#069 – ESTUDO DE GÊNESIS

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EspiritismoTV
Video Transcript:
Olá amigos! Bem-vindos a mais um episódio do nosso estudo do livro Gênesis de Moisés A luz do Espiritismo, do Consolador Prometido. Nós comentávamos, no episódio anterior, sobre a questão dos símbolos, como eles se entrelaçam, como eles são construídos e a técnica interpretativa milenar do povo hebreu, passada para os sábios, de sábios para sábios, sobre como encontrar, estudar e investigar esses símbolos.
Hoje, então, nós resolvemos nos deter em um deles, que é o símbolo do cordeiro e que está ligado aos irmãos, para que nós mostremos um pouco como que funciona esses símbolos. Então, vamos lá. Capítulo 4 de Gênesis: o símbolo do cordeiro.
Abel ofereceu, então, do primogênito do seu rebanho com a gordura e Deus se agradou desta oferta de Abel. Caim se inflama de inveja, de ciúme e mata o seu irmão. Primeiro ponto que nós gostaríamos de destacar é: eu não posso partir para uma investigação desses símbolos bíblicos com uma mentalidade cartesiana, linear.
Então, isto aqui não é matemática. Não posso vir com esse grau de precisão. Por quê?
Porque esses símbolos lidam com evocações. Qual é a diferença entre descrever e evocar? Descrever é quando você quer detalhar as características da aparência de um objeto.
Então, eu olho para uma flor e começo a descrevê-la: essa flor é da espécie tal, de cor tal. Eu estou descrevendo, eu estou classificando. A descrição, na verdade, é um processo de comparação do que eu estou vendo com padrões classificatórios, com tabelas de classificação.
Isto é descrever: comparar com padrões. O texto bíblico não faz isto. O texto bíblico é evocativo.
O que é evocar? Evocar é, diante de um fato ou de algo que você viu, você foi tomado de uma emoção: espanto, admiração, repugnância, pavor, asco. E, o que o texto bíblico faz é, quando ele usa aquele símbolo, ele quer evocar, ele quer provocar em você a emoção que você sente.
Este é o ponto do símbolo! Isto é típico da cultura oriental. A cultura oriental, sobretudo a cultura hebraica, é evocativa: ela coloca o símbolo para resgatar a sua reação emocional Para isto, eu tenho que conhecer o símbolo.
Mas, não é conhecer no sentido descritivo. Então, aqui, não me interessa se o cordeiro é da espécie tal ou qual, se o cordeiro é do branco ou creme, o tamanho do cordeiro. Não!
Aqui, o que se quer é, ao trazer o símbolo do cordeiro, evocar os sentimentos que o cordeiro provoca. Mas, vem cá: você tem cordeiro na sua casa, no apartamento que você mora? Eu, por exemplo, moro em apartamento, e já percebi que não dá para ter um rebanho de cordeiros, aqui, no apartamento.
O que isto significa? Que nós vamos ter que voltar para o ambiente cultural dos agricultores e dos pastores e resgatar o que aquele símbolo significava para eles. que aquele símbolo significava Então, vamos lá.
A primeira coisa: em um ambiente semiárido de deserto não dá para você ter gado nelore, não dá para você ter um rebanho de zebu, porque eles morrem de sede e de calor. É clima de deserto: muito quente durante o dia e muito frio durante a noite. Então, o rebanho de ovelhas e de cordeiros é muito bom.
Por quê? Porque ele é pequeno. Eu posso administrá-lo.
Segundo: a ovelha muito diversificada. Eu posso aproveitar a lã dela, no calor eu preciso levá-la para a sombra para beber água, eu preciso cuidar dela, colocar em um ambiente interno, mas, à noite, elas cortam o frio, porque tem uma estrutura para isto. Questões práticas: dessa lã eu faço roupa, eu faço tenda, eu tenho os fios para fazer uma série de coisas.
Dessa gordura da carne dela, eu cozinho, eu faço 'n' elementos, cosmético, tanto de coisa com gordura. A carne, eu me alimento, lembrando que a carne, aqui, é um luxo, a proteína, aqui é algo assim: ‘aprecie com moderação’, porque você come muitas outras coisas e a proteína só o essencial, porque é difícil ter um rebanho. Não é fácil ter um rebanho.
Aqui, então, nós já vamos entrando no universo do pastor: a ovelha é muito importante para ele. Não é apenas algo que ele comercia, não é apenas um objeto, não é uma alface que eu entrego e pego. A subsistência de toda a família, a subsistência de toda a aldeia depende do rebanho.
