Cresci em Medelim, onde as montanhas abraçam o céu e as flores parecem dançar com o vento. Minha mãe, Maria Helena, era a pessoa mais forte que já conheci. Todo dia, ela acordava antes do sol nascer para organizar sua pequena banca de frutas no mercado central; suas mãos calejadas pelo trabalho árduo sempre encontravam força para me abraçar quando eu chegava da escola.
Nunca tivemos muito dinheiro, mas minha mãe fazia milagre com o pouco que ganhava. Durante a semana, ela vendia frutas; nos fins de semana, fazia faxina nas casas dos mais afortunados. Camila, ela sempre me dizia, nunca dependa de homem nenhum para viver.
Seu pai nos abandonou, mas isso nos fez mais fortes. O abandono de meu pai, quando eu tinha apenas 5 anos, foi minha primeira lição sobre a dureza da vida. Ele simplesmente desapareceu uma manhã, deixando apenas uma nota sobre a mesa da cozinha.
Minha mãe nunca se permitiu chorar na minha frente; ela secava as lágrimas escondida, pensando que eu não percebia. Mas eu sempre soube. À noite, eu a ouvia soluçar baixinho em seu quarto, mas pela manhã ela estava de pé, forte como uma rocha, com um sorriso no rosto e pronta para mais um dia de batalha.
Foi ela quem me ensinou o valor da independência: “Uma mulher precisa ter seu próprio dinheiro, sua própria vida”, repetia sempre. E foi seguindo seus passos que comecei a trabalhar ainda jovem, ajudando na banca de frutas depois da escola. Mas a vida tem um jeito cruel de nos surpreender.
Quando completei 18 anos, minha mãe descobriu um caroço em seu seio. O diagnóstico foi devastador: câncer em estágio avançado. Ela lutou bravamente por dois anos, usando-se a partir até ter certeza de que eu estaria bem.
Durante sua doença, intensifiquei meu trabalho: estudava pela manhã, trabalhava à tarde e cuidava dela à noite. Cada centavo que ganhava ia para seus medicamentos, numa tentativa desesperada de prolongar sua vida. Mas o câncer foi impiedoso, consumindo sua força dia após dia, até que, numa manhã de abril, ela nos deixou.
Fiquei sozinha no mundo aos 20 anos, mas as lições de minha mãe ecoavam em minha mente: “Seja forte, minha filha. Nunca deixe ninguém determinar seu valor. ” Com o coração partido, mas decidida a honrar sua memória, mergulhei nos estudos e no trabalho.
Formei-me em administração e construí minha carreira, sempre mantendo vários empregos para me sustentar. Aos 25 anos, já estabelecida profissionalmente, conheci Tomás. Ele parecia diferente dos outros homens: respeitava minha independência, admirava minha força – ou pelo menos foi isso que pensei durante nosso namoro.
Nos casamos um ano depois e, por algum tempo, acreditei que havia encontrado a felicidade que minha mãe tanto desejou para mim. Mas logo os sinais começaram a aparecer. A chegada de minha sogra, Hilda, em nossa casa foi apenas o começo de um pesadelo que eu jamais poderia ter imaginado.
Nunca esquecerei o dia em que ela chegou com suas malas enormes e um sorriso falso. “Vim morar com vocês,” anunciou, passando por mim como se eu fosse invisível. Tomás, sorrindo constrangido, apenas carregou suas malas para dentro.
Na primeira semana, Hilda começou seu reino de terror. Sutil, criticava minha comida, minha limpeza, meu trabalho. Seus comentários, cuidadosamente escolhidos para me diminuir, eram como agulhas envenenadas.
Descobri que ela vasculhava minhas gavetas quando eu estava no trabalho. Um dia, encontrei minha caixa de recordações da minha mãe revirada; o único colar que havia herdado dela havia sumido. Quando confrontei Hilda, ela fingiu indignação: “Como ousa me acusar?
Você deve ter perdido! ” Tomás começou a mudar. Seus elogios foram substituídos por críticas constantes, ecoando as palavras de Hilda.
Uma noite, encontrei meus documentos importantes rasgados na lixeira. Hilda alegou estar apenas organizando, chamando aqueles papéis de velhos e sem importância. Entre eles estava meu diploma universitário original.
Quando reclamei com Tomás, ele defendeu a mãe: “Você está ficando paranoica, Camila! Mamãe só quer ajudar! ” As humilhações se tornaram mais evidentes quando recebíamos visitas.
Hilda contava histórias embaraçosas sobre mim, muitas delas inventadas, enquanto os convidados se remexiam desconfortáveis. O pior aconteceu durante um jantar em família. Hilda, acidentalmente, derrubou vinho tinto em meu vestido branco favorito.
“Oh, me desculpe,” disse com falsa preocupação, “mas também quem usa branco para servir jantar? Qualquer dona de casa sensata saberia disso. ” Naquela noite, enquanto tentava salvar meu vestido, ouvi no quarto ao lado: “Ela não serve para ele,” dizia em voz baixa.
“É uma emergente qualquer, sem classe. Tomás merece alguém do nosso nível. ” Depois de uma pausa, sua voz ficou mais animada: “Sim, querida Verônica, você sempre foi a escolha certa para meu filho.
” O nome Verônica ficou ecoando em minha mente. Pouco a pouco, as peças começaram a se encaixar: os atrasos de Tomás no trabalho, as mensagens que ele escondia, o perfume diferente. Verônica não era apenas uma ex-namorada; era a amante que Hilda incentivava.
Na manhã seguinte, Hilda deixou sem querer o celular desbloqueado sobre a mesa. Nele, uma foto de Tomás abraçado com uma loira em um restaurante. A data era de dois dias atrás.
A legenda, enviada por Verônica, era uma punhalada: “Seu filho finalmente voltando para quem realmente merece. ” Engoli o choro e mantive a expressão neutra. Quando Hilda entrou na cozinha, ela sorriu ao ver o celular sobre a mesa, satisfeita com sua crueldade.
Naquele momento, algo dentro de mim mudou. A dor deu lugar a uma determinação fria e calculada. Eles queriam me quebrar, mas não sabiam que eu era filha de Maria Helena, e minha mãe me ensinou que algumas batalhas exigem mais do que lá; exigem estratégia.
