a nostalgia digamos da depressão é um tipo de antecipação para aquela pessoa que fica E se eu tivesse feito de outro modo não é como se a nossa experiência fosse composta apenas de momentos imediatamente presentes os momentos passados estão retidos para que a experiência do Agora faça sentido né o futuro é absolutamente determinante pra experiência As Nossas ações por exemplo Elas têm uma direção que pressupõe alguma forma de antecipação a gente tá sempre antecipando a questão é que conforme a gente tá mais familiarizado com alguns contextos a gente tem a não antecipar essas possibilidades amadoras
essas possibilidades que revelam essa insegurança quando eu tô triste meu campo de visão se alter porque eu começo a olhar mais para baixo a comida fica com um gosto mais emo quando eu tô ansioso posso estar a todo momento antecipando possibilidades ameaçador e como que entender conceitos da fenomenologia pode ajudar a gente a por exemplo sofrer menos ou ser mais feliz ou qualquer coisa do tipo a finalidade é você AG [Música] estamos começando mais um luts podcast hoje eu tenho a honra de receber aqui comigo psicólogo jord tamura Obrigado cara pronunciei correto cara você sobr
isso mesmo obrigado eu pelo convite e vamos lá muito massa ali teu conteúdo não lembro como que a gente chegou em você se foi alum algum algum inscrito que sugeriu a gente chegou ali e eu comecei a consumir e é bem diferente assim é uma visão da saúde mental que é o assunto que porque eu gosto muito é muito mais aprofundada e filosófica uhum sim eu queria entender um pouquinho disso primeiramente entender um pouco da sua assim da sua formação né você é psicólogo mas eu sei que você você fez mestrado correto também sim e
Mas tem uma especializ especialista ali mais em fenomenologia né me conta um pouquinho sobre isso Car é eu sou psicólogo formado pela PUC São Paulo né sempre me interessei pela disciplina de fenomenologia que é dado na psicologia mas dentro da faculdade eu assisti a ouvinte muitas aulas de Filosofia e o conteúdo que é transmitido na filosofia é bem diferente do que costuma ser passado nas faculdades de Psicologia né Eh até porque A fenomenologia ela mesma surge enquanto uma disciplina filosófica né e com passar do tempo uma série de outros acadêmicos viram relevância dela em diversos
outros Campos do Saber dentre eles o campo da Saúde Mental legal cara eh aí o meu mestrado eu fiz na faculdade ciências médicas da Santa Casa de São Paulo né e hã O tema foi sobre esquizofrenia em blankenburg que é um desses autores da psicopatologia fenomenológica que pensou justamente eh a relevancia dessa disciplina filosófica em outros Campos do saber né no caso para pensar a natureza da esquizofrenia né pensar como é que está na cabeça da pessoa né Eh a perspectiva em primeira pessoa de alguém que tem esquizofrenia né e a tese que ele desenvolve
é a chamada perda da evidência natural e aí ele ele ele descreve isso assim como se fosse ele tenta descrever aquela experiência isso exatamente né ele procura descrever essa experiência é eu vou ter que dar um um arco né para conseguir explicar isso mas a grosso modo sim né ele procura descrever aquilo que é essencial a essa experiência né E para isso são necessários categorias de análise fenomenológicos né Eh eu vou eu vou entrar nesses detalhes né sobre a relevância da psicopatologia mas assim a princípio minha formação é essa show de bola cara então se
acho seria interessante a gente começar o papo eh criando a base primariamente sobre o que que é A fenomenologia fenomenologia [ __ ] fal tá difícil né ser legal a gente criar uma base de entender assim de uma forma mais panorâmica mesmo e depois a gente vai pode ser uhum né você vai me falando né coisas que e não fizerem sentido porque é difícil é um aprendizado lento Acho que todo toda a disciplina um pouco mais complexa eh exige um aprendizado um pouco mais lento mesmo até natural isso até saudável na verdade tal como sei
lá matemática questão de segundo grau você não aprende em um dia né Mas não é por isso também que eu vou me eximir de tentar ser didático não entendeu fala a gente vai tentando tornar isso o mais compreensivo possível H mas vou começar então sobre para falar sobre fenomenologia que é uma disciplina no campo da filosofia e portanto ela procura responder problemas de ordem filosófica né O que que são problemas de ordem filosófica né já começa então você vê que tô dando outro passo atrás eh e uma coisa que eu modo de apresentar problemas filosóficos
não é o único modo mas o Platão na chamada analogia da linha n tem analogia do Sol analogia da caverna e analogia da linha né uma das analogias que o Platão faz menção é na aquela na qual ele divide uma linha em quatro partes né Então pense uma linha dividida em quatro partes a divisão do Meio separa aquilo que é do reino do sensível e aquilo que é do reino do inteligível né talvez muitas pessoas já tenham ouvido falar dessa distinção né daquilo que a gente vê com os olhos e daquilo que a gente percebe
com o intelecto por assim dizer então a primeira divisão a do meio diz respeito a isso essas duas divisões divisões do Meio são divididas mais uma vez dando origem a quatro partes né eu vou me deter apenas na divisão referente à parte do inteligível né que são dois modos distintos de acordo com ele de de digamos lidar com as ideias uma vez que a gente tá falando do reeno do inteligível né uma delas você lida com as ideias visando digamos a sua conclusão e a outra você lida com as ideias visando os fundamentos certo né
então por exemplo eh se eu pergunto para você né Quanto é 2+ 2 ou algum cálculo matemático né se você pensa né essas ideias visando a conclusão a resposta é quatro ou seja lá com a resposta for para outro cálculo matemático né Então esse é um modo de lidar com as ideias visando uma certa conclusão interessante o outro modo é é visando seus fundamentos né Por exemplo o que é o número né quando a gente pergunta quanto é 2 + 2 a gente parte de uma premissa né um pré entendimento sobre o que que é
o número mas é uma pergunta importante de ser feita é o que que é o número ou o que que é a soma o que que é a igualdade que que é igualdade mesmo a matemática possui uma os axiomas ali da Matemática é né O que que é um axioma perfeito entende São perguntas bastante complexas né bom o número não é um objeto físico como outros por exemplo uma resposta a gente poderia pensar nesse sentido e muito mos autores né Isso não é consensual tô usando esse exemplo mais por vias didáticas mas muitos autores Você
conhece essas duas divisões da linha da linha uma referida à ciências né quando você Visa conclusões e a outra referente à filosofia outra referente a problemas filosóficos né O que que é um número é um problema filosófico entende Ah então a gente pode pensar no campo do direito a gente pensa uma determinada ação e essa ação é um crime ou não é eh e qual a natureza desse crime outra coisa você perguntar o que que é um crime o que que torna algo certo ou errado né então você vê que são dois tipos de perguntas
diferentes e aqui didaticamente eh eu vou separar o campo tanto das ciências quanto da filosofia a filosofia lida com essas perguntas o que que é o certo o que que é o errado o que que é o que que é o número assim por diante né Eh então A fenomenologia ela surge respondendo esse tipo de pergunta tanto que a pergunta o que que é o número é uma pergunta que o russ o que é o criador da fenomenologia procura responder na sua fase pré fenomenológica sim né mas essa fase pré fenomenológica ela não é indiferente
ao seu momento digamos fenomenológico né ele faz perguntas também sobre o fundamento Da Lógica né O que que torna uma proposição válida né porque eh Sócrates é homem todo homem é mortal portanto Sócrates é mortal eh Por que que isso é válido né O que que torna isso válido então em primeiro lugar né Para eu explicar o que que é fenomenologia é importante a gente ter em vista essas perguntas né E por que que eu faço essa diferença porque a fenomenologia né ela é usada é uma expressão usada de maneira bastante polissêmica conforme ela vai
alcançando outros Campos do saber né então se o meu ouvinte hoje é um psicólogo eh a A fenomenologia com o qual ele teve contato Na graduação não fala diretamente desses problemas né um psicólogo um psicólogo Clínico eh na faculdade a gente vai ver problemas no campo de um atendimento Clínico né s procura responder então mas A fenomenologia não surge Desse modo é sempre importante destacar isso né tanto que muitos alunos às vezes perguntam conforme a gente falando desses assuntos Tá mas qual a relevância disso para a prática clínica para problemas no campo da saúde mental
né que é uma pergunta muito interessante eh mas uma reconstrução fiel histórica eu tem que levar em consideração que A fenomenologia não surge com a pretensão de responder esses problemas né ela surge com a pretensão de responder problemas como o que que é o tempo o o eh como é possível um conhecimento verdadeiro e assim por diante né legal então você vê que eu tô dando um arco bem grande né mas eu começo falando sobre as perguntas que a fenomenologia e qualquer outra disciplina no campo da filosofia procura responder e essas perguntas pelo menos as
que você me falou essas primordiais e do tempo e da verdade elas Imagino que o que surgiu dali criou base para eles poderem responder outras perguntas porque senão a gente vai ficar voltando até chegar no tempo de novo né exatamente aham criou exatamente criou bases para que essas perguntas sejam respondidas e que outras disciplinas no campo das ciências eh se aproveitem dessas respostas para formular problemas novos responderem problemas novos exatamente fez sentido né fez sentido cara perfeito é eh acho que conforme eu vejo que você tá entendendo eu Suponho que o público também não perfeit
entenda tranquilo foi bem deidade cara an da gente continuar ten um presente para você Ah obrigado a insider mandou para você uma camiseta não sei se você já conhecia essa marca conhe ou falar que legal é aquela aquele clássico n camito que você não precisa passar porque Ah que essa é a melhor coisa você pá colocou na gaveta ou na mochila ela amassou você coloca no corpo ela vai desamassando sozinha bem massa é a durabilidade dela é muito alta então ela não desbota você pode lavar um monte de vezes pode deixar aí embaixo aí não
tem problema nenhum aham não tem problema nenhum ela ar regula muito muito bem a temperatura do corpo então por exemplo eu gosto de usar muito preto né em Dias de Sol assim cara de calor que tá fazendo é não consigo usar outra roupa que não seja áa porque ela é muito fresquinha a você viu pelo tecido aí é muito tranquilo usar então é espero que você goste eu sou F Marc antes meso Patrocinar aqui então é para mim a melhor roupa que eu já usei na vida acho vai curti bastante aham não para mim é
bom que eu antes de vir tava passando essa aqui né Falei Putz que chato é ess é uma mais D raiva mesmo e o pessoal quiser adquirir ou conhecer a em para quem não conhece ainda Aproveite porque agora nesse mês de março eh então não sei se você tá vendo isso depois mas durante o mês de março agora 2025 tá rolando o mês do Consumidor Uhum eu pessoalmente não sou um cara muito Consumista não costumo cair em propaganda assim de de consumo mas ider para mim vale a pena porque um negócio que você compra compra
