Aborto no Brasil | Thomaz Gollop

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Drauzio Varella
Para Thomaz Gollop, médico e professor de Ginecologia na Faculdade de Medicina de Jundiaí, aborto de...
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o aborto é um tabu na sociedade brasileira uma das pessoas que mais se empenhou o que mais tem se empenhado nessa discussão é o doutor thomas golpe que é professor de ginecologia da faculdade de medicina de jundiaí e todas têm posições muito claras a respeito desse tema que ele estuda acompanha e debate há décadas e é por isso que ele está aqui junto com a gente tomasse essa questão do aborto tem tantos vieses que praticamente paralisar qualquer tipo de decisão que são tantas opiniões e tão antagônicas que fica muito difícil estabelecer um caminho que a
sociedade pudesse aceitar como é que você enxerga essa complexidade toda de que maneira ela atrapalha a discussão final você falou bem há décadas eu converso sobre isso e nunca alguém me fez uma pergunta tão inteligente como a sua que traz a resposta o aborto não é uma questão polêmica com habitualmente a imprensa coloca é uma questão não consensual ou seja se eu penso de um jeito eo meu vizinho do outro não adianta que nós não vamos chegar num acordo nós possamos decidir o que é melhor na sociedade brasileira e aqui há uma resposta que parcialmente
foi dada pelo ministro temporão na gestão passada é uma questão de saúde pública só que por razões políticas a discussão terminou aí ea população ficou sem saber o que é uma questão de saúde pública porque esse é um conceito um pouco e tag um pouco difícil de pegar na mão é uma questão de saúde pública porque a lei que está aí há 70 anos ela é uma lei ineficaz não adianta você proíbe a mulher de fazer aborto e dizer que ela vai pra cadeia se o fizer primeiro porque ela não vai pra cadeia felizmente na
maior parte dos casos segundo que se alguém defender que ela deva ir pra cadeia você precisa parar de fazer medicina e eu também não vamos pegar um tijolo e cimento na mão para construir cadeia porque são milhão de pesos por ano então é uma coisa completamente sem sentido não discute maduramente esse tema se calcula que 1 milhão de mulheres façam aborto no país todos os anos esse número é calculado como que as pessoas mas como é que sabe se o aborto clandestino como é que se sabe o número total como é que você chega a
esse 1 milhão isso não é difícil tem uma uma instituição americana de chamá allan goodman que estuda o aborto no mundo há anos são uma das formas de chegar a um cálculo aproximado é que o sul no data sus informa que se tem 250 mil curetagens pós aborto por ano claro que nem todas elas são o aborto clandestino mas a maior parte sim portanto este número pode oscilar entre 750 mil e um milhão e cem e dá algo em torno de 1 milhão mas eu nunca fui a favor de puxar se foi pra cima pra
baixo se for em 500 mil são meio milhão de mulheres que convivem com esse tipo de problema e várias por dia o aborto feito em condições inadequadas ele traz riscos à saúde da mulher e essa é uma preocupação médica de saúde pública escreve pra quem não conhece o que você chama de curetagem pós-aborto eco à tarde em pós aborto é internação da mulher é você retirar o que ficou de um aborto mal feito o tecido dentro do trem que ficou e que pode infeccionar e trazer problemas para a mulher no extremo arriscar a vida dela
vi esse procedimento é que através desse do número desses procedimentos você tem uma estimativa do total de abortos mas eu acho que você colocou muito bem essa questão eles foram milhão 50 mil 200 mil 5 milhões não faz a menor diferença o projeto é esse tailan sado não é acho que você colocou bem quando disse que esse também se não for um milhão de mulheres foram 500 mil 100 mil ou 5 milhão não vai mudar porque nós temos de qualquer maneira uma situação injusta da mulher que tem dinheiro tem condições financeiras interromper a gravidez com
