"Vender a fazenda? ", perguntou Maria, quase em um sussurro. "E o que vai acontecer comigo?
" "Nós já conversamos com o novo dono", explicou Marta, tentando tranquilizá-la. "Ele disse que manterá todos os empregados. Não se preocupe, Maria, tudo vai continuar bem para você.
" Mas as palavras de Marta pouco acalmaram Maria. Ela já sabia quem era o novo dono: Lucas, um homem conhecido por ser narcisista e cruel. Ele maltratava os funcionários e era famoso por sua impiedade.
Maria sabia que ele não iria permitir que ela continuasse morando na cabana. "O Lucas? ", murmurou Maria, sem esconder sua apreensão.
"Ele não é um homem fácil. Tenho medo de que ele não me deixe ficar. " João colocou a mão no ombro de Maria.
"Vamos conversar com ele. Daremos boas referências suas. Talvez ele veja o valor do seu trabalho", disse ele, tentando confortá-la.
Maria apenas assentiu, mas, no fundo, sabia que as palavras deles pouco mudariam a decisão de Lucas. Ela precisava começar a pensar no que fazer quando aquele inevitável momento chegasse. No dia seguinte, Maria estava ocupada na cozinha, preparando o almoço para os patrões, quando avistou um carro luxuoso chegando pela entrada da fazenda.
Seu coração afundou imediatamente, pensando que seria Lucas, o novo dono, finalmente aparecendo para formalizar a compra da fazenda e trazer consigo a mudança que tanto temia. Mas, para sua surpresa, do carro não saiu Lucas. Em vez disso, uma mulher alta, elegante e extremamente bonita desceu do veículo.
Maria piscou algumas vezes, tentando ajustar os olhos; havia algo familiar naquela mulher, mesmo com a roupa de alta costura e os óculos escuros. E então, quando a mulher retirou os óculos e olhou diretamente para Maria, o reconhecimento foi instantâneo. Aquele olhar doce, apesar das mudanças, era inconfundível.
"Bruna! " "Maria! " murmurou, surpresa e incrédula ao mesmo tempo.
Bruna, ao avistar Maria, abriu um largo sorriso e correu em sua direção, gritando de felicidade. "Dona Maria! " A voz de Bruna estava cheia de alegria enquanto ela se aproximava rapidamente.
As duas se encontraram no meio do caminho, e o abraço apertado que trocaram foi cheio de emoção e saudade. Maria, agora com os olhos marejados, não conseguia acreditar na transformação que via diante de si. "Bruna, minha filha," disse Maria, emocionada.
"Você está tão, tão diferente, mas ainda é a mesma garota de sempre. " Bruna riu, secando uma lágrima teimosa que escorria por seu rosto. "Eu estava morrendo de saudades da senhora.
Dona Maria, não imagino o quanto pensei na senhora durante esses anos. " Sorriu feliz por ver a garota que havia ajudado crescer tanto na vida, mas ainda mantendo o carinho e a humildade de antes. "O que você está fazendo aqui?
", perguntou Maria, curiosa. "Eu achei que você estava sempre viajando, desfilando pelo mundo. " Bruna colocou as mãos nos ombros de Maria e sorriu.
"Vim para ficar, Dona Maria. Já não preciso mais viajar tanto. Eu consegui me estabilizar financeiramente e agora quero voltar para cá, para onde tudo começou.
Quero criar raízes de novo aqui na minha cidade. " Maria mal conseguia acreditar no que ouvia. Ver Bruna de volta e com tanto sucesso era como um sonho.
"Estou tão feliz por você", disse Maria, ainda segurando as mãos de Bruna. As duas conversaram por um longo tempo, rindo e relembrando os momentos difíceis que haviam compartilhado no passado. Bruna contou sobre seu sucesso como modelo, as viagens e como tudo mudou desde que Maria a ajudou quando ela mais precisava.
" Sua vez foi um pouco mais reticente em contar suas próprias dificuldades recentes, mas Bruna, observadora como sempre, logo percebeu que algo estava errado. — Dona Maria, a senhora está morando aqui nessa fazenda? — perguntou Bruna, olhando para a cabana nos fundos.
