Eu tinha 17 anos e fechei um job de R$ 16. 000. Esse era o maior valor da minha vida até então.
E eu tinha certeza que eu ia tirar de letra, mas a real é que eu quase me afoguei. E nesse vídeo eu vou te contar como que eu entrei na maior enrascada da minha carreira e porque você se quiser ser um bom videomaker, precisa entender isso aqui. O ano era 2015 e eu tinha acabado de abrir a minha produtora, a BWMV, junto com o Bruno e com o Gilson, mais conhecido como meu pai.
E que num belo dia de trabalho a gente recebe um e-mail de um cliente que aparentava ser bastante grande. Era uma startup de tecnologia. E eles descobriram a gente de forma totalmente orgânica, simplesmente acharam a gente na internet pelos vídeos que tinha no YouTube, acharam o nosso site e aí eles mandaram e-mail falando que queriam vídeo.
Não era um vídeo qualquer, era um vídeo que ia passar numa feira internacional e que eles iam usar para captar investimentos para startup. Eles não sabiam muito bem o que que eles queriam dentro do vídeo. Eles só sabiam que esse vídeo precisava mostrar todos os produtos e as inovações que eles estavam criando ali.
Mas basicamente nós, enquanto produtora, precisávamos conduzir todo o processo, né? Fazer o briefing com o cliente, desenvolver o roteiro do nosso lado, aprovar esse roteiro com eles. Até aí, beleza, a gente estava acostumado a fazer tudo isso para outros clientes menores.
A gente fazia roteiro, gravação, edição, tudo. Mas aí veio a primeira bomba. No meio desse desenvolvimento da pré-produção, o cliente solta que ele queria o vídeo praticamente inteiro em 3D.
Sim, com modelagem pique filme da Pixar, sabe? E o que que eu pensei comigo, né? Eu acho que eu consigo, eu acho que eu dou conta de aprender 3D para conseguir entregar esse projeto para esses caras.
A gente já tinha feito uns projetinhos menores para outros clientes, que também envolv um pouquinho de 3D. Eu já tava com um pezinho ali nesse mundo. Então falei: "Cara, o que que é um vídeo de 8 minutos em 3D?
" Ah, que que é, né? Então, nós topamos o desafio, basicamente, fomos lá e fizemos um orçamento alto pros valores da época. A gente estava acostumado a fazer orçamento de 1000, 2000, R$ 3.
000 no máximo e de repente soltamos um de 16. Só que qual que é o problema dessa questão toda? É que quando o cliente falou que ele queria o vídeo em 3D, eu entendi uma coisa e ele imaginou outra.
Ele não me mandou nenhuma referência do que ele gostaria que fosse feito em 3D. Eu imaginei que fosse algo relacionado ah, ao produtinho. Ah, pode ser uma coisa mais simples, não precisa ser tão elaborado, né?
Então eu simplesmente fui lá, me tranquei no meu quarto e comecei a estudar 3D como se não houvesse amanhã e como se minha vida dependesse daquilo. Spoiler, dependia. Eu lembro que para tentar fazer o que o cliente tinha pedido, sem referência ainda, né, eu não ia conseguir fazer no cinema 4D, que era o que eu tava usando na época.
Então eu fui lá e aprendi 3DS Max, que teoricamente poderia me ajudar a resolver a questão, porque para esse vídeo a gente ia ter que simular pessoas andando na cidade, ia ter tráfego de carros, prédios e tudo mais. E eu sei que eu lutei, lutei demais com aquele 3DS Max e não consegui fazer quase nada do que a gente precisava. E aí eu lembrei na época de um querido amigo que manjava muito de 3D.
Ele já fazia muitos projetos de motion em 3D para vários clientes grandes. Mandei uma mensagem para ele e falei: "Cara, eu preciso de ajuda. Eu não tô conseguindo fazer.
Você me ajuda com isso aqui? " Cara, não tá rolando? Ele falou: "Tá, me explica o que que o cliente tá esperando desse projeto, qual que é a referência visual.
" Falei: "Então, não tem muita referência visual, mas ele falou que gostaria de algo mais realista". E aí ele me avisou: "Cara, esse orçamento que você mandou para ele aí não dá nem pro cheiro". Falei: "Meu Deus do céu, então ferrou.
O que que eu faço? Eu devolvo a grana pro cara, eu desisto do projeto, eu pulo fora. E aí, cara, esse meu brother, não é porque ele foi um anjo de verdade que ele falou assim: "Não, calma aí, calma aí, deixa eu entrar nesse projeto com você e a gente encontra algo intermediário para entregar para esse cliente.
" Nem tão realista do jeito que ele quer, mas também nem tão basicão, tão simples, porque, né, não faz sentido ali pra linguagem deles. E aí fomos nós dois para cima desse conceito, né, intermediário. Viramos noite, refizemos um monte de coisa, mas a conta não fechava, nossa cabeça quase explodiu.