Por isso, ele tem cuidado com o rebanho. Por isso, ele não pode perder o rebanho para um predador. Por isso, ele tem que conduzir o rebanho.
Por isso, que o pastor conhece cada ovelha. Por isto, que a ovelha conhece o cheiro do pastor, ela sabe quem é o pastor porque é ele que a alimenta, ele que cuida dela. Aqui, quando o cordeiro é sacrificado, não é sacrificado nesta maldade que a nossa sociedade faz com os nossos animais.
Não! Sacrificado com todo respeito, já se tomou um amor por aquele bicho, ele é quase um animal de estimação. Não é?
Porque você não conviveu com o boi que você come. Eu comi frango, hoje, e eu não convivi com o frango. É um frango anônimo.
Aqui, não! Quando a família senta para comer esse cordeiro, esse cordeiro era o bichinho que viveu três a quatro anos com a família. Este bichinho tem nome.
Por quê? Porque ele tem um, dois, tem um rebanho de quatro, cinco. Às vezes, é a aldeia inteira para aquele pequeno rebanho.
É muito valioso! É muito valioso! A visão, ali, de comer o animal tem também uma perda emocional.
Como que é encarado para este pastor como é visto este ato de matar o animal para ele comer? É visto assim: esse animal foi sacrificado. Como assim sacrificado?
Ele deu a vida para que eu tenha a vida. Ele perde a vida dele para que a comunidade não perca a dela. uma relação É um sacrifício.
Alguém está se doando, o cordeiro está se dando para manter a subsistência daquele povo, que não tem outra fonte de proteína, que não tem outra Não tem as opçãoes por conta do ambiente, do clima desértico. Isto é muito importante. Quando olhamos para o cordeiro, o sentimento que evoca – pára de raciocinar, agora: sente!
sentimento que evoca - é aquele cordeiro que você tomou amor, que é dócil (o cordeiro é dócil), que você vai matá-lo e ele não reage, ele se deixa imolar, entrega a vida, o corpo para que os donos, para que aquela comunidade, para que aquela família sobreviva. Isto é muito profundo e é isto aqui que está em jogo. isto aqui que está em jogo.
Por que está em jogo? Agora, nós vamos um outro elemento dos símbolos bíblicos. Os símbolos bíblicos nunca estão sozinhos.
Eles sempre estão em uma rede de conexão, sempre estão conectados. Nós vamos perceber que o rebanho e o cordeiro estão sempre conectados com outro símbolo que é a família. Cordeiro-família: não tem como separar.
Tanto é assim que nas casas antigas, mesmo antes da época de Jesus, o local onde ficava o rebanho era numa parte da casa. Você tinha a estrutura da casa e dentro da casa tinha um local onde ficavam ficavam os animais. Por quê?
Porque não dava para deixar do lado de fora, por causa do clima de deserto: eles morreriam. Não dava para deixar do lado de fora, por causa do perigo de ladrão, de predador e aquilo era precioso, era a sua vida que está em jogo. Não tem supermercado que você vai lá e escolhe: eu vou comer castanha do Pará.
Só tem castanha no Pará, não tem castanha do Pará no deserto da Judeia. não tem Então, ali, a vida da família, o rebanho fica dentro de casa. Esta história da casa estar aqui e o curral, o local onde está o animal está lá longe.
. . não!
Até porque não tem tanto, isto aqui não é rei do gado que tem uma fazenda com milhares de cabeça de gados. Nem Salomão em toda a sua glória foi um fazendeiro como o fazendeiro de Goiás. Não!
Milhares de cabeças de gado: que é isso! Isto não existe! A rica, ali, tem algumas dezenas.
A família pobre tem três, duas. É uma realidade dura, muito dura. O cordeiro está ali do lado, ele é a subsistência, ele será sacrificado.
O cordeiro vai se imolar para que a família sobreviva. Daí a ceia em que há o cordeiro, nesse período mais antigo, é uma ceia especial. Não se come um cordeiro, assim, no dia a dia.
Geralmente, era cerimônias religiosas, festas, aquele momento certo você ia comer o cordeiro. Animais maiores, como o novilho, por exemplo, em ocasiões especialíssimas. Nós vemos isto, por exemplo, na parábola do filho pródigo, em que o novilho que o pai tinha - que era um -, e quando você mata um novilho, não tem geladeira.