A manhã que mudou tudo começou como qualquer outra. Desci as escadas, vestida para o trabalho, e me deparei com uma cena que parecia saída de um pesadelo: Verônica estava confortavelmente instalada em meu sofá, suas pernas cruzadas com estudada casualidade, segurando uma xícara da porcelana que minha mãe me deixou de herança. Hilda estava ao seu lado, as duas conversando como.
. . Velhas amigas.
Camila! Hilda exclamou com falsa surpresa ao me ver. Verônica veio discutir sobre a reforma que pretendo fazer na casa; o modo como enfatizou "pretendemos" fez meu estômago revirar.
Verônica apenas me observava por cima da xícara, seus olhos verdes brilhando com malícia. — Que reforma? — questionei, mantendo a voz firme.
— Ora, querida! — Verônica se manifestou, colocando minha xícara sobre a mesa sem usar o descanso, deixando uma marca, propositalmente. — Hilda me contou como você tem negligenciado a decoração.
Tomás merece um ambiente mais sofisticado! — Ela se levantou, seus saltos Louboutin marcando o piso que eu havia acabado de limpar. — Essas cortinas, por exemplo, são tão provincianas, e esse sofá deve ter saído de alguma loja popular.
— As cortinas foram escolhidas! — respondi, observando como ela deslizava os dedos, com unhas perfeitamente feitas, pelo tecido. — Oh, tenho certeza que ele apenas concordou para não magoar seus sentimentos!
— ela retrucou, com um sorriso condescendente. — Tomás sempre teve um gosto impecável! Lembro-me de como decoramos nosso primeiro apartamento, não é mesmo, Hilda?
— minha sogra assentiu com aprovação. — Vocês dois formaram um laço interessante! — respondeu, em um tom desdenhoso.
— É interessante você mencionar o passado com meu marido. — Meu! — respondi, enfatizando a palavra "meu", considerando que ele é meu marido agora.
— Essas outras coisas, além da decoração. . .
— O sorriso de Verônica vacilou por um segundo. Logo, Elinha, seu "per francês", invadiu meu espaço como uma afronta. — Vamos ser sinceras — disse, sua voz baixa e cortante.
— Tomás e eu temos uma história que precede sua aparição. Você foi apenas um desvio no caminho dele, um momento de rebeldia, digamos assim, um erro que está sendo corrigido! Hilda completou, se juntando a Verônica: — Meu filho finalmente está voltando à razão!
Verônica tirou um envelope da bolsa e jogou sobre a mesa. — Sabe o que são estas, Camila? — indagou.
— Fotos dos últimos seis meses, cada momento que Tomás passou com a amiga, enquanto você estava ocupada demais trabalhando! — Com mãos trêmulas, abri o envelope. As fotos eram punhaladas: Tomás e Verônica em restaurantes, viagens, momentos íntimos, nas costas, datas e locais anotados com caligrafia elegante.
— Por que está fazendo isso? — perguntei, minha voz quase um sussurro. — Você precisa entender seu lugar!
— Verônica respondeu, pegando uma das fotos. — Vê como ele sorria? Aqui é o sorriso dele quando está verdadeiramente feliz.
Quando foi a última vez que o viu sorrir assim para você? — Verônica sempre foi a escolha certa! — Hilda interviu, sua voz carregada de satisfação.
— Ela entende nosso mundo, nossa posição. Não precisa trabalhar como uma feirante qualquer! A referência ao trabalho de minha mãe foi como um tapa.
Antes que pudesse responder, Tomás entrou, seu rosto passando por medo e finalmente raiva. — O que significa isso? — ele perguntou, sua voz tremendo.
— Seu teatro patético acabou! — respondi. — Sua mãe e sua amante decidiram que já era hora de parar de fingir!
— Como ousa falar assim? — ele avançou em minha direção, punhos cerrados. — Você não tem razão!
— Não tenho razão? Eu sou sua esposa, que nunca entendeu seu papel! — ele explodiu.
— Olhe para você, sempre correndo para o trabalho, sempre tentando provar algo! — Verônica nunca, nunca precisou provar nada porque nasceu em berço de ouro! — completei.
— Por que tem o sobrenome certo? — Verônica riu, voltando-se para Tomás. — Ela nunca foi digna de você!
Foi então que Tomás revelou sua verdadeira natureza; seu rosto se contorceu em desprezo. — Você tem duas opções, Camila! — declarou friamente.
— Ou aceita seu lugar sob nossas condições ou sai sem nada! — Que condições? — perguntei, embora já soubesse a resposta.
— Primeiro! — Hilda se apressou. — Você vai deixar esse emprego ridículo.
Está na hora de aprender a ser uma esposa de verdade! — Segundo! — Verônica continuou.
— Você vai aceitar minha presença na vida de Tomás. Podemos até ser amigas se você se comportar! — E terceiro!
— Tomás concluiu. — Você vai parar de questionar as decisões desta casa. Chega de opiniões, chega de tentativas de controle!
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Olhei para cada um deles: Hilda com seu sorriso triunfante, Verônica exalando falsa simpatia e Tomás, o homem que eu pensei conhecer, agora uma caricatura grotesca do marido que fingi ter. — E se eu não aceitar?
— perguntei calmamente. Tomás pegou uma pasta e a jogou sobre as fotos. — Então você sai com a roupa do corpo!
A casa está no meu nome, seus investimentos estão vinculados aos meus, até seu carro está no meu nome! — Você não pode fazer isso! — sussurrei.
— Posso e vou! — Ele respondeu. — A menos que aceite nossas condições.
Verônica se aproximou, colocando uma mão em meu ombro. — Não seja tola, querida! Aceite a realidade!
Você nunca foi realmente parte deste mundo. Pense nisso como uma readequação de papéis! Naquele momento, algo dentro de mim mudou.
Uma transformação silenciosa, parecendo suave por fora, mas tornando-se dura e cortante por dentro. Pensei em minha mãe, em suas lutas, em como ela enfrentou o abandono e a doença sem jamais perder sua dignidade. — Vocês realmente acham que podem me quebrar?
— perguntei. — Querida! — Verônica respondeu.
— Você já está quebrada, só ainda não percebeu! Tomás deu um passo à frente. — Chega de drama!
Qual é sua resposta? — Olhei para as fotos, para a pasta, para o trio que me observava. Cada humilhação, cada palavra cruel, cada traição se cristalizou em minha mente, numa clareza absoluta.
