Estamos, hoje, iniciando mais um episódio do nosso estudo do livro Gênesis e, hoje, nós vamos mergulhar a nossa atenção nos versículos 15 a 17 do capítulo 2. Embora esse trecho contenha um versículo que nós já estudamos, aqui, a proibição dos ser humano, do homem, do Adão, de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque ele deveria morrer se o fizesse, nós vamos sair um pouco dessa parte e vamos ficar com uma outra, porque no episódio anterior nós já comentamos a árvore de vidas, a árvore do conhecimento do bem e do mal e sobre o teor dessa proibição de se comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O que nos chama a atenção, aqui, é o que está contido no versículo 15 e 16 que diz assim: “O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden para o cultivar e o guardar.
E o Senhor Deus deu ao homem este mandamento: ‘podes comer de todas as árvores do jardim, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres, que dela comeres, deverás morrer’”. Então, nós percebemos, aqui, duas ordens: uma primeira de cultivar e guardar o jardim de delícias e, a outra ordem, para observar um mandamento, apenas um, poderia se alimentar de todas as árvores, mas uma estava proibida. E, é sobre isto que nós vamos nos deter.
A tradição do povo hebreu conseguiu extrair desse mandamento de cultivar e guardar o jardim de Éden uma interpretação muito interessante e nós vamos entender, hoje, o fundamento disto, de onde que tiraram o alicerce que possibilita interpretar esse jardim de uma maneira inusitada. A palavra jardim, em hebraico – quer dizer, uma das palavras para jardim-, é pardes. Essa palavra pardes ela pode se Se você pegar as consoantes dessa palavra – pardes – (e isto é interessante, porque o hebraico é essencialmente formado de consoantes, aqui, no caso, quatro consoantes) se voce tomar essas consoantes elas podem significar, cada uma delas, o início de outras quatro palavras.
O ‘p’ seria o peshat , o ‘r’ o remez o ‘d’ o drash e o ‘s’ seria o sod. O que significa isto? Na tradição judaica, o peshat, remez, drash e sod, são os quatro níveis de interpretação da Torá.
A Torá entendida como a lei divina revelada no Sinai a Moisés. Lembrando que na compreensão hebraica, Torá não se restringe ao texto escrito. Há uma Torá oral, que é maior, que é um oceano e há um arquipélago, uma ilha, que é o texto escrito.
Então, o texto escrito é sempre a ponta do iceberg e, por baixo, muito mais amplo, englobando o texto escrito, informando o texto escrito, inspirando o texto escrito, estaria a oralidade, a tradição oral, o Deus vivo, imanente e atuante revelando a sua lei divina. É importante esse conceito de Torá, porque senão nós vamos cometer um erro muito grave de acreditar que Torá é igual Bíblia. Não é!
A Bíblia, o Velho Testamento especialmente, é apenas uma manifestação mínima e concreta da Torá que é revelação divina. Para nós que estamos no paradigma do Espiritismo, a Torá é tríplice, porque se nós formos nas fontes da tradição judaica e entendermos a Torá como revelação divina, para nós, nós aprendemos isto no primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a revelação se deu em três tempos. Nós tivemos um primeiro momento da revelação: os alicerces da revelação religiosa monoteísta estão, aqui, em parte, retratados no Velho Testamento em partes porque eu tenho que considerar - como está lá em O Evangelho Segundo o Espiritismo, na primeira mensagem do Espírito israelita que deixa isto bem claro - que a primeira revelação não é só o Velhos Testamento, é também a vida do povo hebreu, tudo o que ele passou, sofreu, exemplificou, aprendeu, todos os erros por ele cometido, tudo isto é revelação.
Daí, nós temos um segundo momento, que é crucial, com a vinda do Cristo, onde a Torá é completada, cumprida ou preenchida. E, depois, nós temos um terceiro momento em que ela é esclarecida, no terceiro momento da revelação divina, que é o consolador prometido. Então, quando nós falamos, aqui, do aspecto da Torá, nós estamos com esta visão inusitada, eu sei, muitos vão ficar surpreendidos com isto-, mas, é preciso que nós comecemos, agora, sair do leite de peito e começar a tratar alguns alimentos mais sólidos.