bons médicos e em centros razoavelmente equipados ea outra que não tem a menor condição e que procura o atendimento médico mais barato se é que pode receber o nome de atendimento médico como conciliar essa realidade com essa hipocrisia social é é a questão do dos dois brasis brasil dos ricos do brasil dos menos favorecidos evidentemente essa é uma questão que diz respeito à mulher de baixa renda e que penaliza a parte da população menos favorecida nós sabemos por exemplo que a população negra é mais acometida de março insistência e de aborto feito em condições inseguras
e completamente inadequadas então esse não há muito como conciliar nós temos que reconhecer que a lei vigente é uma lei feita na década de 30 do século passado e que ela não responde mais às demandas da sociedade brasileira há muito tempo e isso tem que ser revisto é urgente que seja revisto 48% dos bebês que nascem no brasil hoje pertencem à classe lembrar que a classe é aquela em que a renda per capta é de 75 reais por mês essas meninas engravidam me geral numa idade muito mais precoce na classe e que você encontra o
maior índice em minas grávidas abaixo dos 18 anos e abaixo dos 14 também é assim grave dão por falta de uma política de planejamento familiar que chegue até elas a sociedade não dá o planejamento familiar e na hora que a menina grávida ela é responsável e nega a ela o direito de interromper a gravidez acho que nenhum de nós é a favor do aborto nem nenhum de nós acha que o aborto é a forma de você conduzir o planejamento familiar como você vê essa essa relação entre o planejamento familiar e o aborto olhe isso não
é tão complexo é quando habitualmente perguntam bem a gente você é a favor ou contra eu digo que eu sou contra o aborto é evidente que qualquer médico é conta e é óbvio que eu sou a favor de que se evite a gravidez indesejada então é nós temos evoluído nisso você sabe o ministério da saúde há anos tem conseguido aumentar o acesso da população ao planejamento familiar e é importante que faça agora mesmo os países ricos vamos citar que dinamarca e holanda países pequenos com excelente saúde fornecida pelo estado você acaba tendo de avidez indesejada
porquê porque a jovem com você citou bem ela tem uma relação desprotegida de repente encontrou um companheiro não tava com um preservativo não estava usando pílula e acaba podendo engravidar tão um planejamento eficaz vai diminuir em muito as gestações indesejadas mas os países mais ricos do mundo mostram que o planejamento eficaz reduz bastante a gravidez indesejada mas não resolve o problema e é por isso que as leis nesses países continuam abertas e acolhendo as mulheres que eventualmente engravidam e não tem condição de levar a gestação adiante e como é que esses países é conseguiram conciliar
porque lá também há religiosos contrários à questão do aborto m pessoas que nem são religiosas vezes mas que acha que eu a partir do momento em que aconteceu a concepção você tem uma vida lhe que essa vida não pode ser interrompida como esses países que têm leis bastante abrangentes em relação ao aborto que permissivas e conseguiram conciliar essas posições antagônicas da sociedade é na frança em 75 quem saiu à frente dessa discussão foi uma mulher que então era ministra da saúde nos estados unidos foi um ginecologista chamado cristo foi tite disse que conhecia profundamente essa
questão e discutiu esta questão com a sociedade ea divisão sim e essa procura por um consenso ela é totalmente inútil porque nós nunca vamos ter uma sociedade que em massa concorde com uma única vertente nós sempre vamos ter sociedades divididas e aqueles que entendem que essa é uma questão de saúde pública e de legislação e aqueles que entendem que é uma questão de fé você pode ter sua eu tenho a minha e é uma questão de cada um de nós o direito é uma questão pública e de cidadania ele tem que procurar qual é a
melhor solução para a sociedade como um todo e o acesso a um bom atendimento médico na questão do aborto não significa que ninguém tem que recorrer a ele esse é o ponto em que as coisas as águas se encontra aqui no brasil uma situação que prazer ver me choca às vezes a mulher vítima de violência à mulher vítima de estupro como funciona isso aqui mulher vítima de estupro que ela faz vai à delegacia denuncia e ela tem direito a partir daí procurar um hospital público fazer um aborto sim ela tem já pela legislação de mim