— Minha resposta é esta! — falei, pegando a xícara que pertencera a minha mãe e colocando-a na bolsa. — Isso é herança da minha mãe.
O resto pode ficar! — Está cometendo um erro! — Tomás advertiu.
— Não, Tomás! — respondi, caminhando em direção à escada. — O erro foi pensar que você valia alguma coisa!
Subi para o quarto, ao som das risadas deles, mas não estava derrotada. Cada passo era um degrau em direção à minha vingança. Cada risada seria transformada em lágrimas, as deles.
No quarto, sentei-me na cama e comecei a planejar. Seria meticuloso e devastador. Eles queriam me ver quebrada, mas não faziam ideia do quão perigosos podem ser os cacos de uma mulher que não tem mais nada a perder.
Peguei meu celular e comecei. A fazer anotações, cada humilhação, cada ameaça, cada momento daquela manhã foi registrado com precisão cirúrgica. Não seriam apenas lembranças dolorosas; seriam as sementes da destruição deles.
Passei a noite inteira no quarto, ouvindo as risadas e conversas que vinham da sala. Verônica não foi embora; ao contrário, Tomás a convidou para jantar e eles fizeram questão de transformar cada momento em uma nova humilhação. "Querida, não vai se juntar a nós?
", a voz de Hilda ecoou escada acima, carregada de falsa preocupação. Verônica preparou um risoto maravilhoso, bem diferente daquela gororoba que você costuma fazer. Mantive-me em silêncio, mas podia ouvir cada palavra que diziam.
Eles aumentaram propositalmente o volume das vozes, garantindo que eu não perdesse nenhum detalhe. "Lembra daquele jantar desastroso que ela tentou preparar para seu aniversário, Tomás? ", Verônica perguntou entre risadas.
"O pato estava tão cru que quase saiu andando do prato! " Como pude me contentar com tão pouco durante todos esses anos? Tomás respondeu, sua voz carregada de escárnio: "Sabem o que encontrei outro dia nas coisas dela?
Um álbum de recortes da mãe, uma faxineira! Imaginem só, guardando lembranças de alguém que limpava casas dos outros! " Hilda se juntou à provocação.
"A maçã não cai longe do pé," Ver comentou. "Olhem só como ela se veste para o trabalho, sempre tentando parecer algo que não é. Aquelas roupas de departamento tentando imitar marcas de luxo.
" A madrugada avançou e eles continuaram sua festa particular de humilhações, repassando cada momento do nosso casamento, cada ocasião social, cada tentativa minha de me adequar ao mundo deles, transformando tudo em motivo de chacota. Mas, em vez de chorar, eu sorria; um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas carregado de promessas sombrias. Peguei meu celular e reproduzi as gravações que havia feito durante toda a noite.
Cada insulto, cada ameaça, cada momento de crueldade estava ali, registrado com clareza cristalina. "Vocês querem guerra? ", sussurrei para o quarto vazio.
"Então vamos jogar. " Acordei antes do sol nascer, minha mente clara como nunca esteve. A noite de humilhações havia me transformado, como fogo transforma metal em aço.
Vesti meu melhor conjunto executivo e desci as escadas com passos silenciosos, encontrando a casa em completo caos após a celebração da noite anterior: garrafas de vinho vazias, pratos sujos e restos de comida decoravam a sala como troféus de guerra. No sofá, Verônica dormia, deselegante, ainda vestindo o vestido da noite anterior, agora manchado de vinho. Tomás nem havia conseguido subir as escadas, adormecido na poltrona da sala.
Comecei minha vingança com sutileza. Primeiro, fotografei toda a cena: cada garrafa vazia, cada mancha no sofá, cada pose comprometedora. Depois, cuidadosamente, reposicionei alguns objetos.
A aliança de Tomás foi parar na bolsa de Verônica, junto com um batom manchado. O celular dela, acidentalmente desbloqueado, foi colocado ao lado dele, exibindo mensagens comprometedoras. "Bom dia, querida família!
", exclamei em voz alta, abrindo as cortinas com um gesto brusco. A luz do sol invadiu a sala como um intruso indesejado. Verônica se levantou, sobressaltada, seu cabelo agora uma confusão desgrenhada.
"O que—Que horas são? " "Hora de começar o dia," respondi com falsa alegria. "Ah, Verônica, tem uma mancha terrível no seu vestido Valentino!
Será que é vinho? Essas manchas são tão vulgares. " Ela olhou para baixo, em pânico, seus olhos arregalando-se ao ver o estrago.
"Meu vestido é um modelo exclusivo! " "Que pena," comentei, fingindo simpatia. "Sabe, minha mãe me ensinou alguns truques de limpeza.
Afinal, como você mesma disse, ela era boa em limpar as sujeiras dos outros. " Tomás começou a despertar, sua ressaca evidente no rosto pálido e olhos inchados. "Que barulho é esse?
" "Apenas sua futura esposa tendo um ataque por causa de um vestido arruinado," respondi calmamente. "Por falar nisso, querido, sua aliança sumiu. " Curioso, o pânico nos olhos dele foi impagável.
Ele começou a procurar freneticamente pelo anel, enquanto Verônica continuava lamentando seu vestido. Hilda apareceu na escada, seu rosto normalmente composto agora marcado por olheiras profundas. "O que está acontecendo aqui?
" "Oh, apenas estou ajudando a organizar a bagunça da festa de ontem," expliquei com doçura. "Afinal, é isso que pessoas como eu fazem, não é? Limpam a sujeira dos outros.
" Comecei a recolher as garrafas vazias, fazendo questão de fazer bastante barulho. "Interessante como algumas pessoas podem parecer tão refinadas à noite e tão diferentes pela manhã," comentei casualmente. "Pare com esse barulho infernal!
" Tomás gritou, massageando as têmporas. "Claro, querido, só estou tentando ser uma boa esposa, como vocês tanto desejam," respondi, deixando uma garrafa cair acidentalmente. "Sua vingativa," Verica sibilou.
"Ia? " eu perguntei com inocência estudada. "Imagina só!
Estou seguindo o exemplo de vocês. Aliás, Verônica, sua bolsa está aberta; não queremos que nada comprometedor caia dela, não é? " Ela correu para verificar sua bolsa, encontrando a aliança de Tomás.
O caos que se seguiu foi delicioso de assistir. Acusações começaram a voar pela sala como projéteis envenenados. "O que a dela está fazendo na sua bolsa?