um kit ali uma vez junta ali umas 10 peças você não precisa comprar nunca mais porque basicamente você cria um um guarda-roupa que vai durar muito tempo e que é gostoso de usar que combina com tudo então para mim vale a pena sim Você aproveitar essa promoção aí na descrição tem o link lá dentro desse link você vai encontrar eh qualquer peça da insider mas especificamente tem peças ali que vão estar com mais desconto do que outras E aí utilizando o nosso cupom que durante esse mês Só vai dar 15% de desconto mas utilizando o
nosso cupom você consegue somar aí até 35% de desconto em algumas peças Então tá valendo bastante a pena e para quem não e não conhece não sabe o que comprar não sabe o que experimentar se você por exemplo quer só ver se você vai curtir mesmo eu recomendo sempre a Tech t-shirt que é essa camiseta que eu tô usando é a que ele ganhou que é a clássica que não tem erro que todo mundo gosta mas se quiserem comprar um pouquinho mais de coisa é legal também você comprar eh roupa íntima então Eh cueca meia
calcinha esse tipo de coisa é muito bom muito confortável também e tem os kits também tem kit lá que vai vir por três camisetas aí você ganha um desconto né ã progressivo com isso enfim dá uma olhada lá no site ver o que faz sentido para você tenho certeza que você vai gostar muito o cupom é lots tá Lutz clicando no link na teoria esse cupom já aplica sozinho mas quando você for lá no teu carrinho Confere se tá Lutz mesmo para você garantir esses 15% aí e dependendo da peça que você escolher podendo chegar
até 35% e quando a gente entra então eh não sei se você já quer entrar nisso agora qualquer coisa a gente dá um passo para trás sem problema nenhum mas quando a gente entra no campo por exemplo da da Saúde Mental uhum quais são Então as as perguntas ali que A fenomenologia tenta fazer ou tenta entender por exemplo eh Será que talvez o que são doenças mentais ou será que talvez o que significa estar um doente mental O que são emoções afetos e etc é exatamente e é interessante a sua pergunta porque eu falei né
Essa é uma divisão didática que eu faço porque na prática a gente vai ver que essas perguntas elas sempre tem uma certa intersecção é um pouco filosófica e um pouco digamos Clínica né como fazer uma intervenção como eh O que que é esquizofrenia eh como é a experiência dessa pessoa específico né ela me relata a sua experiência eh De que modo eu consigo interpretar interar essa experiência eh São perguntas dessa natureza que um fenomenólogo no campo da da da Saúde Mental procuraria responder né é perguntas que diversas outras disciplinas eh do cognitivismo da psicanálise que
seja né Toda análise comportamento tentaria responder A fenomenologia ainda que seja um campo bastante heterogêneo é pensado enquanto deplina Clínica também procuraria responder essas mesmas perguntas muitas vezes de maneira diferente nem sempre de maneira contraditória né então acho que esse outro ponto não vejo eh A fenomenologia enquanto digamos uma disciplina que necessariamente contradiz as outras muitas vezes contradiz mas não necessariamente acho que um diálogo crítico com todas elas é sempre importante não para fazer um ecletismo né ên mas enfim um debate de natureza dialético sim por assim dizer né Eh eu acho que eu vou
falar voltar a falar um pouquinho da fenomenologia perfeito tá bém aí aí vai ficar mais claro eh essas perguntas até vou retomar Muitas delas inclusive o que que é afeta essa é uma pergunta muito interessante né e eh A fenomenologia tem o o seu Criador o Russel ele possui várias fases né Não vou falar delas acho que não não cabe aqui mas Além disso existem diversos outros filósofos como Martin heger Mel Ponti satre etc e todos eles têm diferenças significativas ainda que todos eles compartilhem das mesmas bases né então para explicar o que é fenomenologia
eu vou pegar a fase transcendental do Russo que é aquela com qual eu tenho mais familiaridade também não sou nenhum especialista em Russel E além disso eh acho que vai ser mais de tranquilo n e ele propõe o o método para digamos responder esses problemas que no caso é poré e a redução fenomenológica né Eh E no caso a a epé quem já teve um certo contato com a fenomenologia conhece é poré ou uma famosa frase no campo da fenomenologia que é suspender todos os pressupostos retornar as coisas mesmas etc Então epé significa isso aí
eu vou tipo eh costuma ser reproduzido desse modo né É mas eu preciso especificar mais mas a princípio sim né a resposta que eu daria a princípio eh iria por esse caminho epé Ah também Alguns chamam de suspensão fenomenológica eh então no campo pensa que para muitos psicólogos você já ouviram falar dessa expressão né suspender todos os pressupostos né pense que suspender todos os pressupostos né tal como proposto pela epé é algo realizado para responder problemas de ordem filosófica não problemas de ordem Clínica né então vamos lá né Eh o a ipé diz respeito à
suspensão de todos os pressupostos por exemplo das ciências então se eu quero investigar a respeito da natureza do tempo eu suspendo os saberes que já fo foram feitos a respeito da natureza do tempo por exemplo realizado pela pela física né [Música] e enfim teses referente à natureza do tempo a gente suspende tudo mas suspender não é negar suspender é colocar entre parênteses deixa um pouco de lado Saquei né não é negar Então essa é uma outra precaução importante porque muitas vezes a poré interpretada como uma espécie de negação das ciências mas não é né não
é essa pretensão da fenomenologia a pretensão é colocar entre parênteses né para você poder experienciar e estudar aquilo de uma forma limpa digamos assim né Exatamente exatamente depois você pode retornar aquilo para poder compor o que você tá querendo entender exatamente o caminho é esse né mas um outro pressuposto E aí que entra o grau de radicalidade do pensamento do do Russel é que você suspende um outro pressuposto que é um pressuposto mais radical e que tá presente na nossa vida cotidiana no caso pressuposto de que mundo existe né então cotidianamente eu parto da premissa
de que o Mundo Existe eu tô conversando com você eu parto do pressuposto de que você existe né que você existe de maneira independente do da minha percepção esse esse pressuposto também é suspendido né caramba é eh inclusive o ele faz muita muitas menções ao René dec que é um autor que propõe um um um método que ele considera análogo ainda que diferente né então você pressupõe todos os pressupostos tanto referente às outras ciências quanto um referente Tanto à vida cotidiana quanto as Ciências porque as ciências também pressupõe que aquilo que ela estuda existe né
beleza isso é interessante porque eu não sei se é isso mesmo que coisa você me xinga aqui e me corrige Não parece que quando você faz isso você começa a poder estudar o que é realmente a tipo a o os atributos da experiência assim A sei lá a própria experiência né esse é o ponto entendi uhum exatamente que massa Então é por exemplo eu quando eu suspendo o o o pressuposto de que essa garrafa existe não quer dizer não significa que essa garrafa desapareceria da minha frente imediatamente eu continuo percebendo uma garrafa mas eu percebo
uma garrafa sem entrar no mérito de se essa garrafa de fato existe ou não né E E com isso o que que resta O que resta é uma garrafa que aparece a mim uhum sensivelmente em uma percepção sensível né então ai [ __ ] é muito [ __ ] bicho interessante né porque a gente olha a garrafa a gente olha a caneca a gente foi criado na nossa vida que isso aqui você coloca uma água ela é assim e tem esse formato tal mas sei lá um bebê por exemplo ele não vai ter essas Sacadas
né ele não teve essas construções ainda né Uhum é um ponto interessante esse né Eh então a epor diz respeito Justamente a essa suspensão e a redução fenomenológica diz respeito a essa circunscrição a gente circunscreve o âmbito de análise que é o modo como as coisas aparecem né E as coisas aparecem necessariamente alguém no caso eu o sujeito do conhecimento nessa garrafa ela está aparecendo de um ponto de vista né Eh então você vê o o âmbito de que é circunscrito pela pela redução fenomenológica né o modo como as coisas aparecem Esse é o é
o campo de investigação da da fenomenologia tanto na filosofia quanto em outras disciplinas se a gente pensar como que o bebê percebe o mundo a gente teria que ter como referência esse campo né um exemplo que eu sempre uso é tanto filme quanto jogos de videogame que né perspectiva em primeira pessoa você vê do ponto de vista do personagem claro que eh aqui a gente tá circunscrevendo a percepção sensível né a nossa experiência não está reduzida a isso n eu penso imagino enfim né uma série de coisas mas didaticamente essa perspectiva em primeira pessoa né
Eh é aquilo que é circunscrito pela fenomenologia a partir desse método né então por isso que a gente suspende as outras ciências né aqui não é para negar que é um é um artifício metodológico por assim dizer e me parece extremamente útil isso pra gente tratar das coisas que envolvem o campo da Saúde Mental e tudo mais né É exatamente né o campo da Psicologia enquanto uma disciplina teórica e inclusive diversos outros Campos assim né aí V eh como o Russo faz considerações feito inclusive da própria física Inclusive das próprias ciências naturais né mas aí
é um outro arco que eu vou ter que desenvolver melhor né mas fica evidente exatamente a relevância disso para se pensar a saúde mental né aí uma terceira etapa n que é chamada redução hético que o Russel então ele suspende circunscreve o âmbito de análise e circunscrevendo esse âmbito de análise ele vai procurar eh responder problemas filosóficos né Eh E para isso ele descreve essências descreve aquilo que há de invariável nesse campo né Por exemplo eh quando a gente tá falando desse Campo a gente necessariamente tá falando de um sujeito do conhecimento né um sujeito
do conhecimento e coisas que aparecem né e tanto o sujeito do conhecimento quanto as coisas que aparecem eles possuem uma relação muito peculiar né não é por exemplo uma relação que a gente poderia estabelecer entre a tampa da garrafa e a garrafa ela mesma que são dois objetos distinguíveis e distintos entre si uhum eh a relação nesse esse caso entre sujeito do conhecimento e as coisas que aparecem dizem respeito mais uma distinção entre cor e superfície ou triângulo seus três lados né você não consegue pensar uma cor sem superfície se você retira a superfície de
uma cor aqui a gente considera cor inclusive o branco né Eh o a superfície se torna algo impensável né ou um triângulo sem seus três lados se a gente tira os três lados do triângulo o triângulo se torna algo Absolut totamente impensável né a relação entre sujeito do conhecimento e mundo e é dessa mesma ordem quando e fica mais claro quando a gente pensa perspectiva em primeira pessoa né porque aqui sujeito não é digamos aquilo que a gente a imagem que a gente vê no espelho o sujeito aqui é o ponto de vista você não
