O que acontece se você NUNCA dormir?

O que aconteceria com o seu corpo se você decidisse nunca mais dormir? E eu não tô falando de ficar dois ou três dias acordado, eu tô falando de tentar literalmente não dormir mais. Aqui eu já posso dar uma espécie de spoiler paradoxal.

Se você tentar não dormir mais, uma hora você vai acabar dormindo pra sempre. Se é que você me entende. Mas pra gente compreender as consequências de não pregar mais o olho, a gente precisa saber, por que é tão importante dormir?

Se a gente pensar no corpo humano como uma máquina, a hora do sono é a hora de recarregar a bateria. Como você faz todos os dias com o seu celular, por exemplo. Isso é fundamental para manter essa máquina funcionando perfeitamente, com todas as engrenagens reguladas entre si.

Ou seja, o sono é necessário para garantir o equilíbrio da nossa parte física, metabólica, imunológica e até psicológica. Uma boa noite de sono nos ajuda a reduzir o estresse, aumentar a concentração, manter um peso saudável e faz bem pra nossa memória, pro nosso humor e pra nossa aparência. Por isso tudo, dormir a quantidade correta de horas todas as noites é extremamente importante.

Mas qual é essa quantidade de horas? Se você é inimigo do sono, esse vídeo foi feito pra você. E essa camiseta aqui com a fórmula da cafeína também, que faz parte da nova coleção da Loos.

Vocês têm 15% de desconto em tudo no site se usarem o cupom CIENCIATODODIA. É só clicar aqui no link da descrição ou do comentário fixado. Mas voltando ao vídeo, você já deve ter ouvido falar que todo mundo precisa dormir oito horas por dia, certo?

Mas não é bem assim. Esse cálculo depende de uma série de fatores, entre eles, por exemplo, a idade da pessoa. Para um adulto, de fato, algo entre sete e oito horas de sono de qualidade pode ser uma boa medida.

Mas para adolescentes, por exemplo, o recomendado é de 8 a 10 horas. Pode mostrar esse vídeo para sua mãe. Você me deve essa.

Já no caso das crianças, a quantidade de horas diárias de sono pode chegar a 13. E para os bebês, especialistas recomendam até 16 horas de sono todos os dias. Eu tenho muita saudade dessa época.

Mas nem sempre a gente consegue dormir todo o tempo necessário. Na média, o brasileiro até que dorme bastante. Um estudo recente mostrou que o nosso sono dura em média 7 horas e 48 minutos.

O problema é que 20% das pessoas dormem menos do que as 7 horas mínimas recomendadas para os adultos. Ou seja, tem tanta gente dormindo bastante que essa média acaba indo para cima. E conta para mim aqui nos comentários quantas horas você dorme por noite.

Mas quais são os problemas que podem afetar o sono das pessoas? O que faz uma pessoa, por exemplo, dormir muito menos do que o necessário? É claro que em alguns casos é literalmente a falta de tempo.

A rotina puxada com trabalho, estudo, longas horas no transporte público pra lá e pra cá, além da necessidade de chegar em casa e cuidar da família. Isso tudo pode fazer com que simplesmente não sobre tempo pra pessoa dormir o quanto ela precisa. Mas em outros casos existem doenças que podem afetar o nosso sono.

Algumas delas fazem a pessoa até dormir demais. É o caso da narcolepsia, um distúrbio que provoca a sonolência excessiva durante o dia, mesmo quando a pessoa já dormiu super bem a noite inteira. Ela é causada por uma alteração no equilíbrio de algumas substâncias químicas no nosso cérebro.

E como consequência, você pode estar de boa conversando com alguém, andando de ônibus ou fazendo qualquer outra coisa, quando do nada, chega um sono arrebatador que pula a fase inicial de ondas lentas e vai direto pro sono REM, que numa situação normal demora até horas pra ser atingida. É algo tão pesado que pode provocar até cataplexia, que é a perda repentina da força muscular, fazendo a pessoa desabar no chão. Inclusive o nome é cataplexia porque faz a pessoa do nada.

. . PÁ!

No chão. Tô brincando, não é por isso. Ou será que é?

Não é. Outro problema misterioso que afeta o sono de algumas pessoas é o famoso sonambulismo. É aquele distúrbio que acontece quando uma pessoa está dormindo, mas mesmo assim consegue desempenhar atividades motoras, como caminhar, comer e até, em alguns casos, falar.

Você com certeza já viu em um filme um personagem vagando com os braços estendidos como se ele fosse um zumbi. Na vida real, eu sinto que decepcionar não é bem assim. A pessoa costuma andar normalmente, inclusive de olhos abertos, com uma expressão neutra e o olhar meio.

. . distante.

As causas ainda não são totalmente conhecidas. O que a gente sabe é que isso é bem mais comum na infância. E também em homens.