" Hilda questionou, sua voz cortante. "Eu não, eu não sei, não coloquei isso aqui! " Verônica gaguejou, seu rosto perdendo a cor.
"Claro que não," comentei suavemente, "assim como não sabe como aquelas mensagens comprometedoras apareceram no seu celular desbloqueado. " Tomás correu para verificar o celular de Verônica, encontrando uma série de mensagens aparentemente enviadas durante a noite, detalhando planos e encontros futuros. "Isso é ridículo!
" Verônica protestou. "Eu nunca escreveria essas coisas! " "Não?
", perguntei, arqueando uma sobrancelha. "Interessante. Sabe, aprendi algo importante ontem à noite.
Enquanto vocês estavam tão ocupados me humilhando, aprendi que às vezes as pessoas revelam suas verdadeiras naturezas quando pensam que estão no controle. " Peguei minha bolsa e me dirigi à porta. "Ah, e sobre aquelas fotos que vocês tiraram de mim," acrescentei casualmente, "sugiro que pensem muito bem antes de usá-las.
Afinal, invasão de privacidade é crime e eu tenho provas muito interessantes sobre quem ordenou essas fotos. " "Está blefando," Hilda disse, mas sua voz tremeu levemente. "Sou mesmo," sorri, mostrando meu celular.
"Tenho gravações muito interessantes da nossa. . .
" Conversa de ontem, inclusive sobre como vocês planejaram toda essa situação. Você não ousaria, Tomás, ameaçou, dando um passo em minha direção. "Tente me impedir", respondi calmamente.
Aliás, sugiro que tomem um remédio para ressaca; vocês parecem terrivelmente indispostos para o que está por vir. Saí pela porta da frente, deixando para trás um cenário de caos e acusações mútuas. No carro, permiti-me um pequeno sorriso; isso era apenas o começo.
Eles queriam me quebrar, mas não perceberam que estavam me dando as ferramentas para sua própria destruição. Liguei o carro e parti para o trabalho, sabendo que a verdadeira vingança estava apenas começando. Cada humilhação seria devolvida em dobro, cada insulto transformado em uma arma contra eles e, o melhor de tudo, eles mesmos forneceriam a munição.
A vingança é um prato que se serve meticulosamente planejado. No escritório, comecei a organizar cada detalhe do meu próximo movimento; as gravações da noite anterior seriam apenas o começo. Eu precisava de algo mais contundente, algo que os atingisse onde mais doeria: no orgulho.
Não precisei esperar muito para que eles reagissem. Às 10 horas da manhã, Verônica irrompeu no meu escritório, ainda usando o vestido manchado da noite anterior, seu cabelo uma confusão estudada despretensiosa, que tentava parecer proposital. Sua víbora manipuladora sibilou, jogando sua bolsa sobre minha mesa e espalhando documentos importantes.
"Como ousa me fazer parecer uma idiota? " Mantive minha expressão neutra enquanto discretamente ligava a gravação do celular. "Bom dia para você também, Verônica.
Vejo que ainda não teve tempo de trocar de roupa. O vestido arruinado combinou perfeitamente com sua entrada triunfal. Você planejou tudo, não foi?
Colocou a aliança na minha bolsa, plantou aquelas mensagens no meu celular. " Ela praticamente gritava, atraindo a atenção de todos no escritório. "Interessante sua teoria", respondi calmamente, organizando os papéis que ela havia espalhado.
"Mas me diga, como eu poderia ter feito isso se passei a noite trancada no quarto, enquanto vocês festejavam minha humilhação? " "Não se faça de inocente! " Ela bateu na mesa, fazendo meu porta-canetas tombar.
"Você é exatamente como Tomás sempre disse: uma manipuladora que se faz de vítima. " Levantei-me lentamente, ajeitando meu blazer. "Sou eu a manipuladora, Verônica.
Não foi você quem arquitetou todo um plano para me humilhar? Quem tirou fotos íntimas sem meu consentimento? Quem invadiu minha casa com a clara intenção de me destruir?
Você não merece aquela vida. " Ela explodiu, seu rosto contorcido de ódio. "Olhe para você, tentando se passar por executiva com esse conjunto barato.
Você não passa de uma faxineira melhorada, igual sua mãe. " O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor; meus colegas de trabalho, que até então fingiam não prestar atenção, pararam completamente. "O que faz?
" Sorri, sabendo que cada palavra dela estava sendo gravada. "Sabe qual é a diferença entre nós, Verônica? " perguntei suavemente.
"Eu nunca precisei destruir ninguém para me sentir superior. " "Não me venha com seus joguinhos psicológicos. " Ela avançou, tentando me intimidar.
"Você vai pagar por ter me feito parecer uma idiota na frente de Tomás e Hilda. " "Ah, então é isso que mais te incomoda? Não o fato de estar tendo um caso com um homem casado, não o fato de ter invadido minha privacidade, mas sim ter parecido uma idiota?
" Ela pegou o copo de água em minha mesa e jogou o conteúdo em meu rosto. "Isto é só o começo! " ameaçou.
"Você não faz ideia do que sou capaz. " Mantive minha compostura, mesmo com água escorrendo pelo meu rosto. "Não, Verônica, você que não faz ideia do que eu sou capaz.
" Naquele momento, Tomás entrou no escritório, parecendo ainda mais desarrumado que Verônica. "O que pensa que está fazendo? " ele rugiu, avançando em minha direção.
"Seu marido veio te defender", provoquei Verônica, "ou veio defender a própria reputação? " "Você vai retirar imediatamente aquelas gravações", ele exigiu, seu rosto vermelho de raiva. "Ou quê?
" desafiei. "Vai me agredir na frente de todas estas testemunhas? Vai mostrar para todos quem você realmente é?
" Verônica riu, um som agudo e desagradável. "Testemunhas? Olhe ao seu redor, querida.
Ninguém aqui se importa com você. São todos como você: pequenos funcionários tentando parecer importantes. " "Então, por que está tão preocupada?
" perguntei, pegando meu celular. "Se ninguém se importa, não deve haver problema em compartilhar as gravações de ontem, não é? Incluindo a parte onde você admite ter mandado tirar fotos íntimas minhas.
" O rosto dela empalideceu. "Você não ousaria! " Sorri, mostrando a tela do celular.
"Que tal começarmos com o momento em que você detalha seus encontros com Tomás? Ou prefere a parte onde planeja me forçar a deixar meu emprego? " "Isso é chantagem!