Torá – revelação – tem esse sentido amplo, em que o texto é um aspecto mínimo, tanto o texto da primeira revelação, quanto o da segunda, quanto o da terceira. Isto é importante que seja dito, embora o texto integre a Torá e seja parte fundamental e é um guia seguro é um marcado seguro para nós acessarmos os aspectos não escritos da revelação. Mas, por que nós estamos dizendo isto?
Porque há uma ligação na tradição hebraica do jardim de Éden com a revelação divina. O jardim que precisa ser cultivado e guardado seria a Torá. Como que eles tiram isto?
Qual é o fundamento para dar um voo tão grande deste? um voo tão grande deste? A primeira coisa é essa brincadeira com as letras: pardes (= jardim) gerando peshat, remez, drash e sod.
O que é isto? A visão de interpretação de texto do povo hebreu é completamente diferente da tradição católica e da reforma protestante. Nós precisamos quase que desligarmos dessa tradição para entender os aspectos da hermenêutica do povo hebreu.
O que eles entendem por peshat? Peshat é o sentido literal. Mas, não é literal no sentido de ‘ao pé da letra’.
É literal no sentido literário, no sentido de que, se o texto diz que Deus deu uma ordem para que o jardim fosse cultivado e guardado, eu não posso vir, aqui, e dizer que Deus ordenou para o jardim ser deixado, porque daí eu estou contrariando o aspecto literário do texto. Eu vou dar um exemplo aqui, sutil e, ao mesmo tempo, bastante crítico: se o texto diz que Jesus subiu ao monte Tabor e duas pessoas apareceram para ele, Moisés e Elias, não dá para eu chegar, aqui, e fazer uma interpretação de que era uma ilusão de óptica, que era um só Espírito que se bipartiu, porque eu estarei reescrevendo outro texto. Eu saí da esfera interpretativa e entrei em uma esfera de criação, eu estou criando revelação minha, eu sai do texto.
Olha que sério isto! Eu posso interpretar, mas eu não posso assassinar o texto. Não que eles sejam ingênuos de acreditar que o texto, às vezes, é incompleto, tem contradições e incorreções.
Como é que eles fazem isto? Eles vão procurar integrar isto com o próprio texto, através do próprio texto eles vão integrar e corrigir, mas nunca trazendo um elemento completamente alienígena, miraculoso, milagroso, surreal para a interpretação. Ou seja, qual é o cuidado aqui?
Nós adoramos Salvador Dali, mas Salvador Dali na interpretação bíblica não dá. Então, o sentido peshat é o sentido literário, é a base, é o texto. A partir do texto, eu faço os voos.
Por isso que no treinamento de um doutor da lei – este foi o treinamento que Paulo recebeu aos pés de Gamaliel – qual é o grande treinamento? Você pode ter ‘n’ interpretações, você pode visualizar ‘n’ coisas no texto, mas você precisa provar com uma base. ‘Eu acho que o texto está dizendo isto’.
E, você traz um texto: ‘por causa disto aqui, tem esse texto que diz isto’. É chamada prova: você traz a interpretação e é trazido um texto de prova. Nós veremos isto, em abundância, no Novo Testamento.
‘Jesus é o Messias! ’. ‘Ah, porque você está dizendo isto?
’ ‘Porque em Isaías está dito isto e isto’. Quer dizer, tem sempre o texto de prova, para mostrar que você está com base no texto. Este é o primeiro sentido: o sentido literário, o sentido peshat.
Você precisa ler o texto. Não tem como . O segundo sentido é o remez.
Após o sentido literário, eu entro no sentido metafórico. Remez é metáfora. Daí, eu vou entender que pedra não é pedra, que peixe não é peixe, que estrela não é estrela, que são os aspectos da poesia, que são os aspectos da metáfora.
‘Ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias’. É claro que Jesus não está falando nem de gravidez e nem de amamentação. Então, eu preciso ir para o remez.
Não está se falando assim: ‘coitado de quem, na transição planetária, estiver grávida! ’. É óbvio que não é isto!