Maria assentiu com um leve suspiro. — Sim, mas estou prestes a perder o lugar onde moro. A fazenda está sendo vendida e o novo dono não vai me deixar ficar.
Maria olhou para o chão, tentando disfarçar sua tristeza. Bruna franziu a testa, claramente preocupada. — Não!
Isso não pode acontecer! — disse Bruna, determinada. — A senhora me ajudou tanto no passado e eu jamais permitiria que ficasse desamparada.
Grata pela preocupação de Bruna, mas com um pouco de descrença, Maria respondeu: — Ah, minha filha, eu não quero te preocupar com os meus problemas. Você já fez tanto por mim simplesmente voltando para cá. Mas Bruna não estava disposta a aceitar a situação.
Ela colocou as mãos nos quadris e olhou ao redor, examinando a fazenda. — Estamos procurando um lugar para morar e essa fazenda parece perfeita. Maria olhou para Bruna, surpresa.
— O quê? Você está dizendo que quer morar aqui? Mas essa fazenda já está à venda para outra pessoa!
E além disso, você tem tanto dinheiro! Assim, Bruna sorriu e, em resposta, puxou uma bolsa de couro que carregava. Do carro, ela tirou algumas revistas e as entregou a Maria.
— Olha só isso! — disse Bruna, mostrando as capas de revistas internacionais em que ela aparecia como destaque. — Fiz bastante sucesso nesses últimos anos, Dona Maria.
Maria olhou para as revistas, maravilhada, não conseguindo acreditar no quanto Bruna havia crescido. — Minha Nossa! Você se tornou uma estrela!
— disse Maria, com um sorriso orgulhoso. — E graças à senhora! — respondeu Bruna, segurando a mão de Maria.
— Agora, quanto à fazenda, deixe comigo. Vou fazer uma oferta que eles não poderão recusar. E Bruna fez exatamente isso.
Ela entrou em contato com os antigos patrões de Maria e, em poucos dias, conseguiu fechar o negócio. A fazenda agora pertencia a Bruna e Fátima. No dia da mudança, Maria observava de longe enquanto os móveis eram descarregados e organizados dentro da casa principal.
Quando Fátima desceu do carro, Maria correu para abraçá-la. As duas se abraçaram como velhas amigas que não se viam há anos. — Fátima, você está tão bem!
— exclamou Maria, observando a mulher que antes era tão frágil e doente, agora cheia de vida. — Graças a você! — respondeu Fátima, sorrindo.
— Agora temos uma nova chance de vida e tudo começou com a sua ajuda, anos atrás. Após um tempo, quando as coisas finalmente estavam organizadas, Maria voltou para sua cabana nos fundos da fazenda, planejando descansar. No entanto, ao chegar lá, encontrou a porta trancada.
Confusa, ela tentou abrir a porta, mas não conseguiu. — Mas o que está acontecendo? — murmurou para si mesma.
Nesse momento, Bruna apareceu atrás dela, sorrindo. — Dona Maria, o seu lugar não é mais aqui! — disse Bruna, com um tom sério, mas com um sorriso caloroso nos lábios.
— O quê? — Maria perguntou, sem entender. Bruna se aproximou e segurou as mãos de Maria.
— O seu lugar é com a gente, na casa principal. Graças à sua ajuda, estamos bem hoje em dia. Você é parte da nossa família agora, e família mora junto.
Maria sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos. As palavras de Bruna a tocaram profundamente e ela não conseguiu conter a emoção. — Eu.
. . eu não sei o que dizer.
. . — Maria disse, a voz embargada.
Bruna a puxou para um abraço. — Não precisa dizer nada, Dona Maria. Só vem comigo.
A senhora vai morar com a gente agora. Maria chorou de emoção e abraçou Bruna com toda a força. As duas, de mãos dadas, entraram juntas na casa da fazenda, onde Maria finalmente se sentia parte de uma família.