Como você come isto? Era para uma grande ocasião: o casamento do filho, o casamento da filha. Daí, você mata o novilho, chama a aldeia inteira e todo mundo come, porque não dá para guardar a carne.
Não faz isto. É uma ocasião muito especial. Neste contexto, aqui, percebemos que há uma conexão emocional do cordeiro com a família, e, então, vamos ter que ir para a estrutura da família.
A estrutura da família funciona assim: tem o pai, porque é uma sociedade patriarcal. Patriarcal significa que o homem pensa que manda, mas quem manda mesmo é a mulher dele. Brincadeira!
Na sociedade patriarcal, o homem tem certas responsabilidades, ele é investido decertas responsabilidades e tem a esposa, aqui no caso, mais de uma, as esposas, as filhas e, aí, vem uma sequência importante que é a sequência patriarcal: a sequência dos filhos, do filho homem que vai continuar exercendo a liderança do grupo, da comunidade. Nesse sentido, o filho mais velho é muito importante. Ele tem uma posição familiar social comunitária muito importante.
O filho mais velho tem uma parte maior na herança, para quê? Para compensar uma responsabilidade maior que ele tem. Qual é?
A responsabilidade de cuidar de todos os seus irmãos na falta do pai. Ele é o arrimo da família na falta do patriarca. Para compensar esse acréscimo de responsabilidade que o mais novo não tem, o primogênito tem uma parte maior na herança.
Correto? Isto é cultural! Ele sabe disto.
O mais velho sabe que tem essa responsabilidade: é uma sina, é o destino dele, é a estrutura social em que ele nasceu. Correto? Correto.
"O Senhor disse a Caim: Esta lá no versiculo 9 'Caim, onde está teu irmão Abel? ' Ele respondeu: 'Não sei. Acaso eu sou um guarda, um vigia de meu irmão?
'" (Gênesis 4: 9). O que você acha? O que você acha desse diálogo?
Vamos voltar aqui: quem são os pais dele? Adão e Eva. Quem são os avós de Caim?
Não tem. Caim não tem avô, nem avó. Quem é o mais velho: Caim ou Abel?
Caim. Abel é o mais novo. Que história é esta de Caim: ‘eu não sou o guarda de meu irmão?
’ Como assim? Ele é o primogênito! Caim é o primogênito.
Na falta de Adão, ele é o arrimo de família, ele cuida da mãe (Eva), das outras esposas de Adão, dos filhos mais novos, de Abel. Ele é o guardador de todos. Ele é o primogênito.
Ele é o filho mais velho. Ele tem uma parte maior da herança exatamente por conta dessa responsabilidade. Qual é o dever do primogênito?
Cuidar da família. O dever do primogênito é ser o arrimo de família. Não é substituir o pai.
Ele não substitui o pai. Mas, ele cuida da família na falta do pai e, para isto, ele recebe mais recursos, autoridade, obediência dos outros irmãos, obediência das mulheres da comunidade, da família. Então, que história é esta de 'não sei'?
Não sabe onde está Abel, o irmão mais novo? Tinha que saber. Nessa cultura, era dever dele como primogênito saber, dar conta, cuidar do irmão mais novo.
era dever Por acaso, sou guardador do meu irmão? É exatamente isto que ele é! Meu Deus, mas que coisa curiosa!
O que está acontecendo aqui? Está acontecendo, aqui, outro grande símbolo Está acontecendo, aqui, outro grande símbolo bíblico que é o desprezo da primogenitura pelo primogênito: o filho homem mais velho, o primogênito desprezando a primogenitura, não reconhecendo as faculdades que a primogenitura lhe dá, as garantias e os deveres da primogenitura. Portanto, mostrando-se indigno de ser o primogênito.
E, o filho mais novo - que não é o primogênito - tendo um comportamento de primogênito, porque aqui o mais novo se sacrificou, foi sacrificado, foi imolado em nome da família, sofreu e carregou os erros da família, o que era papel do primogênito. Mas, o filho mais novo tem ligação com o cordeiro? Opa!
É isto aí! É exatamente isto: o filho mais novo, então, na estrutura familiar, no papel que ele desempenha dentro da família, no conjunto da história (porque o irmão mais velho desprezou, foi indigno de ser primogênito) assume o ônus que não era dele, se sacrifica, se imola, se torna cordeiro. Percebe como que os símbolos bíblicos são evocativos?
Não estou dizendo para você que o Abel começou a ter lã e começou a fazer 'beh'. Não é isto! Não é descritivo.