consegue pensar o ponto de vista sem aquilo que aparece no ponto de vista e você não consegue pensar aquilo que aparece no ponto de vista sem o ponto de vista verdade né né Eh há uma necessidade lógica né no qual você não consegue pensar uma coisa sem a outra né Então essa concepção de sujeito e essa concepção de mundo de objeto né entre aspas objeto entre aspas eh é dessa ordem você não consegue pensar uma coisa sem a outra né então já começa por aí as descobertas que a gente consegue ter no campo da eh
desse Campo né aí uma pergunta que eu tinha feito a respeito do tempo como que o tempo aparece nessa perspectiva né uma pergunta interessante porque quando eu vejo um objeto eu percebo ele temporalmente né como que tempo aparece nesse caso né então aqui que a gente vai vendo as o que o que a de interessante na nessas descobertas não em primeiro lugar tudo aquilo que aparece aparece temporalmente então temporalidade também é uma estrutura digamos essencial Sem dúvida dessa perspectiva em primeira pessoa se a gente pensa na Perspectiva em primeira pessoa não temporal a gente não
consegue pensar uma perspectiva em primeira pessoa mesmo que se fosse mesmo se fosse uma perspectiva de coisas congeladas a de eterno aquilo que é congelado também é temporal né mas de que modo o Russo procura responder isso né n existe um momento que seja eterno só dele ser eterno ele é temporal já Exatamente exatamente né Eh então Eh existem diferentes modos da da duração das coisas que aparecem se manifestar o que há de invariável em todas elas essa pergunta que A fenomenologia tenta responder para entender melhor o que que é o tempo né e o
exemplo que ele usa é o exemplo da Melodia porque é curioso como que eh eu ouço uma melodia mas quando eu ouço a última nota eu sei que essa última nota faz parte de uma melodia que é uma coisa que dura no tempo uhum né pô se as outras notas pararam de tocar como é que eu consigo eh compreender uma melodia enquanto uma melodia eh ou senão quando uma nota ainda não tocou eu já né já Espero que vai chegar naquele clímax específico como é que é possível isso né isso diz respeito de acordo com
ele à natureza da consciência né eh no caso verdade que doideira eh ou senão tô conversando com você agora Como que né eu sei que eu fui convidado para um podcast sendo que o momento que eu fui convidado Não está mais presente né Eh e o exemplo da Melodia é interessante né porque é um tan tã tan tan tan tã o que ele argumenta é que quando a gente ouve a última nota nós retemos as notas anteriores né então quando a gente tá ouvindo a última nota as outras notas não é que elas estão tocando
imediatamente Mas elas estão retidas da nossa consciência digamos para que a nota imediatamente presente faça sentido enquanto o momento da da Melodia né caso contrário seria uma coisa muito agora agora agora agora isso que você quera pensá que você a gente assim você não I conseguir experienciar nada né tipo igual você assistir um filme eh Só que você só se lembra de cada frame não o que passou né exatamente né Eh Exatamente isso não é algo que absolutamente não faria sentido né Eh inclusive você às vezes eu dava exemplo Ah tipo A a peixinha Dore
do Procurando o Nemo né mas mesmo ela tem retenção que a retenção dela no caso não lembro né Eh o não lembrar também é o modo de reter né então eu coloco a mão no bolso e meu celular não tá aqui Putz onde é que ele tá né e aquilo que é retive é não sei eh então tento relembrar de outras coisas mas só não sei é isso faz parte da Minha experiência os Então não é como se a nossa experiência fosse composta apenas de momentos imediatamente presentes os momentos passados estão retidos para que a
experiência do Agora faça sentido caramba Caso contrário é absolutamente incompreensível a experiência que temos do agora Eos momentos futuros também os possíveis momentos futuros legal e legal o modo como você colocou os possíveis momentos futuros né Eh quando eu ouço uma nota t t t né você quer resolver né É você já antecipa essa nota Mas então Eh o futuro também exatamente né o só faz sentido esse exemplo que eu fiz porque você consegue antecipar se você não fosse capaz de antecipar Talvez esse exemplo fosse mais incompreensível né quando eu assisto um filme eh Eu
muitas vezes eu espero certo vai um filme de terror eh toca um telefone pelo fato de ser um filme de terror Você já está antecipando é né E se não tivesse antecipando coisas ameaçadoras e você se você se você não antecipasse isso não faria sentido o filme de terror enquanto enquanto o filme de terror né e e começa a lincar cada vez mais com a parte da vida mesmo né com a parte da da Saúde Mental e tudo mais porque faz parte da nossa experiência ali aqueles possíveis momentos futuros que a gente fica tentando prever
né é e aquilo tá modificando a gente no momento atual sabe exatamente tá modificando nosso comportamento nosso pensamento nosas emoções exatamente né o futuro é absolutamente determinante pra experiência né se a gente suprime o futuro uma descrição da experiência não faz sentido né Eh As Nossas ações por exemplo Elas têm uma direção que pressupõe alguma forma de antecipação né isso não quer dizer que a fenologia está apontando que temos uma capacidade mágica de prever o futuro a palavra que você colocou é muito boa possíveis momentos futuros que pode pode não acontecer então no filme de
terror A gente antecipa possíveis momentos ameaçadores mas muitas vezes não acontece nada n né muitas vezes não acontece nada [Música] e não deixa de ter essa tensão Essa é a essa é a forma Dessa arte né é o cara sabe que você vai ficar tenso ali mas ele pode não não te colocar naquele clí do suso né ele vai te deixando tenso tenso tenso tenso Exatamente exatamente Porque quanto mais acontece chega próximo de acontecer e não acontece você vai ficando cada vez caramba vai vai ter alguma hora que vai acontecer exatamente você antecipa o momento
possível não necessário se fosse necessário Aí sim a gente seria capaz de prever o futuro mas não é isso que um fenom monólogo defende a gente tá sempre antecipando né a gente tá sempre antecipo que você vai fazer perguntas para mim né você tá antecipando que eu quando você faz perguntas se antecipa que eu responda algo ia ser muito estranho se eu ficasse né a entrevista inteira em silêncio sim né Eh então isso é é uma estrutura essencial da experiência né Eh aí uma outra distinção importante retenção e prenção não é o mesmo que memória
memorizar aliás melhor eh retenção e prenção não é o mesmo que rememorar relembrar e não mesmo que eh uma antecipação explícita né Como assim né então o que que você comeu ontem fazer uma pergunta para você o que que você comeu ontem arroz frango feijão né antes de você responder essa minha pergunta você antecipou possíveis respostas né imagina que você não lembre direito né então você comi arroz ou comi feijoada não não feijoada foi no outro dia então você tá antecipando é agora eu não lembro se eu comi frango ou carne por exemplo Ah o
relembrar já tem um antecipar n já tem séries antecipativas por isso que não a mesma coisa né E conforme você relembra essa cena você também tá Conforme você reproduz digamos essa imagem mental essa cena você tá retendo essa momentos dessa cena para que ela faça sentido digamos na sua cabeça entre aspas né Eh do mesmo modo que o o que é que você vai fazer amanhã né quando eu faço essa pergunta você também tem uma antecipação específica E conforme você reproduz o que você vai fazer amanhã você também tá tendo momentos retentivos né eh então
retenção e prenção é algo que eh caracteriza toda a experiência tanto a perceptiva quanto relembrar quanto fantasiar quanto enfim toda a experiência né então ah tanto Aé Quanto a redução fenomenológica permite que você circunscrevendo esse âmbito né esse campo específico você identifica uma algo que h de invariável nela e o exemplo que eu dei agora foi o caso da temporalidade né retenti né entendendo a temporalidade composta pela retenção pela protensão e pela chamada impressão Primal que é o que se manifesta no agora né outro exemplo né aí vai naquela pergunta que você tinha colocado sobre
o que que são afetos né Eh aliás vou dar um outro exemplo antes que vai ser mais vai permitir que eu responda a essa né então quando eu falo da aliás uma um outro conceito Eu já falei mas não usei o nome né mas quando eu falo que eh o sujeito do conhecimento aquilo que aparece são momentos indissociáveis né o que eu tô dizendo é que você não consegue pensar algo como a percepção pura percepção é sempre percepção de algo né Eh percepção sempre percepção de uma garrafa percepção é sempre uma percepção de uma parede
percepção pura é algo que não faria é tão contraditório quanto um um triângulo que não tenha três lados né Saquei né como você pensa uma percepção pura né esse é o ponto eh existem né definições dentro da filosofia que procuram responder algo como uma percepção pura como por exemplo autores que concebem átomos mentais né então é como se houvessem digamos uma percepção pura se junta com uma sensação pura um afeto puro nem sei se é exatamente assim que é um autor que eu não conheço tanto mas conforme esses átomos mentais se coadunam né dá origem
a fenômenos mentais complexos né Mas como você demonstra a existência disso né A fenomenologia bastante crítica desse tipo de tese né de modo que ela se pergunta tá tentem me demonstrar o que é uma per pura e porque de acordo com a fenomenologia é impossível a gente conceber algo como uma percepção pura percepção necessariamente a percepção de algo imaginação é necessariamente imaginação de algo e querer necessariamente querer algo independente daquilo que seja e isso que diz respeito a chamada intencionalidade assim como o triângulo que tem sempre três lados Exatamente é necessário n uma condição necessária
que para que a percepção se percepção né Eh cara você tá me fazendo entender essas coisas muito difícil cara tá muito bom tá muito didático Ah que bom que bom que tá dando qualquer dúvida assim Pode tranquilo que até é até bom eh eu acho até interessante que muitas perguntas que são feitas me fazem pensar até questionar A fenomenologia acho que as perguntas esses não entendimentos são importantes pro processo de aprimoramento de um determinado do saber né Eh então toda a dúvida eh eu acho bastante legítima você ia falar não sei se quer já entrar
nisso mas você ia falar da questão dos afetos lá é porque daí Deixa eu só tentar fechar um ponto aqui na minha cabeça a A fenomenologia tenta encontrar essas essas coisas que são você usou uma palavra muito boa que lembro agora mas tipo primordiais assim fundamentais invariantes invariantes invariáveis e tudo mais essenciais dentro então do campo quando a gente pula pro lado da saúde mental da psicologia e tudo mais a gente busca entender Quais são as coisas invariáveis eh da Saúde Mental em si da Consciência em si o que que seria Ah é aí depende
do tipo de pergun do ser humano depende do tipo de pergunta que você quer fazer né mas por exemplo no caso do do meu mestrado o autor procurou responder aquilo que é essencial da experiência da esquizofrenia pô que legal né aquilo que há de invariável na experiência da esquizofrenia né Há doos que pensam aquilo que é invariável a respeito da depressão que massa né Eh mas é uma pergunta possível a gente pode pensar em diversas outras né uma mais específica mais concreta é o o que como descrever esse caso Clínico por exemplo né ou como