Em adultos, o sonambulismo costuma estar associado a depressão, cansaço, estresse, ansiedade, febre ou a utilização de álcool, drogas e alguns medicamentos. De maneira geral, a pessoa volta a dormir sozinha, mas o sonambulismo pode ser perigoso se a pessoa bater em obstáculos e se machucar. Então, além de ser bem assustador para quem está acordado, sempre vale procurar tratamento se o seu caso for anabolismo.

E por falar em problemas assustadores, você já ouviu falar na paralisia do sono? Ou quem sabe já sofreu com ela? É uma sensação desesperadora que pode acontecer quando a gente está prestes a acordar.

Na verdade a nossa mente já está ativa, mas o nosso corpo é nesse adormecido. E com isso a gente tem consciência de que está acordado, mas simplesmente não consegue se mexer. É como se a gente estivesse de alguma forma preso no nosso próprio sono, incapaz de despertar.

E por sorte, isso dura no máximo alguns segundos ou poucos minutos. Mas talvez a doença mais assustadora ligada ao sono seja um tipo extremamente raro de insônia. É a IFF, ou insônia familiar fatal.

Familiar porque é uma doença hereditária. Ou seja, ela atinge os descendentes de uma mesma família. Mas ela é realmente muito rara.

Só cerca de 70 famílias no mundo foram diagnosticadas. E fatal, porque, bom, é um tipo de insônia tão grave que leva a pessoa à morte. E tudo acontece por causa de uma mutação genética que começa a se manifestar durante a vida adulta.

Quem tem IFF passa a ter dificuldade de dormir e rapidamente começa a apresentar confusão mental, movimento descoordenados, alucinações, e em questão de meses ou poucos anos a pessoa morre. Mas como eu falei, essa é uma condição muito, mas muito rara. Então não entra na neura de achar que você tem essa doença só porque você viu um vídeo no youtube.

De qualquer forma, se você sofre com qualquer sintoma que atrapalha o seu sono, é sempre importante procurar ajuda médica. Agora, tudo que eu trouxe até aqui foram exemplos de como o sono pode ser afetado por problemas de saúde. Mas e se alguém simplesmente optar por bagunçar o próprio sono de propósito?

Surpreendentemente, algumas pessoas se voluntariaram para testes investigando essa questão. Um teste famoso que nos ajudou a entender os efeitos da desregulação do sono foi o experimento da caverna do geólogo francês Michel Siffre. Ele passou 60 dias isolado no Breu Total, nos Alpes franceses, para estudar como o corpo dele reagiria a completa escuridão.

Será que se não tiver acesso a luz do sol o corpo humano continua funcionando em ciclos perfeitos de 24 horas em sincronia exata com a rotação da terra? E a resposta que eles descobriram é que não. A janela em que ele passou acordado entre os dois períodos de sono valeu de 6 até 40 horas.

Quer dizer, o relógio biológico ficou completamente alterado. Tanto que ele saiu da caverna jurando que ainda era dia 20 de agosto, mas na verdade já era 14 de setembro. O mesmo teste aconteceu, só que com um grupo de 15 pessoas, há alguns anos atrás.

E o resultado foi bem parecido. Os voluntários estimaram que tinham ficado 30 dias numa caverna, mas na verdade tinham ficado 40. Isso prova que, sem a luz do sol e a escuridão natural da noite, nosso corpo modifica totalmente a noção do tempo.

Mas, e como ele reagiria à falta de sono? Ou seja, retomando a pergunta do início do vídeo, o que acontece se você simplesmente nunca mais dormir? Quando se passarem 18 horas desde que você acordou pela última vez, os seus reflexos motores começam a ser prejudicados.

O efeito é parecido com o de estar levemente embriagado. Mais precisamente, algo em torno de 0,05% de álcool no sangue. Depois de 24 horas acordado, é como se essa taxa já dobrasse.

Nosso tempo de reação se torna o equivalente ao de ter 0,1% de álcool no sangue. Por isso, dirigir com sono pode ser tão perigoso quanto dirigir embriagado. E ao longo do segundo dia acordado, o nosso cérebro entra numa espécie de modo de economia de energia, igual o nosso celular quando a bateria está acabando.

Com isso, ele começa a alterar os seus padrões de atividade. Por isso, nosso comportamento pode ficar mais impulsivo e até mais agressivo. A essa altura, também é possível que a gente dê um mini cochilo sem perceber, de apenas alguns segundos.

E isso pode ser extremamente perigoso se você estiver andando na rua ou dirigindo. Com 48 horas acordado, o corpo deixa de metabolizar a glicose adequadamente. Lembra daquelas aulas de biologia na escola?