Enfim, chegou num ponto que a gente falou: "Cara, isso daqui já dá pra gente mostrar pro cliente pra gente ver se é isso que ele quer, né? " Então, a gente gerou algumas imagens ali com algo próximo do visual final, mas nós conseguimos construir o vídeo numa versão que a gente chama de animatic, que é só para mostrar o movimento dos produtos, das coisas ali no mundo 3D, mas não tem nada a ver com o resultado final, né? Tipo, tinham uma ou duas imagens que eram de resultado final, mas o restante do vídeo era uma coisa bem mais básica, bem mais simples, feita rapidinho, só pro cara ter uma visão de como que o vídeo dele ia ficar.
E aí, cara, primeira reunião que eu fui para apresentar isso pro cliente, você não tem noção, o cara era de outra cidade. Aí ele veio aqui pra Londrina pra gente ter essa reunião. Eu marquei com ele num café, né, que é um lugar calmo, tranquilo, pra gente poder conversar.
Mas ele falou: "Cara, eu tô indo na hora do almoço, vou chegar aí com fome, eu vou querer almoçar em algum lugar, então eu vou num restaurante ali por perto, depois a gente se encontra no café. Beleza". Falei: "Beleza, show de bola".
Aí tá, deu horário, fui pra cafeteria, cheguei na cafeteria, cadê o cara? Falei: "Meu Deus, que bacana. Tomei um bolo do cliente que tá me pagando essa bolada".
A verdade é que não, ele tava no restaurante e ele me ligou e falou: "Cara, eu tô aqui no restaurante, tá bem legal aqui, vem para cá, a gente conversa aqui mesmo, tá bom? " E a gente faz a reunião aqui. Aí, show de bola.
Fui para esse restaurante, chegando lá, eu descobri que não era um simples restaurante, era um barzinho. Num sábado à tarde tava rolando o quê? Uma feijoada com pagodinho ao vivo.
Cara, que coisa mais linda de se ver. E aí você pensa, um menino de 17 anos, eu fui com o Bruno inclusive, que tinha acabado de fazer 18 e um menino de 17 anos entrando num bar. Não tinha nem idade para entrar no bar, mas cheguei lá para fazer a reunião com o cara.
E aí, realmente foi muito legal essa reunião, porque eu apresentei ali as imagenzinhas que a gente tinha criado, os animétics e tal, e o cliente estava lá na cervejinha, na feijoadinha, dando risada, aprovando tudo, falando: "Pô, tá bem legal, tá show de bola". Falei: "Bacana, estamos bem, né? Excelente, vamos para cima".
Aí tocamos então a execução do projeto com base naquilo que a gente tinha alinhado com o cliente nessa reunião, até que chegou o momento da segunda reunião. E aí ele mandou pra gente: "Ó, recebi aqui essa versão de aprovação que vocês mandaram, mas eu quero que vocês venham aqui na empresa pra gente conversar sobre o vídeo. " Claro, beleza.
Compramos a passagem, eu e o Bruno, fomos de ônibus pra cidade desse cliente e nós chegamos até a empresa para essa reunião. Chegando lá, estava tudo montado, tinha um telão montado, a equipe inteira do cara assim, de frente para esse telão, pediu pra gente se sentar. A gente se sentou, ele apagou as luzes e passou o nosso vídeo numa versão de aprovação em baixa qualidade, com um monte de wireframe do 3D, que só dá para ver os contornos dos objetos, porque ainda não era a versão final, era só para ele ter uma noção, né, do avanço do projeto.
E aí ele pegou esse vídeo e não contente em passar pra empresa inteira ver, ele começou a esculachar a gente ali na frente de todo mundo. Começou a falar: "Não era isso aqui que eu tinha pedido, isso aqui tá muito ruim. Isso aqui tá longe de representar o que é a nossa empresa, os nossos produtos.
Vocês estão brincando com a nossa cara? " E você pensa: dois meninos com a mochilinha nas costas, sentados na frente da equipe, da empresa do cara, tendo que eu vi isso, sendo esculachado. Parecia cena de filme, cara.
a sala inteira olhando pra gente. E de verdade, eu só queria fazer isso aqui, ó. Sumi, sumi.
Mas não tinha jeito, né? Então, o que que nós fizemos, cara? A gente voltou paraa nossa cidade depois dessa reunião, extremamente desolados, mas não deixamos ser vencidos pelo fato de que o cliente não tinha entendido que aquela era uma versão de aprovação, de que ele não tinha entendido que aquele vídeo que a gente mandou era para ele entender o processo que a gente estava avançando e não que aquilo era o vídeo final.