fazer pesquisa em Saúde Mental também isso é interessante porque tem essas coisas mais específicas mas imagino que tem coisas ali que vão ser vão servir como base disso né eu vou descrever um caso eu vou falar ali por depressão eu preciso ter uma explicação para depressão antes Uhum é E aí eu queria entender quais são tio o que você imagina né que eu imagino eu pelo menos quando eu converso com a galera vocês são acadêmicos eu sei que é muito difícil encontrar todo mundo tem um consenso sobre as coisas mas o que você enxerga como
essas esses os as principais explicações que tem que ter dentro do ramo e da Saúde Mental sabe ou da Psicologia as principais explicações é a aham e ah porque se eu for explicar algo muito específico tipo um caso eu vou passar pela depressão mas a depressão sei lá é um é o qu Ah tá E aí quais são as primeiras perguntas que a gente se faz sabe no campo da Saúde Mental Cara essa é uma boa pergunta viu Quais que você acha as mais importantes assim que você mais se interessa Ah sim é eu acho
que pelo menos enquanto fenomenólogo até curioso assim né Eh eu eu gosto muito de partir dos pressupostos Então se a gente fala do campo da Saúde Mental é importante a gente saber o que que é a mente né antes e depois o que que o que conferiria um estado de saúde né e por fim o que conferiria um estado de saúde mental né eh hã por Por que tratamento de saúde mental né Acho que essa é uma pergunta no campo da Clínica muito importante que é um problema de ordem ética para que realizar essa intervenção
né E com isso não é negar intervenções mas é um problema de ordem ética interessante né Por mais que se comprove eficácia acho importante que se comprove eficácia de determinadas práticas é importante a gente se perguntar o porquê disso né eh e aí as perguntas que a gente pode fazer ah porque está de acordo com os valores pessoais da pessoa né porque a gente também tem que tomar o cuidado de não pensar em intervenções que estejam em desacordo né com aquilo que a pessoa quer né Tem pessoas que podem conviver ouvindo vozes né Tem pessoas
que não Pessoas que preferem suprimir esse tipo de sintoma né então por que fazer isso Qual a finalidade de fazer uma intervenção que suprimiria iia a experiência de escutar vozes né Essa é uma pergunta importante né acho que é perguntas de ordem ética legal por assim dizer né e acho que com esse Framework né da da da fenologia a gente consegue responder essas perguntas né eu vou eu vou voltar pro tema dos afetos mas eu vou eu vou eu tô dando esse essa introdução mas vou falar bastante de saúde mental sim né é super importante
é e pra gente entender isso é legal entender a questão dos afetos primeiro né né talvez E aí outra coisa é também da percepção a gente nunca percebe um objeto isolado a gente percebe um objeto né a gente sempre percebe um objeto num no horizonte né num campo específico não é que uma garrafa isolada uma garrafa no horizonte mesmo se fosse uma garrafa num fundo branco o fundo branco faz parte então sempre tem um fundo né E ao mesmo tempo o afeto o que que seria a concepção de afetos na fenomenologia né Essa abertura que
temos pro mundo ela tem uma espécie de Tom né uma espécie de Tom uma espécie de afinação o afeto Seria algo mais nesse sentido Então acho que a experiência de filmes deixa isso muito mais claro a atmosfera de um filme de terror de uma comédia romântica o afeto não é um elemento específico é a totalidade né a composição inteira do quadro digamos então a composição inteira dessa abertura né quando eu tô triste as coisas podem aparecer e o meu campo de visão se altera porque eu começo a olhar mais para baixo a comida fica com
um gosto mais emo etc quando eu tô ansioso eu posso estar a todo momento antecipando possibilidades ameaçadoras então o campo né o mundo se abre para mim de de um certo modo né eu vou abrir aquela porta com certo receio de que tem alguém atrás dela e me ameace né mas se eu tô feliz eu eu antecipo possibilidades boas então é o afeto diz respeito a toda essa composição né Por assim dizer e a gente pode pensar em diferentes modos como os afetos né ou toda essa composição ela mesma se configura na esquizofrenia na depressão
eh ou em casos clínicos particulares específicos que er a gente chama de depressão que a gente chame isso de esquizofrenia né mas é que tá né acho que todas essas estruturas e a gente pode pensar em diversas outras né a composição delas permite que a gente descreva experiências particulares né no campo da Saúde Mental e permite também que a gente eh entenda uma série de premissas ou fundamente melhor as premissas no campo da saúde mental né Eh até questionar fazer um diálogo crítico por exemplo ten um eh uma tese né de que eu vi num
livro de terapia cognitiva eh enfim eu não sou não um especialista né então vou fazer uma descrição bem anedótica eh mas é mais a título de exemplo né que procura descrever a estrutura da depressão enquanto um evento né que gera uma espécie de gatilho para um pensamento ansioso que gera um sentimento Ansioso né então a gente tá pensando numa relação de causalidade entre essa as três coisas o evento o pensamento ansioso e o sentimento ansioso eu nem sei se era exatamente nessa ordem Mas vamos supor que seja né Eh mas de qualquer modo uma distinção
causal Entre esses três momentos e seria bastante criticado por um fenomenólogo né Por em primeiro lugar você vê que quando eu falo de afeto ou quando eu falo de todas essas estruturas como tempo afeto a gente pode pensar em várias outras todas elas conservam uma relação de cor e superfície você não consegue pensar uma delas isolada das outras e quando você pensa pensamento ansioso e sentimento afeto ansioso Eh você tá concebendo essas duas coisas como coisas Independentes em que uma é causa da outra uma acontece antes uma acontece depois exatamente e digamos pensamento e afeto
eles não acontecem de maneiras separadas eles TM essa relação de cor e superfície Total quando estens P em algo estou pensando efetivamente algo mesmo que se for um cálculo matemático eu tô pensando num cálculo matemático Alguém poderia falar mas não tô sentindo nada esse não sentir nada também é um afeto né porque o sentir nada de fazer um cálculo matemático é diferente do sentir nada de alguém que tem uma experiência borderline ou alguém que tem uma experiência depressiva eles também falam não tô sentindo nada mas são sentires nadas diferentes caramba cara são tons de brancos
diferentes então toda a experiência composta por essa abertura afetiva entendeu isso já é muito [ __ ] uhum essa ideia né Então você já vê as a relevância disso pra saúde mental que a coisa que você mais ouve Ah não tô sentindo nada o que que é sentir nada n porque para alguém com depressão por exemplo o o sentir nada é aquele sentir mais de tipo cara as coisas não TM sentido as coisas não tem cor não tem o por eu fazer isso não vejo sentindo n cois tô fazendo já o o sentir nado de
uma pessoa que sei lá não tá num num quadro desses é mais um negócio tipo assim Ah gostaria de estar mais feliz agora sabe tipo gostaria de estar sentindo alguma coisa um gostaria de estar sentindo um um algo a mais sabe Uhum mas aquele não ah tô de boa não tô assistindo nada eu tô de boa eu tô de boa é eh at interessante isso no na clínica que muitas vezes Ah eu a gente tá falando de uma experiência ah como você tá se sentindo ao narrar essa experiência né mas ou não tô sentindo nada
po pode ser a mesma frase Mas você vê que é diferente isso é muito legal cara sério mesmo n Então esse referencial descritivo né E para entender melhor isso eu posso ter em vista o que que será que tá no campo antecipativo dessa pessoa para falar isso naquele momento né é então às vezes o depressivo é um vai é posso pensar no caso que é um certo desespero com o futuro né Eh as coisas vão continuar desse jeito e que chato né a vida ser só isso então ah não tô sentindo nada hum mas não
vai não tô sentindo nada sim é um algo com peso maior digamos então a con entender eh ah o os afetos e o o e a pessoa depressiva ela pode sentir diferentes coisas ela pode sentir uma anedonia ali mas ela que na teoria seria o não sentir mas enfim ela pode sentir isso ela pode sentir uma desesperança ou então às vezes até tipo uma nostalgia né E são são cores diferentes tem tons diferentes mas vai afundar o cara da mesma forma Exatamente é então você exatamente acho que esse referencial analítico permite que a gente conceba
de outro modo essas expressões né eh entende o encadeamento entre elas né porque um afeto nunca é um afeto Chapado é um afeto que tenha uma antecipação específica e retenções determinadas né a nostalgia digamos da da depressão é um tipo de antecipação Mas aquela pessoa que fica né um exemplo possível eu sempre evito ser muito categórico né porque as pesquisas em depressão são muito heterogêneas mas aquela pessoa e se eu tivesse feito de outro modo E se eu tivesse feito de outro modo né então ela fica lá digamos Relembrando e antecipando possibilidades que poderiam ter
acontecido mas não aconteceram não é um é uma temporalidade diferente essa poderia ter sido desse modo Aí você fica lá e a gente fica imaginando aquele cenário né então aham vira uma forma de lidar um pouco também com a depressão mas sei lá também vai piorar né é e isso faz parte digamos dessa pode fazer parte dessa estrutura afetiva muito interessante cara n Então você vai você vê quando você olha pra depressão não é uma não é tipo não é simples né des escrever aquilo cada pessoa vai ter uma uhum não só cada pessoa mas
às vezes o dia no dia a pessoa vai ter um vai se sentir diferente aquilo né É É uma experiência muito comum é pô eu tava tô triste mas de repente eu tô me divertindo com as pessoas verdade e e a pessoa se sente culpada por estar se divertindo Porque pô não tô triste né Eh Então como que a gente descreve cada uma dessas experiências né Então essa arquitetura que essas estruturas permitem descrever ao meu ver são bastante úteis né E se você concebe uma relação de causalidade entre sentimento e pensamento eu acho que você
descreve de maneira Infiel esse tipo de coisa então primeiro você refletiu cognitivamente de que isso é ansioso para depois eh você sentir isso né nem sei se esse modelo tá falando exatamente isso mas muitas vezes existem interpretações muito reflexivas a respeito de experiências como essas pô Às vezes a gente tá triste a gente se quer parou para pensar nisso não teve uma uma uma constatação de Pô Essa coisa é triste ah aí de repente você fica triste por isso que a relação de causalidade eu acho bastante problemática T vivendo uma época boa ali do nada
eu acordo triste e aí como é que eu vou como é que eu vou usar desse artifício que pode ser último em alguns casos eu acho cara mesmo que não seja o ideal de você separar as coisas mas não consigo usar esse artifício mais então tem que ter outra forma de entender aquilo né exatamente né exatamente Então acho que descrever essa acho que existe relação de causalidade mas a causalidade Talvez seja de outras coisas talvez tenha sido outras causas Mas falar que um pensamento causa um sentimento acho que é dependendo do modo como é colocado