940 o direito de interromper sua gravidez claramente do aborto e nós temos 51 serviços no brasil ligados a hospitais públicos que em tese atendem essas mulheres de longe o serviço mais estruturado é conduzido no hospital pérola byington aqui em são paulo que recentemente teve uma tese defendida pela psicóloga do serviço que chama daniela pedroso mostrando mil casos de atendimento de violência só no pérola baixo aqui em são paulo nos últimos anos existem várias cidades que tecnicamente dizem ter serviços de atendimento à violência mas por razões da política local esses serviços não funcionam na prática então
essa é uma outra questão em que nós temos uma lei que favorece o atendimento humano e adequado mas que na prática nós estamos indo devagar e sempre você com certeza se lembra que a questão de um ano uma menina de 10 anos foi grávida foi procurar um serviço público em pernambuco e o bispo local sim tem que interferir nessa questão excomungou os médicos mas ainda assim os médicos deram assistência na maternidade no recife então a gente vê aí um exemplo típico da igreja tentado interferir em questões de saúde em questões de estado e ela faz
com certa freqüência não há necessidade de boletim de ocorrência é uma decisão legal e do conselho federal de medicina a mulher não tem que a mulher e uma menina e não tem que se submeter aí é uma delegacia ela vai ao serviço que atende mulheres vítimas de violência e lá tem uma estrutura psicológica médica e toda sorte de até alimento que atenda convenientemente a lei garante esse atendimento à mulher a lei garante atendimento em 1989 começou primeiro serviço no hospital jabaquara ainda é centralizado em grandes centros como eu citei é em pernambuco no recife pernambuco
é um estado grande mas você disse em pernambuco está centralizada em recife mesmo estado enorme com gente pobre espalhada pelo estado inteiro como é que uma menina estuprada os 15 anos consegue chegar até recife que uma cidade que ela não conhece não tem dinheiro pra comprar para o transporte não tem dinheiro pra ficar em recife até resolver esse problema burocraticamente é praticamente legal direito não é assim não há como dizer diferente nós estamos caminhando lentamente por uma razão que você tangenciou muito bem há um preconceito enorme e eu acho que é uma questão cultural de
punir a mulher com a gravidez então é eu acho que isso é muito mais complexo do que só questão é legal e só questão médica entendeu acho que nós temos que refletir muito nessa questão na sua experiência pessoal você tem 11 mais uma uma experiência enorme com com os dois estratos sociais atendendo gente mais pobre hospitais públicos e atendendo gente de poder aquisitivo alto na sua clínica privada que diferença você nota em relação à questão do aborto as mulheres mais ricas com a gravidez indesejada ea mesma situação com a menina mais pobre é é um
são 20 vezes a mulher mais rica ela pode não saber onde procurar um lugar que dê um atendimento adequado do ponto de vista de jenny é mas ela chega nessa informação facilmente a questão de dois anos até eu fiz uma palestra sobre esse tema em goiânia até 600 ginecologistas e eu perguntei a eles quem podia levantar a mão que nunca tivesse vivido no consultório uma mulher de qualquer idade que viesse dizendo que estava com uma gravidez indesejada ninguém levantou a mão e disse o que é que vocês fazem todos os encaminham para algum lugar mas
ninguém assume isso na raça tá então a votamos questão de poesia é fácil mas eu não guardo são mais índigo quem faz eu não condeno isso porque não há outro jeito a fazer tá nós estamos amarrados por uma lei retrógrada aí não há como confrontar essa questão de fato muitas mulheres que fazem aborto se queixam do tratamento que recebeu das outras mulheres das enfermeiras atendentes e às vezes do próprio médico que faz o aborto veja eu eu tenho uma imagem clara de uma notícia que a folha publicou há cerca de um ano atuais em que