" Tomás protestou, dando um passo em minha direção. "Não, querido, é justiça poética. " Nesse momento, Hilda apareceu à porta, completando o trio patético.
"O que está acontecendo aqui? " ela demandou, tentando manter sua pose de senhora da sociedade, mesmo com claros sinais de ressaca. "Sua nora está nos chantageando", Hilda, Verônica choramingou, correndo para os braços dela como uma criança mimada.
"Chantagem é uma palavra tão feia", comentei, sentando-me calmamente em minha cadeira. "Prefiro chamar de negociação. " "Você não tem provas de nada!
" Hilda declarou, mas sua voz tremeu levemente. Peguei meu tablet e mostrei a eles o arquivo que havia preparado durante a manhã: fotos deles da noite anterior, prints das mensagens no celular de Verônica e, o melhor, as gravações de áudio de todas as ameaças e insultos. "É interessante como a tecnologia moderna funciona", comentei casualmente.
"Tudo fica regrado, arquivado, impossível de negar. " "O que você quer? " Tomás perguntou entre dentes.
"Quero que saia do meu escritório agora mesmo e quando tiver condições, por escrito. " "Ah, e Verônica, da próxima vez que quiser fazer cena, escolha um vestido menos chamativo. " "Isso não acabou!
" Ela ameaçou, recolhendo sua bolsa. "You tem razão," concordei. "Está apenas começando.
" Observei enquanto eles saíam, Verônica praticamente sendo arrastada por Tomás e Hilda. Meus colegas imediatamente fingiram estupefação. Eu sabia da cena que comentariam.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para o trio, quis humilhá-los novamente. "Significado da palhaço estava apenas começando, e eu tinha todos os instrumentos necessários para fazê-los pagar por cada insulto, cada humilhação. Eles me subestimaram, pensando que eu seria uma presa fácil; mal sabiam que haviam despertado uma predadora.
'Mãe,' sussurrei para mim mesma, 'você me ensinou a ser forte, agora vou mostrar a eles o significado. ' Era como uma teia de aranha: delicada na aparência, mas mortalmente eficaz. Durante a semana que se seguiu ao confronto no escritório, mantive-me absolutamente silenciosa.
Esse silêncio os perturbou mais do que qualquer ameaça poderia. Observei à distância enquanto eles se contorciam de ansiedade, esperando meu próximo movimento. Na manhã de segunda-feira, Verônica descobriu que todas as suas redes sociais haviam sido hackeadas.
Não por mim, claro; eu apenas havia aproveitado o momento em que ela deixou o celular desbloqueado durante aquela noite de bebedeira. Suas senhas estavam todas salvas no aparelho, um presente inesperado para minha vingança. 'Suas fotos estão circulando!
' ela gritou ao telefone com Tomás, sua voz estridente ecoando pelo viva-voz que ele esqueceu de desligar em sua mesa. 'Todas aquelas fotos que tiramos escondido dela, mas agora são as minhas fotos que estão vazando! Fotos que eu nem sabia que existiam!
' 'Acalme-se,' Tomás tentou apaziguar, mas eu podia ouvir o pânico em sua voz. 'Como isso aconteceu? ' 'Como você acha?
' Verônica berrou. 'Foi ela, aquela víbora vingativa! Ela deve ter hackeado meu celular naquela noite!
' 'Impossível,' Hilda interferiu na ligação. 'Ela estava trancada no quarto. ' 'Então como explica as fotos de nós três bêbados sendo compartilhadas?
As mensagens comprometedoras que trocamos sobre ela? Os áudios das nossas conversas? ' O pânico na voz de Verônica era música para meus ouvidos.
Cada foto constrangedora que ela havia tirado de mim foi substituída por dezenas de imagens dela própria em situações muito mais comprometedoras. Cada ameaça que eles fizeram contra mim estava agora exposta para todos verem. 'Minha reputação está destruída!
' Verônica chorava. 'Minhas clientes estão cancelando contratos, minhas amigas não atendem minhas ligações! ' 'Não seja dramática,' Tomás tentou minimizar, mas eu sabia que ele estava igualmente aterrorizado.
'Drmática? Drmática? ' ela explodiu.
'Acabei de receber uma ligação do clube; estão cancelando minha sociedade devido ao comportamento inadequado documentado nas redes sociais! Tudo que construí está desmoronando! ' Enquanto eles discutiam, implementei a segunda fase do plano: um e-mail anônimo para a mãe de Verônica, uma senhora tradicional que financiava todo o seu estilo de vida luxuoso, contendo todas as provas dos últimos anos de traição, manipulação e crueldade.
O telefone de Verônica tocou novamente, interrompendo a discussão. Acalmada pela sua reação histérica, soube imediatamente que era sua mãe. 'Mamãe, eu posso explicar,' ela choramingou.
'Não, por favor, não corte minha mesada! Aqueles fotos não são o que parecem! As mensagens foram manipuladas!
' Hilda, tentando manter o controle da situação, sugeriu que se reunissem em minha casa, ainda achando que eu estaria no trabalho. Mal sabiam eles que eu havia instalado câmeras discretas em cada cômodo, transmitindo tudo diretamente para meu celular. Observei pela câmera da sala enquanto eles chegavam, cada um parecendo mais desesperado que o outro.
Verônica havia chorado todo seu make-up, seus olhos agora manchados de rímel borrado. Tomás parecia ter envelhecido dez anos em uma semana. Hilda tentava manter sua pose altiva, mas suas mãos tremiam visivelmente.
'Como ela conseguiu fazer isso? ' Verônica perguntou, desabando no sofá. 'Era para sermos nós humilhando ela, não o contrário!
' 'Ela aprendeu com a melhor,' Hilda respondeu amargamente. 'Tentamos quebrar alguém que já estava acostumada a ser forte. ' 'Tudo bem,' Verônica gritou, levantando-se abruptamente.
'Vou até aquele escritório acabar com ela! ' 'Não! ' Tomás e Hilda gritaram em uníssono.
'Por que não? O que mais podemos perder? ' Tudo deu 'ril' da sua voz, tremendo.
'Ela tem provas de tudo, das fotos que mandamos tirar dela, das ameaças, dos planos para forçá-la a deixar o emprego! ' 'E daí? ' 'Vamos negar tudo!