Não estou dizendo que ele se tornou em cordeiro. Entende? Eu estou dizendo que, emocionalmente, o filho mais novo, com o seu destino familiar, evoca em nós o sentimento que nós temos pelo cordeiro.
Vincula, se liga, fica junto o símbolo: o filho mais novo rejeitado, o filho mais velho indigno da primogenitura, vende a primogenitura Esta história gerou até um livro de Machado de Assis, chamado Esaú e Jacó. É a mesma história. Esaú, o filho mais velho, primogênito; Jacó, o filho mais novo.
Esaú vende a primogenitura por um cozido de carne, porque ele era guloso. É claro que, aqui, é uma história, está se compondo: o problema do Esaú não era a gula, o problema do Esaú era o problema do Caim. Ele era o filho mais velho, ele tinha função de cuidar da família e ele se mostra indigno.
indigno. Ele está na linha sucessória de Isaque, mas ele não se comporta como o filho digno e ele, então, perde a primogenitura para Jacó. Vai ficar esse jogo, aqui, do mais novo, mais velho, mais novo, um símbolo que vai.
. . e esta história de irmãos - mais novo, mais velho - vai se perpetuar, vai ficar gravada, depois, nós vamos ter isto lá na frente com Jacó.
A história vai se reproduzindo. É interessante você estudar a família dos patriarcas porque o problema da família é um: começou aqui com Adão e Eva. É um problema só e este problema vai se repetir ao longo da famílias, e conosco também.
É uma espécie de constelação familiar, o problema vai sendo reproduzido pelas gerações posteriores, inconscientemente reproduzidos, os padrões vão sendo reproduzidos inconscientemente. inconscientemente. É uma história profunda, mas o importante é que o destino dos irmãos fica, agora, vinculado ao destino do cordeiro: vinculou dois temas.
Esta história vai progredindo, vai crescendo, vai crescendo e culmina numa história e, aí, isso vai ser dito para nós, assim, com todas as letras: ‘Jesus, o cordeiro de Deus, aquele que tira os pecados do mundo’. Daí, haverá identificação total do papel de Jesus com o filho, aqui, nessa família. Ele, mais novo em relação aos fariseus, em relação à estrutura hebraica que ele encontra, ele é o novo ó velho e o novo, e o novo se imola para que o velho seja transformado.
Isto evoca o quê? O papel do cordeiro lá no rebanho, na família pobre, de dar a sua vida para salvar a vida da família. É um símbolo na simplicidade do pastor.
Acontece que: cuidado porque isto, aqui, não é matemática. O que os autores fazem? Brincam com símbolos e misturam.
Qual é o problema? Misturam. Ele quer evocar e o símbolo só evoca, não descreve.
Então, ele não tem compromisso. O símbolo evoca. Então, eu posso misturar cem símbolos, se eu quero despertar em você cem sentimentos.
Noventa símbolos, porque eu quero despertar em você noventa sentimentos diferentes. Aqui misturam os símbolos. Jesus, ao mesmo tempo que é o cordeiro, ele é o pastor; ao mesmo tempo que ele é o pastor da ovelha e é o cordeiro, ele é a porta do lugar onde as ovelhas ficam guardadas.
Curioso, não é? Ele é o cordeiro, é o lugar onde os cordeiros ficam, o pastor: mistura tudo. Mas, por quê?
Porque está evocando símbolos, está trazendo um universo para que nós sintamos o que está acontecendo, qual é a missão do Cristo, o que ele desempenhou, qual é a característica essencial da sua missão: imolar-se. O que vai acontecer, aqui, quando Jesus tem esse diálogo com os fariseus? Ele está conversando com os mais velhos.
E, o que os mais velhos vão fazer? Vão assassiná-lo, vão levá-lo para a crucificação, vão matar o irmão que eles tinham que cuidar. Percebem?
O novo chega, ao invés do mais velho cuidar, ajudar, amparar, ele mata por inveja e por ciúme. Eu tenho certeza que você já viu isto na sua Casa Espírita, porque essa história se repete com outros nomes, em outras estruturas, mas é a mesma história! a mesma história!
O velho, com a função de acolher, de proteger, de orientar a geração nova, não faz isto. Por inveja e por ciúme, ele mata, ao invés de acolher, amparar e cuidar. Voltou para a história!
Voltou para a história! E, a história vai se repetindo vai se repetindo incessantemente. Por quê?