pode ser absolutamente minha opinião enquanto fenomenólogo impreciso mesmo né ou até a psicanálise tem algo semelhante na na na primeira fase da da psicanálise para falar da estrutura do recalque Então tem um evento aí eh a representação digamos desse evento o conteúdo psíquico desse evento é tornado inconsciente através do recalque de modo que a representação ela se dissocia do afeto esse afeto fica livre se liga a outra representação e se ligando a outra representação volta de maneira disfarçada a consciente em forma de sintoma mas esse modelo mais uma vez a representação e o afeto são
concebidos como coisas que podem se separar e se juntar como se fosse se tratassem de entidades puras né e o fenomenólogo diria que isso é absolutamente indemonstráveis né A questão é que a gente tem que explicar esse fenômeno de outro Oi mas se o modelo ensina É talvez criticar a forma como isso tá desenhado não necessariamente se isso é bom ou ruim né é Não sei exatamente É acho que essa até aprimora esses modelos de algum modo né inclusive alguns psicanalistas eh conforme a psicanálise foi desenvolvendo foram encontraram na fenomenologia recursos interessantes o próprio lac
em alguma medida eh Isso é uma discussão que seria um pouco mais polêmica dos lacanianos mas o próprio Lacan eh ele cita muito autores da fenomenologia e o observa essa influência né outro autor que observa essa influência é o Luiz SAS ele tem um artigo que ele argumenta Exatamente isso né então não é coisa só da minha cabeça mas enfim independente disso minha questão é eh acho que todas as disciplinas no campo da da Saúde Mental a psiquiatria clássica também eh elas podem sofrer essa reforma digamos da fenomenologia inclusive o Russel o criador da fenomenologia
a proposta dele é fazer uma reforma de todas as ciências né justamente para que elas tenham clareza dos próprios pressupostos da inclui a física inclui a arquitetura eh Aliás não ele não chega a falar de arquitetura mas existem autores que estenderam isso pro campo da arquitetura da geografia e matemática e assim por diante né que a a ideia justamente é fazer uma reflexão crítica dos pressupostos de todas as ciências inclusive as Ciências da Saúde Mental você acha interessante a gente tentar trazer um pouco do que você enxerga o que A fenomenologia enxerga como que é
saúde mental Já sim né Eh acho que é uma boa pergunta e e também é uma pergunta que eu tenho que tomar bastante cuidado porque acho como qualquer campo do conhecimento você não tem um consenso todo campo do conhecimento tem uma certa heterogeneidade né existem autores no interior da comunidade que competem né disputam determinadas teses então vou falar um pouco de eu vou na medida do possível vou citar mas vou falar do que que eu acho né do que eu entendo por saúde mental né mas em primeiro lugar por mente digamos eh acho que ficou
claro que o que a gente entende por mente seria justamente essa abertura né Eh acho que acho que de maneira didática assim Só Para retomar um pouquinho mais bem breve eh é diferente você pensar algo como a garrafa e a percepção da garrafa sim né a garrafa pesa ação da a percepção da garrafa não pesa você tem que usar outros referenciais analíticos porque a percepção da garrafa é algo de natureza diferente de um objeto físico tal como a garrafa né é uma diferença que o danzar Rave faz então essa relação com o mundo pensada nesses
termos né é aquilo que a gente entende por mente Então se a gente for pensar saúde mental a gente tem que pensar a partir desse referencial né Eh e tem uma definição que o o heger usa para pensar saúde de maneira geral que eu acho bastante interessante que no caso aliás doença n Nem saúde mas eh doença enquanto restrição de possibilidades né E aqui tô falando no sentido mais amplo mesmo mas como assim doença enquanto restrição de possibilidades eu vou um exemplo que eu uso bastante é que eu descobri que eu tinha um uma lesão
nas costas né um um abalamento que pode virar hne é bastante incômodo né e isso me impediria por exemplo de ser um atleta profissional de alguma modalidade esportiva corrida etc que exige uma grande carga física eh bom nunca tive a pretensão de ser um atleta profissional então Eh essa possibilidade para mim não está restrita entendi né está restrita algumas assim se eu não me cuidar etc né claro que não tô ignorando isso mas entender a doença enquanto restrição de possibilidades entend a doença enquanto algo que impede você de performar determinadas possibilidades específicas né Eh então
uma concepção não puramente biomédica de doença e com isso a gente não tá ignorando caracteres biológicos né mas a simples alteração orgânica em si mesma não configura é uma doença o que configuraria a doença na medida em que ela te impede de performar determinadas possibilidades né Isso é muito importante disso a gente tem em vista né porque eh é sempre importante qualquer profissional da Saúde de maneira geral entender o a alteração na vida daquela pessoa né uma medicina digamos mais humanizada nesse sentido é muito importante né porque eh a natureza do tratamento as pode variar
de acordo com determinadas possibilidades que a pessoa pode ter né então se eh usa determinado medicamento que te deixa com muita dor de cabeça né aliás ou te deixa vai a questa mais comum né um medicamento psiquiátrico que te tira o sono né pô você suprimiu determinados sintomas Mas você tá sem conseguir dormir então a pessoa não tá bem ela dormir para ela é importante ela ficou o dia inteiro sem com essa ausência de sono e ela não tá bem ainda que aquele sintoma tenha sido suprimido né então isso não é uma coisa que Deva
ser ignorada né então pensar a doença enquanto restrição de possibilidade eh acho que é importante nesse sentido para pensar justamente o né ou senão se a pessoa eh no meu caso se eu quisesse ser de fato um atleta profissional eh o o Clínico quando ele dá esse diagnóstico ele pode ignorar isso né Só D notícia e ponto que nem é aquela coisa de você dá notícia que um famíliar morreu como se fosse um dado e acabou e bom tchau Sim né Eh então é interessante a gente pensar a doença enquanto eh restrição de possibilidade porque
né O que torna o que faz a pessoa procurar uma ajuda Clínica é alguma possibilidade que tá sendo restrita ou que poderá ser restrita no futuro uhum né se eu tenho uma doença que absolutamente não vai mudar nada na minha vida né nem agora nem no futuro né isso tem um exemplo que pode ser interessante trazer a tona eu não sou inimigo da Indústria Farmacêutica e nem amigo Eu só acho que tem algumas coisas vale a pena a gente criticar e tentar entender melhor e acho que tem um exemp bom para isso que é por
exemplo o medicamento para para TDH uhum e sim com certeza CDH pode eh e atrapalhar vida de uma pessoa e tudo mais mas eu sinceramente acho e eu tô falando que acho mesmo que eu não tenho dato nenhum disso é só uma observação de que tem vezes que você dá o medicamento pode na verdade tirar um pouco da possibilidade daquela pessoa alguma possibilidade que ela queira sabe que ela busque então por exemplo Beleza você vai dar um medicamento que vai fazer o cara se concentrar para caramba mas às vezes o cara não quer aquilo a
pessoa quer justamente ser a pessoa que vai arborizar os pensamentos e vai usar isso de uma forma interessante para fazer arte sei lá qualquer coisa que que faça sentido para ela mas se a gente tratar 100% isso como uma doença e tem que ser tratado com esse tipo de remédio eu acho que isso é é muito limitante sabe acho que vale a pena ter essa discussão para poder justamente entender quando que vale a pena quando que é se for escolha da pessoa sabe acho que é interessante isso aham Cara acho esse um excelente exemplo se
a gente ficar falando sempre que não isso é uma doença e esse é o remédio para ser tratado ela sempre vai achar que ela tem um problema sabe e não necessariamente É uhum concordo com você excelente Exemplo né e o o que que vai fazer você entender se isso pode deve ser tratado ou não escutar a pessoa né uma Escuta mais atenta mesmo hum não é só no campo da Saúde Mental não todas mas no campo da Saúde Mental principalmente né Eh entender os valores pessoais da pessoa nesse sentido para ver se faz sentido ou
não e isso dá muito trabalho e além disso é o último aspecto é que no final é uma decisão conjunta não acho que medicamento tem que ser uma decisão conjunta não pode falar desculpa o Marcelo viira Lopes ele é um filósofo que tem um artigo que Ele defende isso né decisão conjunta não quer dizer que você vai né Eh medicar qualquer coisa mas é você falar do medicamento explicar a alteração que ele dá na sua experiência os efeitos colaterais e fala ó se a gente Tomar esse medicamento vai acontecer isso isso isso é isso que
você quer né Tipo você deixar claro que esse medicamento vai fazer isso isso isso isso é um fato você não pode você não pode negar né mas deixar isso normalmente as pessoas não fazem isso não explicam Eu acho que eu já ouvi queixa ass de de pessoas que tomaram antidepressivos e tiveram uma série de efeitos colaterais que não foram explicados pelo psiquiatra e ficaram bastante frustradas com isso porque Pô eu me sentia de tal jeito eu não sabia por fui descobrir depois que era por conta do medicamento e o psiquiatra não me explicou né Eu
já ouvi relatos assim né E que eu acho que é uma quecha justa legítima né Eh claro que porque no final das contas é sempre a escolha da pessoa né se a pessoa não quiser se tratar e continuar ficando mal ó se você não tomar o medicamento você vai se ferrar vai ficar na sua saúde vai piorar muito né Mas é bom que a pessoa explique isso e se ela porque no final das contas quem quem vai decidir pelo próprio tratamento é a pessoa você você não consegue obrigar ninguém mas você meio que consegue induzir
né que ela tem um problema é isso é [ __ ] você tem que explicar para ela ó seguinte se você não fizer esse tratamento vai acontecer isso isso isso sim Você quer isso não quer enfim mas vai acontecer isso isso isso e eu não acho que isso seja bom para você né É claro que você insiste é claro que você dá uma ganhada não é isso mas as últimas consequências quem decide ela né cara então só para entender um pouco mais dessa definição de doença porque aqui eu trago muitos psicólogos de diferentes linhas Uhum
E algumas pessoas ali principalmente da psicanálise eh falam que por exemplo doença mental não existe porque não tem uma um marcador para aquilo lógico uhum como que A fenomenologia explica a doença lá nesse sinceramente tem que ter uma algo biológico modificado ou ela pode ser simplesmente algo que e impede uma possibilidade de acontecer é algo que impede uma possibilidade de acontecer então existiria Saúde Mental é algo que existe Ah então Eh é desculpa existir doença mental doença mental né Depende da definição de doença Esse é o ponto eh Às vezes a gente usa a mesma
expressão em sentidos diferentes uma concepção clássica de doença entendê-la enquanto algo causado por um marcador biológico se a gente pensa doença nesse sentido eh não existem na verdade esquizofrenia depressão você não tem um marcador biológico claro né Isso é eu concordo com essa tese né Então nesse sentido eu concordo com essa afirmação mas eu não reduziria a doença a marcadores biológicos né Acho que doença não é apenas marcadores biológicos porque inclusive também não é como se não houvesse nenhum tipo de alteração a nível biológico né mas você não tem um marcador biológico claro né tal