se noticiava que uma menina jovem que tinha engravidado e dito que não desejava gravidez foi atendida no hospital e acorrentada ao leito hospitalar isso mostra o a punição que ela sofre e ainda hoje muitas mulheres contam que são submetidas a curetagem raspagem termina sem anestesia não é incomum de maneira nós temos muito a caminhar nessa discussão que sabe que o meu tempo no hospital das clínicas aahc da universidade de são paulo o pronto socorro as minhas que viu o aborto incompleto feitos na periferia em geral com sondas que furavam a bolsa das águas eram todas
as curetagens eram feitas sem anestesia e quando a gente conversava com os professores dizia olha o absurdo fazer isso é uma coisa que dói muito dizer não se a gente começar a dar dizia pra fazer isso aqui vai ficar cheio de mulheres que fazem que vai fazer aborto é que vem completar o aborto aqui como se a mulher engravidar se só pra poder fazer um abortamento no hospital das clínicas com anestesia veja eu acho que o primeiro ue e isso é subestimar mulheres segundo nenhuma mulher engravida por sport e muito menos faz aborto com o
sport anotamos uma visão machista ruim e eu diria mais eu raramente usa este tipo de terror mas eu acho que é uma visão em relação à mulher aí eu acho que nós precisamos rever isso e com toda a força que as mulheres fazem perguntar na sociedade conquistar o mercado de trabalho eu acho que a sociedade como um todo precisa rever essas questões com urgência não é só do ponto de vista legal é do ponto de vista social e dos preconceitos também mas o o aborto é livre em diversos países alguns quais são muito diferentes no
brasil e nos países nórdicos por exemplo a china não é um país culturalmente muito diversos do nosso por outro lado foi liberado em países em que a influência da igreja católica muito mais forte do que aqui no brasil com a itália por exemplo que é o tal vaticano portugal espanha é que esses países com essa influência católica tão presente conseguiram aprovar a lei do aborto e aqui no brasil nós ficamos nesse impasse permanente esse é um ponto fundamental porque foi amplamente e bem discutido com a sociedade a questão é é a uma pesquisa que foi
feito aqui no brasil em que se perguntou só pessoas que passavam no viaduto é você é a favor da mudança da lei do aborto e muitas pessoas diziam 'não e você acha que a mulher que faz a o porto deve ir pra cadeia aí as pessoas olhavam assustados e não óbvio que não porque aqui no brasil nem se as pessoas nem sabem que a lei vigente ela condena mulher a cadeia se ela for acusada de um aborto então nós temos um tamanho terreno a percorrer e isso foi feito em portugal foi feito na espanha e
foi feito na itália quando você discutir essas questões com a sociedade civil as pessoas começam a refletir e com freqüência mudou de opinião esse que é o trajeto que nós ainda temos a percorrer mas você vê se tem uma lei que diz que a mulher que faz o aborto deve ir para a cadeia eu nunca soube de algumas que fosse acho que nenhuma delegacia no brasil prende uma mulher dessa se encaminha para uma cadeia pública na verdade a própria sociedade acabou se organizando de uma forma a não cumprir uma lei que não atende aos interesses
sociais em grande medida você sabe que houve uma clínica em mato grosso há dois ou três anos a viagem que foi invadida pela polícia e essa médica que é a dona da clínica acabou se suicidando então é aí um sistema de vigilância de exploração dessa questão é que é muito complexo então eu eu eu penso que você está correto na sua análise mas eu acho que o grande problema aqui não é igreja o grande problema aqui é desinformação das pessoas não num não sabem como lidar maduramente com esse tema e isso é uma coisa que
nos compete fazer e como você acha que isso poderia ser feito eu só vejo uma forma é a inversa discussão é usar as nossas novelas 6 - preconceituosa é muito difícil na televisão quando ali said esse tema em discussão que tem um enorme penetração nos lares fazê lo de maneira não preconceituosa então eu acho que é a mídia em geral toda ela escrita televisiva twitter facebook tudo é preciso ser acionada para começar a discutir esse tema e as pessoas poderem rever posições que são conservadoras e que não leva a nada muito menos a proteção da
saúde da mulher
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