' 'Não podemos! ' Tomás interviu, passando as mãos pelo cabelo desarrumado. 'Ela tem gravações, vídeos.
Você não entende. Ela nos deixou cavar nossa própria cova! ' O celular de Verônica tocou novamente, outro e-mail devastador.
'Não,' ela sussurrou, suas pernas cedendo. 'A diretoria da empresa! Eles.
. . eles viram os vídeos de nós planejando destruir a reputação dela!
Estou sendo investigada por assédio moral! ' 'O quê? ' Hilda arregalou os olhos.
'Eles têm tudo! ' Verônica gritou, jogando o celular contra a parede. 'Cada palavra maldita que dissemos naquela noite, cada ameaça, cada plano!
' Tomás pegou seu próprio celular, que também começava a explodir de notificações. 'Meu Deus, as gravações! Elas estão em todo lugar!
Como ela conseguiu? ' Verônica perguntou pela milésima vez, sua voz agora embargada. 'Como uma simples—' 'Não termine essa frase,' Hilda advertiu, finalmente entendendo a gravidade da situação.
'Foi exatamente por subestimá-la que chegamos aqui. ' Naquele momento, todas as TVs da casa ligaram simultaneamente, uma pequena modificação que eu havia feito no sistema de automação residencial. Na tela, começou a rodar um vídeo daquela fatídica noite, mostrando cada momento de crueldade deles, cada palavra maldosa, cada plano mesquinho.
'Ela transformou nossa arma contra nós mesmos,' Tomás murmurou, observando horrorizado sua própria imagem na TV, bêbado e cruel, planejando minha destruição. Enviei uma única mensagem para os três: 'A vingança é como um espelho; reflete exatamente o que você projeta no mundo. Vocês quiseram me destruir, agora observem sua própria destruição.
' O pânico no rosto deles era palpável enquanto o vídeo continuava rodando nas TVs. Cada tela mostrava um ângulo diferente de sua crueldade, como um espelho multifacetado de suas próprias maldades. 'Desliguem isso!
' Verônica gritou, procurando freneticamente o controle remoto, mas era inútil; o sistema não responderia a nenhum comando deles. 'Esperem,' Hilda disse subitamente, seu rosto empalidecendo ainda mais. 'Se ela gravou tudo naquela noite, então.
. . então ela também tem as gravações sobre os planos para o divórcio!
' Tomás completou, pesadamente no sofá. 'Que planos para o divórcio? ' O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
" A pergunta dela começou a rodar um novo vídeo: uma conversa entre Tomás e Hilda, que acontecera naquela mesma noite, quando pensaram que Verônica estava no banheiro, depois que ela assinara a transferência dos. . .
A voz de Tomás ecoava pela sala: "Nos livraremos da Verônica; também ela já serviu seu propósito. " O grito de Verônica foi gutural, primitivo: "Vocês estavam me usando! " "Querida, não é o que parece," Hilda tentou intervir, mas era tarde demais.
"Não me toque! " Verônica berrou, recuando. "Eu destruí minha reputação, perdi meu emprego, minha mãe me deserdou, tudo por você!
" "Estava expli. . .
" Sua voz voou, sujeita a Verônica. "Desfi. .
. " ecoou. "Eu amilda riu amargamente.
"Não seja tola, menina; você era apenas conveniente. Assim como Camila. " Foi por um tempo.
As TVs mudaram novamente, mostrando agora uma montagem de todos os momentos em que eles haviam conspirado, não apenas contra mim, mas uns contra os outros. Cada traição, cada plano secreto, cada mentira cuidadosamente construída estava ali exposta. "Então, é isso?
" Verônica perguntou, sua voz quebrada. "Eu não significava nada. " "Você significava exatamente o que precisava que significasse," Tomás respondeu friamente.
"E agora, graças à sua incompetência, perdemos tudo. " "Minha incompetência? " Ela riu histericamente.
"Foi você quem sugeriu tirar aquelas fotos dela! Foi você quem planejou toda essa loucura! E foi você quem falhou em cada etapa!
" Hilda acusou. "Não consegui nem mesmo manter suas próprias redes sociais seguras. " Observei pela câmera enquanto eles se digladiavam, jogando acusações uns contra os outros, revelando ainda mais segredos e traições.
Minha vingança não precisava mais de minha interferência direta; eles mesmos estavam se destruindo, cada um expondo as podridões dos outros. "Sabem o que é mais irônico? " Verônica disse, finalmente enxugando as lágrimas com raiva.
"Nós três merecemos isso: cada humilhação, cada perda, cada momento de desespero. Tentamos destruir alguém que só queria viver em paz, e agora. .
. agora estamos nos destruindo. " As TVs desligaram simultaneamente, deixando-os na penumbra de sua própria desgraça.
O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo som de três celulares tocando ao mesmo tempo, mais uma leva de notificações, mais consequências de seus atos chegando para cobrar seu preço. O Efeito Dominó da vingança começou a se manifestar de formas que nem mesmo eu havia previsto. Em apenas uma semana, o império de aparências que eles haviam construído desmoronou completamente.
Verônica foi a primeira a sentir o impacto total. Na manhã de quinta-feira, ela tentou entrar no prédio onde morava, apenas para descobrir que sua mãe havia cancelado o pagamento do aluguel de seu luxuoso apartamento. "Senhora, preciso que retire seus pertences até o final do dia," o porteiro informou, sem conseguir esconder o prazer em ver sua arrogância finalmente punida.
Em pânico, ela ligou para Tomás: "Preciso ficar na sua casa; não tenho para onde ir. " "Impossível," ele respondeu secamente. "Hilda está surtando depois que suas amigas do clube descobriram sobre o vídeo onde ela admite ter forjado cartas de recomendação para entrar na diretoria.
" "E onde espera que eu vá? " ela gritou ao telefone. "Sinceramente, Verônica, não me importo; tenho problemas maiores agora.
" De fato, Tomás enfrentava sua própria derrocada. Naquela mesma tarde, ele foi chamado à sala da diretoria; as gravações onde ele planejava minha destruição haviam chegado aos ouvidos de seus superiores. "Sua postura é incompatível com os valores desta empresa," o presidente declarou.
"Não podemos manter em nosso quadro alguém capaz de tamanha crueldade. " "Mas eu construí esta filial! " Tomás protestou.
"Vocês não podem! " "Podemos e vamos," o presidente o interrompeu. "Aliás, sugiro que procure um bom advogado.