como por exemplo a gripe né A gripe você tem um um microrganismo que é tira o organismo do seu estado de homeostase né então você tem um marcador biológico bem claro e você não tem isso com esquizofrenia você não tem pelo menos até hoje com depressão nem nada disso né E então se for pensar nesse sentido de fato a essa To não se encaixa nessa categoria de doença né Mas se a gente pensa a posição saúde de doença em outros termos no sentido de eh Inclusive a a própria definição da OMS não é uma uma
definição puramente da UMS Organização Mundial da Saúde não é uma definição puramente biométrica né de respeitam ao bem-estar social psicológico e assim por diante né a a definição de saúde mesma né Eh então no campo da eh se a gente pensa doença mental em um sentido puramente bioló biomédico biológico enquanto uma alteração orgânica pura simplesmente de fato eu não concordo que doença mental existe mas se você pensa a oposição saúde saúde doença em um outro sentido ou mesmo saúde mental e doença mental em outro sentido né pensando numa definição nova aí eh autoexplicativo né sim
Então depende muito da definição né mas essa crítica que né muitas pessoas da psicanálise assim da reforma psiquiátrica fazem eu endosso bastante sim né acho extremamente importante né mas é que tá né entrando nessa discussão que uma uma outra um outro problema que eles acabam colocando e que eu concordo é que essas categorias como depressão esquizofrenia toque muitas vezes pode se tornar uma espécie de cama de [Música] procrustean e se a cama eu n lembro se exatamente essa história mas se a cama é maior que a pessoa você estica ela né para ela caber exatamente
na cama se a cama é menor que a pessoa você corta umas partes para ela poder encaixar na pessoa né e conceitos dessa natureza podem induzir a isso né você fazer uma espécie de câ de procrustes e você vai lá e pum Tucha ela num forçosamente em alguma categoria né né como essas esquizofrenia depressão etc e eu concordo que na medida que você não tem um marcador biológico o que você a maneira como você categoriza até o a definição mainstream tu D mas a maneira como você categoriza as diferentes saúdes mentais as diferentes doenças mentais
aliás os diferentes sendo mais específico transtornos mentais eh seria desse modo de você eh pensar uma espécie de cluster de sintomas específicos eh e se passa de cinco por exemplo aí Eh você categoriza a pessoa daquele transtorno mas os comportamentos humanos são tão complexos que muitas vezes é até difícil você eh isso é anedonia ou não é né exato né Tem Eh aí aí você vai criando várias categorias né Aí que tipo aí não sei até que ponto é é bom a gente ficar criando mais eh categorias ou é melhor a gente voltar pros princípios
né pelas coisas que são eh qual que é a palavra que você tinha usado mesmo aham eh os invariantes as coisas inv variar exato H porque daí cria tem o conceito que eu ouvi esses dias agora é novo para mim não sei qu legal isso é ou se é ruim ou se é bom que é o depressivo funcional ah aham então tipo tem um depressivo Mas beleza e quando o cara é depressivo mas ele toca a vida dele normalmente ele não sabe aí é o depressivo funcional aí vai criando né E vai criando novas categorias
eh Exatamente esse é um ou uma uma cama de proc custo né ou você vai sim criando 1 milhão de categorias eh O Alienista né o o conto do Machado de Assis tinha algo dessa natureza todo momento Ele criava categorias novas para eh então de fato é um perigo mas eu não sou se eu tô numa posição digamos eu não acho que esquizofrenia depressão todas essas coisas são conceitos inúteis eu acho que você deve ter uma reflexão crítica sobre elas né porque ao mesmo tempo existem pacientes que e o borderline por exemplo né Tem um
um digamos uma forma muito específica assim muito comum né de se observar esquizofrenia também tem pessoas que e como posso dizer encaixam bem né E você ter posse desse conhecimento te ajuda no tratamento né então se por um lado você tem que ser crítico né entender que eh borderline esquizofrenia depressão o que caracteriza elas não é um marcador biológico inequívoco né por outro lado também não é como se fossem inúteis né perfeito pem limites muitas vezes tanto que tem o o o a comorbidade né quando você diagnostica a pessoa com mais de um diagnóstico a
você fala que é um uma há uma comorbidade né porque no final é como o exemplo que eu uso É como se você tentasse separar o universo das coisas percebidas em triângulo círculo e quadrado né e existem triângulos círculos e quadrados mas tem coisas que não é nem triângulo nem círculo nem quadrado como uma estrela né como a árvore né é o qu tem alguns objetos que não se encaixam perfeitamente nessas formas geométricas você pode pensar em formas geométricas novas e isso o conhecimento da da geometria euclidiana é muito útil né mas ao mesmo tempo
é importante a gente reconhecer os limites dessas categorias e na medida do possível sempre procurar as aprimorar e a fonologia eu acho que seria um recurso que poderia permitir essa esse aprimoramento é muito interessante esse exemplo se a gente pega esse microfone por exemplo né tem você consegue enxergar alguns tipos de formas geométricas aqui mas todas elas você vê que tem tamanhos diferentes Elas têm caixas em lugares diferentes e tem formas que é são diferentes uma da outra mas estão coladinhas ali né cara é tem retângulo aqui tem retângulo aqui tem círculo é esfera cilindro
né aham tudo num objeto só e é seria muitoo difícil a gente imagina para um ser humano né imagina para um ser humano como é que seria Exatamente exatamente isso né Eh inclusive nossa tava com outro ponto na cabeça que eu esqueci mas eu acho que é importante a gente ter essa reflexão crítica né então quando eu fiz o trabalho sobre ah aquilo que é essencial na esquizofrenia para eu quero saber um pouco disso cara me conta pouco disso Quais foram as descobertas que você teve que que você pode trazer pra gente legal sobre isso
é é um é um é um trabalho que eu mais examino um trabalho do que examino casos reais então meu ponto acho que não é nem falar o que que é esquizofrenia é mas aquilo que esse autor entende por esquizofrenia que eu acho que é uma tese em muitos aspectos muito convincente né ele chama aquilo que é essencial a experiência da esquizofrenia de perda da evidência natural hum né eh deixa eu pensar como que eu vou explicar isso mas pensa pensando uma outra digamos estrutura né um outro componente assim da das análises fenomenológicas aqui não
chega a ser exatamente um é mais complexo que isso mas eh quando eu eu tomo a garrafa d'água eu pego né giro a tampinha e coloco na boca né eu sequer preciso fazer uma reflexão explícita sobre isso porque eu estou familiarizado com beber água na garrafa né quando né Acho que o exemplo do instrumento que muitos fenomenólogos usam também é muito bom né você toca o instrumento sem sequer pensar muito se você pensa demais talvez atrapalha né o total isso é muito real muito real né o para para prestar atenção na própria respiração é estranho
fica esquisito né Eh então é essa Oposição familiaridade não familiaridade é muito importante também para pra fenomenologia né E a nossa conforme a gente tá habituado com certos contextos a gente age de maneira habitual para pedir um Uber para etc mas quando eu não estou habituado a outros contextos por exemplo estou V em outro país ou vou numa festa que eu não conheço ninguém né aí eu já fico Será que eu tô agindo da maneira que as pessoas não acham estranho né Eh então é uma certa habitualidade em muitos aspectos da nossa vida cotidiana né
a perda disso de maneira radical pro blankenburg é o que caracteriza a esquizofrenia né Então veja pro então Eh já é um ponto importante aquilo que é essencial para esquizofrenia não é nem Delírio nem Alucinação para ele e é essa perda da evidência natural ainda que e ele não vai ignorar o fenômeno do deliro né claro que não é diferente de por exemplo a gente categorizar e falar que esquizofrenia é uma uma esquizofrênica é uma pessoa que não sabe diferenciar a realidade de coisa que não é real né Isso é é bem diferente do que
você tá querendo dizer é né e ele não vai ignorar esses fenômenos né como que você vai explicar então um queixas desse tipo né Eu já conversei com o esquizofrênico aqui no programa e ele sabia o que era real o que não era mas uhum ainda assim ele sofria com tudo que acontecia tudo que acontecia né Uhum é legal eu quero ver essa entrevista depois foi uma das primeiras cara tá foi lá no início ele é psiquiatra também então foi bem massa pap Ah que interessante né Acho que até legal né conforme eu falo dessa
tese para ver se as pessoas com esquizofrenia concordam é bom né Eh acho o o ponto do meu mestrado é mais reconstruir o argumento dele do que né constatar se é verdadeiro ou não mas acho que é muito relevante para pensar até formulações novas né mas de acordo com ele com blonk URG eh a chamada essa perda da evidência natural que acomete a pessoa de maneira bastante radical claro que né a a experiência esquizofrenia pode variar em graus né mas falando nessa de maneira prototípica eh é caracterizado por isso então um exemplo que ele usa
né e da Anne em que ela fala que é sempre muito torturante escolher uma roupa para sair porque ela reflete sobre se o tecido está de acordo com Convenções burguesas se a cor é adequada para que ela vá em determinado local Então ela sempre pensa muito para ir para escolher uma roupa eu pô para eu vim para cá peguei essa e ponto pensei um pouquinho né entre duas camisas mas eu escolhi essa Mas eu não fiquei pensando se eh essa é uma camisa aliás eu não vou dar um exemplo mais radical eu não pensei se
eu venho com camisa ou veio sem camisa né Isso é óbvio eu tenho familiaridade com essa obviedade estou familiarizado com o fato de que eu não vou para um podcast né com roupa de baixo né Eh então a reflexões como essa que para nós é um tanto quanto Óbvio ela tem que ficar lá refletindo refletindo refletindo para ter certeza se é isso mesmo e assim ela se sentir segura para performar essa ação que é sair para determinado local cara ainda não ficou muito claro para mim o que que seria essa perda da uhum como que
é perda da evidência natural evidência natural uhum consegue trazer algum outro exemplo uhum tá H Hum é é é acho que é importante eu sempre volto para as estruturas porque as estruturas tornam mais claro boa tudo isso né e uma outra estrutura descrita pelos fenomenólogos um deles o heidger é o que ele chama de contexto remissivo né que é bastante próxima a noção de Horizonte né então um exemplo que uma aluna me deu uma vez né então eu vou perguntar para você o que que é o que que é uma garrafa d'água O que que
é uma garrafa d'água Ah um objeto cilíndrico Onde você coloca água dentro uhum o que que é cilíndrico se eu se se a pessoa não sabe o que é cilíndrico ela não vai entender o que é garrafa ela não vai entender a sua explicação verdade aí você vai explicar o que é cilíndrico aí você vai dar uma definição o que que é tal coisa dessa definição você nunca entende uma coisa isoladamente você tem que entender a cadeia de remissões total né você tem que entender a cadeia de remissões além disso eh a garrafa aqui e