É o sentido remez é o sentido metafórico. ‘Se o teu olho for motivo de escândalo, arranca o olho’. Você não vai interpretar isto literalmente, porque se você fizer isto literalmente, para cada erro que você cometer, você cortar o membro que foi a causa do erro, daqui a pouco você está desencarnado literalmente.
É claro que tem um sentido metafórico e o sentido metafórico é remez. Depois, tem o drash. O que é o drash?
O drash é o que confere unidade ao texto, porque eles sabem que o texto foi escrito por diversos séculos, por centenas de pessoas diferentes, mas – espera – Deus muda? O Deus que inspirou Noé é outro do Deus que inspirou Isaías? Deus que inspirou Jeremias é diferente do que inspirou João Evangelista?
Deus muda? Então, o que é revelação? O que é revelar?
Deus se mostra, ao longo dos séculos Ele vai se mostrando, se desvendando, mas, Ele é imutável. Então, o drash era a arte mais difícil que Paulo teve que aprender com Gamaliel – já que eram os grandes mestres que sabiam isto – que é a arte de reunir textos. Você reúne textos, junta para alcançar uma compreensão que a leitura separados textos não te dá.
Se você ler os textos separados, você tem uma compreensão; mas, quando você os reúne, você tem uma outra compreensão que vem da reunião que você fez, que era chamado de colar de pérolas. No prefácio de Caminho, Verdade e Vida Emmanuel fala disto, que ele iria fazer um colar de pérolas. Se você ler Caminho, Verdade e Vida, todas as passagens que Emmanuel comentou, se você ler o livro inteiro, você tem uma compreensão do Evangelho mais ampla do que se você ler cada mensagem separadamente.
A compreensão que eu tenho em uma mensagem é diferente da que eu tenho com a leitura do livro inteiro, da reunião de um grande colar com todos aqueles versículos. Este é um terceiro nível, muito sofisticado, porque você começa a fazer conexões. Este é o drash.
E, tem o último nível, o sod, que é um nível mais místico, mais espiritual, ele quase que se desligava dos aspectos históricos, geográficos e começava a adentrar nas questões do Espírito imortal, das realidades transcendentes do Espírito, este é o nível sod. Tem uma passagem que eu me recordo, aqui, em que Emmanuel faz uma interpretação sod. Ele comenta na carta de Paulo a Timóteo, quando Paulo escreve assim para Timóteo: ‘procura vir antes do inverno’.
E, daí, ele faz uma interpretação de que nós devemos buscar a espiritualidade antes do inverno da velhice, antes do inverno do fim das possibilidades, do fim das oportunidades, quando as oportunidades estão chegando no seu momento final, que nós evitássemos o aproveitamento nesse momento, não deixasse para a última hora. É claro que esta é uma interpretação sod, porque ele transcendeu – e, Emmanuel começa dizedo isto – embora a mensagem contenha um contexto. Paulo escreveu para Timóteo dizendo: ‘vem antes do inverno’, porque o navio, no inverno, no Mediterrâneo, trafegava com extremo risco, as navegações eram encerradas.
Mas, daí, já está transcendendo. Então, este é o nível sod. Se você junta peshat, remez, drash e sod tem pardes, que é o jardim.
E, agora, vem uma interpretação sod. Cultivar o jardim é aprimorar-se nessa atitude de se aproximar e compreender a revelação divina. O ato de ouvir, ver, atenção, compreender a revelação divina é cultivar o jardim, é guardar o jardim.
Mas, com base em quê eles dizem isto? Como eles conseguem fazer isto? Eles vão citar um texto Por que eles conseguem dar esse voo?
Tem que ter uma base, tem que ter uma pista de decolagem. Qual é a pista de decolagem? Provérbios 3 proverbios capitulo 3, começa assim meu filho não esqueças essa traduçao não esta bõa “Filho meu, não esqueças as minhas instruções, conserva em tua memória os meus preceitos, porque te darão muitos dias, anos de vida e prosperidade.