A senhora Camila apresentou provas consistentes de assédio moral e violência psicológica. " Hilda, por sua vez, viu seu precioso status social evaporar como névoa sob o sol. Suas amigas do clube, as mesmas que ela tanto usou para me humilhar, agora a evitavam como praga.
"Não posso acreditar que você planejou destruir a vida de sua própria nora," uma delas disse em mensagem de áudio que viralizou nos grupos sociais. "Você é doente, Hilda, completamente doente. " O golpe final veio quando o clube "Seu Porto Seguro", de pretensão social, convocou uma reunião extraordinária.
O resultado: expulsão por conduta inadequada e difamatória. Observei cada queda através das câmeras que havia instalado estrategicamente: Verônica chorando no saguão de seu ex-prédio, cercada por malas de grife que agora pareciam pesar toneladas; Tomás esvaziando sua sala sob olhares de desprezo dos ex-colegas; Hilda sozinha em casa, assistindo horrorizada enquanto cada pilar de sua vida social desabava. "Como ela conseguiu?
" Hilda murmurava repetidamente para si mesma, bebendo direto de uma garrafa de vinho caríssimo. "Como uma mulher tão simples nos destruiu tão completamente? " A resposta veio através de um e-mail que enviei simultaneamente para os três: "Vocês me subestimaram porque vim de baixo.
Pensaram que poderiam me quebrar porque minha mãe foi faxineira, porque não nasci em berço de ouro. Mas sabem o que aprendi com minha mãe? Que pessoas como vocês são feitas deícias e aparências; quando expostas à verdade, desintegram-se como castelos de areia.
" Verônica, desesperada, tugiu uma última cartada e apareceu em meu escritório: não mais auler, elegante e arrogante, mas destruída por si mesma. "Por favor," ela implorou, seu rímel borrado pelas lágrimas. "Você venceu, já nos destruiu; o que mais quer?
" Levantei-me calmamente, olhando-a nos olhos. "O que eu quero? Quero que você sinta cada humilhação que tentou me impor, cada dor que planejou me causar, cada momento de desespero que arquitetou para mim.
" "Eu sinto muito," ela soluçou. "Nunca deveria. .
. " "Não," cortei-a friamente. "Você não sente muito; sente muito por ter perdido, não por ter feito o que fez.
E sabe qual é a diferença entre nós duas, Verônica? Eu nunca precisei destruir ninguém para me sentir poderosa. Vocês é que me forçaram a mostrar do que sou capaz.
" Naquela noite, sentada em meu escritório, recebi três notificações diferentes: Verônica havia sido internada após um colapso nervoso; Tomás estava sendo investigado por assédio moral contra outros funcionários que, encorajados por minha história, vieram à tona; e Hilda. . .
Bem, Hilda havia tentado entrar no clube uma última vez, apenas para ser escoltada para fora pelos seguranças. A vingança não era mais minha; havia se tornado uma força própria, alimentada pela verdade que eles tanto tentaram esconder. Cada mentira que contaram, cada manipulação que realizaram, cada crueldade que planejaram estava voltando para assombrá-lo.
Mãe, sussurrei para a foto dela em uma mesa, você me ensinou a ser forte, mas nunca cruel. Entenda que, às vezes, precisamos usar a crueldade deles contra eles mesmos. O clima deixava o cenário perfeito para o grande final que eu havia meticulosamente planejado.
Verônica havia saído da clínica psiquiátrica naquela tarde, contra recomendações médicas. Seu rosto, antes perfeitamente maquiado, agora carregava olheiras profundas que nenhum corretivo poderia disfarçar; seus cabelos, antes impecavelmente arrumados, estavam ressecados pela medicação. Ela não era mais a mulher elegante que havia tentado me destruir; era apenas uma sombra de si mesma.
"Preciso falar com Tomás", ela repetia obsessivamente ao telefone. "Ele precisa me ajudar, não tenho mais nada. " Mas Tomás tinha seus próprios problemas; a investigação por assédio moral havia se transformado em um processo criminal quando outras vítimas começaram a surgir.
Seu escritório de advocacia o abandonou após as gravações vazarem, deixando-o à mercê de um defensor público. Hilda, em sua última tentativa de manter as aparências, organizou um jantar em casa. Convidou os poucos amigos que ainda respondiam suas mensagens, numa tentativa patética de provar que ainda mantinha seu status social.
Observei pelas câmeras enquanto ela arrumava a mesa com suas melhores porcelanas, suas mãos tremendo ao arrumar os talheres de prata. O vinho mais caro estava aberto para respirar; os cristais polidos reluziam sob a luz do candelabro. 7:30 da noite: ninguém apareceu.
8 horas: o silêncio era ensurdecedor. 8:30: o telefone tocou. Era Verônica, histérica.
"Abra a porta! ", ela gritava do lado de fora. "Sei que estão aí dentro!
" Hilda, já na terceira garrafa de vinho, arrastou-se até a porta. Verônica irrompeu pela casa como um furacão de desespero. "Vocês destruíram minha vida!
", ela acusou, derrubando os pratos caros no chão. "Me usaram como uma marionete e depois me descartaram. " "Você se destruiu sozinha," Hilda respondeu com desprezo.
"Sua incompetência nos custou tudo. " Tomás chegou logo em seguida, com seu terno amassado e sua gravata frouxa, revelando o homem derrotado que se tornara. "Que cenário patético," ele comentou, olhando para a mesa posta onde ninguém apareceu.
"É isso que sobrou de nós: uma louca, uma bêbada e um homem arruinado. " "Cala a boca! " Verônica gritou, avançando contra ele.
"Você prometeu que me amava, que ficaríamos juntos! " Ele riu amargamente. "Você realmente acreditou nisso?
Era apenas conveniente ter alguém tão disponível. " O tapa que Verônica desferiu ecoou pela sala. "Disponível?
Eu destruí minha vida por você! E fui muito estúpida em fazer isso! " Hilda interviu, cambaleando.
"Francamente, Verônica, você realmente achou que meu filho se casaria com alguém como você, tão vulgar? " Vulgar! Verônica pegou uma das garrafas de vinho vazias.
"Vou mostrar o que é vulgar. " Foi nesse momento que todas as TVs da casa ligaram simultaneamente. Nas telas começou a passar uma montagem de vídeos: cada momento dos últimos meses em que eles conspiraram uns contra os outros.