a garrafa numa loja é diferente diente aqui eu me sinto à vontade de pegar a garrafa e tomar num numa loja eu tenho que pagar antes né então aquilo que o objeto É depende de contexto remissivo e varia a depender dessa conformação é complexo a gente entender o que que as coisas são o que que é esse presente o que que é o microfone né acontece que a gente tá habituado Uhum com esses contextos remissivos uhum né Eh então por exemplo numa festa eh com as pessoas música alta dançarem né mas em outros contextos não
uma pessoa que não vive na comunidade humana né Para nós é óbvio mas talvez ela demore um pouco para entender que eh contexto com música Dança contexto sem música Não mas e se for num shopping que tá tendo aquela música de fundo né você é para dançar exatamente caraca aí você vai vendo que é muito complexo assim cada um desses elementos que depende de uma conação específica para que né isso eu saquei Uhum mas como que isso se linca a a tipo no dia a dia de uma pessoa esquizofrênica na perd de evidência natural Porque
beleza deu o exemplo da Anne ali né Uhum eh mas na nossa na cabeça de quem é ali quem não estuda sobre esse assunto esquizofrenia é uma pessoa que que ouve vozes Tipo isso na nossa cabeça é um preconceito Eu sei mas vem isso na nossa cabeça Então como é que a gente pode entender a partir disso aham eh né Inclusive essa isso que eu tô descrevendo é seria eh essa tese muitos autores reconhecem que é interessante pra gente identificar casos precoces de esquizofrenia né Porque isso pode evoluir pro ouvir vozes né mas então vou
chegar lá mas eh nesse exemplo da Anne eh você vê que é complexo a roupa adequada para sair é que a gente tá habituado mas é muito complexo tudo isso então ela tem que ficar res Quando você vai num lugar novo você sente um pouco disso também né Talvez num grau diferente da Anne que a gente não tem esquizofrenia mas a gente sente um pouquinho disso exatamente se eu vou num evento eu já fico mais meu Deus que roupa eu ponho se eu vou na casa dos meus amigos eu tipo [ __ ] é uhum
né quando era criança acho que eu sempre o receio que eu tinha era no dia no dia da criança né Você podia ir com a roupa que você quisesse você falar e se eu for com a roupa que eu quero e na verdade eu entendi errado e só tá eu lá com a roupa diferente com brinquedo e tá todo mundo de uniforme né a gente tem receios dessa natureza porque é uma conformação muito complexo par né social que é social também etc né Agora pensa que para situações simples do dia a dia Muitas delas eh
a pessoa com esquizofrenia é acometida por esse tipo de não familiaridade que é a chamada perda da evidência natural né então não sei se eu tenho que pegar essa garrafa e abrir ela aqui para tomar ou se eu faço um furo aqui e tomo sei lá é qual que seria o mais adequado Uhum aí se eu fizer um furo será que vai abrir um buraco mesmo né Caraca a a a falta de familiaridade pode chegar ao ponto de você se perguntar isso é realidade mesmo a realidade de fato existe né Eh muitas pessoas falam que
é como se um celato que eu já ouvi que é como se você tivesse visto o mundo tal como se tivesse vendo a imagem de uma câmera Então você tem imagem de uma câmera e você tá vendo de fora né Aí você tá vendo o mundo ou como se para cada movimento né É como se você tivesse de fora fazendo comando para esse movimento né Eh isso revela a radicalidade dessa falta de familiaridade né e de acordo com o blankenburger é uma tese que outros autores até vão questionar um pouco a universalidade disso mas o
Delírio é Alucinação surge como um modo de restaurar essa familiaridade né então você e uma restauração que pode até só um pouco artificial Mas eu sou Jesus Cristo né E você fala isso de maneira convicta que você é Jesus Cristo ou aquela pessoa tá me perseguindo é eu tenho certeza disso [ __ ] cara que [ __ ] é uma uma cicatriz né uma espécie de eh Às vezes a gente pode até pensar sobre a heterogeneidade do Delírio existem delírios que geram muito sofrimento que são insuportáveis mas tem delírios que na verdade até dá uma
certa apaziguada né pra pessoa é por isso que quais né Eh a pessoa que tá convencida que ela é Jesus Cristo e ela passa a fazer certas ações como se fosse Jesus Cristo e vai tendo verdade né Eh o eh ela começa a falar coisas né tidas como absurdo mas ela é bom ela continuar reproduzindo isso né ainda que o contexto intersubjetivo não admita isso como verosímil né Então depende assim depende de circunstâncias circunstâncias inclusive eh pensando até no um aspecto importante do tratamento é você tornar possível uma coisa que minovsky fala pensando em instituições
uma instituição que ofereça um ambiente seguro para que ela não se sinta aflita diante de possíveis ameaças em que ela não se sinta esquisita por né manifestar os seus delírios e alucinações né um ambiente acolhedor por assim dizer uma instituição em que você porque em geral eh os ambientes de maneira geral não são acolhedores para pessoas que ouvem vozes né que seriam são passíveis de ser diagnosticadas com esquizofrenia então a mesma eh Talvez um uma causa muito grande de sofrimento é eu estou extremamente assustado com a possibilidade de ter alguém me seguindo mas eu sei
que eh é uma coisa que ninguém concordaria eu estou fazendo uma coisa absolutamente fora do comum então as pessoas também vão me ver e vão saber que eu tô agindo de maneira estranha isso também é gera muito sofrimento né em em um contexto nas quais as pessoas entendam melhor a natureza desse tipo de coisa né então a pessoa começa a gritar né Tem instituições que hospitais Dias etc que sei lá a pessoa começa a gritar né de maneira muito desesperada mas você entende que isso faz parte da da condição e você trata com uma certa
naturalidade isso eu acho importante pro tratamento isso não é eh você menosprezar claro que não né em outros momentos o Clínico vai conversar sobre isso etc mas imagina que experiência ruim toda vez que você começar ouvir você tiver um comportamento que não é comum todo mundo fic olhando com uma certa atenção para você né mesmo que esse comportamento não muito comum não esteja te causando tanto sofrimento né todo mundo fic vai começar a causar sofrimento por causa disso é isso que é [ __ ] né cara porum maldita sociedade né Eh então o acho que
um ambiente em que a perda da evidência natural fique menos acentuado é importante ao meu ver com certeza cara né Para pensar a esquizofrenia isso que a gente tá chamando de esquizofrenia Mas qualquer outra experiência né Veja essa é a tese que o BL BR defende mas na prática você pode ver pessoas que tem um pouco disso mas não encaixa ex ente dessa definição né encaixa nisso e um pouco daquilo que o outro autor falou sobre depressão no final você vai ver que o triângulo quadrado e o círculo né vai ter essas fórmulas essas formas
bem heterogêneas né mas o conhecimento da forma digamos pura é o referencial um referencial analítico que permite a gente até dimensionar melhor né a especificidade de cada caso né um autor que eu gosto muito que defende uma abordagem Dimensional é o o Antonio Fernandes né é pensar mais num espectro né e pensar como referência analítico para se examinar esse espectro essas estruturas que A fenomenologia descreve né mas a gente ter conhecimento desses clusters específicos que é cada uma das das categorias eu acho que se bem definido se bem desenvolvido eu acho que tem que pode
ser útil né sim acho que é bastante útil é legal esse aí uhum eu me identifiquei um pouco com isso cara será que eu tenho algum algum grau em algum nível Aham eu tipo acho que todo mundo se identificaria em algum em algum nível né cara é uhum hoje em dia por exemplo eu não eu não me arrisco a fumar maconha mais e nem qualquer outro tipo de droga assim desse tipo porque uma das vezes que eu usei ali me deu uma tinha certeza que o mundo tava conspirando contra mim e iam me matar e
depois disso nunca mais fui o mesmo assim tipo nunca mais consegui estar eh confortável em alguns ambientes sabe aham sim sem e eu sei que isso é uma coisa da minha cabeça mas eh não deixa de gerar desconforto e uhum incomodar e coisas do tipo Sabe sim n e a essa perda de evidência natural sabe E aí quando você e aí quando você falou da questão de quando você cria a certeza de que não eles estão realmente de realmente gente cria um pouco de traz um pouco de paz mesmo porque você fala caramb então se
isso tá acontecendo mesmo eu sei o que eu tenho que fazer para evitar aquilo sabe é só não ir em tal lugar não ir com tais pessoas uhum porque aí você criou Agora você tem essa certeza mas se fica nessa de [ __ ] será que é isso mesmo ou será que não é aí você fica mais confus ainda pode trazer mais sofrimento né n é legal esse exemplo e porque tem uma racionalidade acho que é factível certa insegurança né A questão que a nesse caso você falou que eh se acentuou depois do uso da
maconha porque eu tô num ambiente que eu não conheço Ah eu não Prevejo o futuro é possível que coisas ameaçadoras aconteçam né aqui é possível que coisas ameaçadoras aconteçam mas eu nunca sei se o convidado vai se dar uma de coringa aqui puxar uma arma exatamente eu penso essas coisas é factível é factível conforme a gente tá seguram no ambiente não é que essas possibilidades Parem de existir Mas você tende a ignorar mais elas você fica familiarizado é você tem de ignorar essa por mais remoto que seja aquele 1% sempre existe né mas a gente
tende a ignorar esse 1% conforme a gente tá familiarizado né ou se a gente tá feliz a gente pode na verdade o arco intencional antecipa mais possibilidades SAS né mas nada é impossível de fato a vida é imprevisível né Em alguns momentos isso pode estar mais acentuado para você né então é uma coisa da sua cabeça mas também não é uma coisa absolutamente infactível né Porque de fato a vida é imprevisível a questão é que conforme a gente tá mais familiarizado com alguns contextos a gente tende a muitas vezes não antecipar essas possibilidades amadoras essas
possibilidades que revelam essa insegurança né eh no caso do esquizofrênico ele não não não tem essa familiaridade forte é o suficiente é o caso da da Anne assim aí eu o livro não fala isso mas eu vou estender um pouco tá né de maneira fictícia Mas e se ela chegar no lugar as pessoas zombam da roupa dela porque é esquisito você pode isso pode acontecer mesmo se você escolher a roupa mais adequada não é impossível né né mas muitas vezes a gente Ignora isso né a gente eh deixa em segundo plano né Tem várias coisas
que podem acontecer que a gente não fica pensando toda a hora fica em segundo plano né no caso dela não ficava em segundo plano né se tem alguém te perseguindo pô não é impossível mesmo que tenha alguém te perseguindo né mas é no mundo que a gente vive a gente aceita que isso é pouco provável pouquíssimo provável remoto mas impossível é muito difícil a gente ser taxativo com a impossibilidade mas considerando que o é algo pouco provável a gente esquece né fica em segundo plano possibilidades como essas a gente pode pensar em possibilidades infinitas inclusive