” Aqui, tem uma coisa curiosa porque essas duas palavras ‘instrução’ ou ‘ordem’ preceito’ e ‘mandamento o texto hebraico está dizendo sobre isto, mandamento e preceito ou melhor, eu não gostei nem dessa tradução, aqui. Vou pegar a tradução em hebraica que diz assim: ‘Filho meu, não esqueças a Torá de tua mãe, nem perca da memória as mitsvots do teu pai. ’ Este é o original hebraico, onde vão aparecer as palavras ‘Torá’ e ‘mitsvot’.
Torá, em hebraico, acreditem se quiser (estou falando, aqui, de revelação, de lei e aparece lá em Mateus ‘a lei e os profetas’, ‘a Torá e os profetas’), ó centido basico de Torá em Hebraico é ensinamento, instrução e cabia à mãe formar, instruir, orientar o filho porque o pai estava trabalhando fora. Em uma sociedade patriarcal, a mãe ficava em casa, ela que orientava, ela que dava a formação – a Torá -, e as ordens, os mandamentos, os preceitos, as mitsvots era o pai que dava. É bem freudiano: o pai era a lei, o limite, as ordenanças e a mãe, a formação, a instrução.
Por que isto, aqui, é uma pista de pouso? Porque esse Provérbio, Capítulo 3, está falando da sabedoria e ele começa com as palavras Torá e mitsvot que são palavras técnicas. Por que técnica?
Porque mitsvot, em hebraico, são 613 mandamentos. Eles pesquisaram em toda a Torá e descobriram que a Torá tem 613 ordens. Então, eles estudam essas 613 e tem que cumprir essas ordens.
São os preceitos que um judeu praticante, um judeu ortodoxo, cumpre todos esses preceitos: limpar as mãos antes de comer, recitar o shemá três vezes ao dia, guardar o sábado, São ordens, ordenanças, um conjunto de preceitos e a Torá que é o ensinamento, a instrução, a revelação. Mas, veja que coisa interessante, nesse Provérbio, você vai um pouco mais a frente, no versículo 13 diz assim: “feliz o homem que alcança sabedoria (ou sensatez/prudência), o homem que adquire inteligência é mercadoria mais valiosa que a prata, produz mais renda do que o ouro, é mais valiosa do que os corais”. Voltando à Bíblia de Jerusalém: “feliz o homem que encontrou sabedoria,do homem que alcançou entendimento, seus caminhos são deliciosos, os seus filhos são prosperidade” e, versículo 18, “é árvore de vidas para os que acolhem e feliz são os que a retém”.
Citou a árvore de vidas. No mesmo provérbio, começa dizendo para ouvir a Torá e guardar os mandamentos e, depois,vai ter uma bem-aventurança para quem fez isto (para quem ouviu a Torá e a guardou) e qual é a bem-aventurança? É a árvore da vida, ele vai encontrar a árvore da vida ou árvores de vidas.
Pronto! Quem já está estudando Gênesis conosco, viu ‘árvore de vidas’, volta para lá – pardes – e vai entender o quê? Que o jardim de Éden é a Torá, é o ensinamento divino, é a revelação divina.
Mas, o que significa esse cultivar e guardar a revelação divina? Escrevê-la em livros e fazer bibliotecas? Construir templos de pedras, hierarquia sacerdotais para guardar a revelação?
Montar escolas para que as pessoas possam estudar o ‘miudinho’ ou a interpretação? Será que é estritamente isto? Isto é o foco ou isto é uma consequência da consequência da consequência?
Por que jardim? Vamos usar, aqui, uma brincadeira para nós entendermos: Deus plantou o jardim de Éden no coração porque é lá que está a horta. Então, é óbvio que esse jardim foi plantado na intimidade do ser.
Tanto é, que há uma prática,, não tanto hoje, mas na época do Cristo, corrente entre os hebreus: quando morria um hebreu, eles faziam o mesmo cerimonial de quando um rolo da Torá era queimado, porque quando o rolo da Torá envelhecia, eles queimavam e se tinha que fazer as orações, fazer as preces. Mas, quando alguém morria este mesmo ritual era feito. Por quê?
Porque eles entendiam que não havia nenhum hebreu que não tivesse Torá dentro dele. Portanto, se ele morreu, é como um rolo de Torá que fosse queimado, porque o corpo era incinerado. Algumas vezes era incinerado, outras vezes era enrolado e enterrado, ou guardado em uma caverna.