Tomás prometendo amor eterno a Verônica enquanto planejava descartá-la. Hilda admitindo que usava Verônica apenas para destruir meu casamento. Verônica revelando que mantinha um dossiê comprometedor sobre Tomás e Hilda, por precaução.
"Que dossiê é esse? " Tomás perguntou, sua voz perigosamente baixa. "O mesmo que ela usou para me destruir," Verônica gritou.
"Todas aquelas provas! Eu tinha guardado cópias de tudo para me proteger de vocês, sua traiçoeira! " Hilda avançou contra ela então.
"Foi você quem entregou tudo a ela! " "Não! " Verônica se defendeu.
"Ela hackeou meu celular naquela noite, encontrou tudo, inclusive. . .
" "Inclusive o quê? " Tomás exigiu. "As provas de que vocês planejavam me incriminar por tudo," ela respondeu, lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Eu era só o bode expiatório perfeito, não era? " Nas telas continuavam passando cada traição, cada plano, cada mentira exposta em alta definição. A verdade que eles tanto tentaram esconder agora os encurralava, transformando-os em animais acuados.
"Acabou," Tomás declarou, sua voz vazia. "Ela venceu, nos destruiu usando nossas próprias armas. " "Não!
" Hilda gritou. "Não vou aceitar ser derrotada por uma. .
. uma. .
. " "O quê? " Hilda, minha voz soou pelos alto-falantes da casa, fazendo-os congelar.
"Uma faxineira, uma emergente, uma mulher que vocês acharam que podiam quebrar! " O silêncio que se seguiu foi absoluto. Nas telas, agora passava uma última sequência de vídeos: cada momento em que eles tentaram me humilhar, cada insulto, cada ameaça.
Mas, dessa vez, havia algo diferente: suas expressões de crueldade vistas de fora os faziam parecer pequenos, patéticos. "A vingança," continuei, minha voz calma ecoando pela casa, "não é o prato que se serve frio; é o espelho que mostra quem vocês realmente são. " O confronto final aconteceu numa manhã de segunda-feira, quando entreguei pessoalmente os papéis do divórcio para Tomás.
Ele estava sentado em nossa antiga sala, cercado por garrafas vazias, sua aparência um reflexo perfeito de sua derrocada moral. "Como você conseguiu? " ele perguntou, sua voz rouca.
"Como você nos destruiu tão completamente? " "Eu aprendi com vocês," respondi calmamente, colocando os documentos sobre a mesa. "Cada humilhação que planejaram para mim se transformou em uma lição.
Cada insulto virou uma estratégia. Cada ameaça se tornou uma arma. " Verônica irrompeu pela porta naquele momento, seus olhos vidrados pelos medicamentos psiquiátricos que agora precisava tomar diariamente.
"Vim buscar minhas coisas," ela anunciou, mas parou ao me ver. "Suas coisas? " perguntei suavemente.
"Ah, você quer dizer os vestidos de grife que sua mãe pagou? Os sapatos importados que você usava para pisar nos outros? Receio que Hilda já tenha se livrado de tudo.
" "O quê? " Ela gritou, correndo para o quarto de hóspedes, onde havia deixado suas malas. "Hilda!
" O grito dela ecoou pela casa. "Onde estão minhas coisas? " Hilda desceu as escadas também.
"Sombra da mulher altiva que costumava ser. Vendi tudo," respondeu, sem emoção. "Precisava do dinheiro depois que você destruiu nossas vidas.
" "Eu. . .
eu destruí," Verônica avançou contra ela. "Foram vocês! Vocês me usaram, me manipularam, e você foi burra o suficiente para cair!
" "Hilda retrucou: 'Olhe para nós agora, você dopada até os olhos, Tomás, um advogado fracassado, e eu. . .
eu não tenho mais nada. Vocês têm exatamente o que merecem! '" Falei, chamando a atenção dos três.
"Cada um de vocês colheu o que plantou. Você não é melhor que nós. " Verônica tentou atacar; usou nossos próprios métodos contra nós.
"A diferença," respondi calmamente, "é que eu nunca quis isso. Vocês me forçaram a essa posição. Cada passo da minha vingança foi cuidadosamente planejado, usando as próprias armadilhas que vocês criaram.
" Tirei meu celular do bolso e mostrei a eles a tela: uma última gravação, ainda não divulgada. "Sabem o que é isso? " perguntei, embora soubesse que eles reconheceriam aquela noite específica.
"É a conversa onde vocês planejaram usar fotos íntimas para me agar, onde discutiram como iriam me forçar a deixar meu emprego, onde riram da memória de minha mãe. " "Por favor," Tomás implorou. "Não temos mais nada para você destruir.
" "Errado," corrigi. "Vocês ainda têm algo: a ilusão de que um dia poderão se recuperar disso. " Apertei Play no celular.
A gravação começou a tocar, mas não apenas ali; em cada tela da casa, em cada dispositivo conectado, a verdade final de suas maldades se revelava. "Isso está sendo transmitido ao vivo," informei. "Não apenas aqui, mas para todos os contatos de vocês.
Cada pessoa que já duvidou de minha versão da história agora está vendo a verdade completa. " Verônica caiu de joelhos, seu último fio de sanidade se rompendo. Hilda agarrou-se ao corrimão da escada, suas pernas falhando.
Tomás apenas afundou mais em sua poltrona, derrotado. "Terminei," declarei, caminhando até a porta. "Minha vingança está completa, não porque eu destruí vocês, mas porque permiti que suas próprias ações os destruíssem.
" Antes de sair, virei-me uma última vez. "Ah, e aquela xícara da minha mãe que vocês quebraram naquela noite era uma réplica; a verdadeira está comigo, assim como minha dignidade. Duas coisas que vocês nunca conseguiram tocar.
" Saí daquela casa pela última vez, deixando para trás três pessoas destruídas por sua própria maldade. No carro, peguei a verdadeira xícara de minha mãe no porta-luvas. "Conseguimos, mãe," sussurrei, acariciando a porcelana antiga.
"A senhora sempre disse que a verdade tem um jeito de vir à tona. Eu só ajudei-a a encontrar o caminho. " Liguei o carro e parti, deixando para trás não apenas uma casa, mas todo um passado de dor e humilhação.
À minha frente, o sol nascia. Não um final feliz, talvez, mas certamente um final justo. "Gostou do vídeo?
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