Então pra fazer qualquer atividade, nosso cérebro gasta energia que é carregada por uma molécula chamada ATP. Com a quebra dessa molécula, sobra uma outra substância chamada adenosina, que induz o sono. Então nosso cérebro detecta o excesso de adenosina e envia um sinal para o nosso corpo descansar.

Se a gente não obedece a esse alerta, o nosso organismo sente necessidade de repor a glicose. Por isso, depois de tanto tempo sem dormir, pode vir uma vontade insaciável de comer um docinho. A partir do terceiro dia sem dormir, a situação vai ficando mais crítica.

A simples luz do dia já causa irritação nos olhos que ficam extremamente sensíveis. No quarto dia a pessoa pode começar a ter alucinações e apresentar um quadro de psicose. Existem relatos de gente que entrou num estado de paranoia tão profundo que começou até a duvidar da própria identidade.

E de cinco dias em diante, é até difícil de dizer o que pode acontecer. Isso porque são pouquíssimas as pessoas que já conseguiram ficar tanto tempo sem dormir. Mas embora seja muito raro, existem exemplos impressionantes de gente que ficou até o dobro desse tempo.

Na verdade, o recorde mundial de mais tempo sem dormir é de 264 horas, o que dá 11 dias acordado. Foi o caso do estudante americano Randy Gardner, que até hoje relata sequelas desse experimento, como por exemplo uma insônia incurável. Aliás, os riscos de ficar tanto tempo acordado são tão grandes que o Guinness eliminou essa categoria do livro dos recordes.

E existem até histórias de pessoas que tenham morrido depois de virar muitas noites em claro. Foi o caso do torcedor chinês que, alguns anos atrás, tentou assistir todos os jogos da Eurocopa ao longo de semanas consecutivas, durante as madrugadas. E teve como suposta causa da morte a privação do sono somado ao consumo excessivo de álcool e de tabaco.

Tudo isso ajuda a provar a importância de boas noites de sono para a nossa saúde. Tanto é que um dos maiores especialistas do mundo nesse assunto, o neurocientista de Harvard, Matthew Walker, diz que o nosso sono é o nosso superpoder. De acordo com ele, quanto mais a gente dorme, mais a gente vive.

Mas tem que ser um sono de qualidade. Se você dorme bastante, mas um sono pobre em qualidade não adianta. Por isso ele dá seis dicas fundamentais que eu vou contar agora pra você.

A primeira é a regularidade. Tentar dormir e acordar sempre na mesma hora. Tanto nos dias úteis quanto nos fins de semana.

Pro nosso cérebro se acostumar com esse padrão. Uma dica é colocar um alarme não só para acordar, mas também para dormir. A segunda dica é a temperatura.

O ideal é que na hora de dormir o seu quarto não esteja nem muito quente, nem muito frio. Walker recomenda uma temperatura de aproximadamente 18 graus Celsius. O terceiro ponto é a escuridão.

Desligue as telas na hora de deitar. E tenha uma cortina que deixe o ambiente bem escuro quando for dormir. Se você achar melhor, então use uma máscara de dormir.

O importante é que não haja claridade na hora do sono. Em quarto lugar, é importante sair da cama pouco depois de acordar, sem ficar enrolando muito tempo. Isso porque, segundo Walker, o nosso cérebro precisa associar que a cama é o lugar de dormir.

Assim, quando você se deitar nela de noite, vai ser mais fácil de pegar no sono. A quinta dica é evitar álcool e cafeína já a partir do fim da tarde. O pesquisador diz que essas substâncias são inimigas do nosso descanso e devem ser cortadas para o nosso corpo poder descansar adequadamente.

E por fim, é preciso criar uma rotina de relaxamento. Ou seja, não adianta a gente achar que depois de um dia super agitado é só se jogar na cama e tentar dormir. O nosso cérebro não funciona como um interruptor, que pode ser ligado e desligado de uma hora para outra.

O processo de dormir se assemelha mais ao pouso de um avião. Ele tem que acontecer com calma, aos poucos, e da maneira mais suave possível. É por isso que tantas pessoas falam em higiene do sono, que nada mais é do que uma série de boas práticas, como as que eu acabei de citar, que influenciam positivamente no seu sono.

Seguindo esses passos, você tem tudo para melhorar suas noites de sono. São medidas simples, mas que vão aumentar a qualidade de décadas da sua vida. Isso não é força de expressão.

Afinal, se a gente dorme durante cerca de 8 das 24 horas do dia, isso quer dizer que nós dormimos durante um terço dos nossos dias e também das nossas vidas. Uma pessoa que vive até os 80 anos, por exemplo, vai passar quase 30 anos dormindo. Mas não pense que isso é um desperdício de tempo.

Muito pelo contrário, é graças às noites de sono bem dormidas que você vai ter disposição para viver uma vida saudável, feliz e com muita energia. Por isso, muito obrigado, até a próxima e uma boa noite. próxima e uma boa noite.