Era como se um rolo de Torá queimasse, se extinguisse. A Torá, a revelação divina é viva. Era a compreensão de que Torá não é só o texto.
A revelação divina não é um texto, ela é uma forma de viver. Daí, nós vamos encontrar Paulo dizendo assim: ‘cartas vivas do Evangelho’. É o mesmo conceito.
Paulo não inventou isto. Ele buscou na tradição e aplicou ao Evangelho. Por que um discípulo verdadeiro é uma carta viva do Evangelho?
Porque ele é o texto do Evangelho vivo, ele age, ele fala, ele ouve, ele se comporta, ele age como está escrito no Evangelho, ele é a concretização da revelação. Está ficando profundo, não é? Então, esse jardim está na intimidade, o jardim a ser cultivado está na intimidade.
Daí, evidentemente, nós vamos encontrar em Emmanuel algo maravilhoso, porque nós lemos, aqui (Prov 3: 15-17), que tem dois mandamentos: 1- cultivar e guardar o jardim; e, 2- obedecer a ordem de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. O que está mostrando, aqui? Que o Universo é ético-moral.
Isto é muito importante, porque é uma consequência do monoteísmo. Existe bem e mal. Bem é bem, mal é mal.
Inclusive isto está lá na questão de O Livro dos Espíritos que trata da escravidão. Kardec pergunta: ‘se os homens praticavam no passado a escravidão, isto seria um bem? ’ Eles respondem: ‘não venha com sofismas, o mal é sempre o mal’, o que pode alterar é a responsabilização.
Se você não tem consciência, se você está em um estágio primário de evolução, a sua responsabilização pode ser maior ou menor, seu grau de culpabilidade. Por isso que, quem conhece mais, quem tem mais preparo espiritual, tem mais responsabilidade quando pratica o mal. Mas, o mal é sempre o mal.
Nós vivemos em um Universo moral. Isto é importantíssimo. Existe um estatuto divino estabelecendo o bem, que nós já estudamos isto, aqui, também, quando falamos da árvore do conhecimento do bem e do mal, inclusive, lendo vários textos de Emmanuel e o livro de André Luiz, Ação e Reação.
Nós vivemos em um Universo moral: que é bem é bem, o que é certo é certo, o que é mal é mal, o que é errado é errado. Os graus de responsabilização é que variam, e a justiça divina está sempre de mãos dadas com a misericórdia. Mas, mal é mal.
Não tem relativismo moral. Daí nós vamos encontrar porque essas coisas estão unidas: cultivar o jardim, que é essa coisa interior, que é o ensinamento divino que precisa ser cultivado, que precisa ser guardado, ele esta no coração com essa ordem moral. Por que isto tudo está junto?
Nós vamos em Emmanuel, no capítulo 126 do livro Palavras de Vida Eterna, ele vai comentar II Cor 7: 2, no versículo em que Paulo diz assim: “Recebei-nos em vossos corações. ” Paulo, aqui, está falando como apóstolo: ‘recebam a mim, a nós apóstolos, em vossos corações’, quer dizer, é no coração. Emmanuel vai dizer uma coisa bonita, ele vai dizer assim: vai falar do Evangelho, então, tem que ter: “Exatidão histórica.
Citação escorreita. Lógica natural. Linguagem limpa.
Comentários edificantes. Ilustrações elevadas. Atentos à respeitabilidade do assunto, não será justo perder de vista a informação segura, tomar cuidado para não dar informção equivocada a triagem gramatical, a imparcialidade do exame e a conceituação digna, a fim de que impropriedades e sofismas não venham turvar a fonte viva e pura da verdade que se derrama originariamente do Cristo, Ele está falando do Evangelho e está falando e ‘fonte viva e pura da verdade’ que se derrama do Cristo, por quê?
Porque o Cristo é o Evangelho para nós. O Evangelho não é o texto escrito. Isto é um pedaço minúsculo do Evangelho.