mas digamos a familiaridade faz com que muitas dessas possibilidades fiqu em segundo plano na perda da evidência natural elas essas possibilidades mais remotas não ficam em segundo plano então vai que tem alguém me seguindo sim né então o Ah então a gente pode pensar em duas fases assim da aí depende da definição de Delírio que a gente possa dar mas será que tem alguém me seguindo é diferente de com certeza tem alguém me seguindo são dois tipos diferentes de delírios né que é legal pra gente examinar Com certeza o Será que tem é diferente do
com certeza tem são atitudes diferentes perante o mundo né a dúvida e a certeza né [Música] Eh então o por causa do toque né que é você eh antecipar a possibilidade de que eh se você não fizer determinado ritual tal coisa vai acontecer né enfim a nossa ciência sabe que essa relação de causalidade simplesmente não existe né mas vai qu né aquele sentimento de vai qu né que nós temos em relação à nossa vida se não for algo tipo igual tem umas pessoas ah eu vou lavar a mão 30 vezes e desligar e acender a
luz 30 vezes antes de fazer um podcast Uhum E se não for algo que tá te atrapalhando sei lá algo do tipo não sei se tem algum sei se dá pr gente olhar isso como uma docia né cara Eu também acho Também acho se tá te atrapalho você tem que todo o suporte você não Dev ignorar ISO Mas também você não Dev ignorar o fato de que a pessoa manifeste isso Ah mas eu tô vivendo bem Ah tá mesmo legal você enquanto Clínico fica atento né sempre vai ficar atento porque vai que em algum momento
né mas é importante ouvir a pessoa legal n então a possibilidade do São possibilidades assim que a gente Ender de né na nossa vida quando acontece uma coisa estranha sei lá às vezes você fica tipo Será que na verdade aí você dá uma explicação digamos Mística para isso né então tô falando grau de razoabilidade nesse sentido nesse sentido experiencial né então é importante a gente ter levar Isa em consideração ao invés de simplesmente falar isso é mentira né de fato pode a gente pode falar que há evidências nesse sentido que não demonstra nada dessa nature
nza mas compreender a experiência da pessoa é outra coisa sem entrar no mérito se aquilo é verdadeiro ou não compreender a estrutura da da experiência da pessoa é muito importante entender que é factível esse tipo de coisa mesmo que e esteja em contradição com aquilo que é eh é dito pelas ciências e com isso não tô dizendo que entidades místicas existem não eu particularmente não acredito né não é isso isso mas é compreender a experiência da pessoa é isso é um assunto doido cara eu eu eu também não acredito eh mas eu gosto de meditar
em cima de um mantra específico porque eu me sinto bem melhor com ele do que com outros e para mim é isso e se aquilo existir beleza legal para caramba mas para mim o que importa é o que eu sinto sabe exatamente né entender experiência é entender razoabilidade disso Isso é muito doido né cara é muito massa mesmo é eh acho que é até um um modo de você não cometer intolerância religiosa no contexto [ __ ] né É muito difícil essa separação entre eh teses religiosas e teses científicas né quando a gente tá falando
de clínica né Eh então eh acho que é muito por isso que eu acho muito importante a gente entender a razoabilidade daquilo na experiência da pessoa né e você também não deixar de falar do ponto de vista de disciplinas científicas falar ó que disciplinas científicas falam o que foi descoberto até hoje foi isso isso e isso né isso que eu tenho para falar cara né Eh você como psicólogo e alguém que estuda fenomenologia Qual que você acha que e se existe isso o objetivo principal assim do psicólogo com um paciente Ou até melhor Qual que
é o o que que um ser humano ali tá buscando geralmente sabe e como que entender conceitos da fenomenologia pode ajudar a gente a por exemplo talvez sofrer menos ou ser mais feliz ou qualquer coisa do tipo porque no final do dia é meio que é para isso que pelo menos que eu procurei uma psicóloga que tipo cara uhum eu não não tava me sentindo bem e eu queria que ela resolvesse isso Ah sabe E aí é todo um trabalho é muito mais complexo do que isso mas eu queria saber de você assim como que
o que que você acha que é entendível como um objetivo bom pro ser humano quando ele busca um psicólogo sa Aham entendi né essa pergunta de milhões assim uma pergunta extremamente complexa e que eu acho que movimentou a humanidade todas as produções acadêmicas de algum modo se a gente pega o o É ancac do Aristóteles né vamos dizer que a a pergunta o problema que ele procura responder né aliás eu at importante falar né tenho essa esse modo de você ver a filosofia a partir dos seus problemas é algo que o professor Mário porta né
um professor que eu tive na queria defende que para mim iluminou muitas coisas né então eu tô tendo muito inv visto eh desse modo de colocar problemas filosóficos que é uma é um uma formulação bastante original desenvolvida por ele né Eh e ele entende também que esses problemas TM uma constituição histórica né estão inserido historicamente Mas enfim voltando eh h a pergunta Digamos que a procura Responder qual a finalidade última das nossas ações né porque a gente pode perguntar por que você está fazendo terapia Mas é possível a gente perguntar também por que que você
tá fazendo uma entrevista de Podcast Por que eu estudo fenomenologia por escrever artigos acadêmicos falando sobre fenomenologia Qual a finalidade dessas ações né então ah eu tô procurando o o psicólogo para que eu consiga me concentrar mais resposta possível mas por que você quer se concentrar mais porque eu quero ir melhor no trabalho mas por que você quer ir melhor no trabalho porque eu preciso do trabalho para sobreviver mas para que sobreviver né nessa nessa série de para que para qus para qu eles perguntou qual para que último né Eh e essa pergunta que vários
autores procuraram responder ao longo do tempo né no caso dele ele fala da Felicidade né E aí ele tem uma concepção esp espf de felicidade né e felicidade não é um um mero prazer né mas é ele tem uma definição específica de felicidade mas essa é uma pergunta que diversos outros autores procuraram Responder qual a finalidade última da nos das nossas ações né Isso é uma pergunta de ordem ética né qual para quê de agir de tal e tal modo né Eh e essa resposta referente a uma finalidade última com a modernidade foi se tornando
cada vez mais questionada né Eh de modo que a pergunta foi novamente colocada Qual a finalidade última da das nossas ações e o Lacan né tô indo até para psicanálise mas eu gosto da do modo como ele coloca né Ele diz que e a a finalidade digamos da análise é você agir em conformidade com seu desejo não é você agir para realizar seus desejos no sentido de Ah eu desejo tal coisa e pelo simples fato de você estar fazendo terapia ou análise esse desejo se seja realizado né mas você agir em conformidade com ele né
Eh vou tenho que tá pensar num num exemplo mas eh e aqui né aí tem uma outra concepção de daquilo que ele entende por desejo mas eh se a pessoa tem a vontade sei lá de se concentrar mais né você não promete que a pessoa vai sair daqui não eu tenho que dar um exemplo melhor né ter que dar um exemplo melhor porque a gente pode pensar eu quero ser mais calmo por exemplo uma pessoa ansiosa talvez ser mais calmo né Eu quero ser mais calmo né Eh é importante a gente pensar por que que
a pessoa quer ser mais calma né O que que motiva né entender o contexto de vida da pessoa para entender o por que que a pessoa quer ser mais calma né porque digamos essa manifestação explícita né no caso a demanda que é colocada quero ser mais calmo está inserido no contexto experiencial muito específico né que envolve uma série de outras outras buscas total né que talvez a pessoa nem se dê conta né no começo da terapia eu deess exempo porque esse foi eu na terapia e aí quando você fui falando fui pensando cara é verdade
por que que eu cheguei com isso né eu comecei a perceber que na verdade para mim era importante ser mais calmo porque eu percebia que uma pressa exagerada que eu tinha tava fazendo por exemplo muitas vezes tratar alguém que eu gosto e a pessoa fica chateada e eu ficar chateada por ter feito aquilo e aí isso aí você descobre Isso importa para mim sei lá aham é né aí tendo consciência disso você procura agir mais em conformidade com isso porque pode acontecer de essas coisas serem impossíveis de serem realizadas pelo menos dentro do contexto terapêutico
vai e quero ser rico né eh tipo isso tá absolutamente para fora das capacidades de psicoterapeuta psicoterapeuta não pode prometer isso né Espero que e as pessoas Não façam isso porque é absolutamente antiético né mas para que ser rico n exatamente que que é riqueza para você o que que significa ser rico né exatamente existe um número e o que que você vai fazer quando você tiver esse número que que ele te possibilita né ao mesmo tempo você não vai ignorar simplesmente isso e falar que é bobeira porque a pessoa tá falando isso para você
né E então eu acho que eh conforme ela vai entendendo melhor isso ela vai orientando su ações em conformidade com esse desejo com outros desejos que ela venha a a entender melhor e procurar ag conformidade com isso mesmo que isso não se realize né Legal eh acho que é a a busca né o o esse intento de agir que é o agim conforme do que exatamente a a realização daquilo perfeito n enfim eu tô dando a descrição que eu tô fazendo eu tenho certeza que lacanianos não concordariam 100% com com o modo como eu tô
colocando né não tenho dúvida disso mas esse é o modo pelo menos como interpreto n insite que eu tenho do seminário mas é desse modo que eu entendo ân da da psicoterapia você a conformidade com sensacional cara uma boa resposta cara muito obrigado foi muito massa cara [ __ ] quero te agradecer por ter vindo aí ter trocado essa ideia com a gente dado essa aula pra gente queria também liberar um espaço para você divulgar seu trabalho se atende também né então se quiser deixar aí todos os links enfim fic fica à vontade bom eu
trabalho como psicoterapeuta né Eh e eu do grupo de estudos né pela o meu meu Instagram é o fenomenologia e saúde Eu tenho um podcast o meu Instagram é um podcast podcast é bem legal cara n Ah que bom é bem legal Eu achei alguns Episódios antes da da gente conversar aqui para estudar e tal e é bem legal assim em formato bem massa aham é eu fiz na na medida das minhas capacidades assim eu fui tentando me virar né para gravar os episódios tem um episódio lá do dos afetos que é bem legal para
pessoal quiser ouvir de uma forma mais aprofundada aham é uns 20 minutos e poucos né É verdade explicação bem legal É eu pretendo enfim eu tenho a minha página de divulgação Científica e atualmente eu tô coordenando um grupo do fenomenologia da percepção do merl Ponti no qual eu procuro pensar a relevância desse autor para problemas de ordem Clínica né então não é simplesmente lemb L pon mas é entender a relevância desse autor para problemas de ordem Clínica né eventualmente Eu também dou cursos que eu divulgo pela página eh atendo enquanto p terapeuta então A melhor
forma de encontrar tudo é pelo seu Instagram mesmo é pelo Instagram beleza O link tá aí na descrição pessoal então V lá Sigam ele né fenomenologia e saúde show de bola obrigado Mais uma vez obrigado gente Obrigado pela sua audiência até a próxima e tchau tchau