Porque a nossa genealogia psíquica e espiritual é Caim, nosso teor psíquico e espiritual é Caim, é uma geração de Caims. Caim legisla em nosso mundo interior. Esta é uma expressão de Emmanuel: 'legisla' em nosso mundo interior, o homem velho.
o homem velho. Daí, nós já entendemos o porquê de ‘homem velho’ e ‘homem novo’. Você pode substituir ‘irmão mais velho’ e ‘irmão mais novo’: é a mesma coisa (velho-novo).
Os símbolos vão se juntando e vão se mesclando. O mais relevante, então, o ponto essencial da vinda de um Cristo ao orbe é o grau de sacrifício feito por ele em todos os níveis. em todos os níveis.
Ter sido crucificado não é o maior sacrifício, porque para um Cristo uma morte heroica não é o maior sacrifício. Há sacrifícios mais profundos por trás do sacrifício do Cristo, por exemplo, ingratidão, incompreensão, a falta de amizade, a não correspondência em nenhum nível. Jesus veio com toda a generosidade, com todo o amor, dar tudo, mas não foi correspondido.
Não há reciprocidade. Não há, sequer, reconhecimento. E, ele deixou as esferas celestes para vir ao nosso convívio e imolou-se: é um cordeiro que tirá que com este ato, com essa demonstração de renúncia.
A palavra, aqui, é renúncia. Não tem outra. Por isso, tem um romance do Emmanuel chamado Renúncia.
Esta é a palavra que resume o Evangelho: renúncia. E, esta palavra renúncia é a cura do grande erro. Pecado é o erro trágico.
O pecado é aquele erro (vamos sair dessa história de religião, de teologia) ó pecado é o erro principal da história. Toda história acontece por causa desse erro. Então, pensa em Caim, Abel e tudo mais que acontece.
O erro que foi Caim matar Abel é o pecado. Este é o erro principal, É este erro trágico que faz toda a história girar. O roteiro se desenvolve a partir desse erro.
Ele é o elemento de start, que dá origem ao desenrolar da história. Esse erro que é chamado de hamartía ou erro trágico, como nas tragédias gregas, o erro principal que vai gerar toda a história, o erro que desvenda toda a história, o erro que é a explicação de toda a história é o ponto principal do roteiro. Esse erro tem causas, tem origens, tem uma etiologia.
Aqui, no caso de Caim, esse erro foi matar Abel. Por que ele matou? Por inveja, ciúme.
Mas, por que ele tem inveja e ciúme? Daí, você vai voltando, voltando, voltando e vai chegar em uma fonte: orgulho e egoísmo. orgulho e egoísmo.
Este é o pecado original, é o erro original. Esta é a mancha que está no psiquismo de todos os encarnados do planeta Terra: orgulho e egoísmo. Qual é o remédio que cura isto?
Qual é o remédio que cura isto? A vida do Cristo. Não é a vinda do Cristo, não.
É a vida, como ele viveu e a vida dele se resume em uma palavra: renúncia, porque a renúncia é feita de amor, de entrega, de dedicação, de caridade, de desprendimento, de tudo contrário ao orgulho e ao egoísmo. Então, é o remédio, por isto ele é o cordeiro que tira o pecado, o erro do mundo. Qual o erro?
O orgulho e o egoísmo. Ele desativa porque se Caim não fosse orgulhoso e egoísta, ele não se encheria de ciúme e inveja; se ele não tivesse enchido de ciúme e de inveja, não teria assassinado o seu irmão. Então, fecha aqui o símbolo sem mágica.
Não tem mágica. 'Ah, o cordeiro foi imolado, então Jesus morreu na cruz e todos estamos salvos', como se fosse uma coisa mágica, como se fosse Harry Porter, que pega uma vara e pronto a mágica se fez! Não é mágica!
É remédio! E, esse remédio só funciona se você tomá-lo. Está lá o remédio, o remédio se chama renúncia que está ancorada no amor, na caridade, na entrega, na doação e são esses os elementos que vão desativar o orgulho e o egoísmo, as chagas da humanidade.
Caim se alimenta de orgulho e de egoísmo. Enquanto houver orgulho e egoísmo, haverá Caim: em mim, em você e no mundo. Por isso, o trabalho não é um trabalho pequeno.
O trabalho é gigantesco, enorme e todo o resto da Bíblia, a partir daqui, tudo mais vai contar a história da cura ou, ao menos, da busca da cura. Com isto, nós encerramos, aqui, este episódio e esperamos você no nosso próximo episódio do estudo do livro Gênesis. Um abraço a todos.
Até o próximo episódio.
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