Os quatro Evangelhos e as cartas de Paulo são menos de 1% do Evangelho. O Evangelho é o Cristo vivo, operante, atuante, governador espiritual do orbe agindo em mim, em você e no mundo. Então, o Espírito de Jesus é a fonte viva da verdade e a fonte viva do Evangelho que se derrama originariamente dele para esclarecimento da humanidade.
Assim como a revelação divina, é a fonte viva e pura da verdade que se derrama de Deus sobre todo o Universo. Por isso, que Jesus é o modelo, porque a obra que Deus fez nele, fará em nós. O que foi feito nele, se fará em mim e em você, a mesma obra.
Por isso, ele é modelo, ele é paradigma e, por isso, ele é fonte. Tenhamos cuidado porque, senão, não vamos começas a identificar Evangelho como a Bíblia. O Novo Testamento são lembretes da vida do Cristo, registros esparsos do essencial do Cristo vivo e atuante.
Esta é a primeira observação a ser feita. Daí, Emmanuel diz assim: “Ainda assim, urge não esquecer que as instruções do divino mestre Ele não falou Evangelho de Mateus ou Evangelho de Marcos, ele falou:‘ as instruções do divino mestre’, que está vivo em Espírito, que está atuando no mundo agora, nesse momento. Olha a construção de Emmanuel: qual é o objetivo dos ensinamentos de Jesus?
Ampararmos a renovação interior, ou seja, cultivar e guardar o jardim. Para quê? Para que nós cumpramos a ordem.
Qual é a ordem? A ordem de nos ajustarmos aos estatutos do bem eterno. E, quais são os estatutos do bem eterno?
É não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, não criar um sistema de regras seu, abandonando os estatutos que são divinos. Já comentamos o que é comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Quem tiver chegando, agora, quem estiver perdido, volta lá no episódio anterior para poderacompanhar.
Aqui, nós estamos dando sequência. Então, os estatutos do bem eterno são de Deus e são eternos. Eles já existiam antes de nós sermos criados.
Antes de Deus criar o meu Espírito, os estatutos do bem eterno já existiam. Há quanto tempo? Eternamente.
Eu cheguei e encontrei a casa pronta, ordenada, dirigida. Daí a proibição: não queira, agora, criar novos estatutos individuais para reger o Universo, você não vai dar conta. Nós temos que nos ajustar aos estatutos divinos e, não, criar o nosso.
E, é no sentimento, é no coração que está o jardim que vai ser cultivado, que vai ser guardado e que vai nos levar a observar o mandamento, que é este ajuste aos estatutos do bem eterno. “Eis o motivo pelo qual, em todos os serviços da educação evangélica, é importante reflitamos no apontamento feliz do apóstolo Paulo:- ‘recebei-nos em vossos corações . .
. ’. ” Mas, aqui, eu dei um salto.
Quem está acompanhando, atentamente, vai perceber que eu dei uma interpretação sod, porque nós dissemos, aqui, que o jardim de Éden é o coração do ser humano. Deus plantou o homem no jardim de Éden. De onde que tiramos isto?
É claro que o jardim, também, tem um aspecto interior e tem um aspecto exterior, é claro porque o exterior – aprendemos isto no livro Pensamento e Vida – é o reflexo da minha vida interior. Por isso, Emmanuel termina o prefácio do livro Pensamento e Vida dizendo: ‘até que chegará o dia em que ajustemos o nosso pensamento à eterna sabedoria, que constitui o pensamento do Criador e, ao amor supremo, que constitui a vida de Deus’. Sabedoria infinita é o pensamento de Deus e amor é a Sua vida.
Daí, nós vemos o provérbio falando da sabedoria: de ouvir o ensinamento da Torá, que a sabedoria de ouvir a revelação divina é árvore de vidas, está tudo ligado. A árvore da vida está em ouvir e observar a revelação divina nos ajustando aos estatutos do bem eterno. Se eu construo aqui dentro, se eu cultivo aqui dentro, a minha vida se transformará em um jardim também.
O exterior reflete o meu interior. Como vão as coisas dentro de mim, vão fora. Este é um ponto fundamental.
Por isso, que nós vamos vendo Nosso Lar e colônias espirituais superiores, tudo é beleza, ordem, harmonia, por quê? Porque o interior das criaturas é disciplina, ordem, harmonia. Está tudo ajustado.