Mas enfim, depois de mais semanas e semanas digerindo toda a situação e todo esse perrengue, né, a gente finalmente conseguiu encontrar uma forma de alcançar o resultado que o cliente queria. Entregamos o vídeo e de verdade a finalização desse vídeo, na minha opinião, ficou muito boa. O motion que a gente fez depois, a gente fez locuções profissionais e o mais engraçado é que a gente fez as locuções em inglês e em espanhol, porque o cliente tinha pedido, né?
E no fim do dia, as locuções custaram mais do que o que a gente tinha de grana pra pagar o nosso amigo do 3D. Olha que sacanagem. O que importa é que entregamos o vídeo pro cliente.
Acredito que ele tenha usado o vídeo porque depois ele mandou mensagem pra gente agradecendo pelo pelo vídeo que ele tinha nas mãos, né? A gente viu que ele colocou o vídeo lá no site dele e tudo mais, mas a gente tava esgotado, sem orgulho do que a gente tinha feito, porém com muita lição nas costas, né? Então, esse job me ensinou que ser videomaker não é só você saber fazer tudo ou achar que você vai dar conta de saber, é você saber onde buscar os recursos necessários para você conseguir executar os projetos.
é entender que a gente tem que ter tempo para projetar as coisas e não simplesmente sair gravando, sair executando. Do contrário, a gente vai cair em siladas como essa por falta de tempo para avaliar aquilo que o cliente realmente precisa e entender com quem que a gente pode contar, até mesmo percebendo os momentos que a gente tem que recuar, olhar para projetos e falar: "Cara, pera aí, não é bem assim". Agora, uma coisa que eu lembrei, eu falei com esse vídeo, né, da gente usou locuções em inglês, isso é um ponto muito importante, porque a gente teve que trocar a ideia com o locutor em inglês para poder dar conta, né?
A coisa boa é que a gente já sabia inglês, tanto eu quanto o Bruno, a gente já tinha noções, a gente sempre estudou inglês e tal, porque eu sempre valorizei todas as chances de aprender inglês que eu tinha na minha vida. E isso me lembra que agora os alunos premium da Brainstorm Academy tem desconto para estudar inglês, sabe com quem? Sabe onde?
na Cambley. Pois é, se você quiser fazer inglês na Cambley, agora nós somos parceiros da Cambley. E se você assinar o plano anual dos caras para fazer aulas individuais com professores que são nativos, você ganha 50% de desconto só por ser aluno premium da Brainstorm Academy.
Já imaginou? Então você que é premium, aproveita essa oportunidade, tá? que em inglês fez muita diferença nesse contexto que eu tava trabalhando e faz diferença demais pra gente no dia a dia de trabalho.
Se a gente quer clientes lá fora, tem que saber inglês. Se a gente quer estudar cursos de lá de fora, a gente tem que saber inglês. Por isso, não perca essa chance se você já for nosso aluno premium, bele?
Mas no fim das contas, o que eu queria deixar como lição para você é que o que separa um videomaker mediano de um profissional de verdade não é o que ele sabe apenas, mas sim o quanto ele tá disposto a correr atrás daquilo que ele ainda não sabe, seja buscando conhecimento ou buscando alguém que possa somar com ele nessa entrega. Ser videomaker profissional significa não ter orgulho, significa entender que muitas vezes a gente não sabe e é melhor que a gente não saiba, é melhor contar com alguém que realmente domina aquilo. Mas lógico, pra gente ter essa noção e esse conhecimento, é muito importante que a gente sempre esteja se atualizando, porque se a gente não entende, o mínimo que seja, de outras áreas, de outros contextos, como é que a gente vai saber avaliar quem é bom o suficiente para somar com a gente em cada projeto?
Então, é esse equilíbrio entre conhecimento e networking. Isso vai fazer uma diferença brutal para você no seu crescimento profissional. E eu, de coração, espero que você nunca tenha que passar por um perrengue tão grande quanto esse que eu passei, com uma cifra tão enorme nas suas costas.
Ah, você ficou até o final, você quer saber quanto que sobrou no nosso bolso no final de todo esse processo, tá? Então, dos 16. 000 que a gente cobrou, o que entrou no caixa da produtora foi algo em torno de R$ 1.
00 a R$ 2. 000. E aí, você acha que esse perrangue todo valeu a pena por esse dinheirinho que sobrou no final?
Só para você entender o problema de você precificar mal os seus projetos, tá? Falando em precificação, tem um vídeo muito legal sobre isso aqui no nosso canal, que eu vou deixar aqui no card para você clicar e assistir e não ter perrengue com isso como eu tive lá para trás, beleza? Meu nome é Mateus Ferreira, foi um prazer estar aqui com você hoje.
Espero que você tenha gostado desse vídeo. Me conta aqui embaixo o que que você achou dessa história, fechou? Eu vou ficando por aqui.
Um forte abraço e até a próxima. Tchau.