O exterior apenas reflete a harmonia interior. Da mesma maneira que se eu coloco uma criatura em um ambiente harmonizado, ajustado, isto vai provocar nela uma reação interior: ela pode responder ou não. Mas, que vai provocar, vai.
É uma via de mão dupla. Então, quando se diz assim: ‘cultive o jardim’, nós podemos pensar, também (já lemos esses textos, aqui), de que o Universo é um condomínio em que nós moramos com Deus. Tem uma parte que compete ao Criador e tem uma parte que compete a nós.
Cultivar e guardar compete a nós outros, porque Emmanuel – de forma linda – diz assim: ‘Deus dá o Sol, dá a chuva, dá o vento, dá a terra, dá os nutrientes, dá a semente, mas alguém tem que plantar’. alguém tem que plantar’. Há um regime de parceria.
Ele dá quase tudo, mas uma parte mínima e fundamental nos compete: plantar a semente, cuidar, cultivar, guardar, proteger. Então, tem esse aspecto. Eu faço isto externamente, mas, primordialmente eu faço isto internamente.
Faz sentido tudo isto o que eu estou dizendo? Vamos ver se faz. Nós iniciamos, aqui, fazendo uma afirmação ousada.
Para nós, do paradigma Espírita, a Torá é, a primeira revelação ou o primeiro aspecto da revelação, o segundo aspecto da revelação é com Jesus e o terceiro aspecto com o consolador prometido. No capítulo 6 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, vem o Espírito de Verdade, Paris 1861, o quê ele vai dizer? Você que está acompanhando, aí, até agora, lembre: árvore de vidas, jardim, árvore do conhecimento do bem e do mal, junta tudo isto que você acabou de ouvir, e, enquanto eu estiver lendo pensa em tudo o que você ouviu até agora e vê se faz sentido.
Item 6 do capítulo 6, que se chama O Cristo Consolador e, aqui, quem está falando é o próprio: “Venho ensinar e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem a sua resignação ao nível de suas provas, (. .
. )”. Quanto mais difícil estiver, mais resignado você precisa estar.
“(. . .
) que chorem, pode chorar a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras; (. . .
)”. Não é consolo barato, é consolo profundo. Vai ter choro.
“(. . .
) mas, que esperem, pois os anjos consoladores também lhes virão enxugar as lágrimas. Obreiros, traçai o vosso sulco;(. .
. )” O que é traçar o sulco? É arar a terra.
Para quê você vai arar a terra? Porque ele vai jogar a semente. Não está parecendo isto?
Eu estou desconfiando que é. “(. .
. ) Obreiros traçai o vosso sulcu recomeçai no dia seguinte a rude jornada da véspera; o trabalho das vossas mãos vos fornece aos corpos o pão terrestre; mas, vossas almas não estão esquecidas; (. .
. )”, porque para nós comermos, nós temos que plantar. Não tem jeito.
Tem todos os recursos, em que ir lá, fazer o sulco na terra e plantar, se quisermos comer. Para alimentar o corpo, temos que trabalhar. Mas, e as nossas almas estão esquecidas?
Você está vagando abandonado e não tem ninguém pensando em você. Será? Ele diz assim:“(.
. . ) e eu, o divino jardineiro (.
. . ).
” Jardineiro, ao que me consta, é alguém que cuida de jardim. “(. .
. ) as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. (.
. . )” Isto é o Espírito de Verdade dizendo: ‘eu sou o divino jardineiro e eu cultivo as vossas almas o silêncio dos vossos pensamentos’.
“(. . .
) Quando soar a hora do repouso, e a teia da vida escapar de vossas mãos e vossos olhos se fecharem para a luz, (. . .
)”, ou seja, desencarnar. “(. .
. ) sentireis que surge germina em vós e a minha preciosa semente. ” É jardim de Éden ou não?
Agora, o que é interessante, aqui: ele está dizendo que ele é Espírito, ele está vivo, ele está atuante e ele está cuidando de cada alma, cultivando-a como um jardim e, quando chegaro momento da desencarnação, é o momento da frutificação. “(. .
. ) Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os vossos suores e misérias formam o tesouro que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas e onde o mais desprovido dentre vós será talvez o mais resplandecente. Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos (.
. . )”, os fardos das provas, das expiações das encarnações, das lutas, “(.
. . ) e ajudam os seus irmãos são meus bem-amados.
(. . .
)”. Ou seja, nós temos que carregar o peso e ajudar o outro. Estes são os bem-amados.
“(. . .
) Instruí-vos na preciosa doutrina [Provérbios 3] que dissipa o erro das revoltas ou seja, o Espiritismo vem dissipar o erro da revolta, porque se você não tem esse conhecimento, você vai se revoltar com os revezes e as dificuldades que acontecem na sua encarnação. Alguns, até se suicidam. O consolador vem dissipar o erro de revoltar.
Não é revoltar, é resignar. “(. .
. ) e vos ensina o sublime objetivo da provação humana. (.
. . )” Ou seja, provação, aqui, tem um sentido sublime.
É ruim, é amargo, dói. Não tem ninguém dizendo que é bom, mas tem um objeto sublime, tem um propósito “(. .
. ) Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipe a vossa inveja dos ricos do mundo, que são, muitas vezes, bem miseráveis, porque se acham sujeitos a provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e o meu apóstolo vos instrui.
(. . .
)”. É quase uma parábola, porque lá nos prolegômenos de O Livro dos Espíritos, o primeiro a assinar não é o Espírito de Verdade, é João Evangelista. Se ele é o primeiro a assinar, nós vamos lá para o capítulo 25 de Crônicas de Além Túmulo, primeiro livro ditado por Humberto de Campos, em que Jesus dá a João Evangelista a missão de coordenar a vinda do consolador prometido.
Você junta uma coisa com outra e entende o porquê ele assinou primeiro, porque ele, João Evangelista, é quem coordena a vinda, a permanência e a expansão do Espiritismo na Terra. Agora, o problema é o seguinte: não pensa que Jesus só tem doze apóstolos, porque, senão, você estaria esquecendo que Paulo, no mínimo. E, Paulo faz questão de afirmar que ele é apóstolo.
Apóstolo é um nível espiritual de absorção do ensinamento de Jesus, quem atinge esse nível se torna apóstolo. Então, ‘o meu apóstolo vos instrui’ é João Evangelista ou o apóstolo que está encarnado? E, este outro apóstolo que não é nenhum dos doze, viu?
Não vamos fazer confusão, não! É Kardec. Não é um dos doze, mas é apóstolo.
Mas, qual é o apóstolo que vos instrui? João Evangelista ou Kardec? São os dois.
Por que tem que ser um ou outro? É a mesma coisa quando fui fazer uma palestra no Nordeste e a pessoa perguntou: você quer comer peixe ou camarão? Eu falei: porque ‘ou’ (Estou convosco e o meu apóstolo vos instrui), está dizendo de uma presença viva, permanente, real.
“(. . .
) Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, para vos lançar um dia, livres e alegres, no seio daquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e deseja que modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade. ” Por que argila? Adão é feito de quê?
Feito da adamar, adamar é argila. terra vermelha, Então, a mensagem está todo conectada. E, aqui, nós terminamos, esperando, no repouso de hoje, no silêncio, que nós comecemos a treinar.
Isto que eu estou falando é sério, não é uma metáfora. Nós estamos vivendo um processo de extrema intelectualização, mas uma intelectualização ruim, não é uma intelectualização boa, porque o refletir filosófico, o pensar é uma virtude, tanto que o Espírito de Verdade está dizendo: ‘instrui-vos’, mas é um intelectualismo bobo, banal, grosseiro. Daí, precisamos aprender a fazer silêncio e sentir alguém mexendo em nós.
Isto é duro, porque ele nem sempre mexe agradavelmente. Mas, tem um jardineiro mexendo dentro de nós. Quem é esse jardineiro?
Ele diz aqui Quem é ele? Vivo no silêncio dos vossos pensamentos, quando você para de pensar, porque quando você está pensando, você não deixa ele agir. A nossa multidão de pensamentos atrapalha a ação desse jardineiro que está cultivando o jardim.